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Psicologia Jurídica
2º Bimestre
Direito – 2º período
Profª. Carolina Tetzner
Delinquência
[...] O indivíduo, ao nascer, contém em si todas as
tendências delituosas, visto que procura satisfazer
suas necessidades vitais sem ter em conta
absolutamente o prejuízo que isso possa ocasionar
ao meio que o rodeia. Somente a lenta e penosa
ação coercitiva da educação o irá ensinando que sua
conduta resultará sempre de um compromisso, de
uma transação entre a satisfação de suas
necessidades e as dos demais (MIRA Y LÓPEZ, 2005,
p. 141).
Delinquência
[...] Aprende então que deverá repartir sua comida,
seus brinquedos, sua casa etc. com seus irmãos, que
deverá respeitar os bens dos demais, que deverá
tolerar em seu contradito e que seus desejos têm
que se ajustar a certas normas impostas pela
sociedade para poderem ser satisfeitos sem entrar
em conflito com ela. Esta aprendizagem depende,
como é natural, de vários fatores: o meio em que se
realiza, a técnica de ensinamento, a capacidade
discriminativa do indivíduo, a força, a intensidade de
seus instintos etc. (MIRA Y LÓPEZ, 2005, p. 141).
Delinquência
Cometimento
de ato
infracional
Delinquência
• Deve-se buscar a origem de todos os delitos e atos
infrancionais na natureza profundamente anti-social
(egoísta) das tendências congênitas do homem, em
virtude das quais todos nós delinqüiámos se não
fosse pela educação e as sanções penais que nos
criam um freio – interno, a primeira e externo, as
segundas.
(MIRA Y LÓPEZ, 2005)
Delinquência
• SÁ (2007) compreende a conduta criminosa como
expressão de conflitos, tanto intra-individuais,
quanto interindividuais.
Delinquência
A maturação psicológica é um processo que supõe a
presença de conflitos.
O conflito é a mola propulsora para conquista da
própria identidade e autonomia (mudança) e do
próprio espaço.
No entanto as respostas a esses conflitos podem se
apresentar como soluções satisfatórias ou não
satisfatórias.
SÁ (2007)
Delinquência
O primeiro conflito é a rivalidade entre pais e filhos,
o conflito fundamental, já que a partir dele, se planta
a semente da autonomia e da identidade, ante o
domínio dos pais.
SÁ (2007)
Delinquência
Porém, quando esse conflito não é satisfatoriamente
superado, fixando-se o filho (ou ambos, pais e filho)
em relações infantis de domínio-submissão e
rivalidade e em formas não construtivas (por parte
do filho) de lutar pela própria emancipação, as
respostas tendem a se circunscrever mais pelo ato e
menos pelo pensamento e reflexão, tendem a ser
irracionais, destrutivas e nem sequer se orientam
pela busca dos objetivos legítimos.
• SÁ (2007)
Delinquência
Dos conflitos fixados nas primitivas experiências mal
resolvidas da infância resultam padrões de resposta
para conflitos futuros, no contexto social amplo.
Nesse caso o crime ou ato infracional será expressão
de conflitos predominantemente intra-individuais.
SÁ (2007)
Delinquência
Nos casos de soluções satisfatórias, sem fixação no
conflito fundamental, o conflito é bem resolvido e as
respostas tendem a ser mais refletidas e mediadas
pela simbolização, graças a uma saudável
participação de ambas as partes.
Nesses casos o crime ou ato infracional será
expressão de conflitos predominantemente
interindividuais.
SÁ (2007)
Delinquência
Ainda que o indivíduo venha a adotar para ele
soluções que, no momento e por força das
circunstâncias, não sejam as mais adequadas
socialmente, ou até politicamente, sua conduta
encontra-se voltada para objetivos construtivos e
conquistas legítimas.
SÁ (2007)
Delinquência
Neste caso a conduta socialmente desviada não
supõe fixação em conflitos primitivos, não
superados, mas em uma inabilidade na solução dos
conflitos oriundos do convívio com a sociedade, com
a cultura, com a civilização, num contexto em que se
reeditam as relações de domínio, de poder, de
exclusividade de certos direitos.
SÁ (2007)
Delinquência
Esta inabilidade provém, predominantemente, de
toda uma história de marginalização escolar e social
da qual o indivíduo foi vítima, pela qual ele sofreu
um processo de deteriorização e se tornou mais
frágil perante o sistema penal e punitivo e,
conseqüentemente, foi criminalizado pelas normas
seletivas do mesmo (ZAFFARONI apud SÁ, 2004, p.
59).
Delinquência
Mehri (2007) defende a concepção de que, durante
toda a nossa vida, estaremos sempre à mercê de um
outro, de uma alteridade, para que possamos fazer
laços sociais e, a partir daí, garantir nossa
subsistência (existência individual) como sujeitos.
Delinquência
Quando não conseguimos nos fazer ouvir, ou melhor,
quando nossas palavras não são reconhecidas, só
duas coisas podem ocorrer: ou se cai de cena
objetificado, mortificado, ou então, surge a violência,
numa tentativa atroz de sobreviver ao massacre: “ou
eu” ou “o outro”. Ou seja, “a VIOLÊNCIA surge a
partir do momento em que as palavras não têm mais
eficácia” (MEHRI, 2007, p. 54).
Delinquência
A adolescência:
é um momento de escolha em que o sujeito poderá
assumir papéis e ocupar um lugar na comunidade,
submeter-se às regras e aos limites por ela impostos,
integrando-se dessa forma a cultura, ou ainda
formular algo de uma “recusa” trilhando caminhos
fora dos limites instituídos.
(ALVES, 2005)
Delinquência
 É durante o tempo da adolescência que o sujeito vê-
se às voltas com múltiplas possibilidades e situações,
como lidar com as forças construtivas e destrutivas
presentes em sua personalidade.
Para isso as condições e as relações intrínsecas
fornecidas pelo ambiente desempenham papéis
fundamentais na medida em que é da sociedade a
qual pertence que o adolescente retirará seus
modelos identificatórios para sua determinação e
pertença dentro da cultura.
(ALVES, 2005)
Delinquência
 Assim, muitos são condenados a buscar no agir
delituoso sua subsistência como sujeitos. Esses
jovens “sem voz e sem vez” encenam o que não
conseguem dizer. O real, suprimido da possibilidade
de simbolização, só pode ser expresso pela via da
ação.
Delinquência
A partir desse entendimento, que o crime é uma
tentativa desses indivíduos de serem reconhecidos
como sujeitos. O adolescente está dizendo, ao
cometer o ato infracional, eu existo. Logo, o
envolvimento na criminalidade representa a
possibilidade de, através do grito, afirmar sua
existência.
Delinquência
“O ato delinquente deve ser concebido como sintoma,
em sua positividade: é ainda um apelo, até mesmo
uma interpelação à sociedade (RASSIAL apud
WINNICOTT, 1999)”.
Delinquência
Diante das citações, percebe-se que as motivações
para a conduta criminosa podem ser analisadas de
formas distintas, mas complementares umas às
outras. Vale ressaltar, que o contexto no qual cada
sujeito está inserido, a cultura, a história de vida e a
história familiar podem ser tanto fatores
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Psicologia e Delinquência

  • 1. Psicologia Jurídica 2º Bimestre Direito – 2º período Profª. Carolina Tetzner
  • 2. Delinquência [...] O indivíduo, ao nascer, contém em si todas as tendências delituosas, visto que procura satisfazer suas necessidades vitais sem ter em conta absolutamente o prejuízo que isso possa ocasionar ao meio que o rodeia. Somente a lenta e penosa ação coercitiva da educação o irá ensinando que sua conduta resultará sempre de um compromisso, de uma transação entre a satisfação de suas necessidades e as dos demais (MIRA Y LÓPEZ, 2005, p. 141).
  • 3. Delinquência [...] Aprende então que deverá repartir sua comida, seus brinquedos, sua casa etc. com seus irmãos, que deverá respeitar os bens dos demais, que deverá tolerar em seu contradito e que seus desejos têm que se ajustar a certas normas impostas pela sociedade para poderem ser satisfeitos sem entrar em conflito com ela. Esta aprendizagem depende, como é natural, de vários fatores: o meio em que se realiza, a técnica de ensinamento, a capacidade discriminativa do indivíduo, a força, a intensidade de seus instintos etc. (MIRA Y LÓPEZ, 2005, p. 141).
  • 5. Delinquência • Deve-se buscar a origem de todos os delitos e atos infrancionais na natureza profundamente anti-social (egoísta) das tendências congênitas do homem, em virtude das quais todos nós delinqüiámos se não fosse pela educação e as sanções penais que nos criam um freio – interno, a primeira e externo, as segundas. (MIRA Y LÓPEZ, 2005)
  • 6. Delinquência • SÁ (2007) compreende a conduta criminosa como expressão de conflitos, tanto intra-individuais, quanto interindividuais.
  • 7. Delinquência A maturação psicológica é um processo que supõe a presença de conflitos. O conflito é a mola propulsora para conquista da própria identidade e autonomia (mudança) e do próprio espaço. No entanto as respostas a esses conflitos podem se apresentar como soluções satisfatórias ou não satisfatórias. SÁ (2007)
  • 8. Delinquência O primeiro conflito é a rivalidade entre pais e filhos, o conflito fundamental, já que a partir dele, se planta a semente da autonomia e da identidade, ante o domínio dos pais. SÁ (2007)
  • 9. Delinquência Porém, quando esse conflito não é satisfatoriamente superado, fixando-se o filho (ou ambos, pais e filho) em relações infantis de domínio-submissão e rivalidade e em formas não construtivas (por parte do filho) de lutar pela própria emancipação, as respostas tendem a se circunscrever mais pelo ato e menos pelo pensamento e reflexão, tendem a ser irracionais, destrutivas e nem sequer se orientam pela busca dos objetivos legítimos. • SÁ (2007)
  • 10. Delinquência Dos conflitos fixados nas primitivas experiências mal resolvidas da infância resultam padrões de resposta para conflitos futuros, no contexto social amplo. Nesse caso o crime ou ato infracional será expressão de conflitos predominantemente intra-individuais. SÁ (2007)
  • 11. Delinquência Nos casos de soluções satisfatórias, sem fixação no conflito fundamental, o conflito é bem resolvido e as respostas tendem a ser mais refletidas e mediadas pela simbolização, graças a uma saudável participação de ambas as partes. Nesses casos o crime ou ato infracional será expressão de conflitos predominantemente interindividuais. SÁ (2007)
  • 12. Delinquência Ainda que o indivíduo venha a adotar para ele soluções que, no momento e por força das circunstâncias, não sejam as mais adequadas socialmente, ou até politicamente, sua conduta encontra-se voltada para objetivos construtivos e conquistas legítimas. SÁ (2007)
  • 13. Delinquência Neste caso a conduta socialmente desviada não supõe fixação em conflitos primitivos, não superados, mas em uma inabilidade na solução dos conflitos oriundos do convívio com a sociedade, com a cultura, com a civilização, num contexto em que se reeditam as relações de domínio, de poder, de exclusividade de certos direitos. SÁ (2007)
  • 14. Delinquência Esta inabilidade provém, predominantemente, de toda uma história de marginalização escolar e social da qual o indivíduo foi vítima, pela qual ele sofreu um processo de deteriorização e se tornou mais frágil perante o sistema penal e punitivo e, conseqüentemente, foi criminalizado pelas normas seletivas do mesmo (ZAFFARONI apud SÁ, 2004, p. 59).
  • 15. Delinquência Mehri (2007) defende a concepção de que, durante toda a nossa vida, estaremos sempre à mercê de um outro, de uma alteridade, para que possamos fazer laços sociais e, a partir daí, garantir nossa subsistência (existência individual) como sujeitos.
  • 16. Delinquência Quando não conseguimos nos fazer ouvir, ou melhor, quando nossas palavras não são reconhecidas, só duas coisas podem ocorrer: ou se cai de cena objetificado, mortificado, ou então, surge a violência, numa tentativa atroz de sobreviver ao massacre: “ou eu” ou “o outro”. Ou seja, “a VIOLÊNCIA surge a partir do momento em que as palavras não têm mais eficácia” (MEHRI, 2007, p. 54).
  • 17. Delinquência A adolescência: é um momento de escolha em que o sujeito poderá assumir papéis e ocupar um lugar na comunidade, submeter-se às regras e aos limites por ela impostos, integrando-se dessa forma a cultura, ou ainda formular algo de uma “recusa” trilhando caminhos fora dos limites instituídos. (ALVES, 2005)
  • 18. Delinquência  É durante o tempo da adolescência que o sujeito vê- se às voltas com múltiplas possibilidades e situações, como lidar com as forças construtivas e destrutivas presentes em sua personalidade. Para isso as condições e as relações intrínsecas fornecidas pelo ambiente desempenham papéis fundamentais na medida em que é da sociedade a qual pertence que o adolescente retirará seus modelos identificatórios para sua determinação e pertença dentro da cultura. (ALVES, 2005)
  • 19. Delinquência  Assim, muitos são condenados a buscar no agir delituoso sua subsistência como sujeitos. Esses jovens “sem voz e sem vez” encenam o que não conseguem dizer. O real, suprimido da possibilidade de simbolização, só pode ser expresso pela via da ação.
  • 20. Delinquência A partir desse entendimento, que o crime é uma tentativa desses indivíduos de serem reconhecidos como sujeitos. O adolescente está dizendo, ao cometer o ato infracional, eu existo. Logo, o envolvimento na criminalidade representa a possibilidade de, através do grito, afirmar sua existência.
  • 21. Delinquência “O ato delinquente deve ser concebido como sintoma, em sua positividade: é ainda um apelo, até mesmo uma interpelação à sociedade (RASSIAL apud WINNICOTT, 1999)”.
  • 22. Delinquência Diante das citações, percebe-se que as motivações para a conduta criminosa podem ser analisadas de formas distintas, mas complementares umas às outras. Vale ressaltar, que o contexto no qual cada sujeito está inserido, a cultura, a história de vida e a história familiar podem ser tanto fatores desencadeantes da delinquência como fatores de fortalecimento do sujeito.