2. IDENTIFICAÇÃO DAS PLANTAS POR NOMES COMUNS
“O MUNDO DA FUNDAG”
Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola
01/08/2023
Prosseguimos com o tema “ATIVIDADES BOTÂNICAS EM RECURSOS FITOGENÉTICOS”,
lembrando que não temos a pretensão de mostrar integralmente o assunto, assim, apresentarmos a
temática e algumas de suas principais definições, esperando que lhes sejam úteis.
Continua sendo uma série mensal “O MUNDO DA FUNDAG”, agora com a segunda aula, do
segundo semestre, com o lema “IDENTIFICAÇÃO POR NOMES COMUNS”.
Objetiva, principalmente, efetivar a integração dos Funcionários com o Conselho Diretor, como
consta de seu Plano Diretor, através da transmissão de conhecimentos inerentes aos assuntos dos
projetos cadastrados na FUNDAG, sempre dentro de Agropecuária e Meio Ambiente, contidos em
alguns poucos slides por mês.
Relembramos que as aulas são programadas para seguirem a apresentação automaticamente, após
o tempo de leitura, assim, é só assistir!
Desejamos, também, despertar a sua curiosidade em relação aos Projetos - Fundag, onde o Diretor
Administrativo Dr. Renato Ferraz de Arruda Veiga continua sendo o seu contato para tirar dúvidas e
também aprender com vocês, por isto QUESTIONE-SE, questione-me, e leia mais sobre o assunto!
3. A IDENTIFICAÇÃO DAS PLANTAS
Pecteilis radiata L.
Origem: China
Desde o Neolítico o Homo sapiens sapiens teve que adquirir conhecimentos sobre as plantas para poder se alimentar, se abrigar, se curar,
se locomover, se pintar, se perfumar, se proteger, se vestir, dentre outros inúmeros usos. Ao conhecer a utilidade de determinada planta,
para passar tal informação aos seus pares, teve que ter uma IMAGEM que a representasse e, posteriormente, ao adquirir a
LINGUAGEM, teve que dar um NOME POPULAR para cada planta (VEIGA, R.F.A., 2023).
“GARÇA BRANCA”
???
4. O NOME COMUM DAS PLANTAS
Foto: índias Tupi-guarani, por Por Vinícius Brigolini, 2022.
O uso do NOME COMUM pode ser problemático, apesar de serem de entendimento simples, pois, a mesma planta
também pode ter, com maior frequência do que o desejado, NOMES DIFERENTES consoante a região onde se
encontram. Chegam a ser mais de 10 ou 20 nomes vulgares ocorrendo na mesma língua e outros tantos em línguas
diferentes (SOARES, Cristiana Nobre, 2020).
O NOME COMUM, COMERCIAL, VULGAR ou POPULAR é aquele que, por costume de uma coletividade é utilizado
frequentemente para identificar plantas. Pode variar segundo o país, estado ou região e, invariavelmente não se conhece o seu autor. No
Brasil tal decorreu, comumente, por influência das culturas e tradições das gerações anteriores, quer seja dos pioneiros indígenas, dos
colonizadores, dos escravos, quer dos imigrantes e, mais recentemente, das comunidades tradicionais (VEIGA, R.F.A., 2023).
Suas sementes foram trazidas da Áustria para
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para
satisfazer a imperatriz Maria Leopoldina,
recém chegada de Viena, e apaixonada pela
Botânica. Entretanto, o nome da planta
adveio da sua VERSATILIDADE ao crescer
em qualquer ambiente.
“Maria-sem-vergonha” (Impatiens walleriana Hook. F.)
5. TODA AGRICULTURA COMEÇA COM A NOMENCLATURA
Não Seu Zé! Eu não trabalho com a
Myrciaria glazioviana (Kiaersk.) G. M.
Barroso ex Sobral. Ela é nativa do Centro-
Leste brasileiro, e eu trabalhei muito foi
com frutíferas de clima temperado tal qual
o Prunus persica (L.) Batsch., o Ficus
carica L., e o Diospyrus kaki L., dentre
outras.
Dr. Wilson, o Sr. também trabalha
com a “Cabeludinha”?
“Pêssego” = (Prunus pesica (L.) Batsch.‘IAC Douradão’). Origem: China.
“Cabeludinha” = (Myrciaria glazioviana (Kiaersk.) G. M. Barroso ex Sobral)
De qualquer forma, quer seja vulgar ou científico, os nomes das plantas são o início de tudo e, sem eles nenhum trabalho sério sequer
principia (VEIGA, R.F.A., 2023).
O trabalhador do campo e o fazendeiro sabem muito bem o NOME DAS PLANTAS que os rodeiam, mais ainda sobre as que utilizam
para o seu sustento, e o agrônomo e o biólogo também, mas, há uma diferença!
6. COMO SURGEM OS NOMES VULGARES ?
Ou pode ser por seu AROMA E/OU SABOR tal qual a “Erva cidreira” (Melissa officinalis L.) pelo seu aroma cítrico, ou pela sua
localização de ORIGEM OU PROCEDÊNCIA como a “Guiné” (Petiveria tetrandra B. A. Gomes), procedendo da Guiné, mesmo sendo
nativa da Mata Atlântica. Ainda pode ser pelo seu USO MEDICINAL tal qual o “Quebra-pedra” (Phyllanthus filiformis Pav.) cujo chá
chega a quebrar pedras dos rins, e até mesmo pelo PERIGO que representa como a “Figueira-do-inferno” (Datura stramonium L.) pela
sua toxidez.
“Kiwi” “Kiwi”
Segundo SIGRIST, S. R. (2014), pode-se encontrar a explicação, para os nomes vulgares, conhecendo-se os diversos
sistemas etnofarmacológicos no Brasil, que são bem heterogêneos.
Pode ser, como nas Fotos, devido às suas CORES E/OU
FORMATO como o “Quivi, Quiwi, Quiuí, Kiwi, ou
Kiuí” (Actinidia chinensis Planch.) originária da China,
onde o formato e a cor do seu fruto fazem lembrar o do
pássaro “Kiwi” da Nova Zelândia (Apteryx mantelli
Bartlett, 1850). Ou por MOVIMENTOS da planta, como
o “Girassol” cuja flor se vira em direção ao sol
(Helianthus annuus L.), originário do México.
Normalmente se originam por alguma característica da planta que afete os SENTIDOS do observador (audição, olfato, paladar, tato, ou
visão), quer seja na raiz, caule, folhas, flores, sementes ou frutos. Mas, os motivos podem ser muito mais diversos, como algo ou alguém
de quem se lembre, de algum animal, de outra planta, de uma cidade, de algum uso, por homenagens diversas, dentre muitos outros
(VEIGA, R.F.A., 2023).
Enfim, tal VULGARIDADE acaba por ser causa de CONFUSÃO, ou até mesmo de OFENSA para alguns mesmo que seja
HUMORÍSTICO para outros, como um nome “politicamente incorreto” tal qual o “Caralho-de-asno” (Euphorbia ingens E. Mey.
ex Boiss.) - pelo aspecto do seu tronco. Sem contar do risco que pode causar se alguém aplicar erroneamente um nome vulgar para
uma espécie de características opostas da original, especialmente quando se tratar de uma planta medicinal ou alimentícia.
“GirasSOL”
7. CLASSIFICAÇÃO DOS NOMES COMUNS
1. Os POPULARES são os nomes tradicionais que a sociedade local lhes confere. Podem ser INTRALINGUÍSTICOS - vernáculos
dentro da língua portuguesa. Ex: Manihot esculenta Crantz, Nomes vulgares somente no Brasil: Mandioca = Macaxeira = Aipim =
Maniva = Castelinha = Uaipi = Maniveira = Pão-de-pobre, etc.; ou EXTRALINGUÍSTICOS - vernáculos utilizados em outras
línguas como: Cassava, Manicoc, Maniok, Manioca, etc.
2. Os PARACIENTÍFICOS são nomes criados quando não há nomes vulgares – por serem plantas recém introduzidas de outro país -
pelos cientistas ou extensionistas, “aportuguesando” o nome científico do gênero ou espécie. Como por exemplo brasileiro, temos a
Echinacea purpúrea (L.) Moench = “Equinácea”, e a hortaliça Pastinaca sativum L.= “Pastinaca”.
“Homem-nu” = Orchis itálica Poir.,
orginária do Mediterrâneo.
Desta forma, mesmo não seguindo NENHUMA REGRA, quer seja regional, nacional ou até mesmo internacional, podem ser separados
como nomes populares ou paracientíficos, desde que utilizados somente como uma referência e não para uma identificação de peso
científico (VEIGA, R.F.A., 2023), como a seguir:
“Macaco” = Dracula símia (Luer) Luer.,
originária do Equador.
8. PLANTAS DIFERENTES, NOMES POPULARES IGUAIS
O ser humano tende a dar NOMES para todas as PLANTAS que conhece, ou pensa conhecer, acabando por utilizá-lo de forma duplicada
para mais de uma espécie do mesmo gênero ou até mesmo para espécies de gêneros distintos, por motivos dos mais diversos (Ex.: Fotos
de plantas de três gêneros chamadas vulgarmente de AMENDOIM no Brasil: Ocorre a HOMONÍMIA com Arachis hypogaea L.,
Pterogyne nitens Tul., e Euphorbia heteropphylla L.) VEIGA, RFA., 2023.
Continuando com o exemplo do “Amendoim”, como citado anteriormente, temos ainda os nomes dados em OUTRAS LÍNGUAS, o que
pode confundir ainda mais as pessoas: Por exemplo as SINONÍMIAS VULGARES Groundnut e Peanut (inglês), Mani e Cacahuete
(espanhol), Pistache de Terre (francês), Arachide (italiano), dentre outros.
Assim, no Brasil, todas as 80 espécies do gênero Arachis são chamadas de “Amendoim”, desde a principal espécie alimentícia a A.
hypogaea, até outras que possuem cultivares forrageiras/jardinagem: A. pintoi, A. repens e A. stenosperma. Mas, outros gêneros possuem
o nome “Amendoim-bravo” como o Pterogyne nitens Tul., na Bahia, em Minas Gerais, no Paraná e no estado de São Paulo, podendo ser
chamado também de “Amendoim-do-campo”, “Ibiraró” ou “Óleo-branco”, no estado de São Paulo; “Amendoinzeiro”, no Paraná e no
estado de São Paulo. Temos ainda uma espécie invasora, também chamada de “Amendoim-bravo”, a Euphorbia heterophylla L..
ARACHIS = “Amendoim” PTEROGYNE = “Amendoim” EUPHORBIA = “Amendoim”
Até mesmo o SOTAQUE diferenciado regionalmente acaba por aferir um novo nome, já que muitos escrevem os nomes como os ouvem,
como ocorre com o “Amendoim” no País, onde suas espécies nativas do Nordeste podem ser chamadas “Amendoim-de-Carcará”, tendo as
CORRUPTELAS “Aminduim” e “Amendoí”, ou “Mundubim” e “Mindubi” oriundos do “Mãdu’bi” - do Tupi.
9. “Batom” = Aeschynanthus radicans Jack,
originária da Ásia.
Os NOMES POPULARES, muitas vezes se justificam “à primeira vista”, principalmente pela forma de suas flores ou inflorescências, ou
de outras partes das plantas, que lembram alguma forma conhecida (Ex.: Fotos: “Batom” e “Sapatinho”).
“Sapatinho”= Paphiopedilum spp.,
originária da Ásia.
PORQUE TEM ESTE NOME ?
Outras vezes torna-se necessário conhecer a sua historia, já que toda NOMENCLATURA tem uma razão de ser (Ex.:
Achillea ptarmica L. “Espirro” - onde o epíteto genérico Achillea foi homenagem ao grego Aquiles que usava flores desse
gênero para tratar as feridas de seus soldados, já o epíteto específico ptarmica vem da palavra grega 'ptairo' que significa
causar espirros, o que também deu origem ao seu nome vulgar (KATIE AVIS-RIORDAN, 2021).
10. “O MUNDO DA FUNDAG”
Foto: Área in vitro do Quarentenário IAC, 2011.
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A orquídea chamada vulgarmente de “Cometa”
também é conhecida por “ORQUÍDEA DE
DARWIN” (Angraecum sesquipedale Thouars),
originária de Madagascar, pelo fato dele ter
proposto, em 1862, a sua polinização por um
inseto com uma língua (probóscide) comprida,
sem citar um nome, e até então desconhecido na
região, fato confirmado somente 40 anos depois.
Xanthopan morganii Walker (1856),
originária da África.