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Observaçõessobre a forma romanesca Profa. Dr. Maria Eneida Matos da Rosa
Século XVIII: ascensão do romance naInglaterra “Grande gêneroépíco, figuraçãonarrativadatotalidade social, o romance situa-se no polo opostoaodaepopéiaantiga – opõe-se radicalmente a ela”(LUKÁCS, 1981, p.177) Para Lukács, “a história do romance é a história de umalutaheróica, quefrequentementetrilhacaminhostortuosos, maslutavitoriosa contra as condiçõesdesfavoráveisque a vidaburguesamodernaimpõe à figuraçãopoética”(p. 179)
Romancistascomo Fielding e Balzac acreditavam, segundoretomaLukács, “que o romancistadeve ser o historiadordavidaprivada”.
Descartes (Discursosobre o método, 1637))assinalaumaconcepçãoindividualista – buscadaverdadecomoumaquestãointeiramente individual; O romance refleteessaconcepçãoindividualista;
Espaço e personagem Segundo Watt, existemdoisaspectosessenciaispara o romance: caracterização e apresentação do ambiente; bemcomo o que o diferencia dos outrosgêneros, qualseja, a individualização do personagem.
Personagem no romance “O romancistatipicamenteindicasuaintenção de apresentarumapersonagemcomo um indivíduo particular nomeando-a damesma forma queosindivíduosparticularessãonomeadosnavida real” (WATT, 1990, p. 19); Os nomesprópriossão a expressão verbal daidentidade verbal de cadaindivíduo;
Personagem no romance “Os primeirosromancistasromperam com a tradição e batizaramsuaspersonagens de modo a sugerirquefossemencaradascomoindivíduosparticulares no contexto social contemporâneo” (p. 20); Função primordial: mostrarquepersonagemdeve ser vista comoumapessoa particular, e nãocomo um tipo.
O tempo no romance “…as personagens do romance sópodem ser individualizadas se estãosituadas num contexto com tempo e local particularizados”(WATT, 1999, p. 22). O final do século XVII assistiuaosurgimento de um estudodaHistóriamaisobjetivo o quelevou a umacompreensãomaisprofundadadiferença entre passado e presente.
Aspectosestruturais do romance que antes nãoexistiam: tempo, espaço. Ascensão de um públicoleitor: essencialmentefeminino. Robinson Crusoé, de Daniel Defoe simbolizaosprocessosrelacionados com o advento do individualismoeconômico.
 Para Watt (1990), a premissabásicaacercada forma romanescadizrespeitoaofato de que “o romance constitui um relatocompleto e autênticodaexperiênciahumana e, portanto, tem a obrigação de forneceraoleitordetalhesdahistóriacomo a individualidade dos agentesenvolvidos, osparticulares das épocas e locais de suasações – detalhesquesãoapresentadosatravés de um emprego de linguagemmuitomaisreferencial do que é comumemoutrasformasliterárias (p. 31)
“[…] a intenção fundamental  determinanteda forma do romance objetiva-se comopsicologia dos heróisromanescos: elesbuscamalgo” (LUKÁCS, 2001, p. 60). O simples fatodabuscarevelaquenemosobjetivosnemoscaminhospodem ser dados imediatamenteouque,seforem dados de modopsicologicamenteimediato e consistenteissofaz parte de algopsicológico.
Lukácsaoretomar o pensamento de Hegel afirmaqueoselementos do romance sãointeiramenteabstratos: abstrata é a aspiração dos homensimbuídadaperfeiçãoutópica, quesósente a simesma e a seusdesejoscomorealidadeverdadeira […]”(p. 70)
“O processosegundo o qualfoiconcebida a forma do romance é a peregrinação do indivíduoproblemáticorumo a simesmo, o caminhodesde o opacocativeironarealidadesimplesmenteexistente, emsiheterogênea e vazia de sentidopara o indivíduo, rumoaoclaroautoconhecimento”(LUKÁCS, 2000, p. 82)
“O romance é a epopéia do mundoabandonadopordeus; a psicologia do herói é a demoníaca;  a objetividade do romance, a percepçãovirilmentemadura de que o sentidojamais é capaz de penetrarinteiramente a realidade”( LUKÁCS, 2000, p. 89-90).
Referênciasbibliográficas: LUKÁCS, George. Teoria do romance. São Paulo: Duascidades, Ed. 34, 2000. _____. Coord. Leandro Konder.Ensaiossobreliteratura. Rio de Janeiro: EditoraCivilizaçãoBrasileira. _____. (Org. José Paulo Netto) Lukács. São Paulo: Ática, 1981.  WATT, Ian. Ascensão do romance. São Paulo: Companhia das letras, 1990.

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C:\Fakepath\AscensãO Do Romance
 

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  • 1. Observaçõessobre a forma romanesca Profa. Dr. Maria Eneida Matos da Rosa
  • 2. Século XVIII: ascensão do romance naInglaterra “Grande gêneroépíco, figuraçãonarrativadatotalidade social, o romance situa-se no polo opostoaodaepopéiaantiga – opõe-se radicalmente a ela”(LUKÁCS, 1981, p.177) Para Lukács, “a história do romance é a história de umalutaheróica, quefrequentementetrilhacaminhostortuosos, maslutavitoriosa contra as condiçõesdesfavoráveisque a vidaburguesamodernaimpõe à figuraçãopoética”(p. 179)
  • 3. Romancistascomo Fielding e Balzac acreditavam, segundoretomaLukács, “que o romancistadeve ser o historiadordavidaprivada”.
  • 4. Descartes (Discursosobre o método, 1637))assinalaumaconcepçãoindividualista – buscadaverdadecomoumaquestãointeiramente individual; O romance refleteessaconcepçãoindividualista;
  • 5. Espaço e personagem Segundo Watt, existemdoisaspectosessenciaispara o romance: caracterização e apresentação do ambiente; bemcomo o que o diferencia dos outrosgêneros, qualseja, a individualização do personagem.
  • 6. Personagem no romance “O romancistatipicamenteindicasuaintenção de apresentarumapersonagemcomo um indivíduo particular nomeando-a damesma forma queosindivíduosparticularessãonomeadosnavida real” (WATT, 1990, p. 19); Os nomesprópriossão a expressão verbal daidentidade verbal de cadaindivíduo;
  • 7. Personagem no romance “Os primeirosromancistasromperam com a tradição e batizaramsuaspersonagens de modo a sugerirquefossemencaradascomoindivíduosparticulares no contexto social contemporâneo” (p. 20); Função primordial: mostrarquepersonagemdeve ser vista comoumapessoa particular, e nãocomo um tipo.
  • 8. O tempo no romance “…as personagens do romance sópodem ser individualizadas se estãosituadas num contexto com tempo e local particularizados”(WATT, 1999, p. 22). O final do século XVII assistiuaosurgimento de um estudodaHistóriamaisobjetivo o quelevou a umacompreensãomaisprofundadadiferença entre passado e presente.
  • 9. Aspectosestruturais do romance que antes nãoexistiam: tempo, espaço. Ascensão de um públicoleitor: essencialmentefeminino. Robinson Crusoé, de Daniel Defoe simbolizaosprocessosrelacionados com o advento do individualismoeconômico.
  • 10. Para Watt (1990), a premissabásicaacercada forma romanescadizrespeitoaofato de que “o romance constitui um relatocompleto e autênticodaexperiênciahumana e, portanto, tem a obrigação de forneceraoleitordetalhesdahistóriacomo a individualidade dos agentesenvolvidos, osparticulares das épocas e locais de suasações – detalhesquesãoapresentadosatravés de um emprego de linguagemmuitomaisreferencial do que é comumemoutrasformasliterárias (p. 31)
  • 11. “[…] a intenção fundamental determinanteda forma do romance objetiva-se comopsicologia dos heróisromanescos: elesbuscamalgo” (LUKÁCS, 2001, p. 60). O simples fatodabuscarevelaquenemosobjetivosnemoscaminhospodem ser dados imediatamenteouque,seforem dados de modopsicologicamenteimediato e consistenteissofaz parte de algopsicológico.
  • 12. Lukácsaoretomar o pensamento de Hegel afirmaqueoselementos do romance sãointeiramenteabstratos: abstrata é a aspiração dos homensimbuídadaperfeiçãoutópica, quesósente a simesma e a seusdesejoscomorealidadeverdadeira […]”(p. 70)
  • 13. “O processosegundo o qualfoiconcebida a forma do romance é a peregrinação do indivíduoproblemáticorumo a simesmo, o caminhodesde o opacocativeironarealidadesimplesmenteexistente, emsiheterogênea e vazia de sentidopara o indivíduo, rumoaoclaroautoconhecimento”(LUKÁCS, 2000, p. 82)
  • 14. “O romance é a epopéia do mundoabandonadopordeus; a psicologia do herói é a demoníaca; a objetividade do romance, a percepçãovirilmentemadura de que o sentidojamais é capaz de penetrarinteiramente a realidade”( LUKÁCS, 2000, p. 89-90).
  • 15. Referênciasbibliográficas: LUKÁCS, George. Teoria do romance. São Paulo: Duascidades, Ed. 34, 2000. _____. Coord. Leandro Konder.Ensaiossobreliteratura. Rio de Janeiro: EditoraCivilizaçãoBrasileira. _____. (Org. José Paulo Netto) Lukács. São Paulo: Ática, 1981. WATT, Ian. Ascensão do romance. São Paulo: Companhia das letras, 1990.