Pôster apresentado no XIV Congresso Brasileiro de Oncologia Pediátrica - 27 a 30 de Novembro de 2014.
Mostra um possível novo tratamento para tumores de tronco difusos que está sendo desenvolvido por nós em nosso serviço.
Radioquimioterapia com cisplatina em pacientes com glioma pontino
1. Radioquimioterapia com cisplatina, etoposido e ifosfamida associada a
ácido valpróico em pacientes com glioma pontino intrínseco difuso
Francisco Hélder Cavalcante Félix1, Juvenia Bezerra Fontenele2
1 - Hospital Infantil Albert Sabin, Secretaria de Saúde do Estado do Ceará
2 - Curso de Farmácia, Faculdade de Farmácia Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do Ceará
helder.felix@hias.ce.gov.br
XIV Congresso Brasileiro de Oncologia Pediátrica — SOBOPE 2014
Introdução
Crianças com glioma pontino intrínseco difuso (DIPG)
têm prognóstico muito reservado. Este subgrupo es-pecífico
de tumores cerebrais ocorre em 15-20% dos pa-cientes
pediátricos com tumores cerebrais, sendo subesti-mado
na maioria das séries [1]. No Brasil, carecemos de
estudos populacionais. Um estudo retrospectivo de um
grande serviço relatou 33/735 (4, 5%) de DIPG [2]. Em
nosso serviço, observamos cerca de 14% de pacientes com
DIPG [3]. A sobreviva em 2 anos costuma ser da ordem
de 5-20% e virtualmente nenhum paciente tem sobrevida
prolongada [4]. Os únicos fatores prognósticos reconheci-dos
são a idade, o tempo de sintomatologia antes do diag-nóstico
e o tratamento com quimoterapia e radioterapia
[5]. Apenas a radioterapia é amplamente aceita como efi-caz,
embora rotineiramente a quimioterapia seja utilizada
durante e/ou após a radioterapia. Recentemente, um en-saio
clínico fase II do GPOH relatou resultados que indi-caram
eficácia de radioquimioterapia baseada em cispla-tina,
etoposido e ifosfamida, seguida de uma manutenção
baseada no ensaio CCG-934 do COG (HIT-GBM-D) [6].
Desde 2012, temos indicado o tratamento de pacientes
com DIPG as per o protocolo HIT-GBM-D do GPOH,
adaptado. Além disso, os pacientes fazem uso de ácido
valpróico (VPA) off-label, 10-15 mg/kg/dia q8-12h. Re-centemente,
um ensaio clínico fase I mostrou a segurança
e possível atividade do VPA em pacientes pediátricos com
tumores cerebrais recorrentes [7]. Nosso grupo publicou
séries retrospectivas mostrando o possível efeito do VPA
em pacientes com DIPG e outros tumores cerebrais de
alto risco [8, 9].
Material e Métodos
Uma análise retrospectiva de prontuários de pacientes que
receberam este tratamento para DIPG em nosso centro,
entre 2012 e 2014 foi realizada, após aprovação do pro-jeto
pela Comissão de Ética em Pesquisa. O tratamento
off-label com radioquimioterapia foi iniciado após con-sentimento
informado dos responsáveis pelos pacientes.
A sobrevida global foi calculada entre o diagnóstico e o
óbito. A distribuição da probabilidade de sobrevida foi
calculada com o método de Kaplan-Meier [10]. Obtive-mos
a mediana de sobrevida e a mediana de seguimento
da mesma forma. Todos os cálculos estatísticos foram re-alizados
usando a linguagem R para Mac OSX 3.0 (R
Foundation for Statistical Computing, 2010)
Resultados e Discussão
Ao todo, 9 pacientes com DIPG receberam tratamento
“as per” HIT-GBM-D adaptado associado a ácido val-próico
oral. Destes, 6 ainda estão vivos, com seguimento
de 16, 13, 6, 5, 4 e 3 meses. A sobrevida em 6 meses para
o grupo é de 86%, e a sobrevida em 12 meses é de 64%.
Todos os pacientes demonstraram melhora clínica impor-tante.
Até a última atualização do seguimento, apenas um
dos pacientes sobreviventes havia apresentado progressão
após o tratamento inicial. A mediana de sobrevida livre
de progressão para o grupo é de 7 meses. A mediana de
seguimento para todo o grupo é de 12 meses.
0 4 8 12 16 20
Meses
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Figura 1: Pacientes com DIPG tratados com radioquimioterapia e ácido
valpróico. Probabilidade de sobrevida calculada pelo método de kaplan-Meier.
Sobrevida global (±IC95%).
Figura 2: Imagem representativa de paciente com DIPG do grupo. Ressonância
magnética, sequência ponderada em T2, mostrando alargamento típico da ponte,
mais ventral, com sinal patognomônico do englobamento da artéria basilar e
alteração de sinal em T2 em praticamente toda a extensão pontina.
Conclusão
Nesta pequena série retrospectiva, a radioquimioterapia
com cisplatina, etoposido, ifosfamida, associada a ácido
valpróico demonstrou potencial no tratamento de pacien-tes
com DIPG. Um ensaio clínico fase II “prova de con-ceito”
seria o ideal para testar essa hipótese.
Referências
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Agradecimentos
SOBOPE 2014 - XIV Congresso Brasileiro de Oncologia Pediátrica