1. Comunidade e
Comunidades
Virtuais em
Antropologia
José da Silva Ribeiro
jribeiro@univ-ab.pt
E
III Congresso Internacional de Arte, Novas
Adelina Silva Tecnologias e Comunicação
adelinasilva@netcabo.pt Arte, tecnologia e comunicação: novos territórios
do conhecimento
Workshop
CEMRI – Laboratório de
Antropologia Visual Tecnologias digitais, antropologia e arte
Universidade Aberta Coordenadores:
José da Silva Ribeiro, CEMRI – Laboratório de Antropologia Visual
Marcelo Martínez Hermida, Coordinador CIDACOM-USC
2. Abordagem antropológica das
comunidades no espaço virtual
JOSÉ DA SILVA RIBEIRO
E
ADELINA SILVA
CEMRI – LABORATÓRIO DE ANTROPOLOGIA VISUAL
UNIVERSIDADE ABERTA
3. comunidades no espaço virtual
O conceito de comunidade
Ferdinand Tönnies - sociedade moderna da comunidade antiga
(partilhado por todos os seus membros)
Robert Redfield - comunidades pequenas, estudadas a partir
do contacto directo pessoal, homogeneidade e auto-suficiência
Jonatham Andelson - Comunidades intencionais (1996)
inspiração religiosa ou laica: hippies, kibbutz… primeiros
seguidores de Cristo, de Buda, etc. experiência monástica,
Thomas More e Francis Bacon / Fourier, Owen – utopias:
utopismo comunitário e socialistas utópicos;
Experiências comunitárias na Américas
Experiências Quilombolas – das irmandades á actualidade.
4. comunidades no espaço virtual
Características atribuídas
Conceito estático - aglomerado físico e territorial factores quantificáveis
– população residente, número de casas, limites ou fronteiras espaciais;
População móvel, mudanças de habitação e a circulação entre
habitações, e as indefinições e permeabilidades fronteiriças;
Factores emocionais, simbólicos, mentais e subjectivos de identificação
das pessoas com um determinado grupo (comunidade) de pertença.
A configuração territorial do conceito não inclui a ideia de elos ou laços
que percorrem os indivíduos de uma comunidade mas também não
contempla os elos que ligam a comunidade a uma unidade política mais
abrangente (comunidades de emigrantes)
Unidade de organização – poder e território (condições político-
jurídicas)
Historicidade: relações interindividuais que se desenrolam através do
tempo
5. comunidades no espaço virtual
Comunidades intencionais
Vigoram como experiências sociais ricas e inauditas, na
tentativa de tornarem reais sonhos e utopias. Assim, ao
espírito comunitário alia-se um forte sentimento de
comprometimento com a realização de um viver humano que
se coadune com forças criativas e sublimes da própria Vida. O
devir histórico do humano em parceria com a terra e com o
mistério /místico.
…
6. comunidades no espaço virtual
Martim Buber - desejo de comunidade algo orgânico no
ser humano
fundamento desta nova comunidade: a si mesma - doação e a entrega
criativa e madura que seus membros estabelecem entre si; e a Vida -
vivida na acção para além dos dogmas e das imposições societárias,
unificação da pessoa ao propósito da própria Vida.
Bauman, “estado de felicidade” e ideia de comunidade
como procura contínua, utópica
“Na pista que leva à felicidade, não existe linha de chegada. Os
pretensos meios se transformam em fins: o único consolo disponível
em relação ao carácter esquivo do sonhado e ambicionado “estado de
felicidade” é permanecer no curso; enquanto se está na corrida, sem
cair exausto nem receber um cartão vermelho, a esperança de uma
vitória futura se mantém viva”.
7. comunidades no espaço virtual
Renato Rosaldo: comunidades múltiplas e
sobrepostas - Os indivíduos pertencerão apenas a
uma comunidade?
As múltiplas pertenças - comunidades de nascimento,
etnicidade, socialização, educação, participação política,
residência, pesquisa e leitura;
a Internet contribui de forma decisiva para todas as formas de
contacto: interpessoal, intra e inter-organizacional facilitando
e favorecendo a proximidade das pessoas e para o
desenvolvimento das múltiplas pertenças…
8. comunidades no espaço virtual
Zygmunt Bauman a ilusão da comunidade?
Comunidade elusiva, comunidade esquiva (furtiva, vaga, imprecisa) a
comunidade das sociedades líquidas distinguem por promover os ideais de
consumo desmedido, o individualismo, a desvinculação de toda causa justa e
a fragilidade de todo vínculo humano;
“A fissura nos muros de protecção da comunidade torna-se trivial com o
aparecimento dos meios mecânicos de transporte; portadores de informação
alternativa (ou pessoas cuja estranheza mesma é informação diferente e
conflituante com o conhecimento internamente disponível) já podem em
princípio viajar tão rápido, ou mais, que as mensagens orais originárias do
círculo da mobilidade humana “natural”. A distância, outrora a mais
formidável das defesas da comunidade, perdeu muito de sua significação. O
golpe mortal na “naturalidade” do entendimento comunitário foi desferido,
porém, pelo advento da informática”
A aparente utopia da comunidade, mesmo que construída, constituiu uma
unidade frágil e vulnerável, líquida, fluida e entra em colapso quando a
“identidade” é inventada, “a identidade brota entre os túmulos das
comunidades, mas floresce graças à promessa da ressurreição dos mortos”
9. comunidades no espaço virtual
Mauss / MAUSS e o conceito de comunidade: de Marcel Mauss e de
MAUSS (movimento não utilitarista das ciências Sociais)
Marcel Mauss no Ensaio sobre a dádiva articula os três princípios
fundamentais da sociedade humana: o princípio da individuação, o princípio
da reciprocidade e o princípio da comunidade – a sociedade como facto
social total é a articulação destes 3 princípios.
Caillé (MAUSS) relaciona a Dádiva de Mauss com a tradição Bramânica
identificando e articulando quatro elementos ou momentos da acção
humana: arthào - interesse material — interesseiro — (económico, político),
relacionado com o trabalho e o mercado; kama - interesse prazer, emoção,
entrega…; moksa - a espontaneidade, liberdade…; dharma - a obrigação, o
dever moral, a partilha, a ligação ao passado, inserção nas normas,
11. Comunidades
Typaldos, C. (2000), RealCommunities.com
12. Comunidades colaborativas no
ciberespaço
gift economies (Kollock, Rheingold)
inteligência colectiva (Contreras, Levy)
cooking-pot markets (Ghosh)
estilo bazar (Raymond)
comunidades open-source intelligence (Stalder &
Hirsch)
common-based peer production (Benkler)
criação colectiva (Casacuberta)
micro-media ou nano-media (Rafaeli & LaRose) - wikis
13. Comunidades colaborativas no
ciberespaço
uma forma de cooperação e colaboração,
poderá ser voluntária,
perdura no tempo,
o objectivo é a produção de informação e de
conhecimento,
em comunidades que podem ser formais ou
informais no ciberespaço, mas que se gerem de
forma autónoma.
14. Comunidades de prática e
produção colaborativa
12 princípios
das
Comunidades:
•Objectivo
Envolvimento mútuo •Identidade
•Reputação
•Grupos
•Comunicação
Empreendimento •Ambiente
comum •Confiança
•Limites
•História
•Gestão
Repertório partilhado •Expressão
•Intercâmbio
15. π
π
Troca de
Valores
Troca
ππ π Troca de
de
Competênci
Ideias
π as
π
ππ π
ππ π π
ππ π π
π
π
π π π
Troca de
π
Troca de
Informação Artefactos
ππ
Pierre Levy, CRC, Université d’Ottawa
Troca de
Papeis
Sociais
16. Metodologia
a ciber-etnografia
concepção de uma comunidade de prática como
objecto de estudo;
a identidade no ciberespaço está num processo de
construção permanente;
os estudos sobre a CST, que tomam em
consideração o efeito da arquitectura técnica na
comunidade e a forma como a comunidade modela
essa mesma arquitectura técnica.
17. Metodologia
a ciber-etnografia
Porquê a proposta da CST?
conduz-nos a uma etnografia
privilegia a interacção e a identidade
18. A comunidade tecnicasecretariado
participação e identidade
Promove a escrita colaborativa;
Apresenta um produto final (permanente construção);
Incentiva a aprendizagem reflexiva;
Utiliza diferentes formas /estratégias;
Incentiva a aprendizagem através da execução - saber-fazer;
Exige dinâmica de trabalho de equipa – saber-ser e saber-
estar;
Possibilita a construção de um documento público;
Potencializa a interacção;
Promove a negociação e a colaboração voluntária, exigindo
uma mudança do papel do professor (facilitador).
24. Participação
Uma plataforma para a acção, facilitadora da
reflexão, da colaboração, da comunicação e,
consequentemente, de aprendizagem.
“As páginas do wiki que achei mais proveitosas
foram as do módulo 7 (Protocolo e Etiqueta),
porque tive mais participação”.(…)
Era motivador ”(…) sermos nós a escrever e a pôr
lá a informação, (..) e além disso, de podermos
corrigir o que os nossos colegas punham.” (aluno
C).
25. Participação
A participação é importante e todas as contribuições
são “valiosas”, com qualidades e conteúdos distintos,
pelos quais os membros sabem que serão avaliados e
que nem todos os utilizadores têm a mesma
“credibilidade” dentro da comunidade.
O wiki permite“(…) dedicarmos mais (ao estudo), de
querermos mostrar às outras pessoas o que somos
capazes de fazer e de aprendermos melhor” (aluno
E).
26. Participação
Há um repertório compartilhado de artefactos,
símbolos, sensibilidades, práticas e rotinas e de
objectivos e necessidades comuns que foram
formulados e negociados de forma a que todos
possam contribuir com os seus conhecimentos
“O wiki contribuiu para a minha aprendizagem
porque fui obrigada a ler o que os meus colegas
punham lá, e também tive de saber seleccionar a
informação. Acho que foi útil, e continuar espero
poder participar de igual modo” (aluno D).
27. Participação
Destina-se a estabelecer uma hierarquia de
importância na informação.
Permite valorizar a qualidade da informação e
filtrá-la.
Realiza-se de forma distribuída pelos utilizadores
registados e consiste na qualificação das
publicações.
28. Participação
Componente colectivo e individual
Para o domínio público, o espaço passa por ser um
produto de contribuição anónima, mas para os
próprios membros é um espaço moderado.
Os únicos que podem moderar são os membros
registados.
29. Participação
“O wiki contribui muito para a minha
aprendizagem (…); quando colaboro no wiki
aprendo mais coisas, aprendo a seleccionar as
informações mais importantes e aprendo a
colaborar e a organizar a informação com a
turma” (aluno E).
Agrada-me (…) “também o facto de podermos ser
mais do que um a utilizar a mesma página, por
exemplo, de podemos acrescentar algo essencial
ao que o nosso colega colocou” (aluno G).
30. Identidade
O registo estabelece categoria de membros
Para participar plenamente, o registo e a criação de
uma identidade são elementos inevitáveis.
32. Identidade
O registo não é obrigatório e pode-se contribuir de
forma completamente anónima, lançando tópicos
de discussão, por exemplo.
“Quando não nos encontramos em aulas podemos
tirar dúvidas no wiki. E assim podemos tirar as
nossas dúvidas como também as dúvidas de
visitantes” (Aluno L).
33. Identidade
… Para que a cooperação e colaboração seja
sustentável e exequível no ciberespaço;
… Torna-se num indicador de credibilidade dos
autores e facilitar a filtragem da informação;
… É o elemento organizador da comunidade, cujo
significado é construído pela própria comunidade
perante o objectivo de produzir informação
significativa.
34. Conclusão
No ciberespaço, cada ferramenta oferece, a quem o
habita, diferentes mecanismos para construir e
desenvolver sua identidade.
A ausência de um EU digital tem seus
inconvenientes, nomeadamente a ausência de uma
identidade (que não permite o ser-se reconhecido) e
de um EU permanente que tenha uma história
35. Conclusão
Ter uma presença numa comunidade e habitá-la
(participando) , obriga um indivíduo a encarar suas
responsabilidades, cumprir as normas e assumir os
seus actos.
A participação, assenta na identidade, pois aos
membros registados é concedido o privilégio de
serem moderadores e de publicarem os seus
conteúdos ficando desse modo mais expostos à
moderação.
37. Comunidade e
Comunidades
Virtuais em
Antropologia
José da Silva Ribeiro
jribeiro@univ-ab.pt
E
III Congresso Internacional de Arte, Novas
Adelina Silva Tecnologias e Comunicação
adelinasilva@netcabo.pt Arte, tecnologia e comunicação: novos territórios
do conhecimento
Workshop
CEMRI – Laboratório de
Antropologia Visual Tecnologias digitais, antropologia e arte
Universidade Aberta Coordenadores:
José da Silva Ribeiro, CEMRI – Laboratório de Antropologia Visual
Marcelo Martínez Hermida, Coordinador CIDACOM-USC