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“O Mestre dos que sabem"
ARISTÓTELES
" do grego, excelente confidente, ótimo
conselheiro”
LINHA DO TEMPO
594 ªC – Nebuchadnezar (Nabucodonosor II) invade Israel.
– Gregos colonizam a Espanha.
563 ªC – Nascimento de SIDARTA GAUTAMA (BUDA).
490 ªC – O pensamento de CONFÚCIO começa a se propagar na China.
483 ªC – Morre de SIDARTA GAUTAMA.
400 ªC – É redigido o Livro de Jó.
399 ªC – Julgamento, condenação e morte de SÓCRATES.
387 ªC – PLATÃO abre a sua Academia, em Atenas.
384 ªC – Nascimento de ARISTÓTELES.
359 ªC – Filipe I, é rei na Macedônia.
356 ªC – Nascimento de ALEXANDRE (Magno) na Macedônia.
347 ªC – Morre de PLATÃO.
343 ªC – Filipe convida ARISTÓTELES para preceptor de ALEXANDRE.
336 ªC – Filipe é assassinado e ALEXANDRE assume o trono.
335 ªC – ARISTÓTELES abre o Liceu, em Atenas.
333 ªC – ALEXANDRE submete os países mediterrâneos dependentes da
Pérsia, conquista o Egito e funda Alexandria.
331 ªC – Vitória de ALEXANDRE sobre Dário III, Imperador da Pérsia.
327 ªC – ALEXANDRE penetra no vale do Indo.
323 ªC – Morte de ALEXANDRE na Babilônia.
322 ªC – Morte de ARISTÓTELES.
321 ªC – Chandragupta firma-se no Pendjab (Ìndia).
312 ªC – Em Roma, construção da Via Àpia e do Aqueduto.
300 ªC – Euclides estuda Geometria
– Desenvolve-se a escrita sânscrita e Maia.
294 ªC – Em Alexandria funcionam o Museu e a Biblioteca.
Surgiu nos séculos VII - VI ªC nas cidades gregas situadas na
Ásia Menor uma interpretação desacralizada dos mitos
difundidos pelas religiões daquele tempo. Os mitos foram
segundo Platão e Aristóteles o material inicial de reflexão dos
filósofos. Tornaram-se um campo comum para religião e a
filosofia, revelando que a separação entre estes dois modos de
interpretação da realidade não é tão nítida como parece.
O movimento de renovação do pensamento religioso, marcado
pela universalização e a procura de uma razão comum a todas
as coisas ocorreu antes do primeiro milênio com a atuação de:
- SIDARTA GAUTAMA e Mahiva na Índia.
- LAO-TSÉ e CONFÚCIO na China
- ZARATRUSTRA OU ZOROASTRO, na Pérsia
- Heráclito, Pitágoras e Empédocles na Grécia
- Isaías, Jeremias e EZEQUIEL no cativeiro israelita da
Babilônia .
Todos proclamam uma concepção universal do divino
encarando uma realidade que ultrapassava as perspectivas
particulares das sociedades em que viviam. A obra Aristotélica
só se integra na cultura filosófica européia da Idade Média,
através dos árabes, no século XIII, quando é conhecida a versão
(orientalizada) de Averróis, o seu mais importante comentarista.
Depois, S. Tomás de Aquino incorpora muitos passos das suas
teses no pensamento cristão. Os escritos de Aristóteles
perfazem grande número de volumes (consta que 150,
aproximadamente) e versam sobre assuntos variados: da
ciência, política e ética à crítica literária. Desses trabalhos, cerca
de dois terços desapareceram. Mesmo os que chegaram até nós
ficaram perdidos por séculos, por vezes em mais de uma
ocasião. Muitos deles só atravessariam a Idade Média traduzidos
para o árabe. Aristóteles pode ser considerado o criador do
estudo da Lógica e essa matéria, dentre toda a sua obra, foi a
única a continuar sendo estudada na Europa após a queda do
Império Romano.
Averrois
Aristóteles nasceu em Estagira (atual Stavro), próximo de Pela,
capital da Macedônia, portanto era Macedônio de origem Grega.
Estagiara era colônia fundada pelos calcidenses da ilha Eubéia
( na Trácia), no litoral norte do mar Egeu, em 384 a.C .
Diz Apolodoro nas Crônicas, que “Aristóteles nasceu no
primeiro ano da nonagésima olimpíada em uma região sob
controle da Macedônia”.
Seu pai, Nicômaco e sua mãe, Féstias, ao dar-lhe um nome
grego, quebram um costume: o filho deveria ter o nome do avô,
Macaon.
Timóteo, nas vidas, comenta que “Aristóteles, o mais ilustre dos
discípulos de Platão, tinha a voz débil, pernas delgadas e olhos
pequenos; que se vestia sempre com esmero, levava anéis e
cortava a barba" (Diógenes Laércio, V, 1).
Dois anos depois de Aristóteles, nasce Filipe da Macedônia. Os
jovens vão ser companheiros de infância nos jardins do palácio
real já que Nicômaco, pai de Aristóteles, é médico do rei Amintas
II. Mas, enquanto o filho de Amintas se exercita na cavalaria, no
tiro ao arco, na caça, o de Nicômaco não é brilhante nessas
artes.
Ambos, no entanto, têm uma paixão pela natureza. Percorrem as
florestas, conhecem as plantas, os animais do chão, as aves e
os peixes. É aí que Aristóteles desperta para a biologia. As
relações entre as duas crianças são afáveis e essa amizade, tão
cara a Aristóteles, embora com divergências, prolongar-se-á até
o assassínio de Filipe.
É nesse mar, junto ao Monte Athos, que Aristóteles inicia a
investigação dos animais, em especial, os marinhos. Ensinado
pelo pai, terá feito as primeiras dissecações. Também é aí que,
entre a praia e os rochedos, convive com pessoas do porto,
pescadores, marinheiros, crianças do cais e absorve os seus
conhecimentos.
É, porém, nos livros que satisfaz completamente a sua
curiosidade. Conhece de cor os poetas, sobretudo Homero,
conhece os filósofos de Atenas e, mesmo sem compreender
tudo, memoriza.
Após a morte de seu pai em 366 ªC vai para a casa da irmã
Arimnesta que vive em Mísia com o esposo Proxénos, que fica
como seu tutor.
Torna-se amigo de Hermias que também passara pela Academia,
eunuco e escravo liberto, rico, poderoso, amigo da filosofia que
mantinha uma comunidade de filósofos.
Aos dezoito anos, em 367, viajou à Atenas para prosseguir os
seus estudos e entre as várias opções, escolheu a Academia de
Platão, onde ficou por vinte anos e onde tornou-se professor, até
à morte do mestre em 347.
Nesse período estudou também os filósofos pré-platônicos, que
lhe foram úteis na construção do seu grande sistema.
Abandonou a Academia provavelmente por divergências quanto
à escolha de Espeusito, sobrinho de Platão, para a direção da
escola e foi para Atarnéia (Assos), na Mísia onde havia uma
comunidade de alunos da Academia, protegida pelo tirano
Hermias, rei de Atárnea já seu conhecido, que possibilita o
contato com a organização interna e externa do Estado (347-
345). Entretanto, não repete a experiência de Platão, junto aos
tiranos de Siracusa, e não procura moralizar Hermias. Casa com
Pítias, sobrinha de Hermias, e durante cinco anos gere suas
propriedades em um casamento que durou dez anos, mas sua
permanência em Assos foi subitamente interrompida, quando os
persas suspeitando que Hermias estava colaborando com os
macedônios, decidem crucifica-lo em Persópolis (345).Ruínas do Templo de Athenas, em ASSOS / Turquia
Aristóteles foge, refugiando-se em Mitilene, capital da ilha de Lesbos,
onde vive Féstias ,sua mãe, e se dedica ao estudo da biologia. Lesbos
localiza-se no mar Egeu, próximo à Turquia. Em grego moderno, o nome
da ilha é Lesvos.
Pítia dá-lhe uma filha. Mas, pouco depois, Aristóteles enviúva e passa a
conviver com uma concubina, Hérpilis, que lhe dará um filho, que
recebe o nome do avô paterno como era a tradição, Nicômaco,
restabelecendo a tradição..
Em 343, pai de família, com 41 anos, foi convidado pelo Rei Filipe -
conquistador da Grécia - para a corte de Pela, na Macedônia,
acompanhado da esposa Hérpilis, filho e filha. Foi o professor do
Príncipe Alexandre, então jovem de quinze anos, durante três anos em
troca da reconstrução de Estagira, arrasada por Filipe em uma guerra e
onde teve a oportunidade de organizar as leis.
Alexandre revelou-se um aluno apaixonado pelos autores clássicos e
manifestou igualmente interesse pelas discussões filosóficas, a
investigação da natureza, medicina, zoologia, botânica, fazendo-se
acompanhar nas suas expedições militares por um grupo de
investigadores.
Felipe II
Quando Alexandre subiu ao trono (em 335 ªC), treze anos depois
da morte de Platão, Aristóteles regressou à Atenas, onde criou a
sua própria escola, a sudoeste da cidade, com apoio de
Alexandre, junto ao templo dedicado a Apolo Liceano, o caçador
de lobos. Chamada Liceu ou Escola Peripatética, porque o
mestre dava suas lições passeando com os alunos da classe
exotérica, que era mais numerosa, em amena palestra, no
sombreado das colunas (peristilos) através das alamedas (os
peripatos) do ginásio comprado junto ao templo. Esta escola
seria a grande rival e a verdadeira herdeira da velha e gloriosa
academia platônica e teve a presença de Aristóteles por doze
anos. Os estudos concentravam-se sobre o que hoje
poderíamos denominar "ciências naturais", ao contrário da
Academia, onde era dada grande importância à geometria. Tinha
dois tipos de cursos, os "exotéricos" para o público, e os
"esotéricos" destinados apenas ao pequeno número de alunos
iniciados nas várias matérias. No Liceu Aristóteles e os seus
discípulos recolhiam informações sobre tudo, organizando
depois estes dados num sistema global.
Ruínas de Pella
Os tratados de Aristóteles provêm de notas tomadas por seus
ouvintes e constituem um vasto conjunto enciclopédico, dividido
posteriormente em quatro grupos de obras. Toda a sua filosofia
baseia-se numa observação minuciosa da natureza, sociedade e
indivíduos, organizada de uma forma verdadeiramente
enciclopédica. A sua idéia fundamental era a de tudo classificar,
dividindo as coisas segundo a sua semelhança ou diferença,
obedecendo a um conjunto de perguntas muito simples: Como é
esta coisa ? (o gênero). O que é que a difere de outras que lhe
são semelhantes? (a diferença). A partir daqui começava a
hierarquizar todas as coisas, de uma forma tão ordenada que até
então nunca ninguém conseguira fazer. A respeito do caráter de
Aristóteles, inteiramente recolhido na elaboração crítica do seu
sistema filosófico não se deixava distrair por motivos práticos
ou sentimentais. Foi essencialmente um homem de cultura, de
estudo, pesquisas, pensamento, que foi se isolando da vida
prática, social e política, para se dedicar à investigação
científica. A atividade literária de Aristóteles foi vasta e intensa,
como a sua cultura e seu gênio universal.
Apolo
Escreveu sobre todas as ciências, constituindo algumas os
primeiros fundamentos, organizando outras em corpo coerente
de doutrinas e sobre todas espalhando as luzes de sua
admirável inteligência.
Não lhe faltou nenhum dos dotes e requisitos que constituem o
verdadeiro filósofo: profundidade e firmeza de inteligência,
agudeza de penetração, vigor de raciocínio, poder admirável de
síntese, faculdade de criação e invenção aliados a uma vasta
erudição histórica e universalidade de conhecimentos
científicos.
O grande estagirita explorou o mundo do pensamento em todas
as direções. Pelo elenco dos principais escritos que dele ainda
nos restam, poder-se-á avaliar a sua prodigiosa atividade
literária. A primeira edição completa das obras de Aristóteles é a
de Andronico de Rodes pela metade do último século ªC.
autêntica, salvo alguns apócrifos e interpolações.
Monastério com o Monte Athos ao fundo
Classificação das obras doutrinais de Aristóteles conforme a
edição de Andronico de Rodes.
I. Escritos lógicos: cujo conjunto foi denominado Órganon
mais tarde, corresponde muito bem à intenção do autor, que
considerava a lógica instrumento da ciência.
II. Escritos sobre a física: abrangendo a hodierna cosmologia e a
antropologia, e pertencentes à filosofia Teorética
(Pensamentos), juntamente com a metafísica.
III. Escritos metafísicos: a Metafísica, em catorze livros. É uma
compilação feita depois da morte de Aristóteles mediante
seus apontamentos manuscritos, referentes à metafísica
geral e à teologia. O nome de metafísica é devido ao lugar
que ela ocupa na coleção de Andronico, que a colocou
depois da física.
IV. Escritos morais e políticos:
Ética a Nicômaco, em dez livros, provavelmente publicada por
Nicômaco, seu filho, ao qual é dedicada;
Ética a Eudemo, inacabada, escrito com base na ética de Aristóteles.
Grande Ética, compêndio da Ética a Nicômaco e, em especial da Ética a
Eudemo
Política, em oito livros, incompleta.
V. Escritos retóricos e poéticos:
Retórica, em três livros;
Poética, em dois livros, que, no seu Estado atual, é apenas uma parte da
obra de Aristóteles. As obras e doutrinas que nos restam - manifestam
um grande rigor científico, sem enfeites míticos ou poéticos, exposição
e expressão breve e aguda, clara e ordenada, perfeição maravilhosa da
terminologia filosófica, de que foi ele o criador.
 
O Pensamento: A Gnosiologia 
 
Segundo  Aristóteles,  a  filosofia  deve  decifrar  o  enigma  do 
universo,  diante  da  atitude  inicial  de  assombro  com  esse 
mistério. Sua questão fundamental é o problema do ser, não o 
problema da vida. O objeto da filosofia, onde está a solução do 
problema,  são  as  essências  imutáveis  e  a  razão  última  das 
coisas, as formas e suas relações,  o universal e o necessário, 
pois  não  pode  haver  ciência  em  torno  do  individual  e  do 
contingente.  As  formas  são  imanentes  na  experiência,  nos 
indivíduos, de que constituem a essência. A filosofia aristotélica 
é  conceitual  como  a  de  Platão  mas  parte  da  experiência;  é 
dedutiva,  onde  o  ponto  de  partida  dedutivo  é  tirado  pelo 
intelecto  da  experiência.  Sob  o  ponto  de  vista  metafísico,  o 
objeto da ciência aristotélica é a forma, como idéia era o objeto 
da ciência platônica.
A filosofia, segundo Aristóteles, abrange todo o saber humano, 
racional e divide-se em:
Teorética (Pensamentos) 
Prática
Poética
 
A  Teorética  (Pensamentos),  por  sua  vez,  divide-se  em  física, 
matemática e filosofia primeira (metafísica e teologia);
A Prática divide-se em ética e política;
A Poética em estética e técnica.
Aristóteles é o criador da lógica, como ciência especial, sobre a 
base  socrático-platônica;  é  denominada  por  ele  ANALÍTICA  e 
representa  a  metodologia  científica.  Aristóteles  trata  dos 
problemas  lógicos  e  gnosiológicos  que  tomou  mais  tarde  o 
nome de Órganon.
A ciência aristotélica é objetiva, realista onde tudo que se pode 
aprender  precede  a  sensação  e  é  independente  dela,  é  a 
dedução  do  particular  pelo  universal,  explicação  do 
condicionado  mediante  a  condição,  porquanto  o  primeiro 
elemento depende do segundo. 
Também aqui se segue a ordem da realidade, onde o fenômeno 
particular  depende  da  lei  universal  e  o  efeito  da  causa.  Objeto 
essencial da lógica aristotélica é precisamente este processo de 
derivação ideal, que corresponde a uma derivação real. 
A  lógica  aristotélica,  portanto,  bem  como  a  platônica,  é 
essencialmente  dedutiva,  demonstrativa.  O  seu  processo 
característico, clássico, é o silogismo. Os elementos primeiros, 
os  princípios  supremos,  as  verdades  evidentes,  consoante 
Platão, são fruto de uma visão imediata, intuição intelectual, em 
relação com a sua doutrina do contato imediato da alma com as 
idéias  –  a  reminiscência.  Segundo  Aristóteles,  entretanto,  de 
cujo  sistema  é  banida  toda  forma  de  inatismo,  também  os 
elementos  primeiros  do  conhecimento  -  conceito  e  juízos  - 
devem  ser, de  um  modo  e  de  outro, tirados da  experiência, da 
representação sensível, cuja verdade imediata ele defende, pois 
os sentidos por si nunca nos enganam. O erro começa de uma 
falsa  elaboração  dos  dados  dos  sentidos:  a sensação, como  o 
conceito,  é  sempre  verdadeira.  Certamente  que, 
metafisicamente,  o  universal,  o  necessário,  o  inteligível,  é 
anterior  ao  particular,  ao  contingente,  ao  sensível:  mas,   
psicologicamente  existe  primeiro  o  particular,  o  contingente,  o 
sensível,  que  constituem  precisamente  o  objeto  próprio  do 
nosso  conhecimento  sensível,  que  é  o  nosso  primeiro 
conhecimento. 
Assim  sendo,  compreende-se  que  Aristóteles,  paralelamente,  e 
em conseqüência da doutrina de dedução, seja constrangido a 
elaborar, na lógica, a doutrina da indução. Não está efetivamente 
acabada, mas pode-se integrar logicamente segundo o espírito 
profundo  da  sua  filosofia.  Com  relação  aos  elementos  básicos 
do conhecimento  racional,  como os  conceitos,  a  indução nada 
mais  é  que  a  abstração  do  conceito,  do  inteligível,  da 
representação  sensível,  isto  é,  a  "desindividualização"  do 
universal  do  particular,  em  que  o  universal  é  imanente.  A 
formação do conceito é retirada da experiência. Quanto ao juízo, 
que  é  o  elemento  constitutivo  da  ciência,  onde  temos 
unicamente ou não temos a verdade,  depende do princípio da 
demonstração,  dos  juízos  imediatamente  evidentes.  Aristóteles 
reconhece que é impossível uma indução completa, isto é, uma 
resenha  de  todos  os  casos  de  fenômenos  particulares  para 
poder tirar com certeza absoluta as leis universais abrangendo 
todas  as  essências.  Então  só  resta  possível  uma  indução 
incompleta  do  juízo  onde  os  conceitos  são  tirados  da 
experiência,  e  seu  nexo  analítico,  colhido  imediatamente  pelo 
intelecto humano mediante a sua evidência. 
Filosofia de Aristóteles  
Partindo  como  Platão  do  mesmo  problema  acerca  do  valor 
objetivo dos conceitos, mas abandonando a solução do mestre, 
Aristóteles  constrói  um  sistema  inteiramente  original.  Os 
caracteres desta grande síntese são: 
1. Unidade do conjunto - Sua vasta obra filosófica constitui um 
verdadeiro sistema, uma verdadeira síntese.Todas as partes se 
compõem, se correspondem, se confirmam. 
2.  Observação  fiel  da  natureza  -  Platão,  idealista,  rejeitara  a 
experiência como fonte de conhecimento certo. Aristóteles, mais 
positivo,  toma  sempre  o  fato  como  ponto  de  partida  de  suas 
teorias,  buscando  na  realidade  um  apoio  sólido  às  suas  mais 
elevadas especulações metafísicas.  
3. Rigor no método - Depois de estudar as leis do pensamento, o 
processo  dedutivo  è  aplicado  em  todas  as  suas  obras, 
substituindo à linguagem figurada de Platão, em estilo conciso e 
criando uma terminologia filosófica de precisão admirável. Pode 
ser considerado o autor do método científico.
Geralmente, no estudo de uma questão, Aristóteles procede por 
partes: 
 a)       define o objeto;
 b)       enumera as soluções históricas;
 c)       propõe as dúvidas;
 d)       indica, a solução;
 e)       refuta as sentenças contrárias.
 
A Teologia  
Objeto  a  teologia  é  o  primeiro  motor  imóvel,  ato  puro,  o 
pensamento  do  pensamento,  isto  é,  Deus,  a  quem  Aristóteles 
chega  através  de  uma  sólida  demonstração,  baseada  sobre  a 
imediata  experiência,  indiscutível,  realidade  do  vir-a-ser,  da 
passagem  da  potência  ao  ato.  Os  objetos  sensíveis  são 
constituídos  pelo  princípio  da  perfeição  (o  ato),  são  enquanto 
são e pelo princípio da imperfeição (a potência), através do qual 
se lhes permite a aquisição de novas perfeições. O ato explica a 
unidade do ser, a potência, a multiplicidade e a mudança. Esta 
passagem  da  potência  ao  ato,  requer  finalmente  um  não-vir-a-
ser.  A  necessidade  deste  primeiro  motor  imóvel  não  é 
absolutamente  excluída  pela  eternidade  do  vir-a-ser,  do 
movimento,  do  mundo.  Mesmo  admitindo  que  o  mundo  seja 
eterno, isto é, que não tem princípio e fim no tempo, enquanto 
for passagem da potência ao ato, fica eternamente inexplicável, 
contraditório,  sem  um  primeiro  motor  imóvel,  origem  extra-
temporal, causa absoluta, razão metafísica de todo devir. 
Deus, o real puro, é aquilo que move sem ser movido, é aquilo 
que é movido, sem mover a si mesmo.
Da análise do conceito de Deus, concebido como primeiro motor 
imóvel,  conquistado  através  do  precedente  raciocínio, 
Aristóteles,  pode  deduzir  logicamente  a  natureza  essencial  de 
Deus,  concebido,  antes  de  tudo,  como  ato  puro,  e,  como 
pensamento de si mesmo.
Deus é unicamente pensamento, atividade Teorética), enquanto 
que outra atividade teria fim extrínseco, incompatível com o ser 
perfeito, auto-suficiente. Se o agir, e o querer têm objeto diverso 
do  sujeito  agente  e  "querente",  Deus  não  pode  agir  e  querer, 
mas  unicamente  conhecer  e  pensar,  conhecer  a  si  próprio  e 
pensar  em  si  mesmo.  Deus  é,  portanto,  pensamento  de 
pensamento, pensamento de si, que é pensamento puro. E nesta 
autocontemplação imutável e ativa, está a beatitude divina.
 
Se  Deus  é  mera  atividade  Teorética,  tendo  como  objeto 
unicamente  a  própria  perfeição,  não  conhece  o  mundo 
imperfeito, e menos ainda opera sobre ele. 
Deus  não  atua  sobre  o  mundo,  voltando-se  para  ele,  com  o 
pensamento  e  a  vontade;  mas  unicamente  como  o  fim  último, 
atraente,  isto  é,  como  causa  final,  e,  por  conseqüência,  e  só 
assim, como causa eficiente e formal (exemplar).
De  Deus  depende  a  ordem,  a  vida,  a  racionalidade  do  mundo; 
ele,  porém,  não  é  criador,  nem  providência  do  mundo.  Em 
Aristóteles  o  pensamento  grego  conquista  logicamente  a 
transcendência  de  Deus;  mas,  no  mesmo  tempo,  permanece  o 
dualismo,  que  vem  anular  aquele  mesmo  Absoluto  a  que 
logicamente  chegara,  para  dar  uma  explicação  filosófica  da 
relatividade  do  mundo  pondo  ao  seu  lado  esta  realidade 
independente dele. 
A Moral
Aristóteles  afirma  que  todo  ser  tende  necessariamente  à 
realização da sua natureza, à atualização plena da sua forma: e 
nisto  está  o  seu  fim,  seu  bem,  e  sua  felicidade,  e,  por 
conseqüência, sua lei. Sendo a  razão a essência característica 
do  homem,  ele  realiza  sua  natureza  vivendo  racionalmente  e 
sendo consciente. Assim consegue a felicidade e a virtude, isto 
é, consegue a felicidade mediante a virtude, que é precisamente 
uma  atividade  conforme  à  razão,  isto  é,  uma  atividade  que 
pressupõe o conhecimento racional. Logo, o fim do homem é a 
felicidade, a que é necessária à virtude, e a esta é necessária a 
razão.  A  característica  fundamental  da  moral  aristotélica  é, 
portanto,  o  racionalismo,  sendo  a  virtude  ação  consciente 
segundo  a  razão,  que  exige  o  conhecimento  absoluto, 
metafísico, da natureza e do universo, natureza segundo a qual e 
na qual o homem deve operar.
As  virtudes  éticas,  morais,  não  são  mera  atividade  racional, 
como as virtudes intelectuais, pensamentos; mas implicam, por 
natureza, um elemento sentimental, afetivo, passional, que deve 
ser  governado  pela  razão,  e  não  pode,  todavia,  ser 
completamente resolvido na razão. A razão aristotélica governa, 
domina  as  paixões,  não  as  aniquila  e  destrói,  como  queria  o 
ascetismo platônico. A virtude ética não é, pois, razão pura, mas 
uma  aplicação  da  razão;  não  é  unicamente  ciência,  mas  uma 
ação com ciência. 
Uma doutrina aristotélica a respeito da virtude teve muita prática 
popular,  embora  se  apresente  discutível  onde  a  virtude  é 
precisamente  concebida  como  um  justo  meio  entre  dois 
extremos,  isto  é,  entre  duas  paixões  opostas:  porquanto  o 
sentido  poderia  esmagar  a  razão  ou  não  lhe  dar  forças 
suficientes.  Naturalmente,  este  justo  meio,  na  ação  de  um 
homem,  não  é  abstrato  ou  igual  para  todos  e  sempre;  mas 
concreto, personalizado e variável conforme as circunstâncias.
No  que  diz  respeito  à  virtude,  tem,  ao  contrário,  certamente, 
maior  valor  uma  outra  doutrina  aristotélica:  precisamente  a  da 
virtude  concebida  como  hábito  racional.  Se  a  virtude  é, 
fundamentalmente,  uma  atividade  segundo  a  razão,  mais 
precisamente  é  ela  um  hábito  segundo  a  razão,  um  costume 
moral,  uma  disposição  constante,  reta,  da  vontade,  isto  é,  a 
virtude não é inata, como não é inata a ciência; mas adquiri-se 
mediante  a  ação,  a  prática,  o  exercício  e,  uma  vez  adquirida, 
estabiliza-se,  mecaniza-se;  torna-se  quase  uma  segunda 
natureza e, logo, torna-se de fácil execução - como o vício.
Como  já  foi  mencionado,  Aristóteles  distingue  duas  categorias 
fundamentais  de  virtudes:  as  éticas,  que  constituem 
propriamente  o  objeto  da  moral,  e  as  dianoéticas,  que  a 
transcendem.  É  uma  distinção  e  uma  hierarquia,  que  têm  uma 
importância  essencial  em  relação  a  toda  a  filosofia  e 
especialmente  à  moral.  As  virtudes  intelectuais,  Teorética, 
contemplativas,  são  superiores  às  virtudes  éticas,  práticas, 
ativas.  Noutras  palavras,  Aristóteles  sustenta  o  primado  do 
conhecimento, do intelecto, da filosofia, sobre a ação, a vontade 
e a política.
A Política 
A política aristotélica é essencialmente unida à moral, porque o 
fim último do  Estado é a virtude, isto é, a formação moral dos 
cidadãos  e  o  conjunto  dos  meios  necessários  para  isso.  O 
Estado  é  um  organismo  moral,  condição  e  complemento  da 
atividade  moral  individual,  e  fundamento  primeiro  da  suprema 
atividade contemplativa. A política, contudo, é distinta da moral, 
porquanto  esta  tem  como  objetivo  o  indivíduo,  aquela  a 
coletividade. A ética é a doutrina moral individual, a política é a 
doutrina moral social. Desta ciência trata Aristóteles na Política. 
O  Estado,  então,  é  superior  ao  indivíduo,  porquanto  a 
coletividade é superior ao indivíduo, o bem comum superior ao 
bem particular. Unicamente no Estado efetua-se a satisfação de 
todas  as  necessidades,  pois  o  homem,  sendo  naturalmente 
animal social, político, não pode realizar a sua perfeição sem a 
sociedade do Estado.
 
Visto que o Estado se compõe de uma comunidade de famílias, 
assim como estas se compõem de muitos indivíduos, antes de 
tratar  propriamente  do  Estado  será  mister  falar  da  família,  que 
precede cronologicamente o Estado, como as partes precedem o 
todo.
Segundo Aristóteles, a família compõe-se de quatro elementos: 
os filhos, a mulher, os bens, os escravos; além, naturalmente, do 
chefe a que pertence a direção da família. 
Deve ele guiar os filhos e as mulheres, em razão da imperfeição 
destes. Deve fazer frutificar seus bens, porquanto a família, além 
de um fim educativo, tem também um fim econômico. E, como 
ao  Estado,  é-lhe  essencial  a  propriedade,  pois  os  homens  têm 
necessidades materiais. No entanto, para que a propriedade seja 
produtora,  são  necessários  instrumentos  inanimados  e 
animados; estes últimos seriam os escravos.
 
Aristóteles não nega a natureza humana ao escravo; mas
constata que na sociedade são necessários também os
trabalhos materiais, que exigem indivíduos particulares, a que
fica assim tirada fatalmente a possibilidade de providenciar a
cultura da alma, visto ser necessário, para tanto, tempo e
liberdade, bem como aptas qualidades espirituais, excluídas
pelas próprias características qualidades materiais de tais
indivíduos. Daí a escravidão.
O Estado surge, pelo fato de ser o homem um animal
naturalmente social, político. O Estado provê, inicialmente, a
satisfação daquelas necessidades materiais, negativas e
positivas, defesa e segurança, conservação e engrandecimento,
de outro modo irrealizáveis. Mas o seu fim essencial é espiritual,
isto é, deve promover a virtude e, conseqüentemente, a
felicidade dos súditos mediante a ciência.
A tarefa essencial do Estado é a educação, que deve desenvolver
harmônica e hierarquicamente todas as faculdades: antes de tudo as
espirituais, intelectuais e, subordinando as materiais e físicas.
O fim da educação é formar homens mediante as artes liberais,
importantíssimas a poesia e a música, e não máquinas, mediante um
treinamento profissional. Eis porque Aristóteles, como Platão, condena
o Estado que, ao invés de se preocupar com uma pacífica educação
científica e moral, visa a conquista e a guerra. E critica, dessa forma, a
educação militar de Esparta, que faz da guerra a tarefa precípua do
Estado, e põe a conquista acima da virtude, enquanto a guerra, como o
trabalho, são apenas meios para a paz e o lazer sapiente.
Não obstante a sua concepção ética do Estado, Aristóteles,
diversamente de Platão, salva o direito privado, a propriedade particular
e a família.
O comunismo como resolução total dos indivíduos e dos valores no
Estado é fantástico e irrealizável. O Estado não é uma unidade
substancial, e sim uma síntese de indivíduos substancialmente
distintos.
Se quiser a unidade absoluta, será mister reduzir o Estado à família e a
família ao indivíduo; só este último possui aquela unidade substancial
que falta aos dois precedentes.
Reconhece Aristóteles a divisão platônica das castas, e reconhece duas
classes: a dos homens livres, possuidores, isto é, a dos cidadãos e a
dos escravos, dos trabalhadores, sem direitos políticos.
Quanto à forma exterior do Estado, Aristóteles distingue três principais:
a monarquia, que é o governo de um só, cujo caráter e valor estão na
unidade, e cuja degeneração é a tirania;
a aristocracia, que é o governo de poucos, cujo caráter e valor estão na
qualidade, e cuja degeneração é a oligarquia;
a democracia, que é o governo de muitos, cujo caráter e valor estão na
liberdade, e cuja degeneração é a demagogia.
As preferências de Aristóteles vão para uma forma de república
democrático-intelectual, a forma de governo clássica da Grécia,
particularmente de Atenas. No entanto, com o seu profundo realismo,
reconhece Aristóteles que a melhor forma de governo não é abstrata, e
sim concreta: deve ser relativa, acomodada às situações históricas, às
circunstâncias de um determinado povo.
De qualquer maneira a condição indispensável para uma boa
constituição, é que o fim da atividade estatal deve ser o bem
comum e não a vantagem de quem governa despoticamente.
Aristóteles compôs dois grandes trabalhos sobre a ciência
política:
"Política" (Politéia) que provavelmente eram lições dadas no
Liceo e registradas por seus alunos, e a "Constituição de
Atenas", obra que só se tornou mais conhecida, ainda que em
fragmentos, no final do século XIX, mais precisamente em 1880-
1881, quando foi encontrada no Egito; registra as várias formas
e alterações constitucionais que ela passou por obra dos seus
grandes legisladores, tais como Drácon, Sólon, Pisístrato,
Clístenes e Péricles e que também pode ser lida como uma
história política da cidade.
A Religião e a Arte
Com Aristóteles afirma-se o teísmo do ato puro. No entanto, este
Deus, pelo seu efetivo isolamento do mundo, que não conhece,
não cria, não governa, não está em condições de se tornar
objeto de religião, mais do que as transcendentes idéias
platônicas. E não fica nenhum outro objeto religioso. Também
Aristóteles, como Platão, se exclui filosoficamente o
antropomorfismo, não exclui uma espécie de politeísmo, e
admite, ao lado do Ato Puro e a ele subordinado, os deuses
astrais, isto é, admite que os corpos celestes são animados por
espíritos racionais. Entretanto, esses seres divinos não parecem
e não podem ter função religiosa sem a física.Não obstante esta
concepção filosófica da divindade, Aristóteles admite a religião
positiva do povo, até sem correção alguma. Explica e justifica a
religião positiva, tradicional, mítica, como obra política para
moralizar o povo, e como fruto da tendência humana para as
representações antropomórficas; e não diz que ela teria um
fundamento racional na verdade filosófica da existência da
divindade, a que o homem se teria facilmente elevado através do
espetáculo da ordem celeste.
Aristóteles como Platão considera a arte como imitação,
conforme o fundamental realismo grego. Não, porém, imitação
de uma imitação, como é o fenômeno, o sensível, dos
platônicos; e sim imitação direta da própria idéia, do inteligível
imanente no sensível, imitação da forma imanente na matéria.
Na arte, esse inteligível, universal é encarnado, concretizado
num sensível, num particular e tornando intuitivo, graças ao
artista. Por isso, Aristóteles considera a arte a poesia de Homero
que tem por conteúdo o universal, o imutável, ainda que
encarnado fantasticamente num particular, como superior à
história e mais filosófica do que a história de Heródoto que tem
como objeto o particular, o mutável, embora seja real.
O objeto da arte não é o que aconteceu uma vez como é o caso
da história, mas o que por natureza deve, necessária e
universalmente, acontecer. Deste seu conteúdo inteligível,
universal, depende a eficácia espiritual pedagógica, purificadora
da arte.
A Metafísica
A metafísica aristotélica é "a ciência do ser como ser, ou dos princípios
e das causas do ser e de seus atributos essenciais". Ela abrange ainda
o ser imóvel e incorpóreo, princípio dos movimentos e das formas do
mundo, bem como o mundo mutável e material, mas em seus aspectos
universais e necessários. A Metafísica tem como objeto o mundo que
vem-a-ser - natureza e homem - e culmina no que não pode vir-a-ser,
isto é, Deus.
Podem-se reduzir fundamentalmente a quatro as questões gerais da
metafísica aristotélica:
potência e ato
matéria e forma
particular e universal
movido e motor.
A primeira e a última abraçam todo o ser, a segunda e a terceira todo o
ser em que está presente a matéria.
I. A doutrina da potência e do ato:
È fundamental na metafísica aristotélica, potência significa
possibilidade, capacidade de ser, não-ser atual; e ato significa
realidade, perfeição, ser efetivo.
Todo ser, que não seja o Ser perfeitíssimo, é portanto uma
síntese de potência e de ato, em diversas proporções, conforme
o grau de perfeição, de realidade dos vários seres.
Um ser desenvolve-se, aperfeiçoa-se, passando da potência ao
ato; esta passagem da potência ao ato é atualização de uma
possibilidade, de uma potencialidade anterior. Esta doutrina
fundamental da potência e do ato é aplicada - e desenvolvida -
por Aristóteles especialmente quando da doutrina da matéria e
da forma, que representam a potência e o ato no mundo, na
natureza em que vivemos.
II. Aristóteles não nega o vir-a-ser de Heráclito, nem o ser de
Parmênides, mas une-os em uma síntese conclusiva, já iniciada pelos
últimos pré-socráticos e grandemente aperfeiçoada por Demócrito e
Platão. Segundo Aristóteles, a mudança, que é intuitiva, pressupõe uma
realidade imutável, que é de duas espécies.
Um substrato comum, elemento imutável da mudança, em que a
mudança se realiza; e as determinações que se realizam neste
substrato, a essência, a natureza que ele assume. O primeiro elemento é
chamado matéria (prima), o segundo forma (substancial). O primeiro é
potência, possibilidade de assumir várias formas, imperfeição; o
segundo é atualidade - realizadora, especificadora da matéria - ,
perfeição.
A síntese da matéria e da forma constitui a substância, e esta, por sua
vez, é o substrato imutável, em que se sucedem os acidentes, as
qualidades acidentais. A mudança, portanto, consiste ou na sucessão
de várias formas na mesma essência, forma concretizada da matéria,
que constitui precisamente a substância.
A matéria sem forma, a pura matéria, chamada matéria-prima, é
um mero possível, não existe por si, é um absolutamente
interminado, em que a forma introduz as determinações.
A matéria aristotélica, porém, não é o puro não-ser de Platão,
mero princípio de decadência, pois ela é também condição
indispensável para concretizar a forma, ingrediente necessário
para a existência da realidade material, causa concomitante de
todos os seres reais.
Então não existe, propriamente, a forma sem a matéria, ainda
que a forma seja princípio de atuação e determinação da própria
matéria. Com respeito à matéria, a forma é, portanto, princípio de
ordem e finalidade, racional, inteligível.
Diversamente da idéia platônica, a forma aristotélica não é
separada da matéria, e sim imanente e operante nela. Ao
contrário, as formas aristotélicas são universais, imutáveis,
eternas, como as idéias platônicas.
Os elementos constitutivos da realidade são, portanto, a forma e
a matéria. A realidade, porém, é composta de indivíduos,
substâncias, que são uma síntese de matéria e forma. Por
conseqüência, estes dois princípios não são suficientes para
explicar o surgir dos indivíduos e das substâncias que não
podem ser atuados - bem como a matéria não pode ser atuada -
a não ser por um outro indivíduo, isto é, por uma substância em
ato.
Daí a necessidade de um terceiro princípio, a causa eficiente,
para poder explicar a realidade efetiva das coisas. A causa
eficiente, por sua vez, deve operar para um fim, que é
precisamente a síntese da forma e da matéria, produzindo esta
síntese o indivíduo. Daí uma quarta causa, a causa final, que
dirige a causa eficiente para a atualização da matéria mediante a
forma.
III. Mediante a doutrina da matéria e da forma, Aristóteles explica
o indivíduo, a substância física, a única realidade efetiva no
mundo, que é precisamente síntese de matéria e de forma. A
essência - igual em todos os indivíduos de uma mesma espécie -
deriva da forma; a individualidade, pela qual toda substância é
original e se diferencia de todas as demais, depende da matéria.
O indivíduo é, portanto, potência realizada, matéria enformada,
universal particularizado.
Mediante esta doutrina é explicado o problema do universal e do
particular, que tanto atormenta Platão;
Aristóteles faz o primeiro - a idéia - imanente no segundo - a
matéria, depois de ter eficazmente criticado o dualismo
platônico, que fazia os dois elementos transcendentes e
exteriores um ao outro.
IV. Da relação entre a potência e o ato, entre a matéria e a forma, surge
o movimento, a mudança, o vir-a-ser, a que é submetido tudo que tem
matéria, potência.
A mudança é, portanto, a realização do possível. Esta realização do
possível, porém, pode ser levada a efeito unicamente por um ser que já
está em ato, que possui já o que a coisa movida deve vir-a-ser, visto ser
impossível que o menos produza o mais, o imperfeito o perfeito, a
potência o ato, mas vice-versa.
Mesmo que um ser se mova a si mesmo, aquilo que move deve ser
diverso daquilo que é movido, deve ser composto de um motor e de
uma coisa movida. Por exemplo, a alma é que move o corpo.
O motor pode ser unicamente ato, forma; a coisa movida - enquanto tal -
pode ser unicamente potência, matéria. Eis a grande doutrina
aristotélica do motor e da coisa movida, doutrina que culmina no motor
primeiro, absolutamente imóvel, ato puro, isto é, Deus.
A Psicologia
Objeto geral da psicologia aristotélica é o mundo animado, isto é,
vivente, que tem por princípio a alma e se distingue essencialmente do
mundo inorgânico, pois, o ser vivo diversamente do ser inorgânico
possui internamente o princípio da sua atividade, que é precisamente a
alma, forma do corpo.
A característica essencial e diferencial da vida e da planta, que tem por
princípio a alma vegetativa, é a nutrição e a reprodução. A característica
da vida animal, que tem por princípio a alma sensitiva, é precisamente a
sensibilidade e a locomoção. Enfim, a característica da vida do homem,
que tem por princípio a alma racional, é o pensamento.
Todas estas três almas são objeto da psicologia aristotélica. Aqui nos
limitamos à psicologia racional, que tem por objeto específico o
homem, visto que a alma racional cumpre no homem também as
funções da vida sensitiva e vegetativa; e, em geral, o princípio superior
cumpre as funções do princípio inferior.
Segundo Aristóteles diversamente de Platão todo ser vivo tem
uma só alma, ainda que haja nele funções diversas faculdades
diversas porquanto se dão atos diversos. E assim, conforme
Aristóteles, diversamente de Platão, o corpo humano não é
obstáculo, mas instrumento da alma racional, que é a forma do
corpo.
O homem é uma unidade substancial de alma e de corpo, em que
a primeira cumpre as funções de forma em relação à matéria,
que é constituída pelo segundo. O que caracteriza a alma
humana é a racionalidade, a inteligência, o pensamento, pelo
que ela é espírito. Mas a alma humana desempenha também as
funções da alma sensitiva e vegetativa, sendo superior a estas.
Assim, a alma humana, sendo embora uma e única, tem várias
faculdades, funções, porquanto se manifesta efetivamente com
atos diversos. As faculdades fundamentais do espírito humano
são duas: Teorética (Pensamentos) e prática, cognoscitiva e
operativa, contemplativa e ativa.
 
Cada uma destas, pois, se desdobra em dois graus, sensitivo e 
intelectivo,  se  se  tiver  presente  que  o  homem  é  um  animal 
racional, quer dizer, não é um espírito puro, mas um espírito que 
anima um corpo animal. O conhecimento sensível, a sensação, 
pressupões  um  fato  físico,  a  saber,  a  ação  do  objeto  sensível 
sobre  o  órgão  que  sente,  imediata  ou  à  distância,  através  do 
movimento de um meio. Mas o fato físico transforma-se num fato 
psíquico,  isto  é,  na  sensação  propriamente  dita,  em  virtude  da 
específica  faculdade  e  atividade  sensitivas  da  alma.  O  sentido 
recebe as qualidades materiais sem a matéria delas, como a cera 
recebe  a  impressão  do  selo  sem  a  sua  matéria.  A  sensação 
embora limitada é objetiva, sempre verdadeira com respeito ao 
próprio  objeto;  a  falsidade,  ou  a  possibilidade  da  falsidade, 
começa  com  a  síntese,  com  o  juízo.  O  sensível  próprio  é 
percebido  por  um  só  sentido,  isto  é,  as  sensações  específicas 
são  percebidas,  respectivamente,  pelos  vários  sentidos;  o 
sensível  comum,  as  qualidades  gerais  das  coisas  tamanho, 
figura,  repouso,  movimento,  etc.  são  percebidas  por  mais 
sentidos. 
 
O senso comum é uma faculdade interna, tendo a função de coordenar, 
unificar as várias sensações isoladas, que a ele confluem, e se tornam, 
por isso, representações, percepções. Acima do conhecimento sensível 
está  o  conhecimento  inteligível,  especificamente  diverso  do  primeiro. 
Aristóteles  aceita  a  essencial  distinção  platônica  entre  sensação  e 
pensamento, ainda que rejeite o inatismo platônico, contrapondo-lhe a 
concepção do intelecto como tabula rasa, sem idéias inatas. Objeto do 
sentido é o particular, o contingente, o mutável, o material. Objeto do 
intelecto  é  o  universal,  o  necessário,  o  imutável,  o  imaterial,  as 
essências, as formas das coisas e os princípios primeiros do ser, o ser 
absoluto.  Por  conseqüência,  a  alma  humana,  conhecendo  o  imaterial, 
deve ser espiritual e, quanto a tal, deve ser imperecível. Analogamente 
às atividades Teorética, duas são as atividades práticas da alma: apetite 
e vontade. O apetite é a tendência guiada pelo conhecimento sensível, e 
é próprio da alma animal. Esse apetite é concebido precisamente como 
sendo um movimento finalista, dependente do sentimento, que, por sua 
vez  depende  do  conhecimento  sensível.  A  vontade  é  o  impulso,  o 
apetite  guiado  pela  razão,  e  é  própria  da  alma  racional.  Como  se  vê, 
segundo  Aristóteles,  a  atividade  fundamental  da  alma  é  Teorética, 
cognoscitiva,  e  dessa  depende  a  prática,  ativa,  no  grau  sensível  bem 
como no grau inteligível.
 
A Cosmologia
 
Uma questão geral da física aristotélica, como filosofia da natureza, é a 
análise dos vários tipos de movimento, mudança, que já sabemos ser 
passagem  da  potência  ao  ato,  realização  de  uma  possibilidade. 
Aristóteles distingue quatro espécies de movimentos:
 
1. Movimento substancial - mudança de forma, nascimento e morte;
 
2. Movimento qualitativo - mudança de propriedade;
 
3. Movimento quantitativo - acréscimo e diminuição;
 
4.  Movimento  espacial  -  mudança  de  lugar,  condicionando  todas  as 
demais espécies de mudança.
Biologia:
Recusando  a  separação  das  idéias  da  natureza,  como  fazia  Platão,  Aristóteles, 
apontou como tarefa para o investigador a de descobrir e classificar as formas 
do mundo material. Os últimos 12 anos da sua vida foram preenchidos com esta 
tarefa.  Partindo  de  uma  observação  sistemática  dos  seres  vivos,  e  não 
desdenhando  estudar  vermes  ou  insetos,  registrou  perto  de  500  classes 
diferentes  de  animais,  dos  quais  dissecou  aproximadamente  50  tipos.  Foi  o 
primeiro  que  dividiu  o  mundo  animal  entre  vertebrados  e  invertebrados;  sabia 
que a baleia não era um peixe e que o morcego não era um pássaro, mas que 
ambos eram mamíferos. 
Política:
  Sua  primeira  preocupação  foi  a  elaborar  uma  listagem  tão  completa  quanto 
possível  sobre  os  diferentes  modelos  políticos  que  existiam  no  seu  tempo. 
Enumerou  um  total  de  158  constituições  de  cidades  ou  países  diferentes. 
Partindo da sua diversidade procurou depois as suas semelhanças e diferenças, 
pondo em evidência o que constituía a natureza de cada regime. Evitou, quanto 
pode, mostrar as suas preferências por um ou outro regime político.
Física:
A física era a chave da natureza das coisas, não apenas da forma como 
se  comportavam  no  presente,  mas  também  no  que  potencialmente 
viriam  a  transformar-se.  Quanto  à  constituição  das  coisas  defendia  a 
teoria dos quatro elementos: água, terra, fogo e ar. 
Os  corpos  celestes,  com  exceção  da  terra,  eram  constituídos  por  um 
quinto elemento puro e incorruptível. O universo é concebido de forma 
hierarquizada,  tendo  no  centro  a  terra,  girando  à  sua  volta  todos  os 
corpos celestes. Aristóteles explicou que as fases da Lua dependem de 
quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a 
Terra. Explicou, também, os eclipses: um eclipse do Sol ocorre quando 
a Lua passa entre a Terra e o Sol; um eclipse da Lua ocorre quando a 
Lua  entra  na  sombra  da  Terra.  Aristóteles  argumentou  a  favor  da 
esfericidade  da  Terra,  já  que  a  sombra  da  Terra  na  Lua  durante  um 
eclipse lunar é sempre arredondada.
Afirmava  que  o  Universo  é  esférico  e  finito.  Aperfeiçoou  a  teoria  das 
esferas concêntricas de Eudoxus de Cnidus (408-355 a.C.), propondo eu 
seu  livro  De Caelo,  que  "o  Universo  é  finito  e  esférico,  ou  não  terá 
centro e não pode se mover."
O espaço e tempo foi alvo de investigações profundas, sendo definido 
como o limite do corpo, isto é, o limite imóvel do corpo "circundante" 
com respeito ao corpo circundado. O tempo é definido como sendo o 
número - isto é, a medida - do movimento segundo a razão, o aspecto, 
do  "antes"  e  do  "depois".  Admitidas  as  precedentes  concepções  de 
espaço  e  de  tempo  -  como  sendo  relações  de  substâncias,  de 
fenômenos - é evidente que fora do mundo não há espaço nem tempo: 
espaço e tempo vazios são impensáveis. 
Uma terceira questão fundamental da filosofia natural de Aristóteles é 
relativa ao teleologismo - finalismo - por ele propugnado com base na 
finalidade, que ele descortina em a natureza.  "A natureza faz, enquanto 
possível,  sempre  o  que  é  mais  belo".  Fim  de  todo  devir  é  o 
desenvolvimento da potência ao ato, a realização da forma na matéria.
Quanto às ciências químicas, físicas e especialmente astronômicas, as 
doutrinas  aristotélicas  têm  apenas  um  valor  histórico,  e  são 
logicamente  separáveis  da  sua  filosofia,  que  tem  um  valor  teorética. 
Especialmente  célebre  é  a  sua  doutrina  astronômica  geocêntrica,  que 
prestará a estrutura física à Divina Comédia de Dante Alighieri.
Juízo sobre Aristóteles 
É  difícil  aquilatar  em  sua  justa  medida  o  valor  de  Aristóteles.  A 
influência  intelectual  por  ele  até  hoje  exercida  sobre  o  pensamento 
humano  não  se  pode  comparar  a  de  nenhum  outro  pensador  tal  é  a   
envergadura de seu gênio excepcional.
Criador  da  lógica,  autor  do  primeiro  tratado  de  psicologia  científica, 
primeiro escritor da história da filosofia, patriarca das ciências naturais, 
metafísico,  moralista,  político,  ele  é  o  verdadeiro  fundador  da  ciência 
moderna e "ainda hoje está presente com sua linguagem científica não 
somente  às  nossas  cogitações,  senão  também  à  expressão  dos 
sentimentos e das idéias na vida comum e habitual". 
Nem  por  isso  podemos  deixar  de  apontar  as  lacunas  do  seu  sistema. 
Sua moral, sem obrigação nem sanção, é defeituosa e mais gravemente 
defeituosa  ainda  que  a  teodicéia,  sobretudo  na  parte  que  trata  das 
relações de Deus com o mundo. O dualismo primitivo e irredutível entre 
Deus,  ato  puro,  e  a  matéria,  princípio  potencial,  é,  na  própria  teoria 
aristotélica.
 
Com  Sócrates  entra  a  filosofia  em  seu  caminho  definitivo.  O 
problema  do  objeto  e  da  possibilidade  da  ciência  é  posto  em 
seus  verdadeiros  termos  e  resolvido,  nas  suas  linhas  gerais, 
pela doutrina do conceito. Platão dá um passo além, procurando 
determinar a relação entre o conceito e a realidade, mas encalha, 
de  um  lado,  nas  dificuldades  insolúveis  de  um  realismo 
exagerado;  de  outro,  nas  extravagâncias  de  um  idealismo 
extremo.
Aristóteles, com o seu espírito positivo e observador, retoma o 
mesmo problema no pé em que o pusera Platão e dá, pela teoria 
da abstração e da inteligência ativa, uma solução satisfatória e 
definitiva  nas  grandes  questões.  Em  torno  desta  questão  com 
relação  à  metafísica,  psicologia  e  lógica,  vi  se  desenvolvendo 
harmoniosamente as outras partes da filosofia até constituírem 
em Aristóteles esta grandiosa síntese do saber universal, o mais 
precioso  legado  da  civilização  grega  que  declinava  diante  da 
civilização ocidental que surgia. 
 
Alexandre,  o  Grande,    prossegue  a  campanha  da  Ásia  cometendo 
excessos que o filósofo criador da teoria do justo meio, o que se situa 
entre  o  defeito  e  o  excesso,  enfim,  o  bom  senso,  desaprovou  e  não 
perdoa  a  morte  de  Clístenes,  o  sobrinho  querido  que  se  recusara  a 
aceitar Alexandre como um deus. Mas em 323 a.C. Alexandre morre de 
febres e a unidade Macedônia-Grécia, se desmonta e em Atenas surgem 
os  desejos  de  independência,  estourando  uma  reação  nacional, 
chefiada por Demóstenes. Aristóteles era malvisto pelos atenienses, por 
causa  do  apoio  macedônio.  O  governador  de  Atenas  foi  Antipater, 
indicado  por  Alexandre  e  velho  amigo  de  Aristóteles.  É  imperioso 
expulsar tudo e todos os que tenham ligação com os macedônios. Tudo 
que  recorde  o  domínio  de  Alexandre,  deve  ser  banido.  É  preciso 
encontrar  um  expediente  para  proscrever  Aristóteles.  Recorda-se 
Sócrates:  o  melhor  é  uma  acusação  de  impiedade.  Vasculha-se  o 
passado para encontrar o "crime", algo que ponha em causa os valores 
da liberdade e da independência, como, por exemplo, adorar um homem 
como se fosse um deus. Um hino, um péan que Aristóteles escrevera 
dedicado  a  um  tirano,  Hermias  como  louvor,  tornando    herói  um  ex-
escravo,  depravado,  eunuco,  bárbaro,  estrangeiro,  déspota,  serve  de 
pretexto.  Prudente,  reconhece  que  não  pode  esperar  a  decisão  do 
tribunal.e  prevendo  a  condenação  à  morte  pelo  Areópago,  refugia-se 
voluntariamente em Cálcis, na Eubéia (Eugéia).
Com  os  manuscritos,  a  esposa  Hérpilis,  os  filhos  Pítia  e 
Nicômaco  parte  para  o  último  exílio.  Aos  61  anos.  Dirá, 
pensando em Sócrates: "não quero que os Atenienses cometam 
um novo assassínio contra a filosofia".
Féstias, a mãe, era de Cálcis, a principal cidade da ilha Eubéia, a 
norte de Atenas. Aristóteles e a sua troupe atravessam o estreito 
de Euripo que separa a ilha da Ática. Instala-se na casa que fora 
de sua mãe, uma propriedade de dimensão razoável. Regressar 
a Estagira seria cortar definitivamente com Atenas.  A direção do 
Liceu, após a sua saída foi confiada ao seu discípulo Teofrasto. 
Na casa da mãe, Aristóteles está doente. Há muito que sofre do 
estômago,  provavelmente  da  bílis,  do  fígado.  O  corpo  que 
sempre  preservara,  cuidadosamente,  abandona-o.  A  casa  da 
mãe é o regresso ao útero. Em Atenas humilham-no, vexam-no, 
retiram-lhe as honras, degradam-no. 
Quando Antipater desbarata as forças gregas e retoma o poder 
em Atenas, Aristóteles já não tem forças para regressar. Terá de 
deixar-se a si mesmo e entrar na morte no  verão de 322, aos 62 
anos. 
 
Citações:
 
"Todos os homens desejam por natureza saber" 
 
“O nosso caráter é o resultado da nossa conduta.”
“Só fazendo o bem se pode realmente ser feliz.”
“O amor só se dá entre pessoas virtuosas.”
Busto de mármore (Museu Spada,
 
Obras de Aristóteles  
q  Livros  de  lógica  ("organon"  ou  instrumento):  Categorias; 
Sobre a Interpretação; Primeiros Analíticos ( 2 livros),; Segundo 
Analíticos (2 Livros); Tópicos (8 livros); Refutações Sofísticas. 
q Livros de física e a concepção do universo: Física (8 livros);  
Sobre o Céu (2 livros); Sobre a Geração e a Corrupção (2 livros); 
Meteorológicos (4 livros). 
q  Livros  de  psicologia:  Acerca  da  Alma  (3  livros);  "Parva 
Naturalia" (4 tratados), incluindo os seguintes livros: Acerca da 
da percepção dos sentidos; Acerca da memória e reminiscência; 
acerca do sono; acerca dos sonhos;  
Livros de biologia: História dos Animais (10 livros,  com partes 
de autoria duvidosa); Acerca das partes dos animais (4 livros); 
acerca  do  movimento  dos  animais;  acerca  da  marcha  dos 
animais; acerca da geração dos animais (5 livros). 
Livros  de  metafísica:  Foi  Andronico  que  atribuiu  a  estes  livros 
(14) a denominação de Metafísica (literalmente "depois da física), 
por  os  mesmo  se  seguirem  aos  seus  apontamentos  que 
tratavam da física.
Livros  de  ética:  Ética  a  Nicômaco  (organizada  por  Nicômaco, 
filho de Aristóteles); Ética a Eudemo (7 livros, organizados por 
Eudemo, discípulo de Aristóteles); a Grande Moral ( 2 livros, com 
fragmentos das éticas anteriores e de autoria duvidosa): 
Livros de Política: Política (8 livros); Constituição de Atenas. 
Livros sobre a linguagem e a estética: Retórica e Poética.  
Lógica: o primeiro sistema lógico, que permitiu estabelecer um 
conjunto de princípios e regras  formais por meio das quais se 
tornou  possível  distinguir  as  conclusões  falsas  das  exatas.  Na 
Idade  Média  os  seus  escritos  sobre  lógica  foram  os  manuais 
mais importantes usados nas universidades, sobretudo na forma 
que  lhes  deu  o  filósofo  português  Pedro  Hispano  (  Papa  João 
XXI). 
Bibliografia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles
http://afilosofia.no.sapo.pt/AristotelesBib.htm
http://afilosofia.no.sapo.pt/Aristoteles.htm 
http://www.vidaslusofonas.pt/aristoteles.htm 
http://paginas.terra.com.br/educacao/fisicavirtual/grandes/aristoteles.htm 
http://www.mundodosfilosofos.com.br/aristoteles.htm 
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O Mestre dos que sabem Aristóteles

  • 1. “O Mestre dos que sabem" ARISTÓTELES " do grego, excelente confidente, ótimo conselheiro”
  • 2. LINHA DO TEMPO 594 ªC – Nebuchadnezar (Nabucodonosor II) invade Israel. – Gregos colonizam a Espanha. 563 ªC – Nascimento de SIDARTA GAUTAMA (BUDA). 490 ªC – O pensamento de CONFÚCIO começa a se propagar na China. 483 ªC – Morre de SIDARTA GAUTAMA. 400 ªC – É redigido o Livro de Jó. 399 ªC – Julgamento, condenação e morte de SÓCRATES. 387 ªC – PLATÃO abre a sua Academia, em Atenas. 384 ªC – Nascimento de ARISTÓTELES. 359 ªC – Filipe I, é rei na Macedônia. 356 ªC – Nascimento de ALEXANDRE (Magno) na Macedônia. 347 ªC – Morre de PLATÃO. 343 ªC – Filipe convida ARISTÓTELES para preceptor de ALEXANDRE. 336 ªC – Filipe é assassinado e ALEXANDRE assume o trono. 335 ªC – ARISTÓTELES abre o Liceu, em Atenas.
  • 3. 333 ªC – ALEXANDRE submete os países mediterrâneos dependentes da Pérsia, conquista o Egito e funda Alexandria. 331 ªC – Vitória de ALEXANDRE sobre Dário III, Imperador da Pérsia. 327 ªC – ALEXANDRE penetra no vale do Indo. 323 ªC – Morte de ALEXANDRE na Babilônia. 322 ªC – Morte de ARISTÓTELES. 321 ªC – Chandragupta firma-se no Pendjab (Ìndia). 312 ªC – Em Roma, construção da Via Àpia e do Aqueduto. 300 ªC – Euclides estuda Geometria – Desenvolve-se a escrita sânscrita e Maia. 294 ªC – Em Alexandria funcionam o Museu e a Biblioteca.
  • 4. Surgiu nos séculos VII - VI ªC nas cidades gregas situadas na Ásia Menor uma interpretação desacralizada dos mitos difundidos pelas religiões daquele tempo. Os mitos foram segundo Platão e Aristóteles o material inicial de reflexão dos filósofos. Tornaram-se um campo comum para religião e a filosofia, revelando que a separação entre estes dois modos de interpretação da realidade não é tão nítida como parece. O movimento de renovação do pensamento religioso, marcado pela universalização e a procura de uma razão comum a todas as coisas ocorreu antes do primeiro milênio com a atuação de: - SIDARTA GAUTAMA e Mahiva na Índia. - LAO-TSÉ e CONFÚCIO na China - ZARATRUSTRA OU ZOROASTRO, na Pérsia - Heráclito, Pitágoras e Empédocles na Grécia - Isaías, Jeremias e EZEQUIEL no cativeiro israelita da Babilônia .
  • 5. Todos proclamam uma concepção universal do divino encarando uma realidade que ultrapassava as perspectivas particulares das sociedades em que viviam. A obra Aristotélica só se integra na cultura filosófica européia da Idade Média, através dos árabes, no século XIII, quando é conhecida a versão (orientalizada) de Averróis, o seu mais importante comentarista. Depois, S. Tomás de Aquino incorpora muitos passos das suas teses no pensamento cristão. Os escritos de Aristóteles perfazem grande número de volumes (consta que 150, aproximadamente) e versam sobre assuntos variados: da ciência, política e ética à crítica literária. Desses trabalhos, cerca de dois terços desapareceram. Mesmo os que chegaram até nós ficaram perdidos por séculos, por vezes em mais de uma ocasião. Muitos deles só atravessariam a Idade Média traduzidos para o árabe. Aristóteles pode ser considerado o criador do estudo da Lógica e essa matéria, dentre toda a sua obra, foi a única a continuar sendo estudada na Europa após a queda do Império Romano. Averrois
  • 6. Aristóteles nasceu em Estagira (atual Stavro), próximo de Pela, capital da Macedônia, portanto era Macedônio de origem Grega. Estagiara era colônia fundada pelos calcidenses da ilha Eubéia ( na Trácia), no litoral norte do mar Egeu, em 384 a.C . Diz Apolodoro nas Crônicas, que “Aristóteles nasceu no primeiro ano da nonagésima olimpíada em uma região sob controle da Macedônia”. Seu pai, Nicômaco e sua mãe, Féstias, ao dar-lhe um nome grego, quebram um costume: o filho deveria ter o nome do avô, Macaon.
  • 7. Timóteo, nas vidas, comenta que “Aristóteles, o mais ilustre dos discípulos de Platão, tinha a voz débil, pernas delgadas e olhos pequenos; que se vestia sempre com esmero, levava anéis e cortava a barba" (Diógenes Laércio, V, 1). Dois anos depois de Aristóteles, nasce Filipe da Macedônia. Os jovens vão ser companheiros de infância nos jardins do palácio real já que Nicômaco, pai de Aristóteles, é médico do rei Amintas II. Mas, enquanto o filho de Amintas se exercita na cavalaria, no tiro ao arco, na caça, o de Nicômaco não é brilhante nessas artes. Ambos, no entanto, têm uma paixão pela natureza. Percorrem as florestas, conhecem as plantas, os animais do chão, as aves e os peixes. É aí que Aristóteles desperta para a biologia. As relações entre as duas crianças são afáveis e essa amizade, tão cara a Aristóteles, embora com divergências, prolongar-se-á até o assassínio de Filipe.
  • 8. É nesse mar, junto ao Monte Athos, que Aristóteles inicia a investigação dos animais, em especial, os marinhos. Ensinado pelo pai, terá feito as primeiras dissecações. Também é aí que, entre a praia e os rochedos, convive com pessoas do porto, pescadores, marinheiros, crianças do cais e absorve os seus conhecimentos. É, porém, nos livros que satisfaz completamente a sua curiosidade. Conhece de cor os poetas, sobretudo Homero, conhece os filósofos de Atenas e, mesmo sem compreender tudo, memoriza. Após a morte de seu pai em 366 ªC vai para a casa da irmã Arimnesta que vive em Mísia com o esposo Proxénos, que fica como seu tutor. Torna-se amigo de Hermias que também passara pela Academia, eunuco e escravo liberto, rico, poderoso, amigo da filosofia que mantinha uma comunidade de filósofos.
  • 9. Aos dezoito anos, em 367, viajou à Atenas para prosseguir os seus estudos e entre as várias opções, escolheu a Academia de Platão, onde ficou por vinte anos e onde tornou-se professor, até à morte do mestre em 347. Nesse período estudou também os filósofos pré-platônicos, que lhe foram úteis na construção do seu grande sistema. Abandonou a Academia provavelmente por divergências quanto à escolha de Espeusito, sobrinho de Platão, para a direção da escola e foi para Atarnéia (Assos), na Mísia onde havia uma comunidade de alunos da Academia, protegida pelo tirano Hermias, rei de Atárnea já seu conhecido, que possibilita o contato com a organização interna e externa do Estado (347- 345). Entretanto, não repete a experiência de Platão, junto aos tiranos de Siracusa, e não procura moralizar Hermias. Casa com Pítias, sobrinha de Hermias, e durante cinco anos gere suas propriedades em um casamento que durou dez anos, mas sua permanência em Assos foi subitamente interrompida, quando os persas suspeitando que Hermias estava colaborando com os macedônios, decidem crucifica-lo em Persópolis (345).Ruínas do Templo de Athenas, em ASSOS / Turquia
  • 10. Aristóteles foge, refugiando-se em Mitilene, capital da ilha de Lesbos, onde vive Féstias ,sua mãe, e se dedica ao estudo da biologia. Lesbos localiza-se no mar Egeu, próximo à Turquia. Em grego moderno, o nome da ilha é Lesvos. Pítia dá-lhe uma filha. Mas, pouco depois, Aristóteles enviúva e passa a conviver com uma concubina, Hérpilis, que lhe dará um filho, que recebe o nome do avô paterno como era a tradição, Nicômaco, restabelecendo a tradição.. Em 343, pai de família, com 41 anos, foi convidado pelo Rei Filipe - conquistador da Grécia - para a corte de Pela, na Macedônia, acompanhado da esposa Hérpilis, filho e filha. Foi o professor do Príncipe Alexandre, então jovem de quinze anos, durante três anos em troca da reconstrução de Estagira, arrasada por Filipe em uma guerra e onde teve a oportunidade de organizar as leis. Alexandre revelou-se um aluno apaixonado pelos autores clássicos e manifestou igualmente interesse pelas discussões filosóficas, a investigação da natureza, medicina, zoologia, botânica, fazendo-se acompanhar nas suas expedições militares por um grupo de investigadores. Felipe II
  • 11. Quando Alexandre subiu ao trono (em 335 ªC), treze anos depois da morte de Platão, Aristóteles regressou à Atenas, onde criou a sua própria escola, a sudoeste da cidade, com apoio de Alexandre, junto ao templo dedicado a Apolo Liceano, o caçador de lobos. Chamada Liceu ou Escola Peripatética, porque o mestre dava suas lições passeando com os alunos da classe exotérica, que era mais numerosa, em amena palestra, no sombreado das colunas (peristilos) através das alamedas (os peripatos) do ginásio comprado junto ao templo. Esta escola seria a grande rival e a verdadeira herdeira da velha e gloriosa academia platônica e teve a presença de Aristóteles por doze anos. Os estudos concentravam-se sobre o que hoje poderíamos denominar "ciências naturais", ao contrário da Academia, onde era dada grande importância à geometria. Tinha dois tipos de cursos, os "exotéricos" para o público, e os "esotéricos" destinados apenas ao pequeno número de alunos iniciados nas várias matérias. No Liceu Aristóteles e os seus discípulos recolhiam informações sobre tudo, organizando depois estes dados num sistema global. Ruínas de Pella
  • 12. Os tratados de Aristóteles provêm de notas tomadas por seus ouvintes e constituem um vasto conjunto enciclopédico, dividido posteriormente em quatro grupos de obras. Toda a sua filosofia baseia-se numa observação minuciosa da natureza, sociedade e indivíduos, organizada de uma forma verdadeiramente enciclopédica. A sua idéia fundamental era a de tudo classificar, dividindo as coisas segundo a sua semelhança ou diferença, obedecendo a um conjunto de perguntas muito simples: Como é esta coisa ? (o gênero). O que é que a difere de outras que lhe são semelhantes? (a diferença). A partir daqui começava a hierarquizar todas as coisas, de uma forma tão ordenada que até então nunca ninguém conseguira fazer. A respeito do caráter de Aristóteles, inteiramente recolhido na elaboração crítica do seu sistema filosófico não se deixava distrair por motivos práticos ou sentimentais. Foi essencialmente um homem de cultura, de estudo, pesquisas, pensamento, que foi se isolando da vida prática, social e política, para se dedicar à investigação científica. A atividade literária de Aristóteles foi vasta e intensa, como a sua cultura e seu gênio universal. Apolo
  • 13. Escreveu sobre todas as ciências, constituindo algumas os primeiros fundamentos, organizando outras em corpo coerente de doutrinas e sobre todas espalhando as luzes de sua admirável inteligência. Não lhe faltou nenhum dos dotes e requisitos que constituem o verdadeiro filósofo: profundidade e firmeza de inteligência, agudeza de penetração, vigor de raciocínio, poder admirável de síntese, faculdade de criação e invenção aliados a uma vasta erudição histórica e universalidade de conhecimentos científicos. O grande estagirita explorou o mundo do pensamento em todas as direções. Pelo elenco dos principais escritos que dele ainda nos restam, poder-se-á avaliar a sua prodigiosa atividade literária. A primeira edição completa das obras de Aristóteles é a de Andronico de Rodes pela metade do último século ªC. autêntica, salvo alguns apócrifos e interpolações. Monastério com o Monte Athos ao fundo
  • 14. Classificação das obras doutrinais de Aristóteles conforme a edição de Andronico de Rodes. I. Escritos lógicos: cujo conjunto foi denominado Órganon mais tarde, corresponde muito bem à intenção do autor, que considerava a lógica instrumento da ciência. II. Escritos sobre a física: abrangendo a hodierna cosmologia e a antropologia, e pertencentes à filosofia Teorética (Pensamentos), juntamente com a metafísica. III. Escritos metafísicos: a Metafísica, em catorze livros. É uma compilação feita depois da morte de Aristóteles mediante seus apontamentos manuscritos, referentes à metafísica geral e à teologia. O nome de metafísica é devido ao lugar que ela ocupa na coleção de Andronico, que a colocou depois da física.
  • 15. IV. Escritos morais e políticos: Ética a Nicômaco, em dez livros, provavelmente publicada por Nicômaco, seu filho, ao qual é dedicada; Ética a Eudemo, inacabada, escrito com base na ética de Aristóteles. Grande Ética, compêndio da Ética a Nicômaco e, em especial da Ética a Eudemo Política, em oito livros, incompleta. V. Escritos retóricos e poéticos: Retórica, em três livros; Poética, em dois livros, que, no seu Estado atual, é apenas uma parte da obra de Aristóteles. As obras e doutrinas que nos restam - manifestam um grande rigor científico, sem enfeites míticos ou poéticos, exposição e expressão breve e aguda, clara e ordenada, perfeição maravilhosa da terminologia filosófica, de que foi ele o criador.
  • 16.   O Pensamento: A Gnosiologia    Segundo  Aristóteles,  a  filosofia  deve  decifrar  o  enigma  do  universo,  diante  da  atitude  inicial  de  assombro  com  esse  mistério. Sua questão fundamental é o problema do ser, não o  problema da vida. O objeto da filosofia, onde está a solução do  problema,  são  as  essências  imutáveis  e  a  razão  última  das  coisas, as formas e suas relações,  o universal e o necessário,  pois  não  pode  haver  ciência  em  torno  do  individual  e  do  contingente.  As  formas  são  imanentes  na  experiência,  nos  indivíduos, de que constituem a essência. A filosofia aristotélica  é  conceitual  como  a  de  Platão  mas  parte  da  experiência;  é  dedutiva,  onde  o  ponto  de  partida  dedutivo  é  tirado  pelo  intelecto  da  experiência.  Sob  o  ponto  de  vista  metafísico,  o  objeto da ciência aristotélica é a forma, como idéia era o objeto  da ciência platônica.
  • 17. A filosofia, segundo Aristóteles, abrange todo o saber humano,  racional e divide-se em: Teorética (Pensamentos)  Prática Poética   A  Teorética  (Pensamentos),  por  sua  vez,  divide-se  em  física,  matemática e filosofia primeira (metafísica e teologia); A Prática divide-se em ética e política; A Poética em estética e técnica.
  • 18. Aristóteles é o criador da lógica, como ciência especial, sobre a  base  socrático-platônica;  é  denominada  por  ele  ANALÍTICA  e  representa  a  metodologia  científica.  Aristóteles  trata  dos  problemas  lógicos  e  gnosiológicos  que  tomou  mais  tarde  o  nome de Órganon. A ciência aristotélica é objetiva, realista onde tudo que se pode  aprender  precede  a  sensação  e  é  independente  dela,  é  a  dedução  do  particular  pelo  universal,  explicação  do  condicionado  mediante  a  condição,  porquanto  o  primeiro  elemento depende do segundo.  Também aqui se segue a ordem da realidade, onde o fenômeno  particular  depende  da  lei  universal  e  o  efeito  da  causa.  Objeto  essencial da lógica aristotélica é precisamente este processo de  derivação ideal, que corresponde a uma derivação real. 
  • 19. A  lógica  aristotélica,  portanto,  bem  como  a  platônica,  é  essencialmente  dedutiva,  demonstrativa.  O  seu  processo  característico, clássico, é o silogismo. Os elementos primeiros,  os  princípios  supremos,  as  verdades  evidentes,  consoante  Platão, são fruto de uma visão imediata, intuição intelectual, em  relação com a sua doutrina do contato imediato da alma com as  idéias  –  a  reminiscência.  Segundo  Aristóteles,  entretanto,  de  cujo  sistema  é  banida  toda  forma  de  inatismo,  também  os  elementos  primeiros  do  conhecimento  -  conceito  e  juízos  -  devem  ser, de  um  modo  e  de  outro, tirados da  experiência, da  representação sensível, cuja verdade imediata ele defende, pois  os sentidos por si nunca nos enganam. O erro começa de uma  falsa  elaboração  dos  dados  dos  sentidos:  a sensação, como  o  conceito,  é  sempre  verdadeira.  Certamente  que,  metafisicamente,  o  universal,  o  necessário,  o  inteligível,  é  anterior  ao  particular,  ao  contingente,  ao  sensível:  mas,    psicologicamente  existe  primeiro  o  particular,  o  contingente,  o  sensível,  que  constituem  precisamente  o  objeto  próprio  do  nosso  conhecimento  sensível,  que  é  o  nosso  primeiro  conhecimento. 
  • 20. Assim  sendo,  compreende-se  que  Aristóteles,  paralelamente,  e  em conseqüência da doutrina de dedução, seja constrangido a  elaborar, na lógica, a doutrina da indução. Não está efetivamente  acabada, mas pode-se integrar logicamente segundo o espírito  profundo  da  sua  filosofia.  Com  relação  aos  elementos  básicos  do conhecimento  racional,  como os  conceitos,  a  indução nada  mais  é  que  a  abstração  do  conceito,  do  inteligível,  da  representação  sensível,  isto  é,  a  "desindividualização"  do  universal  do  particular,  em  que  o  universal  é  imanente.  A  formação do conceito é retirada da experiência. Quanto ao juízo,  que  é  o  elemento  constitutivo  da  ciência,  onde  temos  unicamente ou não temos a verdade,  depende do princípio da  demonstração,  dos  juízos  imediatamente  evidentes.  Aristóteles  reconhece que é impossível uma indução completa, isto é, uma  resenha  de  todos  os  casos  de  fenômenos  particulares  para  poder tirar com certeza absoluta as leis universais abrangendo  todas  as  essências.  Então  só  resta  possível  uma  indução  incompleta  do  juízo  onde  os  conceitos  são  tirados  da  experiência,  e  seu  nexo  analítico,  colhido  imediatamente  pelo  intelecto humano mediante a sua evidência. 
  • 21. Filosofia de Aristóteles   Partindo  como  Platão  do  mesmo  problema  acerca  do  valor  objetivo dos conceitos, mas abandonando a solução do mestre,  Aristóteles  constrói  um  sistema  inteiramente  original.  Os  caracteres desta grande síntese são:  1. Unidade do conjunto - Sua vasta obra filosófica constitui um  verdadeiro sistema, uma verdadeira síntese.Todas as partes se  compõem, se correspondem, se confirmam.  2.  Observação  fiel  da  natureza  -  Platão,  idealista,  rejeitara  a  experiência como fonte de conhecimento certo. Aristóteles, mais  positivo,  toma  sempre  o  fato  como  ponto  de  partida  de  suas  teorias,  buscando  na  realidade  um  apoio  sólido  às  suas  mais  elevadas especulações metafísicas.   3. Rigor no método - Depois de estudar as leis do pensamento, o  processo  dedutivo  è  aplicado  em  todas  as  suas  obras,  substituindo à linguagem figurada de Platão, em estilo conciso e  criando uma terminologia filosófica de precisão admirável. Pode  ser considerado o autor do método científico.
  • 23. A Teologia   Objeto  a  teologia  é  o  primeiro  motor  imóvel,  ato  puro,  o  pensamento  do  pensamento,  isto  é,  Deus,  a  quem  Aristóteles  chega  através  de  uma  sólida  demonstração,  baseada  sobre  a  imediata  experiência,  indiscutível,  realidade  do  vir-a-ser,  da  passagem  da  potência  ao  ato.  Os  objetos  sensíveis  são  constituídos  pelo  princípio  da  perfeição  (o  ato),  são  enquanto  são e pelo princípio da imperfeição (a potência), através do qual  se lhes permite a aquisição de novas perfeições. O ato explica a  unidade do ser, a potência, a multiplicidade e a mudança. Esta  passagem  da  potência  ao  ato,  requer  finalmente  um  não-vir-a- ser.  A  necessidade  deste  primeiro  motor  imóvel  não  é  absolutamente  excluída  pela  eternidade  do  vir-a-ser,  do  movimento,  do  mundo.  Mesmo  admitindo  que  o  mundo  seja  eterno, isto é, que não tem princípio e fim no tempo, enquanto  for passagem da potência ao ato, fica eternamente inexplicável,  contraditório,  sem  um  primeiro  motor  imóvel,  origem  extra- temporal, causa absoluta, razão metafísica de todo devir. 
  • 24. Deus, o real puro, é aquilo que move sem ser movido, é aquilo  que é movido, sem mover a si mesmo. Da análise do conceito de Deus, concebido como primeiro motor  imóvel,  conquistado  através  do  precedente  raciocínio,  Aristóteles,  pode  deduzir  logicamente  a  natureza  essencial  de  Deus,  concebido,  antes  de  tudo,  como  ato  puro,  e,  como  pensamento de si mesmo. Deus é unicamente pensamento, atividade Teorética), enquanto  que outra atividade teria fim extrínseco, incompatível com o ser  perfeito, auto-suficiente. Se o agir, e o querer têm objeto diverso  do  sujeito  agente  e  "querente",  Deus  não  pode  agir  e  querer,  mas  unicamente  conhecer  e  pensar,  conhecer  a  si  próprio  e  pensar  em  si  mesmo.  Deus  é,  portanto,  pensamento  de  pensamento, pensamento de si, que é pensamento puro. E nesta  autocontemplação imutável e ativa, está a beatitude divina.  
  • 25. Se  Deus  é  mera  atividade  Teorética,  tendo  como  objeto  unicamente  a  própria  perfeição,  não  conhece  o  mundo  imperfeito, e menos ainda opera sobre ele.  Deus  não  atua  sobre  o  mundo,  voltando-se  para  ele,  com  o  pensamento  e  a  vontade;  mas  unicamente  como  o  fim  último,  atraente,  isto  é,  como  causa  final,  e,  por  conseqüência,  e  só  assim, como causa eficiente e formal (exemplar). De  Deus  depende  a  ordem,  a  vida,  a  racionalidade  do  mundo;  ele,  porém,  não  é  criador,  nem  providência  do  mundo.  Em  Aristóteles  o  pensamento  grego  conquista  logicamente  a  transcendência  de  Deus;  mas,  no  mesmo  tempo,  permanece  o  dualismo,  que  vem  anular  aquele  mesmo  Absoluto  a  que  logicamente  chegara,  para  dar  uma  explicação  filosófica  da  relatividade  do  mundo  pondo  ao  seu  lado  esta  realidade  independente dele. 
  • 26. A Moral Aristóteles  afirma  que  todo  ser  tende  necessariamente  à  realização da sua natureza, à atualização plena da sua forma: e  nisto  está  o  seu  fim,  seu  bem,  e  sua  felicidade,  e,  por  conseqüência, sua lei. Sendo a  razão a essência característica  do  homem,  ele  realiza  sua  natureza  vivendo  racionalmente  e  sendo consciente. Assim consegue a felicidade e a virtude, isto  é, consegue a felicidade mediante a virtude, que é precisamente  uma  atividade  conforme  à  razão,  isto  é,  uma  atividade  que  pressupõe o conhecimento racional. Logo, o fim do homem é a  felicidade, a que é necessária à virtude, e a esta é necessária a  razão.  A  característica  fundamental  da  moral  aristotélica  é,  portanto,  o  racionalismo,  sendo  a  virtude  ação  consciente  segundo  a  razão,  que  exige  o  conhecimento  absoluto,  metafísico, da natureza e do universo, natureza segundo a qual e  na qual o homem deve operar.
  • 27. As  virtudes  éticas,  morais,  não  são  mera  atividade  racional,  como as virtudes intelectuais, pensamentos; mas implicam, por  natureza, um elemento sentimental, afetivo, passional, que deve  ser  governado  pela  razão,  e  não  pode,  todavia,  ser  completamente resolvido na razão. A razão aristotélica governa,  domina  as  paixões,  não  as  aniquila  e  destrói,  como  queria  o  ascetismo platônico. A virtude ética não é, pois, razão pura, mas  uma  aplicação  da  razão;  não  é  unicamente  ciência,  mas  uma  ação com ciência.  Uma doutrina aristotélica a respeito da virtude teve muita prática  popular,  embora  se  apresente  discutível  onde  a  virtude  é  precisamente  concebida  como  um  justo  meio  entre  dois  extremos,  isto  é,  entre  duas  paixões  opostas:  porquanto  o  sentido  poderia  esmagar  a  razão  ou  não  lhe  dar  forças  suficientes.  Naturalmente,  este  justo  meio,  na  ação  de  um  homem,  não  é  abstrato  ou  igual  para  todos  e  sempre;  mas  concreto, personalizado e variável conforme as circunstâncias.
  • 28. No  que  diz  respeito  à  virtude,  tem,  ao  contrário,  certamente,  maior  valor  uma  outra  doutrina  aristotélica:  precisamente  a  da  virtude  concebida  como  hábito  racional.  Se  a  virtude  é,  fundamentalmente,  uma  atividade  segundo  a  razão,  mais  precisamente  é  ela  um  hábito  segundo  a  razão,  um  costume  moral,  uma  disposição  constante,  reta,  da  vontade,  isto  é,  a  virtude não é inata, como não é inata a ciência; mas adquiri-se  mediante  a  ação,  a  prática,  o  exercício  e,  uma  vez  adquirida,  estabiliza-se,  mecaniza-se;  torna-se  quase  uma  segunda  natureza e, logo, torna-se de fácil execução - como o vício. Como  já  foi  mencionado,  Aristóteles  distingue  duas  categorias  fundamentais  de  virtudes:  as  éticas,  que  constituem  propriamente  o  objeto  da  moral,  e  as  dianoéticas,  que  a  transcendem.  É  uma  distinção  e  uma  hierarquia,  que  têm  uma  importância  essencial  em  relação  a  toda  a  filosofia  e  especialmente  à  moral.  As  virtudes  intelectuais,  Teorética,  contemplativas,  são  superiores  às  virtudes  éticas,  práticas,  ativas.  Noutras  palavras,  Aristóteles  sustenta  o  primado  do  conhecimento, do intelecto, da filosofia, sobre a ação, a vontade  e a política.
  • 29. A Política  A política aristotélica é essencialmente unida à moral, porque o  fim último do  Estado é a virtude, isto é, a formação moral dos  cidadãos  e  o  conjunto  dos  meios  necessários  para  isso.  O  Estado  é  um  organismo  moral,  condição  e  complemento  da  atividade  moral  individual,  e  fundamento  primeiro  da  suprema  atividade contemplativa. A política, contudo, é distinta da moral,  porquanto  esta  tem  como  objetivo  o  indivíduo,  aquela  a  coletividade. A ética é a doutrina moral individual, a política é a  doutrina moral social. Desta ciência trata Aristóteles na Política.  O  Estado,  então,  é  superior  ao  indivíduo,  porquanto  a  coletividade é superior ao indivíduo, o bem comum superior ao  bem particular. Unicamente no Estado efetua-se a satisfação de  todas  as  necessidades,  pois  o  homem,  sendo  naturalmente  animal social, político, não pode realizar a sua perfeição sem a  sociedade do Estado.
  • 30.   Visto que o Estado se compõe de uma comunidade de famílias,  assim como estas se compõem de muitos indivíduos, antes de  tratar  propriamente  do  Estado  será  mister  falar  da  família,  que  precede cronologicamente o Estado, como as partes precedem o  todo. Segundo Aristóteles, a família compõe-se de quatro elementos:  os filhos, a mulher, os bens, os escravos; além, naturalmente, do  chefe a que pertence a direção da família.  Deve ele guiar os filhos e as mulheres, em razão da imperfeição  destes. Deve fazer frutificar seus bens, porquanto a família, além  de um fim educativo, tem também um fim econômico. E, como  ao  Estado,  é-lhe  essencial  a  propriedade,  pois  os  homens  têm  necessidades materiais. No entanto, para que a propriedade seja  produtora,  são  necessários  instrumentos  inanimados  e  animados; estes últimos seriam os escravos.  
  • 31. Aristóteles não nega a natureza humana ao escravo; mas constata que na sociedade são necessários também os trabalhos materiais, que exigem indivíduos particulares, a que fica assim tirada fatalmente a possibilidade de providenciar a cultura da alma, visto ser necessário, para tanto, tempo e liberdade, bem como aptas qualidades espirituais, excluídas pelas próprias características qualidades materiais de tais indivíduos. Daí a escravidão. O Estado surge, pelo fato de ser o homem um animal naturalmente social, político. O Estado provê, inicialmente, a satisfação daquelas necessidades materiais, negativas e positivas, defesa e segurança, conservação e engrandecimento, de outro modo irrealizáveis. Mas o seu fim essencial é espiritual, isto é, deve promover a virtude e, conseqüentemente, a felicidade dos súditos mediante a ciência.
  • 32. A tarefa essencial do Estado é a educação, que deve desenvolver harmônica e hierarquicamente todas as faculdades: antes de tudo as espirituais, intelectuais e, subordinando as materiais e físicas. O fim da educação é formar homens mediante as artes liberais, importantíssimas a poesia e a música, e não máquinas, mediante um treinamento profissional. Eis porque Aristóteles, como Platão, condena o Estado que, ao invés de se preocupar com uma pacífica educação científica e moral, visa a conquista e a guerra. E critica, dessa forma, a educação militar de Esparta, que faz da guerra a tarefa precípua do Estado, e põe a conquista acima da virtude, enquanto a guerra, como o trabalho, são apenas meios para a paz e o lazer sapiente. Não obstante a sua concepção ética do Estado, Aristóteles, diversamente de Platão, salva o direito privado, a propriedade particular e a família. O comunismo como resolução total dos indivíduos e dos valores no Estado é fantástico e irrealizável. O Estado não é uma unidade substancial, e sim uma síntese de indivíduos substancialmente distintos.
  • 33. Se quiser a unidade absoluta, será mister reduzir o Estado à família e a família ao indivíduo; só este último possui aquela unidade substancial que falta aos dois precedentes. Reconhece Aristóteles a divisão platônica das castas, e reconhece duas classes: a dos homens livres, possuidores, isto é, a dos cidadãos e a dos escravos, dos trabalhadores, sem direitos políticos. Quanto à forma exterior do Estado, Aristóteles distingue três principais: a monarquia, que é o governo de um só, cujo caráter e valor estão na unidade, e cuja degeneração é a tirania; a aristocracia, que é o governo de poucos, cujo caráter e valor estão na qualidade, e cuja degeneração é a oligarquia; a democracia, que é o governo de muitos, cujo caráter e valor estão na liberdade, e cuja degeneração é a demagogia. As preferências de Aristóteles vão para uma forma de república democrático-intelectual, a forma de governo clássica da Grécia, particularmente de Atenas. No entanto, com o seu profundo realismo, reconhece Aristóteles que a melhor forma de governo não é abstrata, e sim concreta: deve ser relativa, acomodada às situações históricas, às circunstâncias de um determinado povo.
  • 34. De qualquer maneira a condição indispensável para uma boa constituição, é que o fim da atividade estatal deve ser o bem comum e não a vantagem de quem governa despoticamente. Aristóteles compôs dois grandes trabalhos sobre a ciência política: "Política" (Politéia) que provavelmente eram lições dadas no Liceo e registradas por seus alunos, e a "Constituição de Atenas", obra que só se tornou mais conhecida, ainda que em fragmentos, no final do século XIX, mais precisamente em 1880- 1881, quando foi encontrada no Egito; registra as várias formas e alterações constitucionais que ela passou por obra dos seus grandes legisladores, tais como Drácon, Sólon, Pisístrato, Clístenes e Péricles e que também pode ser lida como uma história política da cidade.
  • 35. A Religião e a Arte Com Aristóteles afirma-se o teísmo do ato puro. No entanto, este Deus, pelo seu efetivo isolamento do mundo, que não conhece, não cria, não governa, não está em condições de se tornar objeto de religião, mais do que as transcendentes idéias platônicas. E não fica nenhum outro objeto religioso. Também Aristóteles, como Platão, se exclui filosoficamente o antropomorfismo, não exclui uma espécie de politeísmo, e admite, ao lado do Ato Puro e a ele subordinado, os deuses astrais, isto é, admite que os corpos celestes são animados por espíritos racionais. Entretanto, esses seres divinos não parecem e não podem ter função religiosa sem a física.Não obstante esta concepção filosófica da divindade, Aristóteles admite a religião positiva do povo, até sem correção alguma. Explica e justifica a religião positiva, tradicional, mítica, como obra política para moralizar o povo, e como fruto da tendência humana para as representações antropomórficas; e não diz que ela teria um fundamento racional na verdade filosófica da existência da divindade, a que o homem se teria facilmente elevado através do espetáculo da ordem celeste.
  • 36. Aristóteles como Platão considera a arte como imitação, conforme o fundamental realismo grego. Não, porém, imitação de uma imitação, como é o fenômeno, o sensível, dos platônicos; e sim imitação direta da própria idéia, do inteligível imanente no sensível, imitação da forma imanente na matéria. Na arte, esse inteligível, universal é encarnado, concretizado num sensível, num particular e tornando intuitivo, graças ao artista. Por isso, Aristóteles considera a arte a poesia de Homero que tem por conteúdo o universal, o imutável, ainda que encarnado fantasticamente num particular, como superior à história e mais filosófica do que a história de Heródoto que tem como objeto o particular, o mutável, embora seja real. O objeto da arte não é o que aconteceu uma vez como é o caso da história, mas o que por natureza deve, necessária e universalmente, acontecer. Deste seu conteúdo inteligível, universal, depende a eficácia espiritual pedagógica, purificadora da arte.
  • 37. A Metafísica A metafísica aristotélica é "a ciência do ser como ser, ou dos princípios e das causas do ser e de seus atributos essenciais". Ela abrange ainda o ser imóvel e incorpóreo, princípio dos movimentos e das formas do mundo, bem como o mundo mutável e material, mas em seus aspectos universais e necessários. A Metafísica tem como objeto o mundo que vem-a-ser - natureza e homem - e culmina no que não pode vir-a-ser, isto é, Deus. Podem-se reduzir fundamentalmente a quatro as questões gerais da metafísica aristotélica: potência e ato matéria e forma particular e universal movido e motor. A primeira e a última abraçam todo o ser, a segunda e a terceira todo o ser em que está presente a matéria.
  • 38. I. A doutrina da potência e do ato: È fundamental na metafísica aristotélica, potência significa possibilidade, capacidade de ser, não-ser atual; e ato significa realidade, perfeição, ser efetivo. Todo ser, que não seja o Ser perfeitíssimo, é portanto uma síntese de potência e de ato, em diversas proporções, conforme o grau de perfeição, de realidade dos vários seres. Um ser desenvolve-se, aperfeiçoa-se, passando da potência ao ato; esta passagem da potência ao ato é atualização de uma possibilidade, de uma potencialidade anterior. Esta doutrina fundamental da potência e do ato é aplicada - e desenvolvida - por Aristóteles especialmente quando da doutrina da matéria e da forma, que representam a potência e o ato no mundo, na natureza em que vivemos.
  • 39. II. Aristóteles não nega o vir-a-ser de Heráclito, nem o ser de Parmênides, mas une-os em uma síntese conclusiva, já iniciada pelos últimos pré-socráticos e grandemente aperfeiçoada por Demócrito e Platão. Segundo Aristóteles, a mudança, que é intuitiva, pressupõe uma realidade imutável, que é de duas espécies. Um substrato comum, elemento imutável da mudança, em que a mudança se realiza; e as determinações que se realizam neste substrato, a essência, a natureza que ele assume. O primeiro elemento é chamado matéria (prima), o segundo forma (substancial). O primeiro é potência, possibilidade de assumir várias formas, imperfeição; o segundo é atualidade - realizadora, especificadora da matéria - , perfeição. A síntese da matéria e da forma constitui a substância, e esta, por sua vez, é o substrato imutável, em que se sucedem os acidentes, as qualidades acidentais. A mudança, portanto, consiste ou na sucessão de várias formas na mesma essência, forma concretizada da matéria, que constitui precisamente a substância.
  • 40. A matéria sem forma, a pura matéria, chamada matéria-prima, é um mero possível, não existe por si, é um absolutamente interminado, em que a forma introduz as determinações. A matéria aristotélica, porém, não é o puro não-ser de Platão, mero princípio de decadência, pois ela é também condição indispensável para concretizar a forma, ingrediente necessário para a existência da realidade material, causa concomitante de todos os seres reais. Então não existe, propriamente, a forma sem a matéria, ainda que a forma seja princípio de atuação e determinação da própria matéria. Com respeito à matéria, a forma é, portanto, princípio de ordem e finalidade, racional, inteligível. Diversamente da idéia platônica, a forma aristotélica não é separada da matéria, e sim imanente e operante nela. Ao contrário, as formas aristotélicas são universais, imutáveis, eternas, como as idéias platônicas.
  • 41. Os elementos constitutivos da realidade são, portanto, a forma e a matéria. A realidade, porém, é composta de indivíduos, substâncias, que são uma síntese de matéria e forma. Por conseqüência, estes dois princípios não são suficientes para explicar o surgir dos indivíduos e das substâncias que não podem ser atuados - bem como a matéria não pode ser atuada - a não ser por um outro indivíduo, isto é, por uma substância em ato. Daí a necessidade de um terceiro princípio, a causa eficiente, para poder explicar a realidade efetiva das coisas. A causa eficiente, por sua vez, deve operar para um fim, que é precisamente a síntese da forma e da matéria, produzindo esta síntese o indivíduo. Daí uma quarta causa, a causa final, que dirige a causa eficiente para a atualização da matéria mediante a forma.
  • 42. III. Mediante a doutrina da matéria e da forma, Aristóteles explica o indivíduo, a substância física, a única realidade efetiva no mundo, que é precisamente síntese de matéria e de forma. A essência - igual em todos os indivíduos de uma mesma espécie - deriva da forma; a individualidade, pela qual toda substância é original e se diferencia de todas as demais, depende da matéria. O indivíduo é, portanto, potência realizada, matéria enformada, universal particularizado. Mediante esta doutrina é explicado o problema do universal e do particular, que tanto atormenta Platão; Aristóteles faz o primeiro - a idéia - imanente no segundo - a matéria, depois de ter eficazmente criticado o dualismo platônico, que fazia os dois elementos transcendentes e exteriores um ao outro.
  • 43. IV. Da relação entre a potência e o ato, entre a matéria e a forma, surge o movimento, a mudança, o vir-a-ser, a que é submetido tudo que tem matéria, potência. A mudança é, portanto, a realização do possível. Esta realização do possível, porém, pode ser levada a efeito unicamente por um ser que já está em ato, que possui já o que a coisa movida deve vir-a-ser, visto ser impossível que o menos produza o mais, o imperfeito o perfeito, a potência o ato, mas vice-versa. Mesmo que um ser se mova a si mesmo, aquilo que move deve ser diverso daquilo que é movido, deve ser composto de um motor e de uma coisa movida. Por exemplo, a alma é que move o corpo. O motor pode ser unicamente ato, forma; a coisa movida - enquanto tal - pode ser unicamente potência, matéria. Eis a grande doutrina aristotélica do motor e da coisa movida, doutrina que culmina no motor primeiro, absolutamente imóvel, ato puro, isto é, Deus.
  • 44. A Psicologia Objeto geral da psicologia aristotélica é o mundo animado, isto é, vivente, que tem por princípio a alma e se distingue essencialmente do mundo inorgânico, pois, o ser vivo diversamente do ser inorgânico possui internamente o princípio da sua atividade, que é precisamente a alma, forma do corpo. A característica essencial e diferencial da vida e da planta, que tem por princípio a alma vegetativa, é a nutrição e a reprodução. A característica da vida animal, que tem por princípio a alma sensitiva, é precisamente a sensibilidade e a locomoção. Enfim, a característica da vida do homem, que tem por princípio a alma racional, é o pensamento. Todas estas três almas são objeto da psicologia aristotélica. Aqui nos limitamos à psicologia racional, que tem por objeto específico o homem, visto que a alma racional cumpre no homem também as funções da vida sensitiva e vegetativa; e, em geral, o princípio superior cumpre as funções do princípio inferior.
  • 45. Segundo Aristóteles diversamente de Platão todo ser vivo tem uma só alma, ainda que haja nele funções diversas faculdades diversas porquanto se dão atos diversos. E assim, conforme Aristóteles, diversamente de Platão, o corpo humano não é obstáculo, mas instrumento da alma racional, que é a forma do corpo. O homem é uma unidade substancial de alma e de corpo, em que a primeira cumpre as funções de forma em relação à matéria, que é constituída pelo segundo. O que caracteriza a alma humana é a racionalidade, a inteligência, o pensamento, pelo que ela é espírito. Mas a alma humana desempenha também as funções da alma sensitiva e vegetativa, sendo superior a estas. Assim, a alma humana, sendo embora uma e única, tem várias faculdades, funções, porquanto se manifesta efetivamente com atos diversos. As faculdades fundamentais do espírito humano são duas: Teorética (Pensamentos) e prática, cognoscitiva e operativa, contemplativa e ativa.
  • 46.   Cada uma destas, pois, se desdobra em dois graus, sensitivo e  intelectivo,  se  se  tiver  presente  que  o  homem  é  um  animal  racional, quer dizer, não é um espírito puro, mas um espírito que  anima um corpo animal. O conhecimento sensível, a sensação,  pressupões  um  fato  físico,  a  saber,  a  ação  do  objeto  sensível  sobre  o  órgão  que  sente,  imediata  ou  à  distância,  através  do  movimento de um meio. Mas o fato físico transforma-se num fato  psíquico,  isto  é,  na  sensação  propriamente  dita,  em  virtude  da  específica  faculdade  e  atividade  sensitivas  da  alma.  O  sentido  recebe as qualidades materiais sem a matéria delas, como a cera  recebe  a  impressão  do  selo  sem  a  sua  matéria.  A  sensação  embora limitada é objetiva, sempre verdadeira com respeito ao  próprio  objeto;  a  falsidade,  ou  a  possibilidade  da  falsidade,  começa  com  a  síntese,  com  o  juízo.  O  sensível  próprio  é  percebido  por  um  só  sentido,  isto  é,  as  sensações  específicas  são  percebidas,  respectivamente,  pelos  vários  sentidos;  o  sensível  comum,  as  qualidades  gerais  das  coisas  tamanho,  figura,  repouso,  movimento,  etc.  são  percebidas  por  mais  sentidos. 
  • 47.   O senso comum é uma faculdade interna, tendo a função de coordenar,  unificar as várias sensações isoladas, que a ele confluem, e se tornam,  por isso, representações, percepções. Acima do conhecimento sensível  está  o  conhecimento  inteligível,  especificamente  diverso  do  primeiro.  Aristóteles  aceita  a  essencial  distinção  platônica  entre  sensação  e  pensamento, ainda que rejeite o inatismo platônico, contrapondo-lhe a  concepção do intelecto como tabula rasa, sem idéias inatas. Objeto do  sentido é o particular, o contingente, o mutável, o material. Objeto do  intelecto  é  o  universal,  o  necessário,  o  imutável,  o  imaterial,  as  essências, as formas das coisas e os princípios primeiros do ser, o ser  absoluto.  Por  conseqüência,  a  alma  humana,  conhecendo  o  imaterial,  deve ser espiritual e, quanto a tal, deve ser imperecível. Analogamente  às atividades Teorética, duas são as atividades práticas da alma: apetite  e vontade. O apetite é a tendência guiada pelo conhecimento sensível, e  é próprio da alma animal. Esse apetite é concebido precisamente como  sendo um movimento finalista, dependente do sentimento, que, por sua  vez  depende  do  conhecimento  sensível.  A  vontade  é  o  impulso,  o  apetite  guiado  pela  razão,  e  é  própria  da  alma  racional.  Como  se  vê,  segundo  Aristóteles,  a  atividade  fundamental  da  alma  é  Teorética,  cognoscitiva,  e  dessa  depende  a  prática,  ativa,  no  grau  sensível  bem  como no grau inteligível.
  • 48.   A Cosmologia   Uma questão geral da física aristotélica, como filosofia da natureza, é a  análise dos vários tipos de movimento, mudança, que já sabemos ser  passagem  da  potência  ao  ato,  realização  de  uma  possibilidade.  Aristóteles distingue quatro espécies de movimentos:   1. Movimento substancial - mudança de forma, nascimento e morte;   2. Movimento qualitativo - mudança de propriedade;   3. Movimento quantitativo - acréscimo e diminuição;   4.  Movimento  espacial  -  mudança  de  lugar,  condicionando  todas  as  demais espécies de mudança.
  • 49. Biologia: Recusando  a  separação  das  idéias  da  natureza,  como  fazia  Platão,  Aristóteles,  apontou como tarefa para o investigador a de descobrir e classificar as formas  do mundo material. Os últimos 12 anos da sua vida foram preenchidos com esta  tarefa.  Partindo  de  uma  observação  sistemática  dos  seres  vivos,  e  não  desdenhando  estudar  vermes  ou  insetos,  registrou  perto  de  500  classes  diferentes  de  animais,  dos  quais  dissecou  aproximadamente  50  tipos.  Foi  o  primeiro  que  dividiu  o  mundo  animal  entre  vertebrados  e  invertebrados;  sabia  que a baleia não era um peixe e que o morcego não era um pássaro, mas que  ambos eram mamíferos.  Política:   Sua  primeira  preocupação  foi  a  elaborar  uma  listagem  tão  completa  quanto  possível  sobre  os  diferentes  modelos  políticos  que  existiam  no  seu  tempo.  Enumerou  um  total  de  158  constituições  de  cidades  ou  países  diferentes.  Partindo da sua diversidade procurou depois as suas semelhanças e diferenças,  pondo em evidência o que constituía a natureza de cada regime. Evitou, quanto  pode, mostrar as suas preferências por um ou outro regime político.
  • 50. Física: A física era a chave da natureza das coisas, não apenas da forma como  se  comportavam  no  presente,  mas  também  no  que  potencialmente  viriam  a  transformar-se.  Quanto  à  constituição  das  coisas  defendia  a  teoria dos quatro elementos: água, terra, fogo e ar.  Os  corpos  celestes,  com  exceção  da  terra,  eram  constituídos  por  um  quinto elemento puro e incorruptível. O universo é concebido de forma  hierarquizada,  tendo  no  centro  a  terra,  girando  à  sua  volta  todos  os  corpos celestes. Aristóteles explicou que as fases da Lua dependem de  quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a  Terra. Explicou, também, os eclipses: um eclipse do Sol ocorre quando  a Lua passa entre a Terra e o Sol; um eclipse da Lua ocorre quando a  Lua  entra  na  sombra  da  Terra.  Aristóteles  argumentou  a  favor  da  esfericidade  da  Terra,  já  que  a  sombra  da  Terra  na  Lua  durante  um  eclipse lunar é sempre arredondada. Afirmava  que  o  Universo  é  esférico  e  finito.  Aperfeiçoou  a  teoria  das  esferas concêntricas de Eudoxus de Cnidus (408-355 a.C.), propondo eu  seu  livro  De Caelo,  que  "o  Universo  é  finito  e  esférico,  ou  não  terá  centro e não pode se mover."
  • 51. O espaço e tempo foi alvo de investigações profundas, sendo definido  como o limite do corpo, isto é, o limite imóvel do corpo "circundante"  com respeito ao corpo circundado. O tempo é definido como sendo o  número - isto é, a medida - do movimento segundo a razão, o aspecto,  do  "antes"  e  do  "depois".  Admitidas  as  precedentes  concepções  de  espaço  e  de  tempo  -  como  sendo  relações  de  substâncias,  de  fenômenos - é evidente que fora do mundo não há espaço nem tempo:  espaço e tempo vazios são impensáveis.  Uma terceira questão fundamental da filosofia natural de Aristóteles é  relativa ao teleologismo - finalismo - por ele propugnado com base na  finalidade, que ele descortina em a natureza.  "A natureza faz, enquanto  possível,  sempre  o  que  é  mais  belo".  Fim  de  todo  devir  é  o  desenvolvimento da potência ao ato, a realização da forma na matéria. Quanto às ciências químicas, físicas e especialmente astronômicas, as  doutrinas  aristotélicas  têm  apenas  um  valor  histórico,  e  são  logicamente  separáveis  da  sua  filosofia,  que  tem  um  valor  teorética.  Especialmente  célebre  é  a  sua  doutrina  astronômica  geocêntrica,  que  prestará a estrutura física à Divina Comédia de Dante Alighieri.
  • 52. Juízo sobre Aristóteles  É  difícil  aquilatar  em  sua  justa  medida  o  valor  de  Aristóteles.  A  influência  intelectual  por  ele  até  hoje  exercida  sobre  o  pensamento  humano  não  se  pode  comparar  a  de  nenhum  outro  pensador  tal  é  a    envergadura de seu gênio excepcional. Criador  da  lógica,  autor  do  primeiro  tratado  de  psicologia  científica,  primeiro escritor da história da filosofia, patriarca das ciências naturais,  metafísico,  moralista,  político,  ele  é  o  verdadeiro  fundador  da  ciência  moderna e "ainda hoje está presente com sua linguagem científica não  somente  às  nossas  cogitações,  senão  também  à  expressão  dos  sentimentos e das idéias na vida comum e habitual".  Nem  por  isso  podemos  deixar  de  apontar  as  lacunas  do  seu  sistema.  Sua moral, sem obrigação nem sanção, é defeituosa e mais gravemente  defeituosa  ainda  que  a  teodicéia,  sobretudo  na  parte  que  trata  das  relações de Deus com o mundo. O dualismo primitivo e irredutível entre  Deus,  ato  puro,  e  a  matéria,  princípio  potencial,  é,  na  própria  teoria  aristotélica.
  • 53.   Com  Sócrates  entra  a  filosofia  em  seu  caminho  definitivo.  O  problema  do  objeto  e  da  possibilidade  da  ciência  é  posto  em  seus  verdadeiros  termos  e  resolvido,  nas  suas  linhas  gerais,  pela doutrina do conceito. Platão dá um passo além, procurando  determinar a relação entre o conceito e a realidade, mas encalha,  de  um  lado,  nas  dificuldades  insolúveis  de  um  realismo  exagerado;  de  outro,  nas  extravagâncias  de  um  idealismo  extremo. Aristóteles, com o seu espírito positivo e observador, retoma o  mesmo problema no pé em que o pusera Platão e dá, pela teoria  da abstração e da inteligência ativa, uma solução satisfatória e  definitiva  nas  grandes  questões.  Em  torno  desta  questão  com  relação  à  metafísica,  psicologia  e  lógica,  vi  se  desenvolvendo  harmoniosamente as outras partes da filosofia até constituírem  em Aristóteles esta grandiosa síntese do saber universal, o mais  precioso  legado  da  civilização  grega  que  declinava  diante  da  civilização ocidental que surgia. 
  • 54.   Alexandre,  o  Grande,    prossegue  a  campanha  da  Ásia  cometendo  excessos que o filósofo criador da teoria do justo meio, o que se situa  entre  o  defeito  e  o  excesso,  enfim,  o  bom  senso,  desaprovou  e  não  perdoa  a  morte  de  Clístenes,  o  sobrinho  querido  que  se  recusara  a  aceitar Alexandre como um deus. Mas em 323 a.C. Alexandre morre de  febres e a unidade Macedônia-Grécia, se desmonta e em Atenas surgem  os  desejos  de  independência,  estourando  uma  reação  nacional,  chefiada por Demóstenes. Aristóteles era malvisto pelos atenienses, por  causa  do  apoio  macedônio.  O  governador  de  Atenas  foi  Antipater,  indicado  por  Alexandre  e  velho  amigo  de  Aristóteles.  É  imperioso  expulsar tudo e todos os que tenham ligação com os macedônios. Tudo  que  recorde  o  domínio  de  Alexandre,  deve  ser  banido.  É  preciso  encontrar  um  expediente  para  proscrever  Aristóteles.  Recorda-se  Sócrates:  o  melhor  é  uma  acusação  de  impiedade.  Vasculha-se  o  passado para encontrar o "crime", algo que ponha em causa os valores  da liberdade e da independência, como, por exemplo, adorar um homem  como se fosse um deus. Um hino, um péan que Aristóteles escrevera  dedicado  a  um  tirano,  Hermias  como  louvor,  tornando    herói  um  ex- escravo,  depravado,  eunuco,  bárbaro,  estrangeiro,  déspota,  serve  de  pretexto.  Prudente,  reconhece  que  não  pode  esperar  a  decisão  do  tribunal.e  prevendo  a  condenação  à  morte  pelo  Areópago,  refugia-se  voluntariamente em Cálcis, na Eubéia (Eugéia).
  • 55. Com  os  manuscritos,  a  esposa  Hérpilis,  os  filhos  Pítia  e  Nicômaco  parte  para  o  último  exílio.  Aos  61  anos.  Dirá,  pensando em Sócrates: "não quero que os Atenienses cometam  um novo assassínio contra a filosofia". Féstias, a mãe, era de Cálcis, a principal cidade da ilha Eubéia, a  norte de Atenas. Aristóteles e a sua troupe atravessam o estreito  de Euripo que separa a ilha da Ática. Instala-se na casa que fora  de sua mãe, uma propriedade de dimensão razoável. Regressar  a Estagira seria cortar definitivamente com Atenas.  A direção do  Liceu, após a sua saída foi confiada ao seu discípulo Teofrasto.  Na casa da mãe, Aristóteles está doente. Há muito que sofre do  estômago,  provavelmente  da  bílis,  do  fígado.  O  corpo  que  sempre  preservara,  cuidadosamente,  abandona-o.  A  casa  da  mãe é o regresso ao útero. Em Atenas humilham-no, vexam-no,  retiram-lhe as honras, degradam-no.  Quando Antipater desbarata as forças gregas e retoma o poder  em Atenas, Aristóteles já não tem forças para regressar. Terá de  deixar-se a si mesmo e entrar na morte no  verão de 322, aos 62  anos. 
  • 57.   Obras de Aristóteles   q  Livros  de  lógica  ("organon"  ou  instrumento):  Categorias;  Sobre a Interpretação; Primeiros Analíticos ( 2 livros),; Segundo  Analíticos (2 Livros); Tópicos (8 livros); Refutações Sofísticas.  q Livros de física e a concepção do universo: Física (8 livros);   Sobre o Céu (2 livros); Sobre a Geração e a Corrupção (2 livros);  Meteorológicos (4 livros).  q  Livros  de  psicologia:  Acerca  da  Alma  (3  livros);  "Parva  Naturalia" (4 tratados), incluindo os seguintes livros: Acerca da  da percepção dos sentidos; Acerca da memória e reminiscência;  acerca do sono; acerca dos sonhos;   Livros de biologia: História dos Animais (10 livros,  com partes  de autoria duvidosa); Acerca das partes dos animais (4 livros);  acerca  do  movimento  dos  animais;  acerca  da  marcha  dos  animais; acerca da geração dos animais (5 livros). 
  • 58. Livros  de  metafísica:  Foi  Andronico  que  atribuiu  a  estes  livros  (14) a denominação de Metafísica (literalmente "depois da física),  por  os  mesmo  se  seguirem  aos  seus  apontamentos  que  tratavam da física. Livros  de  ética:  Ética  a  Nicômaco  (organizada  por  Nicômaco,  filho de Aristóteles); Ética a Eudemo (7 livros, organizados por  Eudemo, discípulo de Aristóteles); a Grande Moral ( 2 livros, com  fragmentos das éticas anteriores e de autoria duvidosa):  Livros de Política: Política (8 livros); Constituição de Atenas.  Livros sobre a linguagem e a estética: Retórica e Poética.   Lógica: o primeiro sistema lógico, que permitiu estabelecer um  conjunto de princípios e regras  formais por meio das quais se  tornou  possível  distinguir  as  conclusões  falsas  das  exatas.  Na  Idade  Média  os  seus  escritos  sobre  lógica  foram  os  manuais  mais importantes usados nas universidades, sobretudo na forma  que  lhes  deu  o  filósofo  português  Pedro  Hispano  (  Papa  João  XXI). 
  • 60. Fim

Notas do Editor

  1. Esta é uma linda flor!
  2. Esta é uma linda flor!
  3. Esta é uma linda flor!
  4. Esta é uma linda flor!
  5. Esta é uma linda flor!
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