O documento discute a importância da quarentena de recursos fitogenéticos para evitar a introdução e disseminação de pragas no Brasil. Ele define quarentena como um período de inspeção para identificar e eliminar pragas em materiais em introdução ou exportação. Também descreve os principais insetos, fungos, vírus, nematoides e bactérias detectados durante a quarentena realizada pelo CENARGEN.
4. DEFINIÇÃO ATUAL
Período de inspeção, dependente do ciclo da planta e do patógeno
alvo.
Realizada em casa-de-vegetação – adequadamente construída para
este fim - onde as plantas permanecem isoladas em observação.
Onde as pragas são identificadas e eliminadas, tanto no processo de
introdução quanto no de exportação.
Embrapa Meio Ambiente: 1991 - quarentenar organismos para fins
de pesquisa em controle biológico
5. PORQUE QUARENTENAR?
PREJUÍZOS IRREMEDIÁVEIS AO MEIO AMBIENTE
PREJUÍZOS À PRODUTIVIDADE
PERDA COMPLETA DE PLANTAÇÕES
PREJUÍZO AO ABASTECIMENTO
PERDA DE MERCADOS DE EXPORTAÇÃO
PERDA DE PODER AQUISITIVO
PERDA DE PROPRIEDADES E DE EMPREGOS
Foto: Quarentenário da CANAVIALIS - SP
6. DEFINIÇÃO DE PRAGA
PRAGA é qualquer espécie, raça ou biótipo de vegetais, animais ou
agentes patogênicos, nocivos para os vegetais ou produtos vegetais
(inseto, ácaro, fungo, bactéria, vírus, viróide, nematóide, planta
invasora, caramujo, etc.)
Foto: Insetário da Embrapa Meio Ambiente
7. PRAGAS A1 e A2
As pragas de importância quarentenária para o Brasil são
chamadas de A1 e A2 (COSAVE - Brasil, 1996).
A1 - espécies não registradas no Brasil e que podem vir a
causar perdas econômicas às culturas.
A2 – espécies presentes mas controladas no Brasil, em região
geográfica localizada.
FOTO: INSETÁRIO DA EMBRAPA MEIO AMBIENTE
8. NOSSO DILEMA
Introduzir o máximo de
possível de variabilidade
genética e, ao mesmo
tempo, evitar a introdução
simultânea de pragas
exóticas
10. quanto menor a estrutura vegetal, menor o risco
de levar consigo uma praga.
quanto mais asséptico, menor o risco da
existência de uma praga.
11. RELAÇÃO SEGURANÇA/RISCO
QUANTO MAIS LONGO O PERÍODO DE INSPEÇÃO, MENOR É O
RISCO DO ESCAPE DE UMA NOVA PRAGA NO PAÍS .
Foto: Quarentenário, de segurança máxima, no ICRISAT, Índia
12. CUIDADOS E MEDIDAS QUARENTENÁRIAS
Cuidados:
-Em primeiro lugar deve-se ter o conhecimento da situação das
pragas, dentro e fora do país, detectando-se quais as que serão
objeto da quarentena, verificando o ciclo praga/planta.
-Em segundo lugar, o especialista deve ter em mente que a
quarentena de germoplasma não deve prejudicar o trabalho dos
melhoristas, sendo demasiadamente morosa.
•Medidas :
•Requisição de tratamentos quarentenários para produtos
provenientes de países onde espécies de pragas de importância
quarentenária são conhecidas.
•Inspeção fitossanitária e interceptação de pragas logo nos pontos de
entrada
•Solicitar que os produtos sejam provenientes de áreas livres de
pragas
Foto: Quarentena de Heliconia, no IAC.
13. DISPERSÃO DAS PRAGAS
EXEMPLOS CLÁSSICOS MUNDIAIS
1. BATATA: Irlanda – 1846 - fungo Phytophthora
infestans (requeima da batata) - destruiu as
plantações - morte por inanição de 1,5 milhão de
pessoas.
2.
ARROZ: Bengala – 1943 - fungo
Helminthosporium oryzae (mancha-parda do
arroz) - “fome de Bengala” - mais de 2 milhões
de pessoas mortas pela fome.
Foto: Quarentenário no ICRISAT - Índia
14. CUIDADO COM PRAGAS EXÓTICAS
É responsabilidade da DFA e dos Quarentenários: EVITAR A
ENTRADA DE PRAGAS AINDA NÃO REGISTRADAS NO
BRASIL, COMO EX:
Swollen shoot - virose do cacaueiro
16. Desde a sua criação, o Cenargen já movimentou cerca de
500 mil acessos, detectando mais de 100 pragas exóticas de
risco quarentenário.
17. Principais Insetos detectados
pelo CENARGEN
ORDEM
FAMÍLIA
Bruchidae
Curculionida
ESPÉCIE
Acanthoscelides
obtectus (Say)
Callosobruchus
maculatus (Fabr.)
Zabrotes
subfasciatus (Boh.)
Anthonomus
grandis Boh.
Muthonomus
grandis Boh.
Sitophilus granarius
(L.)
Sitophilus oryzae
(L.)
Astigmata
Acaridae
Prostigmata
Pyrogliphida
Cheyletidae
Tetranychida
Tydeidae
Tyrophagus
putrescentiae
(Schrank)
Euroglyphus sp.
Cheyletus sp.
Schizotetranychus
sp.
Tydeus Tydeus sp.
Tydeus sp.
Foto: Quarentena de Noni, no IAC.
PRODUTO
Phaseolus vulgaris
Leucaena
diversifolia e
Calopogonium
muconoides
Vigna sinensis
PROCEDÊNCIA
Peru,
Colômbia
Colômbia
Nigéria
Vigna sinensis
Nigéria
Gossypium
hirsutum
Triticum aestivum
EUA
Triticum aestivum
x secale cereale
Triticum aestivum
Oryza sativa
EUA
França
Azadirachta indica
Paraguai
Vietnam;
Costa do
Marfim;
Malásia
Índia
Stylosanthes sp.
Helianthus annuus
Oryza sativa
Austrália
Argentina
Colômbia
Prunus persica
Diospyros caki
EUA
EUA
18. Principais Fungos detectados
pelo CENARGEN
PRODUTO
Trigo - Triticum aestivum
Triticale - Triticumsecale
Cevada
Hordeum vulgare
Brachiaria
Trigo – Triticum
aestivum
Arroz - Oryza sativa
Caqui - Diospyrus kaki
Arroz - Oryza sativa
PATÓGENO
Tilletia indica
Drechslera
australiensis
PROCEDÊNCIA
Uruguai e México
México
Fusarium acuminatum
Drechslera
australiensis
Drechslera
australiensis
Phomopsis diospyri
Drechslera
hawaiiensis
Colletotrichum capsici
Colombia
U.S.A.
Pimentão
Capsicum annuum
Trigo – Triticum
Tilletia controversa
aestivum
Girassol
Stemphylium
botryosum
Helianthus annuus
Foto: Quarentena de Citrus, no IAC
Colombia
U.S.A
Colombia
Taiwan – China
Alemanha, Argentina e
Ucrânia
Argentina
19. Principais Nematóides detectados pelo CENARGEN
Procedência
Nematóide
detectado
Técnica de
Erradicação
Perdas na
Produção
Amendoim
Arachis
hypogaea
Colômbia
Dit ylenchus
dipsaci,
Tylenchus sp.
Cult ura de
Tecidos
Não
quant if icada
Arroz Oryza sativa
Colômbia;
Cuba; EUA ;
Filipinas;
França;
M alásia;
Nigéria
EUA ,
Filipinas
EUA
A phelenchoides
besseyi
Trat .Térmico:
Úmido
30 a 50
Dit ylenchus sp.
Até 90
A nguina sp
Dit ylenchus
dipsaci
Trat .Térmico:
Seco
Trat .Térmico:
Úmido
E Seco
Canadá
Dit ylenchus
dipsaci
Globodera sp.
Cult ura de
t ecidos
Incineração
30
At é 100
Globodera sp
Incineração
At é 100
Dit ylenchus sp.
Trat .Térmico:
Úmido
Trat .Térmico:
Úmido
Trat .Térmico:
Úmido
Não
Quant if icada
Germoplasma
Vegetal
Aveia Avena
sativa
Batata Solanum
tuberosum
M ilho Zea mays
Foto: Quarentena
Chile;
Holanda
Holanda;
EUA
Zâmbia
M éxico
Chile
Guat emala;
Peru;
Uruguai
de uva, no IAC
Dit ylenchus
dipsaci
Tylenchus sp.
Até 60
>
5 0%
20. PRINCIPAIS VÍRUS E VIRÓIDES
DETECTADOS PELO CENARGEN
VIRUS e VIROIDES
PRODUTO
PAÍS DE ORIGEM
Potato spindle tuber viroid (PSTvd)
Potato (Solanum tuberosum)
Argentina
Banana bunchy top Virus (BBTV)
Banana (Musa sp.)
Indonésia
Hop mosaic vírus (HMV))
Hop latent viroid
Hop (Humulus lupulus)
USA
Bean common mosaic virus
Southern bean mosaic virus
Bean (Phaseolus vulgaris)
Colômbia
Cowpea aphid-born mosaic virus
Cowpea (Vigna unguiculata)
Russia
Leek yellow strip virus
Onion yellow dwarf virus
Garlic (Allium sativus)
EUA, China
Potato leaf roll virus
Potato (Solanum tuberosum) in vitro
EUA, Peru, Argentina
Potato vírus S
Potato (Solanum tuberosum) in vitro
USA, Japan, Bolívia, Peru
Potato virus X
Potato (Solanum tuberosum) in vitro
USA, Peru
Potato virus Y
Potato (Solanum tuberosum) in vitro
USA, Japan
Sweet potato feathery motle virus
Sweet potato latent virus
Sweet potato chlorotic fleck virus
Sweet potato mild mottle virus
Sweet potato (Ipomoea batatas)
Japan
Foto: Quarentena de Batata, no IAC.
21. Principais Bactérias Detectadas pelo
CENARGEN
BACTÉRIA
PRODUTO
PROCEDÊNCIA
Burkholderia glumae
Arroz
(Oryza sativa)
França
Acidovorax avenae subsp. avenae
Arroz
(Oryza sativa)
Colômbia
Pseudomonas syringae pv. coronafaciens
Aveia
(Avena sativa)
USA
Xanthomonas campestres pv. zinniae
Zinia
(Zinia sp.)
França
Xanthomonas oryzae pv. oryzae
Arroz
(Oryza sativa)
Filipinas e Colômbia
Xanthomonas transluscens pv. undulosa
Trigo
(Triticum aestivum)
Triticale
(Triticum aestivum x Secale cereale)
Cevada
(Hordeum vulgare)
México
Foto: Quarentena de Orquídea no IAC
22. QUARENTENÁRIO DO IAC
O IAC está credenciado pela Defesa Sanitária para realizar a
quarentena de plantas no Estado de São Paulo, desde 15 de maio de
1998 (D.O.U. nº 91).
O IAC também está credenciado pela CTNBIO para efetivar
quarentena de germoplasma transgênico no Estado de São Paulo,
desde
04
de
setembro
de
1998
(Certificado de
Qualidade e Biossegurança nº 0065/98, D.O.U. nº 170).
Foto: Quarentena de batata, no IAC
23. TÉCNICAS USUAIS
• BACTÉRIAS: sintomatologia em plântulas, germinação em papel
toalha, meios seletivos e isolamento direto (SCHAAD,1982);
• FUNGOS: exame direto, plaqueamento em meio de cultura e
papel filtro. Tratamentos consecutivos para limpeza (NEEGARD,
1973 e 1978; TUITE, 1969);
• INSETOS: exame de presença de ovos, vestígios de ataque e do
próprio inseto vivo, em sala a prova de insetos;
• NEMATÓIDES: trituração, peneiramento em funil de Baermann,
bem como flutuação para extração de cistos (JENKINS, 1964;
BYRD et al.,1966).
• PLANTAS DANINHAS: exame visual de presença de sementes e
plantio para identificação taxonômica;
• VÍRUS: sintomatologia de plântulas, serologia, uso de plantas
indicadoras, microscópio eletrônico, cultura de meristema,
caracterização genética (KITAJIMA, 1965; OUTCHERLONY,
1968; HAMPTON et al., 1978).
Foto 1997: Inspeção no Quarentenário IAC, José Nelson Fonseca (CENARGEN) e Tarcisio
Prezoto (DFA)
24. QUARENTENA INTERNA
QUARENTENA INTERNA
- germoplasma oriundo de expedições científicas de coleta
- quando for originário de regiões onde haja restrições ao trânsito de
germoplasma.
25. TRÂNSITO INTERNO
Existem portarias que definem os locais onde há restrição de
trânsito de germoplasma vegetal no Brasil, onde estabelecem o tipo
do material que é restrito bem como as medidas que devem ser
adotadas. Apresentamos uma tabela com algumas destas espécies de
trânsito restrito.
FOTO: TÉCNICO DO CENARGEN COLETANDO GERMOPLASMA DE ARACHIS (GLOCIMAR P.SILVA)
26. OFICIALMENTE SÃO 07 SERVIÇOS DE DEFESA e 28 POSTOS
DE VIGILÂNCIA NO BRASIL
Situação Atual(*) (em
operação): Total 106
PONTOS DE INGRESSO - FRONTEIRAS - 24
ADUANAS ESPECIAIS - 35
PORTOS ORGANIZADOS - 27
AEROPORTOS INTERNACIONAIS - 20
(*)Criados informalmente nas DFA´s com as mais
diversas denominações (PDA, UVA, RR, ER)
com o objetivo de atender as demandas do comercio
internacional.
27. EXEMPLO DE ÁREA DE RISCO PARA SE ACESSAR
GERMOPLASMA
ÁR DE INCIDÊNCIA
EA
DE FERR
UGEM
ASIÁTICA
DA SOJA NO BR
ASIL
P
hakopsora pachyrhizi
2003
Área Epidêmica
LOGICAMENTE
QUE
NÃO
IREMOS
BUSCAR
GERMOPLASMA DE SOJA, JUSTAMENTE NOS CÍRCULOS
MOSTRADOS, ONDE HÁ EPIDEMIA OU ALTA INSIDÊNCIA
DE FERRUGEM!
28. OS
CUIDADOS
VÃO
DESDE
AS
INSPEÇÕES
FITOSSANITÁRIAS NO CAMPO ATÉ A INSPEÇÃO
FITOSSANITÁRIA NO PONTO DE SAÍDA.
SÃO
MUITO
IMPORTANTES
PARA
OS
PAÍSES
IMPORTADORES BEM COMO PARA A RESPEITABILIDADE
DA INSTITUIÇÃO E DO PAÍS EXPORTADOR.
FOTO: INSPEÇÃO DE EXPORTAÇÃO NO ICRISAT – ÍNDIA –ATRAVÉS DE RAIOS X - SEMENTES
29. A CHAMADA QUARENTENA DE EXPORTAÇÃO
A quarentena de exportação refere-se a um período que vai desde as
inspeções de campo, passando pela limpeza no momento da
embalagem, até a sua liberação no ponto de saída, pela DFA.
A sanidade do germoplasma é de responsabilidade do pesquisador
exportador.
O pesquisador exportador deve solicitar do importador a relação
das exigências fitossanitárias do país que vai receber o material,
para que o Certificado Fitossanitário contenha todas as
informações; ainda deve solicitar que envie o Import Permt.
O pesquisador exportador deve, ainda, preparar o material e a
embalagem adequadamente à sobrevivência do germoplasma
durante o seu transporte.
Foto: Passos efetuados pelo ICRISAT na exportação de germoplasma
30. A REALIDADE DO PROJETO SYNGENTA
Foto: Quarentena de Pinus, no IAC
31. EXEMPLO DE BIBLIOGRAFIAS
1.
Hewitt, W.B. & Chiarappa, L. Plant Health and Quarantine in International
Transfer of Genetic Resources. CRC Press, Inc. Cleveland: 1977, 347p.
2.
Giacometti, D.C. Introdução e Intercâmbio de Germoplasma. In: Araujo,
S.M.C. & Osuna, J.A. eds. Anais Encontro sobre Recursos Genéticos.
Jaboticabal: Unesp & CENAREN. 43-55p. 1988.
3.
Batista, M.F, Fonseca, J.N.L., Tenente, R.C.V., Mendes, M.A.S., Urben, A.F.,
Oliveira, M.R.V., Ferreira, D.N. Intercâmbio e Quarentena de Germoplasma
Vegetal. Brasília: Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento. v6. pg.32-41,
1988.
4.
Veiga, R.F.A. Intercâmbio e Quarentena de Recursos Fitogenéticos. In:
Beretta, A & Rivas, M. Coords. Estrategia en recursos fitogenéticos para los
países del Cono Sur. Montevideo, IICA. pg. 59-64. 2001.
5.
Vilella, E.F. Histórico e Impacto das pragas introduzidas no Brasil/ Eds;
Villella, E.F., Zucchi, R.A, Cantor, F. Ribeirão Preto: Holos, 2001. 173p.
6.
Veiga, R.F.A. , Barbosa, W., Tombolato, A.F.C., Costa, A.A., Benatti Jr. R.
Quarentenário de Plantas no Instituto Agronômico. Campinas: Instituto
Agronômico. O Agronômico, 56(1), pg.24-26. 2004.