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Alguns apontamentos sobre a narrativa A cartomante, de Machado de Assis
A cartomante “A leitura é a arte de construirumamemóriapessoal a partir de lembrançasalheias. As cenas dos livrosvoltamcomolembrançasprivadas. (…) São acontecimentosentremeadosaofluirdavida, experiênciasinesquecíveisquevoltam à memóriacomoumamúsica”. Ricardo Piglia
A cartomante Machado de Assisnaesteira de outroescritorrealistaEça de Queirós, modela-se peloexemplo de Balzac e Flaubert. A começarpelatemáticadaesposaadúlterapresenteemEça, com O primo Basílio e Madame Bovary, de Gustave Flaubert e, obviamente, muitasvezestematizadanacontísticamachadiana.
A cartomante Machado de Assis, assimcomoEça de Queirósparecepunir as personagensquedemonstram um certoexageroromântico, assimcomo Flaubert queaniquilasuaprotagonistasonhadora. Camilo e Rita mostramesseexageronosseusencontros e naingenuidade do rapaz: “Liam osmesmolivros, iamjuntos a teatros e passeios…”(p. 93)
A cartomante O conto A Cartomante, de Machado de Assis, mostra a visão objetiva e pessimista da vida, do mundo e das pessoas  abolição do final feliz, aliás, novamente uma crítica recorrente ao Romantismo.  A autor faz uma análise psicológica das contradições humanas na criação de personagens imprevisíveis, jogando com insinuações em que se misturam a ingenuidade e malícia, sinceridade e hipocrisia.
Foco narrativo A história é narrada em terceira pessoa. Existe a presença onisciente do autor, que usa desta onisciência na narração e descrição dos fatos. O uso constante de uma voz onisciente é importante para dinamizar o relato da historia acentuando os momentos dramáticos do texto e conflitos internos dos personagens, fortalecendo o seu epílogo.
Personagens  A trama gira em torno de 4 personagens principais Vilela, Camilo, Rita e a cartomante (incógnita); Como é feita a descrição dos protagonistas?
Personagens – descritivismo comum ao Realismo “Camilo era ingênuo na vida moral e prática” (p. 92). Camilo = Hamlet. “...porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher” (p. 92). “Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa” (p. 92). “Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo...” (p. 93)
Enredo  Nota-se novamente o tema do triângulo amoroso e do adultério, já presente nas Memórias (Brás Cubas, Virgília, Lobo Neves). Os amigos de infância Camilo e Vilela, depois de longos anos de distância, reencontram-se. Vilela casara-se com Rita, que mais tarde seria apresentada ao amigo. O resto é paixão, traição, adultério. A situação arriscada leva a jovem a consultar-se com uma cartomante, que lhe prevê toda a sorte de alegrias e bem-aventuranças.  O namorado, embora cético, na iminência de atender a um chamado urgente de seu amigo Vilela, atormentado pala consciência, busca as palavras da mesma cartomante, que também lhe antecipa um futuro sorridente.
Enredo  É possível notar neste conto sua estrutura em anticlímax, pois tudo nele (já a partir da citação inicial da famosa frase de Hamlet: “há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia”) nos prepara para um final em que o misticismo, o mistério imperaria.  No entanto, seu final é o mais realista e lógico, já engendrado no próprio bojo do conto. Reforça esse aspecto o ritmo da narrativa, que é lento em sua maioria, contrastando com seu desfecho, por demais abrupto. E não se esqueça da presença de um quê de ironia nesse contraste entre corpo da narrativa e o seu final.
Enredo Não podemos esquecer que a menção à obra Hamlet, de Shakespeare também parece antecipar o final trágico da história, bem como demarca a semelhança entre Camilo e o príncipe da Dinamarca. Esseintertextoliterário serve de leitmotivpara as ações e para o final do casaladúltero.
Aspectos da linguagem É possível enumerarmos uma série de aspectos e recursos de linguagem na urdidura de Machado de Assis. Há, pois, a utilização frequente de metáforas, ironias, provérbios e intertextualidades.  Tais recursos fazem parte da construção textual machadiano e pertencem ao rol de elementos que compõem o conjunto de funções da linguagem, mencionadas anteriormente.
Atividade  Enumerar todos os recursos de linguagem feitos por Machado de Assis, sobretudo as funções de linguagem, segundo as postulações de Roman Jakobson. A partir dessa investigação textual fazer uma breve análise do conto “A cartomante”, de Machado de Assis.

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Análise da narrativa, personagens e linguagem em A cartomante

  • 1. Alguns apontamentos sobre a narrativa A cartomante, de Machado de Assis
  • 2. A cartomante “A leitura é a arte de construirumamemóriapessoal a partir de lembrançasalheias. As cenas dos livrosvoltamcomolembrançasprivadas. (…) São acontecimentosentremeadosaofluirdavida, experiênciasinesquecíveisquevoltam à memóriacomoumamúsica”. Ricardo Piglia
  • 3. A cartomante Machado de Assisnaesteira de outroescritorrealistaEça de Queirós, modela-se peloexemplo de Balzac e Flaubert. A começarpelatemáticadaesposaadúlterapresenteemEça, com O primo Basílio e Madame Bovary, de Gustave Flaubert e, obviamente, muitasvezestematizadanacontísticamachadiana.
  • 4. A cartomante Machado de Assis, assimcomoEça de Queirósparecepunir as personagensquedemonstram um certoexageroromântico, assimcomo Flaubert queaniquilasuaprotagonistasonhadora. Camilo e Rita mostramesseexageronosseusencontros e naingenuidade do rapaz: “Liam osmesmolivros, iamjuntos a teatros e passeios…”(p. 93)
  • 5. A cartomante O conto A Cartomante, de Machado de Assis, mostra a visão objetiva e pessimista da vida, do mundo e das pessoas abolição do final feliz, aliás, novamente uma crítica recorrente ao Romantismo. A autor faz uma análise psicológica das contradições humanas na criação de personagens imprevisíveis, jogando com insinuações em que se misturam a ingenuidade e malícia, sinceridade e hipocrisia.
  • 6. Foco narrativo A história é narrada em terceira pessoa. Existe a presença onisciente do autor, que usa desta onisciência na narração e descrição dos fatos. O uso constante de uma voz onisciente é importante para dinamizar o relato da historia acentuando os momentos dramáticos do texto e conflitos internos dos personagens, fortalecendo o seu epílogo.
  • 7. Personagens A trama gira em torno de 4 personagens principais Vilela, Camilo, Rita e a cartomante (incógnita); Como é feita a descrição dos protagonistas?
  • 8. Personagens – descritivismo comum ao Realismo “Camilo era ingênuo na vida moral e prática” (p. 92). Camilo = Hamlet. “...porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher” (p. 92). “Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa” (p. 92). “Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo...” (p. 93)
  • 9. Enredo Nota-se novamente o tema do triângulo amoroso e do adultério, já presente nas Memórias (Brás Cubas, Virgília, Lobo Neves). Os amigos de infância Camilo e Vilela, depois de longos anos de distância, reencontram-se. Vilela casara-se com Rita, que mais tarde seria apresentada ao amigo. O resto é paixão, traição, adultério. A situação arriscada leva a jovem a consultar-se com uma cartomante, que lhe prevê toda a sorte de alegrias e bem-aventuranças. O namorado, embora cético, na iminência de atender a um chamado urgente de seu amigo Vilela, atormentado pala consciência, busca as palavras da mesma cartomante, que também lhe antecipa um futuro sorridente.
  • 10. Enredo É possível notar neste conto sua estrutura em anticlímax, pois tudo nele (já a partir da citação inicial da famosa frase de Hamlet: “há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia”) nos prepara para um final em que o misticismo, o mistério imperaria. No entanto, seu final é o mais realista e lógico, já engendrado no próprio bojo do conto. Reforça esse aspecto o ritmo da narrativa, que é lento em sua maioria, contrastando com seu desfecho, por demais abrupto. E não se esqueça da presença de um quê de ironia nesse contraste entre corpo da narrativa e o seu final.
  • 11. Enredo Não podemos esquecer que a menção à obra Hamlet, de Shakespeare também parece antecipar o final trágico da história, bem como demarca a semelhança entre Camilo e o príncipe da Dinamarca. Esseintertextoliterário serve de leitmotivpara as ações e para o final do casaladúltero.
  • 12. Aspectos da linguagem É possível enumerarmos uma série de aspectos e recursos de linguagem na urdidura de Machado de Assis. Há, pois, a utilização frequente de metáforas, ironias, provérbios e intertextualidades. Tais recursos fazem parte da construção textual machadiano e pertencem ao rol de elementos que compõem o conjunto de funções da linguagem, mencionadas anteriormente.
  • 13. Atividade Enumerar todos os recursos de linguagem feitos por Machado de Assis, sobretudo as funções de linguagem, segundo as postulações de Roman Jakobson. A partir dessa investigação textual fazer uma breve análise do conto “A cartomante”, de Machado de Assis.