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Suicídio: Atenção
para prevenção
Luciana França Cescon
Psicóloga (UNIP 2009) – CRP 06/98.202
Prefeitura de Santos desde 2012
Especialista em Saúde Pública (Atualize 2014)
Mestre Profissional em Ensino em Ciências da Saúde (UNIFESP 2015)
Pesquisa “Cuidado, Frágil: aproximações e
distanciamentos de trabalhadores de um
CAPS na atenção ao suicídio”
(2012) Serviço de Saúde Mental
Entre outros casos, pessoas que traziam a
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padrão para
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OMS (2000): a cada 40 segundos um suicídio no mundo.
Para cada suicídio, em média 20 tentativas.
O suicídio atinge todas as faixas etárias e encontra-
se, em muitos países, entre as três principais causas de
morte entre indivíduos de 15 a 44 anos, sendo a
segunda principal causa de morte entre indivíduos de 10
a 24 anos.
Índices têm aumentado em jovens e idosos.
Brasil: 67a. posição na
classificação mundial.
Em números absolutos, entre os
dez países com mais suicídios.
Estimativa no Brasil: cerca de 25
suicídios por dia (CVV, 2013).
Números subestimados, pois
alguns suicídios são registrados como
acidentes ou morte com causa
indeterminada.
Sobreviventes: Para cada
suicídio, de cinco a dez pessoas
(familiares, amigos) são afetadas
social, emocional e economicamente.
Mulheres: mais tentativas de suicídio.
Fator predisponente: Conflito ou rompimento de relacionamento.
Método mais utilizado: Não violento (dose excessiva de
medicamentos).
Homens: mais suicídios consumados.
Fator predisponente: Doença ou perda importante.
Método mais utilizado: Violento (enforcamento, arma de fogo,
precipitação de altura).
Regra dos 4 D:
Depressão, desesperança, desamparo e desespero.
É possível prevenir?
OMS: 90% dos casos
de suicídio poderiam
ser evitados se
houvesse uma rede
adequada de
atendimento para
essas pessoas
(CVV, 2013).
CVV – Centro de Valorização da Vida (141)
Serviço gratuito, fundado em 1962 na Inglaterra.
Voluntários que se colocam disponíveis à outra pessoa
em uma conversa de ajuda.
A missão do CVV:
“Valorizar a vida, contribuindo
para que as pessoas tenham uma
vida mais plena e,
consequentemente, prevenindo o
suicídio.
2006 - Estratégia Nacional para Prevenção do
Suicídio (Brasil).
Portaria no. 1876: objetivo de reduzir taxas de
suicídios, tentativas de suicídio e os danos
associados com comportamentos suicidas, como o
impacto traumático do suicídio na família, nas
comunidades e na sociedade em geral.
“Não somos responsáveis pela vida e pela morte uns
dos outros, a vida e a morte de cada homem é dele
próprio. Somos, porém, responsáveis por nossos
envolvimentos”.
HILLMAN, 2011 - “Suicídio e alma” p. 94
Parte significativa dos estudos aponta relações entre o
suicídio e determinadas classificações psiquiátricas
(depressão, transtorno bipolar e borderline são os mais
comuns). Porém são histórias de vida singulares, que não
podem ser definidas por uma classificação diagnóstica.
E outras situações: sofrimentos a
partir de situações concretas, como
bullying, homofobia, violência física,
psicológica e/ou sexual...
.
"Não existe nenhuma relação forte entre a gravidade
da depressão e a probabilidade do suicídio [...]. Algumas
pessoas [...] que perderam todos os filhos para a
violência das gangues, que estão aleijados fisicamente,
com inanição, que jamais conheceram um minuto de
amor de qualquer espécie, mesmo assim agarram-se à
vida com cada tiquinho de energia. Outros, com infinitas
promessas brilhantes em suas vidas, cometem suicídio.
O suicídio não é a culminância de uma vida difícil; nasce
de algum lugar escondido além da mente e da
consciência“.
(SOLOMON – “O demônio do meio-dia” p. 233).
"Uma jovem que tentou o suicídio após ter perdido o namorado deverá merecer
tanto respeito da nossa parte quanto a pessoa idosa que perde o companheiro de
muitos anos. Não é possível medir, com uma medida única, o sofrimento alheio;
não se pode julgar, nem tirar conclusões.
Respeitar é não usar a minha medida para sentir o sofrimento do outro,
mas usar a dele próprio. “
- Manual do Voluntário do CVV
Imagem de Felipo Rolim
"O suicídio começa por dentro. Você não tem
mais vontade de sair com os amigos, seus pais se
perguntam o que houve de errado, se eles são os
culpados pela sua terrível solidão. Seus olhos ficam
cada vez mais pesados, e teu coração bate cada vez
mais lento. Tic tac, socorro, tic tac. [...] um filme
passa por sua cabeça. [..] E cada momento é como
uma facada no seu coração […] O suicídio começa
por dentro."
"O suicídio não acontece quando alguém corta
os pulsos ou salta de uma janela com uma corda ao
redor do pescoço. O verdadeiro suicídio acontece
quando acordamos todos os dias do mesmo jeito
que fomos dormir, quando o coração vazio continua
vazio, quando a alma continua morta."
Frases da Internet
“Estamos constantemente nos afastando dos outros ...
Os existencialistas dizem que sempre acreditamos que
somos invisíveis e que algumas vezes cometemos suicídio
para afirmarmos o fato de termos vivido".
- Leo Buscaglia em "Amor" (p. 34)
Eliane Brum (2013), no texto “O doping dos pobres:
“As pessoas estão sendo viciadas em ansiolíticos
nos postos de saúde, afirma uma psicóloga. „São
levadas a acreditar que o remédio pode acabar com a
sua dor, uma dor que tem causas muito concretas.
[...] Uma mulher tinha dois empregos, um de dia,
outro de noite. O que ganhava não dava para pagar
as contas. Os ônibus que pegava para chegar até
esses empregos eram lotados. Ela vivia num barraco.
Aí procurou o posto de saúde e lhe trataram com
antidepressivos. Não adiantou. Deram-lhe outro
medicamento. Nada. Um dia, sem nenhuma
esperança ou recurso, ela tentou suicídio‟, conta. A
questão é que não há promoção de saúde, porque
isso implicaria se preocupar com projeto de vida,
com perspectiva de vida, com melhoria das
condições de vida. O que há é medicalização da
vida‟. ”
Mito: Quem fala sobre suicídio nunca comete suicídio.
Realidade: Os pacientes que cometeram suicídio em
geral deram avisos ou sinais de sua intenção.
Qualquer ameaça deve ser levada a sério.
Mito: Falar sobre suicídio com um paciente pode
provocar um comportamento suicida.
Realidade: Falar sobre suicídio em geral reduz a
ansiedade ligada a esse tema, o que pode fazer que o
paciente se sinta compreendido e aliviado.
Mito: A ideia comum de que a ameaça de suicídio é
feita apenas para manipular as pessoas ou chamar a
atenção.
Realidade: Entende-
se que uma ameaça
de suicídio sempre
deve ser levada a
sério. Chegar a esse
tipo de recurso indica
que a pessoa está
sofrendo e necessita
de ajuda.
Três características da maioria das pessoas sob risco de suicídio:
1. Ambivalência: Quase sempre querem ao mesmo tempo alcançar a
morte, mas também viver - fator que possibilita a prevenção
do suicídio.
2. Impulsividade: o suicídio pode ser também um ato impulsivo,
desencadeado por eventos negativos do dia-a-dia. Acalmando tal
crise, o profissional da saúde pode ajudar a diminuir o risco suicida.
3. Rigidez/constrição: Tudo ou nada. Pensam de forma rígida e
drástica: “O único caminho é a morte”; “Não há mais nada o que
fazer” ...
WERLANG, B.G.; BOTEGA, N. J. Comportamento suicida. Porto Alegre: Artmed Editora, 2004.
Atendendo pessoas com risco suicida
Fatores habitualmente encontrados em pessoas
com risco de comportamentos suicidas
(Bertolote, “O suicídio e sua prevenção”)
Fatores predisponentes
-Tentativa (s) prévia (s) de suicídio
-Transtornos psiquiátricos (principalmente depressão,
alcoolismo, esquizofrenia e certos transtornos de
personalidade)
-Doenças físicas (terminais, dolorosas, debilitantes,
incapacitantes, desaprovadas socialmente - como a AIDS)
-História familiar de suicídio, alcoolismo ou outros
transtornos psiquiátricos
-Estado civil divorciado, viúvo ou solteiro
-Isolamento social
-Desempregado ou aposentado
-Luto ou abuso sexual na infância
-Alta recente de internação psiquiátrica
Fatores ambientais
- Fácil acesso a métodos de
suicídio
Estressores recentes
- Separação conjugal
- Luto
- Conflitos familiares
- Mudança de situação
empregatícia ou financeira
- Rejeição por parte de pessoa
significativa
- Vergonha e temor de ser
considerado culpado
É importante estar atento às frases de alerta como:
“Eu preferia estar morto”
“Eu não posso fazer nada”
“Eu não aguento mais”
“Eu sou um perdedor e um peso pros outros”
“Os outros vão ser mais felizes sem mim”.
Por trás delas podem estar sentimentos de pessoas
que podem estar pensando em suicídio.
Marquetti e Milek (2014) fizeram um estudo no qual observaram que
a ideação suicida traz mudanças nas atividades cotidianas dos
indivíduos e que estes sinais podem ser observados, permitindo que
profissionais de saúde e pessoas próximas possam oferecer,
antecipadamente, a assistência necessária para as situações de
vulnerabilidade.
1) Mudanças nas atividades sociais e/ou relações afetivas, como
conflitos familiares, afastamento dos filhos, ressentimento com
familiares, isolamento social e outros.
2) Mudanças nas atividades laborais e escolares, como demissão
do trabalho, abandono dos estudos, perda financeira.
3) Mudanças nas atividades da rotina diária, como
abandono do cuidado da casa, abandono do cuidado dos
filhos.
4) Mudanças nas atividades eletivas e/ou de lazer, como
abandono de atividade religiosa/ que implica em sair de casa.
5) Mudanças nos cuidados pessoais, como diminuição
da alimentação e dos cuidados pessoais de higiene e
estética.
6) Mudanças nas atividades corporais no cotidiano, como
inatividade, insônia, dores no corpo, emagrecimento, choro
fácil e sem motivo aparente.
7) Mudanças nos sentimentos e pensamentos do cotidiano, como
sensação de abandono, sensação de solidão, decepção com as
pessoas, nervoso, depressão, tristeza, raiva, revolta, angústia
repentina e intensa, pensamentos sobre problemas, pensamentos
sobre a morte e pensamentos sobre como terminar com sua vida.
8) Outros sinais, como bilhetes em papel e mensagens no
computador no dia da tentativa de suicídio.
Esses sinais são importantes quando pensamos na rede de
atenção básica e nas equipes dos serviços, porém para ter acesso
a eles, é fundamental oferecer uma escuta qualificada ao usuário e
se possível, também estabelecer um vínculo com um familiar ou
pessoa próxima.
(Percurso suicida: observação e análise de alterações no cotidiano do
indivíduo com tentativas de suicídio, de
Fernanda Cristina Marquetti e Glenda Milek)
Dr. Edwin Schneidman, responsável pela
abertura do primeiro centro de prevenção ao
suicídio nos Estados Unidos em 1958, diz:
“Minha abordagem clínica não é
estabelecer um diagnóstico psiquiátrico,
nem mesmo saber seu histórico familiar.
Ambos são importantes, mas não são
centrais. O foco é responder a duas
perguntas: 'onde dói?' e 'como posso
ajudá-lo?'. A maneira de prevenir o
suicídio é identificar a fonte da dor,
depois endereçá-la corretamente. O
suicídio não é uma doença do cérebro, é
uma perturbação da mente, uma
tempestade psicológica".
In: Suicídio: o futuro interrompido - Guia para
sobreviventes, de Paula Fontenelle.
Voltando à pesquisa ...
Análise de todos os prontuários
que chegaram ao serviço de
maio/2012 a dezembro/2013.
2012 – 304 casos novos
50 com tentativa de suicídio ou
ideação suicida
2013 – 524 casos novos
65 com tentativa de suicídio ou
ideação suicida
Total do período: 115 casos
47 com tentativa de suicídio
O acompanhamento especializado às pessoas que
já tentaram suicídio pode ser considerado como um
exemplo de ação preventiva essencial, pois segundo
Botega et al (2006, citado por SOARES et al, 2011) de 15
a 25% das pessoas que tentam suicídio fazem uma nova
tentativa no ano seguinte, 10% conseguem consumar o
ato em algum momento do período de 10 anos,
compreendido entre a tentativa anterior e o suicídio.
A tentativa de suicídio anterior é o maior fator de
risco para o suicídio consumado.
= Importância da notificação de tentativa de
suicídio.
Alguns recortes da pesquisa ...
Mulher, 44 anos: duas tentativas de suicídio
(remédios e cloro com soda cáustica). Tratamento
psiquiátrico anterior. Retorno com psicólogo no dia
seguinte e consulta psiquiátrica em 08 dias.
Acompanhamento psicológico.
Mulher, 39 anos: pensamentos suicidas, choro e
humor instável. Tratamento psiquiátrico anterior.
Consulta psiquiátrica em 90 dias – passou por dois
atendimentos médicos e abandonou o tratamento.
Homem, 34 anos: tentativa de suicídio anterior.
Família em outra cidade. Consulta psiquiátrica em 42
dias – não compareceu.
Homem, 33 anos: tentativa de suicídio recente
(enforcamento e medicamentos). Veio após alta
hospitalar. Consulta psiquiátrica para 116 dias – não
compareceu.
Entrevistas individuais com os técnicos ...
Rodas de conversa ...
“Vejo muito sofrimento, seja o suicídio em si ou na tentativa, né?”
“Pra mim é uma fuga mesmo, a pessoa não consegue encontrar o que
fazer naquela situação e prefere fugir dela”.
“Acho que é uma doença psíquica, né? [...] a desesperança, acho que
em si já tem alguma coisa de doença associada, né? Porque a pessoa
não ver uma luz no fim do túnel acho que já é uma coisa doentia, né?”
“Excetuando o fator da patologia, eu acho que a solidão.”
“São muitos fatores, né, muitas variáveis [que podem motivar o
suicídio]. ... talvez alguns casos um impulso do desespero, outros
casos uma falta de sentido na vida [...] De repente, até a drogadição
é um meio de suicídio. Imagino que seja uma coisa muito ampla. E
complexa.”
“E eu acho que bate assim pra gente, assim: „Putz, aí, você não fez nada‟,
[...] „Aí, tava dizendo que tava sofrendo de alguma maneira e vocês não
fizeram nada‟. [...] Não sei, me vem essa sensação mesmo de impotência
[...]”
“Acaba muita gente tendo pouca escuta, pelo número de pacientes sobre o
número de funcionários que é indigno. Tanto pros funcionários quanto pro
paciente.”
“E infelizmente, embora seja o CAPS, o psicossocial, é médico-centrado,
o norte que nós temos é esse, e até quando você tenta oferecer alguma
coisa diferente, às vezes já está culturalmente tão né, disseminado essa
coisa do médico-centrado que às vezes a pessoa não aceita a escuta ...
„Eu só quero o remédio‟ ...”
“E quantas pessoas a gente não atendeu no ambulatório que vem com a
queixa do suicídio, do desejo da morte, e a gente não dá o que a gente
tem de mais rico, que é a escuta pra essas pessoas, a gente soca eles na
agenda do médico, que toca remédio e ... isso frustra a gente, nos deixa
desanimados, tal, e você não colhe nada do seu trabalho, né? É isso.”
Protocolo x Discussão de Casos
Demanda invisível e desafiadora
 RH ... Capacitação ...
Espaço de Educação Permanente
Proposta de fazer algumas modificações no serviço:
Aprofundar a triagem para que possamos compreender
melhor cada caso.
A primeira sugestão é que durante a triagem o técnico
esteja atento a frases de alerta que o usuário apresente, tais
como: “Eu preferia estar morto”; “Eu não agüento mais” ...
Quando o usuário apresenta ideação suicida: Investigar
há quanto tempo. Houve alguma situação recente que pode
estar relacionada a isso?
- Relato de tentativa de suicídio: Quando? De que forma?
Nos casos em que o técnico acredite que há um risco de
suicídio: conversar com a pessoa atendida sobre uma pessoa de
referência (familiar, amigo, cônjuge), que poderá ser a ponte de
cuidado e acompanhamento.
Agendar no mínimo um retorno para a próxima semana
(com o próprio técnico ou solicitar apoio de um colega) para
acompanhar o caso.
Encaminhar para um grupo de apoio dentro do próprio
serviço (Terapia Comunitária, que já existe, ou o Grupo de
Escuta que será criado para esse fim) posteriormente – assim
que o usuário apresentar melhora.
Sinalizar, de alguma forma, que aquele caso exige maior
atenção – no livro de registro de prontuários e na capa do
prontuário, por exemplo. Para que qualquer profissional
(inclusive a recepcionista) possa identificar se não houver
retorno do usuário – a recepcionista poderá avisar um dos
técnicos, para uma busca ativa.
Passagem de plantão: Discussão de casos que os
trabalhadores consideravam mais importantes, para
compartilhar e trocar ideias com a equipe.
Uma vez por semana: Educação Permanente com textos
trazidos pelos membros da equipe, não só sobre essa temática.
"Em síntese, podemos dizer que os elementos básicos
do atendimento de uma pessoa em crise suicida são:
• Ouvir. Ouvir muito, pois o paciente necessita falar
sobre seus pensamentos e sentimentos.
• Aceitação dos próprios sentimentos, incluindo-se
tolerância à ambivalência. O profissional deve se aliar à
parte do paciente que deseja sobreviver.
• Um ponto de apoio para a dupla terapeuta/ paciente
tomar fôlego e começar a organizar o caos emocional.
Um ponto de esperança, poderíamos também dizer."
Detecção do risco de suicídio nos serviços de
emergência psiquiátrica - José Manoel Bertolote, Carolina de
Mello-Santos e Neury José Botega.
http://saude.ig.com.br/minhasaude/2014-09-10/em-dez-anos-suicidio-de-
criancas-e-pre-adolescentes-cresceu-40-no-brasil.html
'É também uma maneira de se matar, porque o que a pessoa não
suporta não é o sofrimento provocado pela dor e sim pelo vazio. A dor
da falta, a angústia básica é essa falta insuportável. [...] A procura da
droga é para preencher o vazio, diminuir o sofrimento. [...] quando a
droga é uma forma de acalmar a dor, alivia apenas em um momento,
depois não mais. Mas ele se transforma num instrumento da realização
do desejo do inconsciente de se matar. Essa é a grande contradição: a
procura da droga é uma tentativa de sobrevivência, de preenchimento.
Ao mesmo tempo, se torna um projeto de morte.' " (p. 82-83)
- In: Suicídio - o futuro interrompido (Paula Fontenelle)
Dr. Evaldo de Melo, especialista em
tratamento de dependentes químicos, defende
que o uso de droga é um tipo de suicídio:
“O suicídio é uma morte como nenhuma outra, e aqueles
que são deixados para lutar com isso devem enfrentar
uma dor sem igual. Eles são deixados como choque e o
infindável „e se‟. São deixados com a raiva e a culpa e,
vez por outra, com um terrível sentimento de alívio. São
deixados para uma infinidade de perguntas dos outros,
respondidas ou não, sobre o Motivo; são deixados ao
silêncio dos outros, que estão horrorizados,
embaraçados, e incapazes de formular um bilhete de
pêsames, dar um abraço, fazer um comentário; e são
deixados com os outros pensando – e eles também – que
poderia ter sido feito mais”
(JAMISON: “Quando a noite cai”
p. 264).
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas,
mas ao tocar uma alma humana,
seja apenas outra alma humana.”
- Carl G. Jung
Blog Cuidado, frágil: falando sobre suicídio
http://falandosobresuicidio.blogspot.com.br
Email: lucianacescon@yahoo.com.br

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Suicídio: Sinais e Prevenção

  • 1. Suicídio: Atenção para prevenção Luciana França Cescon Psicóloga (UNIP 2009) – CRP 06/98.202 Prefeitura de Santos desde 2012 Especialista em Saúde Pública (Atualize 2014) Mestre Profissional em Ensino em Ciências da Saúde (UNIFESP 2015)
  • 2. Pesquisa “Cuidado, Frágil: aproximações e distanciamentos de trabalhadores de um CAPS na atenção ao suicídio” (2012) Serviço de Saúde Mental Entre outros casos, pessoas que traziam a ideação suicida ou uma tentativa de suicídio.
  • 3. Procedimento padrão para todos os casos: entrevista de triagem e agendamento de consulta com psiquiatra para a data mais próxima disponível na agenda.
  • 4. Um relato ... Homem na faixa dos 40 anos. Solteiro. Overdose e cortou os pulsos há 4 meses... Final de um relacionamento ... Morava em outro Estado com o pai, desde os 16 anos ... Agressão anterior em um assalto ... Mãe refere rebaixamento intelectual ... Triagem em 27/06 Consulta psiquiátrica em 16/07 HD a partir de 21/08 – 3 x semana
  • 5.
  • 6. Os momentos de angústia disparam movimento ... - Nota do Diário de Campo
  • 7. Suicídio (OMS): “ato deliberado, intencional, de causar morte a si mesmo [...]”. Ideação suicida, que pode evoluir para um plano suicida ... ... e culminar em um ato suicida, que pode ser fatal (suicídio) ou não (tentativa de suicídio). OMS (2000): a cada 40 segundos um suicídio no mundo. Para cada suicídio, em média 20 tentativas.
  • 8. O suicídio atinge todas as faixas etárias e encontra- se, em muitos países, entre as três principais causas de morte entre indivíduos de 15 a 44 anos, sendo a segunda principal causa de morte entre indivíduos de 10 a 24 anos. Índices têm aumentado em jovens e idosos.
  • 9. Brasil: 67a. posição na classificação mundial. Em números absolutos, entre os dez países com mais suicídios. Estimativa no Brasil: cerca de 25 suicídios por dia (CVV, 2013). Números subestimados, pois alguns suicídios são registrados como acidentes ou morte com causa indeterminada. Sobreviventes: Para cada suicídio, de cinco a dez pessoas (familiares, amigos) são afetadas social, emocional e economicamente.
  • 10. Mulheres: mais tentativas de suicídio. Fator predisponente: Conflito ou rompimento de relacionamento. Método mais utilizado: Não violento (dose excessiva de medicamentos). Homens: mais suicídios consumados. Fator predisponente: Doença ou perda importante. Método mais utilizado: Violento (enforcamento, arma de fogo, precipitação de altura).
  • 11. Regra dos 4 D: Depressão, desesperança, desamparo e desespero.
  • 12. É possível prevenir? OMS: 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados se houvesse uma rede adequada de atendimento para essas pessoas (CVV, 2013).
  • 13. CVV – Centro de Valorização da Vida (141) Serviço gratuito, fundado em 1962 na Inglaterra. Voluntários que se colocam disponíveis à outra pessoa em uma conversa de ajuda. A missão do CVV: “Valorizar a vida, contribuindo para que as pessoas tenham uma vida mais plena e, consequentemente, prevenindo o suicídio.
  • 14. 2006 - Estratégia Nacional para Prevenção do Suicídio (Brasil). Portaria no. 1876: objetivo de reduzir taxas de suicídios, tentativas de suicídio e os danos associados com comportamentos suicidas, como o impacto traumático do suicídio na família, nas comunidades e na sociedade em geral.
  • 15. “Não somos responsáveis pela vida e pela morte uns dos outros, a vida e a morte de cada homem é dele próprio. Somos, porém, responsáveis por nossos envolvimentos”. HILLMAN, 2011 - “Suicídio e alma” p. 94
  • 16. Parte significativa dos estudos aponta relações entre o suicídio e determinadas classificações psiquiátricas (depressão, transtorno bipolar e borderline são os mais comuns). Porém são histórias de vida singulares, que não podem ser definidas por uma classificação diagnóstica. E outras situações: sofrimentos a partir de situações concretas, como bullying, homofobia, violência física, psicológica e/ou sexual... .
  • 17. "Não existe nenhuma relação forte entre a gravidade da depressão e a probabilidade do suicídio [...]. Algumas pessoas [...] que perderam todos os filhos para a violência das gangues, que estão aleijados fisicamente, com inanição, que jamais conheceram um minuto de amor de qualquer espécie, mesmo assim agarram-se à vida com cada tiquinho de energia. Outros, com infinitas promessas brilhantes em suas vidas, cometem suicídio. O suicídio não é a culminância de uma vida difícil; nasce de algum lugar escondido além da mente e da consciência“. (SOLOMON – “O demônio do meio-dia” p. 233).
  • 18. "Uma jovem que tentou o suicídio após ter perdido o namorado deverá merecer tanto respeito da nossa parte quanto a pessoa idosa que perde o companheiro de muitos anos. Não é possível medir, com uma medida única, o sofrimento alheio; não se pode julgar, nem tirar conclusões. Respeitar é não usar a minha medida para sentir o sofrimento do outro, mas usar a dele próprio. “ - Manual do Voluntário do CVV Imagem de Felipo Rolim
  • 19. "O suicídio começa por dentro. Você não tem mais vontade de sair com os amigos, seus pais se perguntam o que houve de errado, se eles são os culpados pela sua terrível solidão. Seus olhos ficam cada vez mais pesados, e teu coração bate cada vez mais lento. Tic tac, socorro, tic tac. [...] um filme passa por sua cabeça. [..] E cada momento é como uma facada no seu coração […] O suicídio começa por dentro." "O suicídio não acontece quando alguém corta os pulsos ou salta de uma janela com uma corda ao redor do pescoço. O verdadeiro suicídio acontece quando acordamos todos os dias do mesmo jeito que fomos dormir, quando o coração vazio continua vazio, quando a alma continua morta." Frases da Internet
  • 20.
  • 21. “Estamos constantemente nos afastando dos outros ... Os existencialistas dizem que sempre acreditamos que somos invisíveis e que algumas vezes cometemos suicídio para afirmarmos o fato de termos vivido". - Leo Buscaglia em "Amor" (p. 34)
  • 22. Eliane Brum (2013), no texto “O doping dos pobres: “As pessoas estão sendo viciadas em ansiolíticos nos postos de saúde, afirma uma psicóloga. „São levadas a acreditar que o remédio pode acabar com a sua dor, uma dor que tem causas muito concretas. [...] Uma mulher tinha dois empregos, um de dia, outro de noite. O que ganhava não dava para pagar as contas. Os ônibus que pegava para chegar até esses empregos eram lotados. Ela vivia num barraco. Aí procurou o posto de saúde e lhe trataram com antidepressivos. Não adiantou. Deram-lhe outro medicamento. Nada. Um dia, sem nenhuma esperança ou recurso, ela tentou suicídio‟, conta. A questão é que não há promoção de saúde, porque isso implicaria se preocupar com projeto de vida, com perspectiva de vida, com melhoria das condições de vida. O que há é medicalização da vida‟. ”
  • 23. Mito: Quem fala sobre suicídio nunca comete suicídio. Realidade: Os pacientes que cometeram suicídio em geral deram avisos ou sinais de sua intenção. Qualquer ameaça deve ser levada a sério.
  • 24. Mito: Falar sobre suicídio com um paciente pode provocar um comportamento suicida. Realidade: Falar sobre suicídio em geral reduz a ansiedade ligada a esse tema, o que pode fazer que o paciente se sinta compreendido e aliviado.
  • 25. Mito: A ideia comum de que a ameaça de suicídio é feita apenas para manipular as pessoas ou chamar a atenção. Realidade: Entende- se que uma ameaça de suicídio sempre deve ser levada a sério. Chegar a esse tipo de recurso indica que a pessoa está sofrendo e necessita de ajuda.
  • 26. Três características da maioria das pessoas sob risco de suicídio: 1. Ambivalência: Quase sempre querem ao mesmo tempo alcançar a morte, mas também viver - fator que possibilita a prevenção do suicídio. 2. Impulsividade: o suicídio pode ser também um ato impulsivo, desencadeado por eventos negativos do dia-a-dia. Acalmando tal crise, o profissional da saúde pode ajudar a diminuir o risco suicida. 3. Rigidez/constrição: Tudo ou nada. Pensam de forma rígida e drástica: “O único caminho é a morte”; “Não há mais nada o que fazer” ... WERLANG, B.G.; BOTEGA, N. J. Comportamento suicida. Porto Alegre: Artmed Editora, 2004.
  • 27. Atendendo pessoas com risco suicida
  • 28. Fatores habitualmente encontrados em pessoas com risco de comportamentos suicidas (Bertolote, “O suicídio e sua prevenção”) Fatores predisponentes -Tentativa (s) prévia (s) de suicídio -Transtornos psiquiátricos (principalmente depressão, alcoolismo, esquizofrenia e certos transtornos de personalidade) -Doenças físicas (terminais, dolorosas, debilitantes, incapacitantes, desaprovadas socialmente - como a AIDS) -História familiar de suicídio, alcoolismo ou outros transtornos psiquiátricos -Estado civil divorciado, viúvo ou solteiro -Isolamento social -Desempregado ou aposentado -Luto ou abuso sexual na infância -Alta recente de internação psiquiátrica
  • 29. Fatores ambientais - Fácil acesso a métodos de suicídio Estressores recentes - Separação conjugal - Luto - Conflitos familiares - Mudança de situação empregatícia ou financeira - Rejeição por parte de pessoa significativa - Vergonha e temor de ser considerado culpado
  • 30. É importante estar atento às frases de alerta como: “Eu preferia estar morto” “Eu não posso fazer nada” “Eu não aguento mais” “Eu sou um perdedor e um peso pros outros” “Os outros vão ser mais felizes sem mim”. Por trás delas podem estar sentimentos de pessoas que podem estar pensando em suicídio.
  • 31. Marquetti e Milek (2014) fizeram um estudo no qual observaram que a ideação suicida traz mudanças nas atividades cotidianas dos indivíduos e que estes sinais podem ser observados, permitindo que profissionais de saúde e pessoas próximas possam oferecer, antecipadamente, a assistência necessária para as situações de vulnerabilidade. 1) Mudanças nas atividades sociais e/ou relações afetivas, como conflitos familiares, afastamento dos filhos, ressentimento com familiares, isolamento social e outros. 2) Mudanças nas atividades laborais e escolares, como demissão do trabalho, abandono dos estudos, perda financeira.
  • 32. 3) Mudanças nas atividades da rotina diária, como abandono do cuidado da casa, abandono do cuidado dos filhos. 4) Mudanças nas atividades eletivas e/ou de lazer, como abandono de atividade religiosa/ que implica em sair de casa. 5) Mudanças nos cuidados pessoais, como diminuição da alimentação e dos cuidados pessoais de higiene e estética. 6) Mudanças nas atividades corporais no cotidiano, como inatividade, insônia, dores no corpo, emagrecimento, choro fácil e sem motivo aparente.
  • 33. 7) Mudanças nos sentimentos e pensamentos do cotidiano, como sensação de abandono, sensação de solidão, decepção com as pessoas, nervoso, depressão, tristeza, raiva, revolta, angústia repentina e intensa, pensamentos sobre problemas, pensamentos sobre a morte e pensamentos sobre como terminar com sua vida. 8) Outros sinais, como bilhetes em papel e mensagens no computador no dia da tentativa de suicídio. Esses sinais são importantes quando pensamos na rede de atenção básica e nas equipes dos serviços, porém para ter acesso a eles, é fundamental oferecer uma escuta qualificada ao usuário e se possível, também estabelecer um vínculo com um familiar ou pessoa próxima. (Percurso suicida: observação e análise de alterações no cotidiano do indivíduo com tentativas de suicídio, de Fernanda Cristina Marquetti e Glenda Milek)
  • 34. Dr. Edwin Schneidman, responsável pela abertura do primeiro centro de prevenção ao suicídio nos Estados Unidos em 1958, diz: “Minha abordagem clínica não é estabelecer um diagnóstico psiquiátrico, nem mesmo saber seu histórico familiar. Ambos são importantes, mas não são centrais. O foco é responder a duas perguntas: 'onde dói?' e 'como posso ajudá-lo?'. A maneira de prevenir o suicídio é identificar a fonte da dor, depois endereçá-la corretamente. O suicídio não é uma doença do cérebro, é uma perturbação da mente, uma tempestade psicológica". In: Suicídio: o futuro interrompido - Guia para sobreviventes, de Paula Fontenelle.
  • 35. Voltando à pesquisa ... Análise de todos os prontuários que chegaram ao serviço de maio/2012 a dezembro/2013. 2012 – 304 casos novos 50 com tentativa de suicídio ou ideação suicida 2013 – 524 casos novos 65 com tentativa de suicídio ou ideação suicida Total do período: 115 casos 47 com tentativa de suicídio
  • 36. O acompanhamento especializado às pessoas que já tentaram suicídio pode ser considerado como um exemplo de ação preventiva essencial, pois segundo Botega et al (2006, citado por SOARES et al, 2011) de 15 a 25% das pessoas que tentam suicídio fazem uma nova tentativa no ano seguinte, 10% conseguem consumar o ato em algum momento do período de 10 anos, compreendido entre a tentativa anterior e o suicídio. A tentativa de suicídio anterior é o maior fator de risco para o suicídio consumado. = Importância da notificação de tentativa de suicídio.
  • 37. Alguns recortes da pesquisa ... Mulher, 44 anos: duas tentativas de suicídio (remédios e cloro com soda cáustica). Tratamento psiquiátrico anterior. Retorno com psicólogo no dia seguinte e consulta psiquiátrica em 08 dias. Acompanhamento psicológico. Mulher, 39 anos: pensamentos suicidas, choro e humor instável. Tratamento psiquiátrico anterior. Consulta psiquiátrica em 90 dias – passou por dois atendimentos médicos e abandonou o tratamento. Homem, 34 anos: tentativa de suicídio anterior. Família em outra cidade. Consulta psiquiátrica em 42 dias – não compareceu. Homem, 33 anos: tentativa de suicídio recente (enforcamento e medicamentos). Veio após alta hospitalar. Consulta psiquiátrica para 116 dias – não compareceu.
  • 38. Entrevistas individuais com os técnicos ... Rodas de conversa ...
  • 39. “Vejo muito sofrimento, seja o suicídio em si ou na tentativa, né?” “Pra mim é uma fuga mesmo, a pessoa não consegue encontrar o que fazer naquela situação e prefere fugir dela”. “Acho que é uma doença psíquica, né? [...] a desesperança, acho que em si já tem alguma coisa de doença associada, né? Porque a pessoa não ver uma luz no fim do túnel acho que já é uma coisa doentia, né?” “Excetuando o fator da patologia, eu acho que a solidão.” “São muitos fatores, né, muitas variáveis [que podem motivar o suicídio]. ... talvez alguns casos um impulso do desespero, outros casos uma falta de sentido na vida [...] De repente, até a drogadição é um meio de suicídio. Imagino que seja uma coisa muito ampla. E complexa.”
  • 40. “E eu acho que bate assim pra gente, assim: „Putz, aí, você não fez nada‟, [...] „Aí, tava dizendo que tava sofrendo de alguma maneira e vocês não fizeram nada‟. [...] Não sei, me vem essa sensação mesmo de impotência [...]” “Acaba muita gente tendo pouca escuta, pelo número de pacientes sobre o número de funcionários que é indigno. Tanto pros funcionários quanto pro paciente.” “E infelizmente, embora seja o CAPS, o psicossocial, é médico-centrado, o norte que nós temos é esse, e até quando você tenta oferecer alguma coisa diferente, às vezes já está culturalmente tão né, disseminado essa coisa do médico-centrado que às vezes a pessoa não aceita a escuta ... „Eu só quero o remédio‟ ...” “E quantas pessoas a gente não atendeu no ambulatório que vem com a queixa do suicídio, do desejo da morte, e a gente não dá o que a gente tem de mais rico, que é a escuta pra essas pessoas, a gente soca eles na agenda do médico, que toca remédio e ... isso frustra a gente, nos deixa desanimados, tal, e você não colhe nada do seu trabalho, né? É isso.”
  • 41. Protocolo x Discussão de Casos Demanda invisível e desafiadora  RH ... Capacitação ... Espaço de Educação Permanente
  • 42. Proposta de fazer algumas modificações no serviço: Aprofundar a triagem para que possamos compreender melhor cada caso. A primeira sugestão é que durante a triagem o técnico esteja atento a frases de alerta que o usuário apresente, tais como: “Eu preferia estar morto”; “Eu não agüento mais” ... Quando o usuário apresenta ideação suicida: Investigar há quanto tempo. Houve alguma situação recente que pode estar relacionada a isso? - Relato de tentativa de suicídio: Quando? De que forma?
  • 43. Nos casos em que o técnico acredite que há um risco de suicídio: conversar com a pessoa atendida sobre uma pessoa de referência (familiar, amigo, cônjuge), que poderá ser a ponte de cuidado e acompanhamento. Agendar no mínimo um retorno para a próxima semana (com o próprio técnico ou solicitar apoio de um colega) para acompanhar o caso. Encaminhar para um grupo de apoio dentro do próprio serviço (Terapia Comunitária, que já existe, ou o Grupo de Escuta que será criado para esse fim) posteriormente – assim que o usuário apresentar melhora.
  • 44. Sinalizar, de alguma forma, que aquele caso exige maior atenção – no livro de registro de prontuários e na capa do prontuário, por exemplo. Para que qualquer profissional (inclusive a recepcionista) possa identificar se não houver retorno do usuário – a recepcionista poderá avisar um dos técnicos, para uma busca ativa. Passagem de plantão: Discussão de casos que os trabalhadores consideravam mais importantes, para compartilhar e trocar ideias com a equipe. Uma vez por semana: Educação Permanente com textos trazidos pelos membros da equipe, não só sobre essa temática.
  • 45.
  • 46. "Em síntese, podemos dizer que os elementos básicos do atendimento de uma pessoa em crise suicida são: • Ouvir. Ouvir muito, pois o paciente necessita falar sobre seus pensamentos e sentimentos. • Aceitação dos próprios sentimentos, incluindo-se tolerância à ambivalência. O profissional deve se aliar à parte do paciente que deseja sobreviver. • Um ponto de apoio para a dupla terapeuta/ paciente tomar fôlego e começar a organizar o caos emocional. Um ponto de esperança, poderíamos também dizer." Detecção do risco de suicídio nos serviços de emergência psiquiátrica - José Manoel Bertolote, Carolina de Mello-Santos e Neury José Botega.
  • 48. 'É também uma maneira de se matar, porque o que a pessoa não suporta não é o sofrimento provocado pela dor e sim pelo vazio. A dor da falta, a angústia básica é essa falta insuportável. [...] A procura da droga é para preencher o vazio, diminuir o sofrimento. [...] quando a droga é uma forma de acalmar a dor, alivia apenas em um momento, depois não mais. Mas ele se transforma num instrumento da realização do desejo do inconsciente de se matar. Essa é a grande contradição: a procura da droga é uma tentativa de sobrevivência, de preenchimento. Ao mesmo tempo, se torna um projeto de morte.' " (p. 82-83) - In: Suicídio - o futuro interrompido (Paula Fontenelle) Dr. Evaldo de Melo, especialista em tratamento de dependentes químicos, defende que o uso de droga é um tipo de suicídio:
  • 49. “O suicídio é uma morte como nenhuma outra, e aqueles que são deixados para lutar com isso devem enfrentar uma dor sem igual. Eles são deixados como choque e o infindável „e se‟. São deixados com a raiva e a culpa e, vez por outra, com um terrível sentimento de alívio. São deixados para uma infinidade de perguntas dos outros, respondidas ou não, sobre o Motivo; são deixados ao silêncio dos outros, que estão horrorizados, embaraçados, e incapazes de formular um bilhete de pêsames, dar um abraço, fazer um comentário; e são deixados com os outros pensando – e eles também – que poderia ter sido feito mais” (JAMISON: “Quando a noite cai” p. 264).
  • 50. “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.” - Carl G. Jung Blog Cuidado, frágil: falando sobre suicídio http://falandosobresuicidio.blogspot.com.br Email: lucianacescon@yahoo.com.br