SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 40
Baixar para ler offline
1
2
J. G. de Araújo Jorge
Tarauacá/AC (1914 – 1987) Rio de Janeiro/RJ
Estamos nos limites de uma época - momento grave
da entrega do bastão, na maratona da História.
Fim de etapa, começo de outra. Dialeticamente
chegamos a uma nova síntese. O homem se encontra, não
apenas em face de um mundo novo, mas de ―novos
mundos‖, tal como a civilização medieval na era dos
grandes descobrimentos marítimos. Não foi sem razão,
portanto, que chamaram os astronautas da Apolo-8 de
―Colombos do espaço‖. Do mesmo modo que os Colombos,
os Magalhães, dilataram o mundinho mediterrâneo, o
fechado ―maré nostrum‖ romano, e deram ao Atlas terrestre
suas proporções atuais, os recentes feitos da Astronáutica
subverteram as dimensões da nossa acanhada geografia.
- Universo à vista!
O Gênesis tem que ser reescrito. ―No princípio Deus
criou os céus...‖ e as terras. Muitas terras gravitando em
imensos vazios, mas com certeza habitadas por outros seres,
parecidos ou não com os Adões e Evas do perdido Éden.
Subitamente somos passado e futuro. Decolamos de
nós mesmos, do que ―éramos‖, como um foguete rompendo
a área gravitacional da Terra, e investindo o desconhecido.
Olhamo-nos no espelho, e não nos reconhecemos em corpo e
alma. Nossas ideias terão que ser reestruturadas em função
deste deslocamento físico, das alterações de nossa visão
cultural; da imprevista realidade descortinada; do homem
inédito em que nos sentimos. Saímos da casca, como o pinto,
e devemos encarar tal fato como uma projeção natural do
nosso eu ante as espantosas conquistas da ciência moderna.
Todos nós crescemos, e vivemos, sabendo que a Terra
é redonda, que gira em torno de si mesma, e entorno do Sol.
Está nos compêndios que compulsamos desde o curso
primário, no globo terrestre que a professora tinha em cima
da mesa. Mas, no fundo, todos nós esperávamos pela ―prova
real‖ dessa velha lição. Como S. Tomé: ―Ver para crer‖. Já
ouvi um garoto perguntar ao pai, como é que o japonês
podia andar de cabeça para baixo, do outro lado do
mundo? E da ingênua conjetura de um companheiro: por
que um avião ―parado‖ no ar, não fazia a volta à Terra em
24 horas, se ela completa seu giro nesse tempo?
As explicações da lei de Newton nos deixavam
incrédulos, a pensar neste estranho mundo redondo, a rodar
nos céus, com todas as coisas presas no chão, sem que as
imensas massas líquidas dos oceanos não se soltassem, e com
3
elas, algas, peixes, baleias, tubarões, a voarem como
pássaros!
Os garotos de agora não terão motivos de dúvida.
Viram, como eu vi, na televisão, os filmes tirados por
Borman, Lovel e Anders, quando a mais de 400 mil
quilômetros de nosso planeta, circunavegavam a Lua (Três
meses depois de escrita esta crônica, a 20 de julho de 1969,
Armstrong, Aldrin e Collina, os três astronautas norte-
americanos chegaram a lua, tendo os dois
primeiros descido na superfície lunar). E todos
compreendemos, então, que o homem deixou de
ser um simples habitante terreno. Seu ―espaço‖
ampliou-se. Até agora, víamos tudo, do chão,
colados, como as serpentes. De repente,
ultrapassamos as próprias aves - somos aves de
infinito voo, - e é como se descobríssemos a Terra -
habitantes de outro planeta - livres das milenares
raízes que nos agarram ao solo. Einstein se
imaginou numa estrela, Arturus, para, livre da lei
da gravidade, descobrir a sua ―teoria da
relatividade‖.
Borman e seus companheiros se encontram
realmente na situação imaginada pelo gênio de Einstein, e
devem ter descoberto uma teoria mais simples: a da
humanidade. Paradoxalmente foi preciso que se afastassem
da Terra para se ―humanizarem‖, no sentido de
compreenderem ao mesmo tempo a insignificância e a
grandeza do homem. O Universo, apenas palavra, poesia -
tem agora um sentido tão próximo, palpável, como praia,
mulher, edifício, sorvete.
Lovel declarou, vendo a Terra à distância, como uma
bola iluminada, que, naquele momento, duvidou que ela
pudesse ser habitada.
Assistindo o filme, e a nos repetirmos a cada instante:
inacreditável! - também perguntamos: será que há seres
naquela ―lua grande‖? E Lovel concluiu:
―O mundo pareceu-me então, realmente um mundo
só‖.
Positivamente, como se falar em guerras por
palmos (palmos, mesmo) de terra, diante dessa
imagem extraordinária? Eu, por mim, não pude
conter a irritação, quando, logo após o locutor se
referia à disputa entre árabes e judeus, por nesgas
de deserto, de areal, na península do Sinai. Tudo
me pareceu de proporções liliputianas! Que
tacanha a mentalidade de nossos estadistas! Se eu
fosse Borman, a primeira coisa que teria proposto
ao meu governo ao sair da cápsula, na volta seria:
―Que seja criado um governo Universal!‖
Não somos mais que um átomo a girar nos
espaços. É estúpido que permaneçamos a usar um sistema
métrico mental ultrapassado; que insistamos em nos
autodestruir e a nos entre devorar.
Tal apelo, hoje, não saberia mais a utopia. Se Borman
o fizesse, teria completado a sua oração, ao ler, no Cosmo,
um capítulo do Gênesis. Sim, o Gênesis terá que ser
reescrito. Esta é a hora de revisarmos valores, ideias, e até
palavras. Fronteiras, pátrias, religiões, formas arcaicas de
4
uma civilização para trás, devem e terão que ser
necessariamente reconceituadas. As ONUS, OEAS,
UNESCOS, meras siglas sem significado real, não
funcionarão enquanto o nosso mundo subdividido
continuar sujeito à espoliação dos fracos pelos
fortes, às competições desleais entre ricos e nobres,
com uma infra-estrutura anterior à era da energia
atômica, da astronáutica, dos transplantes, da
eletrônica.
Há um mundo novo pela frente. Um mundo
que deverá se organizar à base das necessidades
fundamentais do homem, físicas e culturais,
despojando as sociedades de inúteis e anacrônicos
aparatos bélicos. As fardas, para os museus.
As fronteiras não estão mais na terra. As pátrias têm
novo sentido. As religiões serão reinventadas, para que
permaneçam arrimo e esperança. A Bíblia, velha colcha de
retalhos, remendada pelos hebreus, será relegada à sua
condição de mitologia lendária do Oriente.
A Igreja não considera mais a Terra o ―centro do
Universo‖, renegou Ptolomeu, admite outros mundos
habitados. Concordou afinal com Galileu, e quem
sabe? -com Renan. Re-estudar a natureza mística
de Cristo não será mais heresia. De quantos Cristos
precisaria Deus para redimir incontáveis
―humanidades‖?
As fronteiras são rabiscos de giz, num
quadro-negro, que as gerações apagam com
facilidade espantosa. O nacionalismo, já o definia
Goethe, como ―sarampo dos povos‖, doença
primária, e passageira. As pátrias, armadas, mais
que amadas, caducaram. Absurdo que se
justifiquem genocídios brutais, à base de conceitos
artificialmente alimentados ao som de bandas de música e
de discursos políticos. O homem é um só. O Universo, o seu
mundo. E é diante desta visão, desta realidade nova, que
deveremos reconstruir-nos para conquistar os caminhos que
Deus projetou à nossa frente. À maneira dos velhos
marinheiros, do alto dos mastros das caravelas, agora
podemos gritar:
- Universo à vista!
5
6
Elisabete Aguiar
Mangualde/Portugal
Sabes?
Se estás perdido na bruma,
em nevoeiro e solidão,
sabe que tudo é espuma,
nada passa de ilusão.
Se te afundas na agonia
de uma sombria ansiedade,
sabe que a luz, mesmo esguia,
vem derramar claridade.
Se vacilas no torpor
da dúvida e da incerteza,
sabe que os braços do Amor
te guiam para a Beleza.
Se entontecido mergulhas
em ruidosa e louca orgia,
sabe que rudes agulhas
dilaceram a Alegria.
Se vais ao sabor do vento,
nas velas de uma miragem,
sabe que em cada momento
se recomeça a Viagem.
Se te revoltas na dor
e te alegras no prazer,
sabe que por teu labor
conquistas seu renascer.
Se nas trevas da amargura
anseias por todo o Bem,
sabe que em tua doçura
Ele já morada tem.
Se em teu medonho caminho,
por espinhos encrespado,
sofres na alma em desalinho
e segues dilacerado…
Se essa saudade magoada,
do sonho que mal sonhaste,
estimula a Caminhada
que ainda agora começaste…
Sabe que há sempre uma luz
a estrelar a noite escura,
e o pensamento traduz
para a manhã a brancura.
A Esperança é passaporte
para o reino do amanhã;
sabe que serás mais forte!
Sabe que Ela é tua irmã!
7
Francisco J. Pessoa
Fortaleza/CE
Do amanhã, que mais espero,
é esquecer o que passou...
amar mais a quem mais quero,
e ser melhor do que sou.
Neyd Montingelli
Curitiba/PR
Pense!
Pense na vida como ela é.
Pense na morte como será.
Pense no hoje pelo que fazer.
Pense no amanhã pelo que fará.
Pense na hora que vai acabar,
Pense no compromisso que vai perder,
Pense no serviço por terminar.
Pense no desperdício para remoer.
Pense no amor para amar,
Pense no bem que ele lhe faz
Pense no carinho para compartilhar
Pense em tudo que lhe apraz.
Janske N. Schlencker
Curitiba/PR
A canção da floresta
Hoje teu nome é FLORESTA
o que serás amanhã?
Hoje me encantam as flores
amanhã talvez não haja primavera
Hoje há milagres nas árvores
amanhã restarão alguns troncos
Hoje o vento é um amigo
amanhã ele ajudará a destruir
Hoje eu te amo verde
amanhã respiraremos cinzas
Hoje teu nome é FLORESTA
amanhã choraremos num deserto...
Arlindo Tadeu Hagen
Juiz de Fora/MG
Não julgues pelo passado
que o futuro está perdido
porque atrás de um céu nublado
há sempre um sol escondido!
Álvaro de Campos
(Pseudônimo de Fernando Pessoa)
Tavira/Portugal (1890 – 1935)
Adiamento
Depois de amanhã, sim, só depois de
amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois
de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha
subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real,
intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar
um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar
amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não,
hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
8
Amanhã sentar-me-ei à secretária
para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de
amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de
repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é
segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de
domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo
de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de
inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me
repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes
amanhã,
Que depois de amanhã é que está
bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública
que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o
que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois
de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir...
Sim, o porvir...
Eliana Ruiz Jimenez
Balneário Camboriú/SC
O futuro do planeta
não é segredo a ninguém;
preserve e se comprometa
que a vida assim se mantém.
Elisa Alderani
Ribeirão Preto/SP
Amanhã
Amanhã o sol voltará,
com nuvens ou sem nuvens
o dia começará...
Talvez para alguém
a noite continue,
mas ninguém voltou
para nos falar
como será a Luz
na noite Eterna...
"Amanhã" tem sentido de esperança,
supera as dificuldade presentes!
Amanhã será um dia diferente...
O amor de repente pode chegar;
sonhar e tão bom quanto o viver!
Amanhã não vou chorar
posso ter felicidade plena...
e assim continuar a sonhar:
Amanhã, amanhã, amanhã...
Nós vivemos a temer o futuro,
mas é o passado que nos atropela e mata.
Mário Quintana (Alegrete/RS, 1906-1997)
Porto Alegre/RS
9
Darly O. Barros
São Paulo/SP
Minha visão de futuro
faz projeções que eu receio:
- Não quero o mundo um monturo
e eu parte desse recheio…
Maria Antonieta
Gonzaga Teixeira
Castro/PR
Esperança
Amanhã!
Quero acordar amanhã ao romper da
aurora,
Ver o sol que desponta com seus raios
luminosos,
Sentir o aroma das flores dos jardins e
campos floridos.
Amanhã!
Preciso mirar o verde das matas, o voo
dos pássaros,
Ouvir o murmúrio das águas dos rios e
cascatas.
Pular, gritar e, ao fim do amanhã, ver
o céu estrelado.
Amanhã!
Desejo ver o cruzeiro do sul,
O universo seguir o seu destino,
Os planetas, contados em prosas e
versos.
Oh! Amanhã!
Sonhar! ... em noites de primavera,
Na esperança dos muitos dias de luz.
Amanhã!
Ieda Lucimar
Mastrangelo Corrêa
Nova Friburgo/RJ
O amanhã não tem direito
de truncar nossos caminhos...
como pode o amor perfeito
medrar por entre os espinhos?...
JB Xavier
São Paulo/SP
Se eu me for
O sono demorou, e enquanto eu lia
Lembrei que eu posso até nem
acordar...
Será que eu me esforcei em te mostrar
Que te amo imensamente, todo dia?
Terei te dito até que eu morreria
Se fosses tu, assim, a me deixar?
Que eu nunca mais teria a quem amar
Que o mundo sem ti é pura agonia?
Pensei se demonstrei quanto te amei...
E se amanheceres sem ninguém,
Sem mais ouvir os poemas que
declamo?
Então toquei teu ombro e te acordei
E antes que adormeças ouve bem -
Acaso eu não acorde, amor, te amo!
Flávio Roberto Stefani
Porto Alegre/RS
Brinquedos de guerra, não,
pois quem brinca de matar,
amanhã – de arma na mão -,
vai matar para brincar!
Gonçalves Dias
Caxias/MA (1823 – 1864) Guimarães/MA
Amanhã
Amanhã! — é o sol que desponta,
É a aurora de róseo fulgor,
É a pomba que passa e que estampa
Leve sombra de um lago na flor.
10
Amanhã! — é a folha orvalhada,
É a rola a carpir-se com dor,
E da brisa o suspiro, — é das aves
Ledo canto, — é da fonte o frescor.
Amanhã! — são acasos da sorte;
O queixume, o prazer, o amor,
O triunfo que a vida nos doura,
Ou a morte de baço palor.
Amanhã! — é o vento que ruge,
A procela de horrendo fragor,
É a vida no peito mirrada,
Mal soltando um alento de dor.
Amanhã! — é a folha pendida,
E' a fonte sem meigo frescor,
São as aves sem canto, são bosques
Já sem folhas, e o sol sem calor.
Amanhã! — são acasos da sorte!
É a vida no seu amargor,
Amanhã! — o triunfo, ou a morte;
Amanhã! — o prazer, ou a dor!
Amanhã! — que te importa se existes?
Folga e ri de prazer e de amor;
Hoje o dia nos cabe e nos toca,
De amanhã Deus somente é Senhor!
Quadra Popular
Hoje não venhas tarde
Dizes-me tu com carinho
Ou compras um relógio novo
Ou amanhã vai de carrinho.
Maria da Glória
Colucci
Curitiba/PR
Amanhã
Passas sem sequer me veres.
Vives sem sequer me olhares.
Hoje és, apenas, o Amanhã.
Brilhas sem sequer saberes
Teus próprios e estranhos
poderes.
Amanhã serás, apenas, Hoje.
Aguardo-te em meus desalinhos.
Segues teus fluxos e caminhos.
Lamento, Amanhã: tu não existes!!!
Prof. Garcia
Caicó/RN
Viver por viver somente,
faz teu mundo tão perjuro,
que este teu falso presente,
é o presente do futuro.
Odair Roberto da Silva
Ubiratã/PR
Amazônia
Oh! Pobre Amazônia!
Berço esplêndido de beleza infinda
Quanto tempo de vida terás ainda?
Teus sequazes predadores não pensam
na dor
Que tua destruição provoca em nosso
corações.
Humilde berço de um flamejante
amor
Galhardeando em tuas razões.
Oh! Linda Amazônia!
Gáudios tempos foram aqueles áureos
dias,
Quando a devastação tu ainda não
sofrias
E em teu seio reinava a fulgente
harmonia natural.
11
Doiravas ao sol, estrela de imponente
ardor.
Deitavas as planícies, esbelta riqueza
tropical,
Sonhavas teu futuro num meio de paz
e amor.
Oh! Pobres diabos!
Aqueles que em ti cavam a própria
sepultura!
Patrimônio da humanidade, berço de
tanta agrura.
Falazes homens de monstrengas almas
A podar em ti a vida em seu porvir.
Quando na destruição de tua
existência não te acalmas.
Pobres demônios vêm de tua morte rir.
Oh! Amazônia!
Passado, Presente e futura.
Vingarás um dia esta realidade dura.
Teus assassinos pagarão dobrado.
Quando na eternidade repousando
estiveres,
Encurralados pagarão o alto preço de
um pecado,
Chorando ante às memórias de teus
caracteres.
Suely Braga
Osório/RS
Viver
Vive com fé o presente,
pois o futuro é uma incógnita.
e o passado já ficou ausente.
Amilton Maciel
Monteiro
São José dos Campos/SP
Quisera ser
Quisera ser um músico excelente,
e dono de uma voz melodiosa,
que me ajudassem muito sutilmente
a conquistar quem amo e não quer
prosa...
Já fiz de tudo: já lhe dei presente,
e da Colômbia já lhe trouxe rosa,
mandei-lhe versos de um amor
ardente...
mas a querida é linda quão teimosa!
Agora, como último recurso,
vou aprender cantar e até tocar;
e para isso já ingressei num curso.
Vou retornar à velha serenata...
e, assim, o meu amor vou conquistar...
Será? - Meu mestre diz: ―Vai ser
batata‖!
José Valdez Castro
Moura
Pindamonhangaba/SP
No presente, ora, inseguro,
fico em meu sonho ancorado...
como pensar no futuro,
se, estou tão preso ao passado?
Neyd Montingelli
Curitiba/PR
Arlequim
Sofro ao pensar que você não está ao
meu lado,
sofro ao querer sentir o seu perfume.
Meus olhos ardem antes das lágrimas
rolarem,
só com a lembrança da sua face.
Mas, o amanhã está chegando,
vou tê-la junto a mim.
Chega de sofrer no ontem,
pois o agora está por vir.
12
A presença é mais importante que a
ausência.
Não sei do ano, sei do dia.
Pierrô chegou ao fim.
Agora é Arlequim.
Therezinha Dieguez
Brisolla
São Paulo/SP
Sonhei, com ele, em criança...
Hoje, estou velho... e asseguro
que ainda tenho esperança
e sonho com o futuro.
David M. Romano
Quando o Amanhã
Começar sem Mim
Quando o amanhã começar sem mim,
E eu não estiver lá para ver,
Se o sol nascer e encontrar seus olhos
Cheios de lágrimas por mim,
Eu gostaria que você não chorasse
Da maneira que chorou hoje,
Enquanto pensava nas muitas coisas
... Que deixamos de dizer.
Sei quanto você me ama,
E quanto amo você,
E cada vez que você pensa em mim,
Sei que sente a minha falta.
Mas quando o amanhã começar sem
mim,
Por favor, tente entender
Que um anjo veio e chamou meu
nome,
Tomou-me pela mão
E disse que meu lugar estava pronto
Nas moradas celestiais
E que eu tinha de deixar para trás
Todos os que eu tanto amava.
Mas quando me virei para ir embora
Uma lágrima escorreu-me pela face
Por toda vida eu pensei
Que não queria morrer.
Eu tinha tanto para viver,
E pareceu quase impossível
Que eu estivesse ido sem você.
Pensei em nossos dias passados,
Nos dias bons e nos dias ruins,
Em todo amor que vivemos,
Em toda alegria que tivemos.
Se eu pudesse reviver o ontem
Ainda que só por um instante,
Eu diria adeus e lhe daria um beijo
E talvez visse você sorrir.
Só então descobri
Que isso não aconteceria,
Pois o vazio e as lembranças
Ocupariam meu lugar.
Quando pensei nas coisas deste mundo
Vi que posso não voltar amanhã,
Então pensei em você
E meu coração se encheu de dor.
Mas quando cruzei os portões do céu
Eu me senti em casa
Quando Deus olhou para mim e sorriu
De seu grande trono dourado,
Ele disse: "Isto é a eternidade
E tudo que lhe prometi.
Agora sua vida na Terra é passado
Mas aqui uma nova vida começa.
Eu prometo que não haverá amanhã,
Mas que o hoje durará para sempre.
E como todos os dias serão iguais,
Não haverá saudades do passado.
Você foi tão fiel
Tão confiável e verdadeiro,
Embora tivesse feito coisas
Que sabia que não deveria.
Mas você foi perdoado
E agora finalmente está livre.
Então que tal me dar a mão
E compartilhar da minha vida?"
Logo, quando o amanhã começar sem
mim,
Não pense que estamos separados,
Pois todas as vezes que pensar em
mim,
Eu estarei dentro do seu coração.
13
Rodolpho Abbud
Nova Friburgo/RJ (1926 - 2013)
Todo horizonte é nublado,
é sombrio, é cinza escuro,
onde há velhos sem passado
e há crianças sem futuro!...
Isabel Furini
Curitiba/PR
Esperança
No mundo das ideias
os valores eternos
permanecem
o tempo
destrói ilusões
mas a esperança
reconstrói os sonhos
na linha do horizonte
é possível
vislumbrar o amanhã
- sempre renovado.
Wallace Rodrigues
Belo Horizonte/MG
Arrebatamento
O tempo
e seu lamento,
seu instinto de ir
e sua força
de construir
e destruir.
Cortando tudo
com faca doce,
o tempo nos toma,
nos arrebata.
Maria Helena V.
Carvalho
Lisboa/Portugal
Se a dor minha alma atravessa,
de que me serve insistir,
se o meu Futuro é promessa
que a Vida não vai cumprir.
Neyd Montingelli
Curitiba/PR
Outro dia
Espelho, espelho meu,
responde minha indagação:
Devo declarar-me ao dono do
do meu coração?
Não sei. Nunca tenho resposta.
Mais um dia que fico nessa indecisão.
Quando terei a coragem de
libertar meu amor dessa prisão?
Outro dia. Amanhã.
Amanhã, o vento vai me trazer
palavras.
Quem sabe perto dele
vou poder dizer, um dia, outro dia...
João Freire Filho
Rio de Janeiro/RJ (1941 - 2012)
Persevera, luta, irmão!
Não desistas vida afora:
- Teu futuro é a projeção
do que fizeres no ― agora‖!
14
O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na
vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que
podemos deixar duram uma eternidade.
Clarice Lispector (Chechelnyk/Ucrânia, 1920 — 1977, Rio de Janeiro/RJ)
Pedro Du Bois
Balneário Camboriú/SC
Futuro
Não havia o traço esbranquiçado
rasgando o firmamento, nem a
britadeira
e o caminhão misturando cimento e
areia:
manualmente transportados
manualmente contados
manualmente colocados
blocos de pedras
superpostos
sobrepostos
erguiam paredes
em pequenos arcos
de telhados
sobre o topo o homem
sonhava traços de fumaça
cortando o firmamento.
Adalberto Dutra
Rezende
Cataguazes/MG (1913 - 1999)
Bandeirantes/PR
Não sabemos para aonde
iremos, desde meninos,
porque o futuro se esconde
na bagagem dos destinos.
António Nunes
Praia/Portugal (1917 1951) Lisboa/Portugal
Poema de Amanhã
Mamãe!
sonho que, um dia,
em vez dos campos sem nada,
do êxodo das gentes nos anos de
estiagem
deixando terras, deixando enxadas,
deixando tudo,
das casas de pedra solta fumegando
do alto,
dos meninos espantalhos atirando
fundas,
das lágrimas vertidas por aqueles que
partem
e dos sonhos, aflorando, quando um
barco passa,
dos gritos e maldições, dos ódios e
vinganças,
dos braços musculados que se quedam
inertes,
dos que estendem as mãos,
dos que olham sem esperança o dia
que há de vir
– Mamãe!
sonho que, um dia,
estas leiras de terra que se estendem,
quer sejam Mato Engenho, Dacabalaio
ou Santana,
filhas do nosso esforço, frutos do nosso
suor,
serão nossas.
E, então,
o barulho das máquinas cortando,
águas correndo por levadas enormes,
15
plantas a apontar,
trapiches pilando
cheiro de melaço estonteando, quente,
revigorando os sonhos e remoçando as
ânsias
novas seivas brotarão da terra dura e
seca,
vivificando os sonhos, vivificando as
ânsias, vivificando a Vida!...
Arlindo Tadeu Hagen
Juiz de Fora/MG
Eu vejo nestes fedelhos
que esmolam amor profundo,
o futuro, de joelhos,
pedindo uma chance ao mundo!
Marli Terezinha
Andrucho Boldori
Curitiba/PR
Saudades
Amanhã quando o sol entrar
Pela porta entreaberta
Vai encontrar
A mesa posta para o café da manhã
A luz ainda acesa
Toalha sobre a mesa
Guarda o brilho
Das doces lembranças
Que chegam com o sol
Senta-se bem mansinho
Temendo alguém acordar
Ouço o ruído da xícara
Sinto o aroma do café
O crepitar do fogo
Na lareira a esquentar
Quero correr para ver
Porém o medo de nada encontrar
Me faz recuar
Fico à espreita, à porta
Para ela não se fechar
Recuo meu olhar
E vejo num relance
Que tudo aconteceu num instante
É tarde para voltar.
Ney Damasceno
Curitiba/PR (1924 – 2005) Rio de
Janeiro/RJ
Junto ―Passado‖ à vontade,
e, com ―Lembranças‖ misturo,
num ―Coquetel de Saudade‖,
para brindar o ―Futuro‖...
Álvares de Azevedo
São Paulo (1831 – 1852) Rio de Janeiro
Se eu morresse
amanhã
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
16
É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã,
porque se você parar para pensar, na verdade não há.
Renato Russo (Rio de Janeiro/RJ, 1960 - 1996)
Charles Chaplin
Londres/Inglaterra (1889 - 1977) Corsier-
sur-Vevey/Vaud/ Suiça
Caminhada
Tua caminhada ainda não terminou
A realidade te acolhe
dizendo que pela frente
o horizonte da vida necessita
de tuas palavras
e do teu silêncio.
Se amanhã sentires saudades,
lembra-te da fantasia e
sonha com tua próxima vitória.
Vitória que todas as armas do mundo
jamais conseguirão obter,
porque é uma vitória que surge da
paz
e não do ressentimento.
É certo que irás encontrar situações
tempestuosas novamente,
mas haverá de ver sempre
o lado bom da chuva que cai
e não a faceta do raio que destrói.
Tu és jovem.
Atender a quem te chama é belo,
lutar por quem te rejeita
é quase chegar a perfeição.
A juventude precisa de sonhos
e se nutrir de lembranças,
assim como o leito dos rios
precisa da água que rola
e o coração necessita de afeto.
Não faças do amanhã
o sinônimo de nunca,
nem o ontem te seja o mesmo
que nunca mais.
Teus passos ficaram.
Olhes para trás...
mas vá em frente
pois há muitos que precisam
que chegues para poderem seguir-te.
Octávio Venturelli
Nova Friburgo/RJ
Que me importa a desavença
se estás, de novo, ao meu lado;
que o futuro a Deus pertença,
e o ― adeus‖, pertença ao passado!...
Sonia Maria Cardoso
Curitiba/PR
Amanhã
Que ela chegue ensolarada,
Amena trazendo
Alegrias, paz e saúde
Sem qualquer dor,
Sofrimento ou lamento,
Para amanhã, só flores e amores.
P. de Petrus
São Paulo/SP (1920 – 1999) Rio de
Janeiro/RJ
Sinto-me velho e inseguro,
porque o tempo me enganou;
plantei, feliz, meu Futuro,
e a semente não vingou...
Patativa do Assaré
Assaré/CE (1909 – 2002)
Amanhã
Amanhã, ilusão doce e fagueira,
Linda rosa molhada pelo orvalho:
17
Amanhã, findarei o meu trabalho,
Amanhã, muito cedo, irei à feira.
Desta forma, na vida passageira,
Como aquele que vive do baralho,
Um espera a melhora no agasalho
E outro, a cura feliz de uma cegueira.
Com o belo amanhã que ilude a gente,
Cada qual anda alegre e sorridente,
Como quem vai atrás de um talismã.
Com o peito repleto de esperança,
Porém, nunca nós temos a lembrança
De que a morte também chega
amanhã.
Helena Douthe
Curitiba/PR
Amanhã
Na sombra do hoje vem o ontem
Cada dia bem aproveitado
Quando acabado
Transborda o coração e numa fração
do tempo
Segue para o portal do futuro com o
vento
Para o amanhã.
Mário Quintana
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS
O Tempo
A vida é o dever que nós trouxemos para
fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa
vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser
reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra
oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando
pelo caminho a casca dourada e inútil das
horas...
Alba Christina Campos
Netto
São Paulo/SP
Na infância há sempre um futuro
para o bom semeador,
porque não há solo duro
para as sementes do amor.
Cecília Meireles
Rio de Janeiro/RJ (1901 – 1964)
Futuro
É preciso que exista, enfim, uma hora
clara,
depois que os corpos se resignam sobre
as pedras
como máscaras metidas no chão.
Por entre as raízes, talvez se veja, de
olhos fechados,
como nunca se pode ver, em pleno
mundo,
cegos que andamos de iluminação.
Perguntareis: ―Mas era aquilo, o teu
silêncio?‖
Perguntareis: ―Mas era assim, teu
coração?‖
Ah, seremos apenas imagens inúteis,
deitadas no barro,
do mesmo modo solitárias, silenciosas,
com a cabeça encostada à sua própria
recordação.
18
O futuro é uma espécie de banco ao qual vamos remetendo,
um a um, os cheques de nossas esperanças. Ora, não é possível
que todos os cheques sejam sem fundo.
Mário Quintana (Alegrete/RS, 1906 – 1997, Porto Alegre/RS)
Carlos Drummond de
Andrade
Itabira/MG (1902 - 1987) Rio de Janeiro/RJ
O Novo Homem
O homem será feito
em laboratório.
Será tão perfeito como no antigório.
Rirá como gente,
beberá cerveja
deliciadamente.
Caçará narceja
e bicho do mato.
Jogará no bicho,
tirará retrato
com o maior capricho.
Usará bermuda
e gola roulée.
Queimará arruda
indo ao canjerê,
e do não-objeto
fará escultura.
Será neoconcreto
se houver censura.
Ganhará dinheiro
e muitos diplomas,
fino cavalheiro
em noventa idiomas.
Chegará a Marte
em seu cavalinho
de ir a toda parte
mesmo sem caminho.
O homem será feito
em laboratório
muito mais perfeito
do que no antigório.
Dispensa-se amor,
ternura ou desejo.
Seja como for
(até num bocejo)
salta da retorta
um senhor garoto.
Vai abrindo a porta
com riso maroto:
«Nove meses, eu?
Nem nove minutos.»
Quem já concebeu
melhores produtos?
A dor não preside
sua gestação.
Seu nascer elide
o sonho e a aflição.
Nascerá bonito?
Corpo bem talhado?
Claro: não é mito,
é planificado.
Nele, tudo exato,
medido, bem posto:
o justo formato,
o standard do rosto.
Duzentos modelos,
todos atraentes.
(Escolher, ao vê-los,
nossos descendentes.)
Quer um sábio? Peça.
Ministro? Encomende.
Uma ficha impressa
a todos atende.
Perdão: acabou-se
a época dos pais.
Quem comia doce
já não come mais.
Não chame de filho
este ser diverso
que pisa o ladrilho
19
de outro universo.
Sua independência
é total: sem marca
de família, vence
a lei do patriarca.
Liberto da herança
de sangue ou de afeto,
desconhece a aliança
de avô com seu neto.
Pai: macromolécula;
mãe: tubo de ensaio,
e, per omnia secula,
livre, papagaio, sem memória e sexo,
feliz, por que não?
pois rompeu o nexo
da velha Criação,
eis que o homem feito
em laboratório
sem qualquer defeito
como no antigório,
acabou com o Homem.
Bem feito.
Hegel Pontes
Juiz de Fora/MG
Eu posso ver meu futuro
nas estrelas a brilhar,
não no céu, que é tão escuro,
mas no azul do teu olhar.
Tarcisio Costa
Ubajara/CE
O Meu Viver
O meu viver não é uniforme,
Ele tem curvas,
mas é também linear.
Ele tem altiplanos,
mas tem suas depressões,
Ele é sorriso,
mas às vezes é tristeza,
Ele é tumulto,
mas é também paz,
Ele não é soma
nem divisão,
Ele não é amálgama
nem ferro gusa,
É, quem sabe,
a média de tudo.
Meu viver são fragmentos,
São ―flashes‖ dos meus momentos…
Ele foi o ontem, ele é o agora
E poderá ser o amanhã…
Dulcidio de Barros
Moreira Sobrinho
Juiz de Fora/MG
O construtor previdente,
na labuta, dando duro,
com tijolos do presente
edifica o seu futuro.
Erigutemberg Meneses
Blumenau/SC
O Carteiro
Os sonhos chegam pela sua mão
E assim se ver o rei de um reino além,
Mas como o vento ralo os sonhos vão
Soprar onde o carteiro fica aquém.
Na braçada de carta a solidão
E a dor dos outros rezam o réquiem
A alegria rompe, o choro, então,
Se chega, é saudade que eles sentem.
Mas ao final do dia sob o braço
O rei vencido pelo vil cansaço
Recolhe a bolsa cheia de ilusão.
20
Logo amanhã cedinho a campainha
Ao se fazer ouvir sua rainha
Virá detrás da porta e não o cão.
José Feldman
Maringá/PR
Cultivemos o jardim
do amor, com perseverança,
para que seja o estopim
de um futuro de esperança.
Alberto Luis da Silva
Pinto
Teresina/PI
Deixe
Deixe qu’eu me ande em seu caminho,
Que dele faça meu destino
E sinta em você o meu amanhã.
Deixe qu’eu me entre em seu íntimo,
Que dele faça meu descanso
E sinta em você o meu abrigo.
Deixe qu’eu me desfrute em seu sabor,
Que dele faça meu alimento
E sinta em você o meu viver.
Deixe qu’eu me sonhe em seu sonho,
Que dele faça meu fanatismo
E sinta em você o meu mundo.
Deixe qu’eu me encontre em seu corpo,
Que dele faça meu leito
E sinta em você o meu acalanto.
Deixe qu’eu me admire em seu olhar,
Que dele faça meu farol
E sinta em você o meu brilho.
Deixe qu’eu me viva em seu desejo,
Que dele faça meu prazer
E sinta em você o meu dia-a-dia.
Deixe qu’eu me deite em seu colo,
Que dele faça meu aconchego
E sinta em você o meu adormecer.
Deixe qu’eu me fique em seu ser,
Que dele faça meu querer
E sinta em você o meu
Único, eterno e verdadeiro amor.
Darly O. Barros
São Paulo/SP
A esperança é a tecelã
a quem a ilusão confia,
a fiação do amanhã,
na roca que os sonhos fia...
Raul de Leoni
Petrópolis/RJ (1895– 1926)
Legenda dos Dias
O Homem desperta e sai cada
alvorada
Para o acaso das cousas… e, à saída,
Leva uma crença vaga, indefinida,
De achar o Ideal nalguma
encruzilhada…
As horas morrem sobre as horas…
Nada!
E ao Poente, o Homem, com a sombra
recolhida
Volta, pensando: ―Se o Ideal da Vida
Não veio hoje, virá na outra jornada…‖
Ontem, hoje, amanhã, depois, e assim,
Mais ele avança, mais distante é o fim,
Mais se afasta o horizonte pela esfera…
E a Vida passa… efêmera e vazia:
Um adiamento eterno que se espera,
Numa eterna esperança que se adia…
21
Millor Fernandes
Rio de Janeiro/RJ (1923- 2012)
Ode a um quase calvo
Ontem, hoje
e amanhã
o homem o cabelo parte
parte o cabelo com arte
até que o cabelo parte.
Miguel Russowsky
Santa Maria/RS (1923 – 2009) Joaçaba/SC
A Vida é Urgente
Se sabes que te quero e sou por ti bem
quisto,
o ―depois‖ não importa. O tempo nos
dirá.
Viver!... Sentir o amor, é urgentíssimo
já!
Não somes ao anseio uma descrença,
insisto!
Felicidade... Instante azul!... Apenas
isto.
Deixa então, o porvir, às leis do ―Deus
dará‖.
Não penses que o amanhã necessite
alvará
para dar luz ao sol, se tudo está
previsto.
Aproveitemos agora os encantos da
vida,
antes que o fado hostil os sonhos
desarrume,
ou às desilusões os teus enganos somes!
A existência esvai-se em célere
corrida...
Um dia eu serei pó e tu serás perfume
e o vento soprará sem lembrar nossos
nomes.
Geraldo Pimenta de
Moraes
São Sebastião do Paraíso/MG (1913 - ????)
São Paulo/SP
Esperança - bem que enleva
nossa vida, no presente;
- um raio de luz na treva
do incerto amanhã da gente.
William Shakespeare
Stratford-upon-Avon, Inglaterra (1564 –
1616)
Soneto 17
Quem crerá em meu verso no futuro,
Se for tomado por teu completo
abandono?
E Deus sabe que tua vida se
transformou em tumba,
Sem deixar entrever sequer a metade
de teu ser.
Se eu pudesse descrever a beleza de
teus olhos,
E enumerar infinitamente todos os teus
dons,
O futuro diria, este poeta mente,
Tanta graça divina jamais existiu em
um ser.
Podem os papéis amarelados em que
escrevo
Serem desprezados como velhos
falastrões,
E tuas verdades poriam fim à ira deste
poeta,
22
E prolongariam o som de uma antiga
canção:
Mas, se um filho teu vivesse, então,
Viverias duas vezes – nele e em meu
canto.
Milton Nunes Loureiro
Campos/RJ (1923 – 2011) Niterói/RJ
Amanhã... Depois... Depois...
Foi assim a vida inteira...
E entre os sonhos de nós dois,
a intransponível fronteira...
Rui Knopfli
Inhambane, Moçambique (1932 – 1997)
Lisboa/Portugal
Princípio do dia
Rompe-me o sono um latir de cães
na madrugada. Acordo na antemanhã
de gritos desconexos e sacudo
de mim os restos da noite
e a cinza dos cigarros fumados
na véspera.
Digo adeus à noite sem saudade,
digo bom-dia ao novo dia.
Na mesa o retrato ganha contorno,
digo-lhe bom-dia
e sei que intimamente ele responde.
Saio para a rua
e vou dizendo bom-dia em surdina
às coisas e pessoas por que passo.
No escritório digo bom-dia.
Dizem-me bom-dia como quem fecha
uma janela sobre o nevoeiro,
palavras ditas com a epiderme,
som dissonante, opaco, pesado muro
entre o sentir e o falar.
E bom dia já não é mais a ponte
que eu experimentei levantar.
Calado,
sento-me à secretária, soturno,
desencantado.
(Amanhã volto a experimentar).
Sérgio Ferreira da Silva
São Paulo/SP
Quando a Morte, então, chegou
trazendo o eterno conforto,
o preguiçoso exclamou :
"Passa amanhã, que eu tô morto !"
Fernando Namora
Condeixa-a-Nova/Portugal (1919 - 1989)
Lisboa/Portugal
Poema para Iludir a
Vida
Tudo na vida está em esquecer o dia
que passa.
Não importa que hoje seja qualquer
coisa triste,
um cedro, areias, raízes,
ou asa de anjo
caída num paul.
O navio que passou além da barra
já não lembra a barra.
Tu o olhas nas estranhas águas que ele
há de sulcar
e nas estranhas gentes que o esperam
em estranhos portos.
Hoje corre-te um rio dos olhos
e dos olhos arrancas limos e morcegos.
Ah, mas a tua vitória está em saber
que não é hoje o fim
e que há certezas, firmes e belas,
que nem os olhos vesgos
podem negar.
Hoje é o dia de amanhã.
23
Ieda Lucimar
Mastrangelo Corrêa
Nova Friburgo/RJ
Toda mulher se concentre
nesta glória desmedida...
de ter no altar do seu ventre
o amanhã de nova vida!
Isidro Iturat
Villanueva e La Geltrú/Espanha
Cantiga do Viajante
sem Sono
Não podem dormir os meus olhos,
não podem dormir,
porque a serrana diz
que quisera ver-me amanhã.
Não podem dormir os meus olhos,
não podem dormir,
porque a verei no prado,
porque a verei amanhã.
Fernando Pessoa
Lisboa/Portugal (1888 - 1935)
Manjerico, manjerico,
manjerico que te dei,
a tristeza com que fico
inda amanhã a terei.
Antonio Manoel Abreu
Sardenberg
São Fidélis/RJ
Chuva
Lá fora cai a chuva docemente...
dos meus olhos uma chuva de
saudade,
no peito bate um coração ardente
e na alma um quê de felicidade.
Que esta chuva caindo sobre a terra,
transforme em vida todas as sementes,
fertilizando de forma tão materna
ternura que brotou dentro da gente.
Estamos sós, a vida quis assim...
não adianta isso lamentar,
estar longe não quer dizer o fim.
E amanhã quando despontar a
aurora,
vou-me lembrar da chuva que caiu,
sentir sozinho, o que sinto agora!
Eliana Ruiz Jimenez
Balneário Camboriú/SC
Desfazendo a natureza,
vai o homem construtor
desconstruindo a certeza
de um futuro promissor.
José A. Jacob
Juiz de Fora/MG
Crença
Quando firmava o azul e o sol abria
Ao dia a sua bem-aventurança,
O homem bom repartia à vizinhança
Toda espécie de estima que sentia.
E amanhecia cheio de esperança
De vir o dia, após um novo dia,
Para lhe dar apreço e cortesia
Conforme a sua ingênua confiança.
Depois curvava a fé que lhe convinha
24
À soleira da porta, e de tardinha
Fiava as horas, crédulo a sorrir.
E a noite o recolhia nesse afã
De estar sempre esperando esse
Amanhã
E sempre esse Amanhã tardando a
vir...
Belmiro Braga
Vargem Grande (hoje, Belmiro Braga)/MG
(1872 - 1937) Juiz de Fora/MG
A vida, pelo que vejo,
hoje é vale e amanhã cimo:
-A quantos pobres invejo
e a quantos ricos lastimo!
Hélder Proença
Bissau/Guiné Bissau (1956 – 2009)
Não posso adiar a
palavra
Quando te propus
um amanhecer diferente
a terra ainda fervia em lavas
e os homens ainda eram bestas ferozes
Quando te propus
a conquista do futuro
vazias eram as mãos
negras como breu o silêncio da
resposta
Quando te propus
o acumular de forças
o sangue nômade e igual
coagulava em todos os cárceres
em toda a terra
e em todos os homens
Quando te propus
um amanhecer diferente, amor
a eternidade voraz das nossas dores
era igual a «Deus Pai todo poderoso
criador dos céus e da terra»
Quando te propus
olhos secos, pés na terra, e convicção
firme
surdos eram os céus e a terra
receptivos as balas e punhais
as amaldiçoavam cada existência
nossa
Quando te propus
abraçar a história, amor
tantas foram as esperanças comidas
insondável a fé forjada
no extenso breu de canto e morte
Foi assim que te propus
no circuito de lágrimas e fogo, Povo
meu
o hastear eterno do nosso sangue
para um amanhecer diferente!
Alfredo de Castro
Pouso Alegre/MG (1922 - 2011)
Neste momento inseguro,
tanto desmando se vê,
que o povo crê no futuro,
mas já não sabe porque!
Alceu Wamosy
Uruguaiana/RS (1895 — 1923) Santana do
Livramento/RS
Duas almas
Ó tu que vens de longe, ó tu que vens
cansada,
entra, e sob este teto encontrarás
carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão
sozinho.
Vives sozinha sempre e nunca foste
amada...
A neve anda a branquear lividamente
a estrada,
25
e a minha alcova tem a tepidez de um
ninho.
Entra, ao menos até que as curvas do
caminho
se banhem no esplendor nascente da
alvorada.
E amanhã quando a luz do sol dourar
radiosa
essa estrada sem fim, deserta,
horrenda e nua,
podes partir de novo, ó nômade
formosa!
Já não serei tão só, nem irás tão
sozinha:
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade
minha...
Augusto Astério de
Campos
Cachoeira/BA (1925 - ) Rio de Janeiro/RJ
Futuro é ter, conjugado,
em novo tempo presente,
o particípio passado
das esperanças da gente.
Gustavo Adonias Aguiar
Bastos
Salvador/BA
A última noite
Foi a última noite que nos vimos
Bebíamos como se o mundo fosse
acabar
Como se quiséssemos afogar tudo o
que nos fazia mal
Limpar tudo que nos causava aquela
ânsia cáustica
Nos beijávamos ansiosamente
Lábios quentes anunciando
novamente solidão
Abraços fortes, prenúncios de novos
espaços vãos
Carinhos sem futuro, desejos sem
amanhã
E assim vimos o dia clarear
E cada um tomou seu caminho
Sem novos telefonemas
Sem flores ou cartão.
Estás hoje onde te trouxeram teus pensamentos;
estarás amanhã, onde eles te levarem.
James Allen (Grã-Bretanha, 1864 - 2012)
Pedro Du Bois
Balneário Camboriú/SC
Leitura
O texto permanece em palavras
conhecidas. Não são minhas
as letras nem o sentido.
Avanço a leitura e o todo
se fecha em labirintos.
Setores de plenas razões
em agônicas vozes
de vazios olimpos
dessacralizados.
Ouço a dita verdade. Tombo
na velocidade dos que não se voltam.
Sei ser o texto o sinal em antecipação.
O amanhã é denso em imagens
fortuitas de mesmo barulho.
Quase nada.
26
Adalzira Bittencourt
Bragança Paulista/SP (1904 - 1976) Rio de
Janeiro/RJ
Goze o "hoje", esta hora certa,
faça do "agora" o apogeu...
O futuro é coisa incerta,
e o passado já morreu.
Oswaldo Grimaldi
São Paulo/SP
Querer Bem
Se amanhã o sol não voltasse a brilhar
e as praias não pudessem mais se banhar
A noite talvez não chegasse à tardezinha
E assim meu dia terminaria
Talvez o brilho daquela lua
Eu não pudesse mais enxergar
Não adianta mais para o céu
Porque as estrelas não vão mais brilhar
Sem sol e nem lua
A vida perdeu o sentido
O homem virou velho
Por sempre ter mentido
A cidade escureceu
E para as crianças tanto faz
Mas os jovens não aceitam o que estão
vendo
Estar num mundo que não se tem mais
paz.
Tivemos tudo que era perfeito
Mas o homem terminou com o mundo
mais cedo
E assim a minha vida começou a terminar
Não tinha mais paz, amor ou respeito
E comecei a cultivar as sementes
novamente
Aprendendo que amar é o sentimento
verdadeiro
O homem esqueceu de tudo isso
Por causa de algo chamado dinheiro
Quem sabe amanhã o sol nasça
novamente
Com o brilho forte de um astro rei
Talvez amanhã eu acorde
Do lado de quem eu quero bem.
Héron Patrício
Ouro Fino/MG (1931 - 2017) Pouso
Alegre/MG
Frutos de velhos fracassos,
nossos medos são um muro
limitando novos passos
nos caminhos do futuro.
Samuel da Costa
Itajaí/SC
Segredar-te
Queria eu falar-te
Ao pé do ouvido!
Chega aqui...
Bem perto de mim!
Não hoje!
Nem agora!
Nem nunca
Pois o século se finda...
Introspecto!
E um novo se aproxima...
Algo novo vem por ai
Intrínseco!
Extrínseco!
Fugaz
Um mundo novo
Quero-te
Quero-te agora
Com todo o rigor!
De quem vai à guerra!...
Com toda a certeza
Que não de voltar mais.
Pois bem sei
Não haverá...
27
Um novo amanhã possível...
Não para nós dois!
Não tens futuro algum
Ao meu lado!
Pois o nosso século se finda...
Introspecto!
E um novo século inicia.
Intrínseco!
Extrínseco!
Fugaz
Amorfo
Um mundo novo
E artificial
Milton Nunes Loureiro
Campos/RJ (1923 – 2011) Niterói/RJ
O amanhã, que importa agora?
Que nos importa o depois?...
Vamos viver, vida afora,
o imenso amor de nós dois!...
Carolina Ramos
Santos/SP
Boêmio
Boêmio – em turbilhão intenso a vida
esbanjas,
escravo de emoções em noites
deturpadas.
Teu sol, luz de abajur, a arder envolto
em franjas,
tem o álgido livor das frias
madrugadas.
Volúvel, novo amor te aguarda em
cada esquina,
e insatisfeito vai teu coração repleto
dessa ânsia de viver, que arrasta, que
fascina,
alheio à paz de um lar, à placidez de
um teto!
Boêmio, a mocidade é curta… logo
passa!
A seara, quando má, provém de mau
plantio!
Apressa-se o amanhã… o nada te
ameaça
e a solidão abraça o coração vazio!
Paluma Filho
São Gonçalo/RJ +
Plante a semente sem medo,
que a chuva ajuda, asseguro;
a quem planta o trigo cedo,
não falta o pão do futuro!
Helena Kolody
Cruz Machado/PR (1912 — 2004)
Curitiba/PR
Alegria de Viver
Amo a vida.
Fascina-me o mistério de existir.
Quero viver a magia
de cada instante,
embriagar-me de alegria.
Que importa a nuvem no horizonte,
chuva de amanhã?
Hoje o sol inunda o meu dia.
Durval Mendonça
Rio de Janeiro/RJ (1906 - 2001)
Olhando para o futuro,
procurando não sei quem,
vejo tudo muito escuro e,
nesse escuro, ninguém...
Nemésio Prata
Fortaleza/CE
Glosando Jeanete De
Cnop (Maringá/PR)
Mote:
Numa espera doce e mansa,
28
qual zelosa tecelã
bordo rendas de esperança
pra enfeitar nosso amanhã!
Glosa:
Numa espera doce e mansa,
tecendo a minha saudade,
cada segundo que avança
parece uma eternidade!
Nos bilros, busco consolo;
qual zelosa tecelã
vou tecendo, no rebolo,
minhas rendas com afã!
Na almofada da lembrança
com seus tear multicor
bordo rendas de esperança
esperando o meu amor!
De rendeira, fiz a trama,
minha espera não foi vã,
hoje a peça cobre a cama
pra enfeitar nosso amanhã!
Aloísio Alves da Costa
Umari/CE (1935 - 2010) Fortaleza/CE
Na calma das horas mortas,
no meu enlevo, a sonhar,
sempre o futuro abre as portas
e deixa o meu sonho entrar...
Paulo Walbach Prestes
Curitiba/PR
A Ampulheta
O hoje é o agora presente no tempo...
Que escorre fatal entre os dedos da vida.
É sutil como a alma, fugaz como o vento,
E veloz e lento como a triste partida...
O amanhã; esperança e futuro do tempo,
que demora ou apressa a sua chegada;
Transparente ou difuso no encadeamento,
Auspicioso ou negro, tal a luz apagada...
O sino que toca, afugenta o dia...
Levando-o do ontem à posteridade
Pela noite que invade na pura magia,
deixando pra gente a doída saudade...
Funde-se tudo na eternidade,
e não apenas na onírica poesia...
A fina areia silenciosa invade
Na cápsula inversa: eterna liturgia.
Ney Damasceno
Curitiba/PR (1924 – 2005) Rio de
Janeiro/RJ
Pelo tempo edificado,
o Presente é um grande muro,
entre as cinzas do Passado,
e os mistérios do Futuro...
Wanderlino Teixeira Leite
Netto
Niterói/RJ
Poema da manhã sem
tarde
Em tudo a impermanência:
nos amores contingenciais,
na vida efêmera das flores.
Em tudo a ausência do constante,
quando até o instante se transforma
naquilo que já não é.
Nada se abriga sob teto consistente,
nada se obriga,
nada se pauta no amanhã.
Vive-se o presente da manhã sem tarde:
tudo urge, tudo arde, tudo se desfaz
na crepitante fogueira do fugaz.
Durval Mendonça
Rio de janeiro/RJ (1906 - 2001)
O futuro é sempre incerto,
e eu jamais imaginei
que estivesse assim tão perto,
tão perto... que já cheguei...
29
André Luiz de Oliveira
Pinheiro
Rio de Janeiro / RJ
A paz
Ó paz! Que a guerra proclama e não vem
Pomba branca, alvo do canhão, fugidia
Que no céu é a luz da manhã todo dia
A noite, lume na treva, e se mostra
também...
Ó nações! Que buscam essa paz pelas eras
E a pomba branca em pincéis a pintá-la
Esperando em paz pelas mãos a soltá-la
Em bilhões de homens, são pincéis de
quimeras...
Busca vã defraudada! No tempo perdido
Corações incontidos! Se vão colididos
De nações em lutas... De irmãos a brigar...
Mas a paz vislumbrada no amanhã
temido
Não é céu esquecido! É bem requerido
Que do fundo d’alma pomba vai
libertar…
Alcy Ribeiro Souto Maior
Rio de janeiro, RJ (1920 - 2006)
Vivo o presente, o passado
e o futuro a bendizer;
mesmo sofrido e cansado,
basta-me o bem de viver!
Hermes Fontes
Buquim/SE (1880 – 1930)
Sonho Morto
Amanhã, quando o Sonho em que, a rir,
agonizo,
ai! de mim! for a só realidade de um
sonho,
realidade infeliz! será, talvez, preciso
morrer...
Pois venha a Morte. É vir que eu nem me
oponho!
Venha a Morte. E, afinal, às vezes, a
idealizo
no seu luto profundo, infinito e medonho.
Venha-me! E, antevisão terreal do
Paraíso,
Morte Libertadora, é assim que te
suponho!
Vós outros não sabeis o que é arder em
sigilo
por um sonho, antevê-lo, e, em pleno
engano, em pleno
sonho, ver outra mão realizá-lo, atingi-lo!
Nem sabeis que é melhor morrer, forte e
sereno,
do que ter de, alma em febre e rosto
assim tranquilo,
gota a gota, beber esse doce veneno...
Eliana Ruiz Jimenez
Balneário Camboriú/SC
Felicidade almejada,
no meu futuro eu diviso:
-Em teus olhos, a alvorada;
no teu corpo, o paraíso.
José Lucas de Barros
Serra Negra do Norte/RN (1934 – 2015)
Natal/RN
Até parece mentira
Certas coisas deste mundo:
Numa fração de segundo
A roda do tempo gira;
Um instante se retira,
Outro pula no tablado;
O tempo é tão apressado
Que passa pisando a gente…
Futuro é quase presente,
Presente é quase passado.
30
Darly O. Barros
São Paulo/SP
Minha visão de futuro
faz projeções que eu receio:
- Não quero o mundo um monturo,
e eu... parte desse recheio!
Paula Belmino
Lagoa Nova/RN
Sangue de Índio
Sou filha de índio
Aprendi com eles a dançar
Na luta pela mata virgem
Pela floresta livre a passear
Tenho seu sangue
Guerreiros sempre a lutar
Cantam e seus males espantam
Assim com eles vivo a cantar
Sou filha de índio
E os animais são meus companheiros
Amo a natureza
E a ela tenho por minha mãe
Planto, reciclo, não derrubo as árvores,
Alimento-me do suor de minha mão
Sou filha de índio
E respeito a diversidade
Faço barulho pra alegrar a vida
Num ritual de felicidade
Sou pintura e riso
Sou cultura em qualquer parte
Sou filha de índio
Sou beleza, cor e arte.
O sorriso é minha arma
Ecoando pelos quatro cantos do mundo
Na dança de amor pelo futuro.
Não esquecendo as raízes
Quero uma terra sem sangue,
Em paz! Homens felizes!
Sou filha de índio
Meu sangue é deles
E por eles existo e vivo
O amanhã não é um dia a descobrir:
é um dia a inventar, a começar por hoje.
Jacques Salomé (Toulouse/França, 1935)
Arthur Rimbaud
Charleville/França (1854 – 1891)
A Eternidade
De novo me invade.
Quem? – A Eternidade.
É o mar que se vai
Como o sol que cai.
Alma sentinela,
Ensina-me o jogo
Da noite que gela
E do dia em fogo.
Das lides humanas,
Das palmas e vaias,
Já te desenganas
E no ar te espraias.
De outra nenhuma,
Brasas de cetim,
O Dever se esfuma
Sem dizer: enfim.
Lá não há esperança
E não há futuro.
Ciência e paciência,
Suplício seguro.
De novo me invade.
Quem? – A Eternidade.
31
É o mar que se vai
Com o sol que cai.
(Tradução: Augusto de Campos)
Domitilla Borges
Beltrame
São Paulo/SP
Cuidado se ao inocente
mostras um caminho escuro;
és passado, no presente,
comprometendo o futuro.
Millôr Fernandes
Saudação aos que Vão
Ficar
Como será o Brasil
no ano dois mil?
As crianças de hoje,
já velhinhas então,
lembrarão com saudade
deste antigo país,
desta velha cidade?
Que emoção, que saudade,
terá a juventude,
acabada a gravidade?
Respeitarão os papais
cheios de mocidade?
Que diferença haverá
entre o avô e o neto?
Que novas relações e enganos
inventarão entre si
os seres desumanos?
Que lei impedirá,
libertada a molécula
que o homem, cheio de ardor,
atravesse paredes,
buscando seu amor?
Que lei de tráfego impedirá um inquilino
- ante o lugar que vence -
de voar para lugar distante
na casa que não lhe pertence?
Haverá mais lágrimas
ou mais sorrisos?
Mais loucura ou mais juízo?
E o que será loucura? E o que será juízo?
A propriedade, será um roubo?
O roubo, o que será?
Poderemos crescer todos bonitos?
E o belo não passará então a ser feiura?
Haverá entre os povos uma proibição
de criar pessoas com mais de um metro e
oitenta?
Mas a Rússia (vá lá, os Estados Unidos)
não farão às ocultas, homens especiais
que, de repente,
possam duplicar o próprio tamanho?
Quem morará no Brasil,
no ano dois mil?
Que pensará o imbecil
no ano dois mil?
Haverá imbecis?
Militares ou civis?
Que restará a sonhar
para o ano três mil
ao ano dois mil?
Rodolpho Abbud
Nova Friburgo, RJ (1926 - 2013)
Minha esperança renasce
na jornada que palmilho,
quando o meu futuro nasce
no futuro do meu filho.
António Gedeão
Lisboa/Portugal (1906 - 1997)
Poema do Futuro
Conscientemente escrevo e, consciente,
medito o meu destino.
No declive do tempo os anos correm,
deslizam como a água, até que um dia
um possível leitor pega num livro
e lê,
lê displicentemente,
por mero acaso, sem saber porquê.
Lê, e sorri.
Sorri da construção do verso que destoa
no seu diferente ouvido;
sorri dos termos que o poeta usou
onde os fungos do tempo deixaram cheiro
a mofo;
32
e sorri, quase ri, do íntimo sentido,
do latejar antigo
daquele corpo imóvel, exumado
da vala do poema.
Na História Natural dos sentimentos
tudo se transformou.
O amor tem outras falas,
a dor outras arestas,
a esperança outros disfarces,
a raiva outros esgares.
Estendido sobre a página, exposto e
descoberto,
exemplar curioso de um mundo
ultrapassado,
é tudo quanto fica,
é tudo quanto resta
de um ser que entre outros seres
vagueou sobre a Terra.
A realidade de hoje foi o sonho de ontem.
O sonho de hoje será a realidade de amanhã.
E em todas as épocas zombou-se dos sonhadores.
Zalkind Piatigorski (Rio de Janeiro/RJ, 1935 - 1979)
Teresinka Pereira
Ohio/Estados Unidos
O mesmo de sempre
Pouco posso ver
debruçada na janela
que é a minha plataforma
para vigiar o mundo.
Mais que tudo, vejo as árvores
que tapam os edifícios em frente.
Não conheço meus vizinhos,
mas sei das horas que saem
e regressam de seus trabalhos
em seus carros sempre novos.
Minha vida continua
sem mudanças, porque
desejo esta simplicidade.
O futuro e' uma mistificação
do caminho pelo qual
temos que passar
para seguir vivendo.
Adalberto Dutra Rezende
Cataguazes/MG (1913 - 1999)
Bandeirantes/PR
Miragens no fim da estrada,
que a gente jamais alcança.
- Futuro, terra encantada,
onde reside a esperança.
José Saramago
Azinhaga/Portugal (1922 - 2010)
Tias/Espanha
Passado, Presente,
Futuro
Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.
Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.
Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.
Rodolpho Abbud
Nova Friburgo/RJ (1926 - 2013)
Neste amor que nos convence
a não pensar no depois,
o amanhã, que a Deus pertence,
também pertence a nós dois!
33
Miguel Angel Astúrias
Cidade da Guatemala (1899 – 1974)
Inverno
Em súplica de vento, sem cautela,
fui atrás de ti, mulher ; em minha
presença
transportada por luz azul de estrela
de sentido em sentido até a ausência.
Atravessaste, além, os egoísmos
que em silêncio de lágrimas desvelo,
após abismos justapondo abismos,
em minha imensa solidão de gelo.
Como uma aranha grande a chuva tece
com água e vento suas teias móveis.
Que serão, amanhã, quando ela cesse ?
Superfícies de vida sem quebranto,
como serão meus olhos, quando imóveis
tenham chorado já todo o meu pranto ?
Levante-se e vá ver o sol, tomar um banho de mar ou
cachoeira, buscar um amanhã melhor. O amanhã se busca
hoje, agora!
Vanessa da Mata (Alto das Garças/MT)
Alexandre O'Neill
Lisboa/Portugal (1924 - 1986)
Aos Vindouros, se os
Houver...
Vós, que trabalhais só duas horas
a ver trabalhar a cibernética,
que não deixais o átomo a desoras
na gandaia, pois tendes uma ética;
que do amor sabeis o ponto e a vírgula
e vos engalfinhais livres de medo,
sem peçários, calendários, pílula,
jaculatórias fora, tarde ou cedo;
computai, computai a nossa falha
sem perfurar demais vossa memória,
que nós fomos pr’aqui uma gentalha
a fazer passamanes com a história;
que nós fomos (fatal necessidade!)
quadrúmanos da vossa humanidade.
A.A. de Assis
Maringá/PR
Densas nuvens ameaçam
o futuro da criança.
- Mais que as da chuva, que passam,
as nuvens da insegurança.
Ialmar Pio Schneider
Porto Alegre/RS
Noturno
A noite é longa e muito mais se
estenderá…
Tem paciência,
Diz-me a consciência.
Mas um soluço me corta o fôlego.
Espero o sol como a criança
Fica na esperança
De receber um presente
Do Papai-Noel.
Oh! Como vai distante
O sonho não realizado,
34
A incerteza do amanhã.
A noite é longa e muito mais se
estenderá…
Sinto a solidão,
Não há perdão.
Oh! Poema caótico,
Confuso poema,
Vive o momento de ansiedade sem alivio,
É teu destino turvo continuar.
A noite é longa e muito mais se
estenderá…
Obstinadamente recebo emanações de
luz
Na escuridão.
Quero ser alguém liberto das
catástrofes,
Vencer o ―Medo à Liberdade‖.
Enfrentar meu castigo,
Fugir do perigo.
A noite é longa e muito mais se
estenderá…
Lamentar o que?
Eu preciso de você
Nestas horas incoerentes
Que se arrastam devagar.
Aqui junto de mim,
Aguardando amanhecer o dia,
Cheio de alegria
Para uma vida nova;
Enfim, rejuvenescer
E ser capaz de ser audaz, e ser jovial.
A noite é longa e muito mais se
estenderá…
Trova Popular Mineira
Não opino, nem me meto,
em brigas de namorados;
vocês hoje estão brigando
e amanhã estão abraçados.
Antero de Quental
Ponta Delgada/Portugal (1842 - 1891)
Sempre o Futuro,
Sempre! e o Presente
Sempre o futuro, sempre! e o presente
Nunca! Que seja esta hora em que se
existe
De incerteza e de dor sempre a mais
triste,
E só farte o desejo um bem ausente!
Ai! que importa o futuro, se inclemente
Essa hora, em que a esperança nos
consiste,
Chega... é presente... e só á dor
assiste?...
Assim, qual é a esperança que não
mente?
Desventura ou delírio?... O que
procuro,
Se me foge, é miragem enganosa,
Se me espera, pior, espectro impuro...
Assim a vida passa vagarosa:
O presente, a aspirar sempre ao futuro:
O futuro, uma sombra mentirosa.
Messody Ramiro
Benoliel
Rio de Janeiro/RJ
Saudade
bandoleira
sem
ontem
hoje
amanhã
35
Reinaldo Ferreira
Barcelona/Potugal (1922 - 1959)Lourenço
Marques/Moçambique
O Futuro
Aos domingos, iremos ao jardim.
Entediados, em grupos familiares,
Aos pares,
Dando-nos ares
De pessoas invulgares,
Aos domingos iremos ao jardim.
Diremos, nos encontros casuais
Com outros clãs iguais,
Banalidades rituais,
Fundamentais.
Autómatos afins,
Misto de serafins
Sociais
E de estandardizados mandarins,
Teremos preconceitos e pruridos,
Produtos recebidos
Na herança
De certos caracteres adquiridos.
Falaremos do tempo,
Do que foi, do que já houve...
E sendo já então
Por tradição
E formação Antiburgueses
- Solidamente antiburgueses -,
Inquietos falaremos
Da tormenta que passa
E seus desvarios.
Seremos aos domingos, no jardim,
Reacionários.
Nilton Manoel Teixeira
Ribeirão Preto/SP
Na caminhada, maduro,
ponho fogo na fornalha;
quero deixar no futuro,
as lições de quem trabalha.
Filemon F. Martins
Itanhaém/SP
Escada de Trovas :
Futuro
SUBINDO:
―O presente é o que convém‖
quando se pensa na frente,
pois o bem que a vida tem
merece um viver decente.
É preciso que se pense
No futuro da criança,
Doar amor que convence
Faz renascer a esperança.
Não ao destino também
Que o mundo escolhe, afinal,
Porque propagar o bem
É resistir contra o mal.
―O futuro a Deus pertence‖
quando o grão do amor profundo
ao ser plantado, compense
a paz que falta no mundo.
NO TOPO:
―O futuro a Deus pertence‖
não ao destino também.
É preciso que se pense
―o presente é o que convém.‖
Amália Max
Ponta Grossa/PR (1929 - 2014)
Se me deixas por vontade…
se vais para não voltar…
O que é que eu digo à saudade
amanhã, quando acordar?
Vinicius de Moraes
Rio de Janeiro (1913 – 1980)
A Que Há de Vir
Aquela que dormira comigo todas as luas
É a desejada de minha alma.
Ela me dará o amor do seu coração
36
E me dará o amor da sua carne.
Ela abandonará, pai, mãe, filho, esposo
E virá a mim com os peitos e virá a mim com
os lábios...
Ela é a querida da minha alma
Que me fará longos carinhos nos olhos
Que me beijara longos beijos nos ouvidos
Que rirá no meu pranto e rirá no meu riso.
Ela só verá minhas alegrias e minhas tristezas
Temerá minhas cóleras e se aninhará no meu
sossego,
Ela abandonará filho e esposo
Abandonará o mundo e o prazer do mundo
Abandonará Deus e a Igreja de Deus
E virá a mim me olhando do olhos claros
Se oferecendo a minha posse
Rasgando o véu da nudez sem falso pudor
Cheia de uma pureza luminosa.
Ela é a amada sempre nova de meu coração
Ela ficará me olhando calada
Que ela só crerá em mim
Far-me-á a razão suprema das coisas.
Ela é a amada da minha alma triste
E a que dará o peito casto
Onde os meus lábios pousados viverão a vida
do seu coração.
Ela é a minha poesia e a minha mocidade
É a mulher que se guardou para o amado de
sua alma
Que ela sentia vir porque ia ser dela e ela
dele.
Ela é o amor vivendo de si mesmo
É a que dormirá comigo todas as luas
E a quem eu protegerei contra os males do
mundo.
Ela é a anunciada da minha poesia
Que eu sinto vindo a mim com os lábios e
com os peitos
E que será minha, só minha, como a força é
do forte
e a poesia é do poeta.
Belmiro Braga
Vargem Grande (hoje, Belmiro Braga)/MG
(1872 - 1937) Juiz de Fora/MG
Quem maldiz a vida, prova
não conhecer que ela é vã:
- no espaço do berço à cova
há ontem, hoje, amanhã.
Alberto de Magalhães
Hecsher
Rio de Janeiro/GB (1916 - 1950)
Mais Tarde...
Eu penso às vezes que algum dia, certo,
quando mais tarde andarmos pela vida,
com passo incerto e tendo a voz
sumida,
um do outro havemos de passar bem
perto !...
E há de pousar a tua vista erguida
em meu olhar parado... E se ora acerto
nosso passado há de ficar desperto
mesmo que passes despercebida !...
E hão de se ver nos últimos arrancos
nossas ruínas cada qual maior,
todas floridas de cabelos brancos !...
E tal se dando embora não mereças,
- que eu não te veja então será
melhor...
E é bem melhor que não me
reconheças !...
Roberto Pinheiro
Acruche
São Francisco de Itabapoana/RJ
Se o hoje é cheio de dor
não pense que a vida é vã…
enquanto existir amor,
sustente a fé no amanhã!!!
J. G. de Araújo Jorge
Tarauacá/AC (1914 – 1987) Rio de
Janeiro/RJ
Canto do Tempo
A tua voz também estará no apito dos
navios que vão e vêm
37
por todos os portos,
trocando paisagem na retina dos
viajantes
e misturando destinos, raças e bandeiras!
E estará no guincho das ferragens dos
guindastes curvados
em filas, pelos cais,
como os vultos dos trapicheiros com os
fardos pesados
às costas;
e estará em todas as engrenagens, em
todas as máquinas,
e na protofônica orquestração metálica
dos seus êmbulos, dínamos e
alavancas!
E estará no apito do trem resfolegante
varando a noite com seu vulto sinuoso
e expresso,
a cantar pelos trilhos a ária estridente
do progresso!
E no ruído fantástico de besouro irreal
que é a alma da cidade,
e na zoeira infernal, e no sonoro escarcéu,
dos motores dos aviões entoando pelo céu
o hino da velocidade
E no buzinar dos automóveis, e no
apito de todos os veículos
com as suas ferragens
nas derrapagens;
e na algazarra da cidade - que é onde
o rio da vida
tem a sua foz,-
e nos gritos dos homens, dos vendeiros,
dos jornaleiros
estará a tua voz!
Em meio à coral inorquestrável,
beethovênica
e wagnérica,
da sinfonia da cidade dinâmica e
feérica,
meio tonto, meio divino, meio
atordoado,
- farás o solo inconfundível
e destacado!
Porque então tua voz será o canto do
século,
tua poesia a vida do teu tempo,
e teu destino
a letra universal de um imponente
hino!
Antonio Juraci Siqueira
Belém/PA
Ampara o menor que implora
tua ajuda e, nesse afã,
plantarás no chão do agora
a semente do amanhã.
Cecy Barbosa Campos
Juiz de Fora/MG
O Tempo
O tempo passa e se esvai, levando com
ele a oportunidade única que nunca se
terá outra vez. O momento perdido é
irrecuperável, pois não se pode
retornar ao passado.
Qual marcas, deixadas na areia, que
desaparecem em breves instantes à
chegada da onda curiosa, que
arrebata para si os vestígios deixados
pelo homem, o tempo é inexorável e
passa carregando tudo aquilo que
ficou encalhado pela negligência, pela
omissão e pela falta de iniciativa.
Portas se fecham, porque fibra e
coragem faltaram no momento
preciso, e o tempo da ação fugiu por
entre os dedos daquele que acabou
morrendo na praia.
As ações mais corriqueiras têm o seu
―timing‖ que, quando perdido, pode
levar à obscuridade, ao sofrimento e a
uma mudança de rumo que fará toda
a diferença.
38
Flavia Wenceslau
Eu te desejo vida, longa vida
Te desejo a sorte de tudo que é bom
De toda alegria, ter a companhia
Colorindo a estrada em seu mais belo tom
Eu te desejo a chuva na varanda
Molhando a roseira pra desabrochar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
Eu te desejo a paz de uma andorinha
No voo perfeito contemplando o mar
E que a fé movedora de qualquer montanha
Te renove sempre e te faça sonhar
Mas se vierem horas de melancolia
Que a lua tão meiga venha te afagar
E que a mais doce estrela seja tua guia
Como mãe singela a te orientar
E que a mais doce estrela seja tua guia
Como mãe singela a te orientar
Eu te desejo mais que mil amigos
A poesia que todo poeta esperou
Coração de menino cheio de esperança
Voz de pai amigo e olhar de avô
Eu te desejo a chuva na varanda
Molhando a roseira pra desabrochar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
Eu te desejo vida
Te desejo vida
Te desejo vida
Te desejo vida
Te desejo vida
39
Folhetim Literário
“Desiderata”
Seleção, layout, pesquisa, arte final:
José Feldman
Maringá/PR
Setembro de 2018
Sugestões, colaborações, agradecimentos
email: florilegiodetrovas@vivaldi.net
Os textos foram obtidos na internet, livros, jornais e
revistas. Todos têm o nome dos respectivos
autores.
Caso não haja, é identificado como Desconhecido
ou Anônimo. Caso saiba a quem pertence,
comunique no email ao lado para que seja feita
uma errata em número posterior.
O mesmo procedimento em relação às imagens.
Os textos e poemas por princípio não possuem
caráter político, religioso, preconceituosos e
nem pornográficos.
Podem ocorrer erros de digitação ou
ortográficos, por mais revisados que sejam,
assim como a correção quando assim se fizer
necessário.
Os versos em português de Portugal foram
convertidos para o português do Brasil.
Esta publicação não pode ser comercializada em
hipótese alguma, sem a permissão de seus autores
ou representantes legais.
40
José Feldman nasceu em São Paulo/SP, em 1954. Morou 2 anos em Curitiba, 10 anos em
Ubiratã/PR e finalmente radicou-se em Maringá/PR em 2011.
Iniciou-se nas trovas com o Magnífico Trovador Izo Goldman, na cidade paulistana. Estudou
romance com Mário Amato e Ficção Científica na literatura e no cinema com o escritor de renome
internacional, falecido em Curitiba, André Carneiro, tornando-se amigos. Neste tempo fez amizade
com o escritor Artur da Távola, que lhe deu orientações para o desenvolvimento de seu trabalho no
mundo da literatura.
Em 1995 casou-se com a escritora e tradutora, professora de literatura inglesa da
Universidade Estadual de Maringá, pós-doutorada em Toronto/Canadá, Alba Krishna Topan e
mudou-se para o Paraná, onde foi, pela União Brasileira dos Trovadores, Delegado de Ubiratã,
membro da UBT Maringá e auxiliar de delegado em Arapongas/PR. Divorciou-se em 2017.
Premiado em alguns concursos de trovas, como Ribeirão Preto, Nova Friburgo, Curitiba,
Santos, etc. e no concurso de poesias de Teófilo Ottoni/MG, 2018. Escritor, poeta, trovador, gestor
cultural, orientador, criou o blog http://singrandohorizontes.blogspot.com.br em 2007, e
http://florilegiodetrovas.blogspot.com.br, em 2016. Idealizador e editor dos ebooks Chuva de
Versos com mais de 400 números, Trova Brasil, Almanaque Paraná, O Encanto das Trovas,
Florilégio de Trovas, O Voo da Gralha Azul e Folhetim Literário Desiderata.
Foi vice-presidente da Associação de Literatos de Ubiratã e atual presidente estadual do Paraná da Academia de Letras do Brasil, tendo por
patrono Paulo Leminski, medalha de mérito cultural Euclides da Cunha da Academia de Letras em Berna/Suiça e membro desta Academia,
tendo por patrono Mário Quintana, Conselheiro Internacional do Movimento União Cultural, acadêmico correspondente de Acad.de Letras de
Teófilo Otoni/MG, Sociedade Mundial de Poetas, Unión Hispanomundial de Escritores, Casa do Poeta Lampião de Gaz, Medalha de Mérito
Cultural da Academia Pan Americana de Letras e Artes, Mérito Cultural da Academia .Brasileira de Trovas e Medalha Heitor Stockler de
França, da UBT Paraná.
Livros publicados na Coleção Terra e Céu, em 2016 com trovas de sua autoria e de seu mestre Izo Goldman e “Canteiro de Trovas”, com
suas trovas. Poesia na Edição comemorativa de 35 anos do Movimento Poético em São Paulo e Café com Letras, da Acad.de Letras de
Teófilo Ottoni. Crônica em coletânea organizada por Isabel Furini, de Curitiba. Prefácio em livros de Isabel e Átila José Borges. Trovas em
livros de Vânia Ennes, de Curitiba e da UBT Nacional. Referência no livro A Trova, de Carolina Ramos, e em boletins nacionais. Seu nome foi
citado nos Anais da Academia de Letras Maçonicas.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A passarola (sonho e utopia) em Memorial do Convento
A passarola (sonho e utopia) em Memorial do ConventoA passarola (sonho e utopia) em Memorial do Convento
A passarola (sonho e utopia) em Memorial do ConventoElisabete
 
Simbolismo da passarola - "Felizmente há luar"
Simbolismo da passarola - "Felizmente há luar"Simbolismo da passarola - "Felizmente há luar"
Simbolismo da passarola - "Felizmente há luar"becresforte
 
Orgasmo dos deuses e outros poemas
Orgasmo dos deuses e outros poemasOrgasmo dos deuses e outros poemas
Orgasmo dos deuses e outros poemasJulio Carrara
 
Milton Hênio Netto de Gouvêa Discurso de Posse na Sobrames Nacional 1998
Milton Hênio Netto de Gouvêa Discurso de Posse na Sobrames Nacional 1998Milton Hênio Netto de Gouvêa Discurso de Posse na Sobrames Nacional 1998
Milton Hênio Netto de Gouvêa Discurso de Posse na Sobrames Nacional 1998Sérgio Pitaki
 
Down ea noitenegra_original
Down ea noitenegra_originalDown ea noitenegra_original
Down ea noitenegra_originalROBERTO MIRANDA
 
Bocage improvisos de bocage
Bocage   improvisos de bocageBocage   improvisos de bocage
Bocage improvisos de bocageAriovaldo Cunha
 

Mais procurados (20)

13. tqa ufmg 2012, 10
13. tqa ufmg 2012, 1013. tqa ufmg 2012, 10
13. tqa ufmg 2012, 10
 
Os pobres raul brandao
Os pobres   raul brandaoOs pobres   raul brandao
Os pobres raul brandao
 
Em sentido contrário - 7º 4ª
Em sentido contrário - 7º 4ªEm sentido contrário - 7º 4ª
Em sentido contrário - 7º 4ª
 
Em sentido contrário - 7º 6ª
Em sentido contrário - 7º 6ªEm sentido contrário - 7º 6ª
Em sentido contrário - 7º 6ª
 
Mergulhar
Mergulhar Mergulhar
Mergulhar
 
Marte e-a-mente-do-homem
Marte e-a-mente-do-homemMarte e-a-mente-do-homem
Marte e-a-mente-do-homem
 
Em sentido contrário - 7º 5ª
Em sentido contrário - 7º 5ªEm sentido contrário - 7º 5ª
Em sentido contrário - 7º 5ª
 
A passarola (sonho e utopia) em Memorial do Convento
A passarola (sonho e utopia) em Memorial do ConventoA passarola (sonho e utopia) em Memorial do Convento
A passarola (sonho e utopia) em Memorial do Convento
 
Errorragia
ErrorragiaErrorragia
Errorragia
 
Simbolismo da passarola - "Felizmente há luar"
Simbolismo da passarola - "Felizmente há luar"Simbolismo da passarola - "Felizmente há luar"
Simbolismo da passarola - "Felizmente há luar"
 
Soli10 de março
Soli10 de marçoSoli10 de março
Soli10 de março
 
Eternizadas dez__16
Eternizadas  dez__16Eternizadas  dez__16
Eternizadas dez__16
 
Orgasmo dos deuses e outros poemas
Orgasmo dos deuses e outros poemasOrgasmo dos deuses e outros poemas
Orgasmo dos deuses e outros poemas
 
Luís vaz de camões (1524 – 1580
Luís vaz de camões (1524 – 1580Luís vaz de camões (1524 – 1580
Luís vaz de camões (1524 – 1580
 
Milton Hênio Netto de Gouvêa Discurso de Posse na Sobrames Nacional 1998
Milton Hênio Netto de Gouvêa Discurso de Posse na Sobrames Nacional 1998Milton Hênio Netto de Gouvêa Discurso de Posse na Sobrames Nacional 1998
Milton Hênio Netto de Gouvêa Discurso de Posse na Sobrames Nacional 1998
 
Poema de mil faces
Poema de mil facesPoema de mil faces
Poema de mil faces
 
Down ea noitenegra_original
Down ea noitenegra_originalDown ea noitenegra_original
Down ea noitenegra_original
 
Português – figuras de linguagem 01 2014
Português – figuras de linguagem 01   2014Português – figuras de linguagem 01   2014
Português – figuras de linguagem 01 2014
 
Bocage improvisos de bocage
Bocage   improvisos de bocageBocage   improvisos de bocage
Bocage improvisos de bocage
 
Poesia e prosa
Poesia e prosaPoesia e prosa
Poesia e prosa
 

Semelhante a A nova visão do homem após a conquista espacial

Camille flammarion como acabará o mundo
Camille flammarion   como acabará o mundoCamille flammarion   como acabará o mundo
Camille flammarion como acabará o mundoClaudia Ruzicki Kremer
 
J herculano pires o menino e o anjo (juvenil)
J herculano pires   o menino e o anjo (juvenil)J herculano pires   o menino e o anjo (juvenil)
J herculano pires o menino e o anjo (juvenil)Claudia Ruzicki Kremer
 
Semear, Resistir, Colher.
Semear, Resistir, Colher.Semear, Resistir, Colher.
Semear, Resistir, Colher.Sílvio Mendes
 
Erg o decimo planeta - roger feraudy
Erg   o decimo planeta - roger feraudyErg   o decimo planeta - roger feraudy
Erg o decimo planeta - roger feraudyJorge Marcelos
 
Erg o decimo planeta - roger feraudy
Erg   o decimo planeta - roger feraudyErg   o decimo planeta - roger feraudy
Erg o decimo planeta - roger feraudyJorge Marcelos
 
Ramatis~Professias S Planeta
Ramatis~Professias S PlanetaRamatis~Professias S Planeta
Ramatis~Professias S Planetaguestb63122
 
Ramatis profecias planeta.pps
Ramatis profecias planeta.ppsRamatis profecias planeta.pps
Ramatis profecias planeta.ppsTiago Spina
 
Ramatis profecias sobre o planeta e o Brasil
Ramatis profecias sobre o planeta e o BrasilRamatis profecias sobre o planeta e o Brasil
Ramatis profecias sobre o planeta e o BrasilMarlene2012
 
Ramatis~ Professias S Planeta = Recebido Cristina E Enviado Pelo Moacir Em 24 01
Ramatis~ Professias S Planeta = Recebido Cristina E Enviado Pelo Moacir Em 24 01Ramatis~ Professias S Planeta = Recebido Cristina E Enviado Pelo Moacir Em 24 01
Ramatis~ Professias S Planeta = Recebido Cristina E Enviado Pelo Moacir Em 24 01guest1c3571
 
Ramatis profecias do Planeta Terra
Ramatis profecias do Planeta TerraRamatis profecias do Planeta Terra
Ramatis profecias do Planeta TerraAmadeu Wolff
 
A Atlandida De Cristo A Colombo
A Atlandida De Cristo A ColomboA Atlandida De Cristo A Colombo
A Atlandida De Cristo A ColomboJNR
 
Emmanuel Mounier - A Existência Encarnada
Emmanuel Mounier - A Existência EncarnadaEmmanuel Mounier - A Existência Encarnada
Emmanuel Mounier - A Existência Encarnadaluvico
 

Semelhante a A nova visão do homem após a conquista espacial (20)

Camille flammarion como acabará o mundo
Camille flammarion   como acabará o mundoCamille flammarion   como acabará o mundo
Camille flammarion como acabará o mundo
 
Magnetismo terrestre
Magnetismo terrestreMagnetismo terrestre
Magnetismo terrestre
 
Magtertexto
MagtertextoMagtertexto
Magtertexto
 
Magter
MagterMagter
Magter
 
J herculano pires o menino e o anjo (juvenil)
J herculano pires   o menino e o anjo (juvenil)J herculano pires   o menino e o anjo (juvenil)
J herculano pires o menino e o anjo (juvenil)
 
We Are Here
We Are HereWe Are Here
We Are Here
 
Edição n. 31 do CH Noticias - Janeiro/2018
Edição n. 31 do CH Noticias - Janeiro/2018Edição n. 31 do CH Noticias - Janeiro/2018
Edição n. 31 do CH Noticias - Janeiro/2018
 
Ria5
Ria5Ria5
Ria5
 
Semear, Resistir, Colher.
Semear, Resistir, Colher.Semear, Resistir, Colher.
Semear, Resistir, Colher.
 
Erg o decimo planeta - roger feraudy
Erg   o decimo planeta - roger feraudyErg   o decimo planeta - roger feraudy
Erg o decimo planeta - roger feraudy
 
Erg o decimo planeta - roger feraudy
Erg   o decimo planeta - roger feraudyErg   o decimo planeta - roger feraudy
Erg o decimo planeta - roger feraudy
 
Ramatis~Professias S Planeta
Ramatis~Professias S PlanetaRamatis~Professias S Planeta
Ramatis~Professias S Planeta
 
Ramatis profecias planeta.pps
Ramatis profecias planeta.ppsRamatis profecias planeta.pps
Ramatis profecias planeta.pps
 
Ramatis profecias sobre o planeta e o Brasil
Ramatis profecias sobre o planeta e o BrasilRamatis profecias sobre o planeta e o Brasil
Ramatis profecias sobre o planeta e o Brasil
 
Ramatis~ Professias S Planeta = Recebido Cristina E Enviado Pelo Moacir Em 24 01
Ramatis~ Professias S Planeta = Recebido Cristina E Enviado Pelo Moacir Em 24 01Ramatis~ Professias S Planeta = Recebido Cristina E Enviado Pelo Moacir Em 24 01
Ramatis~ Professias S Planeta = Recebido Cristina E Enviado Pelo Moacir Em 24 01
 
Ramatis profecias do Planeta Terra
Ramatis profecias do Planeta TerraRamatis profecias do Planeta Terra
Ramatis profecias do Planeta Terra
 
A Atlandida De Cristo A Colombo
A Atlandida De Cristo A ColomboA Atlandida De Cristo A Colombo
A Atlandida De Cristo A Colombo
 
Emmanuel Mounier - A Existência Encarnada
Emmanuel Mounier - A Existência EncarnadaEmmanuel Mounier - A Existência Encarnada
Emmanuel Mounier - A Existência Encarnada
 
Magnetismoterrestre2
Magnetismoterrestre2Magnetismoterrestre2
Magnetismoterrestre2
 
Magnetismoterrestre2
Magnetismoterrestre2Magnetismoterrestre2
Magnetismoterrestre2
 

Último

Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila RibeiroMarcele Ravasio
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfManuais Formação
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
Nova BNCC Atualizada para novas pesquisas
Nova BNCC Atualizada para novas pesquisasNova BNCC Atualizada para novas pesquisas
Nova BNCC Atualizada para novas pesquisasraveccavp
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxOsnilReis1
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 

Último (20)

Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
Nova BNCC Atualizada para novas pesquisas
Nova BNCC Atualizada para novas pesquisasNova BNCC Atualizada para novas pesquisas
Nova BNCC Atualizada para novas pesquisas
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 

A nova visão do homem após a conquista espacial

  • 1. 1
  • 2. 2 J. G. de Araújo Jorge Tarauacá/AC (1914 – 1987) Rio de Janeiro/RJ Estamos nos limites de uma época - momento grave da entrega do bastão, na maratona da História. Fim de etapa, começo de outra. Dialeticamente chegamos a uma nova síntese. O homem se encontra, não apenas em face de um mundo novo, mas de ―novos mundos‖, tal como a civilização medieval na era dos grandes descobrimentos marítimos. Não foi sem razão, portanto, que chamaram os astronautas da Apolo-8 de ―Colombos do espaço‖. Do mesmo modo que os Colombos, os Magalhães, dilataram o mundinho mediterrâneo, o fechado ―maré nostrum‖ romano, e deram ao Atlas terrestre suas proporções atuais, os recentes feitos da Astronáutica subverteram as dimensões da nossa acanhada geografia. - Universo à vista! O Gênesis tem que ser reescrito. ―No princípio Deus criou os céus...‖ e as terras. Muitas terras gravitando em imensos vazios, mas com certeza habitadas por outros seres, parecidos ou não com os Adões e Evas do perdido Éden. Subitamente somos passado e futuro. Decolamos de nós mesmos, do que ―éramos‖, como um foguete rompendo a área gravitacional da Terra, e investindo o desconhecido. Olhamo-nos no espelho, e não nos reconhecemos em corpo e alma. Nossas ideias terão que ser reestruturadas em função deste deslocamento físico, das alterações de nossa visão cultural; da imprevista realidade descortinada; do homem inédito em que nos sentimos. Saímos da casca, como o pinto, e devemos encarar tal fato como uma projeção natural do nosso eu ante as espantosas conquistas da ciência moderna. Todos nós crescemos, e vivemos, sabendo que a Terra é redonda, que gira em torno de si mesma, e entorno do Sol. Está nos compêndios que compulsamos desde o curso primário, no globo terrestre que a professora tinha em cima da mesa. Mas, no fundo, todos nós esperávamos pela ―prova real‖ dessa velha lição. Como S. Tomé: ―Ver para crer‖. Já ouvi um garoto perguntar ao pai, como é que o japonês podia andar de cabeça para baixo, do outro lado do mundo? E da ingênua conjetura de um companheiro: por que um avião ―parado‖ no ar, não fazia a volta à Terra em 24 horas, se ela completa seu giro nesse tempo? As explicações da lei de Newton nos deixavam incrédulos, a pensar neste estranho mundo redondo, a rodar nos céus, com todas as coisas presas no chão, sem que as imensas massas líquidas dos oceanos não se soltassem, e com
  • 3. 3 elas, algas, peixes, baleias, tubarões, a voarem como pássaros! Os garotos de agora não terão motivos de dúvida. Viram, como eu vi, na televisão, os filmes tirados por Borman, Lovel e Anders, quando a mais de 400 mil quilômetros de nosso planeta, circunavegavam a Lua (Três meses depois de escrita esta crônica, a 20 de julho de 1969, Armstrong, Aldrin e Collina, os três astronautas norte- americanos chegaram a lua, tendo os dois primeiros descido na superfície lunar). E todos compreendemos, então, que o homem deixou de ser um simples habitante terreno. Seu ―espaço‖ ampliou-se. Até agora, víamos tudo, do chão, colados, como as serpentes. De repente, ultrapassamos as próprias aves - somos aves de infinito voo, - e é como se descobríssemos a Terra - habitantes de outro planeta - livres das milenares raízes que nos agarram ao solo. Einstein se imaginou numa estrela, Arturus, para, livre da lei da gravidade, descobrir a sua ―teoria da relatividade‖. Borman e seus companheiros se encontram realmente na situação imaginada pelo gênio de Einstein, e devem ter descoberto uma teoria mais simples: a da humanidade. Paradoxalmente foi preciso que se afastassem da Terra para se ―humanizarem‖, no sentido de compreenderem ao mesmo tempo a insignificância e a grandeza do homem. O Universo, apenas palavra, poesia - tem agora um sentido tão próximo, palpável, como praia, mulher, edifício, sorvete. Lovel declarou, vendo a Terra à distância, como uma bola iluminada, que, naquele momento, duvidou que ela pudesse ser habitada. Assistindo o filme, e a nos repetirmos a cada instante: inacreditável! - também perguntamos: será que há seres naquela ―lua grande‖? E Lovel concluiu: ―O mundo pareceu-me então, realmente um mundo só‖. Positivamente, como se falar em guerras por palmos (palmos, mesmo) de terra, diante dessa imagem extraordinária? Eu, por mim, não pude conter a irritação, quando, logo após o locutor se referia à disputa entre árabes e judeus, por nesgas de deserto, de areal, na península do Sinai. Tudo me pareceu de proporções liliputianas! Que tacanha a mentalidade de nossos estadistas! Se eu fosse Borman, a primeira coisa que teria proposto ao meu governo ao sair da cápsula, na volta seria: ―Que seja criado um governo Universal!‖ Não somos mais que um átomo a girar nos espaços. É estúpido que permaneçamos a usar um sistema métrico mental ultrapassado; que insistamos em nos autodestruir e a nos entre devorar. Tal apelo, hoje, não saberia mais a utopia. Se Borman o fizesse, teria completado a sua oração, ao ler, no Cosmo, um capítulo do Gênesis. Sim, o Gênesis terá que ser reescrito. Esta é a hora de revisarmos valores, ideias, e até palavras. Fronteiras, pátrias, religiões, formas arcaicas de
  • 4. 4 uma civilização para trás, devem e terão que ser necessariamente reconceituadas. As ONUS, OEAS, UNESCOS, meras siglas sem significado real, não funcionarão enquanto o nosso mundo subdividido continuar sujeito à espoliação dos fracos pelos fortes, às competições desleais entre ricos e nobres, com uma infra-estrutura anterior à era da energia atômica, da astronáutica, dos transplantes, da eletrônica. Há um mundo novo pela frente. Um mundo que deverá se organizar à base das necessidades fundamentais do homem, físicas e culturais, despojando as sociedades de inúteis e anacrônicos aparatos bélicos. As fardas, para os museus. As fronteiras não estão mais na terra. As pátrias têm novo sentido. As religiões serão reinventadas, para que permaneçam arrimo e esperança. A Bíblia, velha colcha de retalhos, remendada pelos hebreus, será relegada à sua condição de mitologia lendária do Oriente. A Igreja não considera mais a Terra o ―centro do Universo‖, renegou Ptolomeu, admite outros mundos habitados. Concordou afinal com Galileu, e quem sabe? -com Renan. Re-estudar a natureza mística de Cristo não será mais heresia. De quantos Cristos precisaria Deus para redimir incontáveis ―humanidades‖? As fronteiras são rabiscos de giz, num quadro-negro, que as gerações apagam com facilidade espantosa. O nacionalismo, já o definia Goethe, como ―sarampo dos povos‖, doença primária, e passageira. As pátrias, armadas, mais que amadas, caducaram. Absurdo que se justifiquem genocídios brutais, à base de conceitos artificialmente alimentados ao som de bandas de música e de discursos políticos. O homem é um só. O Universo, o seu mundo. E é diante desta visão, desta realidade nova, que deveremos reconstruir-nos para conquistar os caminhos que Deus projetou à nossa frente. À maneira dos velhos marinheiros, do alto dos mastros das caravelas, agora podemos gritar: - Universo à vista!
  • 5. 5
  • 6. 6 Elisabete Aguiar Mangualde/Portugal Sabes? Se estás perdido na bruma, em nevoeiro e solidão, sabe que tudo é espuma, nada passa de ilusão. Se te afundas na agonia de uma sombria ansiedade, sabe que a luz, mesmo esguia, vem derramar claridade. Se vacilas no torpor da dúvida e da incerteza, sabe que os braços do Amor te guiam para a Beleza. Se entontecido mergulhas em ruidosa e louca orgia, sabe que rudes agulhas dilaceram a Alegria. Se vais ao sabor do vento, nas velas de uma miragem, sabe que em cada momento se recomeça a Viagem. Se te revoltas na dor e te alegras no prazer, sabe que por teu labor conquistas seu renascer. Se nas trevas da amargura anseias por todo o Bem, sabe que em tua doçura Ele já morada tem. Se em teu medonho caminho, por espinhos encrespado, sofres na alma em desalinho e segues dilacerado… Se essa saudade magoada, do sonho que mal sonhaste, estimula a Caminhada que ainda agora começaste… Sabe que há sempre uma luz a estrelar a noite escura, e o pensamento traduz para a manhã a brancura. A Esperança é passaporte para o reino do amanhã; sabe que serás mais forte! Sabe que Ela é tua irmã!
  • 7. 7 Francisco J. Pessoa Fortaleza/CE Do amanhã, que mais espero, é esquecer o que passou... amar mais a quem mais quero, e ser melhor do que sou. Neyd Montingelli Curitiba/PR Pense! Pense na vida como ela é. Pense na morte como será. Pense no hoje pelo que fazer. Pense no amanhã pelo que fará. Pense na hora que vai acabar, Pense no compromisso que vai perder, Pense no serviço por terminar. Pense no desperdício para remoer. Pense no amor para amar, Pense no bem que ele lhe faz Pense no carinho para compartilhar Pense em tudo que lhe apraz. Janske N. Schlencker Curitiba/PR A canção da floresta Hoje teu nome é FLORESTA o que serás amanhã? Hoje me encantam as flores amanhã talvez não haja primavera Hoje há milagres nas árvores amanhã restarão alguns troncos Hoje o vento é um amigo amanhã ele ajudará a destruir Hoje eu te amo verde amanhã respiraremos cinzas Hoje teu nome é FLORESTA amanhã choraremos num deserto... Arlindo Tadeu Hagen Juiz de Fora/MG Não julgues pelo passado que o futuro está perdido porque atrás de um céu nublado há sempre um sol escondido! Álvaro de Campos (Pseudônimo de Fernando Pessoa) Tavira/Portugal (1890 – 1935) Adiamento Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã... Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã, E assim será possível; mas hoje não... Não, hoje nada; hoje não posso. A persistência confusa da minha subjetividade objetiva, O sono da minha vida real, intercalado, O cansaço antecipado e infinito, Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico... Esta espécie de alma... Só depois de amanhã... Hoje quero preparar-me, Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte... Ele é que é decisivo. Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos... Amanhã é o dia dos planos.
  • 8. 8 Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo; Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã... Tenho vontade de chorar, Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro... Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo. Só depois de amanhã... Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana. Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância... Depois de amanhã serei outro, A minha vida triunfar-se-á, Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático Serão convocadas por um edital... Mas por um edital de amanhã... Hoje quero dormir, redigirei amanhã... Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância? Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã, Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo... Antes, não... Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser. Só depois de amanhã... Tenho sono como o frio de um cão vadio. Tenho muito sono. Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã... Sim, talvez só depois de amanhã... O porvir... Sim, o porvir... Eliana Ruiz Jimenez Balneário Camboriú/SC O futuro do planeta não é segredo a ninguém; preserve e se comprometa que a vida assim se mantém. Elisa Alderani Ribeirão Preto/SP Amanhã Amanhã o sol voltará, com nuvens ou sem nuvens o dia começará... Talvez para alguém a noite continue, mas ninguém voltou para nos falar como será a Luz na noite Eterna... "Amanhã" tem sentido de esperança, supera as dificuldade presentes! Amanhã será um dia diferente... O amor de repente pode chegar; sonhar e tão bom quanto o viver! Amanhã não vou chorar posso ter felicidade plena... e assim continuar a sonhar: Amanhã, amanhã, amanhã... Nós vivemos a temer o futuro, mas é o passado que nos atropela e mata. Mário Quintana (Alegrete/RS, 1906-1997) Porto Alegre/RS
  • 9. 9 Darly O. Barros São Paulo/SP Minha visão de futuro faz projeções que eu receio: - Não quero o mundo um monturo e eu parte desse recheio… Maria Antonieta Gonzaga Teixeira Castro/PR Esperança Amanhã! Quero acordar amanhã ao romper da aurora, Ver o sol que desponta com seus raios luminosos, Sentir o aroma das flores dos jardins e campos floridos. Amanhã! Preciso mirar o verde das matas, o voo dos pássaros, Ouvir o murmúrio das águas dos rios e cascatas. Pular, gritar e, ao fim do amanhã, ver o céu estrelado. Amanhã! Desejo ver o cruzeiro do sul, O universo seguir o seu destino, Os planetas, contados em prosas e versos. Oh! Amanhã! Sonhar! ... em noites de primavera, Na esperança dos muitos dias de luz. Amanhã! Ieda Lucimar Mastrangelo Corrêa Nova Friburgo/RJ O amanhã não tem direito de truncar nossos caminhos... como pode o amor perfeito medrar por entre os espinhos?... JB Xavier São Paulo/SP Se eu me for O sono demorou, e enquanto eu lia Lembrei que eu posso até nem acordar... Será que eu me esforcei em te mostrar Que te amo imensamente, todo dia? Terei te dito até que eu morreria Se fosses tu, assim, a me deixar? Que eu nunca mais teria a quem amar Que o mundo sem ti é pura agonia? Pensei se demonstrei quanto te amei... E se amanheceres sem ninguém, Sem mais ouvir os poemas que declamo? Então toquei teu ombro e te acordei E antes que adormeças ouve bem - Acaso eu não acorde, amor, te amo! Flávio Roberto Stefani Porto Alegre/RS Brinquedos de guerra, não, pois quem brinca de matar, amanhã – de arma na mão -, vai matar para brincar! Gonçalves Dias Caxias/MA (1823 – 1864) Guimarães/MA Amanhã Amanhã! — é o sol que desponta, É a aurora de róseo fulgor, É a pomba que passa e que estampa Leve sombra de um lago na flor.
  • 10. 10 Amanhã! — é a folha orvalhada, É a rola a carpir-se com dor, E da brisa o suspiro, — é das aves Ledo canto, — é da fonte o frescor. Amanhã! — são acasos da sorte; O queixume, o prazer, o amor, O triunfo que a vida nos doura, Ou a morte de baço palor. Amanhã! — é o vento que ruge, A procela de horrendo fragor, É a vida no peito mirrada, Mal soltando um alento de dor. Amanhã! — é a folha pendida, E' a fonte sem meigo frescor, São as aves sem canto, são bosques Já sem folhas, e o sol sem calor. Amanhã! — são acasos da sorte! É a vida no seu amargor, Amanhã! — o triunfo, ou a morte; Amanhã! — o prazer, ou a dor! Amanhã! — que te importa se existes? Folga e ri de prazer e de amor; Hoje o dia nos cabe e nos toca, De amanhã Deus somente é Senhor! Quadra Popular Hoje não venhas tarde Dizes-me tu com carinho Ou compras um relógio novo Ou amanhã vai de carrinho. Maria da Glória Colucci Curitiba/PR Amanhã Passas sem sequer me veres. Vives sem sequer me olhares. Hoje és, apenas, o Amanhã. Brilhas sem sequer saberes Teus próprios e estranhos poderes. Amanhã serás, apenas, Hoje. Aguardo-te em meus desalinhos. Segues teus fluxos e caminhos. Lamento, Amanhã: tu não existes!!! Prof. Garcia Caicó/RN Viver por viver somente, faz teu mundo tão perjuro, que este teu falso presente, é o presente do futuro. Odair Roberto da Silva Ubiratã/PR Amazônia Oh! Pobre Amazônia! Berço esplêndido de beleza infinda Quanto tempo de vida terás ainda? Teus sequazes predadores não pensam na dor Que tua destruição provoca em nosso corações. Humilde berço de um flamejante amor Galhardeando em tuas razões. Oh! Linda Amazônia! Gáudios tempos foram aqueles áureos dias, Quando a devastação tu ainda não sofrias E em teu seio reinava a fulgente harmonia natural.
  • 11. 11 Doiravas ao sol, estrela de imponente ardor. Deitavas as planícies, esbelta riqueza tropical, Sonhavas teu futuro num meio de paz e amor. Oh! Pobres diabos! Aqueles que em ti cavam a própria sepultura! Patrimônio da humanidade, berço de tanta agrura. Falazes homens de monstrengas almas A podar em ti a vida em seu porvir. Quando na destruição de tua existência não te acalmas. Pobres demônios vêm de tua morte rir. Oh! Amazônia! Passado, Presente e futura. Vingarás um dia esta realidade dura. Teus assassinos pagarão dobrado. Quando na eternidade repousando estiveres, Encurralados pagarão o alto preço de um pecado, Chorando ante às memórias de teus caracteres. Suely Braga Osório/RS Viver Vive com fé o presente, pois o futuro é uma incógnita. e o passado já ficou ausente. Amilton Maciel Monteiro São José dos Campos/SP Quisera ser Quisera ser um músico excelente, e dono de uma voz melodiosa, que me ajudassem muito sutilmente a conquistar quem amo e não quer prosa... Já fiz de tudo: já lhe dei presente, e da Colômbia já lhe trouxe rosa, mandei-lhe versos de um amor ardente... mas a querida é linda quão teimosa! Agora, como último recurso, vou aprender cantar e até tocar; e para isso já ingressei num curso. Vou retornar à velha serenata... e, assim, o meu amor vou conquistar... Será? - Meu mestre diz: ―Vai ser batata‖! José Valdez Castro Moura Pindamonhangaba/SP No presente, ora, inseguro, fico em meu sonho ancorado... como pensar no futuro, se, estou tão preso ao passado? Neyd Montingelli Curitiba/PR Arlequim Sofro ao pensar que você não está ao meu lado, sofro ao querer sentir o seu perfume. Meus olhos ardem antes das lágrimas rolarem, só com a lembrança da sua face. Mas, o amanhã está chegando, vou tê-la junto a mim. Chega de sofrer no ontem, pois o agora está por vir.
  • 12. 12 A presença é mais importante que a ausência. Não sei do ano, sei do dia. Pierrô chegou ao fim. Agora é Arlequim. Therezinha Dieguez Brisolla São Paulo/SP Sonhei, com ele, em criança... Hoje, estou velho... e asseguro que ainda tenho esperança e sonho com o futuro. David M. Romano Quando o Amanhã Começar sem Mim Quando o amanhã começar sem mim, E eu não estiver lá para ver, Se o sol nascer e encontrar seus olhos Cheios de lágrimas por mim, Eu gostaria que você não chorasse Da maneira que chorou hoje, Enquanto pensava nas muitas coisas ... Que deixamos de dizer. Sei quanto você me ama, E quanto amo você, E cada vez que você pensa em mim, Sei que sente a minha falta. Mas quando o amanhã começar sem mim, Por favor, tente entender Que um anjo veio e chamou meu nome, Tomou-me pela mão E disse que meu lugar estava pronto Nas moradas celestiais E que eu tinha de deixar para trás Todos os que eu tanto amava. Mas quando me virei para ir embora Uma lágrima escorreu-me pela face Por toda vida eu pensei Que não queria morrer. Eu tinha tanto para viver, E pareceu quase impossível Que eu estivesse ido sem você. Pensei em nossos dias passados, Nos dias bons e nos dias ruins, Em todo amor que vivemos, Em toda alegria que tivemos. Se eu pudesse reviver o ontem Ainda que só por um instante, Eu diria adeus e lhe daria um beijo E talvez visse você sorrir. Só então descobri Que isso não aconteceria, Pois o vazio e as lembranças Ocupariam meu lugar. Quando pensei nas coisas deste mundo Vi que posso não voltar amanhã, Então pensei em você E meu coração se encheu de dor. Mas quando cruzei os portões do céu Eu me senti em casa Quando Deus olhou para mim e sorriu De seu grande trono dourado, Ele disse: "Isto é a eternidade E tudo que lhe prometi. Agora sua vida na Terra é passado Mas aqui uma nova vida começa. Eu prometo que não haverá amanhã, Mas que o hoje durará para sempre. E como todos os dias serão iguais, Não haverá saudades do passado. Você foi tão fiel Tão confiável e verdadeiro, Embora tivesse feito coisas Que sabia que não deveria. Mas você foi perdoado E agora finalmente está livre. Então que tal me dar a mão E compartilhar da minha vida?" Logo, quando o amanhã começar sem mim, Não pense que estamos separados, Pois todas as vezes que pensar em mim, Eu estarei dentro do seu coração.
  • 13. 13 Rodolpho Abbud Nova Friburgo/RJ (1926 - 2013) Todo horizonte é nublado, é sombrio, é cinza escuro, onde há velhos sem passado e há crianças sem futuro!... Isabel Furini Curitiba/PR Esperança No mundo das ideias os valores eternos permanecem o tempo destrói ilusões mas a esperança reconstrói os sonhos na linha do horizonte é possível vislumbrar o amanhã - sempre renovado. Wallace Rodrigues Belo Horizonte/MG Arrebatamento O tempo e seu lamento, seu instinto de ir e sua força de construir e destruir. Cortando tudo com faca doce, o tempo nos toma, nos arrebata. Maria Helena V. Carvalho Lisboa/Portugal Se a dor minha alma atravessa, de que me serve insistir, se o meu Futuro é promessa que a Vida não vai cumprir. Neyd Montingelli Curitiba/PR Outro dia Espelho, espelho meu, responde minha indagação: Devo declarar-me ao dono do do meu coração? Não sei. Nunca tenho resposta. Mais um dia que fico nessa indecisão. Quando terei a coragem de libertar meu amor dessa prisão? Outro dia. Amanhã. Amanhã, o vento vai me trazer palavras. Quem sabe perto dele vou poder dizer, um dia, outro dia... João Freire Filho Rio de Janeiro/RJ (1941 - 2012) Persevera, luta, irmão! Não desistas vida afora: - Teu futuro é a projeção do que fizeres no ― agora‖!
  • 14. 14 O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. Clarice Lispector (Chechelnyk/Ucrânia, 1920 — 1977, Rio de Janeiro/RJ) Pedro Du Bois Balneário Camboriú/SC Futuro Não havia o traço esbranquiçado rasgando o firmamento, nem a britadeira e o caminhão misturando cimento e areia: manualmente transportados manualmente contados manualmente colocados blocos de pedras superpostos sobrepostos erguiam paredes em pequenos arcos de telhados sobre o topo o homem sonhava traços de fumaça cortando o firmamento. Adalberto Dutra Rezende Cataguazes/MG (1913 - 1999) Bandeirantes/PR Não sabemos para aonde iremos, desde meninos, porque o futuro se esconde na bagagem dos destinos. António Nunes Praia/Portugal (1917 1951) Lisboa/Portugal Poema de Amanhã Mamãe! sonho que, um dia, em vez dos campos sem nada, do êxodo das gentes nos anos de estiagem deixando terras, deixando enxadas, deixando tudo, das casas de pedra solta fumegando do alto, dos meninos espantalhos atirando fundas, das lágrimas vertidas por aqueles que partem e dos sonhos, aflorando, quando um barco passa, dos gritos e maldições, dos ódios e vinganças, dos braços musculados que se quedam inertes, dos que estendem as mãos, dos que olham sem esperança o dia que há de vir – Mamãe! sonho que, um dia, estas leiras de terra que se estendem, quer sejam Mato Engenho, Dacabalaio ou Santana, filhas do nosso esforço, frutos do nosso suor, serão nossas. E, então, o barulho das máquinas cortando, águas correndo por levadas enormes,
  • 15. 15 plantas a apontar, trapiches pilando cheiro de melaço estonteando, quente, revigorando os sonhos e remoçando as ânsias novas seivas brotarão da terra dura e seca, vivificando os sonhos, vivificando as ânsias, vivificando a Vida!... Arlindo Tadeu Hagen Juiz de Fora/MG Eu vejo nestes fedelhos que esmolam amor profundo, o futuro, de joelhos, pedindo uma chance ao mundo! Marli Terezinha Andrucho Boldori Curitiba/PR Saudades Amanhã quando o sol entrar Pela porta entreaberta Vai encontrar A mesa posta para o café da manhã A luz ainda acesa Toalha sobre a mesa Guarda o brilho Das doces lembranças Que chegam com o sol Senta-se bem mansinho Temendo alguém acordar Ouço o ruído da xícara Sinto o aroma do café O crepitar do fogo Na lareira a esquentar Quero correr para ver Porém o medo de nada encontrar Me faz recuar Fico à espreita, à porta Para ela não se fechar Recuo meu olhar E vejo num relance Que tudo aconteceu num instante É tarde para voltar. Ney Damasceno Curitiba/PR (1924 – 2005) Rio de Janeiro/RJ Junto ―Passado‖ à vontade, e, com ―Lembranças‖ misturo, num ―Coquetel de Saudade‖, para brindar o ―Futuro‖... Álvares de Azevedo São Paulo (1831 – 1852) Rio de Janeiro Se eu morresse amanhã Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã! Quanta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que manhã! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã! Que sol! que céu azul! que doce n'alva Acorda a natureza mais louçã! Não me batera tanto amor no peito Se eu morresse amanhã! Mas essa dor da vida que devora A ânsia de glória, o dolorido afã... A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanhã!
  • 16. 16 É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade não há. Renato Russo (Rio de Janeiro/RJ, 1960 - 1996) Charles Chaplin Londres/Inglaterra (1889 - 1977) Corsier- sur-Vevey/Vaud/ Suiça Caminhada Tua caminhada ainda não terminou A realidade te acolhe dizendo que pela frente o horizonte da vida necessita de tuas palavras e do teu silêncio. Se amanhã sentires saudades, lembra-te da fantasia e sonha com tua próxima vitória. Vitória que todas as armas do mundo jamais conseguirão obter, porque é uma vitória que surge da paz e não do ressentimento. É certo que irás encontrar situações tempestuosas novamente, mas haverá de ver sempre o lado bom da chuva que cai e não a faceta do raio que destrói. Tu és jovem. Atender a quem te chama é belo, lutar por quem te rejeita é quase chegar a perfeição. A juventude precisa de sonhos e se nutrir de lembranças, assim como o leito dos rios precisa da água que rola e o coração necessita de afeto. Não faças do amanhã o sinônimo de nunca, nem o ontem te seja o mesmo que nunca mais. Teus passos ficaram. Olhes para trás... mas vá em frente pois há muitos que precisam que chegues para poderem seguir-te. Octávio Venturelli Nova Friburgo/RJ Que me importa a desavença se estás, de novo, ao meu lado; que o futuro a Deus pertença, e o ― adeus‖, pertença ao passado!... Sonia Maria Cardoso Curitiba/PR Amanhã Que ela chegue ensolarada, Amena trazendo Alegrias, paz e saúde Sem qualquer dor, Sofrimento ou lamento, Para amanhã, só flores e amores. P. de Petrus São Paulo/SP (1920 – 1999) Rio de Janeiro/RJ Sinto-me velho e inseguro, porque o tempo me enganou; plantei, feliz, meu Futuro, e a semente não vingou... Patativa do Assaré Assaré/CE (1909 – 2002) Amanhã Amanhã, ilusão doce e fagueira, Linda rosa molhada pelo orvalho:
  • 17. 17 Amanhã, findarei o meu trabalho, Amanhã, muito cedo, irei à feira. Desta forma, na vida passageira, Como aquele que vive do baralho, Um espera a melhora no agasalho E outro, a cura feliz de uma cegueira. Com o belo amanhã que ilude a gente, Cada qual anda alegre e sorridente, Como quem vai atrás de um talismã. Com o peito repleto de esperança, Porém, nunca nós temos a lembrança De que a morte também chega amanhã. Helena Douthe Curitiba/PR Amanhã Na sombra do hoje vem o ontem Cada dia bem aproveitado Quando acabado Transborda o coração e numa fração do tempo Segue para o portal do futuro com o vento Para o amanhã. Mário Quintana Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS O Tempo A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando de vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado... Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas... Alba Christina Campos Netto São Paulo/SP Na infância há sempre um futuro para o bom semeador, porque não há solo duro para as sementes do amor. Cecília Meireles Rio de Janeiro/RJ (1901 – 1964) Futuro É preciso que exista, enfim, uma hora clara, depois que os corpos se resignam sobre as pedras como máscaras metidas no chão. Por entre as raízes, talvez se veja, de olhos fechados, como nunca se pode ver, em pleno mundo, cegos que andamos de iluminação. Perguntareis: ―Mas era aquilo, o teu silêncio?‖ Perguntareis: ―Mas era assim, teu coração?‖ Ah, seremos apenas imagens inúteis, deitadas no barro, do mesmo modo solitárias, silenciosas, com a cabeça encostada à sua própria recordação.
  • 18. 18 O futuro é uma espécie de banco ao qual vamos remetendo, um a um, os cheques de nossas esperanças. Ora, não é possível que todos os cheques sejam sem fundo. Mário Quintana (Alegrete/RS, 1906 – 1997, Porto Alegre/RS) Carlos Drummond de Andrade Itabira/MG (1902 - 1987) Rio de Janeiro/RJ O Novo Homem O homem será feito em laboratório. Será tão perfeito como no antigório. Rirá como gente, beberá cerveja deliciadamente. Caçará narceja e bicho do mato. Jogará no bicho, tirará retrato com o maior capricho. Usará bermuda e gola roulée. Queimará arruda indo ao canjerê, e do não-objeto fará escultura. Será neoconcreto se houver censura. Ganhará dinheiro e muitos diplomas, fino cavalheiro em noventa idiomas. Chegará a Marte em seu cavalinho de ir a toda parte mesmo sem caminho. O homem será feito em laboratório muito mais perfeito do que no antigório. Dispensa-se amor, ternura ou desejo. Seja como for (até num bocejo) salta da retorta um senhor garoto. Vai abrindo a porta com riso maroto: «Nove meses, eu? Nem nove minutos.» Quem já concebeu melhores produtos? A dor não preside sua gestação. Seu nascer elide o sonho e a aflição. Nascerá bonito? Corpo bem talhado? Claro: não é mito, é planificado. Nele, tudo exato, medido, bem posto: o justo formato, o standard do rosto. Duzentos modelos, todos atraentes. (Escolher, ao vê-los, nossos descendentes.) Quer um sábio? Peça. Ministro? Encomende. Uma ficha impressa a todos atende. Perdão: acabou-se a época dos pais. Quem comia doce já não come mais. Não chame de filho este ser diverso que pisa o ladrilho
  • 19. 19 de outro universo. Sua independência é total: sem marca de família, vence a lei do patriarca. Liberto da herança de sangue ou de afeto, desconhece a aliança de avô com seu neto. Pai: macromolécula; mãe: tubo de ensaio, e, per omnia secula, livre, papagaio, sem memória e sexo, feliz, por que não? pois rompeu o nexo da velha Criação, eis que o homem feito em laboratório sem qualquer defeito como no antigório, acabou com o Homem. Bem feito. Hegel Pontes Juiz de Fora/MG Eu posso ver meu futuro nas estrelas a brilhar, não no céu, que é tão escuro, mas no azul do teu olhar. Tarcisio Costa Ubajara/CE O Meu Viver O meu viver não é uniforme, Ele tem curvas, mas é também linear. Ele tem altiplanos, mas tem suas depressões, Ele é sorriso, mas às vezes é tristeza, Ele é tumulto, mas é também paz, Ele não é soma nem divisão, Ele não é amálgama nem ferro gusa, É, quem sabe, a média de tudo. Meu viver são fragmentos, São ―flashes‖ dos meus momentos… Ele foi o ontem, ele é o agora E poderá ser o amanhã… Dulcidio de Barros Moreira Sobrinho Juiz de Fora/MG O construtor previdente, na labuta, dando duro, com tijolos do presente edifica o seu futuro. Erigutemberg Meneses Blumenau/SC O Carteiro Os sonhos chegam pela sua mão E assim se ver o rei de um reino além, Mas como o vento ralo os sonhos vão Soprar onde o carteiro fica aquém. Na braçada de carta a solidão E a dor dos outros rezam o réquiem A alegria rompe, o choro, então, Se chega, é saudade que eles sentem. Mas ao final do dia sob o braço O rei vencido pelo vil cansaço Recolhe a bolsa cheia de ilusão.
  • 20. 20 Logo amanhã cedinho a campainha Ao se fazer ouvir sua rainha Virá detrás da porta e não o cão. José Feldman Maringá/PR Cultivemos o jardim do amor, com perseverança, para que seja o estopim de um futuro de esperança. Alberto Luis da Silva Pinto Teresina/PI Deixe Deixe qu’eu me ande em seu caminho, Que dele faça meu destino E sinta em você o meu amanhã. Deixe qu’eu me entre em seu íntimo, Que dele faça meu descanso E sinta em você o meu abrigo. Deixe qu’eu me desfrute em seu sabor, Que dele faça meu alimento E sinta em você o meu viver. Deixe qu’eu me sonhe em seu sonho, Que dele faça meu fanatismo E sinta em você o meu mundo. Deixe qu’eu me encontre em seu corpo, Que dele faça meu leito E sinta em você o meu acalanto. Deixe qu’eu me admire em seu olhar, Que dele faça meu farol E sinta em você o meu brilho. Deixe qu’eu me viva em seu desejo, Que dele faça meu prazer E sinta em você o meu dia-a-dia. Deixe qu’eu me deite em seu colo, Que dele faça meu aconchego E sinta em você o meu adormecer. Deixe qu’eu me fique em seu ser, Que dele faça meu querer E sinta em você o meu Único, eterno e verdadeiro amor. Darly O. Barros São Paulo/SP A esperança é a tecelã a quem a ilusão confia, a fiação do amanhã, na roca que os sonhos fia... Raul de Leoni Petrópolis/RJ (1895– 1926) Legenda dos Dias O Homem desperta e sai cada alvorada Para o acaso das cousas… e, à saída, Leva uma crença vaga, indefinida, De achar o Ideal nalguma encruzilhada… As horas morrem sobre as horas… Nada! E ao Poente, o Homem, com a sombra recolhida Volta, pensando: ―Se o Ideal da Vida Não veio hoje, virá na outra jornada…‖ Ontem, hoje, amanhã, depois, e assim, Mais ele avança, mais distante é o fim, Mais se afasta o horizonte pela esfera… E a Vida passa… efêmera e vazia: Um adiamento eterno que se espera, Numa eterna esperança que se adia…
  • 21. 21 Millor Fernandes Rio de Janeiro/RJ (1923- 2012) Ode a um quase calvo Ontem, hoje e amanhã o homem o cabelo parte parte o cabelo com arte até que o cabelo parte. Miguel Russowsky Santa Maria/RS (1923 – 2009) Joaçaba/SC A Vida é Urgente Se sabes que te quero e sou por ti bem quisto, o ―depois‖ não importa. O tempo nos dirá. Viver!... Sentir o amor, é urgentíssimo já! Não somes ao anseio uma descrença, insisto! Felicidade... Instante azul!... Apenas isto. Deixa então, o porvir, às leis do ―Deus dará‖. Não penses que o amanhã necessite alvará para dar luz ao sol, se tudo está previsto. Aproveitemos agora os encantos da vida, antes que o fado hostil os sonhos desarrume, ou às desilusões os teus enganos somes! A existência esvai-se em célere corrida... Um dia eu serei pó e tu serás perfume e o vento soprará sem lembrar nossos nomes. Geraldo Pimenta de Moraes São Sebastião do Paraíso/MG (1913 - ????) São Paulo/SP Esperança - bem que enleva nossa vida, no presente; - um raio de luz na treva do incerto amanhã da gente. William Shakespeare Stratford-upon-Avon, Inglaterra (1564 – 1616) Soneto 17 Quem crerá em meu verso no futuro, Se for tomado por teu completo abandono? E Deus sabe que tua vida se transformou em tumba, Sem deixar entrever sequer a metade de teu ser. Se eu pudesse descrever a beleza de teus olhos, E enumerar infinitamente todos os teus dons, O futuro diria, este poeta mente, Tanta graça divina jamais existiu em um ser. Podem os papéis amarelados em que escrevo Serem desprezados como velhos falastrões, E tuas verdades poriam fim à ira deste poeta,
  • 22. 22 E prolongariam o som de uma antiga canção: Mas, se um filho teu vivesse, então, Viverias duas vezes – nele e em meu canto. Milton Nunes Loureiro Campos/RJ (1923 – 2011) Niterói/RJ Amanhã... Depois... Depois... Foi assim a vida inteira... E entre os sonhos de nós dois, a intransponível fronteira... Rui Knopfli Inhambane, Moçambique (1932 – 1997) Lisboa/Portugal Princípio do dia Rompe-me o sono um latir de cães na madrugada. Acordo na antemanhã de gritos desconexos e sacudo de mim os restos da noite e a cinza dos cigarros fumados na véspera. Digo adeus à noite sem saudade, digo bom-dia ao novo dia. Na mesa o retrato ganha contorno, digo-lhe bom-dia e sei que intimamente ele responde. Saio para a rua e vou dizendo bom-dia em surdina às coisas e pessoas por que passo. No escritório digo bom-dia. Dizem-me bom-dia como quem fecha uma janela sobre o nevoeiro, palavras ditas com a epiderme, som dissonante, opaco, pesado muro entre o sentir e o falar. E bom dia já não é mais a ponte que eu experimentei levantar. Calado, sento-me à secretária, soturno, desencantado. (Amanhã volto a experimentar). Sérgio Ferreira da Silva São Paulo/SP Quando a Morte, então, chegou trazendo o eterno conforto, o preguiçoso exclamou : "Passa amanhã, que eu tô morto !" Fernando Namora Condeixa-a-Nova/Portugal (1919 - 1989) Lisboa/Portugal Poema para Iludir a Vida Tudo na vida está em esquecer o dia que passa. Não importa que hoje seja qualquer coisa triste, um cedro, areias, raízes, ou asa de anjo caída num paul. O navio que passou além da barra já não lembra a barra. Tu o olhas nas estranhas águas que ele há de sulcar e nas estranhas gentes que o esperam em estranhos portos. Hoje corre-te um rio dos olhos e dos olhos arrancas limos e morcegos. Ah, mas a tua vitória está em saber que não é hoje o fim e que há certezas, firmes e belas, que nem os olhos vesgos podem negar. Hoje é o dia de amanhã.
  • 23. 23 Ieda Lucimar Mastrangelo Corrêa Nova Friburgo/RJ Toda mulher se concentre nesta glória desmedida... de ter no altar do seu ventre o amanhã de nova vida! Isidro Iturat Villanueva e La Geltrú/Espanha Cantiga do Viajante sem Sono Não podem dormir os meus olhos, não podem dormir, porque a serrana diz que quisera ver-me amanhã. Não podem dormir os meus olhos, não podem dormir, porque a verei no prado, porque a verei amanhã. Fernando Pessoa Lisboa/Portugal (1888 - 1935) Manjerico, manjerico, manjerico que te dei, a tristeza com que fico inda amanhã a terei. Antonio Manoel Abreu Sardenberg São Fidélis/RJ Chuva Lá fora cai a chuva docemente... dos meus olhos uma chuva de saudade, no peito bate um coração ardente e na alma um quê de felicidade. Que esta chuva caindo sobre a terra, transforme em vida todas as sementes, fertilizando de forma tão materna ternura que brotou dentro da gente. Estamos sós, a vida quis assim... não adianta isso lamentar, estar longe não quer dizer o fim. E amanhã quando despontar a aurora, vou-me lembrar da chuva que caiu, sentir sozinho, o que sinto agora! Eliana Ruiz Jimenez Balneário Camboriú/SC Desfazendo a natureza, vai o homem construtor desconstruindo a certeza de um futuro promissor. José A. Jacob Juiz de Fora/MG Crença Quando firmava o azul e o sol abria Ao dia a sua bem-aventurança, O homem bom repartia à vizinhança Toda espécie de estima que sentia. E amanhecia cheio de esperança De vir o dia, após um novo dia, Para lhe dar apreço e cortesia Conforme a sua ingênua confiança. Depois curvava a fé que lhe convinha
  • 24. 24 À soleira da porta, e de tardinha Fiava as horas, crédulo a sorrir. E a noite o recolhia nesse afã De estar sempre esperando esse Amanhã E sempre esse Amanhã tardando a vir... Belmiro Braga Vargem Grande (hoje, Belmiro Braga)/MG (1872 - 1937) Juiz de Fora/MG A vida, pelo que vejo, hoje é vale e amanhã cimo: -A quantos pobres invejo e a quantos ricos lastimo! Hélder Proença Bissau/Guiné Bissau (1956 – 2009) Não posso adiar a palavra Quando te propus um amanhecer diferente a terra ainda fervia em lavas e os homens ainda eram bestas ferozes Quando te propus a conquista do futuro vazias eram as mãos negras como breu o silêncio da resposta Quando te propus o acumular de forças o sangue nômade e igual coagulava em todos os cárceres em toda a terra e em todos os homens Quando te propus um amanhecer diferente, amor a eternidade voraz das nossas dores era igual a «Deus Pai todo poderoso criador dos céus e da terra» Quando te propus olhos secos, pés na terra, e convicção firme surdos eram os céus e a terra receptivos as balas e punhais as amaldiçoavam cada existência nossa Quando te propus abraçar a história, amor tantas foram as esperanças comidas insondável a fé forjada no extenso breu de canto e morte Foi assim que te propus no circuito de lágrimas e fogo, Povo meu o hastear eterno do nosso sangue para um amanhecer diferente! Alfredo de Castro Pouso Alegre/MG (1922 - 2011) Neste momento inseguro, tanto desmando se vê, que o povo crê no futuro, mas já não sabe porque! Alceu Wamosy Uruguaiana/RS (1895 — 1923) Santana do Livramento/RS Duas almas Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada, entra, e sob este teto encontrarás carinho: Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho. Vives sozinha sempre e nunca foste amada... A neve anda a branquear lividamente a estrada,
  • 25. 25 e a minha alcova tem a tepidez de um ninho. Entra, ao menos até que as curvas do caminho se banhem no esplendor nascente da alvorada. E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua, podes partir de novo, ó nômade formosa! Já não serei tão só, nem irás tão sozinha: Há de ficar comigo uma saudade tua... Hás de levar contigo uma saudade minha... Augusto Astério de Campos Cachoeira/BA (1925 - ) Rio de Janeiro/RJ Futuro é ter, conjugado, em novo tempo presente, o particípio passado das esperanças da gente. Gustavo Adonias Aguiar Bastos Salvador/BA A última noite Foi a última noite que nos vimos Bebíamos como se o mundo fosse acabar Como se quiséssemos afogar tudo o que nos fazia mal Limpar tudo que nos causava aquela ânsia cáustica Nos beijávamos ansiosamente Lábios quentes anunciando novamente solidão Abraços fortes, prenúncios de novos espaços vãos Carinhos sem futuro, desejos sem amanhã E assim vimos o dia clarear E cada um tomou seu caminho Sem novos telefonemas Sem flores ou cartão. Estás hoje onde te trouxeram teus pensamentos; estarás amanhã, onde eles te levarem. James Allen (Grã-Bretanha, 1864 - 2012) Pedro Du Bois Balneário Camboriú/SC Leitura O texto permanece em palavras conhecidas. Não são minhas as letras nem o sentido. Avanço a leitura e o todo se fecha em labirintos. Setores de plenas razões em agônicas vozes de vazios olimpos dessacralizados. Ouço a dita verdade. Tombo na velocidade dos que não se voltam. Sei ser o texto o sinal em antecipação. O amanhã é denso em imagens fortuitas de mesmo barulho. Quase nada.
  • 26. 26 Adalzira Bittencourt Bragança Paulista/SP (1904 - 1976) Rio de Janeiro/RJ Goze o "hoje", esta hora certa, faça do "agora" o apogeu... O futuro é coisa incerta, e o passado já morreu. Oswaldo Grimaldi São Paulo/SP Querer Bem Se amanhã o sol não voltasse a brilhar e as praias não pudessem mais se banhar A noite talvez não chegasse à tardezinha E assim meu dia terminaria Talvez o brilho daquela lua Eu não pudesse mais enxergar Não adianta mais para o céu Porque as estrelas não vão mais brilhar Sem sol e nem lua A vida perdeu o sentido O homem virou velho Por sempre ter mentido A cidade escureceu E para as crianças tanto faz Mas os jovens não aceitam o que estão vendo Estar num mundo que não se tem mais paz. Tivemos tudo que era perfeito Mas o homem terminou com o mundo mais cedo E assim a minha vida começou a terminar Não tinha mais paz, amor ou respeito E comecei a cultivar as sementes novamente Aprendendo que amar é o sentimento verdadeiro O homem esqueceu de tudo isso Por causa de algo chamado dinheiro Quem sabe amanhã o sol nasça novamente Com o brilho forte de um astro rei Talvez amanhã eu acorde Do lado de quem eu quero bem. Héron Patrício Ouro Fino/MG (1931 - 2017) Pouso Alegre/MG Frutos de velhos fracassos, nossos medos são um muro limitando novos passos nos caminhos do futuro. Samuel da Costa Itajaí/SC Segredar-te Queria eu falar-te Ao pé do ouvido! Chega aqui... Bem perto de mim! Não hoje! Nem agora! Nem nunca Pois o século se finda... Introspecto! E um novo se aproxima... Algo novo vem por ai Intrínseco! Extrínseco! Fugaz Um mundo novo Quero-te Quero-te agora Com todo o rigor! De quem vai à guerra!... Com toda a certeza Que não de voltar mais. Pois bem sei Não haverá...
  • 27. 27 Um novo amanhã possível... Não para nós dois! Não tens futuro algum Ao meu lado! Pois o nosso século se finda... Introspecto! E um novo século inicia. Intrínseco! Extrínseco! Fugaz Amorfo Um mundo novo E artificial Milton Nunes Loureiro Campos/RJ (1923 – 2011) Niterói/RJ O amanhã, que importa agora? Que nos importa o depois?... Vamos viver, vida afora, o imenso amor de nós dois!... Carolina Ramos Santos/SP Boêmio Boêmio – em turbilhão intenso a vida esbanjas, escravo de emoções em noites deturpadas. Teu sol, luz de abajur, a arder envolto em franjas, tem o álgido livor das frias madrugadas. Volúvel, novo amor te aguarda em cada esquina, e insatisfeito vai teu coração repleto dessa ânsia de viver, que arrasta, que fascina, alheio à paz de um lar, à placidez de um teto! Boêmio, a mocidade é curta… logo passa! A seara, quando má, provém de mau plantio! Apressa-se o amanhã… o nada te ameaça e a solidão abraça o coração vazio! Paluma Filho São Gonçalo/RJ + Plante a semente sem medo, que a chuva ajuda, asseguro; a quem planta o trigo cedo, não falta o pão do futuro! Helena Kolody Cruz Machado/PR (1912 — 2004) Curitiba/PR Alegria de Viver Amo a vida. Fascina-me o mistério de existir. Quero viver a magia de cada instante, embriagar-me de alegria. Que importa a nuvem no horizonte, chuva de amanhã? Hoje o sol inunda o meu dia. Durval Mendonça Rio de Janeiro/RJ (1906 - 2001) Olhando para o futuro, procurando não sei quem, vejo tudo muito escuro e, nesse escuro, ninguém... Nemésio Prata Fortaleza/CE Glosando Jeanete De Cnop (Maringá/PR) Mote: Numa espera doce e mansa,
  • 28. 28 qual zelosa tecelã bordo rendas de esperança pra enfeitar nosso amanhã! Glosa: Numa espera doce e mansa, tecendo a minha saudade, cada segundo que avança parece uma eternidade! Nos bilros, busco consolo; qual zelosa tecelã vou tecendo, no rebolo, minhas rendas com afã! Na almofada da lembrança com seus tear multicor bordo rendas de esperança esperando o meu amor! De rendeira, fiz a trama, minha espera não foi vã, hoje a peça cobre a cama pra enfeitar nosso amanhã! Aloísio Alves da Costa Umari/CE (1935 - 2010) Fortaleza/CE Na calma das horas mortas, no meu enlevo, a sonhar, sempre o futuro abre as portas e deixa o meu sonho entrar... Paulo Walbach Prestes Curitiba/PR A Ampulheta O hoje é o agora presente no tempo... Que escorre fatal entre os dedos da vida. É sutil como a alma, fugaz como o vento, E veloz e lento como a triste partida... O amanhã; esperança e futuro do tempo, que demora ou apressa a sua chegada; Transparente ou difuso no encadeamento, Auspicioso ou negro, tal a luz apagada... O sino que toca, afugenta o dia... Levando-o do ontem à posteridade Pela noite que invade na pura magia, deixando pra gente a doída saudade... Funde-se tudo na eternidade, e não apenas na onírica poesia... A fina areia silenciosa invade Na cápsula inversa: eterna liturgia. Ney Damasceno Curitiba/PR (1924 – 2005) Rio de Janeiro/RJ Pelo tempo edificado, o Presente é um grande muro, entre as cinzas do Passado, e os mistérios do Futuro... Wanderlino Teixeira Leite Netto Niterói/RJ Poema da manhã sem tarde Em tudo a impermanência: nos amores contingenciais, na vida efêmera das flores. Em tudo a ausência do constante, quando até o instante se transforma naquilo que já não é. Nada se abriga sob teto consistente, nada se obriga, nada se pauta no amanhã. Vive-se o presente da manhã sem tarde: tudo urge, tudo arde, tudo se desfaz na crepitante fogueira do fugaz. Durval Mendonça Rio de janeiro/RJ (1906 - 2001) O futuro é sempre incerto, e eu jamais imaginei que estivesse assim tão perto, tão perto... que já cheguei...
  • 29. 29 André Luiz de Oliveira Pinheiro Rio de Janeiro / RJ A paz Ó paz! Que a guerra proclama e não vem Pomba branca, alvo do canhão, fugidia Que no céu é a luz da manhã todo dia A noite, lume na treva, e se mostra também... Ó nações! Que buscam essa paz pelas eras E a pomba branca em pincéis a pintá-la Esperando em paz pelas mãos a soltá-la Em bilhões de homens, são pincéis de quimeras... Busca vã defraudada! No tempo perdido Corações incontidos! Se vão colididos De nações em lutas... De irmãos a brigar... Mas a paz vislumbrada no amanhã temido Não é céu esquecido! É bem requerido Que do fundo d’alma pomba vai libertar… Alcy Ribeiro Souto Maior Rio de janeiro, RJ (1920 - 2006) Vivo o presente, o passado e o futuro a bendizer; mesmo sofrido e cansado, basta-me o bem de viver! Hermes Fontes Buquim/SE (1880 – 1930) Sonho Morto Amanhã, quando o Sonho em que, a rir, agonizo, ai! de mim! for a só realidade de um sonho, realidade infeliz! será, talvez, preciso morrer... Pois venha a Morte. É vir que eu nem me oponho! Venha a Morte. E, afinal, às vezes, a idealizo no seu luto profundo, infinito e medonho. Venha-me! E, antevisão terreal do Paraíso, Morte Libertadora, é assim que te suponho! Vós outros não sabeis o que é arder em sigilo por um sonho, antevê-lo, e, em pleno engano, em pleno sonho, ver outra mão realizá-lo, atingi-lo! Nem sabeis que é melhor morrer, forte e sereno, do que ter de, alma em febre e rosto assim tranquilo, gota a gota, beber esse doce veneno... Eliana Ruiz Jimenez Balneário Camboriú/SC Felicidade almejada, no meu futuro eu diviso: -Em teus olhos, a alvorada; no teu corpo, o paraíso. José Lucas de Barros Serra Negra do Norte/RN (1934 – 2015) Natal/RN Até parece mentira Certas coisas deste mundo: Numa fração de segundo A roda do tempo gira; Um instante se retira, Outro pula no tablado; O tempo é tão apressado Que passa pisando a gente… Futuro é quase presente, Presente é quase passado.
  • 30. 30 Darly O. Barros São Paulo/SP Minha visão de futuro faz projeções que eu receio: - Não quero o mundo um monturo, e eu... parte desse recheio! Paula Belmino Lagoa Nova/RN Sangue de Índio Sou filha de índio Aprendi com eles a dançar Na luta pela mata virgem Pela floresta livre a passear Tenho seu sangue Guerreiros sempre a lutar Cantam e seus males espantam Assim com eles vivo a cantar Sou filha de índio E os animais são meus companheiros Amo a natureza E a ela tenho por minha mãe Planto, reciclo, não derrubo as árvores, Alimento-me do suor de minha mão Sou filha de índio E respeito a diversidade Faço barulho pra alegrar a vida Num ritual de felicidade Sou pintura e riso Sou cultura em qualquer parte Sou filha de índio Sou beleza, cor e arte. O sorriso é minha arma Ecoando pelos quatro cantos do mundo Na dança de amor pelo futuro. Não esquecendo as raízes Quero uma terra sem sangue, Em paz! Homens felizes! Sou filha de índio Meu sangue é deles E por eles existo e vivo O amanhã não é um dia a descobrir: é um dia a inventar, a começar por hoje. Jacques Salomé (Toulouse/França, 1935) Arthur Rimbaud Charleville/França (1854 – 1891) A Eternidade De novo me invade. Quem? – A Eternidade. É o mar que se vai Como o sol que cai. Alma sentinela, Ensina-me o jogo Da noite que gela E do dia em fogo. Das lides humanas, Das palmas e vaias, Já te desenganas E no ar te espraias. De outra nenhuma, Brasas de cetim, O Dever se esfuma Sem dizer: enfim. Lá não há esperança E não há futuro. Ciência e paciência, Suplício seguro. De novo me invade. Quem? – A Eternidade.
  • 31. 31 É o mar que se vai Com o sol que cai. (Tradução: Augusto de Campos) Domitilla Borges Beltrame São Paulo/SP Cuidado se ao inocente mostras um caminho escuro; és passado, no presente, comprometendo o futuro. Millôr Fernandes Saudação aos que Vão Ficar Como será o Brasil no ano dois mil? As crianças de hoje, já velhinhas então, lembrarão com saudade deste antigo país, desta velha cidade? Que emoção, que saudade, terá a juventude, acabada a gravidade? Respeitarão os papais cheios de mocidade? Que diferença haverá entre o avô e o neto? Que novas relações e enganos inventarão entre si os seres desumanos? Que lei impedirá, libertada a molécula que o homem, cheio de ardor, atravesse paredes, buscando seu amor? Que lei de tráfego impedirá um inquilino - ante o lugar que vence - de voar para lugar distante na casa que não lhe pertence? Haverá mais lágrimas ou mais sorrisos? Mais loucura ou mais juízo? E o que será loucura? E o que será juízo? A propriedade, será um roubo? O roubo, o que será? Poderemos crescer todos bonitos? E o belo não passará então a ser feiura? Haverá entre os povos uma proibição de criar pessoas com mais de um metro e oitenta? Mas a Rússia (vá lá, os Estados Unidos) não farão às ocultas, homens especiais que, de repente, possam duplicar o próprio tamanho? Quem morará no Brasil, no ano dois mil? Que pensará o imbecil no ano dois mil? Haverá imbecis? Militares ou civis? Que restará a sonhar para o ano três mil ao ano dois mil? Rodolpho Abbud Nova Friburgo, RJ (1926 - 2013) Minha esperança renasce na jornada que palmilho, quando o meu futuro nasce no futuro do meu filho. António Gedeão Lisboa/Portugal (1906 - 1997) Poema do Futuro Conscientemente escrevo e, consciente, medito o meu destino. No declive do tempo os anos correm, deslizam como a água, até que um dia um possível leitor pega num livro e lê, lê displicentemente, por mero acaso, sem saber porquê. Lê, e sorri. Sorri da construção do verso que destoa no seu diferente ouvido; sorri dos termos que o poeta usou onde os fungos do tempo deixaram cheiro a mofo;
  • 32. 32 e sorri, quase ri, do íntimo sentido, do latejar antigo daquele corpo imóvel, exumado da vala do poema. Na História Natural dos sentimentos tudo se transformou. O amor tem outras falas, a dor outras arestas, a esperança outros disfarces, a raiva outros esgares. Estendido sobre a página, exposto e descoberto, exemplar curioso de um mundo ultrapassado, é tudo quanto fica, é tudo quanto resta de um ser que entre outros seres vagueou sobre a Terra. A realidade de hoje foi o sonho de ontem. O sonho de hoje será a realidade de amanhã. E em todas as épocas zombou-se dos sonhadores. Zalkind Piatigorski (Rio de Janeiro/RJ, 1935 - 1979) Teresinka Pereira Ohio/Estados Unidos O mesmo de sempre Pouco posso ver debruçada na janela que é a minha plataforma para vigiar o mundo. Mais que tudo, vejo as árvores que tapam os edifícios em frente. Não conheço meus vizinhos, mas sei das horas que saem e regressam de seus trabalhos em seus carros sempre novos. Minha vida continua sem mudanças, porque desejo esta simplicidade. O futuro e' uma mistificação do caminho pelo qual temos que passar para seguir vivendo. Adalberto Dutra Rezende Cataguazes/MG (1913 - 1999) Bandeirantes/PR Miragens no fim da estrada, que a gente jamais alcança. - Futuro, terra encantada, onde reside a esperança. José Saramago Azinhaga/Portugal (1922 - 2010) Tias/Espanha Passado, Presente, Futuro Eu fui. Mas o que fui já me não lembra: Mil camadas de pó disfarçam, véus, Estes quarenta rostos desiguais. Tão marcados de tempo e macaréus. Eu sou. Mas o que sou tão pouco é: Rã fugida do charco, que saltou, E no salto que deu, quanto podia, O ar dum outro mundo a rebentou. Falta ver, se é que falta, o que serei: Um rosto recomposto antes do fim, Um canto de batráquio, mesmo rouco, Uma vida que corra assim-assim. Rodolpho Abbud Nova Friburgo/RJ (1926 - 2013) Neste amor que nos convence a não pensar no depois, o amanhã, que a Deus pertence, também pertence a nós dois!
  • 33. 33 Miguel Angel Astúrias Cidade da Guatemala (1899 – 1974) Inverno Em súplica de vento, sem cautela, fui atrás de ti, mulher ; em minha presença transportada por luz azul de estrela de sentido em sentido até a ausência. Atravessaste, além, os egoísmos que em silêncio de lágrimas desvelo, após abismos justapondo abismos, em minha imensa solidão de gelo. Como uma aranha grande a chuva tece com água e vento suas teias móveis. Que serão, amanhã, quando ela cesse ? Superfícies de vida sem quebranto, como serão meus olhos, quando imóveis tenham chorado já todo o meu pranto ? Levante-se e vá ver o sol, tomar um banho de mar ou cachoeira, buscar um amanhã melhor. O amanhã se busca hoje, agora! Vanessa da Mata (Alto das Garças/MT) Alexandre O'Neill Lisboa/Portugal (1924 - 1986) Aos Vindouros, se os Houver... Vós, que trabalhais só duas horas a ver trabalhar a cibernética, que não deixais o átomo a desoras na gandaia, pois tendes uma ética; que do amor sabeis o ponto e a vírgula e vos engalfinhais livres de medo, sem peçários, calendários, pílula, jaculatórias fora, tarde ou cedo; computai, computai a nossa falha sem perfurar demais vossa memória, que nós fomos pr’aqui uma gentalha a fazer passamanes com a história; que nós fomos (fatal necessidade!) quadrúmanos da vossa humanidade. A.A. de Assis Maringá/PR Densas nuvens ameaçam o futuro da criança. - Mais que as da chuva, que passam, as nuvens da insegurança. Ialmar Pio Schneider Porto Alegre/RS Noturno A noite é longa e muito mais se estenderá… Tem paciência, Diz-me a consciência. Mas um soluço me corta o fôlego. Espero o sol como a criança Fica na esperança De receber um presente Do Papai-Noel. Oh! Como vai distante O sonho não realizado,
  • 34. 34 A incerteza do amanhã. A noite é longa e muito mais se estenderá… Sinto a solidão, Não há perdão. Oh! Poema caótico, Confuso poema, Vive o momento de ansiedade sem alivio, É teu destino turvo continuar. A noite é longa e muito mais se estenderá… Obstinadamente recebo emanações de luz Na escuridão. Quero ser alguém liberto das catástrofes, Vencer o ―Medo à Liberdade‖. Enfrentar meu castigo, Fugir do perigo. A noite é longa e muito mais se estenderá… Lamentar o que? Eu preciso de você Nestas horas incoerentes Que se arrastam devagar. Aqui junto de mim, Aguardando amanhecer o dia, Cheio de alegria Para uma vida nova; Enfim, rejuvenescer E ser capaz de ser audaz, e ser jovial. A noite é longa e muito mais se estenderá… Trova Popular Mineira Não opino, nem me meto, em brigas de namorados; vocês hoje estão brigando e amanhã estão abraçados. Antero de Quental Ponta Delgada/Portugal (1842 - 1891) Sempre o Futuro, Sempre! e o Presente Sempre o futuro, sempre! e o presente Nunca! Que seja esta hora em que se existe De incerteza e de dor sempre a mais triste, E só farte o desejo um bem ausente! Ai! que importa o futuro, se inclemente Essa hora, em que a esperança nos consiste, Chega... é presente... e só á dor assiste?... Assim, qual é a esperança que não mente? Desventura ou delírio?... O que procuro, Se me foge, é miragem enganosa, Se me espera, pior, espectro impuro... Assim a vida passa vagarosa: O presente, a aspirar sempre ao futuro: O futuro, uma sombra mentirosa. Messody Ramiro Benoliel Rio de Janeiro/RJ Saudade bandoleira sem ontem hoje amanhã
  • 35. 35 Reinaldo Ferreira Barcelona/Potugal (1922 - 1959)Lourenço Marques/Moçambique O Futuro Aos domingos, iremos ao jardim. Entediados, em grupos familiares, Aos pares, Dando-nos ares De pessoas invulgares, Aos domingos iremos ao jardim. Diremos, nos encontros casuais Com outros clãs iguais, Banalidades rituais, Fundamentais. Autómatos afins, Misto de serafins Sociais E de estandardizados mandarins, Teremos preconceitos e pruridos, Produtos recebidos Na herança De certos caracteres adquiridos. Falaremos do tempo, Do que foi, do que já houve... E sendo já então Por tradição E formação Antiburgueses - Solidamente antiburgueses -, Inquietos falaremos Da tormenta que passa E seus desvarios. Seremos aos domingos, no jardim, Reacionários. Nilton Manoel Teixeira Ribeirão Preto/SP Na caminhada, maduro, ponho fogo na fornalha; quero deixar no futuro, as lições de quem trabalha. Filemon F. Martins Itanhaém/SP Escada de Trovas : Futuro SUBINDO: ―O presente é o que convém‖ quando se pensa na frente, pois o bem que a vida tem merece um viver decente. É preciso que se pense No futuro da criança, Doar amor que convence Faz renascer a esperança. Não ao destino também Que o mundo escolhe, afinal, Porque propagar o bem É resistir contra o mal. ―O futuro a Deus pertence‖ quando o grão do amor profundo ao ser plantado, compense a paz que falta no mundo. NO TOPO: ―O futuro a Deus pertence‖ não ao destino também. É preciso que se pense ―o presente é o que convém.‖ Amália Max Ponta Grossa/PR (1929 - 2014) Se me deixas por vontade… se vais para não voltar… O que é que eu digo à saudade amanhã, quando acordar? Vinicius de Moraes Rio de Janeiro (1913 – 1980) A Que Há de Vir Aquela que dormira comigo todas as luas É a desejada de minha alma. Ela me dará o amor do seu coração
  • 36. 36 E me dará o amor da sua carne. Ela abandonará, pai, mãe, filho, esposo E virá a mim com os peitos e virá a mim com os lábios... Ela é a querida da minha alma Que me fará longos carinhos nos olhos Que me beijara longos beijos nos ouvidos Que rirá no meu pranto e rirá no meu riso. Ela só verá minhas alegrias e minhas tristezas Temerá minhas cóleras e se aninhará no meu sossego, Ela abandonará filho e esposo Abandonará o mundo e o prazer do mundo Abandonará Deus e a Igreja de Deus E virá a mim me olhando do olhos claros Se oferecendo a minha posse Rasgando o véu da nudez sem falso pudor Cheia de uma pureza luminosa. Ela é a amada sempre nova de meu coração Ela ficará me olhando calada Que ela só crerá em mim Far-me-á a razão suprema das coisas. Ela é a amada da minha alma triste E a que dará o peito casto Onde os meus lábios pousados viverão a vida do seu coração. Ela é a minha poesia e a minha mocidade É a mulher que se guardou para o amado de sua alma Que ela sentia vir porque ia ser dela e ela dele. Ela é o amor vivendo de si mesmo É a que dormirá comigo todas as luas E a quem eu protegerei contra os males do mundo. Ela é a anunciada da minha poesia Que eu sinto vindo a mim com os lábios e com os peitos E que será minha, só minha, como a força é do forte e a poesia é do poeta. Belmiro Braga Vargem Grande (hoje, Belmiro Braga)/MG (1872 - 1937) Juiz de Fora/MG Quem maldiz a vida, prova não conhecer que ela é vã: - no espaço do berço à cova há ontem, hoje, amanhã. Alberto de Magalhães Hecsher Rio de Janeiro/GB (1916 - 1950) Mais Tarde... Eu penso às vezes que algum dia, certo, quando mais tarde andarmos pela vida, com passo incerto e tendo a voz sumida, um do outro havemos de passar bem perto !... E há de pousar a tua vista erguida em meu olhar parado... E se ora acerto nosso passado há de ficar desperto mesmo que passes despercebida !... E hão de se ver nos últimos arrancos nossas ruínas cada qual maior, todas floridas de cabelos brancos !... E tal se dando embora não mereças, - que eu não te veja então será melhor... E é bem melhor que não me reconheças !... Roberto Pinheiro Acruche São Francisco de Itabapoana/RJ Se o hoje é cheio de dor não pense que a vida é vã… enquanto existir amor, sustente a fé no amanhã!!! J. G. de Araújo Jorge Tarauacá/AC (1914 – 1987) Rio de Janeiro/RJ Canto do Tempo A tua voz também estará no apito dos navios que vão e vêm
  • 37. 37 por todos os portos, trocando paisagem na retina dos viajantes e misturando destinos, raças e bandeiras! E estará no guincho das ferragens dos guindastes curvados em filas, pelos cais, como os vultos dos trapicheiros com os fardos pesados às costas; e estará em todas as engrenagens, em todas as máquinas, e na protofônica orquestração metálica dos seus êmbulos, dínamos e alavancas! E estará no apito do trem resfolegante varando a noite com seu vulto sinuoso e expresso, a cantar pelos trilhos a ária estridente do progresso! E no ruído fantástico de besouro irreal que é a alma da cidade, e na zoeira infernal, e no sonoro escarcéu, dos motores dos aviões entoando pelo céu o hino da velocidade E no buzinar dos automóveis, e no apito de todos os veículos com as suas ferragens nas derrapagens; e na algazarra da cidade - que é onde o rio da vida tem a sua foz,- e nos gritos dos homens, dos vendeiros, dos jornaleiros estará a tua voz! Em meio à coral inorquestrável, beethovênica e wagnérica, da sinfonia da cidade dinâmica e feérica, meio tonto, meio divino, meio atordoado, - farás o solo inconfundível e destacado! Porque então tua voz será o canto do século, tua poesia a vida do teu tempo, e teu destino a letra universal de um imponente hino! Antonio Juraci Siqueira Belém/PA Ampara o menor que implora tua ajuda e, nesse afã, plantarás no chão do agora a semente do amanhã. Cecy Barbosa Campos Juiz de Fora/MG O Tempo O tempo passa e se esvai, levando com ele a oportunidade única que nunca se terá outra vez. O momento perdido é irrecuperável, pois não se pode retornar ao passado. Qual marcas, deixadas na areia, que desaparecem em breves instantes à chegada da onda curiosa, que arrebata para si os vestígios deixados pelo homem, o tempo é inexorável e passa carregando tudo aquilo que ficou encalhado pela negligência, pela omissão e pela falta de iniciativa. Portas se fecham, porque fibra e coragem faltaram no momento preciso, e o tempo da ação fugiu por entre os dedos daquele que acabou morrendo na praia. As ações mais corriqueiras têm o seu ―timing‖ que, quando perdido, pode levar à obscuridade, ao sofrimento e a uma mudança de rumo que fará toda a diferença.
  • 38. 38 Flavia Wenceslau Eu te desejo vida, longa vida Te desejo a sorte de tudo que é bom De toda alegria, ter a companhia Colorindo a estrada em seu mais belo tom Eu te desejo a chuva na varanda Molhando a roseira pra desabrochar E dias de sol pra fazer os teus planos Nas coisas mais simples que se imaginar E dias de sol pra fazer os teus planos Nas coisas mais simples que se imaginar Eu te desejo a paz de uma andorinha No voo perfeito contemplando o mar E que a fé movedora de qualquer montanha Te renove sempre e te faça sonhar Mas se vierem horas de melancolia Que a lua tão meiga venha te afagar E que a mais doce estrela seja tua guia Como mãe singela a te orientar E que a mais doce estrela seja tua guia Como mãe singela a te orientar Eu te desejo mais que mil amigos A poesia que todo poeta esperou Coração de menino cheio de esperança Voz de pai amigo e olhar de avô Eu te desejo a chuva na varanda Molhando a roseira pra desabrochar E dias de sol pra fazer os teus planos Nas coisas mais simples que se imaginar E dias de sol pra fazer os teus planos Nas coisas mais simples que se imaginar Eu te desejo vida Te desejo vida Te desejo vida Te desejo vida Te desejo vida
  • 39. 39 Folhetim Literário “Desiderata” Seleção, layout, pesquisa, arte final: José Feldman Maringá/PR Setembro de 2018 Sugestões, colaborações, agradecimentos email: florilegiodetrovas@vivaldi.net Os textos foram obtidos na internet, livros, jornais e revistas. Todos têm o nome dos respectivos autores. Caso não haja, é identificado como Desconhecido ou Anônimo. Caso saiba a quem pertence, comunique no email ao lado para que seja feita uma errata em número posterior. O mesmo procedimento em relação às imagens. Os textos e poemas por princípio não possuem caráter político, religioso, preconceituosos e nem pornográficos. Podem ocorrer erros de digitação ou ortográficos, por mais revisados que sejam, assim como a correção quando assim se fizer necessário. Os versos em português de Portugal foram convertidos para o português do Brasil. Esta publicação não pode ser comercializada em hipótese alguma, sem a permissão de seus autores ou representantes legais.
  • 40. 40 José Feldman nasceu em São Paulo/SP, em 1954. Morou 2 anos em Curitiba, 10 anos em Ubiratã/PR e finalmente radicou-se em Maringá/PR em 2011. Iniciou-se nas trovas com o Magnífico Trovador Izo Goldman, na cidade paulistana. Estudou romance com Mário Amato e Ficção Científica na literatura e no cinema com o escritor de renome internacional, falecido em Curitiba, André Carneiro, tornando-se amigos. Neste tempo fez amizade com o escritor Artur da Távola, que lhe deu orientações para o desenvolvimento de seu trabalho no mundo da literatura. Em 1995 casou-se com a escritora e tradutora, professora de literatura inglesa da Universidade Estadual de Maringá, pós-doutorada em Toronto/Canadá, Alba Krishna Topan e mudou-se para o Paraná, onde foi, pela União Brasileira dos Trovadores, Delegado de Ubiratã, membro da UBT Maringá e auxiliar de delegado em Arapongas/PR. Divorciou-se em 2017. Premiado em alguns concursos de trovas, como Ribeirão Preto, Nova Friburgo, Curitiba, Santos, etc. e no concurso de poesias de Teófilo Ottoni/MG, 2018. Escritor, poeta, trovador, gestor cultural, orientador, criou o blog http://singrandohorizontes.blogspot.com.br em 2007, e http://florilegiodetrovas.blogspot.com.br, em 2016. Idealizador e editor dos ebooks Chuva de Versos com mais de 400 números, Trova Brasil, Almanaque Paraná, O Encanto das Trovas, Florilégio de Trovas, O Voo da Gralha Azul e Folhetim Literário Desiderata. Foi vice-presidente da Associação de Literatos de Ubiratã e atual presidente estadual do Paraná da Academia de Letras do Brasil, tendo por patrono Paulo Leminski, medalha de mérito cultural Euclides da Cunha da Academia de Letras em Berna/Suiça e membro desta Academia, tendo por patrono Mário Quintana, Conselheiro Internacional do Movimento União Cultural, acadêmico correspondente de Acad.de Letras de Teófilo Otoni/MG, Sociedade Mundial de Poetas, Unión Hispanomundial de Escritores, Casa do Poeta Lampião de Gaz, Medalha de Mérito Cultural da Academia Pan Americana de Letras e Artes, Mérito Cultural da Academia .Brasileira de Trovas e Medalha Heitor Stockler de França, da UBT Paraná. Livros publicados na Coleção Terra e Céu, em 2016 com trovas de sua autoria e de seu mestre Izo Goldman e “Canteiro de Trovas”, com suas trovas. Poesia na Edição comemorativa de 35 anos do Movimento Poético em São Paulo e Café com Letras, da Acad.de Letras de Teófilo Ottoni. Crônica em coletânea organizada por Isabel Furini, de Curitiba. Prefácio em livros de Isabel e Átila José Borges. Trovas em livros de Vânia Ennes, de Curitiba e da UBT Nacional. Referência no livro A Trova, de Carolina Ramos, e em boletins nacionais. Seu nome foi citado nos Anais da Academia de Letras Maçonicas.