O documento resume a obra A Divina Comédia de Dante Alighieri em três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. Narra a jornada de Dante guiado por Virgílio pelos diferentes níveis do Inferno e Purgatório, onde as almas são punidas de acordo com seus pecados. No Paraíso, Dante é guiado por Beatriz até a visão de Deus.
3. Beatriz (Ana Carolina)
Olha! Será que ela é moça?
Será que ela é triste?
Será que é o contrário?
Será que é pintura o rosto da atriz?
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel?
E se eu pudesse entrar na sua vida?
Olha! Será que é de louça?
Será que é de éter?
Será que é loucura?
Será que é cenário
A casa da atriz?
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida?
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida?
Sim, me leva para sempre Beatriz
Me ensina não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Diz quantos desastres tem na minha mão
(No mundo!)
Diz se é perigoso a gente ser feliz.
Olha! Será que é estrela?
Será que é mentira?
Será que é comédia?
Será que é divina a vida da atriz?
Se ela um dia despencar do céu?
E se os pagantes exigirem bis?
E se um arcanjo passar o chapéu?
E se eu pudesse entrar na sua vida?
4. A Divina Comédia é um poema composto de:
1. 01 canto introdutório;
2. 03 partes: Inferno, Purgatório e Paraíso;
3. Cada parte possui 33 cantos, de pouco mais do que uma
centena de versos cada um;
4. Versos decassilábicos;
5. Métrica de terceto encadeado.
Estrutura da Obra
5. São muito discutidas as datas da composição do
poema: muito provavelmente, Dante começou-o por
volta de 1307, para depois nele trabalhar durante
toda a sua vida. O título do livro, por extenso, é
pelo próprio poeta apresentado na carta a
Cangrande della Scala: "Incipit Commedia Dantis
Alagherii, florentine natione, non moribus"
(Começa a Comédia de Dante Alighieri, florentino
de nascimento, não de costumes).
7. Dante chamou à obra simplesmente
"Comédia", porque, como as comédias
propriamente ditas, termina com um final alegre.
Talvez lhe haja chamado "Comédia ainda por
modéstia, enquanto considera a Eneida como
tragédia. O adjetivo "Divina" é um acrescento
mais tardio, talvez da responsabilidade de
Boccaccio. Apareceu impresso pela primeira
vez na edição veneziana de 1555.
9. O poema, no seu conjunto, é a história da
conversão do pecador a Deus. O poeta tencionava
fazer da "Divina Comédia" principalmente sua obra de
doutrina e de edificação, uma "Suma" que
compreendesse o saber do seu tempo, da ciência à
filosofia e à teologia. Por isso o poema é repleto de
significados alegóricos e ainda morais.
10. Assim, por exemplo, Virgílio, que cantou os
ideais de paz e justiça do Império Romano no
tempo de Augusto, e que guia o poeta através do
Inferno e do Purgatório, simboliza a razão
integrada com a sabedoria moral, e é também a
voz da própria consciência de Dante. Beatriz, a
mulher amada que o guia no Paraíso, é a sabedoria
cristão iluminada pela graça, a suprema sabedoria
dos santos, a única que pode levar a Deus.
11. Tudo no poema é perfeita construção alegórica, e
nisto Dante limita-se a respeitar as regras do seu
tempo: pois quantas não são de fato as obras
medievais que referem as viagens ultra terrenas,
devidamente arquitetadas para edificação do pecador?
Só que, no poema dantesco, há um sutil artifício que
permite ao poeta encerrar nos seus cantos também a
história do seu tempo.
12. Dante imagina fazer uma viagem em 1300
e, portanto, refere naturalmente tudo quanto
aconteceu antes desta data; mas,
reconhecendo aos mortos a capacidade de
prever o futuro, põe-nos a profetizar os
acontecimentos públicos e particulares que não
deseja deixar em silêncio.
13. A Divina Comédia exerceu grande influência
em poetas, músicos, pintores, cineastas e outros
artistas nos últimos 700 anos. Desenhistas e
pintores como Gustave Doré, Sandro Botticelli,
Salvador Dali, Michelangelo e William Blake estão
entre os ilustradores de sua obra. Os
compositores Robert Schumann e Gioacchino
Rossini traduziram partes de seu poema em música
e o compositor húngaro Franz Liszt usou a
Comédia como tema de um de seus poemas
sinfônicos.
15. Sob a crosta terrestre abre-se, no hemisfério boreal, precisamente
debaixo de Jerusalém, uma profunda depressão em forma de cone que
chega até ao centro da Terra. Foi provocada pela queda de Lúcifer, o anjo
rebelde, o qual, efetivamente, se acha cravado no fundo do abismo.
16. As terras que saltaram
durante a queda do anjo
confluíram no hemisfério
austral formando uma ilha
constituída por uma
montanha cônica no cimo da
qual está colocado o Paraíso
Terrestre, exatamente nos
antípodas, portanto, de
Jerusalém, e na fronteira
extrema entre o mundo da
matéria e o da
imaterialidade.
17. Na depressão, que se
abisma em nove círculos
concêntricos, está situado
o Inferno. Os condenados
estão disseminados nestes
círculos de harmonia com a
quanto mais violou o que o
homem tem em si de
divino. Sobre a montanha
cônica do hemisfério austral
está situado, por seu lado,
o Purgatório. As almas
estão distribuídas sobre as
ravinas que se escavam no
flanco do monte.
18. Sete sãos as faixas correspondentes aos sete pecados capitais;
com o anti-purgatório e o Paraíso Terrestre é atingido o fatídico
número nove, que com o número três se encontra na base de toda a
disposição da Divina Comédia. Os dois reinos estão ligados por um
estreito subterrâneo que do fundo do abismo infernal leva à ilha do
Purgatório, no hemisfério oposto.
19. O Paraíso encontra-se, naturalmente, no Céu: onde nove esferas
circulam com órbitas sempre maiores e movimento sempre mais rápido, em
volta da Terra imóvel, segundo o sistema ptolomaico. Acima delas, o
fulgurante Empíreo, onde resplende Deus, circundado pelos bem-
aventurados triunfantes.
21. O inferno de Dante
Quando Dante se encontra no
meio da vida, ele se vê perdido em
uma floresta escura, e sua vida havia
deixado de seguir o caminho certo. Ao
tentar escapar da selva, ele encontra
uma montanha que pode ser a sua
salvação, mas é logo impedido de subir
por três feras: um leopardo, um leão e
uma loba. Prestes a desistir e voltar
para a selva, Dante é surpreendido
pelo espírito de Virgílio - poeta da
antigüidade que ele admira - disposto
a guiá-lo por um caminho
alternativo.Virgílio foi chamado por
Beatriz, paixão da infância de Dante,
que o viu em apuros e decidiu ajudá-
lo. Ela desceu do céu e foi buscar
Virgílio no Limbo. O caminho proposto
por Virgílio consiste em fazer uma
viagem pelo centro da terra. Iniciando
nos portais do inferno, atravessariam o
mundo subterrâneo até chegar aos pés
do monte do purgatório.
22. O purgatório de Dante
Saindo do inferno, Dante e Virgílio se
vêem diante de uma altíssima montanha: o
Purgatório. A montanha é tão alta que
ultrapassa a esfera do ar e penetra na esfera
do fogo chegando a alcançar o céu. Na base da
montanha encontram o ante-purgatório, onde
aqueles que se arrependeram tardiamente dos
seus pecados aguardam a oportunidade para
entrar no purgatório propriamente dito. Depois
de passar pelos dois níveis do ante-purgatório,
os poetas atravessam um portal e iniciam sua
nova odisséia, desta vez subindo cada vez mais.
Passam por sete terraços, cada um mais alto
que o outro, onde são expurgados cada um dos
sete pecados capitais. No último círculo do
purgatório, Dante se despede de Virgílio e
segue acompanhado por um anjo que o leva
através de um fogo que separa o purgatório do
paraíso terrestre. Finalmente, às margens do
rio Letes, Dante encontra Beatriz e se
purifica, banhando-se nas águas do rio para
que possa prosseguir viagem e subir às estrelas.
23. O paraíso de Dante
O Paraíso de Dante é dividido em duas
partes: um material e uma espiritual (onde não há
matéria). A parte material segue o modelo cosmológico
de Ptolomeu e consiste de nove círculos formados pelos
sete planetas (Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte,
Júpiter e Saturno), o céu das estrelas fixas e o
Primum Móbile - o céu cristalino e último círculo da
matéria. Ainda no paraíso terrestre, Beatriz olha
fixamente para o sol e Dante a acompanha até que
ambos começam a elevar-se, transumanando. Guiado por
Beatriz, Dante passa pelos vários céus do paraíso e
encontra personagens como São Tomás de Aquino e o
imperador Justiniano. Chegando ao céu de estrelas
fixas, ele é interrogado pelos santos sobre suas posições
filosóficas e religiosas. Depois do interrogatório, recebe
permissão para prosseguir. No céu cristalino Dante
adquire uma nova capacidade visual, e passa a ter visão
para compreender o mundo espiritual, onde ele encontra
nove círculos angélicos, concêntricos, que giram em
volta de Deus. Lá, ao receber a visão da Rosa Mística,
se separa de Beatriz e tem a oportunidade de sentir o
amor divino que emana diretamente de Deus, o amor
que move o Sol e as outras estrelas.
25. luxúria
Virgílio e Dante observam as almas condenadas
pelo pecado da luxúria sendo carregadas pelo
vento. No primeiro plano, Paolo e Francesca (
Canto V). Ilustração de Gustave Doré (século
XIX)
Dante, Estácio e Virgílio sobem para a sétima
cornija, onde estão os luxuriosos ardendo no
fogo. (Canto XXV). Ilustração de Gustave Doré
(século XIX).
26. ira
Flégias (o barqueiro) realiza a travessia
do Rio Estige levando Dante e Virgílio.
Dentro do rio estão condenados pelo
pecado da ira (Canto VIII). Ilustração de
Gustave Doré (século XIX).
Marco, o Lombardo, na cornija dos
iracundos (Canto XVI). Ilustração de
Gustave Doré (século XIX).
43. O Vale dos Príncipes (arrependidos tardiamente por causa de preocupações
mundanas) (Canto VII). Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
44. A entrada do Purgatório. Um anjo guarda a Porta de São Pedro(
Canto IX). Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
45. O sonho da águia (Canto IX). Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
46. Túmulos dos heréticos dentro da cidade de Dite (Canto X). Ilustração de
Gustave Doré (século XIX).
47. Centauros aguardam Dante e Virgílio diante do rio Flegetonte (sangue
fervente) onde sofrem os culpados de violência contra o próximo
(assaltantes, assassinos e tiranos) (Canto XII). Ilustração de Gustave Doré
(século XIX).
48. Dante arranca um galho de árvore que chora de dor na floresta das
Hárpias (onde são punidos os suicidas) (Canto XIII). Ilustração de
Gustave Doré (século XIX).
49. Os que praticcaram violência contra Deus sofrem em um deserto
incandescente e são torturados por chuvas de brasas (Canto XIV).
Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
50. Dante e Virgílio na garupa de Gerion, descem para o oitavo círculo (
Canto XVII). Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
51. Sedutores e rufiões (em sentidos opostos) sendo açoitados por diabos na
primeira vala. No primeiro plano se vê os aduladores imersos no esterco
(segunda vala) (Canto XVIII). Ilustração de Sandro Botticelli (século XV).
52. Dante e Virgílio conseguem escapar da perseguição dos dez demônios
que os escoltavam (Canto XXIII). Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
53. Ladrões torturados por serpentes na sétima vala do Malebolge (Canto XXIV).
Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
54. barqueiro trazendo almas para o Purgatório. (Canto XXV).
Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
55. Malebolge. Oitava vala: maus coinselheiros envoltos em chamas (Cantos
XXVI e XXVII). Ilustração de Sandro Botticelli (século XV).
56. Bertran de Born, condenado a ter a cabeça separada do corpo para
sempre, por ter causado a separação de pai e filho (Canto XXVIII).
Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
57. A procissão triunfal mostrando os 24 anciãos que representam o Velho
Testamento, abrindo caminho para a passagem da carruagem puxada pelo
Grifo (monstro mitológico com cabeça de águia e corpo de leão). A carruagem
é escoltada por quatro monstros apocalípticos (mostrados na figura). (
Canto XXIX). Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
58. Anteu ajuda Dante e Virgílio na descida ao nono círculo (Lago Cócito) (
Canto XXXI). Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
59. Almas traidoras submersas no Lago Cócito (Antenora) (
Canto XXXII). Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
60. A prostituta e o gigante sentados sobre o monstro de dez chifres e sete cabeças
(que antes era o carro), que representa a Igreja. (Canto XXXII). Ilustração de
Gustave Doré (século XIX).
61. Dante e Estácio bebem das águas do rio Eunoé, em companhia das ninfas que servem a
Beatriz, no Paraíso Terrestre. (Canto XXXIII). Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
62. Lúcifer, no centro da Terra, mastigando pecadores (Canto
XXXIV). Ilustração de Alessandro Vellutello (século XVI).
63. A Terra segundo a geografia de Dante. No hemisfério superior está Jerusalém
e o mundo conhecido (século XIV). No hemisfério inferior há um grande oceano
com uma única ilha no seu centro onde desponta uma montanha tão alta que
alcança os céus. Ilustração de Helder da Rocha
64. Vista geral do Inferno de Dante (800x600). Ilustração de Helder da Rocha
65. Vista geral do Purgatório de Dante. Ilustração de Helder da Rocha.
66. O Paraíso Terrestre (Jardim do Éden) (Canto XXVIII). Ilustração de Gustave Doré
(século XIX).
67. “Nesse momento, a inspiração que me havia guiado até tão
alto extinguiu-se. Minhas forças não conseguiram penetrar tão
grande mistério. Um fulgor traspassou-me a alma e o Amor, que
move os céus es as estrêlas, tomou posse da minha vontade e do
meu desejo.”
Valeu, gente!
Que os céus abençoem vocês!
Até o próximo encontro!