3. Rembrandt Harmenszoon van Rijn, pintor e gravador holandês, nasceu no dia 15 de julho 1606, em Leiden; Foi um dos pintores mais famosos da história da arte européia; Dono de um moinho à beira do rio Reno, seu pai, HarmenGerritz, foi um homem pobre; Embora de família humilde, Rembrandt van Rijn recebeu boa instrução. Freqüentou a Universidade de Leiden mas, em 1620, interrompeu os estudos. Aos quinze anos Rembrandt larga a universidade, mas Van Swanenburgh não permite que largue a pintura. Jacob Isaaksz van Swanenburgh ensina as técnicas básicas, o preparo das tintas, a montagem das telas e a disciplina do desenho. Rembrandt - Vida
4. Em 1624, passou seis meses como estudante com PieterLastman em Amsterdã Lastman, artista habilidoso educado na Itália, apresentou Rembrandt ao chiaroscuro, o uso da luz e das sombras para modelar formas e produzir efeitos dramáticos; a técnica seria central à sua arte Dois anos depois, pintou seu primeiro quadro conhecido. Voltou para Leiden em 1627, permanecendo lá durante quatro anos. Ali, instalou seu primeiro ateliê, com Jan Lievens, iniciando intensa atividade artística. No ano seguinte chama Gerrit Dou - um menino de catorze anos - para trabalhar com eles. As primeiras águas-fortes são desta época. Durante alguns anos, Rembrandt trabalhou em sua cidade natal, fazendo sua reputação como pintor de quadros bíblicos e mitológicos Em 1629 Rembrandt foi descoberto pelo estadista e poeta ConstantijnHuygens, pai de ChristiaanHuygens (um famoso físico e matemático neerlandês), que conseguiu para Rembrandt importantes encomendas da corte de Hague. Como resultado desta conexão, o Príncipe Frederik Hendrik foi cliente de Rembrandt até 1646. Rembrandt - Vida
5. Em 1631, mudou-se para Amsterdã onde, em 1632, fez sucesso imediato com A Lição de Anatomia do Dr. Tulp, que lhe rendeu muitas encomendas de retratos e pinturas sacras Rembrandt alojou-se com o negociante de artes Hedrick van Uylenburgh, que se tornou seu sócio e o ajudou a conseguir as muitas encomendas de retratos que o tornaram um jovem artista famoso e de vida abastada Já famoso, Rembrandt casou-se, em 1634, com Saskia van Uylenburgh, a sobrinha de seu sócio. Em 1639 o casal foi morar numa casa confortável na Jodenbreestraat, um bairro judeu em Amsterdã. O lugar tornou-se centro de reuniões sociais e museu de objetos raros, móveis antigos, louças preciosas, tecidos caros e jóias belíssimas. Rembrandt - Vida
6. Rembrandt passou a ter muitos alunos e clientes ricos Três filhos de Rembrandt morreram na infância, e embora um dos filhos, Tito, tenha nascido em 1641 e sobrevivido sua esposa, Saskia, viria a morrer no ano seguinte. Mesmo assim, este foi o ano em que o artista pintou o mais celebrado de seus quadros, A Ronda Noturna e alcançou o ápice de seu sucesso público. Uma jovem criada, HendrickjeStoffels, foi trabalhar para Rembrandt por volta de 1647. Ela permaneceu como governanta e amante do pintor até sua morte, em 1663. O rosto que aparece em Betsabá é dela. Rembrandt - Vida
7. Em 1654 Hendrickje deu a Rembrandt uma filha, Cornelia, depois foi levada perante a Igreja Reformista local e censurada; mais tarde assunto parece ter sido esquecido. No início da década de 1650, Rembrandt pintava uma obra-prima após outra. Foi provavelmente a má administração que o levou à falência em 1656, culminado com a venda de sua casa em 1660. Em 1660, Titus e Hendryckje abriram uma empresa para comercializar as obras do pintor, evitando o prosseguimento da falência. Em 1663, Rembrandt perdeu a companheira. Mesmo sozinho, continuou executando várias obras, entre elas paisagens e auto-retratos. Pintou também retratos de Titus; num deles (o quadro "São Mateus e o Anjo", que está no Museu do Louvre), o filho aparece como Mateus Rembrandt - Vida
8. Dois anos depois, todos os seus bens foram vendidos judicialmente. Num desses leilões, arrematou-se o "Auto-Retrato de Barba Nascente", hoje no Museu de Arte de São Paulo (Masp). Titusmorreu em 1668. Rembrandt pintou ainda um último "Auto-Retrato", uma composição dramática. Rembrandt morreu em outubro de 1669, aos 63 anos, na solidão e na miséria. Rembrandt - Vida
10. São três os temas mais comuns na obra do pintor: a temática sacra, os retratos grupais e os auto-retratos. Trabalhou dentro da tradição da arte protestante holandesa e nunca deixou sua terra natal Foi acusado de pintar o que lhe agradasse. Enquanto os clientes queriam retratos e não críticas, imagens do rosto e do corpo e não análises de suas almas, Rembrandt retratava o que queria, o que ele via e sentia Rembrandt - Obra
11. É durante o período de Rembrandt em Leiden (1625-1631) que a influência de Lastman pode ser mais sentida. Suas pinturas eram menores, mas ricas em detalhes (por exemplo, em trajes e jóias). Os temas eram em sua maioria religiosos e alegóricos. Nos seus primeiros anos em Amesterdã (1632-1636), Rembrandt passou a pintar cenas bíblicas e mitológicas dramáticas, em alto contraste e formato ampliado. Ele também começou a aceitar encomendas de retratos. No final da década de 1630, Rembrandt produziu várias pinturas e gravuras de paisagens. A partir de 1640 seu trabalho se tornou menos exuberante e mais sóbrio em tom, refletindo tragédias pessoais. As cenas bíblicas passaram a derivar-se mais do Novo Testamento do que do Velho Testamento. O tamanho das pinturas diminuiu novamente. A exceção foi a grandiosa Ronda Noturna, seu trabalho mais amplo. Rembrandt - Obra
12. Na década de 1650, o estilo de Rembrandt mudou novamente. Suas obras aumentaram em largura. As cores se tornaram mais ricas, e o pincel mais destacado. Com essas mudanças, Rembrandt distanciou-se de seus primeiros trabalhos e da moda da época, com inclinação cada vez maior para trabalhos mais finos e detalhados. Com o passar dos anos, os temas bíblicos continuaram a surgir, mas com ênfase agora em figuras retratadas com mais intimidade, ao invés de cenas grupais. Em seus últimos anos, Rembrandt pintou seus auto-retratos mais profundamente reflexivos. Rembrandt - Obra
13. Os retratos grupais eram uma coqueluche da Holanda da época. Muitas corporações e guildas contratavam pintores para as imortalizar através de um retrato coletivo. Rembrandt pintou vários destes retratos sendo que os dois mais famosos talvez sejam a Aula de anatomia do Dr. Tulp e a Ronda Noturna. Nestes dois quadros de sua primeira fase, o artista anima a composição com uma grande variedade de gestos e expressões dos personagens, bem ao gosto do Barroco. Na Aula de Anatomia, a curiosidade e o assombro estão estampados em cada face e em cada gesto. Rembrandt - Obra
14. Rembrandt pintou mais de cem auto-retratos durante 40 anos. São leituras psicológicas de si mesmo só comparáveis ao que Vincent van Gogh - outro holandês - realizou no século XIX. Desde os primeiros anos felizes até a miséria do final da vida, o artista não condescendeu consigo próprio, não maquiou nem alterou sua própria realidade, numa busca admirável pela verdade pessoal. Em um dos seus últimos retratos, vê-se o olhar abatido de um Rembrandt idoso, resignado com a própria sorte, encarando com tristeza serena a própria pobreza e a solidão. Rembrandt - Obra
15. O claro-escuro Na sua primeira fase, o claro-escuro de Rembrandt é um recurso compositivo. Simultaneamente à disposição planimétrica das personagens sobre a superfície da tela, Rembrandt cria uma segunda ordem compositiva, evidenciada nos diferentes índices de luminosidade. Dadas as suas diferenças de claridade, as figuras agitam-se longitudinalmente na pintura, avançando e recuando em direção ao observador. Na sua segunda fase, ao contrário, o claro-escuro converte-se, antes de mais nada, em uma metáfora da espiritualidade. Com a simultânea redução na quantidade dos personagens da composição, as trevas ampliam-se e possuem mais o espaço na pintura. Em quadros como Hendrickje banhando-se em um rio, o corpo luminoso de sua terceira esposa emerge delicadamente de um fundo quase indiscernível pela obscuridade. Cuidadosamente, a mulher suspende a espessa camisola branca, e caminha produzindo uma dourada marola sobre a água. Rembrandt - Obra
16. Sua produção artística é dividida em duas fazes principais. O ano divisor de águas é 1642, ano em que morre Saskia e em que Rembrandt pinta seu célebre Ronda Noturna. No primeiro período, o artista faz parte de um movimento cultural denominado PeintureSavante, constituída por uma elite culta, de admiradores da Itália. Seu mestre, PieterLastman, é seguidor de Caravaggio, tendo estudado por dez anos em Roma. Neste período, a pintura de Rembrandt é dominada pelos tons luminosos em contrastes dramáticos. Seus temas são bíblicos e mitológicos. O acabamento é cuidadoso, com técnica refinada. Os grupos de figuras são construídos segundo o receituário barroco, com gestos dramáticos e expressivos, de ação intensa. Rembrandt - Obra
17. A partir da década de 1640, Rembrandt altera seu estilo. Acentua o uso da monocromia em tons dourados, fundada no jogo de claro-escuro, influência de Caravaggio. Abandona certas características grandiloqüentes do barroco, para adotar uma composição simplificada, com um clima silencioso e solene. Ao invés do gesto dramático em situações de grande ação, suas personagens são pensativas, absortas no próprio universo interior. Rembrandt cria o que alguns historiadores chamam de pesquisa psicológica A luz torna-se então um elemento fundamental em sua arte. Nesta segunda fase, a luminosidade não apenas reestrutura a composição de suas pinturas como, também, ilumina os recônditos da alma humana. Como disse o crítico literário Harold Bloom acerca de Shakespeare, Rembrandt recria o ser humano, revelando os desdobramentos do ser, as sutis gradações da sua emoção e do seus sentimentos. Rembrandt - Obra
18. A técnica A técnica de sua primeira fase é minuciosa. Os detalhes dos objetos e das figuras são construídos em um desenho preciso de grande primor no acabamento. Já na segunda fase, Rembrandt empregou uma técnica menos precisa, baseada no uso de grandes manchas de tinta espessa. Segundo alguns historiadores, o artista chegava a pedir que as pessoas não observassem seus quadros de perto, com o pretexto de que o cheiro da tinta as incomodasse. O pigmento era aplicado com uma espátula em grossas camadas, como que "rebocados com uma colher de pedreiro", segundo o pintor e biógrafo Arnold Houbraken (1660-1719). O impaste, como é chamado, chega a ter cerca de 5 milímetros de espessura. Rembrandt - Obra
19. A Lição de Anatomia do Dr. Tulp - 1632 Óleo em tela – 169,5 × 216,5 cm É uma de suas obras mais famosas e revolucionárias. O corpo que aparece no quadro é de um marginal que havia sido condenado à morte por assalto a mão armada.
20. Essa obra retrata uma dissecação, verdadeiro acontecimento público na época O Dr. Tulp está olhando para o próprio Criador, talvez sentindo “um embaraço que seria produzido pelo pensamento que inevitavelmente se seguiria à [sua] descoberta: se somos capazes de explicar esse aspecto de nossa natureza, haverá alguma coisa que não seremos capazes de explicar nessa natureza?”. Como é esse olhar do Dr. Tulp em direção ao infinito? Como é esse olhar de Rembrandt em direção aos filósofos naturais do século XVII que perscrutam, maravilhados, os tendões e os mistérios do movimento da mão? Assim, Rembrandt não apenas revela a busca inquietante dos filósofos naturais dos Seiscentos, mas traz – por meio de sombras, dos contrastes inquietantes de tons claros e escuros, dos detalhes precisos – um retrato do seu próprio tempo. RembrandtA Lição de Anatomia do Dr. Tulp - 1632
21. A Ronda Noturna - 1642 Óleo sobre tela - 359 × 438 cm A origem deste título surge de uma equivocação de interpretação. Depois do seu restauro em 1947, onde se eliminou este verniz obscurecido, descobriu-se que o título não se ajustava à realidade, já que a ação não se desenvolve de noite senão de dia, no interior de um portaló em penumbra ao qual chega um potente raio de luz que ilumina intensamente às personagens que intervêm na composição.
22. O título correto da pintura é A companhia de milícia do capitão FransBanningCocq e do Tenente Willen van Ruytenburch. Segundo consta, o enfoque barroco da composição dado por Rembrandt desagradou alguns dos retratados. Ao invés de colocar todos os componentes da escolta do capitão em igualdade de importância, o artista variou a posição de cada um. O ganho em variedade e dramaticidade implicou em que alguns personagens tornaram-se mais evidentes enquanto outros ficaram encobertos ou na penumbra. Como todos haviam pago igualmente, o desagrado teria sido geral. Mesmo assim, já em sua época este quadro havia sido considerado uma das maiores obras de todos os tempos. Rembrandt – A Ronda Noturna - 1642
23. Personagens principais: Capitão FransBanningCocq: capitão da companhia e figura central que articula os eixos do quadro. Com a mão indica a ordem ao seu tenente e a afasta o espectador, incluindo-o na cena. Em que pese a evitar uma ordem hierárquica na distribuição dos membros da milícia, Rembrandt outorga-lhe a posição predominante do seu cargo. Tenente Willem van Ruytenburch: tenente da companhia, é o que recebe a ordem de preparar a companhia para a formação. Ruytenburch era de baixa estatura, e, para não ficar muito diminuído junto ao gigantesco capitão Cocq, Rembrandt realça-o empregando no seu uniforme um tom amarelo ao que faz vibrar iluminado por um raio de sol. A menina: é uma personagem chave no quadro, por ser a única feminina e servir de foco de luz. A menina não se encontra em penumbra e as sombras não a tocam. Parece um espetro que pouco tenha que ver com o restante de personagens. Por esta infreqüente qualidade, muitos críticos veêm na menina um retrato de Saskia van Uylenburgh (1612 - 1642), primeira esposa do pintor, que faleceu prematuramente o ano em que foi pintada a tela, possivelmente de tuberculose. Saskia era habitual modelo de muitos dos retratos do autor. Veste um traje amarelo limão e na cintura porta um galo branco com pinceladas azuis. Este era o emblema da companhia, que Rembrandt representou desta singular maneira, em substituição do habitual brasão deste tipo de retratos coletivos Rembrandt – A Ronda Noturna - 1642
24. O gesto da mão espalmada do capitão dá a partida para a tropa e é, também, o rompe-alas da composição. Como o vértice de um triângulo, a partir da mão todos os personagens se espalham progressivamente em direção ao fundo da pintura. As figuras são dotadas de grande dinamismo, evidenciado pelas diversas diagonais que atravessam a pintura - lanças, mosquetes, estandartes e tambores - inclusive pela orientação da posição diagonal das cabeças dos diversos personagens. Entretanto, o movimento não é frenético ou caótico mas unificado pela expressão serena (até mesmo galhofa) dos rostos. Segundo preservou a lenda, a pequena personagem feminina em posição de destaque no centro-esquerda da pintura seria a própria Saskia, falecida enquanto Rembrandt concluia a Ronda. Sua vestimenta luminosa é equilibrada pela presença da mesma cor e tonalidade na roupa do tenente em primeiro plano. Assim, também a faixa vermelha usada pelo capitão Cocq é equilibrada pela vestimenta vermelha da figura que, à esquerda, carrega um mosquetão. Rembrandt – A Ronda Noturna - 1642
25. Rembrandt e Saskia na cena do Filho Pródigo na taverna - 1635 Óleo sobre tela, - 161x131 cm
26. O Festim de Baltazar - 1635 Segundo a tradição bíblica, Baltazar, rei da Babilônia, oferecia uma festa a reis pagãos quando uma mão misteriosa escreveu uma mensagem na paredes do palácio prevendo a sua queda. Baltazar ficou aterrorizado e "seus joelhos batiam um no outro" (Daniel, 5:6).
27. A cena é vividamente representada. Como numa fotografia, o artista captou o momento exato em que ocorre o fato sobrenatural. A mulher do primeiro plano à direita derrama o seu vinho, que umedece a manga de seu vestido. Também o braço direito do rei entornou a sua taça, a qual ainda não tombou completamente sobre a mesa. O momento é tão preciso no tempo que o músico que toca flauta à esquerda ainda não se apercebeu do ocorrido, olhando distraído o vazio. O rei volta-se para onde ocorre a intervenção divina e seu semblante é o retrato do espanto e do pavor. Rembrandt revela toda a sua maestria em representar emoção através das fisionomias. As mãos dos personagens - inclusive a mão sobrenatural - formam uma estrutura compositiva semicircular, do alto a baixo da tela. Rembrandt – O Festim de Baltazar - 1635
28. Também os adereços de cena merecem destaque. Rembrandt possuiu uma rica coleção de objetos e adereços, dos quais podem-se ver alguns exemplos nos aparatos retratados na mesa de Baltazar. Na representação das diferentes texturas, dos metais, tecidos e pele dos corpos pode-se ver o uso intensivo do impaste de tinta, típico do artista. Daniel decifrou os dizeres da parede, que significavam "Mene, Mene, Tekel, Parsin", isto é: Mene, "Contou Deus o teu reino, e deu cabo dele"; Tequel "Pesado foste na balança, e achado em falta"; Parsin, "Dividido foi o teu reino, e dado aos medas e aos persas". Segundo o relato bíblico, naquela mesma noite Baltazar foi morto por Dario, rei dos medos. Rembrandt – O Festim de Baltazar – 1635
29. A Descida da Cruz - 1634 Óleo sobre tela -158 x 117 cm
39. O Retorno no Filho Pródigo - 1669 O quadro representa simbolicamente o perdão do pecado alcançado pelo arrependimento. É um quadro tido como sem grande emoção. Contudo, há uma grandiosidade tranqüila e comedida, demonstrando uma calma que parece vinda dos céus.
46. Retrato de Jovem com Corrente de Ouro - 1635 O modelo fita diretamente o espectador, mas sua expressão facial insinua certa reserva e uma distante melancolia. A personagem é trabalhada com esmero, destacando-se de um fundo neutro, com variações de iluminação da mesma tonalidade monocromática. Houve dúvidas quanto à atribuição da obra a Rembrandt. Sua assinatura é vista com infra-vermelho