SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 38
MACHADO DE ASSIS
O REALISMO MACHADIANO ,[object Object]
Seu realismo se configura na abordagem de situações que guardam estreita relação com a realidade.
A maneira, entretanto, como aborda aponta para uma estrutura que foge às características realistas-naturalistas.
Machado enceta várias inovações estruturais que, em alguns casos, chegam antecipar características modernistas.,[object Object]
Em Dom Casmurro, o narrador quer provar a culpabilidade da esposa, através de argumentos de natureza subjetiva.
Em contos, como Uns braços e Missa do galo, a temática é intensamente psicológica, porque toda a trama está centrada nas sensações interiores das personagens.
Os pressupostos cientificistas, tão em moda na época, são ironizados em várias de suas narrativas, mas aparecem com mais contundência em o Alienista. ,[object Object]
Na fase romântica, destacam-se romances como A Mão e a Luva, Helena, Ressurreição, e Iaiá Garcia, e alguns contos, como Miss Dolar.
A chamada fase realista, a mais substancial de sua produção, engloba romances e contos, em que se destacam:
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires, romances, e os contos O Alienista, A Cartomante, Uns braços, O Enfermeiro e Missa do galo. ,[object Object]
Entretanto, já é possível perceber a propensão machadiana para esboçar o caráter das personagens, através de um enredo em que se evidencia ações embasadas no interesse e em conflitos psicológicos.
A temática do amor platônico, calcada em torno de dois personagens, desaparece nos romances da primeira fase de Machado, ocorrendo um insinuado triângulo amoroso, que será elemento fundamental na fase realista do autor.
Também o chamado final feliz, tão caro aos românticos, em suas obras desaparece, dando lugar a um desfecho em que as personagens não conseguem resolver satisfatoriamente os seus conflitos de ordem sentimental. ,[object Object]
Os personagens ainda não são complexos, apresentando-se lineares.
Os enredos ainda são eivados de peripécias, constituindo-se em  romances de ação.
Os romances ainda possuem estrutura de folhetim.
O enredo é estruturado em torno de uma história de amor, se bem que não seja platônico.
Percebe-se já a tendência do narrador aos comentários, às digressões de ordem psicológica.
Os personagens já agem por interesse amoroso, inclusive o amor já é materialista.
Nos desfechos das narrativas, observa-se já uma ponta de pessimismo.,[object Object]
A trama é centrada em torno do Dr. Félix, que, apesar de não acreditar no amor, se apaixona por uma viúva, a bela Lívia, sendo emocionalmente instável e sacudido a todo momento por impulsões devido ao temperamento desconfiado e inseguro, o que leva Lívia a romper com a situação.
Em a Mão e a luva, narra-se a história de Guiomar, moça altiva e segura de si, que procura, com frieza e cálculo, realizar o ambicioso plano de ascender socialmente, compensando a sua modesta origem. A obra relata com ironia o casamento, visto como troca de favores e movido pelo dinheiro e pela ambição.
Neste romance, já aparecem personagens com um certo grau de complexidade psicológica, como Guiomar, a heroína, que tem a sua volta três pretendentes: Estevão, sentimental; Jorge, calculista; Luís Alves, ambicioso. A estes três junta-se a baronesa, sob cuja proteção encontra-se a órfã Guiomar e a inglesa Mrs. Oswald, dama de companhia.,[object Object]
A história gira em torno do Conselheiro Vale, um homem  importante e rico, que mantém caso amoroso com uma mulher que tinha se parado do marido devido a dificuldades financeiras. A mulher já possuía uma filha, que, mais tarde, foi perfilhada pelo amante rico.
Helena sabe que não é filha do Conselheiro, mas aceitando a situação por interesse na herança, mas acaba se apaixonando por Estácio que, por sua vez, está comprometido com Eugênia, cuja família está interessado na riqueza do rapaz.
No desfecho, Helena adoece e morre, antes revelando que amava Estácio e que, na verdade, não era irmão dela, mas a felicidade da possível união amorosa não se concretiza. ,[object Object]
O romance trata do conflito social entre as classes, aproveitando como eixo o romance entre Jorge, um cavalheiro de alta sociedade e Estela, uma jovem pobre. A adolescente Iaiá funciona como observadora dos fatos que se desenrolam à sua frente.
A mãe de Jorge, Valéria Gomes, viúva rica, não quer para seu filho uma esposa pobre e sem lustro social, a moça era filha de Luís Garcia, um ex-empregado de seu falecido pai.
Com o retorno de Jorge da guerra do Paraguai, sua mãe já morta, encontros e desencontros, risos e lágrimas, Jorge por fim acaba por se casar com Iaiá.,[object Object]
AS OBRAS DA SEGUNDA FASE MACHADIANA ,[object Object]
Quincas Borba
Dom Casmurro
Esaú e Jacó
Memorial de Aires
A maioria dos contosNestas obras, Machado inova na linguagem e na estrutura, tornando-se, desta maneira, um precursor do Modernismo.
DIÁLOGO COM O LEITOR/ O LEITOR INCLUSO Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse: eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica: vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem... ,[object Object]
No diálogo com o leitor o narrador metalinguisticamente estabelece uma teoria da narrativa, constituindo-se, pois, numa inovação para a época.,[object Object]

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A literatura portuguesa. moises, massaud
A literatura portuguesa. moises, massaudA literatura portuguesa. moises, massaud
A literatura portuguesa. moises, massaudSonia Matias
 
Texto literário e não literário
Texto literário e não literárioTexto literário e não literário
Texto literário e não literárioFábio Guimarães
 
Modernismo 2 fase (geração de 30)
Modernismo 2 fase (geração de 30)Modernismo 2 fase (geração de 30)
Modernismo 2 fase (geração de 30)Josie Ubiali
 
Resumo do Livro Vidas Secas
Resumo do Livro Vidas Secas Resumo do Livro Vidas Secas
Resumo do Livro Vidas Secas Gabriel Siqueira
 
LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13LP04) D4
LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13LP04) D4LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13LP04) D4
LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13LP04) D4GernciadeProduodeMat
 
Torto Arado - Itamar Vieira Júnior.pdf
Torto Arado - Itamar Vieira Júnior.pdfTorto Arado - Itamar Vieira Júnior.pdf
Torto Arado - Itamar Vieira Júnior.pdfEdmarRuvsel
 
Ementa Ensino Médio
Ementa Ensino MédioEmenta Ensino Médio
Ementa Ensino MédioCamilaClivati
 
Gêneros e tipos textuais
Gêneros e tipos textuaisGêneros e tipos textuais
Gêneros e tipos textuaismarlospg
 
Especial Clarice Lispector
Especial Clarice LispectorEspecial Clarice Lispector
Especial Clarice LispectorAna Batista
 
PLANO DIDÁTICO ANUAL LITERATURA 1º ANO ENSINO MÉDIO
PLANO DIDÁTICO ANUAL LITERATURA 1º ANO ENSINO MÉDIOPLANO DIDÁTICO ANUAL LITERATURA 1º ANO ENSINO MÉDIO
PLANO DIDÁTICO ANUAL LITERATURA 1º ANO ENSINO MÉDIOIFMA
 

Mais procurados (20)

A literatura portuguesa. moises, massaud
A literatura portuguesa. moises, massaudA literatura portuguesa. moises, massaud
A literatura portuguesa. moises, massaud
 
Texto literário e não literário
Texto literário e não literárioTexto literário e não literário
Texto literário e não literário
 
Modernismo 2 fase (geração de 30)
Modernismo 2 fase (geração de 30)Modernismo 2 fase (geração de 30)
Modernismo 2 fase (geração de 30)
 
A Ilustre Casa de Ramires 2ª A - 2011
A Ilustre Casa de Ramires   2ª A - 2011A Ilustre Casa de Ramires   2ª A - 2011
A Ilustre Casa de Ramires 2ª A - 2011
 
Resumo do Livro Vidas Secas
Resumo do Livro Vidas Secas Resumo do Livro Vidas Secas
Resumo do Livro Vidas Secas
 
LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13LP04) D4
LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13LP04) D4LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13LP04) D4
LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13LP04) D4
 
O Realismo
O RealismoO Realismo
O Realismo
 
Torto Arado - Itamar Vieira Júnior.pdf
Torto Arado - Itamar Vieira Júnior.pdfTorto Arado - Itamar Vieira Júnior.pdf
Torto Arado - Itamar Vieira Júnior.pdf
 
Ementa Ensino Médio
Ementa Ensino MédioEmenta Ensino Médio
Ementa Ensino Médio
 
Literatura
LiteraturaLiteratura
Literatura
 
A teoria dos gêneros
A teoria dos gênerosA teoria dos gêneros
A teoria dos gêneros
 
A escrava isaura
A escrava isaura A escrava isaura
A escrava isaura
 
Machado de Assis
Machado de AssisMachado de Assis
Machado de Assis
 
Gêneros e tipos textuais
Gêneros e tipos textuaisGêneros e tipos textuais
Gêneros e tipos textuais
 
Humanismo
HumanismoHumanismo
Humanismo
 
Especial Clarice Lispector
Especial Clarice LispectorEspecial Clarice Lispector
Especial Clarice Lispector
 
Iracema slide pronto
Iracema   slide prontoIracema   slide pronto
Iracema slide pronto
 
Tipologia textual
Tipologia textualTipologia textual
Tipologia textual
 
PLANO DIDÁTICO ANUAL LITERATURA 1º ANO ENSINO MÉDIO
PLANO DIDÁTICO ANUAL LITERATURA 1º ANO ENSINO MÉDIOPLANO DIDÁTICO ANUAL LITERATURA 1º ANO ENSINO MÉDIO
PLANO DIDÁTICO ANUAL LITERATURA 1º ANO ENSINO MÉDIO
 
O cortiço
O cortiçoO cortiço
O cortiço
 

Semelhante a Machado de assis análise da obra

Literatura aula 16 - machado de assis
Literatura   aula 16 - machado de assisLiteratura   aula 16 - machado de assis
Literatura aula 16 - machado de assismfmpafatima
 
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de AssisMemórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assisjasonrplima
 
Trabalho de língua portuguesa
Trabalho de língua portuguesaTrabalho de língua portuguesa
Trabalho de língua portuguesaRonaldo Mesquita
 
Angústia - material de aula.pdf
Angústia - material de aula.pdfAngústia - material de aula.pdf
Angústia - material de aula.pdfrafabebum
 
A cartomante - conto de misterio.pptx
A cartomante - conto de misterio.pptxA cartomante - conto de misterio.pptx
A cartomante - conto de misterio.pptxProfGihAlves
 
Aula 16 machado de assis
Aula 16   machado de assisAula 16   machado de assis
Aula 16 machado de assisJonatas Carlos
 
Memórias póstumas de brás cubas
Memórias póstumas de brás cubasMemórias póstumas de brás cubas
Memórias póstumas de brás cubasSeduc/AM
 
Analise estilística Machado de Assis
Analise estilística Machado de AssisAnalise estilística Machado de Assis
Analise estilística Machado de AssisThainá Ferreira
 
Literatura - Realismo
Literatura - RealismoLiteratura - Realismo
Literatura - RealismoNAPNE
 
2ano_machado_de_assis.auladerevisaoparte1ppt
2ano_machado_de_assis.auladerevisaoparte1ppt2ano_machado_de_assis.auladerevisaoparte1ppt
2ano_machado_de_assis.auladerevisaoparte1pptFernandaRibeiro419723
 
Exercícios sobre o realismo e o naturalismo, 01
Exercícios sobre o realismo e o naturalismo, 01Exercícios sobre o realismo e o naturalismo, 01
Exercícios sobre o realismo e o naturalismo, 01ma.no.el.ne.ves
 
Realismo /Naturalismo /Iaia Garcia - Machado de Assis
Realismo /Naturalismo /Iaia Garcia - Machado de AssisRealismo /Naturalismo /Iaia Garcia - Machado de Assis
Realismo /Naturalismo /Iaia Garcia - Machado de AssisMGLAUCIA /LÍNGUA PORTUGUESA
 
Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana
Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana
Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana Natalia Salgado
 

Semelhante a Machado de assis análise da obra (20)

Literatura aula 16 - machado de assis
Literatura   aula 16 - machado de assisLiteratura   aula 16 - machado de assis
Literatura aula 16 - machado de assis
 
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de AssisMemórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
 
Slide e..(1)
Slide   e..(1)Slide   e..(1)
Slide e..(1)
 
Realismo
RealismoRealismo
Realismo
 
Trabalho de língua portuguesa
Trabalho de língua portuguesaTrabalho de língua portuguesa
Trabalho de língua portuguesa
 
Angústia - material de aula.pdf
Angústia - material de aula.pdfAngústia - material de aula.pdf
Angústia - material de aula.pdf
 
Helena - Machado de Assis
Helena - Machado de AssisHelena - Machado de Assis
Helena - Machado de Assis
 
A cartomante - conto de misterio.pptx
A cartomante - conto de misterio.pptxA cartomante - conto de misterio.pptx
A cartomante - conto de misterio.pptx
 
Helena - Machado de Assis.pdf
Helena - Machado de Assis.pdfHelena - Machado de Assis.pdf
Helena - Machado de Assis.pdf
 
Aula 16 machado de assis
Aula 16   machado de assisAula 16   machado de assis
Aula 16 machado de assis
 
Memórias póstumas de brás cubas
Memórias póstumas de brás cubasMemórias póstumas de brás cubas
Memórias póstumas de brás cubas
 
Analise estilística Machado de Assis
Analise estilística Machado de AssisAnalise estilística Machado de Assis
Analise estilística Machado de Assis
 
Literatura - Realismo
Literatura - RealismoLiteratura - Realismo
Literatura - Realismo
 
2ano_machado_de_assis.auladerevisaoparte1ppt
2ano_machado_de_assis.auladerevisaoparte1ppt2ano_machado_de_assis.auladerevisaoparte1ppt
2ano_machado_de_assis.auladerevisaoparte1ppt
 
2ano_machado_de_assis.ppt
2ano_machado_de_assis.ppt2ano_machado_de_assis.ppt
2ano_machado_de_assis.ppt
 
Bernardo guimarães
Bernardo guimarãesBernardo guimarães
Bernardo guimarães
 
realismoenaturalismo.pdf
realismoenaturalismo.pdfrealismoenaturalismo.pdf
realismoenaturalismo.pdf
 
Exercícios sobre o realismo e o naturalismo, 01
Exercícios sobre o realismo e o naturalismo, 01Exercícios sobre o realismo e o naturalismo, 01
Exercícios sobre o realismo e o naturalismo, 01
 
Realismo /Naturalismo /Iaia Garcia - Machado de Assis
Realismo /Naturalismo /Iaia Garcia - Machado de AssisRealismo /Naturalismo /Iaia Garcia - Machado de Assis
Realismo /Naturalismo /Iaia Garcia - Machado de Assis
 
Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana
Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana
Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana
 

Mais de José Alexandre Dos Santos (7)

Feijão de cego
Feijão de cegoFeijão de cego
Feijão de cego
 
Olavo bilac roteiro de estudo
Olavo bilac roteiro de estudoOlavo bilac roteiro de estudo
Olavo bilac roteiro de estudo
 
Revisão segunda série
Revisão segunda sérieRevisão segunda série
Revisão segunda série
 
Análise de textos poéticos
Análise de textos poéticosAnálise de textos poéticos
Análise de textos poéticos
 
A literatura do século xix
A literatura do século xixA literatura do século xix
A literatura do século xix
 
Análise de textos poéticos
Análise de textos poéticosAnálise de textos poéticos
Análise de textos poéticos
 
Poetas parnasianos e simbolistas
Poetas parnasianos e simbolistasPoetas parnasianos e simbolistas
Poetas parnasianos e simbolistas
 

Machado de assis análise da obra

  • 2.
  • 3. Seu realismo se configura na abordagem de situações que guardam estreita relação com a realidade.
  • 4. A maneira, entretanto, como aborda aponta para uma estrutura que foge às características realistas-naturalistas.
  • 5.
  • 6. Em Dom Casmurro, o narrador quer provar a culpabilidade da esposa, através de argumentos de natureza subjetiva.
  • 7. Em contos, como Uns braços e Missa do galo, a temática é intensamente psicológica, porque toda a trama está centrada nas sensações interiores das personagens.
  • 8.
  • 9. Na fase romântica, destacam-se romances como A Mão e a Luva, Helena, Ressurreição, e Iaiá Garcia, e alguns contos, como Miss Dolar.
  • 10. A chamada fase realista, a mais substancial de sua produção, engloba romances e contos, em que se destacam:
  • 11.
  • 12. Entretanto, já é possível perceber a propensão machadiana para esboçar o caráter das personagens, através de um enredo em que se evidencia ações embasadas no interesse e em conflitos psicológicos.
  • 13. A temática do amor platônico, calcada em torno de dois personagens, desaparece nos romances da primeira fase de Machado, ocorrendo um insinuado triângulo amoroso, que será elemento fundamental na fase realista do autor.
  • 14.
  • 15. Os personagens ainda não são complexos, apresentando-se lineares.
  • 16. Os enredos ainda são eivados de peripécias, constituindo-se em romances de ação.
  • 17. Os romances ainda possuem estrutura de folhetim.
  • 18. O enredo é estruturado em torno de uma história de amor, se bem que não seja platônico.
  • 19. Percebe-se já a tendência do narrador aos comentários, às digressões de ordem psicológica.
  • 20. Os personagens já agem por interesse amoroso, inclusive o amor já é materialista.
  • 21.
  • 22. A trama é centrada em torno do Dr. Félix, que, apesar de não acreditar no amor, se apaixona por uma viúva, a bela Lívia, sendo emocionalmente instável e sacudido a todo momento por impulsões devido ao temperamento desconfiado e inseguro, o que leva Lívia a romper com a situação.
  • 23. Em a Mão e a luva, narra-se a história de Guiomar, moça altiva e segura de si, que procura, com frieza e cálculo, realizar o ambicioso plano de ascender socialmente, compensando a sua modesta origem. A obra relata com ironia o casamento, visto como troca de favores e movido pelo dinheiro e pela ambição.
  • 24.
  • 25. A história gira em torno do Conselheiro Vale, um homem importante e rico, que mantém caso amoroso com uma mulher que tinha se parado do marido devido a dificuldades financeiras. A mulher já possuía uma filha, que, mais tarde, foi perfilhada pelo amante rico.
  • 26. Helena sabe que não é filha do Conselheiro, mas aceitando a situação por interesse na herança, mas acaba se apaixonando por Estácio que, por sua vez, está comprometido com Eugênia, cuja família está interessado na riqueza do rapaz.
  • 27.
  • 28. O romance trata do conflito social entre as classes, aproveitando como eixo o romance entre Jorge, um cavalheiro de alta sociedade e Estela, uma jovem pobre. A adolescente Iaiá funciona como observadora dos fatos que se desenrolam à sua frente.
  • 29. A mãe de Jorge, Valéria Gomes, viúva rica, não quer para seu filho uma esposa pobre e sem lustro social, a moça era filha de Luís Garcia, um ex-empregado de seu falecido pai.
  • 30.
  • 31.
  • 36. A maioria dos contosNestas obras, Machado inova na linguagem e na estrutura, tornando-se, desta maneira, um precursor do Modernismo.
  • 37.
  • 38.
  • 39. Essa atitude provoca ambiguidade, com o narrador oscilando entre primeira e terceira pessoa. 
  • 40. Embora suas narrativas possuam um narrador, percebe-se a presença de várias vozes narrativas, o que provoca uma polifonia.O NARRADOR INTRUSO, AMBIGUIDADE DO FOCO NARRATIVO E A POLIFONIA
  • 41. INTERTEXTUALIDADE/CITAÇÕES BIBLÍCAS, FILOSÓFICAS, CLÁSSICAS, PROVÉRBIOS POPULARES E PARÓDIAS.Constantemente Machado usa do recurso da intertextualidade para explicar, justificar, ironizar, satirizar e parodiar. As ideias originais citadas são desmistificadas. “Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a Segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo, Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.”
  • 42. DIGRESSÕES/ COMENTÁRIOS/EXPLICAÇÕES As narrativas machadianas são por natureza digressivas, ou seja, comentadas e explicadas, recurso que favorece ao seu realismo atípico, bastante preocupado com o entendimento dos comportamentos. “Essa ideia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade. Na petição de privilégio que então redigi, chamei a atenção do governo para esse resultado, verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar da distribuição de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, que sou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas e enfim nas caixinhas do remédio, estas três palavras: Emplasto Brás Cubas.”
  • 43.
  • 44.
  • 46.
  • 47. Satirizar as relações sociais burguesas.
  • 48. Desnudar as aparências sociais da sociedade burguesa.
  • 49.
  • 50. Vigília, Marcela, Dona Plácida – Memórias Póstumas de Brás Cubas.
  • 53. Dona Severina – Uns braços.
  • 54. Rita – A cartomante.   Ao contrário do que se pensa Machado não dá a essas mulheres um conceito negativo, mas principalmente, uma atitude de defesa diante de uma sociedade machista e patriarcal.
  • 55.
  • 56.   VISÃO METAFÍSICA RELATIVISTA DE TODOS OS VALORES HUMANOS.   A dúvida em relação aos comportamentos humanos e sociais proporciona a Machado a relativizar as atitudes do homem e aos valores sociais. A autenticidade é uma questão de conveniência.   O PESSIMISMO/ A VISÃO NIILISTA   Decorre de sua visão cética do homem e da sociedade. Para Machado, o homem e a sociedade burguesa não abrem possibilidade de melhorar. CONFUSÃO ENTRE RAZÃO E LOUCURA   Machado ironiza os conceitos de loucura do século XIX com duas narrativas impecáveis: Quincas Borba e o Alienista. Em ambas percebe-se a inversão dos conceitos de loucura. Os que pensam são loucos, e os que são loucos raciocinam.  
  • 57. SÁTIRA AOS CONCEITOS CIENTÍFICOS E FILOSÓFICOS   Machado relativiza os conceitos das ciências e das filosofias do século XIX, principalmente, no tocante á pretensão de verdade absoluta. Cético quanto a esta questão, Machado ironiza os conceitos criando personagens e situações pelo avesso.   TEORIAS FREUDIANAS: PROIBIDO X PERMITIDO/ EXPLÍCITO X IMPLÍCITO/ DESEJOS REPRIMIDOS   Machado antecipa a psicanálise de Freud do século XX ao trabalhar com temas desconhecidos e pouco esclarecidos em sua época. O desejo reprimido é o tema mais explorado em seus romances.
  • 58. Análise dos principais romances machadianos
  • 59. MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
  • 60.
  • 61. Brás Cubas é uma espécie de anti herói, que narra sarcástica e ironicamente sua trajetória existencial desde sua sepultura.
  • 62. A narração de Brás Cubas é eivada de ironia, mas uma ironia fina em que se percebe a intenção de desnudar a aparência da sociedade em que viveu.
  • 63. Brás Cubas faz um inventário das relações sociais, afetivas e políticas da sociedade burguesa da segunda metade do século XIX.
  • 64. Ganham destaque, por conseguinte, as relações com a família, principalmente, com o pai que queria vê-lo casado e a brilhar como deputado ou ministro.
  • 65.
  • 66. Mesmo diante do fracasso social e existencial, Brás Cubas se considera um vencedor: “Não teve filhos, portanto não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria” e também” não precisou do suor do rosto para ter o pão de cada dia”.  
  • 67.
  • 68.
  • 69.  Humanitasconceitua o homem como sendo “o lobo do próprio homem” e tem como máxima a frase “ao vencedor as batatas”.[
  • 70.  Rubião, muito ingênuo, não compreende a essência da filosofia, o que só vai ser possível mais tarde quando fica louco.
  • 71.  De posse da riqueza, Rubião vai morar no Rio de Janeiro, onde é explorado por um casal: Cristiano Palha e Sofia.
  • 72.
  • 73. Já em Minas, Rubião contrai uma pneumonia, e morre em companhia do cachorro Quincas Borba a quem abandonou quando estava no Rio de Janeiro.
  • 74.
  • 75.
  • 76.  Dom Casmurro é advogado sexagenário que leva uma vida solitária, no Rio de Janeiro, e com uma intensa crise existencial.
  • 77. Na tentativa de fugir ao tédio resolve escrever um livro, História dos subúrbios, mas desiste, escrevendo a sua própria história.
  • 78.  Para escrever sua autobiografia, o velho escritor toma todas as providências, inclusive fazendo uma casa igual a que morava na Rua Matacavalos, na infância.
  • 79.  Seu grande objetivo é “restaurar na velhice a adolescência”.
  • 80.
  • 81. Assim é que Dom Casmurro vai levantando algumas provas, num tom irônico e satírico, da época em que se chamava Bentinho, desde seu tempo de menino, de seminarista, de casado, até a separação.
  • 82.  As provas, segundo Dom Casmurro, são as semelhanças de seu único filho Ezequiel com Escobar, provável amante de sua mulher, Capitu.
  • 83.  Na narrativa, Capitu aparece ao leitor pela visão de Bentinho, cujo melhor retrato é dado pelo agregado José Dias: “Olhos de cigana, oblíqua e dissimulada.”
  • 84. É também de José Dias outra frase insinuadora: “O filho do homem”, para se referir a Ezequiel.
  • 85.
  • 86.  Para o leitor, entretanto, as provas de Bentinho sobre o suposto adultério de Capitu são, no mínimo, duvidosas e ambíguas.
  • 87.  Obra em que o leitor tenta desvendar o verdadeiro caráter do narrador de primeira pessoa, Bentinho, que se revela não confiável, pois umbilicalmente está envolvido com o que conta por sua personalidade ciumenta, invejosa, cruel e perversa.
  • 88.  Bentinho destrói todos ao seu redor, inclusive, as pessoas que o amam, por suspeitas que o leitor atento perceber serem no mínimo discutíveis.
  • 89.  A grande razão do romance é a sua construção formal ambígua, não dando margem ao leitor fazer conclusões exatas sobre o acontecido.
  • 90.
  • 91. Cada conto é uma espécie de reafirmação da abordagem psicológica e das inovações de linguagem e de estrutura que procede em sua obra.
  • 92. Destacam-se O Alienista pela ironia ao Positivismo e ao Darwinismo, através da história de Simão Bacamarte, um cientista que trata da loucura de seus pacientes.
  • 93. Em O Enfermeiro, a questão da consciência humana volúvel e do remorso é colocado à prova, através do enfermeiro Procópio depois do crime que cometeu.
  • 94. Em Missa do galo, ganha relevo a questão do não dito, ou seja, a insinuação de um possível adultério da personagem Rita com um rapaz que morava em sua casa.
  • 95.
  • 96. Em suas peças teatrais, como O caminho da porta, O protocolo e Lição de botânica revelam um Machado de Assis observador das relações sociais e culturais do contexto em que viveu.
  • 97. As crônicas de Machado são verdadeiros exercícios crítico do cotidiano do Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX, e, em alguns casos, se aproximam do mesmo nível dos contos.
  • 98.