O documento descreve a história de três povoados de Bom Jardim - Maranhão: Rosário, fundado em 1961 por Raimundo José da Silva; Vila Bandeirante, fundado em 1970 por Antonio Vieira dos Santos; e Novo Carú, fundado em 1963 por Raimundo Nonato Pinheiro. Os povoados atraíram migrantes nordestinos à procura de terras para cultivo e caça, porém atualmente apresentam declínio econômico.
1. HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS DE BOM JARDIM - MARANHÃO
Adilson Motta, 2015
Povoado Rosário
O povoado do Rosário foi fundado em 1961, dois anos depois da fundação de Bom
Jardim, que se deu em 1959.Seu primeiro habitante foi o Sr. Raimundo José da Silva,
conhecido por Raimundo Caruncha, veja como ele esclarece a origem do nome do
povoado: “o povoado recebeu o nome de Rosário porque o Rio Pindaré tinha muitas
curvas, parecendo com um rosário. Segundo o mesmo, o nome “Rosário” foi dado ao
local por caçadores e pescadores que ali exerciam tais atividades .
Todos migrantes Nordestinos, inclusive o Sr.
Raimundo Caruncha tem uma explicação para o
motivo de sua vinda para o Maranhão; entre
estes, veja o que trouxe o referido primeiro
morador de Rosário a se estabelecer no
povoado.
“Eu e minha família morávamos no Piauí, próximo ao rio Parnaíba. Devido ao
empobrecimento do solo e a falta de mata, fomos para o Maranhão em busca de uma
vida melhor. Chegando aqui, sai a pés pelas margens do rio Pindaré até o lugar que se
chama hoje Rosário, como havia muitas terras devolutas e boas para o cultivo e matas
propícias para a caça, resolvi me estabelecer no local”.
Entrevista com antigos moradores revela que eles eram oriundos do Ceará,
Piauí e do próprio Maranhão, com um número reduzido de representantes de outros
estados que vieram a procura de terras para a lavoura de subsistência. Os mesmo
viviam da lavoura, da caça e da pesca. As suas vindas para o local, se deram através
de parente que lhes formaram da região. Muitos desses primeiros vieram a pés e outros
montados em animais. Entre as muitas dificuldades enfrentadas por esses pioneiros,
citam-se animais ferozes como onça e doenças, como malária e febre amarela. A região,
segundo eles era coberta de extensas matas e muitos animais. Veja a entrevista a
seguir com Raimundo de Jesus da Silva:
“O local era cheio de matas com muitas caças e apresentava um solo favorável para o
plantio; tinha muitos frutos como: tuturubà, bacuri, juçara, pequi, buriti e também
muitos peixes, que serviam de suprimento para o sustento de nossas famílias”.
A situação social nos primeiros dias da história do povoado Rosário era de
tempos difíceis. A título de comprovação observe o relato com o senhor Augustinho
Gomes da Silva, um dos antigos moradores:
”Era muito difícil porque não tinha estrada, energia elétrica, telefone nem médicos.
Quando alguém ficava doente era preciso levar para Pindaré, pois era lá que tinha
melhores médicos”.
Um dos primeiros moradores também foi o Sr. Cecílio Bispo da Silva que era
maranhense, e que chegou em 1961. O qual era morador de Juçaral e trabalhava com
lavoura. Veio para o povoado Rosário. O povoado do Rosário já chegou ater 600 casas,
atualmente tem cerca de 221 casas. Isto é, já foi um povoado florescente, regredindo
nos últimos anos.
2. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
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A causa da regressão do povoado, segundo os depoimentos de antigos
moradores foi a expropriação das terras a latifundiários e fazendeiro e franco amparo
de políticas públicas no setor agrícola ao longo de sucessivos governos.
Atualmente apresenta uma população de 683 habitantes. O comércio neste
povoado já foi muito desenvolvido; tinham lojas de tecidos, usinas de beneficiamento
de arroz, etc.. Hoje apresenta morosidade no seu desenvolvimento, em consequência
das migrações de muitas famílias que iniciaram o lugar tendo em vista as terras do
povoado já pertencerem a grandes latifundiários, ficando os lavradores privados de
construírem suas roças. O distrito de Rosário já possuiu um cartório, cuja tabeliã foi
Sra. Maria Perpetuo Socorro de Oliveira; o cartório em referência já foi desativado. O
Juiz do Cartório era o Sr. Raimundo Pinheiro. Existia também uma subdelegacia, cujo
delegado era o Sr. Adroaldo Cecílio.
Já foram eleitos 3 vereadores residentes no povoado Rosário. Sendo: Adroaldo
Alves Matos e Augustinho Maranhão ambos concorreram às eleições a vereador em
1968, e em 1972, a prefeitura de Bom Jardim como candidatos a prefeito. Foi eleito
também no mesmo ano (72) a vereador, o senhor Ângelo Vieira.
Atualmente em Rosário existe uma igreja católica e uma igreja Assembleia de
Deus, duas escolas municipais e a implantação de um Sistema Telemar, através de
orelhões.O povoado já é beneficiado com energia elétrica, água encanada, um posto de
saúde, um mercado municipal. Na área cultural apresenta: Festival do peixe, realizado
no mês de outubro. A festa mais popular da comunidade de Rosário é a da senhora
conhecida por Siriáca, realizada em maio com procissões, novenas, leilões e danças. A
principal atividade econômica é a pesca e a pecuária com a criação de bovinos e suínos,
a quebra do coco babaçu e a agricultura.
A agricultura é explorada em grande parte, por pequenos produtores rurais. Sabe-
se que, economicamente, a agricultura é muito importante para o desenvolvimento do
município, mais essa não apresenta bons índices de produtividade nos últimos anos.
Alguns moradores e líderes políticos afirmam que tal fato é resultado da falta de
assistência técnica. A estrutura agrária põe em evidência a preponderância do
latifúndio, onde se percebe que as maiores partes das terras são ocupadas por
latifundiários.
Em relação a Rosário, a agricultura é geralmente praticada pela maioria das
famílias em pequenas propriedades, como o cultivo de arroz, feijão, milho, mandioca,
abóbora, quiabo, maxixe, pepino, melancia e outros. Segundo entrevistas realizadas
com antigos moradores, ao longo da história do povo rosariense houve conflitos
agrários.
Acerca desses conflitos veja o que diz Domingos de Sousa Oliveira:
“Houve conflito sim, sendo que por consequência foram presos
Eu, Pedro Pacheco, Riba Guará, Sabino, Castor, Trocate e
outros; (houve um certo caráter político nos acontecimentos,
pois éramos da oposição). O conflito se deu com o chefe político
da época, o qual propôs comprar as minhas terras; no entanto,
eu não a dispus à venda. Esse fato levou consequentemente às
nossas prisões. Fomos presos quando estávamos em reunião na
igreja católica. No entanto, dois dias depois fomos libertos pelo
deputado estadual na época, José Gerardo de Abreu”.
Por outro lado, os conflitos agrários bem como rumores de atrito com os
indígenas no município desapareceram, a partir da intervenção do governo com a
demarcação e legalização das terras, resolvendo os conflitos agrários através do INCRA
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e a criação da FUNAI (Fundação
Nacional do Índio) como órgão que defende e ampara os indígenas e suas terras.
Firmando-se assim o que diz MARTINS (1996, p 27), a respeito desaparecimento das
fronteiras e diferença que separava ambos os mundos:
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A fronteira só deixa de existir quando o conflito desaparece,
quando os tempos se fundem, quando o outro se torna a parte
antagônica do nós. Quando a história passa a ser nossa a história
da nossa diversidade e pluralidade, e nós já não somos nós
mesmos porque somos o outro que devoramos e nos devorou.
O acesso a Rosário é feito através de uma estrada vicinal e de lancha via rio Pindaré. A
distância do referido povoado a sede do município é de 22 km.
VILA BANDEIRANTE
Em 1970 o lavrador, Antonio Vieira dos Santos conhecido por Antonhão,
fundou a Vila Bandeirante que inicialmente ficou conhecida pelo nome de Centro do
Antonhão. Outros lavradores tomaram conhecimento das matas e terras devolutas ali
existentes e começaram a mudar-se para o Centro do Antonhão, onde construíram suas
residências e roças para o cultivo do arroz. Seus moradores mudaram o nome do
povoado para Fazenda Nova.
O povoado crescia, tanto populacional como economicamente, devido ao seu
desenvolvimento. Seus habitantes acharam por bem trocá-lo de nome e
cognominaram-no de Vila Bandeirante. Em 30 de abril de 1979 através da Lei nº 26, o
aglomerado foi elevado a categoria de Distrito Administrativo. Tendo inicialmente como
administradores: um subdelegado de polícia, o senhor Antonio Vieira dos Santos (o
fundador do lugar), do delegado do sindicato dos Trabalhadores Rurais, o senhor José
Gomes de Souza, os dirigentes protestantes, um representante político, o senhor João
Evangelista Prado.
As festas populares são as novenas do mês de maio, e os festejos Santo
Antonio, o padroeiro da Vila Bandeirante, que são realizadas no dia 31 de julho, com
ladainhas, danças e leilões. O tambor de crioula faz parte do folclore do lugar.
Atualmente (2006), o povoado tem apenas uma igreja, a católica.
Economicamente existecinco comércios e seis mine usinas de pilar arroz. Existindo
também três escolas, num total de 306 alunos matriculados. O ensino médio funciona
desde 2004, apenas com o 1º ano.
Apresenta uma infraestrutura com água encanada e eletrificação. A
infraestrutura habitacional povoado Vila Bandeirante em 8/2005 é de 191 casas.
Destas, 19 são de tijolos e telha.
Quanto aos meios de comunicação, o povoado é servido por dois canais de
televisão: Globo e SBT; além de rádio comunitárias.
Geograficamente, à distância do povoado a sede do município é de
aproximadamente 54 quilômetros. Os povoados fronteiriços a Vila Bandeirante são:
Escada do Carú, Três Olhos D´água, Igarapé das Traíras e Rapadurinha.
1º morador de RosárioIgreja Católica em Rosário
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Antonio Vieira dos Santos, Antonhão, primeiro morador do povoado Vila Bandeirante.
Igreja Católica de Vila Bandeirante Povoado Vila Bandeirante
NOVO CARU
O povoado Novo Carú foi fundado em 1º de maio de 1963 pelo lavrador Raimundo
Nonato Pinheiro, conhecido pela alcunha de Didico, e recebeu o nome de Centro do
Dico, com a chegada de moradores para o lugar, o povoado foi crescendo em população.
Sendo o rio o único fluxo para o crescimento do lugar, seus moradores em
homenagem ao rio Carú deram ao povoado o nome de novo Carú. O povoado faz
fronteira com outros povoados como: Rapadurinha, Nova Vida, Barra do Galego e a
reserva indígena Carú.
No principio, o povoado seguia em marcha ascendente, no comércio, na
indústria de beneficiamento de arroz, na produção agrícola e em população. Era lancha
chegando quase que diariamente trazendo migrante do Ceará, Piauí e de vários lugares
do próprio Maranhão, atraídos pela abundancia de matas e terras devolutas ali
existentes. Tais migrantes trouxeram consigo os seus costumes, suas crenças, enfim,
suas cultura. A partir daí, com o passar do tempo, firmou-se a cultura de novo Carú.
Essa cultura baseia-se em danças típicas nordestinas como as quadrilhas (nas festas
juninas), o Bumba-meu-boi e em comidas típicas como cuxá, tapioca (beiju), cuscuz
dentre outras iguarias.
Com o rápido crescimento, foram instaladas várias casas comerciais, sendo as
principais: Casa Branca, Casas Matos, Casa Vera Cruz (com eletrodoméstico) os quais
vendiam todos os artigos de primeira necessidade e outros como calçados, bebidas,
confecções, alumínio, etc. Nos anos 70 a 73 os comerciantes enriqueceram por
especulações. As mercadorias eram trocadas com os agricultores pelo arroz (no
acelerado, antes da colheita). Em novo Carú o movimento era acelerado, havia muitos
hotéis, bares, boates, dois clubes para recreação e festa: o Canutão e o Clube
Recreativo Boa Vontade (CRB), duas usinas para o beneficiamento de arroz do Sr.
Manoel Vera Cruz e a do Sr. José de Deus. Atualmente Novo Carú apresenta morosidade
no seu desenvolvimento, existindo ainda, várias casas comerciais.
Em 1976, na administração do Prefeito Miguel Alves Meireles foi instalada a
iluminação elétrica através de um motor a óleo DIESEL. Em 30 de abril 1983, de acordo
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com a Lei nº 27, Novo Carú foi elevado à categoria de distrito. O povoado Novo Carú
apresentava muitos setores (povoados) aos seus redores que aqueciam e mobilizavam
a economia local. Esses setores, no entanto, desapareceram e o desenvolvimento em
Novo Carú caiu em declínio, devido às terras haverem passados para as mãos de
proprietários e posseiros e também pela inexistência de matas que foram devoradas
pelos lavradores. Muitos moradores mudaram-se do lugar, e os grandes comerciantes
fecharam suas portas mudando-se para Santa Inês e outras cidades desenvolvidas a
fim de instalar seus evoluídos comércios.
Atualmente no povoado existem três igrejas: Igreja Católica, Assembleia de Deus e um
templo Adventista. As festas tradicionais de Novo Carú são as novenas do mês de maio,
quaresma, festas e rezas com terços e ladainhas.
A padroeira do lugar é Nossa Senhora da Conceição, cujo festejo é realizado no
dia 8 de Dezembro. Até 2007, a dirigente da Igreja Católica no povoado foi Maria de
Fátima Pires Santos.
O acesso ao referido povoado é feito via estrada vicinal, abertas da cidade de
Bom Jardim a Rapadurinha. Até o povoado Rapadurinha a estrada é empiçarrada (com
constantes falhas). Deste a Novo Carú a estrada é carroçal. No inverno são maiores as
viagens via Rio Carú e Pindaré. A distância do povoado à zona urbana do município é
de 57 km.
A principal atividade econômica do lugar é a agricultura para o cultivo do arroz,
feijão, milho e a mandioca que, depois do abastecimento do mercado local, o excedente
é exportado para a sede do município, outras principais atividades são a quebra de coco
babaçu e a pesca no rio Carú que se constituiu uma fonte para a sobrevivência dos
Novocaruenses e também a pecuária com pequenas fazendas com criação de bovinos
e suínos.
Grande parte dos agricultores do Povoado dependem de terras localizadas à outra
margem do rio, precisamente na Reserva Indígena do Carú habitada por índios da etnia
guajajara. Os chefes das aldeias “cedem” parte da terra para os lavradores numa
transação chamada “renda’ que acontece de forma que o lavrador deixa para o chefe
um terço da produção da lavoura”.
Por outro lado, outros lavadores trabalham para grandes proprietários, recebendo
o que lhes é devido em duas situações, a primeira consiste em diárias no valor que
varia entre R$ 7,00 e R$ 10,00. Em segundo, e a paga com a própria produção em
“renda”, ou seja, o lavrador recebe entre um meio e um terço da produção total
dependendo do “acordo” feito entre o proprietário e o lavrador.
Uma relação de dominação e posse. De acordo com isso e sobre o mito vivenciado
nessa relação, cita FREIRE (1983 p. 1983, p. 172):
“Na verdade, estes pactos não são diálogos porque,... está inscrito o interesse
inequívoco da classe dominadora. Os pactos,... são meios para realizar suas
finalidades”.
Há diálogo quando há acordo, e quando ambos os lados são beneficiados sem prejuízo
a nenhuma das partes envolvidas. Ou seja, a classe detentora dos meios de produção
e capital em contraste com aquelas que possuem apenas a força de trabalho como
mercadoria a oferecer, encontra-se em posição de submissão “espontânea”, frente à
Igreja Católica em Novo Carú
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situação ditada pelo capital e a necessidade de “ter que trabalhar” para a
sobrevivência, que no silêncio, abraça o sistema de coisas que está posta, apesar das
amplas conquistas “tão asseguradas nas letras da Magna Carta”. Pactos estes,
fundamentados na desigualdade social e na situação de pobreza, ausência de terras e
capital na mão da maioria, que é a classe pobre e predominante. (Grifo meu – Adilson
Motta)
Na busca pelo “ter as coisas” muitos jovens e adultos abandonam os estudos
para se dedicarem ao trabalho, por entenderem que a escola não proporciona tais
ambições impostas na subjetividade deles de maneira a se realizarem. Portanto, não
entendem que é através da aquisição do conhecimento, da visão de mundo crítico-
coerente que realmente podem mudar suas percepções de vida e a situação ou
realidade.
Daí explica-se que dos 36 alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) de 1ª a
4ª série em 2004 no povoado Novo Carú, 44,4% desistiram e 13,8% evadiram-se.
Esses dados são a marca registrada tanto do pensamento supracitado, quanto do
abandono, da ausência de políticas públicas educacionais e de juventude no sentido de
que se encontrem soluções para essas mazelas. Fato este, processando-se ao longo de
sucessivos governos. Sendo o exposto apenas um retalho do que ocorre no contexto
maior, assim como em nível de Estado e Nordeste. Sendo filhos do analfabetismo, os
mesmos têm direito de acesso e, no entanto, não têm de sucesso.
Frente à situação difícil em que se encontram, tais jovens não tendo como
conciliar estudo e trabalho, os últimos por ser difícil, terminam abandonando a escola.
Pois não enxergam a educação como saída, e nem tão pouco têm estímulo e incentivo
para continuar. Não percebem que há uma intenção ideológica “desinteressada”
controlando imperceptivelmente os acontecimentos, que os leva a não enxergar a
escola como tal “saída” e “instrumento de mudanças”. Nesse sentido, veja que diz
FREIRE (1983 p. 173):
A manipulação aparece como uma necessidade imperiosa das elites dominantes,
com o fim de, através dela, conseguir um tipo inaltêntico de “organização”, com que
evite o seu contrário, que é a verdadeira organização das massas populares emersas e
emergindo.
Dentro dessa perspectiva, eles tendem a deixar o povoado indo para outros
municípios, estados e, até mesmo, outros países, como, por exemplo, Mato Grosso,
Pará, Roraima e Suriname. Nos estados de Matos Grosso e Pará, eles encontram
serviços em madeireiras, fazendas e em serrarias. No Suriname, trabalham como
garimpeiros na extração de ouro. Este é o mais cobiçado dos trabalhos, pois acreditam
conseguir prosperidade em pouco tempo.
Todos querem arriscar a sorte grande, para isso deixam pais, esposa filhos,
acreditando-se “... que todos são livres para trabalhar onde queiram. Se não lhes
agrada o patrão, podem então deixá-lo e procurar outro emprego”. FREIRE (1983 147).
Em muitos casos, por faltas de alternativas, os referidos trabalhadores se submetem
permanecer nas atividades, tudo isso, por conta do desamparo de políticas de geração
de emprego e renda de uma política agrícola que prenda o homem do campo no campo,
e leve as condições e benefícios da zona urbana para a vida do campo. O exposto é
apenas uma pequena amostra de um contexto maior.
O povoado Novo Carú dispõe hoje (2005) de três escolas municipais num total
de 9 salas de aula. Tem também um posto de saúde, uma praça e uma subdelegacia
de polícia.
No aspecto educacional, as escolas refletem o contexto municipal, de
administrações sucessivas, não dispondo de biblioteca publica, nem de livros gratuito
que cubra toda rede de ensino, o que dificulta o processo ensino-aprendizagem nesse
povoado e aumenta a insatisfação dos moradores que aspiram melhoria.
A juventude encontra-se dispersa, dividida entre trabalho duro do campo no
período diurno e a ociosidade dos que não estudam no período noturno. Por falta de
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opções no que diz respeito à diversão, muitos desses jovens procuram os bares quase
que regularmente, e alguns a se entregar ao alcoolismo.
Povoado Novo Carú –jan./2007
Não é muito e custa pouco, mas o sonho maior daquela comunidade é que os
governantes do município façam um cais na beira-rio e empiçarrem a estrada
de Novo Carú ao povoado Rapadura – pois, no inverno, fecham-se as saídas de
acesso, quando o rio não está cheio.
Em fins de 2006, a administração Roque Portela fez uma obra que para muitos
novocaruenses foi de grande importância, segundo a população carente que foi:
empiçarrou todas as ruas do povoado e fez duas pontes de acesso dentro do
povoado. Se o pouco gera satisfação, imaginem o que seria se fosse feito o que
se pode fazer.
Rio Carú – no povoado Novo Carú
Raimundo Nonato Pinheiro,
conhecido por Didico, foi o
primeiro morador do povoado
Novo Carú.
Escola Municipal Raimundo Nonato Pinheiro
Subdelegacia de Polícia no
povoado Novo Carú
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REGIÃO DA MIRIL, VARIG, BREJO SOCIAL, AEROPORTO E
ANTONIO CONSELHEIRO
A parte populacional mais afastada e que muitos bonjardinenses desconhecem é
a região da Miril, Varig, Brejo Social, Aeroporto, Antônio Conselheiro e outros
assentamentos que correspondem a um aglomerado de cerca de 60 povoados. O
populacional da região é estimado em 9.515 habitantes e um eleitorado de 4.321
eleitores. As rendas de despacho da produção econômicas (agricultura, pecuária e
exploração de madeiras) são escoadas para Buriticupu e Açailândia, gerando renda aos
mesmos, deixando o município de Bom Jardim de arrecadar boa fonte de receita
naquela região, sem que haja aproveitamento na economia municipal. Esta é, no
entanto, uma região muito enxergada em período eleitoral, pois seu peso eleitoral já
definiu muitas vitórias políticas em Bom Jardim a políticos que só enxergam em período
eleitoral. A juventude daquela região sob a tutela política administrativa de Bom Jardim,
encontra-se entregue ao abandono – quanto ao ensino médio, onde também são
desamparados (pelo Estado). Frente a situação, segundo Francinaldo da Silva, membro
do Comitê Pró-Emancipação da Vila Varig em o Jornal Agora Santa Inês (2011):
“Nós estamos cansados de tanto abandono e isolamento!”
Escola Municipal em Brejo Social. Data: Agosto de 2012.
Sendo em sua maioria áreas de assentamentos, marcadas por histórias de lutas
do homem do campo na busca pelo direito a terra, já que estes direitos não vêm nas
diligências pleiteadas nas políticas públicas por gestores que planejem o
desenvolvimento na região, é produto de conquistas sociais e de lutas isoladas.
Das áreas pertencentes a Bom Jardim que abrange a região da Miril, Varig, Brejo
Social e Aeroporto são as maiores produtoras de arroz e apresenta grande criatório de
gado; exportando muita madeira, além de produzir pimenta (cujo fato deriva o nome
de um povoado - povoado da Pimenta). O povo daquela região sobrevive da agricultura,
pecuária, carvoaria e extração de madeira (esta última, atualmente encontra-se
escasseando). E grande parte de seu território é ocupado por plantio de eucaliptos de
empreendimentos empresariais de porte como o Grupo Viena, Pindaré, Ferro Gusa e
outros.
O grande problema enfrentado é a ausência de estradas para a escoação da
produção como: madeira, cereais, castanha, gados para o abate, queijo, arroz, feijão,
etc. Sabe-se que, as verbas federais também vêm na proporção/população, ou seja,
considerando o coeficiente populacional.E o que se observa, é que o povo daquela região
apenas serve para engordar as contas do cofre público, ou melhor, sem uma equivalente
retribuição. O povo precisa mais do que uma simples ponte, e um pedaço de estrada
raspada e empiçarrada...
Por conta da situação, em toda aquela região, segundo Frei Valadares (que lá muito
frequenta), está ocorrendo certo êxodo – ou seja, muitos proprietários de terras estão
vendendo suas propriedades e migrando para outras regiões onde se oferece melhores
condições.
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O acesso até aquela região não é por via direta (por dentro de Bom Jardim);
atravessam-se 7 municípios para atingir os confins mais distantes da região. Como:
Pindaré-Mirim, Santa Inês, Tufilândia, Santa Luzia, Butiticupu, Bom Jesus das Salvas e
Açailândia. Devido a grande distância que separa o município àquela região, perdura
certa dificuldade administrativa para os governantes, ficando assim, muito a desejar
àquela população que também é “povo bonjardinense”, e que sonha por uma autonomia
administrativa através de emancipação política. O fato de ser um dos povoados mais
distante da sede administrativa, torna-se difícil a administração de rendas, recursos e
projetos, e se resolveria com a instalação de uma subprefeitura para aquela região para
trabalhar e gerir o seu desenvolvimento. Tal projeto foi implantado na administração
Gralhada, mas, não foi em frente por razões político-partidária entre aqueles que
representavam o poder público municipal (Executivo e Legislativo).
Nas adjacências da estrada Sunil (empiaçaral), que liga Bom Jardim a Açailândia,
existe uma grande plantação de eucaliptos da empresa Viena, estimada em 15 km de
extensão, para a produção e destinada à fundição em siderurgias da Companhia Vale
do Rio Doce. Existe seis carvoeiras na região.
A difícil situação administrativa por conta da situação geográfica da região permite
criar um certo isolamento social distanciando a comunidade da região dos benefícios
da sede administrativa. A perda econômica se dá através do alto fluxo de madeiras
que é escoada via fronteira de outros municípios, os quais se beneficiam por meio de
suas serrarias via impostos e empregos (diretos e indiretos). Os pontos de escoação
de madeiras na região são:
Casa Redonda;
Buriticupu (após 6 km);
Nova Vida;
E Bom Jesus das Selvas.
Há a existência de bauxita da qual se extrai o alumínio na Serra do Tiracambu,
que foi detectada em pesquisas pela Companhia Vale do Rio Doce. A C.V.R.D ou Vale
está se instalando na região, na localidade do Rio da Onça, para exploração do minério
de bauxita. Para que isto aconteça, a CVRD tem que obter a liçença ambiental e alvará
dos municípios onde a Serra do Tiracambu se localiza. Fato que acarretaria renda e
desenvolvimento ao estado e região através dos royalties.
Obrigações Sociais Omissas da Vale com as Comunidades de Bom
Jardim na Região Miril e Caru
Para quem não conhece, a questão da Vale nos limites da política e de suas obrigações
com as comunidades que se localizam nas suas adjacências, não é nada realmente de
interessante. Mas a partir do momento que conhecemos realmente a Vale e seu
potencial, seu processo de privataria ou privatização – ai, o assunto se torna um
problema além de Bom Jardim, e sim um problema nacional. A Vale tem de fato
direitos e obrigações de bancar projetos ao longo das comunidades que se localizam ao
longo da ferrovia em até 15 quilômetros de distância. As comunidades de Bom Jardim
(REGIÃO MIRIL) por onde passam os trilhos da Vale na região, localizam em menos
de um quilômetro de distância (marcados pelos limites do rio Pindaré naquela região).
A VALE tem sim, obrigações sociais com as comunidades de Bom Jardim – seja infra
estruturais (pontes e passarelas), educacionais (campanhas, construção de escolas,
asfaltamento). Quanto mais na Serra do Tiracambu, onde se localiza uma enorme
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reserva de bauxita, minério de onde se extrai o alumínio – que no futuro irá gera
royalties a Bom Jardim.
A Vale é uma ferida no coração do Brasil nas flâmulas da corrupção. Afinal, seu
processo de privatização foi na total sombra da corrupção. É tido como o maior caso
de corrupção da história da humanidade. Pois, segundo um de seus últimos diretores
(que precedeu Rogger Agnelli – pós privatizada), a empresa valia R$ 100 bilhões e foi
vendida por apenas 3,3 bilhões (para as próprias empresas que a avaliaram (Merrill
Lynch – americana - e Bradesco, que também foram os compradores, onde boa parte
dos recursos pelo qual foi auferida, foi financiado pelo BNDES). Afinal, 68% de seus
novos donos são estrangeiros. Especialistas afirmam que, devido ser 400 anos de
exploração mineral noite e dia (minério diversos, raros e caros), a mesma, que é
detentora da lavra em termos monopolizados esteja valendo algo em torno de 7 trilhões.
E os brasileiros a ver navios... A pérola de um povo atirada aos porcos (capitalistas e
saqueadores do patrimônio da nação que se escondem por traz de políticos, bancos
privados e empresas multinacionais). Em 2012, a empresa Vale faturou algo em torno
de R$ 21 bilhões anual, quase 3 vezes o orçamento de todo estado do Maranhão com
seus 217 municípios. Hoje, é uma multinacional e opera nos 5 continentes e 18 países.
Veja o discurso na câmara federal de Chiquinho Escórcio, em que se fundamenta os direitos
das comunidades e deveres da Vale:
“A Vale está deixando muito a desejar no meu Estado. Os
senhores verão que não são apenas os índios, mas a
população está revoltada com todas aquelas casas
rachadas, as pessoas que estão morrendo nos trilhos, a
zoada permanente, tudo isso é exatamente o rastro de
mal-estar que os senhores estão deixando”, disse.
Carvoeira na região da Miril; sendo por muitos conhecidas por “rabos quentes”, é uma espécie de
iglu, feito de tijolo e barro. Grande extração de carvão vegetal que é revendido para as siderurgias.
Povoados de Bom Jardim que encontram-se dentro dos limites de 15 quilômetros e que
podem receber projetos de impacto socioambiental da Vale:
a) Cristalândia (Região Miril);
b) Miril;
c) Bela Vista;
d) Povoado Rosário;
e) Povoado Barra do Galego;
f) Chapada;
g) E Santa Luz (em grandes probabilidades).
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IMAGENS DA REGIÃO MIRIL
Rio Azul Rio Pindaré
Participação da comunidade em ações política e associativismo.
Rio Azul
Povoado aeroporto. Vila Varig
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VILA VARIG – ATUAL NOVO JARDIM (EM PERSPECTIVA DE
EMANCIPAÇÃO)
Fonte: Antonio Castro Leite. Agrimensor Topografia. 2015
13. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
13
PRÉDIO DO DAVI – POVOADO ANTONIO CONSELHEIRO
Serra do Tiracambu
Localizada na Amazônia maranhense, a Serra do Tiracambu, que compreende área territorial
de vários municípios do Maranhão e Pará. Entre os municípios que sofrem influência geológica de
seu platô*, estão: Açailândia, Bom Jardim, Imperatriz, Itinga do Maranhão e Marabá.
Localiza-se a Oeste Maranhense – Serra do Tiracambu – divisa de Bom Jardim e
Carutapera – Serra do Gurupi – nos municípios de Imperatriz, Açailândia e João Lisboa. (Fonte:
Geografia do Maranhão,2010).
Apresenta grande área florestal dentro do universo e domínio da Unidade de Conservação
(Reserva Biológica do Gurupi – REBIO do Gurupi no Maranhão), e em algumas terras indígenas – o
que lhe serve de proteção à sua biodiversidade. O platô que forma a área da Serra do Tiracambu
ocorre numa região de relevo dissecado (MARÇAL, 1994), cuja altitude na Serra do Tiracambu
varia entre 400 e 600 m. O feixe (de platô), que passa por imperatriz e Marabá (segundo estudos e
pesquisas) com mais de 350 km de extensão impõe anomalias em cotovelo no baixo curso dos rios
Araguaia e Tocantins, além de controlar o baixo curso do Rio Itacaiúnas (Pará). A área geológica
(do Tiracambu compreende uma extensão de 560 km).
O Rio Gurupi nasce na Serra do Tiracambu, que constitui o principal divisor de águas desta
bacia, estabelecendo limites com as bacias do Pindaré e Turiaçu.
Grande parte florestal da Serra já sofreu exploração seletiva de madeira recente, havendo
também evidência de incêndios florestais comum na região.
14. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
14
HORTO FLORESTAL NOVA VIDA – VIENA SIDERÚRGICA
=
15. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
15
POVOADO TIRIRICAL
O povoado Tirirical foi fundado entre 1950 a 1951, pelo lavrador Raimundo
Bacabal, conhecido por Raimundo Tiririca. O mesmo veio com mulher e dois filhos. O
referido primeiro morador é maranhense, oriundo da cidade de Bacabal. O povoado
recebeu este nome porque tinha muita tiririca, (tipo de capim cortante). O
desenvolvimento do povoado se deu através da lavoura, principalmente do arroz.
Apesar de se localizar bem próximo à aldeia indígena, não consta ao relato dos antigos
moradores a existência do conflito com os referidos primeiros habitantes daquela terra.
O povoado faz fronteira com outro povoado, Zé Boeiro e a aldeia indígena. Sempre
houve uma relação amistosa do povoado com a população indígena existente naquelas
imediações.
“[...] o relacionamento era muito bom, nós trabalhávamos juntos, e não tinha
nenhum tipo de desavenças” (Eliésio, 12/2004). Veja o que diz outra entrevista com
Francisca Pereira da Conceição “... era um bom relacionamento, eles se entendiam
muito bem, era melhor do que agora”. (CUNHA, 12/2004).
O princípio da história do povoado Tirirical é marcada com a presença de
caçadores que ali caçavam somente para o consumo; segundo Eliésio (12/2004), a
grande dificuldade no povoado era o acesso, pois não tinham carros, e as viagens eram
feitas a cavalo e a pés.
Não existia delegacia, mas, Raimundo do Tiririca era tido como o delegado
arbitrário do lugar. Veja relato abaixo que comprova o fato:
“Raimundo do Tiririca era quem cumpria essa função, amarrava o infrator no pé
do mourão que era levado para Bom Jardim e entregava para o delegado de lá” (Eliésio
Sotero da Cunha, 66 anos/2004). Há uma explicação para a vinda de cada morador
para essa região. Veja o que trouxe Eliésio Sotero da Cunha para o povoado Tirirical:
“Por causa da seca e não existir condições de trabalho na lavoura onde morava.
No entanto, pela facilidade de terra fértil para a lavoura aqui existente, vim e me
estabeleci”.
O povoado se localiza a leste do município a 12 quilômetros da sede, com uma
área de aproximadamente 1 km2.
É servido pela estrada Federal BR 316, que liga aos
municípios de Bom Jardim e Santa Inês.
Segundo pesquisas realizadas, a população residente na comunidade, em
dezembro de 2004 era de 1600 habitantes, integrantes de 420 famílias. A população de
Tirirical enfrenta inúmeros problemas. Um deles é a falta de terras para o cultivo,
levando famílias para os lugares distantes, para trabalhar. Há falta de alternativas de
empregos, principalmente para a classe juvenil. A infraestrutura habitacional é de 420
casas, onde apenas trinta são de tijolos. As restantes são de taipas, algumas cobertas
de telhas, outras de palha de babaçu.
Atualmente existem 16 pequenos comércios no povoado Tirirical. Uns vendem
secos e molhados e outros vendem bebidas (bares).
Os principais produtos comercializados são: feijão, farinha, açúcar, café
aguardente, sabão, sal, margarina, bolacha, óleo, etc.
A primeira escola ali existente foi num casebre que se chamava Escola João de
Barro, que visava alfabetizar. Por longo tempo a educação funcionou com professores
leigos, devido à carência de profissionais formados.
Quanto ao aspecto cultural, as festas populares da comunidade de Tirirical são:
São João, Bumba-meu-boi, quadrilha e Candomblé. O padroeiro do lugar é São João
batista.
A primeira igreja a se estabelecer no povoado foi a igreja católica. As missas
eram celebradas nas casas das pessoas
O fundador da Assembleia de Deus foi o senhor Amadeus. Da igreja católica foi
Chico França.
A religiosidade está presente numa parcela significada dos moradores da região,
sendo o catolicismo a religião predominante. Atualmente em Tirirical existe uma igreja
católica e Assembleia de Deus.
16. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
16
A renda da população de Tirirical é de fontes diversas; entre elas, da quebra
de coco, da produção de carvão, do corte de arroz, da pesca, de benefícios, programa
bolsa escola, PETI, e alguns outros benefícios.
Existe um grande número de pessoas, que não possuem qualificação profissional,
dedicam-se tão somente ao trabalho agrícola, mas, como não têm posse de terra
alguma, trabalham como arrendatários, pagando dois alqueires de arroz aos
proprietários e latifundiários.
Atualmente o povoado é beneficiado com escolas, energia elétrica, água
encanada, um posto de saúde, um mercado municipal e vários orelhões.
POVOADO CASSIMIRO
O povoado Cassimiro foi fundado em 13 de outubro de 1967, pelo lavrador
João Cassimiro, que veio com a família. O referido primeiro morador é
maranhense, oriundo da cidade de Pinheiro. O povoado recebeu este nome em
homenagem ao referido primeiro morador. O princípio da história do povoado
Cassimiro é marcada com a presença de caçadores que ali caçavam somente
para o consumo. O acesso ao município era difícil, pois não circulavam carros, e
as viagens eram realizadas a cavalo e a pés.
O desenvolvimento do povoado se deu através da lavoura, principalmente
do arroz. No entanto, com o transcorrer dos anos, desenvolveu-se também a
pecuária, a qual é hoje uma das maiores fontes de economia no povoado, assim
como no município. O povoado já possuiu delegacia, cujo delegado era Vicente
e Sebastião Alves.
Cassimiro está localizado no município de Bom Jardim, fazendo limites com
os povoados: Gurvia, Centro do Alfredo e Rapadurinha.
Localiza-se a oeste do município, a 42 quilômetros da sede, com uma área
de aproximadamente 6 km de extensão. É servido pela estrada piçarral Bom
Jardim / São João do Carú, e se liga a outras estradas vicinais que dão acesso a
outros povoados fronteiriços.
Sua população, segundo pesquisas realizadas em dezembro de 2004 era
de 488 habitantes.
A infraestrutura habitacional é de 122 casas, onde aproximadamente 50%
são de telhas e tijolos; o restante, de taipas e palhas de coco babaçu. A principal
atividade econômica é a agricultura, pecuária com a criação bovina e a quebra
do coco babaçu.
No povoado, desde seus primórdios existiu e ainda existe engenho, o qual
é utilizado para a fabricação de cachaça. A população de Cassimiro enfrenta
inúmeros problemas. Um deles é a falta de terras para o cultivo, levando famílias
a produzirem por arrendamento em terras de latifundiários e algumas a irem
embora para lugares distantes, para trabalhar. Há falta de alternativa de
empregos, principalmente para a classe juvenil.
Povoado Tirirical, em
28/12/2006
17. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
17
Atualmente existem 8 pequenos comércios no povoado Cassimiro. Uns
vendem secos e molhados e outros vendem bebidas (bares), existindo também
uma farmácia.
Os principais produtos comercializados são: arroz, feijão, farinha, açúcar,
café, aguardente, sabão, sal, margarina bolacha, óleo, etc. O acesso ao povoado
no verão se dá através de caminhões, carros pequenos, motos. Sendo utilizado
também animais (burros e jumentos) para o transporte de cargas,
especialmente pelas famílias de baixa renda.
O povoado em estudo usufrui telefones públicos através de orelhões
espalhados pelas ruas. Os referidos canais de televisão assistidos no município
são os mesmo assistidos no povoado Cassimiro. Sendo: TV Globo e SBT. Quanto
ao aspecto cultural, as festas populares da comunidade de Cassimiro são: São
João, Bumba-meu-boi, quadrilha e candomblé. O padroeiro do lugar é São
Raimundo, cujo festejo é realizado no dia 31 de agosto. A primeira igreja a se
estabelecer no povoado foi a igreja católica. No principio, as missas eram
celebradas nas casas das pessoas.
No povoado Cassimiro funciona escolas de ensino Médio e Fundamental.
As escolas do Estado funcionam escolas como anexo, em salas emprestadas pelo
município.
A renda da população de Cassimiro é de fontes diversas; entre elas, da
quebra de coco, da produção de carvão, do corte de arroz, da pesca, de
benefícios de aposentados, alguns funcionários públicos, programas bolsa
Escola, PETI, e alguns outros benefícios.
Atualmente o povoado é beneficiado com energia elétrica, água encanada,
um mercado municipal, posto de saúde e orelhões
.
Igarapé da Água Preta Igarapé do Arvoredo
Igreja Evangélica do
Povoado Cassimiro
Povoado Cassimiro Capela da ólicaIgreja Católica
18. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
18
Igarapé do Galego Povoado Igarapé dos Índios
Local das piçarreiras em Bom Jardim:
Povoado Barrote: Serrinha; Oscar (com senhor Marcelino) e outros povoados.
Um dos graves problemas que constitui um empecilho ao desenvolvimento dosMunicípios de Bom
Jardim e São João do Carú reside na questão infraestrutura de suas estradas. Pois 65,83 da população
de Bom Jardim reside na zona rural; e a população rural de São João do Carú é de 76,6%. Isso
demanda a necessidade de se tornar a agricultura um ponto prioritário na Política Pública desses dois
municípios, incluindo-se nessas prioridades, é claro, boas estradas e transportes para escoação da
produção - como projeto municipal de modo que venha contribuir para que exista possibilidades
depreçosacessíveis e competitivos no mercado local.
Um dos problemas mais crônicos entre esses dois municípios reside justamente no que toca o
indispensável: ESTRADAS E PARCERIA COM O HOMEM DO CAMPO! O qual vive entregue a
sorte das políticas públicas, dependendo único e exclusivamente de programas ligados ao PRONAFE,
que em muitos casos, se torna mais fácil e acessível quando na sombra de política partidária. O
documentário: “Estrada dos Sonhos” desenvolvido por Paulo Montel (at al/apresentado in julho de
2009), mostra uma região, onde “as riquezas do ecossistema revelam uma contradição com a pobreza
do povo que habita essas matas da pré-amazônia, ou Amazônia Legal”(Tone Barone) cujo descaso
“...aponta para o desinteresse do Poder Público – que durante décadas submeteu a população ao
sofrimento em todas as estações do ano”. Segundo o documentário, a falta de estradas afeta
diretamente a geração de renda. Afinal, a população rural desses dois municípios depende da
agricultura e da pesca (realizada nos rios Caru e Pindaré e empreendimentos com açudes). Os rios
Caru e Pindaré torna a região, um excelente DELTA de fertilidade.
Esta é apenas uma das várias piçarreiras que existe ao
longo da estrada Bom Jardim/São João do Carú. O
preço, segundo um dos proprietários, é de R$ 5,00 a
caçambada. A insatisfação maior do povo de São João
do Carú entre outras é o problema das más condições
de estradas, apesar da existência de recursos para isto.
Em Bom Jardim, 65% da população é rural e
dependem dessas estradas para escoar produção e
resolverem seus problemas no município. Estas
estradas muitas vezes cortam no período do inverno,
deixando essas comunidades isoladas para tudo,
inclusive quando pessoas da comunidade adoecem,
que são levadas em redes para o município (como se
não existisse governo nem recurso para construí-las)
19. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
19
Belezas naturais - Rios Pindaré e Carú. Fonte: Documentário “Estrada dos sonhos”
Um pedaço do Maranhão com cara de Amazônia. Estes são os rios que
extremam e perpassam os municípios de Bom Jardim e São João do Caru.
Condições das estradas no inverno de 2009 (ver fotos abaixo extraídas do
documentário: “Estrada dos sonhos” que já rendeu muitas eleições a corruptos e
demagogos na história política de Bom Jardim (e São João do Caru):
Fonte: Documentário, 07/2009 Fonte: Arnobe,07/09
Fonte das fotos: Documentário “Estrada dos sonhos”, 2012.
20. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
20
Segundo o documentário, em 10 de dezembro de 2007, foi estabelecido um
contrato entre a prefeitura Municipal de Bom Jardim e uma determinada empresa
contratada, no valor de R$ 1.076.596,00 (Um milhão, setenta e seis mil, quinhentos e
noventa e seis reais) para melhoramento e revestimento da MA 318. Só em 2008 foi
dado início a obra, em perído de inverno e de eleição. O documentário revela
tambémem depoimentos de moradores da região que, “quando passou a eleição, a firma
(empresa) foi embora” retirando suas máquinas.A política dessa forma, se torna um
instrumento de perpetuação de grupos detentores do poder a quem “interessam” a
manutenção da situação de pobreza, subdesenvolvimento e atraso na região, o que se
transforma numa arma política de políticos comprometidos com o subdesenvolvimento
e atraso.
Distância Estimativa dos Povoados à Sede Municipal
Cidade de São João do Caru 100 km
Santa Luz 13 km
Centro do Bastião 5 km
Pedra de Areia 7 km
Centro do Bastião a Pedra de Areia 01 km
Boeiro 5 km
Tirirical 11 km
Rosário 22 km
Rapadura Velho 18 km
Centro do Nascimento 20 km
Barra do Galego 38 km
Sapucaia 45 km
São João do Turi 70 km
São João dos Crentes 7 km
Turizinho 50 km
Três Olhos d´A´guas 55 km
Km 18 12 km
Oscar 18 km
Galego 26 km
Cassimiro 35 km
Rapadurinha 40 km
Novo Caru 53 km
Vila Bandeirantes 50 km
Macaca 45 km
Igarapé dos Índios 74 km
Da Sede Municipal à Resina 25 km
Do Igarapé dos índios ao Pov. Canaã 6 km.
21. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
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Polos Administrativos de Bom Jardim
Os Polos Administrativos foram criados informalmente e independente de Lei
Instituída, não possuindo caráter administrativo, numa perspectiva da geopolítica local
para fins de promoção de planejamento em políticas públicas. Apenas serve de
“agregação” de povoados adjacentes a outros maiores para fins de abranger blocos de
povoados no sentido de mapeamento de concursos por blocos regionais; em outro caso,
serve como agregação de povoados para fins de apuração eleitoral, como acontecera
na eleição de 2012 para apuração eleitoral, a qual muito se especulava temores de que
por trás de certa “inovação” – o que dantes não acontecia, fosse corromper os resultados
da disputada eleição dos dois fortalecidos blocos.
Polo Bela Vista;
Polo Brejo Social e Antônio Conselheiro;
Polo Caru, Cassimiro, Vila Bandeirante e Igarapé dos Índios;
Polo Vila Varig;
Polo Santa Luz, Tirirical e Oscar.
DISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL DE BOM JARDIM
ZONA URBANA
Nome da Localidade
Número de
Imóveis
Número de
Habitantes
Número de Famílias Imóveis Desabitado Imóveis fechado
BOM JARDIM 2.636 8.482 2.406 545 08
VILA PEDROSA 439 1573 456 62 ----
VILA MUNIZ 250 1001 236 27 ----
VILA SÃO BERNARDO 248 838 222 49 ----
VILA ESPERANÇA 251 709 184 66 ----
COHAB 159 591 173 07 03
MUTIRÃO 207 816 246 22 ----
VILA ABREU–POVOADO 65 183
ZONA RURAL
NOME DA LOCALIDADE Categoria Habitantes Residências Quarteirão imóveis Prédios
ADÃO FAZ. 6 2 1 2 2
AEROPORTO POV. 205 70 6 74 74
ÁGUA BOA FAZ. 155 51 7 64 56
ÁGUA BRANCA (ALDEIA) MALO 8 3 3 3 3
ÁGUA BRANCA I SÍT. 183 58 5 3 3
ÁGUA BRANCA II SIT. 119 39 6 49 43
ÁGUA LIMPA II SIT. 78 26 4 38 28
ÁGUA PRETA POV. 124 22 5 24 24
ALDEIA DA MASSARANDUBA MALO 133 44 8 54 48
ALDEIA DO ROMÃO MALO 17 6 2 8 6
ALDEIA DO VELHO ALD 8 3 --- 3 3
ALDEIA DOS PRATOS MALO 14 5 2 8 5
ALDEIA SANTA RITA ALD 16 5 3 6 6
ALDEIA SÃO
PEDRO
ALD 6 2 1 2 2
ALEGRIA FAZ. 58 20 3 27 21
ALTO BONITO FAZ. 8 3 1 3 3
22. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
22
ALTO BONITO IVAN FAZ. 11 4 2 7 4
ALTO BONITO I SIT. 11 4 2 4 4
ALTO DOS ÍNDIOS SÍT. 52 8 6 17 17
ALTO FLEXA FAZ. 111 37 6 46 40
ALTO HORIZONTE SÍT 11 4 2 6 4
ALTO SANTO SÍT 79 17 4 26 26
ANTONIO CONSELHEIRO POV. 554 190 9 216 200
AREIÃO ALD 81 24 10 29 29
ARICIRANA SÍT 16 4 4 9 9
ARVOREDO POV 01 --- 2 3 3
ARVOREDO SIT 4 2 2 4 2
ASSENTAMENTO DO
ROS=RIO
POV 47 11 3 19 19
BAIXÃO DO VITOR SIT 105 34 5 43 36
BAIXÃO DO ZÉ LEAL SIT 28 9 2 10 10
BAIXÃO DO ZEZINHO ALD 30 11 3 13 11
BARBOSA FAZ 53 19 3 21 19
BARRA DO GALEGO POV 317 74 7 93 93
BARRA LIMPA POV 3 1 1 1 1
BARRACA COMPRIDA POV 82 19 6 23 23
BARRACA DA PIMENTA SIT 72 26 4 30 26
BARRACA FELIZ POV 51 14 8 19 19
BARRACA LAVADA POV 165 40 2 47 47
BARRAS FAZ 33 10 3 12 12
BARRINHA FAZ 28 10 3 10 10
BARROTE SIT 144 40 7 50 50
BATEDOR FAZ 188 63 4 74 68
BELA VISTA PAD 261 90 8 103 94
BOA ESPERANÇA SIT 61 21 4 28 22
BOA ESPERANÇA I POV 28 10 3 10 10
BOA ESPERANÇA II FAZ 30 10 6 10 10
BOA ESPERANÇA III POV 113 23 7 24 24
BOA VIDA POV 106 25 6 35 35
BOA VISTA SIT 11 4 1 4 4
BOM FUTURO FAZ 22 8 2 8 8
BREJÃO DA MIRIL SIT 183 62 7 75 66
BREJÃO I POV 335 117 11 131 121
BREJÃO II SIT 238 82 6 94 86
BREJINHO I SIT 108 36 7 45 39
BREJO DO AÇAIZAL FAZ 180 63 7 75 65
BREJO DO PORCÃO SIT 36 13 3 17 13
BREJO DOS ÍNDIOS SIT 638 226 13 246 230
BREJO GRANDE I POV 25 6 4 8 8
BREJO GRANDE III POV 111 38 5 45 40
BREJO SANTO ANTONIO FAZ 33 12 3 15 12
BREJO SOCIAL FAZ 638 223 14 245 230
CABECEIRA AZUL FAZ 55 20 3 24 20
CABOCLO MORTO POV 3 1 1 1 1
CAFETEIRA FAZ 50 18 3 22 18
CAJUEIRO POV 18 4 3 10 5
CAJUEIRO POV 7 1 1 1 1
23. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
23
CANAÃ MALO 24 7 2 10 10
CANASTRA POV 3 1 1 3 3
CANTAREIRA FAZ 17 6 2 9 6
CANTINA FAZ 11 4 2 5 4
CARLITO FAZ 42 14 3 21 15
CARÚ POV 2 1 1 1 1
CARÚ ANIL SIT 69 24 4 28 25
CASA BRANCA SIT 39 14 3 18 14
CAVALO MORTO POV 12 4 2 6 6
CAXIAS SIT 105 36 4 46 38
CENTRO DA RAPADURA POV 122 29 14 37 37
CENTRO DO ADEBALDO SIT 6 2 1 2 2
CENTRO DO ADRIANO POV 5 1 1 2 2
CENTRO DO ALENCAR SIT 28 10 3 14 10
CENTRO DO ALENCAR FAZ 20 6 3 14 10
CENTRO DO BARBEIRO POV 19 7 2 10 7
CENTRO DO BRECHOR SIT 19 7 3 10 7
CENTRO DO CASSIMIRO POV 544 126 10 182 182
CENTRO DO CHICO
ATANÁSIO
POV 27 7 4 12 12
C. CHICO DA ANTA SIT 14 5 2 7 5
C. DO CIRILO SIT 89 30 3 38 32
C. DO COPIARA SIT 36 13 2 17 13
C. DO DOCA POV 16 4 2 17 13
C. DO DOMINGOS SIT 8 3 1 4 3
C. DO ELIAS POV 17 6 2 8 6
C. FELIX SIT 39 13 3 17 14
C. DO GURVIA POV 247 57 5 75 75
C. JOÃO BASTIÃO POV 147 48 6 62 53
C. JOÃO BATISTA SIT 33 11 3 14 12
C. JOÃO COSTA SIT 106 28 4 32 32
C. JOÃO MODESTO FAZ 47 15 4 23 17
C. DO LAUDIR SIT 1 0 2 2 2
C. DO LIGA ALD 11 4 3 8 4
C. MANUEL BRINCO ALD 6 2 1 2 2
C. NASCIMENTO POV 225 47 10 66 66
C. DO NETO ALD 6 2 1 2 2
C. NICODEMOS SIT 136 47 6 58 49
C. DO OLÍMPIO POV 10 5 4 11 11
C. DO ORISTIDES SIT 144 49 6 57 52
C. DO OSCAR I POV 325 97 7 105 105
C. DO OSCAR II POV 67 24 4 28 24
C. DO PAULO II POV 3 1 1 1 1
C. PEDRO BENTO SIT 4 1 2 4 4
C. PEDRO FRANGA SIT 6 2 1 2 2
RAIMUNDO BOI SIT 01 0 2 2 2
C. ROSENO POV 19 7 2 9 7
C. SEBASTIÃO POV 3 1 1 3 3
C. SOUSA SIT 8 3 1 3 3
C. DO TEOTÔNIO SIT 11 4 1 4 4
C. DO TOINHO POV 13 4 1 7 7
24. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
24
C. VALBER POV 18 4 2 5 5
C. DO VALDIVINO POV 11 3 1 4 4
C. DO VIRIATO SIT 17 6 2 9 6
C. DO XAVIER POV 0 0 1 3 3
C. DO ZAQUIEL SIT 42 15 3 18 15
C. DO ZÉ BARRETO SIT 4 1 2 2 2
C. DO ZÉ BATISTA POV 0 0 1 1 1
C. ZÉ BOEIRO POV 335 108 13 126 116
C. ZÉ LOURENÇO SIT 14 5 2 7 5
C. ZÉ MESTRE POV 21 4 3 7 7
C. ZÉ SILVA SIT 3 1 1 1 1
ZÉCA BENVINDO SIT 28 10 3 12 10
C. DO ZEQUINHA FAZ 13 5 1 5 5
C. DOS CARNEIROS POV 8 3 1 3 3
C. DOS CRENTES SIT 47 15 4 21 17
C. DOS FEIOS SIT 30 11 3 14 11
C. DOS FERREIRAS SIT 40 9 3 11 11
C. DOS PACHOLAS SIT 52 12 4 17 17
C. DOS PERNAMBUCANOS SIT 25 9 2 12 9
C. DOS TRAPIACAS POV 6 2 1 2 2
C. RICO MALO 3 1 1 1 1
CHAPADA POV 116 26 8 32 32
CHICO CONCEIÇÃO SIT 8 2 3 6 6
COCAL DA VARIG SIT 47 16 3 20 17
CÓRREGO VERDE FAZ 36 13 2 17 13
CRUZETA POV 21 4 1 8 8
CURVA POV 64 18 3 26 26
CUTUVELO FAZ 103 34 4 43 37
DEUS AJUDA FAZ 17 6 2 8 6
DEUS AMOR / RIO DA ONÇA FAZ 130 45 10 56 47
DEZESSETE POV 11 3 1 6 6
DEZOITO POV 268 65 8 73 73
DOIS IRMÃOS V FAZ 6 2 1 2 2
DOZE POV 2 1 1 1 1
ENGENHO D´ÁGUA SIT 7 2 2 6 6
ESCADA POV 162 55 9 87 87
ESPERANÇA NOVA SIT 17 6 2 9 6
ESPERANTINA POV 7 2 3 4 4
ESTAMOS UNIDOS FAZ 22 8 2 11 8
FARINHA MOLHADA SIT 14 5 1 7 5
NASCENTE DO CRISTAL FAZ 30 3 15 11
NAZARÉ FAZ 2 1 2 2 2
SANTO ANTONIO I FAZ 13 4 2 4 4
SÃO JORGE FAZ 44 16 3 18 16
FORTALEZA II FAZ 8 2 1 5 5
GALEGO I POV 156 41 6 46 46
GALEGO III POV 48 11 3 13 13
25. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
25
GAMELEIRA SIT 17 6 2 8 6
GARRAFA POV 28 10 4 16 10
GONZAGA FAZ 28 10 3 14 10
GUARAINA FAZ 58 21 5 28 21
HAROLDO FAZ 11 4 2 6 4
HÉLIO FAZ 14 5 1 8 5
IGARAPÉ DA ÁGUA FRIA SIT 53 19 3 25 19
IG. DA AREAIA II POV 11 4 1 4 4
IG. DA LATA POV 103 24 4 40 40
IG. DO BANDEIRA SIT 103 37 4 41 37
IG. DO COCO SIT 28 10 3 14 10
IG. DO CRISTAL SIT 127 46 6 56 48
IG. DO JARDIM POV 77 15 8 25 25
IG. DO TIRO SIT 58 21 3 26 22
IG. DOS ÍNDIOS POV 664 147 25 213 213
IG. GRANDE POV 27 11 5 16 16
IG. SECO POV 12 2 1 2 2
IMBAUBAL FAZ 3 1 1 1 1
IPANEMA I FAZ 33 12 3 16 12
IPANEMA II FAZ 33 12 4 16 12
IPEZAL FAZ 3 1 1 1 1
JATOBÁ FERRADO POV 33 8 2 12 12
JOÃO HORANGO ALD 19 7 3 11 7
JUÇARAL DO ARTUR ALD 55 20 4 26 20
JURACÍ FAZ 55 9 3 13 9
LAGO DA BOLÍVIA MALO 114 16 8 25 16
L. DA INHUMA SIT 153 55 8 61 55
LAGOA DA SAMBRA SIT 100 36 7 42 36
LAGOA DO INHUMA SIT 42 15 4 19 15
LAGOA DOS BICHOS SIT 69 25 4 31 25
LIMEIRA SIT 3 1 1 2 1
LIMOEIRO SIT 14 5 1 7 5
LIMOEIRO I POV 3 1 1 2 1
LOBÃO FAZ 3 1 1 1 1
LOURIVAL FAZ 3 1 1 1 1
MACHADO FAZ 11 4 2 6 4
MAPOA FAZ 19 7 2 10 7
MARIBONDO FAZ 17 6 1 6 6
MARQUISA FAZ 8 3 1 3 3
MIRIL POV 423 132 16 144 135
FONTE BELA POV 8 3 1 5 3
MONTEIRO POV 33 12 3 12 12
MUCUMBO FAZ 3 1 1 1 1
MUTUM DA VARIG SIT 39 14 3 17 14
MUTUM I SIT 133 48 6 57 49
MUTUM II SIT 89 32 6 37 32
NASCENTE RIO DOS BOIS POV 111 40 6 50 42
26. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
26
NOVA ALEGRIA II FAZ 28 10 3 14 10
NOVA BETEL POV 94 34 6 41 34
NOVA JERUSALÉM FAZ 14 4 4 9 9
NOVA OLINDA POV 43 11 5 14 14
NOVA SANTANA FAZ 6 2 1 3 2
NOVA VIDA ALD 10 3 2 5 5
NOVA VIDA II POV 11 5 4 13 13
NOVA VIDA III FAZ 39 14 3 20 14
NOVO CARÚ POV 1313 302 29 391 391
NOVO EGITO POV 21 6 4 8 8
NOVO JARDIM SIT 19 7 2 10 7
NOVO PLANETA ALD 49 16 6 20 20
OLHO D´AGUA DO
GAMELEIRA
POV 2 1 1 2 2
OLHO DÁGUA DO SULINO POV 40 11 4 14 14
PALMEIRA COMPRADA POV 91 21 4 29 29
PALMEIRA SOZINHA POV 71 19 4 25 25
PALMEIRINHA POV 109 27 7 35 35
PARACHOQUE FAZ 14 5 2 7 5
PAUZADA FAZ 199 72 8 83 74
PAVÃO POV 36 13 3 17 13
PÉ DA SERRA POV 3 1 1 2 2
PEDRA DE AREIA POV 50 18 4 24 18
PEDRA GRANDE FAZ 36 19 3 23 19
PEQUI SIT 88 32 5 38 32
PETROLINA POV 15 3 2 6 6
PIABA I SIT 0 0 1 2 2
PIÇARRA PRETA ALD 158 52 22 56 56
PILÕES SIT 9 2 2 4 4
PIMENTA III POV 6 2 1 3 2
PIMENTAL SIT 14 5 2 8 5
PIMENTEL FAZ 44 16 3 21 16
POÇO FEIO SIT 6 2 1 4 2
POLIANA SIT 44 16 3 19 16
PONTO CERTO FAZ 64 --- ---- --- 23
PORTO DE SANTA LUZ POV 698 242 16 261 249
PORTO DO GARROTE SIT 55 20 3 26 20
PORTO DOS ÍNDIOS
JANUÁRIA
ALD 357 98 12 104 104
PORTO DO RICO POV 6 2 1 3 2
PORTO SEGURO SIT 158 30 5 43
POSTO INDÍGENA AWA MALO 75 27 6 35 27
QUATORZE POV 4 1 1 1 1
QUATRO IRMÃOS SIT 31 11 2 14 11
QUER LUZ POV 30 9 4 12 12
RAPADURINHA POV 209 60 8 84 84
RIACHUELO FAZ 28 10 2 13 10
RIO ANIL SIT 97 35 6 45 37
RIO ANIL I SIT 50 18 3 24 18
RIO BOTE FAZ 11 4 2 7 4
RIO DA LONA FAZ 8 3 1 4 3
27. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
27
RIO DO OURO POV 125 45 6 55 48
RIO DOS BOIS I FAZ 78 28 3 34 28
RIO DOS BOIS II FAZ 72 26 4 32 26
ROSÁRIO POV 659 140 15 193 193
ROÇA GRANDE POV 71 18 4 31 31
SAMBA SIT 19 7 2 10 7
SAMBRA FAZ 97 35 3 41 35
SANTA CRUZ DO ARVOREDO SIT 5 1 2 3 3
SANTA CRUZ DO MATA
ONÇA
SIT 6 2 1 3 2
SANTA LUZ II SIT 6 2 1 4 2
SANTA MARIA SIT 17 6 2 9 6
SANTA MARIA I SIT 33 9 6 14 14
SANTA MARIA II POV 5 1 2 2 2
SANTA ROSA DO GAPO POV 17 6 2 9 6
SANTA ROSA II FAZ 94 34 4 42 34
SANTA TEREZA I POV 12 2 2 6 6
SANTA TEREZA II POV 36 9 3 12 12
SANTO ANTONIO DO
ARVOREDO
POV 216 55 6 68 68
SANTO ANTONIO DOS
COSTAS
POV 4 1 1 1 1
SANTO ANTONIO I POV 30 6 5 10 10
SANTOS FAZ 22 8 2 11 8
SÃO DOMINGOS FAZ 25 9 2 11 9
SÃO FRANCISCO I POV 50 18 3 22 18
SÃO FRANCISCO II FAZ 17 6 2 9 6
SÃO JOÃO FAZ 28 10 2 13 10
SÃO JOÃO DO TURIZINHO POV 308 64 7 80 80
S. JOÃO DOS CRENTES POV 79 17 14 25 25
S. JOÃO I SIT 8 3 1 5 3
S. JOÃO II FAZ 44 16 3 19 16
S. JOSÉ DA GAMELEIRA POV 8 3 1 5 3
S. MIGUEL FAZ 3 1 1 1 1
S. PEDRO DO CARÚ POV 358 78 13 105 105
S. PEDRO I POV 41 8 5 12 12
S. PEDRO II FAZ 97 35 6 43 35
SÃO RAIMUNDO I POV 0 0 1 2 2
S. RAIMUNDO II POV 3 1 1 2 1
SAPUCAIA POV 244 54 5 68 68
SATUBAS POV 15 7 6 11 11
SÍTIO BOA SORTE SIT 14 5 1 5 5
SÍTIO NOVO SIT 0 0 2 4 4
SÍTIO NOVO I SIT 19 7 1 7 7
SÍTIO NOVO III SIT 4 2 2 6 6
TABOCA POV 36 13 2 17 13
TABOCAL ALD 88 30 6 34 34
TAQUARI FAZ 8 3 6 34 34
TERRA LIVRE POV 8 3 1 4 3
TIMBIRAS POV 9 7 4 19 19
TIRACAMBU –“MIRI –MIRI” MALO 42 15 4 21 15
TIRIRICAL POV 801 281 19 303 289
TOMGO POV 34 8 7 16 16
28. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
28
TRAÍRA DO CHICO MAGRO POV 292 69 16 105 97
TRAÍRA DO ROBERTO POV 0 0 2 3 3
TRECHO SECO SIT 22 8 3 2 11
TRÊS IRMÃOS POV 32 18 15 25 25
TRÊS IRMÃOS POV 0 0 2 6 3
TRÊS MARIAS SIT 31 11 2 14 11
TRÊS OLHOS DÁGUAS POV 281 55 12 83 75
TRIPUCHO FAZ 25 9 2 12 9
TURI DO AUGUSTO POV 197 38 15 57 57
VAI PASSANDO SIT 17 6 2 9 6
VALE DO CARÚ SIT 8 3 1 5 3
VARIG – ASSENTAMENTO FAZ 1385 500 26 540 512
VIANA III SIT 3 1 1 1 1
VIDA NOVA II SIT 122 44 8 52 45
VILA AMAZONAS
ASSENTAMENTO
SIT 221 80 10 91 82
VILA BANDEIRANTES POV 1034 159 16 226 205
VILA DA PIMENTA –ASSENT.
VARIG
POV 125 45 7 55 47
VILA MARANHÃO POV 100 36 4 42 36
VILA NOVO BRASIL SIT 33 12 3 16 12
VILA NOVA POV 138 50 8 56 50
VILA SÃO RAIMUNDO SIT 44 16 4 22 16
VILA VALENTIN SIT 44 16 2 19 16
VILINHA DO CARÚ ANIL SIT 69 25 3 31 25
VIVA DEUS POV 2 1 2 3 3
Fonte: FUNASA, José Matias Porto, 11/8/2006; e SUS (Sistema Único de Saúde).
Legenda:
FAZ.: FAZENDAPOVO: POVOADO
ALD: ALDEIASIT: SÍTIO
MALO: MALOCA
LOCALIDADES POR CATEGORIA:
POVOADOS: 127
SÍTIOS: 109
FAZENDAS: 75
BAIRROS: 09
10 Bairros
Bairro Joana Dark
Bairro Vila Muniz
Bairro Vila Pedrosa
Bairro Vila Meireles
Centro
Birro Santa Clara
Bairro Boa Esperança
Alto dos Praxedes
Bairro Mutirão
Bairro União (Bairro novo que fica atrás e entre o Bairro Joana Dark e Vila Muniz)
29. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
29
São João do Caru
O município de São João do Carú até o ano de 1994 era povoado de Bom
Jardim, e ganhou sua emancipação política pela Lei Nº 6.125, de 10 de
novembro de 1994, sendo o primeiro prefeito eleito, James Ribeiro. Atualmente
emancipado, possui um número populacional segundo as estimativas do IBGE
de 2007 de 12.796 habitantes. Em 2006 eram 14.845. E apresenta uma área
territorial de 616 km². São João do Carú tem três vias de acesso: Bom Jardim,
Governador Newton Belo e a cidade de Maranata - Pará. A fronteira de São João
do Carú com Bom Jardim se dá na ponte do povoado Joãozinho (pertencente a
São João do Carú).
A cerca de 100 km de Bom Jardim, este município possui o maior índice
de analfabetismo do estado do Maranhão: 50,6% (IBGE 2000)/. Nos indicadores
da ONU, esse índice era de 53%. Em 2010 esse índice de analfabetismo caiu
para 31,06%.
-Renda percapita: 597,00
-Índice de Desenvolvimento Humano: 0,511
- Ranking no Estado – dos 217 municípios - (MA): 205º
Piora nos indicadores de Desenvolvimento Humano
IDH 2.000: 0,511 IDH 2010: 0,509
Em 2000 ocupava a 205ª posição no ranking do Estado. Em 2010 despencou para 211ª posição. Isso significa
que a qualidade de vida da população, considerando EDUCAÇÃO, SAÚDE, LONGEVIDADE E RENDA -
Piorou. É o preço da falta de políticas públicas sérias e planejadas e competente para o município.
- População Urbana: 23,4% População rural: 76,6%
Sabendo que o índice de analfabetismo da África é de 36% (Segundo
dados do Relatório da ONU/2000), conclui-se que existem verdadeiras
“pequenas áfricas” no interior do Maranhão pelo exposto acima.
Rua do
Comércio – Município de São João do Carú.
Segundo a senhora Joana, esposa do 1º morador, a rua do comércio foi o local onde foi plantada a primeira
roça no município.
30. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
30
Centro Educacional Aldenor Leônidas
Siqueira.
Rio Carúem São João do Carú/1/2007
Na região Carú existe grande extração de madeira, que é exportada para
Paragoaminas, no Pará. O escoamento se dá através de estradas vicinais
abertas àquela região, via-Carú.
Obs.: São João do Carú em 1980 possuía apenas 1.346 habitantes.
Comparando o IBGE de 2003 com o de 2007 ficou observado a redução populacional dos municípios
de Bom Jardim, São João do Carú, Governador Newton Bello e outros municípios maranhenses.
Seria o modelo político comprometido com a exclusão social e subdesenvolvimento que “embala”
a ausência de perspectivas que está “expulsando” esse grande contingente de pessoas que estão indo
embora a outros estados? Ou indicadores distorcidos na perspectiva do aumento dos recursos e
repasses federais?
Segundo o documento Indicadores Ambientais do Maranhão (2009), São João do Caru apresentou
220 focos anuais de queimadas, e um remanescente de 65% de suas florestas naturais.
Indício de Colonização na Região Caru
Apesar da região Caru ter sido habitada apenas nos anos 66 do século XX, como é do
conhecimento de todos, há relatos e indícios que levam às evidências de ter existido povoações na
região possivelmente entre o século XVIII a XIX na região. Quando analisamos os anais da história
na região do Vale do Pindaré que ocorreu entre os séculos XVIII a XIX, um questionamento dedutivo
paira no ar:
- Essa colonização na região Pindaré não teria se espalhado pela região Caru, que está em suas
adjacência? Analisei os relatos de pessoas que chegaram em Bom Jardim nos anos de 1959 os quais,
como numa aventura de colonizar tiveram os primeiros contatos com uma região ocultada ou seja,
desconhecida da população civilizada da época. Os relatos foram colhidos de Dionísio Silva Lima,
1º morador de São João do Carú
Aldenor Leônidas Siqueira
1º morador de s. j. caru
Aldenor Leônidas Siqueira
31. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
31
Luiz Xavier Ferreira (popular Luiz da SUCAM) e Manoel P. Santos, do povoado Siringal,
adjacência do relato. Veja o que diz Dionízio:
“No ano de 1953, meu pai veio morar num povoado por nome Limoeiro do Bento Moraes,
próximo a Águas Boas, município de Monção. Na época não existia Bom Jardim, tudo era mata.
No ano de 1959, meu pai e outros companheiros vieram caçar aqui onde hoje é Bom Jardim,
em cuja localidade estava acontecendo um extenso desmatamento em todo o trajeto que segue a BR
22, atual 316, eram homens contratados por agentes do governo federal para desmatar e construir em
anos que seguiram, a BR 316. Na ocasião, pararam com a caçada e empreitaram3 quilômetros para
desmatar um espaço entre a Curva e Chapéu de Couro – provavelmente no Pau D´árco.
Em 1968, eu, meu pai e mais quatro pessoas da família saímos tipo uma expedição no rio
Caru que durou três meses. Nós fomos de canoa descendo pelo igarapé Água Preta até o Pindaré e
fomos de rio acima até o Caru. Tínhamos levado alguns mantimentos, mas sobrevivíamos mesmo da
farta caça que a floresta oferecia.
Na região Caru tudo era mata fechada e poucas pessoas moravam onde hoje é São João do
Caru, que era a última morada ou seja, que apresentava habitantes. Existia ali entre 15 a 20 barracas
de lavradores e caçadores.
O rio Caru era um paraíso cheio de peixes de couro principalmente surubim, lírio, mandubé e
outros. Caça existia até demais de muitas espécies. Porco queixada (porco do mato) eram em torno
de quinhentos.
Depois de alguns dias de aventura subindo pelo rio tivemos que recuar quando chegamos
numa ponte feita por índios brabos da tribo Guajá. A madeira da ponte não era cortada de ferro e sim
com pedras que eles fatiavam rodeando até rolar (cortar). Movidos pelo medo, tivemos que voltar e
paramos perto da Barra do Turi, onde passamos muitos dias. Foi ali que tive uma grande curiosidade
por uma cadeia de fatos e antiguidades que muito me chamou a atenção:
- Ao lado direito do rio, ou seja, entre o Caru e o Pindaré tive a sorte de fazer várias descobertas.
Numa grande área de mais ou menos 15 km encontrei uma grande quantidade de pedaços de louças,
possivelmente do século XVIII a XIX. Tudo bem decorado num colorido com grande relevo. Quando
se tocava nas peças, elas se desmanchavam – pela ação de tanto tempo que ali se encontrava exposta
(a sol e chuvas). Distante deste local, a cerca de 2 quilômetros, vi o aterro de uma casa que tinha
mais ou menos 50 a60 metros. Neste local tinha pedaços de telhas que media mais de 20 centímetros,
e tudo debaixo da mata. Mais adiante, a uns 9 quilômetros, chegamos num seringal. Com suas
gigantescas árvores, fiquei abismado em ver esta riqueza da Amazônia aqui em Bom Jardim, na região
Caru. Vi que aquelas seringueiras tinham sido exploradas a muitos anos; encontrei logo adiante um
instrumento de ferir as cascas das árvores para tirar o leite (látex) que fabrica a borracha, achei
também mais de duzentos copos de flandres –estes, quando os tocávamos, se desmanchavam - e um
galão de coletar o leite das seringueiras. Já quase desaparecido no meio daquela mata encontrei o
forno de defumar a borracha.
32. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
32
Ao retornar para o rancho na beira do rio, tive mais uma surpresa do lado de São João do
Caru, achei um forno de assar telha e em cima das grelhas tinha uma árvore que media cerca de 80
centímetros de diâmetros.
Muito curioso e fascinado diante de tudo aquilo, eu queria ao menos saber um pouco da
origem de tudo que se apresentava a vista. Mas graças a Deus, tive a sorte de ver e conhecer um
senhor de 76 anos que se identificou pelo nome de Leriano. Vendo minha preocupação e curiosidade
diante de todos aqueles achados, ele me esclareceu dizendo:
- Vou te contar um pouco dessa história. Desde pequeno, sou desta região e o meu avô sabia muito
sobre Pindaré; ele falava que na época que situaram o Engenho Central, por volta dos séculos XVIII
a XIX, muita gente subiu às margens do rio Pindaré e Caru. Lá onde você viu o aterro da casa foi
uma feitoria e onde você viu o forno de assar telha, existiu mais de 40 casas. Só que naquela época,
o número de índios era muito grande e todos, além de selvagens, eram brabos e houve um conflito
entre os índios (defendendo suas terras) e o povo que não resistiram, tiveram que abandonar tudo.
A cacaria que você viu era do dono da feitoria. A história do seringal e seringueira foi dramática.
Um homem rico de Pindaré de influência política mandou homens para explorar o seringal só que o
encarregado da exploração era um homem muito mal e astuto. O mesmo contratava trabalhadores que
tinha mulher para trabalhar e armava cilada. Convidava para caçar e lá no mato, matava-os para ficar
com a mulher. Depois de algum tempo, ele chegava procurando pelo outro dizendo que num momento
haviam se apartado e dizia não saber o que havia acontecido, se estava perdido ou algum bicho o
havia devorado. Simulando preocupação e chorando, convidava os outros para ir atrás do
“desaparecido”, só que ia para outros lados diferentes, de forma que o mistério permanecia encoberto.
Certo dia, ele saiu com mais um trabalhador, ou melhor “vítima” para fazer mais uma tragédia. Mas
como tudo tem o tempo certo e fim, houve um vacilo e o homem escapou e fugiu imediatamente e
chegando onde estava a mulher, rapidamente fugiu pela mata. Depois de muitos dias de viagens e
sofrimento pela mata, quase morreram de fome e doença. Chegaram em Pindaré e denunciaram o
que ali acontecia. Segundo o velho, este foi o problema do seringal abandonado”.
A foto acima é o Rio Caru no povoado Siringal/ o outro lado desse rio é área indígena onde morava
o senhor Carlos Gomes, o qual morreu entre
os anos 65 a 70, onde segundos os relatos, sua
casa era edificada num local próximo a uma
feitoria. Atualmente tudo está coberto de
mata.
Povoado Siringal em São João do Caru
No povoado Siringal há existência de
vegetação típica da Amazônia como:
Castanheira-do-pará e açaí.
33. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
33
Foto e texto por Adilson Motta, 2011.
7 DESCOBRINDO NOSSAS ORIGENS (Bom Jardim)
A amostra abaixo é resultado de uma pesquisa de campo realizada na zona
urbana de Bom Jardim, pelos alunos do Colégio Municipal Ney Braga II, vespertino na
data 27/04/2004. Foram entrevistadas 2.083 pessoas. Professores empenhados na
pesquisa realizada: Adilson Motta, Diwey, Laurecy, Cristiane Varão, Tatiane e Mágila.
MARANHÃO: 63,03%
CEARÁ: 14,3%
PIAUÍ: 13,68%
PERNAMBUCO: 3,65%
PARÁ: 1,06%
OUTROS (Paraíba, Mato Grosso, Bahia, Rio Grande do Norte): 4,28%
7.1 Programas sociais, benefício e emprego
SAÚDE / EDUCAÇÃO E PROGRAMA S
SOCIAIS
ZONA URBANA E RURAL
ANO-2004 2006 03/2007
Nº APOSENTADOS 4.200
Nº DE FUNCIONÁRIOS / MUNICIPIO 1.250 930 *
PETI-PROG. DE ERRADIAÇÃODO
TRABALHO INFÂNTIL
500
BOLSA ALIMENTAÇÃO 1.682
PROGRAMA GESTANTE 158 FAMILIAS.
FONTE: SECRETARIA DE AÇÃO SOCIAL/BANCO DO BRASIL/INSS/ 12/2004&/2007
* Não fornecido
FAMÍLIAS BENEFICIADAS E CADASTRADAS NO BOLSA FAMÍLIA, 2008 - E 2013
Cidade Estimativa de Famílias
Pobres – Perfil Cadastro
único (IBGE, 2004)
Número de Famílias
Beneficiárias
do Bolsa Família – Set, 2008
2013
Bom Jardim 6.367 5.633 6.750 benefícios
Valor R$ 2013: 8.277.482,00
O Programa Bolsa Família* foi criado em 2003, a partir da unificação dos programas Bolsa
Escola, auxílio-gás, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação. O Programa Bolsa Família tem por
objetivo a inclusão social das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza por meio da
transferência direta de renda e da promoção do acesso a serviços sociais de saúde e educação.
O Bolsa Família consiste na concessão de benefícios mensais às famílias que recebem até R$
100,00 “per capita” por mês, segundo os critérios abaixo, em contrapartida ao compromisso
dessas famílias de garantir a freqüência escolar e cuidados com a saúde das crianças e
adolescentes. O objetivo do programa é a universalização do público alvo.
* A relação nominal dos beneficiários do Bolsa Família está disponível na Internet
- www.msd.gov.br (Lembrando que, há um código de acesso que apenas o pessoal ligado à
Ação Social possuem).
34. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
34
7.2 INSTITUIÇÕES, SINDICATOS, ASSOCIAÇÕES e
MOVIMENTOS SOCIAIS EM BOM JARDIM
O QUE É SINDICATO?
A palavra sindicato tem raízes no latim e no grego. No latim, “sindicus”
denominava o “procurador escolhido para defender os direitos de uma corporação”, no
grego, syn-dicos” é aquele que defende a justiça.
O sindicato está sempre associado à noção de defesa com justiça de uma
determinada coletividade. É uma associação estável e permanente de trabalhadores
que se unem a partir da constatação de problemas comuns. Num sentido mais
moderno, podemos dizer que sindicato é a instituição utilizada para a organização dos
trabalhadores na luta por seus direitos junto aos governos e principalmente em relação
aos empresários.
Ao longo dos anos, o movimento sindical teve um papel político importante e
decisivo no contexto das políticas nacionais, no caso do Brasil, temos um presidente
que vem das massas populares, emergido das forças sindicais que se consolidava na
CUT (Central única dos Trabalhadores): Luiz Inácio Lula da Silva.
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bom Jardim
Sindicatos dos trabalhadores rurais de Bom Jardim, fundada em 1971, a primeira
associação criada em Bom Jardim com a finalidade de prestar assistência Social aos
trabalhadores rurais de Bom Jardim. É vinculado à FETAEMA (FEDERAÇÃO DOS
TRABALHADORES DO ESTADO DO MARANHÃO), sendo que seus associados
(aposentados e não aposentados pagam uma contribuição de R$ 4,00(1,7%) do salário
para estar em dias e usufruírem do serviço prestado pela entidade, além do direito à
aposentadoria. Seu presidente fundador foi o Sr. Joaquim Alves de Andrade.
SINDICATO DOS ARRUMADORES DE BOM JARDIM
Fundada em 12 de abril de 1968. Objetivo: Assegurar direitos Previdenciários à
classe, mediante taxas pagas pelos associados ao INSS. Sendo que durante 25 anos de
serviço prestado e se encontrando quite, o associado tem o direito a aposentadoria.
Este são todos presidente desde sua fundação:
Dioclides Mendes Viera (1968 / 1975)
Raimundo Ferreira dos Santos (1975 / 1976)
Aldezílio Cícero Viana (1976 / 1979)
Domingos da silva (Tarzan) – (1979 até 2010 que vence.)
Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Bom Jardim-MA.
35. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
35
CLUBES DAS MÃES
Foi fundado em 12/01/1973. Objetivo: Servir de creche para crianças de 2 a 6
anos, e alfabetização das mesmas.
Sua primeira presidente fundadora foi a Senhora Adelaide, tendo como vice:
Francisca Germana. A atual presidente (em 2007) é Socorro Barbosa Pereira. Até
dezembro de 2006, o Clube de Mães de Bom Jardim atendia crianças em situações onde
os pais trabalhavam e lá deixavam sob os cuidados daquela tão necessária instituição.
Em dezembro de 2006, a instituição foi fechada deixando de atender às crianças, pois,
segundo a presidente, o Poder Público se negou renovar (assinar) o convênio que
repassava os recursos, por razões político-partidária.
COLÔNIA DE PESCADORES DE BOM JARDIM – MA
A colônia de pescadores do município de Bom Jardim foi fundada em 08/12
de 2001. Registrada no Ministério da Pesca, a mesma possui cerca de 700
associados; tendo como presidente: Gesso Soares da Silva. Com sede localizada
no povoado Santa Luz. Cada associado paga R$ 4,00 para a associação. Deste
valor, 60% é para manutenção da associação e 40% são repassados para o
governo. Do qual seus associados gozarão do direito à aposentadoria como
pescadores. Apesar de ter crescido bastante o número de açudes para criatórios
de peixe como atividade econômica no município, a produção fluvial e lacustre
ainda é superior. (Segundo o presidente da referida associação).
A Associação de Pescadores pode atuar em duplo objetivo em suas
funções: Lutar pelos interesses da classe pesqueira e defesa do meio ambiente,
amparada pelo IBAMA e órgãos competentes.
O grande problema que a associação enfrenta no município é a pesca
predatória. (realizada antes de crescimento dos peixes ou na fase da desova).
Para isto, o governo federal através do Ministério da Pesca criou o salário
desemprego aos pescadores para o sustento destes durante o período de
proibição à pesca ou desova.
Clube de Mães em Bom Jardim
36. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
36
CONSELHO TUTELAR
OBJETIVO: Zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
adolescente, definidos na Lei Federal nº 8.069/90 do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Nunca é demais lembrar dos direitos daqueles que são o futuro do nosso
país. “Para a lei, considera-se “criança” a pessoa até 12 anos de idade
incompletos, e adolescentes” aquela entre 12 e 18 anos de idade. A criança e o
adolescente gozam de todos os direitos fundamentais garantindo, garantindo a
eles o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social.
A família, a comunidade, a sociedade em geral e o poder Público devem,
por lei, assegurar que sejam respeitados e aplicados os direitos dos nossos
jovens à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, a dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.
A nível internacional, quem cuida dos direitos das crianças e adolescentes
é o UNICEF (Fundo da Nações Unidas para a Infância). O órgão foi criado em
1946 para promover o bem-estar de meninos e meninas com base em seus
direitos sem discriminação de raça, credo, nacionalidade, condição social ou
opinião política.
O Estatuto também prevê punição a qualquer forma de negligencia,
discriminação, exploração, violência crueldade e opressão às crianças e
adolescentes do nosso país.
Referindo-se a essa criança e jovem que será o futuro do país, veja o que
diz o papa João Paulo I (antecessor de João Paulo II).
“Quando olho para uma criança, vejo o futuro homem que será.
Quando olho para um homem, vejo a criança que foi”.
DATA DE ELEIÇÃO E FUNDAÇÃO EM BOM JARDIM:
Foi fundado a partir da Lei Municipal n° 364/2000 de 13 de março de 2000.
A primeira eleição de fundação em Bom Jardim foi realizada em 11/07/2000,
sendo eleitas 05 conselheiras e ficando as outras 05 na função de suplentes.
Membros componentes da 1ª eleição do 1º mandato:
Maria Elieusa Pimentel de Macedo Pedrosa (Presidente)
Osmarina Gomes Soares (Vice-Presidente)
Deuzenir Ribeiro Araújo
Odília Oliveira Coelho
Adneumária Andrade de Oliveira
Os recursos que mantém o órgão correspondem a 1% do FPM (Fundo de
Participação do Município) que são repassados para o FIA (Fundo da Infância e
Adolescência) para desenvolver as políticas do conselho, os componentes do
Conselho Tutelar são remunerados pelo Poder Executivo através da Secretaria
de Ação Social.
37. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
37
SINDICATOS DOS PROFESSORES DE BOM JARDIM
SINPROBEM
Fundado em 2003. Tendo como primeira Presidenta fundadora: Vaneres Ferreira Pereira
Cardoso e Vice, Ângela. Na eleição de 17 de dezembro de 2007 foi eleito Rivelino que desistiu,
assumindo a presidência Ângela Maria Carvalho e como vice, Rossana. Na terceira eleição Foi eleita
Ângela e sua Vice Rossana. Durante este mandato, em 2010 o sindicato conseguiu a carta sindical e
tem advogado para lutar pela causa dos educadores. Na quarta eleição, foi eleita Rossana presidente
e Elisângela como vice.
Objetivo: Defender os interesses da classe dos professores da rede municipal. É mantido com a
contribuição dos associados e mantém vínculo com a CUT e CNTE (Conselho Nacional dos
Trabalhadores em Educação).
O direito de Greve é garantido pelo Supremo Tribunal Federal pela Lei Nº 7.783/89. Entre
suas diretrizes está a de que deve ser descontado 2% do salário de seus associados.
O sindicato dos professores de Bom Jardim é tido como referência a outros sindicatos da
região em termo de experiência e lutas pela causa dos educadores.
Entre as conquistas auferidas pelo SINPROBEM, estão:
Aprovação do Plano de Cargo e Carreira;
O que resultou na elevação do salário em 40%.;
Conquista do 14% salário – aos educadores que não apresentarem faltas no trabalho. E
como incentivo à formação.
Conquista do abono (sobra do FUNDEB), direito dantes encobertos que a classe não
recebia. (Direito percebido até antes da aprovação do Piso).
E, a conquista do tão sonhado Piso Salarial do Magistério, resultado de 08 anos de brigas e
greves na vigência do Governo Roque Portela, cuja aprovação deu-se após sua derrota para
o adversário Beto Rocha em sua indicada Lidiane Leite.
O Sindicato, conforme se verifica nos acontecimentos atuais, tornou-se um
instrumentoinstitucional político que por longos anos não tinha espaço e prestígio tal qual o adquirido
na gestão Malrinete Gralhada. Tornou-se assim, um instrumento de resistência diante a abusos de
poder cometidos por gestores “sem noção” e concentradores de poder.
Junto ao direito da classe, em momento de protestos, o sindicato como forma de fortalecer sua
ação e ter maior impacto – de protesto e greve, acampou situações sociais precárias envolvendo
outros segmentos, o que atinge em cheio, gerando um efeito e impacto na estrutura política de certos
gestores.
GRÊMIO ESTUDANTIL
Movimento Estudantil, uma História de Resistência
A resistência que existe até hoje em nosso país sobre os movimentos estudantis
e que fizeram muitos companheiros tombarem desde a formação da UNE (União dos
Estudantes), vem principalmente da época em que a burguesia brasileira se instalou
mais explicitamente as “suas garras” (Ditadura Militar), não foi porque simplesmente
reivindicam educação pública, democrática e de qualidade e sim porque a classe
dominante sabia e sabe que os estudantes têm clareza do que é necessário para uma
transformação da sociedade.
38. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
38
Muitos jovens, no quotidiano da vida escolar encontram-se “isolados e
aprisionados” por não estarem unidos e usarem a grande arma que têm nas mãos: a
liberdade, a cidadania e o voto. É hora de darem as mãos e romperem as amarras da
acomodação. Afinal, a juventude representa mais de 50% da sociedade civil.
A IMPORTÂNCIA DOS GRÊMIOS ESTUDANTIS
Os Grêmios Estudantis têm um papel fundamental na construção de uma sociedade
mais unida e solidária. Eles são a “célula” do movimento, os espaços que reúne
pessoas, para mostrar seus projetos, debater realidades e possíveis conquistas.
É importante que os componentes do Grêmio, vencedores de eleição, ocupem estes
espaços, integrem o maior número de pessoas possíveis nas discussões, tornando-os
sujeitos do processo de transformação – que será uma construção coletiva.
DIREITO É GARANTIDO POR LEI
. A Lei Federal nº 7.398, de 1985, garante a organização de grêmios estudantis como entidades
autônomas para representar os estudantes em qualquer escola pública ou particular do país, com
finalidades educacionais, culturais, cívicas, desportivas e sociais. Todos os projetos deverão ser
aprovados em assembleia geral. A aprovação e a escolha dos dirigentes serão realizadas pelo voto
direto e secreto de cada estudante, observando as normas da legislação eleitoral e as regras da escola,
a qual o grêmio é pertinente. Não apenas em uma escola, mas em todas as escolas em projetos restritos
e comum.
UMESB-UNIÃO MUNICIPAL DOS ESTUDANTES SECUDARISTAS
DE BOM JARDIM
Fundado em 24/07/2003. Primeiro Presidente foi Joaby Nascimento da conceição.
Objetivo: Representar a classe estudantil do município.
GRÊMIO ESTUDANTIL EDSON LUIS-BANDEIRANTE
Data de fundação: 2002
Primeiro presidente: Dal Adler
Objetivo; Defender ao interesses da classe estudantil.
SINSERP -BJ
O sindicato SINSERP foi fundado em 2008, tendo como primeiro presidente Jamilson
Pereira de Sousa e Vice Isac Manfrine. Atualmente, a estimativa de associados é de 190
(segundo Edeilson, presidente interino). Seus associados pagam uma taxa de R$ 10,00.
O SINSERP-B.J., diferente do Sindicato dos Professores (que agrega apenas a classe de
educadores), comtempla toda categoria, desde educadores, gari, vigilantes, etc. sem
delimitações.
A função do SINSERP-B.J. é proteger e fazer a representação legal da categoria, defesa,
independência da classe nos termos da lei.
SINSERP-B.J.: sinserp@hotmail.com
39. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
39
A importância de uma associação na comunidade
A associação é uma forma de organização da sociedade civil sem fins lucrativos que,
além de captar recursos e projetos sociais em instâncias Municipais, Estaduais,
Federais, ONGs (Organização Não Governamental) e empresas privadas como a Vale
do Rio Doce, e outras, é um meio juridicamente organizado de representação da
comunidade ante os poderes públicos e privados, por exemplo: através da câmara de
vereadores, Secretarias Administrativas, Assembleia Legislativa de Estado, Câmara
Federal dos Deputados e diversos, onde se possibilita a liberação de recursos para os
seus representados.
A associação é uma porta aberta para recursos e projetos, sendo um meio de
levar desenvolvimento diretamente às comunidades, tirando-as do “isolamento social”
quanto à participação de recursos e projetos que demandam de órgãos diversos.
Livrando-a de representações ideológicas e fontes geradoras de “currais eleitoreiros”.
O problema existente em muitas associações é a falta de preparação e
capacitação do corpo de associados. Onde perdura a ausência de uma auto-gestão,
ficando desta forma exposta as manobras e “controles de interesses”.
RELAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES FORMAIS DE BOM JARDIM
01. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Santa Maria
02. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Igarapé do Meio
03. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Dezoito
04. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Igarapé da Onça
05. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Centro de Oscar
06. Associação dos Pequenos Agricultores do Povoado de Centro Oscar
07. Associação dos Produtores Rural do Povoado de Olho D’água do Sulino
08. Associação dos Pequenos Agricultores Rurais do povoado de Galeno
09. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Galego
10. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Brejo Grande
11. Associação dos Pequenos Agricultores do Povoado de Centro do Cassimiro
12. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Centro do Cassimiro
13. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Rapadurinha
14. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Vila Bandeirante
15. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Centro do Bernardinho
16. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Igarapé dos Índios
17. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Igarapé do Jardim
18. Associação dos produtores Rurais do Povoado de São Pedro do Carú
19. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Nova Canaã
20. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Garrafa
21. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Zé Boeiro
22. Associação dos produtores Rurais do Povoado Tirirical
23. Associação dos Moradores do Tirirical
24. Associação dos Produtores Rurais dos povoados de São João e São Pedro de
Água Preta
25. Associação de Moradores e dos Produtores Rurais do Povoado de Monteiro da Água
Preta.
26. Associação dos Produtores rurais do Povoado de Rosário
27. Associação de Moradores de rosário
28. Associação dos Pescadores da Zona Rural de Santa Luz
29 Sindicato dos Pescadores de de Bom Jardim
29.Associação dos produtores rurais do Povoado de Bom Jardim
30. Associação Fé em Deus de Santa Luz
31. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Barra do Galego
32. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Chapada
33. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Novo Carú
34. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Barra de Escada
40. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
40
35. Gurvia-Associação Comunitária Antonio Feitosa Primo
36. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Santo Antonio do Arvoredo
37. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Novo Progresso
38. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Turizinho
39. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Três Olhos D’Água
40. Associação São Sebastião do Povoado de São Sebastião
41. Associação de Lavradores do Povoado de Vila Santa Clara
42. Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Brejão I
43. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejão II
44. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Assentamento
Flecha
45. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Córrego do Açaí
46. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejo Social
47. Associação dos Pequenos Produtores Rurais e Moradores do Povoado de Brejo
Social
48. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Novo Brasil
49. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Córrego do
Jenipapo
50. Varig I Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento Vilinha
51. Varig- Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Vila Pindaré
52. Varig- Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Vila Pimenta
53. Varig- Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Vila Polyana
54. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Córrego da
Inhuma
55. Associação dos Pequenos Agricultores do Povoado de vila Sapucaia
56. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Água Preta
57. Associação dos Pequenos Agricultores do Povoado de rio Carú-Anil
58. Associação dos Pequenos Produtores e Agricultores do Povoado de Rio do
Ouro
59. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Vila Santo Antonio
60.Associação de Moradores e Agricultores do Povoado de Vila Itaquary
61.Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento Rio Ubir
62.Associação dos Produtores Rurais do Povoado da Vila Jardim
63. Associação de Produtores Rurais do Povoado do Povoado de Cristal
64. Associação de Produtores Rurais do Povoado de Pedra Grande
65. Associação de Moradores e Produtores do Setor Aeroporto
66. Associação de Agricultores e Produtores rurais do Povoado de Vila Jacutinga
67. Associação de Pequenos Agricultores Rurais do Povoado de vila Maranhão
68. Associação de Pequenos Agricultores do Povoado de Vila Bom Jesus
69. Associação dos Pequenos Agricultores da Vila Quilombo dos Palmares
70. Associação de Moradores da Vila Canaã II
71. Rio Verde-Associação dos produtores rurais e Moradores Nossa Senhora
Aparecida, Gleba.
72. Associação de Moradores do Povoado de Córrego do Mutum
73. Associação dos pequenos Agricultores do Povoado de Bela vista
74. Associação de Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejo do Tiro
75. Associação de Produtores Rurais, Setor Córrego das Pedras.
76. Associação de Pequenos Agricultores do Povoado de Aeroporto
77. Associação dos Trabalhadores do Assentamento Nascente do Rio Azul
Vila boa Esperança
78. Associações de Pequenos Produtoras Rurais do Assentamento da Vila São
Raimundo do Rio dos Bois
79. Associação dos Produtores Rurais do São Gonçalo
80. Associação dos Produtores Rurais do Baixão do Cocal
81. Associação dos Produtores Rurais do Baixão do Inhuma e Sapucaia
82. Associação dos Agricultores do Vale Mutum
83. Associação dos Pequenos Produtores do Vale do Sapucaia
84. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejão
41. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
41
85. Associação dos Produtores rurais do Povoado de Monte Alegre
86. Associação de Moradores e Pequenos Agricultores do Córrego do Mutum
87. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejo do Tiro
88. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Alto bonito
89. Associação Santa Fé dos Produtores Rurais da Vila Bela Vista
90. Associação de Produtores Rurais e Moradores da Comunidade do Povoado
Nossa senhora Aparecida
91. Associação do Taxistas de Bom Jardim
92. Associação dos Moradores e Moradoras da Vila Abreu
93. Associação Bomjardinense de Radiodifusão Comunitária
93- APDFAM-ASSOCIAÇÃO DE PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSSICA AUDIVISUAL E MENTAL
LEVE.
94- A.M.B.J. Associação de Moto taxistas de Bom Jardim – MA.
95- Associação Cultural de Capoeira Escravos Brancos
FONTE: Prefeitura Municipal / 2003/2013.
Obs: O problema existente com tão grande número de associações é a falta de
preparação e capacitação do corpo de associados. Onde perdura a ausência de uma
auto-gestão, ficando desta forma expostas a manobras e controles de interesses
políticos.
SINTRAF – Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar
(de Bom Jardim)
É dirigida por coordenadores que, em Bom Jardim (em 2008):
Osfernandes;
Raimundo Solidão;
E Nilson.
8 INFRA – ESTRUTURA HABITACIONAL DE BOM JARDIM
Fonte: FUNASA, CEMAR, 2000.
SITUAÇÃO DOS DOMICILIOS ZONA URBANA
SITUAÇÃO BOM JARDIM-MA BRASIL
Com água encanada 72,7% 90%
Com esgoto sanitário e fossa
séptica
31,8% 92%
Com coleta de lixo 46,8% 92%
Fonte: IBGE, 2000.
DOMICÍLIOS
GERAL
ZONA URBANA:
41,15%
ZONA RURAL
TIJOLOS TAIPAS TABUA TIJOLOS TAIPAS TABUA
7256 42,18% 56,84% 0,93% 9,12% 86,47% 4,41%
COM ENERGIA ELÉTRICA: 4,738 ligações
ZONA URBANA 75, 63%
ZONA RURAL 58,03%
ZONA URBANA E RURAL 65,3%
42. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
42
PROPORÇÃO DE MORADORES POR TIPO DE INSTALAÇÃO SANITÁRIA ANO 2010
Instalação Sanitária Domicílios particulares
permanentes (unidades)
Domicílios particulares
permanentes
(percentual)
Total 9.592 residências 100%
Rede geral de esgoto ou pluvial 136 1,42
Fossa séptica 242 2,52
Fossa rudimentar 5.219 54,41
Vala 1.953 20,36
Rio, lago ou mar 25 0,26
Outro tipo 701 7,31
Não tinham 1.316 13,72
Fonte IBGE/Censos Demográficos 2010
9- SETOR DE COMUNICAÇÃO
Um dos primeiros meios de comunicação considerada pioneira no Município
foi a Voz Itamarati – propriedade do senhor Pedro Juvino – O tempo da “preficadora”,
como cita o popular, a qual era amarrada ou pregada em um alto mastro e que espalhava
som para toda cidade. Servia para divulgar propagandas, músicas e informativos. Um
dos pioneiros nos meios de comunicação em Bom Jardim é o Sr. A. Santos que por
longos anos trabalhou em várias
Um dos pioneiros nos meios de comunicação em Bom Jardim é o Sr. A. Santos
que por longos anos trabalhou em várias rádios.
A. Santos
De 1989 a 1995 funcionou no município a TV Cidade Cultura, administrada pelo
locutor e apresentador Herbeth Jansen onde eram divulgadas notícias da região, a
cultura local e propagandas comerciais.
Na história da radiodifusão no município já existiram muitas rádios comunitárias
de prestação de serviço à comunidade. Algumas extintas, outras ainda permanecem
ativas. As extintas, devido as constantes fiscalizações da ANATEL (Agência Nacional de
Telecomunicações). As pioneiras surgidas a partir da lei (9.612/98) que regulamenta a
difusão de Rádios Comunitárias no Brasil que entraram no ar foram:
Digital FM;
União FM;
Cultura FM
Vale lembrar que estas emissoras todas possuíam associações através das quais
pleitearam a licença ou outorgas de funcionamento e que, devido demora, burocracia e
indeferimentos, foram extintas.
Outras se estabeleceram de forma clandestina. Foram elas:
43. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
43
Stúdio FM – pertencente a Tony Barone;
Rádio Cidade – de Hérbeth Jansen (atualmente Duca Pedras);
Rádio Stylus FM, 91,5 fundada em 10 de março de 2006 a qual funciona
como rádio comunitária pela associação cultural bumba-boi de Bom Jardim –
do Sr. Paulo Costa;
Bom Jardim FM, do Sr. Nildão (Fundada em 2001) – Com a mensagem pano
de fundo: “Esta veio para ficar”, e em apenas dois meses fechou.
Alternativa FM – De Tony Barone – Surgiu após o fechamento da Rádio Stúdio
FM;
104 FM – De Paulo Costa – Surgiu após o fechamento da Stylus FM;
Educativa FM – De Francisco Mota (Fechada).
Mania FM – (de Barone(Surgiu após o fechamento da Alternativa FM;
Estação FM (De Barone) -surgiu após o fechamento da Mania FM.
Um fato que vale lembrar é que o locutor e radialista A. Santos foi o único que trabalhou
em todas essas rádios.
Todo esse histórico representa a resistência e luta por uma maior liberdade de
expressão e concessão das Rádios Comunitárias.
Outro meio de comunicação existente no município é através dos correios, que
apresenta um eficiente meio de transportes de cartas e encomendas. Os serviços
prestados são: Sedex, cartas registrada e simples, encomenda normal, telegrama e
FAX.
Há escolas de informática particulares e que dispõe de serviços prestados de
internet, que também é um dos meios de comunicação.
O município é servido por dois canais de televisão: SBT e rede globo, além de
recursos particulares como antenas parabólicas e TV por assinaturas via sky que
permite pegar outros canais. Apresenta uma ampla rede telefônica do sistema Telemar
espalhado por todo município através de orelhões e telefones fixos (particulares) e uma
rede de telefonia celular da Operadora VIVO e CLARO.
www.bomjardim.com.br
O site bomjardim.com, é de propriedade de Rafael e foi fundado em janeiro de
2011. No primeiro mês de fundação, teve um total de 3.000 acessos. Hoje,
apresenta estimativamente 60.000 acessos mensal Em novembro de 2013
constava um total de 800.000 acessos (em breve chegará a marca de 1 milhão
de acessos). O site apresenta 800 postagens e 2 mil seguidores. Atualmente é
umas das mídias mais acessadas no momento em Bom Jardim e região, e de
enorme poder de informação imediata e com precisão com os fatos que
acontecem. É o site de maior circulação regional e que leva notícias e informação
para todos que estão plugados, o que já é um grande número.
O poder de informação que os meios de comunicação tem exerce grande
influência, na atualidade, na história política local e regional. Pois, a medida que
o povo se informa, muda atitudes, “higieniza” a democracia, renova a cidadania
e promove mudanças, não permitindo que grupos políticos perniciosos e sem
compromisso, na sombra da alienação e ignorância do povo venha perpetuar no
poder pela liberdade de opção proporcionada pelo voto livre. Mesmo que tenha
surgido dentro de um contexto não apartidário, verifica-se que, atualmente o
site divulga suas notícias e informações de modo imparcial, sem compromisso
político-partidário, o que é bom para a democracia local e região.