Apresentação sobre o livro Memórias de Um Sargento de Milicias de Manuel Antonio de Almeida, feito pelo 2°A, que trata a obra em varias partes, como o período histórico e Literário, temática da obra, Biografia do Autor, enfim, todos os tipos de comentários pertinentes ao livro.
2. Autor
Filho do tenente Antônio de Almeida e de Josefina Maria
de Almeida. Seu pai morreu quando Manuel Antônio
tinha onze anos de idade. Concluiu a Faculdade de
Medicina em 1855, mas nunca exerceu a profissão.
Dificuldades financeiras o levaram ao jornalismo e às
letras. Foi redator do jornal Correio Mercantil, para o
qual escrevia um suplemento, A Pacotilha. Neste
suplemento publicou nas paginas dos folhetins sua única
obra em prosa de fôlego, a novela Memórias de um
Sargento de Milícias, de 1852 a 1853, em capítulos.
Pertenceu à primeira sociedade carnavalesca do Rio de
Janeiro, o Congresso das Sumidades Carnavalescas,
fundado em 1855. Foi professor do Liceu de Artes e
Ofícios do Rio de Janeiro. Em 1858 foi nomeado diretor
da Tipografia Nacional, onde conheceu o jovem aprendiz
de tipógrafo Machado de Assis. Procurou iniciar a
carreira na política. Quando ia fazer as primeiras
consultas entre os eleitores, morreu no naufrágio do
navio Hermes, em 1861, na costa fluminense.
3. Período Literário
O livro “Memória de Um Sargento de
Milícias” (1852) é um romance que nasceu
de um período de transição entre dois
grandes movimentos literários brasileiros:
o Romantismo, que teve inicio em 1836
por Gonçalves de Magalhães, e o Realismo
que seria iniciado em 1881 pela publicação
de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”
por Machado de Assis.
4. Período Histórico- Social
No período em questão, já na segunda metade do século XIX, o cenário
Brasileiro é de um país recém-liberto que já está num segundo reinado e que
segue o modelo do imperialismo e acompanha o surgimento do nosso
sistema capitalista atual.
Temos uma forte intervenção inglesa nesse período e com essa intervenção o
Brasil é bombardeado com novas modos de expressão que estavam em seu
auge na Europa.
O país ainda apresentava uma forte opressão a maior parte de seus habitantes
que ainda eram escravizados mas que dali a pouco tempo conseguiram obter
sua tão sonhada liberdade.
Outra grande marca desse período foi a Ciência que se tornou a principal
referência em matéria do conhecimento, desbancando a Filosofia e a Religião,
além de começar a influenciar o comportamento cotidiano das pessoas, isso
causou uma grande reviravolta também na literatura, e essas idéias foram o
que de fato deu inicio ao Realismo.
5. Características Românticas
No livro, Manuel Antonio de Almeida usa tanto
de características romântica como o exagero de
sentimentos das personagens, a busca pelo
passado e o desfecho feliz.
Um exemplo da característica da busca pelo
passado ocorre logo no inicio da obra:
“Era no tempo do Rei...”
6. Características Realistas
Por outro lado, o livro também tem características realista, uma das mais
marcantes características é a descrição fiel das personagens, com todos os
seus defeitos de forma direta e objetiva, a visão menos idealizada da
realidade, a presença de problemas sociais e a critica aos costumes da
época também são marca desse livro que nasceu no período romântico
mas que se assemelha muito mais as obras realistas.
Alguns exemplos dessas características podem ser encontrados nos
seguintes fragmentos:
Descrição: “ Com efeito o Leonardo, sendo naturalmente astuto, e tendo
até ali vivido numa rica escola de vadiação e peraltismo, deveria
conhecer todas as manhas do ofício...”
Critica aos costumes: “Gente ociosa(ciganos) e de poucos escrúpulos,
ganharam eles uma reputação bem merecida...”
8. Foco Narrativo
Esse Livro é narrado em terceira pessoa com narrador onisciente e o foco é
fixado em dois personagens o Leonardo Pai e o Leonardo Filho:
“o Leonardo fingiu que passava distraído por junto dela, e com o ferrado
sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como
se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e
deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da
mão esquerda...”
“Este último passo acabou de desorientar completamente o Leonardo:
ainda bem não tinham expirado as últimas notas do canto, e já, passando-lhe
rápido pela mente um turbilhão de idéias...”
9. Tempo
Cronológico, temos exemplos disso nas seguintes passagens:
“... levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a
mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um
pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos
e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.”
“Chegaram enfim mais depressa do que supusera o barbeiro, porque o
Leonardo parecia naquela noite ter asas nos pés, tão rapidamente caminhara
e obrigara o padrinho a caminhar com ele.”
10. Ambientes
A história se passa na cidade do Rio de Janeiro, na época Capital Federal, os
locais onde a história ocorre são de grande importância a época, as ruas mais
importantes da cidade na época (Rua do Ouvidor, da Quitanda), igrejas (Igreja
da Sé), a casa da guarda na Sé.
Em outros momentos a história se dirige a locais bem a margem da sociedade
como por exemplo o acampamento de ciganos descrito no trecho:
“Moravam ordinariamente um pouco
arredados das ruas populares, e viviam
em plena liberdade. As mulheres trajavam
com certo luxo relativo aos seus haveres:
usavam muito de rendas e fitas; davam
preferência a tudo quanto era encarnado,
e nenhuma delas dispensava pelo menos
um cordão de ouro ao pescoço; os homens
não tinham outra distinção mais do que
alguns traços fisionômicos particulares
que os faziam conhecidos...”
11. Protagonistas
Leonardo: protagonista que garante unidade à narrativa. O sargento de
milícias a que se refere o título da obra é Leonardo, embora o personagem
obtenha esse cargo somente nas últimas páginas do livro, é protagonista da
história, representa o malandro em seu esforço de sobreviver à margem das
instituições sociais, o anti-herói ou herói picaresco do romance, vadio,
malandro, que adora fazer estripulias e criar problemas. Mulherengo, quase
perde seu amor, por ser inconsciente. É criado pelo padrinho, já que os pais se
separam e não têm paciência para lhe suportar as traquinagens. Chega a ser
preso, torna-se granadeiro e Sargento de Milícias. Casa-se e torna-se
assentado .
Luisinha: Em princípio é desengonçada e estranha, se transforma
gradualmente, até se tornar uma rapariga encantadora. Casa-se com José
Manuel um conhecido da família, que apenas queria roubar sua fortuna. Fica
viúva e une-se a Leonardo, acaba por tornar-se esposa de Leonardo.
12. Personagens Secundários
Vidinha - mulata jovem, bonita e animada, toca viola e canta
modinhas. Cativa Leonardo, que vive em sua casa por algum tempo.
O Compadre - barbeiro de profissão, cria Leonardo, protege-o e acaba
deixando-lhe uma herança que surrupiou do comandante de um navio.
A Comadre - defende e acompanha Leonardo em qualquer
circunstância. Adora o afilhado.
D. Maria - doida por uma demanda judicial, ganha a guarda de
Luisinha, quando ela perde os pais.
José Manuel - salafrário e calculista, casa-se com Luisinha por dinheiro
e morre.
Major Vidigal - militar que persegue Leonardo, até conseguir integrá-lo
às forças milicianas. Calcado em uma figura real.
Leonardo Pataca - pai de Leonardo, acaba casado com Chiquinha,
depois que abandona o filho com o compadre.
Maria da Hortaliça - mãe do personagem, portuguesa, trai o Pataca e
foge com outro para Portugal.
Chiquinha - casa-se com Leonardo Pataca. É filha da Comadre
13. Enredo
A narrativa, que se apresenta como uma sucessão de aventuras do jovem
Leonardo, tem início antes mesmo de seu nascimento, relatando o primeiro
contato entre seus pais, Maria da Hortaliça e Leonardo Pataca, no navio que
os traz de Portugal para o Brasil. Ambos trocam “uma pisadela” e um
“beliscão” como sinais de interesse mútuo e passam a namorar. Maria da
Hortaliça abandona o marido e retorna para a terra natal. Pataca, por sua vez,
recusa-se a criar o filho, deixando-o com o padrinho, o Barbeiro, que passa a
dedicar ao menino cuidados de pai.
Pataca se envolve com uma cigana, que também o abandona. Para tentar
recuperá-la, recorre à feitiçaria, prática proibida na época. Flagrado pelo
Major Vidigal, conhecido e temido representante da lei, vai para a prisão,
sendo solto em seguida.
Enquanto isso, seu filho Leonardo, pouco afeito aos estudos, convence o
padrinho a permitir que ele frequente a Igreja na condição de coroinha. O
Barbeiro vê ali uma oportunidade para dar um futuro ao afilhado.
14. No entanto, Leonardo continua aprontando das suas e acaba expulso.
Conhece o amor na figura de Luisinha, uma rica herdeira, mas sua
aproximação é interrompida pela ação do interesseiro José Manuel, que
conquista e casa com a moça.
O Barbeiro morre e deixa uma herança para o afilhado. Leonardo volta a viver
com o pai, mas foge após um desentendimento. Envolve-se com a mulata
Vidinha e passa a sofrer as perseguições do Major Vidigal, caçador dos ociosos
do Rio de Janeiro. Para não ser preso, é forçado a se alistar.
A experiência militar não é menos problemática: continua a participar de
arruaças e desobedece seguidamente o Major. Por isso, acaba preso.
Consegue a liberdade graças à ação de uma ex-namorada de Vidigal, Maria
Regalada, que lhe promete, em troca, a retomada do antigo afeto. Leonardo
não só é solto, como é promovido a sargento da tropa regular. Reencontra-se
com Luisinha, então recém-viúva, e os dois reatam o namoro. Ainda com a
ajuda do Major Vidigal, Leonardo se torna sargento de milícias e obtém
permissão para se casar.
15. Conclusão
Memórias de um sargento de milícias, por ser uma obra deslocada de seu
tempo, despertou, e ainda desperta o interesse de inúmeros críticos, que se
divergem em suas análises e com isso, tem se perpetuado como uma grande
obra da literatura brasileira.
Memórias foge de algumas características românticas como o
sentimentalismo e a exaltação do herói (idealizado), das descrições dos
personagens e falseamento da realidade. A falta dessas características
aproxima-o da escola literária que surgiu no Brasil na segunda metade do
século XVIII para negar o Romantismo: o Realismo. Porém há ainda na obra de
Almeida, elementos que convergem para a construção literária romântica.
Estas convergências e divergências, presentes em Memórias de um sargento
de milícias, o tornaram um romance singular na literatura brasileira, sendo
assim, não um romance romântico ou romance realista, mas sim um romance
de transição entre essas duas escolas.
16. Curiosidades
Memórias de um sargento de milícias é um romance de Manuel Antônio de
Almeida. Foi publicado originalmente em folhetins no Correio Mercantil do Rio
de Janeiro, entre 1852 e 1853, anonimamente. O livro foi publicado em 1854 e
no lugar do autor constava "um brasileiro".
A experiência de ter tido uma infância pobre contribuiu para que Manuel
Antônio de Almeida desenvolvesse a sua obra de uma forma diferente, sem
incorporar um meio aristocrático como faziam os românticos de seu tempo.
O autor retrata as classes média e baixa existentes na época, contrariando
muitos românticos que retratavam a aristocracia. Quase em nenhuma parte, o
livro retrata um ambiente aristocrático.