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Luís Vaz de Camões
Os Lusíadas - Parte C
Professora: Lurdes Augusto
10ºANO
Episódio da ilha dos amores - plano da viagem e plano mitológico – canto IX
episódio simbólico
• A Ilha dos Amores simboliza a glorificação pelos feitos heroicos, a
imortalidade do nome, para sempre gravado na História.
• Ainda antes de os nautas encontrarem a ilha, Cupido organiza uma
expedição contra todos os que não amam, abrindo espaço para a crítica
de Camões aos mais favorecidos, clero, nobreza, rei.
• Os marinheiros adivinham e avistam por entre os ramos das árvores as
cores dos tecidos das vestes das ninfas, as quais, deliberadamente, se
vão deixando alcançar. Outras são surpreendidas no banho e correm nuas
por entre o mato, enquanto alguns jovens entram vestidos na água. Elas
não fogem e deixam-se cair aos pés de seus perseguidores.
Ação narrativa: encontro entre o plano mitológico e o plano da viagem
Canto IX– considerações do poeta; ilha dos amores;
Estâncias 52 e 53; 66-70 ; 88-95
53
Mas firme a fez e imóvel, como viu
Que era dos Nautas vista e demandada;
Qual ficou Delos, tanto que pariu
Latona Febo e a Deusa à caça usada.
Para lá logo a proa o mar abriu,
Onde a costa fazia uma enseada
Curva e quieta, cuja branca areia,
Pintou de ruivas conchas Citereia.
52
De longe a Ilha viram fresca e bela,
Que Vênus pelas ondas lha levava
(Bem como o vento leva branca vela)
Para onde a forte armada se enxergava;
Que, por que não passassem, sem que nela
Tomassem porto, como desejava,
Para onde as naus navegam a movia
A Acidália, que tudo enfim podia.
Os navegadores avistaram
a ilha, que tinha sido
estrategicamente colocada
no caminho dos
portugueses.
Comparação
Apesar de ser uma ilha divina
ela é firme e imóvel e o
narrador apresenta outro caso
em que também foi
apresentada uma ilha.
Continua a descrição da ilha
Canto IX– considerações do poeta; ilha dos amores;
estâncias 52 e 53; 66-70 ; 88-95
66
Mas os fortes mancebos, que na praia
Punham os pés, de terra cobiçosos,
Que não há nenhum deles que não saia
De acharem caça agreste desejosos,
Não cuidam que, sem laço ou redes, caia
Caça naqueles montes deleitosos,
Tão suave, doméstica e benigna,
Qual ferida lha tinha já Ericina.
Alguns, que em espingardas e nas bestas,
Para ferir os cervos se fiavam,
Pelos sombrios matos e florestas
Determinadamente se lançavam:
Outros, nas sombras, que de as altas sestas
Defendem a verdura, passeavam
Ao longo da água que, suave e queda,
Por alvas pedras corre à praia leda.
Todos os navegadores
desembarcam e não
estão à espera de
encontrar as ninfas. Já
Vénus as tinha dotado
de paixões secretas.
Uns navegadores entram
determinados na floresta,
pensando que iriam caçar.
Outros navegadores
passeiam e observam a
natureza.
omnisciente
68
Começam de enxergar subitamente
Por entre verdes ramos várias cores,
Cores de quem a vista julga e sente
Que não eram das rosas ou das flores,
Mas da lã fina e seda diferente,
Que mais incita a força dos amores,
De que se vestem as humanas rosas,
Fazendo-se por arte mais formosas.
69
Dá Veloso espantado um grande grito:
"Senhores, caça estranha, disse, é esta!
Se ainda dura o Gentio antigo rito,
A Deusas é sagrada esta floresta.
Mais descobrimos do que humano espírito
Desejou nunca; e bem se manifesta
Que são grandes as coisas e excelentes,
Que o mundo encobre aos homens imprudentes.
Descrição das musas
Sensações visuais
que estimulam os
sentidos e os amores.
Veloso percebe que
está na presença de
algo diferente e divino.
Considera que estão a
descobrir mais do que
desejaram
Conclui que há
grandes coisas que o
Homem ainda não
descobriu
Hipérbato
70
"Sigamos estas Deusas, e vejamos
Se fantásticas são, se verdadeiras.“
Isto dito, velozes mais que gamos,
Se lançam a correr pelas ribeiras.
Fugindo as Ninfas vão por entre os ramos,
Mas, mais industriosas que ligeiras,
Pouco e pouco sorrindo e gritos dando,
Se deixam ir dos galgos alcançando.
Veloso sugere que
persigam as deusas.
Os navegadores iniciam a
perseguição. As ninfas
fingem fugir mas deixam-
se apanhar.
comparação
metáfora
Canto IX– considerações do poeta; ilha dos amores;
estâncias 52 e 53; 66-70 ; 88-95
88
Assim a formosa e a forte companhia
O dia quase todo estão passando,
Numa alma, doce, incógnita alegria,
Os trabalhos tão longos compensando.
Porque dos feitos grandes, da ousadia
Forte e famosa, o mundo está guardando
O prémio lá no fim, bem merecido,
Com fama grande e nome alto e subido.
89
Que as Ninfas do Oceano tão formosas,
Tethys, e a ilha angélica pintada,
Outra coisa não é que as deleitosas
Honras que a vida fazem sublimada.
Aquelas proeminências gloriosas,
Os triunfos, a fronte coroada
De palma e louro, a glória e maravilha:
Estes são os deleites desta ilha.
O amor físico é aqui
apresentado como o
conforto e a recompensa
do trabalho
desenvolvido.
Os feitos dos
portugueses serão
imortais.
Esta ilha é
simbolicamente a
recompensa:
- Honras merecidas.
- Glória
- Triunfo
Simbologia da ilha
90
Que as imortalidades que fingia
A antiguidade, que os ilustres ama,
Lá no estelante Olimpo, a quem subia
Sobre as asas ínclitas da Fama,
Por obras valorosas que fazia,
Pelo trabalho imenso que se chama
Caminho da virtude alto e fragoso,
Mas no fim doce, alegre e deleitoso,
91
Não eram senão prémios que reparte
Por feitos imortais e soberanos
O mundo com os varões, que esforço e arte
Divinos os fizeram, sendo humanos.
Que Júpiter, Mercúrio, Febo e Marte,
Eneias e Quirino, e os dois Tebanos,
Ceres, Palas e Juno, com Diana,
Todos foram de fraca carne humana.
Na antiguidade a
imortalidade era
conseguida através da
virtude, que se consegue
com trabalho, mas que no
final é recompensado.
Os deuses não passam de
humanos que praticaram
feitos de grande valor, daí
terem recebido o prémio
da imortalidade.
São dados exemplos de
deuses que também se
manifestaram humanos.
92
Mas a Fama, trombeta de obras tais,
Lhe deu no mundo nomes tão estranhos
De Deuses, Semideuses imortais,
Indígetes, Heróicos e de Magnos.
Por isso, ó vós que as famas estimais,
Se quiserdes no mundo ser tamanhos,
Despertai já do sono do ócio ignavo,
Que o ânimo, de livre, faz escravo.
93
E ponde na cobiça um freio duro,
E na ambição também, que indignamente
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Vício da tirania infame e urgente;
Porque essas honras vãs, esse ouro puro
Verdadeiro valor não dão à gente:
Melhor é, merecê-los sem os ter,
Que possuí-los sem os merecer.
Apóstrofe
A fama deu a estes homens
feitos deuses nomes
estranhos.
Dirige-se a todos os que
desejam a fama e diz que
têm:
- de despertar do ócio, da
estagnação
- têm de controlar a cobiça,
- A ambição e a tirania
Porque a honra tem de ser
merecida.
exortação
imperativo
imperativo
94
Ou dai na paz as leis iguais, constantes,
Que aos grandes não deem o dos pequenos;
Ou vos vesti nas armas rutilantes,
Contra a lei dos inimigos Sarracenos:
Fareis os Reinos grandes e possantes,
E todos tereis mais, o nenhum menos;
Possuireis riquezas merecidas,
Com as honras, que ilustram tanto as vidas.
95
E fareis claro o Rei, que tanto amais,
Agora com os conselhos bem cuidados,
Agora com as espadas, que imortais
Vos farão, como os vossos já passados;
Impossibilidades não façais,
Que quem quis sempre pôde; e numerados
Sereis entre os Heróis esclarecidos,
E nesta Ilha de Vênus recebidos.
imperativo
Dirige-se ainda a todos os
que desejam a fama e diz
que têm:
- Praticar a igualdade e a
justiça
- Defender a fé
combatendo os mouros
Deste modo os reinos
serão grandiosos, com
igualdade
Merecerão ser recebidos
na ilha de Vénus, ou seja:
- merecerão recompensa
que é a glória e a
imortalidade
- Terão um estatuto
divino
- Serão verdadeiros
heróis
imperativo
Futuro
Conse-
quência
de um
perfil
mítico e
heróico
Entre a ilha dos amores e a chegada a Portugal
• O poeta fez uma exortação àqueles que desejam imortalizar o seu nome;
• As ninfas oferecem um banquete aos navegadores (canto X)
• São apresentadas premonições em relação aos portugueses
• Por fim, e numa perspetiva de privilégio e acesso ao conhecimento superior,
Vénus encaminha Vasco da Gama para o seu palácio, onde lhe mostra a
Máquina do Mundo – miniatura do universo - símbolo do conhecimento total.
• Os nautas despedem-se e regressam a Portugal.
Canto X– Máquina do mundo 75-91; 145 - 156
75
Despois que a corporal necessidade
Se satisfez do mantimento nobre,
E na harmonia e doce suavidade
Viram os altos feitos que descobre,
Tétis, de graça ornada e gravidade,
Pera que com mais alta glória dobre
As festas deste alegre e claro dia,
Pera o felice Gama assi dizia:
76
«Faz-te mercê, barão, a Sapiência
Suprema de, cos olhos corporais,
Veres o que não pode a vã ciência
Dos errados e míseros mortais.
Segue-me firme e forte, com prudência,
Por este monte espesso, tu cos mais.»
Assi lhe diz e o guia por um mato
Árduo, difícil, duro a humano trato.
Depois da satisfação do corpo
através do amor
E depois da satisfação de saber que
o futuro será harmonioso.
Tétis dirige-se a Gama.
- Sirena é uma ninfa que anteriormente apresentou as premonições para o futuro dos nautas.
Diz-lhe que terá acesso ao saber
divino omnisciente,
Um saber que não está ao acesso
do ser humano.
O acesso ao cume é metafórico, é o
acesso ao conhecimento superior
que é difícil, duro, árduo para os
humanos
77
Não andam muito que no erguido cume
Se acharam, onde um campo se esmaltava
De esmeraldas, rubis, tais que presume
A vista que divino chão pisava.
Aqui um globo veem no ar, que o lume
Claríssimo por ele penetrava,
De modo que o seu centro está evidente,
Como a sua superfícia, claramente.
78
Qual a matéria seja não se enxerga,
Mas enxerga-se bem que está composto
De vários orbes, que a Divina verga
Compôs, e um centro a todos só tem posto.
Volvendo, ora se abaxe, agora se erga,
Nunca s’ergue ou se abaxa, e um mesmo rosto
Por toda a parte tem; e em toda a parte
Começa e acaba, enfim, por divina arte,
Descrição do local:
- belo, rico, divino
Descrição do globo que ali
está:
- suspenso, transparente
- Com vários círculos
- O círculo é semelhante à
virtude divina: sem
princípio e sem fim.
79
Uniforme, perfeito, em si sustido,
Qual, enfim, o Arquetipo que o criou.
Vendo o Gama este globo, comovido
De espanto e de desejo ali ficou.
Diz-lhe a Deusa: - «O transunto, reduzido
Em pequeno volume, aqui te dou
Do Mundo aos olhos teus, pera que vejas
Por onde vás e irás e o que desejas.
O globo é afinal o modelo do
mundo criado por Deus.
Gama sente-se comovido e
privilegiado por ter acesso a tal
visão.
Tétis informa que Gama terá
acesso a um conhecimento
privilegiado, pois poderá ver os
percursos do futuro.
Modelo de Ptolomeu
- Tétis explica o modelo do universo
seguindo o sistema de Ptolomeu,
geocêntrico ( a terra ocupa o centro
do universo). Só depois de Copérnico
e Galileu (1564-1642) se passou ao
sistema heliocêntrico ( Sol centro do
sistema solar).
80
«Vês aqui a grande máquina do Mundo,
Etérea e elemental, que fabricada
Assi foi do Saber, alto e profundo,
Que é sem princípio e meta limitada.
Quem cerca em derredor este rotundo
Globo e sua superfícia tão limada,
É Deus: mas o que é Deus, ninguém o entende,
Que a tanto o engenho humano não se estende.
Esta visão é de grande
saber, saber esse que não
tem fim.
Deus é o autor
Modelo de Pedro Nunes (1502 -1578)
81
«Este orbe que, primeiro, vai cercando
Os outros mais pequenos que em si tem,
Que está com luz tão clara radiando
Que a vista cega e a mente vil também,
Empíreo se nomeia, onde logrando
Puras almas estão daquele Bem
Tamanho, que ele só se entende e alcança,
De quem não há no mundo semelhança.
82
«Aqui, só verdadeiros, gloriosos
Divos estão, porque eu, Saturno e Jano,
Júpiter, Juno, fomos fabulosos,
Fingidos de mortal e cego engano.
Só pera fazer versos deleitosos
Servimos; e, se mais o trato humano
Nos pode dar, é só que o nome nosso
Nestas estrelas pôs o engenho vosso.
O primeiro círculo
representa o paraíso
cristão – é repleto de luz e
cega o que há de mau.
Aí estão as almas puras
que só poucas pessoas
alcançam.
No paraíso estão os que
merecem a glória.
Os deuses que foram humanos
também aí estão presentes.
Desmistificação dos deuses.
É Tétis que afirma que os
deuses são fábulas de invenção
humana, que são inspiração de
versos deleitosos.
Em simultâneo os humanos
tornam-se divinos.Momento de transição/de síntese entre o
paganismo e a cultura cristã - Renascimento
83
«E também, porque a santa Providência,
Que em Júpiter aqui se representa,
Por espíritos mil que têm prudência
Governa o Mundo todo que sustenta
(Ensina-lo a profética ciência,
Em muitos dos exemplos que apresenta);
Os que são bons, guiando, favorecem,
Os maus, em quanto podem, nos empecem;
84
«Quer logo aqui a pintura que varia
Agora deleitando, ora ensinando,
Dar-lhe nomes que a antiga Poesia
A seus Deuses já dera, fabulando;
Que os Anjos de celeste companhia
Deuses o sacro verso está chamando,
Nem nega que esse nome preminente
Também aos maus se dá, mas falsamente.
Providência, que
governa o mundo =
Júpiter
A providência já
mostrou em muitos
exemplos a sua ação:
Favorecendo os bons e
travando os maus.
Ensina-no-lo
A poesia dá nomes
artificiosos, falsos aos
deuses.
Até na sagrada escritura os
anjos são chamados de
deuses, mesmo aos maus
(anjo mau = diabo)
Perífrase:
Bíblia
85
«Enfim que o Sumo Deus, que por segundas
Causas obra no Mundo, tudo manda.
E tornando a contar-te das profundas
Obras da Mão Divina veneranda,
Debaxo deste círculo onde as mundas
Almas divinas gozam, que não anda,
Outro corre, tão leve e tão ligeiro
Que não se enxerga: é o Móbile primeiro.
86
«Com este rapto e grande movimento
Vão todos os que dentro tem no seio;
Por obra deste, o Sol, andando a tento,
O dia e noite faz, com curso alheio.
Debaxo deste leve, anda outro lento,
Tão lento e sojugado a duro freio,
Que enquanto Febo, de luz nunca escasso,
Duzentos cursos faz, dá ele um passo.
Reforço da superioridade
do Deus cristão.
Tétis continua a
apresentação da máquina e
passa a apresentar o
móbile primeiro, o primeiro
círculo rotativo:
- Assegura a
movimentação do sol e a
sucessão do dia e noite;
Outro movimento
giratório bem mais lento.
87
«Olha estoutro debaxo, que esmaltado
De corpos lisos anda e radiantes,
Que também nele tem curso ordenado
E nos seus axes correm cintilantes.
Bem vês como se veste e faz ornado
Co largo Cinto d, ouro, que estelantes
Animais doze traz afigurados,
Apousentos de Febo limitados.
88
«Olha por outras partes a pintura
Que as Estrelas fulgentes vão fazendo:
Olha a Carreta, atenta a Cinosura,
Andrómeda e seu pai, e o Drago horrendo;
Vê de Cassiopeia a fermosura
E do Orionte o gesto turbulento;
Olha o Cisne morrendo que suspira,
A Lebre e os Cães, a Nau e a doce Lira.
referência a outro círculo: o
do zodíaco que se
apresenta brilhante e com
os doze animais.
. Tétis chama a
atenção para as
constelações de
estrelas também ali
representadas.
Imperativo
Anáfora
89
«Debaxo deste grande Firmamento,
Vês o céu de Saturno, Deus antigo;
Júpiter logo faz o movimento,
E Marte abaxo, bélico inimigo;
O claro Olho do céu, no quarto assento,
E Vénus, que os amores traz consigo;
Mercúrio, de eloquência soberana;
Com três rostos, debaxo vai Diana.
90
«Em todos estes orbes, diferente
Curso verás, nuns grave e noutros leve;
Ora fogem do Centro longamente,
Ora da Terra estão caminho breve,
Bem como quis o Padre omnipotente,
Que o fogo fez e o ar, o vento e neve,
Os quais verás que jazem mais a dentro
E tem co Mar a Terra por seu centro.
Perífrase:
sol
A terra:
Centro do
universo
Apresenta o universo,
segundo o modelo de
Ptolomeu
A envolver o Firmamento:
Em volta da terra:
- A lua (Diana)
- Mercúrio,
- Vénus
- O sol (Febo)
- Marte;
- Júpiter
- Saturno.
A terra no centro
- Com os quatro elementos
(fogo, ar/ vento, água,
Terra)
91
«Neste centro, pousada dos humanos,
Que não somente, ousados, se contentam
De sofrerem da terra firme os danos,
Mas inda o mar instábil exprimentam,
Verás as várias partes, que os insanos
Mares dividem, onde se apousentam
Várias nações que mandam vários Reis,
Vários costumes seus e várias leis.
Descrição da Terra:
- Habitada pelo homem
que sofre na terra e
enfrenta o mar;
- Divisão em nações;
- Existência de muitos
líderes
- Existência de culturas
variadas;
- Existência de sistemas
políticos e legais muito
diferentes.
• A Ilha dos Amores simboliza a glorificação pelos feitos heroicos, a imortalidade
do nome, para sempre gravado na História.
• Ainda antes de os nautas encontrarem a ilha, Cupido organiza uma expedição
contra todos os que não amam, abrindo espaço para a crítica de Camões aos
mais favorecidos, clero, nobreza, rei.
• Os marinheiros adivinham e avistam por
entre os ramos das árvores as cores dos
tecidos das vestes das ninfas, as quais,
deliberadamente, se vão deixando alcançar.
Outras são surpreendidas no banho e
correm nuas por entre o mato, enquanto
alguns jovens entram vestidos na água.
Elas não fogem e deixam-se cair aos pés
de seus perseguidores.
Ação narrativa: encontro entre o plano mitológico e o plano da viagem
• Exalta as realizações dos navegadores lusitanos. O prémio do herói e do
povo que ele representa é o alcance do paraíso, seja terrestre, seja
transcendente.
• A ilha é a recompensa dada aos homens de Vasco da Gama pelo seu valor,
numa perspetiva mais global a compensação ao homem pelo se
desempenho;
• A Ilha dos Amores é a síntese espaciotemporal e histórica da trajetória
portuguesa. Sendo uma ilha, compreende os elementos terra, mar e céu.
• Também na ilha há a ocorrência dos três planos temporais:
o presente, o passado e o futuro.
Estes espaços e estes planos temporais correspondem:
TERRA - espaço de realização do passado português;
O MAR - lugar do presente;
ILHA prediz-se o futuro de a grandeza e a fama.
A simbologia da ilha e dimensão moral:
• A ilha dos amores tem como base o Amor;
• Embora tenha associado o amor à sensualidade, Camões encara o episódio
de forma metafórica;
• Aqui se consumam as profecias e receios de Baco: os portugueses tornam-se
deuses e os deuses revelam-se como humanos;
• Recompensa ao puro amor
– o amor desinteressado e altruísta, o amor à pátria e ao dever;
- o amor que está na base, na capacidade que o Homem tem de
suportar as adversidades e as dificuldades e de se sacrificar pelos outros;
- tal amor conduz o Homem à imortalidade.
• Tendo tido acesso à divindade acedem a atributos divinos:
- senhores do Tempo ( profecias)
- senhores do espaço (contemplação do globo terrestre)
• Aqui os deuses revelam-se aos homens e assumem a sua dimensão apenas
estética, promovendo desta forma a glorificação do Deus cristão.
Episódio da chegada a Portugal e epílogo
142
«Até ’ aqui, Portugueses, concedido
Vos é saberdes os futuros feitos
Que, pelo mar que já deixais sabido,
Virão fazer barões de fortes peitos.
Agora, pois que tendes aprendido
Trabalhos que vos façam ser aceitos
As eternas esposas e fermosas,
Que coroas vos tecem gloriosas,
Tétis dirige-se a Gama e
refere que até aqui lhe
apresentou as
premonições para o
futuro
Agora com este
conhecimento serão
reconhecidos.
Dá depois instruções
para que embarquem e
regressem à pátria.
Hipérbato – “vos é concedido”
Coesão
/progressão
temporal
Os nautas partem da
ilha reabastecidos de
mantimentos e com
uma ligação especial
e eterna às Ninfas.
143
«Podeis-vos embarcar, que tendes vento
E mar tranquilo, pera a pátria amada.»
Assi lhe disse; e logo movimento
Fazem da Ilha alegre e namorada.
Levam refresco e nobre mantimento;
Levam a companhia desejada
Das Ninfas, que hão-de ter eternamente,
Por mais tempo que o Sol o mundo aquente.
144
Assi foram cortando o mar sereno,
Com vento sempre manso e nunca
irado,
Até que houveram vista do terreno
Em que naceram, sempre desejado.
Entraram pela foz do Tejo ameno,
E à sua pátria e Rei temido e amado
O prémio e glória dão por que mandou,
E com títulos novos se ilustrou.
O narrador apresenta um
sumário narrativo onde narra o
regresso à pátria.
Regresso feito com um mar
sempre calmo e manso.
Os nautas chegam a Portugal
e entregam os seus feitos ao
Rei D. Manuel que assim
acrescenta glória e títulos ao
seu reinado.
pleonasmo
perífrase
Dupla adjetivação
Canto X – 145 - 156
145
Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Düa austera, apagada e vil tristeza.
146
E não sei por que influxo de Destino
Não tem um ledo orgulho e geral gosto,
Que os ânimos levanta de contino
A ter pera trabalhos ledo o rosto.
Por isso vós, ó Rei, que por divino
Conselho estais no régio sólio posto,
Olhai que sois (e vede as outras gentes)
Senhor só de vassalos excelentes.
Mas…
Camões invoca a sua musa
inspiradora e queixa-se que
está cansado de todo este
processo,
Mas esclarece que não está
cansado de exercer a sua
atividade de escritor, mas
está cansado de não ser
reconhecido! (crítica)
Camões critica o país, acusa-
o de estar dominado pela
cobiça, rudeza e pela tristeza
Dupla
adjetivação
Tripla
adjetivação
Crítica continua: Os
portugueses não se
orgulham nem têm gosto
que os anime e leve adiante.
Interpela o rei, dizendo que
ele lidera um povo de
vassalos/súbditos
excelentes
Apóstrofe ao
Rei D.
Sebastião.
Interpelação
154
Mas eu que falo, humilde, baxo e rudo,
De vós não conhecido nem sonhado?
Da boca dos pequenos sei, contudo,
Que o louvor sai às vezes acabado.
Nem me falta na vida honesto estudo,
Com longa experiência misturado,
Nem engenho, que aqui vereis presente,
Cousas que juntas se acham raramente
Tripla
adjetivação
Continua dirigindo-se o rei, dizendo que ele
lidera um povo de vassalos/súbditos
excelentes…
Mas ele apresenta-se como alguém
humilde
Centra o discurso em si e
apresenta-se como alguém que
apresenta um perfil pouco comum,
pois estudou muito e experimentou
muito também.
“Saber de experiência feito”
Eu próprio/
Camões
155
Pera servir-vos, braço às armas feito,
Pera cantar-vos, mente às Musas dada;
Só me falece ser a vós aceito,
De quem virtude deve ser prezada.
Se me isto o Céu concede, e o vosso
peito
Dina empresa tomar de ser cantada,
Como a pres[s]aga mente vaticina
Olhando a vossa inclinação divina,
Ou fazendo que, mais que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante,
A minha já estimada e leda Musa
Fico que em todo o mundo de vós
cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.
Camões coloca-se à disposição
do Rei, como verdadeiro vassalo,
pronto para o servir pelas armas
(“braço”) quer pelo louvor poético
(“mente”).
Mostra-se disponível para
continuar a cantar os feitos / as
novas empresas do rei (África).
Camões tem a sua
Musa/inspiração disponível para
continuar a cantar os feitos
portugueses que continuarão a
ser dignos de um canto épico
superior aos grandiosos heróis
clássicos da História
(“Alexandre”) e da ficção
(“Aquiles” herói da Eneida)
Paralelismo
frásico
D. Sebastião
Louco, sim louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu corpo que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
Fernando Pessoa, Mensagem
Contra a cobiça e
as desigualdades
Elogio da
experiência
Contra a
degeneração da
nobreza e ainda
contra a
adulação
Contra a má
prática religiosa
Crítica ao
desprezo pelas
artes e pelas
letras
O Poder do amor
Crítica à vã
Glória, ao desejo
de Fama e à
cobiça.Linha moral
Bibliografia:
. Os Lusíadas, org. Amélia Pinto Pais, Areal editores.
. Luís de Camões, o épico, Hernâni Cidade.
. Os Lusíadas, fichas de leitura orientada, Maria Antonieta Pires.
. Os Lusíadas, apresentado por António Sérgio, editora Sá da Costa.
. Análise de Os Lusíadas, Avelino Soares Cabral, Sebenta.
Professora Lurdes Augusto

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  • 2. Episódio da ilha dos amores - plano da viagem e plano mitológico – canto IX episódio simbólico
  • 3. • A Ilha dos Amores simboliza a glorificação pelos feitos heroicos, a imortalidade do nome, para sempre gravado na História. • Ainda antes de os nautas encontrarem a ilha, Cupido organiza uma expedição contra todos os que não amam, abrindo espaço para a crítica de Camões aos mais favorecidos, clero, nobreza, rei. • Os marinheiros adivinham e avistam por entre os ramos das árvores as cores dos tecidos das vestes das ninfas, as quais, deliberadamente, se vão deixando alcançar. Outras são surpreendidas no banho e correm nuas por entre o mato, enquanto alguns jovens entram vestidos na água. Elas não fogem e deixam-se cair aos pés de seus perseguidores. Ação narrativa: encontro entre o plano mitológico e o plano da viagem
  • 4. Canto IX– considerações do poeta; ilha dos amores; Estâncias 52 e 53; 66-70 ; 88-95 53 Mas firme a fez e imóvel, como viu Que era dos Nautas vista e demandada; Qual ficou Delos, tanto que pariu Latona Febo e a Deusa à caça usada. Para lá logo a proa o mar abriu, Onde a costa fazia uma enseada Curva e quieta, cuja branca areia, Pintou de ruivas conchas Citereia. 52 De longe a Ilha viram fresca e bela, Que Vênus pelas ondas lha levava (Bem como o vento leva branca vela) Para onde a forte armada se enxergava; Que, por que não passassem, sem que nela Tomassem porto, como desejava, Para onde as naus navegam a movia A Acidália, que tudo enfim podia. Os navegadores avistaram a ilha, que tinha sido estrategicamente colocada no caminho dos portugueses. Comparação Apesar de ser uma ilha divina ela é firme e imóvel e o narrador apresenta outro caso em que também foi apresentada uma ilha. Continua a descrição da ilha
  • 5. Canto IX– considerações do poeta; ilha dos amores; estâncias 52 e 53; 66-70 ; 88-95 66 Mas os fortes mancebos, que na praia Punham os pés, de terra cobiçosos, Que não há nenhum deles que não saia De acharem caça agreste desejosos, Não cuidam que, sem laço ou redes, caia Caça naqueles montes deleitosos, Tão suave, doméstica e benigna, Qual ferida lha tinha já Ericina. Alguns, que em espingardas e nas bestas, Para ferir os cervos se fiavam, Pelos sombrios matos e florestas Determinadamente se lançavam: Outros, nas sombras, que de as altas sestas Defendem a verdura, passeavam Ao longo da água que, suave e queda, Por alvas pedras corre à praia leda. Todos os navegadores desembarcam e não estão à espera de encontrar as ninfas. Já Vénus as tinha dotado de paixões secretas. Uns navegadores entram determinados na floresta, pensando que iriam caçar. Outros navegadores passeiam e observam a natureza. omnisciente
  • 6. 68 Começam de enxergar subitamente Por entre verdes ramos várias cores, Cores de quem a vista julga e sente Que não eram das rosas ou das flores, Mas da lã fina e seda diferente, Que mais incita a força dos amores, De que se vestem as humanas rosas, Fazendo-se por arte mais formosas. 69 Dá Veloso espantado um grande grito: "Senhores, caça estranha, disse, é esta! Se ainda dura o Gentio antigo rito, A Deusas é sagrada esta floresta. Mais descobrimos do que humano espírito Desejou nunca; e bem se manifesta Que são grandes as coisas e excelentes, Que o mundo encobre aos homens imprudentes. Descrição das musas Sensações visuais que estimulam os sentidos e os amores. Veloso percebe que está na presença de algo diferente e divino. Considera que estão a descobrir mais do que desejaram Conclui que há grandes coisas que o Homem ainda não descobriu Hipérbato
  • 7. 70 "Sigamos estas Deusas, e vejamos Se fantásticas são, se verdadeiras.“ Isto dito, velozes mais que gamos, Se lançam a correr pelas ribeiras. Fugindo as Ninfas vão por entre os ramos, Mas, mais industriosas que ligeiras, Pouco e pouco sorrindo e gritos dando, Se deixam ir dos galgos alcançando. Veloso sugere que persigam as deusas. Os navegadores iniciam a perseguição. As ninfas fingem fugir mas deixam- se apanhar. comparação metáfora
  • 8. Canto IX– considerações do poeta; ilha dos amores; estâncias 52 e 53; 66-70 ; 88-95 88 Assim a formosa e a forte companhia O dia quase todo estão passando, Numa alma, doce, incógnita alegria, Os trabalhos tão longos compensando. Porque dos feitos grandes, da ousadia Forte e famosa, o mundo está guardando O prémio lá no fim, bem merecido, Com fama grande e nome alto e subido. 89 Que as Ninfas do Oceano tão formosas, Tethys, e a ilha angélica pintada, Outra coisa não é que as deleitosas Honras que a vida fazem sublimada. Aquelas proeminências gloriosas, Os triunfos, a fronte coroada De palma e louro, a glória e maravilha: Estes são os deleites desta ilha. O amor físico é aqui apresentado como o conforto e a recompensa do trabalho desenvolvido. Os feitos dos portugueses serão imortais. Esta ilha é simbolicamente a recompensa: - Honras merecidas. - Glória - Triunfo Simbologia da ilha
  • 9. 90 Que as imortalidades que fingia A antiguidade, que os ilustres ama, Lá no estelante Olimpo, a quem subia Sobre as asas ínclitas da Fama, Por obras valorosas que fazia, Pelo trabalho imenso que se chama Caminho da virtude alto e fragoso, Mas no fim doce, alegre e deleitoso, 91 Não eram senão prémios que reparte Por feitos imortais e soberanos O mundo com os varões, que esforço e arte Divinos os fizeram, sendo humanos. Que Júpiter, Mercúrio, Febo e Marte, Eneias e Quirino, e os dois Tebanos, Ceres, Palas e Juno, com Diana, Todos foram de fraca carne humana. Na antiguidade a imortalidade era conseguida através da virtude, que se consegue com trabalho, mas que no final é recompensado. Os deuses não passam de humanos que praticaram feitos de grande valor, daí terem recebido o prémio da imortalidade. São dados exemplos de deuses que também se manifestaram humanos.
  • 10. 92 Mas a Fama, trombeta de obras tais, Lhe deu no mundo nomes tão estranhos De Deuses, Semideuses imortais, Indígetes, Heróicos e de Magnos. Por isso, ó vós que as famas estimais, Se quiserdes no mundo ser tamanhos, Despertai já do sono do ócio ignavo, Que o ânimo, de livre, faz escravo. 93 E ponde na cobiça um freio duro, E na ambição também, que indignamente Tomais mil vezes, e no torpe e escuro Vício da tirania infame e urgente; Porque essas honras vãs, esse ouro puro Verdadeiro valor não dão à gente: Melhor é, merecê-los sem os ter, Que possuí-los sem os merecer. Apóstrofe A fama deu a estes homens feitos deuses nomes estranhos. Dirige-se a todos os que desejam a fama e diz que têm: - de despertar do ócio, da estagnação - têm de controlar a cobiça, - A ambição e a tirania Porque a honra tem de ser merecida. exortação imperativo imperativo
  • 11. 94 Ou dai na paz as leis iguais, constantes, Que aos grandes não deem o dos pequenos; Ou vos vesti nas armas rutilantes, Contra a lei dos inimigos Sarracenos: Fareis os Reinos grandes e possantes, E todos tereis mais, o nenhum menos; Possuireis riquezas merecidas, Com as honras, que ilustram tanto as vidas. 95 E fareis claro o Rei, que tanto amais, Agora com os conselhos bem cuidados, Agora com as espadas, que imortais Vos farão, como os vossos já passados; Impossibilidades não façais, Que quem quis sempre pôde; e numerados Sereis entre os Heróis esclarecidos, E nesta Ilha de Vênus recebidos. imperativo Dirige-se ainda a todos os que desejam a fama e diz que têm: - Praticar a igualdade e a justiça - Defender a fé combatendo os mouros Deste modo os reinos serão grandiosos, com igualdade Merecerão ser recebidos na ilha de Vénus, ou seja: - merecerão recompensa que é a glória e a imortalidade - Terão um estatuto divino - Serão verdadeiros heróis imperativo Futuro Conse- quência de um perfil mítico e heróico
  • 12. Entre a ilha dos amores e a chegada a Portugal • O poeta fez uma exortação àqueles que desejam imortalizar o seu nome; • As ninfas oferecem um banquete aos navegadores (canto X) • São apresentadas premonições em relação aos portugueses • Por fim, e numa perspetiva de privilégio e acesso ao conhecimento superior, Vénus encaminha Vasco da Gama para o seu palácio, onde lhe mostra a Máquina do Mundo – miniatura do universo - símbolo do conhecimento total. • Os nautas despedem-se e regressam a Portugal.
  • 13.
  • 14. Canto X– Máquina do mundo 75-91; 145 - 156 75 Despois que a corporal necessidade Se satisfez do mantimento nobre, E na harmonia e doce suavidade Viram os altos feitos que descobre, Tétis, de graça ornada e gravidade, Pera que com mais alta glória dobre As festas deste alegre e claro dia, Pera o felice Gama assi dizia: 76 «Faz-te mercê, barão, a Sapiência Suprema de, cos olhos corporais, Veres o que não pode a vã ciência Dos errados e míseros mortais. Segue-me firme e forte, com prudência, Por este monte espesso, tu cos mais.» Assi lhe diz e o guia por um mato Árduo, difícil, duro a humano trato. Depois da satisfação do corpo através do amor E depois da satisfação de saber que o futuro será harmonioso. Tétis dirige-se a Gama. - Sirena é uma ninfa que anteriormente apresentou as premonições para o futuro dos nautas. Diz-lhe que terá acesso ao saber divino omnisciente, Um saber que não está ao acesso do ser humano. O acesso ao cume é metafórico, é o acesso ao conhecimento superior que é difícil, duro, árduo para os humanos
  • 15. 77 Não andam muito que no erguido cume Se acharam, onde um campo se esmaltava De esmeraldas, rubis, tais que presume A vista que divino chão pisava. Aqui um globo veem no ar, que o lume Claríssimo por ele penetrava, De modo que o seu centro está evidente, Como a sua superfícia, claramente. 78 Qual a matéria seja não se enxerga, Mas enxerga-se bem que está composto De vários orbes, que a Divina verga Compôs, e um centro a todos só tem posto. Volvendo, ora se abaxe, agora se erga, Nunca s’ergue ou se abaxa, e um mesmo rosto Por toda a parte tem; e em toda a parte Começa e acaba, enfim, por divina arte, Descrição do local: - belo, rico, divino Descrição do globo que ali está: - suspenso, transparente - Com vários círculos - O círculo é semelhante à virtude divina: sem princípio e sem fim.
  • 16. 79 Uniforme, perfeito, em si sustido, Qual, enfim, o Arquetipo que o criou. Vendo o Gama este globo, comovido De espanto e de desejo ali ficou. Diz-lhe a Deusa: - «O transunto, reduzido Em pequeno volume, aqui te dou Do Mundo aos olhos teus, pera que vejas Por onde vás e irás e o que desejas. O globo é afinal o modelo do mundo criado por Deus. Gama sente-se comovido e privilegiado por ter acesso a tal visão. Tétis informa que Gama terá acesso a um conhecimento privilegiado, pois poderá ver os percursos do futuro. Modelo de Ptolomeu - Tétis explica o modelo do universo seguindo o sistema de Ptolomeu, geocêntrico ( a terra ocupa o centro do universo). Só depois de Copérnico e Galileu (1564-1642) se passou ao sistema heliocêntrico ( Sol centro do sistema solar).
  • 17. 80 «Vês aqui a grande máquina do Mundo, Etérea e elemental, que fabricada Assi foi do Saber, alto e profundo, Que é sem princípio e meta limitada. Quem cerca em derredor este rotundo Globo e sua superfícia tão limada, É Deus: mas o que é Deus, ninguém o entende, Que a tanto o engenho humano não se estende. Esta visão é de grande saber, saber esse que não tem fim. Deus é o autor Modelo de Pedro Nunes (1502 -1578)
  • 18. 81 «Este orbe que, primeiro, vai cercando Os outros mais pequenos que em si tem, Que está com luz tão clara radiando Que a vista cega e a mente vil também, Empíreo se nomeia, onde logrando Puras almas estão daquele Bem Tamanho, que ele só se entende e alcança, De quem não há no mundo semelhança. 82 «Aqui, só verdadeiros, gloriosos Divos estão, porque eu, Saturno e Jano, Júpiter, Juno, fomos fabulosos, Fingidos de mortal e cego engano. Só pera fazer versos deleitosos Servimos; e, se mais o trato humano Nos pode dar, é só que o nome nosso Nestas estrelas pôs o engenho vosso. O primeiro círculo representa o paraíso cristão – é repleto de luz e cega o que há de mau. Aí estão as almas puras que só poucas pessoas alcançam. No paraíso estão os que merecem a glória. Os deuses que foram humanos também aí estão presentes. Desmistificação dos deuses. É Tétis que afirma que os deuses são fábulas de invenção humana, que são inspiração de versos deleitosos. Em simultâneo os humanos tornam-se divinos.Momento de transição/de síntese entre o paganismo e a cultura cristã - Renascimento
  • 19. 83 «E também, porque a santa Providência, Que em Júpiter aqui se representa, Por espíritos mil que têm prudência Governa o Mundo todo que sustenta (Ensina-lo a profética ciência, Em muitos dos exemplos que apresenta); Os que são bons, guiando, favorecem, Os maus, em quanto podem, nos empecem; 84 «Quer logo aqui a pintura que varia Agora deleitando, ora ensinando, Dar-lhe nomes que a antiga Poesia A seus Deuses já dera, fabulando; Que os Anjos de celeste companhia Deuses o sacro verso está chamando, Nem nega que esse nome preminente Também aos maus se dá, mas falsamente. Providência, que governa o mundo = Júpiter A providência já mostrou em muitos exemplos a sua ação: Favorecendo os bons e travando os maus. Ensina-no-lo A poesia dá nomes artificiosos, falsos aos deuses. Até na sagrada escritura os anjos são chamados de deuses, mesmo aos maus (anjo mau = diabo) Perífrase: Bíblia
  • 20. 85 «Enfim que o Sumo Deus, que por segundas Causas obra no Mundo, tudo manda. E tornando a contar-te das profundas Obras da Mão Divina veneranda, Debaxo deste círculo onde as mundas Almas divinas gozam, que não anda, Outro corre, tão leve e tão ligeiro Que não se enxerga: é o Móbile primeiro. 86 «Com este rapto e grande movimento Vão todos os que dentro tem no seio; Por obra deste, o Sol, andando a tento, O dia e noite faz, com curso alheio. Debaxo deste leve, anda outro lento, Tão lento e sojugado a duro freio, Que enquanto Febo, de luz nunca escasso, Duzentos cursos faz, dá ele um passo. Reforço da superioridade do Deus cristão. Tétis continua a apresentação da máquina e passa a apresentar o móbile primeiro, o primeiro círculo rotativo: - Assegura a movimentação do sol e a sucessão do dia e noite; Outro movimento giratório bem mais lento.
  • 21. 87 «Olha estoutro debaxo, que esmaltado De corpos lisos anda e radiantes, Que também nele tem curso ordenado E nos seus axes correm cintilantes. Bem vês como se veste e faz ornado Co largo Cinto d, ouro, que estelantes Animais doze traz afigurados, Apousentos de Febo limitados. 88 «Olha por outras partes a pintura Que as Estrelas fulgentes vão fazendo: Olha a Carreta, atenta a Cinosura, Andrómeda e seu pai, e o Drago horrendo; Vê de Cassiopeia a fermosura E do Orionte o gesto turbulento; Olha o Cisne morrendo que suspira, A Lebre e os Cães, a Nau e a doce Lira. referência a outro círculo: o do zodíaco que se apresenta brilhante e com os doze animais. . Tétis chama a atenção para as constelações de estrelas também ali representadas. Imperativo Anáfora
  • 22. 89 «Debaxo deste grande Firmamento, Vês o céu de Saturno, Deus antigo; Júpiter logo faz o movimento, E Marte abaxo, bélico inimigo; O claro Olho do céu, no quarto assento, E Vénus, que os amores traz consigo; Mercúrio, de eloquência soberana; Com três rostos, debaxo vai Diana. 90 «Em todos estes orbes, diferente Curso verás, nuns grave e noutros leve; Ora fogem do Centro longamente, Ora da Terra estão caminho breve, Bem como quis o Padre omnipotente, Que o fogo fez e o ar, o vento e neve, Os quais verás que jazem mais a dentro E tem co Mar a Terra por seu centro. Perífrase: sol A terra: Centro do universo Apresenta o universo, segundo o modelo de Ptolomeu A envolver o Firmamento: Em volta da terra: - A lua (Diana) - Mercúrio, - Vénus - O sol (Febo) - Marte; - Júpiter - Saturno. A terra no centro - Com os quatro elementos (fogo, ar/ vento, água, Terra)
  • 23. 91 «Neste centro, pousada dos humanos, Que não somente, ousados, se contentam De sofrerem da terra firme os danos, Mas inda o mar instábil exprimentam, Verás as várias partes, que os insanos Mares dividem, onde se apousentam Várias nações que mandam vários Reis, Vários costumes seus e várias leis. Descrição da Terra: - Habitada pelo homem que sofre na terra e enfrenta o mar; - Divisão em nações; - Existência de muitos líderes - Existência de culturas variadas; - Existência de sistemas políticos e legais muito diferentes.
  • 24. • A Ilha dos Amores simboliza a glorificação pelos feitos heroicos, a imortalidade do nome, para sempre gravado na História. • Ainda antes de os nautas encontrarem a ilha, Cupido organiza uma expedição contra todos os que não amam, abrindo espaço para a crítica de Camões aos mais favorecidos, clero, nobreza, rei. • Os marinheiros adivinham e avistam por entre os ramos das árvores as cores dos tecidos das vestes das ninfas, as quais, deliberadamente, se vão deixando alcançar. Outras são surpreendidas no banho e correm nuas por entre o mato, enquanto alguns jovens entram vestidos na água. Elas não fogem e deixam-se cair aos pés de seus perseguidores. Ação narrativa: encontro entre o plano mitológico e o plano da viagem
  • 25. • Exalta as realizações dos navegadores lusitanos. O prémio do herói e do povo que ele representa é o alcance do paraíso, seja terrestre, seja transcendente. • A ilha é a recompensa dada aos homens de Vasco da Gama pelo seu valor, numa perspetiva mais global a compensação ao homem pelo se desempenho; • A Ilha dos Amores é a síntese espaciotemporal e histórica da trajetória portuguesa. Sendo uma ilha, compreende os elementos terra, mar e céu. • Também na ilha há a ocorrência dos três planos temporais: o presente, o passado e o futuro. Estes espaços e estes planos temporais correspondem: TERRA - espaço de realização do passado português; O MAR - lugar do presente; ILHA prediz-se o futuro de a grandeza e a fama. A simbologia da ilha e dimensão moral:
  • 26. • A ilha dos amores tem como base o Amor; • Embora tenha associado o amor à sensualidade, Camões encara o episódio de forma metafórica; • Aqui se consumam as profecias e receios de Baco: os portugueses tornam-se deuses e os deuses revelam-se como humanos; • Recompensa ao puro amor – o amor desinteressado e altruísta, o amor à pátria e ao dever; - o amor que está na base, na capacidade que o Homem tem de suportar as adversidades e as dificuldades e de se sacrificar pelos outros; - tal amor conduz o Homem à imortalidade. • Tendo tido acesso à divindade acedem a atributos divinos: - senhores do Tempo ( profecias) - senhores do espaço (contemplação do globo terrestre) • Aqui os deuses revelam-se aos homens e assumem a sua dimensão apenas estética, promovendo desta forma a glorificação do Deus cristão.
  • 27. Episódio da chegada a Portugal e epílogo
  • 28. 142 «Até ’ aqui, Portugueses, concedido Vos é saberdes os futuros feitos Que, pelo mar que já deixais sabido, Virão fazer barões de fortes peitos. Agora, pois que tendes aprendido Trabalhos que vos façam ser aceitos As eternas esposas e fermosas, Que coroas vos tecem gloriosas, Tétis dirige-se a Gama e refere que até aqui lhe apresentou as premonições para o futuro Agora com este conhecimento serão reconhecidos. Dá depois instruções para que embarquem e regressem à pátria. Hipérbato – “vos é concedido” Coesão /progressão temporal Os nautas partem da ilha reabastecidos de mantimentos e com uma ligação especial e eterna às Ninfas. 143 «Podeis-vos embarcar, que tendes vento E mar tranquilo, pera a pátria amada.» Assi lhe disse; e logo movimento Fazem da Ilha alegre e namorada. Levam refresco e nobre mantimento; Levam a companhia desejada Das Ninfas, que hão-de ter eternamente, Por mais tempo que o Sol o mundo aquente.
  • 29. 144 Assi foram cortando o mar sereno, Com vento sempre manso e nunca irado, Até que houveram vista do terreno Em que naceram, sempre desejado. Entraram pela foz do Tejo ameno, E à sua pátria e Rei temido e amado O prémio e glória dão por que mandou, E com títulos novos se ilustrou. O narrador apresenta um sumário narrativo onde narra o regresso à pátria. Regresso feito com um mar sempre calmo e manso. Os nautas chegam a Portugal e entregam os seus feitos ao Rei D. Manuel que assim acrescenta glória e títulos ao seu reinado. pleonasmo perífrase Dupla adjetivação
  • 30. Canto X – 145 - 156
  • 31. 145 Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho Destemperada e a voz enrouquecida, E não do canto, mas de ver que venho Cantar a gente surda e endurecida. O favor com que mais se acende o engenho Não no dá a pátria, não, que está metida No gosto da cobiça e na rudeza Düa austera, apagada e vil tristeza. 146 E não sei por que influxo de Destino Não tem um ledo orgulho e geral gosto, Que os ânimos levanta de contino A ter pera trabalhos ledo o rosto. Por isso vós, ó Rei, que por divino Conselho estais no régio sólio posto, Olhai que sois (e vede as outras gentes) Senhor só de vassalos excelentes. Mas… Camões invoca a sua musa inspiradora e queixa-se que está cansado de todo este processo, Mas esclarece que não está cansado de exercer a sua atividade de escritor, mas está cansado de não ser reconhecido! (crítica) Camões critica o país, acusa- o de estar dominado pela cobiça, rudeza e pela tristeza Dupla adjetivação Tripla adjetivação Crítica continua: Os portugueses não se orgulham nem têm gosto que os anime e leve adiante. Interpela o rei, dizendo que ele lidera um povo de vassalos/súbditos excelentes Apóstrofe ao Rei D. Sebastião. Interpelação
  • 32. 154 Mas eu que falo, humilde, baxo e rudo, De vós não conhecido nem sonhado? Da boca dos pequenos sei, contudo, Que o louvor sai às vezes acabado. Nem me falta na vida honesto estudo, Com longa experiência misturado, Nem engenho, que aqui vereis presente, Cousas que juntas se acham raramente Tripla adjetivação Continua dirigindo-se o rei, dizendo que ele lidera um povo de vassalos/súbditos excelentes… Mas ele apresenta-se como alguém humilde Centra o discurso em si e apresenta-se como alguém que apresenta um perfil pouco comum, pois estudou muito e experimentou muito também. “Saber de experiência feito” Eu próprio/ Camões
  • 33. 155 Pera servir-vos, braço às armas feito, Pera cantar-vos, mente às Musas dada; Só me falece ser a vós aceito, De quem virtude deve ser prezada. Se me isto o Céu concede, e o vosso peito Dina empresa tomar de ser cantada, Como a pres[s]aga mente vaticina Olhando a vossa inclinação divina, Ou fazendo que, mais que a de Medusa, A vista vossa tema o monte Atlante, Ou rompendo nos campos de Ampelusa Os muros de Marrocos e Trudante, A minha já estimada e leda Musa Fico que em todo o mundo de vós cante, De sorte que Alexandro em vós se veja, Sem à dita de Aquiles ter enveja. Camões coloca-se à disposição do Rei, como verdadeiro vassalo, pronto para o servir pelas armas (“braço”) quer pelo louvor poético (“mente”). Mostra-se disponível para continuar a cantar os feitos / as novas empresas do rei (África). Camões tem a sua Musa/inspiração disponível para continuar a cantar os feitos portugueses que continuarão a ser dignos de um canto épico superior aos grandiosos heróis clássicos da História (“Alexandre”) e da ficção (“Aquiles” herói da Eneida) Paralelismo frásico
  • 34. D. Sebastião Louco, sim louco, porque quis grandeza Qual a Sorte a não dá. Não coube em mim minha certeza; Por isso onde o areal está Ficou meu corpo que houve, não o que há. Minha loucura, outros que a tomem Com o que nela ia. Sem a loucura que é o homem Mais que a besta sadia, Cadáver adiado que procria? Fernando Pessoa, Mensagem
  • 35.
  • 36. Contra a cobiça e as desigualdades Elogio da experiência Contra a degeneração da nobreza e ainda contra a adulação Contra a má prática religiosa Crítica ao desprezo pelas artes e pelas letras O Poder do amor Crítica à vã Glória, ao desejo de Fama e à cobiça.Linha moral
  • 37. Bibliografia: . Os Lusíadas, org. Amélia Pinto Pais, Areal editores. . Luís de Camões, o épico, Hernâni Cidade. . Os Lusíadas, fichas de leitura orientada, Maria Antonieta Pires. . Os Lusíadas, apresentado por António Sérgio, editora Sá da Costa. . Análise de Os Lusíadas, Avelino Soares Cabral, Sebenta. Professora Lurdes Augusto