2. A cartomante “A leitura é a arte de construirumamemóriapessoal a partir de lembrançasalheias. As cenas dos livrosvoltamcomolembrançasprivadas. (…) São acontecimentosentremeadosaofluirdavida, experiênciasinesquecíveisquevoltam à memóriacomoumamúsica”. Ricardo Piglia
3. A cartomante Machado de Assisnaesteira de outroescritorrealistaEça de Queirós, modela-se peloexemplo de Balzac e Flaubert. A começarpelatemáticadaesposaadúlterapresenteemEça, com O primo Basílio e Madame Bovary, de Gustave Flaubert e, obviamente, muitasvezestematizadanacontísticamachadiana.
4. A cartomante Machado de Assis, assimcomoEça de Queirósparecepunir as personagensquedemonstram um certoexageroromântico, assimcomo Flaubert queaniquilasuaprotagonistasonhadora. Camilo e Rita mostramesseexageronosseusencontros e naingenuidade do rapaz: “Liam osmesmolivros, iamjuntos a teatros e passeios…”(p. 93)
5. A cartomante O conto A Cartomante, de Machado de Assis, mostra a visão objetiva e pessimista da vida, do mundo e das pessoas abolição do final feliz, aliás, novamente uma crítica recorrente ao Romantismo. A autor faz uma análise psicológica das contradições humanas na criação de personagens imprevisíveis, jogando com insinuações em que se misturam a ingenuidade e malícia, sinceridade e hipocrisia.
6. Foco narrativo A história é narrada em terceira pessoa. Existe a presença onisciente do autor, que usa desta onisciência na narração e descrição dos fatos. O uso constante de uma voz onisciente é importante para dinamizar o relato da historia acentuando os momentos dramáticos do texto e conflitos internos dos personagens, fortalecendo o seu epílogo.
7. Personagens A trama gira em torno de 4 personagens principais Vilela, Camilo, Rita e a cartomante (incógnita); Como é feita a descrição dos protagonistas?
8. Personagens – descritivismo comum ao Realismo “Camilo era ingênuo na vida moral e prática” (p. 92). Camilo = Hamlet. “...porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher” (p. 92). “Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa” (p. 92). “Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo...” (p. 93)
9. Enredo Nota-se novamente o tema do triângulo amoroso e do adultério, já presente nas Memórias (Brás Cubas, Virgília, Lobo Neves). Os amigos de infância Camilo e Vilela, depois de longos anos de distância, reencontram-se. Vilela casara-se com Rita, que mais tarde seria apresentada ao amigo. O resto é paixão, traição, adultério. A situação arriscada leva a jovem a consultar-se com uma cartomante, que lhe prevê toda a sorte de alegrias e bem-aventuranças. O namorado, embora cético, na iminência de atender a um chamado urgente de seu amigo Vilela, atormentado pala consciência, busca as palavras da mesma cartomante, que também lhe antecipa um futuro sorridente.
10. Enredo É possível notar neste conto sua estrutura em anticlímax, pois tudo nele (já a partir da citação inicial da famosa frase de Hamlet: “há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia”) nos prepara para um final em que o misticismo, o mistério imperaria. No entanto, seu final é o mais realista e lógico, já engendrado no próprio bojo do conto. Reforça esse aspecto o ritmo da narrativa, que é lento em sua maioria, contrastando com seu desfecho, por demais abrupto. E não se esqueça da presença de um quê de ironia nesse contraste entre corpo da narrativa e o seu final.
11. Enredo Não podemos esquecer que a menção à obra Hamlet, de Shakespeare também parece antecipar o final trágico da história, bem como demarca a semelhança entre Camilo e o príncipe da Dinamarca. Esseintertextoliterário serve de leitmotivpara as ações e para o final do casaladúltero.
12. Aspectos da linguagem É possível enumerarmos uma série de aspectos e recursos de linguagem na urdidura de Machado de Assis. Há, pois, a utilização frequente de metáforas, ironias, provérbios e intertextualidades. Tais recursos fazem parte da construção textual machadiano e pertencem ao rol de elementos que compõem o conjunto de funções da linguagem, mencionadas anteriormente.
13. Atividade Enumerar todos os recursos de linguagem feitos por Machado de Assis, sobretudo as funções de linguagem, segundo as postulações de Roman Jakobson. A partir dessa investigação textual fazer uma breve análise do conto “A cartomante”, de Machado de Assis.