1. Povoado Rosário em Bom Jardim - Maranhão
Adilson Motta, 2015
O povoado do Rosário foi fundado em 1961, dois anos depois da fundação de Bom
Jardim, que se deu em 1959.Seu primeiro habitante foi o Sr. Raimundo José da Silva,
conhecido por Raimundo Caruncha, veja como ele esclarece a origem do nome do
povoado: “o povoado recebeu o nome de Rosário porque o Rio Pindaré tinha muitas
curvas, parecendo com um rosário. Segundo o mesmo, o nome “Rosário” foi dado ao
local por caçadores e pescadores que ali exerciam tais atividades .
Todos migrantes Nordestinos, inclusive o Sr.
Raimundo Caruncha tem uma explicação para
o motivo de sua vinda para o Maranhão; entre
estes, veja o que trouxe o referido primeiro
morador de Rosário a se estabelecer no
povoado.
“Eu e minha família morávamos no Piauí, próximo ao rio Parnaíba. Devido ao
empobrecimento do solo e a falta de mata, fomos para o Maranhão em busca de uma
vida melhor. Chegando aqui, sai a pés pelas margens do rio Pindaré até o lugar que
se chama hoje Rosário, como havia muitas terras devolutas e boas para o cultivo e
matas propícias para a caça, resolvi me estabelecer no local”.
Entrevista com antigos moradores revela que eles eram oriundos do Ceará,
Piauí e do próprio Maranhão, com um número reduzido de representantes de outros
estados que vieram a procura de terras para a lavoura de subsistência. Os mesmo
viviam da lavoura, da caça e da pesca. As suas vindas para o local, se deram através
de parente que lhes formaram da região. Muitos desses primeiros vieram a pés e
outros montados em animais. Entre as muitas dificuldades enfrentadas por esses
pioneiros, citam-se animais ferozes como onça e doenças, como malária e febre
amarela. A região, segundo eles era coberta de extensas matas e muitos animais. Veja
a entrevista a seguir com Raimundo de Jesus da Silva:
“O local era cheio de matas com muitas caças e apresentava um solo favorável para
o plantio; tinha muitos frutos como: tuturubà, bacuri, juçara, pequi, buriti e também
muitos peixes, que serviam de suprimento para o sustento de nossas famílias”.
A situação social nos primeiros dias da história do povoado Rosário era de
tempos difíceis. A título de comprovação observe o relato com o senhor Augustinho
Gomes da Silva, um dos antigos moradores:
”Era muito difícil porque não tinha estrada, energia elétrica, telefone nem médicos.
Quando alguém ficava doente era preciso levar para Pindaré, pois era lá que tinha
melhores médicos”.
Um dos primeiros moradores também foi o Sr. Cecílio Bispo da Silva que era
maranhense, e que chegou em 1961. O qual era morador de Juçaral e trabalhava com
lavoura. Veio para o povoado Rosário. O povoado do Rosário já chegou ater 600 casas,
atualmente tem cerca de 221 casas. Isto é, já foi um povoado florescente, regredindo
nos últimos anos.
2. A causa da regressão do povoado, segundo os depoimentos de antigos
moradores foi a expropriação das terras a latifundiários e fazendeiro e franco amparo
de políticas públicas no setor agrícola ao longo de sucessivos governos.
Atualmente apresenta uma população de 683 habitantes. O comércio neste
povoado já foi muito desenvolvido; tinham lojas de tecidos, usinas de beneficiamento
de arroz, etc.. Hoje apresenta morosidade no seu desenvolvimento, em consequência
das migrações de muitas famílias que iniciaram o lugar tendo em vista as terras do
povoado já pertencerem a grandes latifundiários, ficando os lavradores privados de
construírem suas roças. O distrito de Rosário já possuiu um cartório, cuja tabeliã foi
Sra. Maria Perpetuo Socorro de Oliveira; o cartório em referência já foi desativado. O
Juiz do Cartório era o Sr. Raimundo Pinheiro. Existia também uma subdelegacia, cujo
delegado era o Sr. Adroaldo Cecílio.
Já foram eleitos 3 vereadores residentes no povoado Rosário. Sendo: Adroaldo
Alves Matos e Augustinho Maranhão ambos concorreram às eleições a vereador em
1968, e em 1972, a prefeitura de Bom Jardim como candidatos a prefeito. Foi eleito
também no mesmo ano (72) a vereador, o senhor Ângelo Vieira.
Atualmente em Rosário existe uma igreja católica e uma igreja Assembleia de
Deus, duas escolas municipais e a implantação de um Sistema Telemar, através de
orelhões.O povoado já é beneficiado com energia elétrica, água encanada, um posto
de saúde, um mercado municipal. Na área cultural apresenta: Festival do peixe,
realizado no mês de outubro. A festa mais popular da comunidade de Rosário é a da
senhora conhecida por Siriáca, realizada em maio com procissões, novenas, leilões e
danças. A principal atividade econômica é a pesca e a pecuária com a criação de
bovinos e suínos, a quebra do coco babaçu e a agricultura.
A agricultura é explorada em grande parte, por pequenos produtores rurais. Sabe-
se que, economicamente, a agricultura é muito importante para o desenvolvimento do
município, mais essa não apresenta bons índices de produtividade nos últimos anos.
Alguns moradores e líderes políticos afirmam que tal fato é resultado da falta de
assistência técnica. A estrutura agrária põe em evidência a preponderância do
latifúndio, onde se percebe que as maiores partes das terras são ocupadas por
latifundiários.
Em relação a Rosário, a agricultura é geralmente praticada pela maioria das
famílias em pequenas propriedades, como o cultivo de arroz, feijão, milho, mandioca,
abóbora, quiabo, maxixe, pepino, melancia e outros. Segundo entrevistas realizadas
com antigos moradores, ao longo da história do povo rosariense houve conflitos
agrários.
Acerca desses conflitos veja o que diz Domingos de Sousa Oliveira:
“Houve conflito sim, sendo que por consequência foram presos
Eu, Pedro Pacheco, Riba Guará, Sabino, Castor, Trocate e
outros; (houve um certo caráter político nos acontecimentos,
pois éramos da oposição). O conflito se deu com o chefe político
da época, o qual propôs comprar as minhas terras; no entanto,
eu não a dispus à venda. Esse fato levou consequentemente
às nossas prisões. Fomos presos quando estávamos em
reunião na igreja católica. No entanto, dois dias depois fomos
libertos pelo deputado estadual na época, José Gerardo de
Abreu”.
Por outro lado, os conflitos agrários bem como rumores de atrito com os
indígenas no município desapareceram, a partir da intervenção do governo com a
demarcação e legalização das terras, resolvendo os conflitos agrários através do
INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e a criação da FUNAI
(Fundação Nacional do Índio) como órgão que defende e ampara os indígenas e suas
terras. Firmando-se assim o que diz MARTINS (1996, p 27), a respeito
desaparecimento das fronteiras e diferença que separava ambos os mundos:
3. A fronteira só deixa de existir quando o conflito desaparece,
quando os tempos se fundem, quando o outro se torna a parte
antagônica do nós. Quando a história passa a ser nossa a
história da nossa diversidade e pluralidade, e nós já não somos
nós mesmos porque somos o outro que devoramos e nos
devorou.
O acesso a Rosário é feito através de uma estrada vicinal e de lancha via rio Pindaré.
A distância do referido povoado a sede do município é de 22 km.
1º morador de Rosário Igreja Católica em Rosário