O documento discute a soberania de Deus e seus atributos. Apresenta Deus como o Criador soberano que governa todas as coisas e determina seus fins. Explora distinções entre a vontade decretatória e preceptiva de Deus, argumentando que embora pareçam diferentes, são fundamentalmente uma só em Deus.
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
5º módulo 2ª aula
1.
2. • A Soberania de Deus e seus Atributos.
• A soberania de Deus recebe forte ênfase na Escritura.
Ele é apresentado como o Criador, e Sua vontade como
a causa de todas as coisas.
• Em virtude de Sua obra criadora, o céu, aterra e tudo o
que eles contêm Lhe pertencem.
• Ele está revestido de autoridade absoluta sobre as
hostes celestiais e sobre os moradores da terra.
• Ele sustenta todas as coisas com a Sua onipotência, e
determina os fins que elas estão destinadas a cumprir.
3. • Ele governa como Rei no sentido mais absoluto da
palavra, e todas as coisas dependem dele e Lhe são
subservientes.
• As provas bíblicas da soberania de Deus são
abundantes, mas aqui nos limitaremos a referir-nos a
algumas das passagens mais significativas:
• Gn 14.19; Ex 18.11; Dt 10.14, 17; Sl 50.10-12; 95.3-5;
115.3; 135.5, 6; 145.11-13; Jr 27.5; Lc 1.53; At 17.24-26;
Ap 19.6.
• Dois dos atributos requerem discussão sob este
título, a saber:
(1) a vontade soberana de Deus.
(2) o poder (querer) soberano de Deus.
4. 1º) A Vontade Soberana de Deus.
a) A Vontade de Deus em Geral.
A vontade de Deus em geral.
• A Bíblia emprega várias palavras para indicar a vontade
de Deus, a saber, as palavras hebraicas chaphets,
tsebhu e raston, e as palavras gregas boule e thelema.
5. • A importância da vontade divina aparece de várias
maneiras na Escritura.
• É apresentada como a causa final de todas as coisas.
• Tudo é derivado dela: a criação e a preservação, Sl
135.6; Jr 18.6; Ap 4.11; o governo, Pv 21.1; Dn 4.35; a
eleição e a reprovação, Rm 9.15, 16; Ef 1.11; os
sofrimentos de Cristo, Lc 22.42; At 2.23; a regeneração,
Tg 1.18; a santificação, Fp 2.13; os sofrimentos dos
crentes, 1 Pe 3.17; a vida e o destino do homem.
• At 18.21; Rm 15.32; Tg 4.15, e até as menores coisas
da vida, Mt 10.29.
6. • Daí, a teologia cristã sempre reconheceu a vontade de
Deus como a causa última de todas as coisas, embora a
filosofia às vezes mostre uma inclinação para procurar
uma causa mais profunda no próprio Ser do Absoluto.
• Todavia, a tentativa de fundamentar tudo no próprio Ser
de Deus geralmente redunda em panteísmo.
• A palavra “vontade”, no sentido em que é aplicada a
Deus, nem sempre tem a mesma conotação na
Escritura.
7. Pode denotar:
• (1) toda a natureza moral de Deus, incluindo atributos
com amor, santidade, justiça, etc;
• (2) a faculdade de auto-determinação, isto é, o poder de
determinar que o Eu siga um curso de ação ou formule
um plano;
• (3) o produto desta atividade, isto é, o plano ou
propósito predeterminado;
• (4) o poder de executar este plano e de realizar este
propósito (a vontade em ação, ou seja, a onipotência); e
• (5) a regra de vida firmada para as criaturas racionais.
8. • É primariamente na vontade de Deus como a
faculdade de autodeterminação que estamos
interessados no momento.
• Esta pode ser definida como a perfeição do Seu Ser
pela qual Ele, num ato sumamente simples, dirige-se a
Si mesmo como o Sumo Bem (isto é, deleita-se em Si
mesmo como tal) e as Suas criaturas por amor do Seu
nome e, assim, é a base do ser e da continuada
existência delas.
• Com referência ao universo e a todas as criaturas que
ele contém, isto naturalmente inclui a idéia de causa-
ação.
9. b) Distinções aplicadas à Vontade de Deus.
Distinções aplicações
• Têm-se aplicado várias distinções à vontade de Deus.
• Algumas destas encontraram pouco apoio da parte da
teologia reformada, calvinista, como aconteceu com a
distinção entre uma vontade de Deus antecedente e
uma vontade conseqüente, e com a distinção entre uma
vontade absoluta e uma condicional.
10. • Estas distinções não somente estavam expostas a uma
compreensão errônea, mas de fato foram interpretadas
de maneiras passíveis de objeção.
• Outras, porém, foram consideradas úteis e, portanto,
foram aceitas mais geralmente.
• Estas podem ser asseveradas como segue.
11. • 1) A Vontade Decretatória de Deus e sua Vontade
Preceptiva.
• A primeira é a vontade de Deus pela qual ele projeta ou
decreta tudo que virá a acontecer, quer pretenda realizá-
lo efetivamente (causativamente), quer permita que
venha a ocorrer por meio da livre ação das Suas
criaturas racionais.
• A segunda é a regra de vida que Deus firmou para as
Suas criaturas morais, indicando os deveres que lhes
impõe.
• A primeira é realizada sempre, ao passo que a segunda
é desobedecida com freqüência.
12. • 2) A Vontade de eudokia e a Vontade de eurestia.
• Esta divisão não se relaciona tanto com o propósito de
fazer algo, mas principalmente com o prazer de fazer
algo ou com o desejo de ver alguma coisa feita.
• Contudo, corresponde à divisão anterior, no fato de que
a vontade de eudokia, como a do decreto, compreende
aquilo que será realizado com certeza, enquanto que a
vontade de eurestia, como a do preceito, abrange
simplesmente o que Deus apraz que as Suas criaturas
façam.
• A palavra eudokia só se refere ao bem, e não ao mal; cf.
Mt 11.26; É incorreto dizer que o elemento de
complacência ou deleite está sempre presente nela.
13. • 3) A Vontade de beneplacitum e a Vontade de
signum.
• Aquela de novo denota a vontade de Deus como
incorporada em Seu conselho oculto, enquanto não o
torna conhecido por alguma revelação ou pelo próprio
evento. Toda e qualquer vontade revelada torna-se um
signum. Esta distinção visa a corresponder à que se faz
entre a vontade decretatória de Deus e Sua vontade
preceptiva, mas dificilmente se pode dizer que o faça.
• O beneplácito de Deus também acha expressão em Sua
vontade preceptiva; e a decretatória às vezes também
chega ao nosso conhecimento por meio de um signum.
14. • 4) A Vontade Secreta de Deus e Sua Vontade.
• Esta distinção é a mais comum.
• A primeira é a vontade do decreto de Deus, em grande
medida oculta em Deus, enquanto que a segunda é a
vontade do preceito, revelada na Lei e no Evangelho.
• A distinção baseia-se em Dt 29.29.
• A vontade secreta de Deus é mencionada em Sl 115.3;
Dn 4.17, 25, 32, 35; Rm 9.18, 19; 11.33, 34; Ef 1.5, 9,
11; e Sua vontade revelada, em Mt 7.21; 12.50; Jo 4.34;
7.17; Rm 12.2. Esta última é acessível a todos, e não
está longe de nós, Dt 30.14; Rm 10.8.
15. • A vontade secreta de Deus pertence a todas as coisas
que Ele quer efetuar ou permitir, e que, portanto, São
absolutamente fixas.
• A vontade revelada prescreve os deveres do homem e
apresenta o modo pelo qual ele pode fruir as bênçãos
de Deus.
16. • c) A Liberdade da Vontade de Deus.
• Freqüentemente se debate a questão se Deus, no
exercício de Sua vontade, age necessária ou livremente.
• A resposta a esta questão requer cuidadosa
discriminação.
• Exatamente como há uma scientia necessaria e uma
scientia libera, há também uma voluntas necessaria
(vontade necessária) e uma voluntas libera (vontade
livre) em Deus.
17. • Deus mesmo é o objeto da primeira. Ele
necessariamente quer a Si próprio e quer a Sua
natureza santa, bem como as distinções pessoais da
Divindade.
• Significa que Ele necessariamente se ama a Si próprio e
tem prazer na contemplação e Suas perfeições.
• Todavia, Ele não está sob nenhuma compulsão, mas
age de acordo com a lei do Seu Ser; e esta, conquanto
necessária, é também a suprema liberdade.
• É mais que evidente que a idéia de causa-ação está
ausente neste ponto, e que a de complacência ou de
auto-aprovação está no primeiro plano.
18. • Ele traça as veredas de todas as Suas criaturas
racionais, determina o seu destino e as utiliza para os
Seus propósitos. E embora as dote de liberdade,
contudo Sua vontade lhes controla as ações.
• A Bíblia fala desta liberdade da vontade de Deus nos
termos mais absolutos, Jo 11.10; 33.13; Sl 115.3; Pv
21.1; Is 10.15; 29.16; 45.9; Mt 20.15; Rm 9.15 – 18, 20,
21; 1 Co 12.11; Ap 4.11.
• A igreja sempre defendeu esta liberdade, mas também
deu ênfase ao fato de que não pode ser considerada
como indiferença absoluta.
• Duns Scotus falava de uma vontade de Deus em
nenhum sentido determinada; mas esta idéia de uma
vontade cega, agindo com perfeita indiferença, foi
rejeitada pela igreja.
19. • A liberdade de Deus não é pura indiferença, mas
autodeterminação racional.
• Deus tem Suas razões para querer como quer, razões
que O induzem a escolher um fim e não outro, e uma
série de meios para realizar um fim, em preferência a
outros meios.
• Em cada caso há um motivo predominante, que torna o
fim escolhido e os meios selecionados sumamente
agradáveis a Ele, embora não sejamos capazes de
determinar que motivo é esse.
• Em geral se pode dizer que Deus não pode querer nada
que seja contrário à Sua natureza, à Sua sabedoria ou
amor, à Sua justiça ou santidade.
20. • O dr. Bavinck assinala que raramente podemos discernir
por que Deus quis uma coisa e não outra, e que não nos
é possível, e tampouco permitido, procurar alguma base
mais profunda que a vontade de Deus em que as coisas
se fundam, porque todas as tentativas desse jaez
redundam em procurar uma base para a criatura no
próprio Ser de Deus, privando-o do seu caráter
contingente e tornando-a necessária, eterna, divina.
21. d) A Vontade de Deus em relação ao pecado.
• A doutrina da vontade de Deus muitas vezes dá
surgimento a graves questões. Levantam-se aqui
problemas que nunca foram resolvidos e que
provavelmente são insolúveis para o homem.
• (1) Diz-se que, se a vontade decretatória de Deus
determinou também a entrada do pecado no mundo,
com isso Deus é o autor do pecado e realmente quer
uma coisa contrária às Suas perfeições morais.
22. • Para fugirem à dificuldade, os arminianos dizem que
a vontade de Deus, permitindo o pecado, depende
do Seu pré-conhecimento do curso que o homem
escolheria.
• Os teólogos reformados (calvinistas), embora mantendo,
com base em passagens como At 2.23; 3.8; etc., que a
vontade decretatória de Deus inclui também os atos
pecaminosos do homem, sempre têm o cuidado de
assinalar que se deve conceber isto de modo que não
se faça de Deus o autor do pecado.
• Admitem francamente que não podem resolver a
dificuldade, mas ao mesmo tempo fazem algumas
valiosas distinções de comprovada utilidade.
23. • A maioria deles insiste em que a vontade de Deus
quanto ao pecado é de permitir o pecado, e não de
efetuá-lo, pois Ele realiza o bem moral.
• Esta terminologia é permissível, supondo-se que seja
compreendida corretamente.
• Deve-se ter em mente que a vontade de Deus de
permitir o pecado leva consigo a certeza de que o
pecado virá a ocorrer.
• Outros chamam a tenção para o fato de que, embora os
termos “vontade” e “querer” possam incluir a idéia de
complacência ou deleite, às vezes indicam uma simples
determinação da vontade; e que, portanto, a vontade de
Deus de permitir o pecado não implica necessariamente
que Ele tem deleite ou prazer no pecado.
24. • (2) Diz-se, ainda, que a vontade decretatória de Deus e
Sua vontade preceptiva muitas vezes são contraditórias,
que Sua vontade decretatória inclui muitas coisas que
Ele proíbe em Sua vontade preceptiva, e exclui muitas
coisas que Ele ordena em Sua vontade preceptiva, cf.
Gn 22; Êx 4.21-23; 2 Rs 20.1-7; At 2.23.
• Todavia, é de grande importância sustentar tanto a
vontade decretatória como a preceptiva, mas com o
definido entendimento de que, embora nos pareçam
diversas, são fundamentalmente uma só em Deus.
25. • Conquanto uma solução perfeitamente satisfatória da
dificuldade esteja fora de questão no presente, podemos
aproximar-nos de uma solução.
• Quando falamos da vontade decretatória e da vontade
preceptiva de Deus, empregamos a palavra “vontade”
em dois sentidos diferentes.
• Pela primeira, Deus determinou o que Ele fará ou o que
virá a acontecer; na segunda Ele nos revela o que
estamos na obrigação de fazer.
26. • Ao mesmo tempo, devemos lembrar-nos de que a lei
moral, a regra do nosso viver, é também, em certo
sentido, a encarnação da vontade de Deus.
• É uma expressão da Sua natureza santa e daquilo que
esta naturalmente requer de todas as criaturas morais.
• Daí, outra observação pode ser acrescentada à anterior.
• A vontade decretatória e a vontade preceptiva de Deus
não estão em conflito no sentido de que na primeira Ele
tem prazer no pecado.
27. • Na segunda, não; nem no sentido de que, de acordo
com a primeira, Ele não quer a salvação de todos os
indivíduos como uma violação positiva, e de acordo com
a segunda, quer.
• Mesmo de acordo com a vontade decretatória Deus não
tem prazer no pecado; e mesmo de acordo com a
vontade preceptiva Ele não quer a salvação de todos os
indivíduos com uma volição positiva.
28. • 2º) O poder Soberano de Deus.
• A soberania de Deus acha expressão, não somente na
vontade divina, mas também na onipotência de Deus, ou
em Seu poder de executar a Sua vontade.
• Pode-se denominar o poder de Deus a eficaz energia da
Sua natureza, ou a perfeição do Seu Ser pela qual Ele é
a causalidade absoluta e suprema.
• É costume distinguir entre uma potentia Dei absoluta
(um absoluto poder de Deus) e uma potentia Dei
ordinata (poder ordenado de Deus).
29. • Contudo, a teologia reformada, calvinista, rejeita esta
distinção no sentido em que a entendiam os
escolásticos, que afirmavam que Deus, em virtude do
Seu poder absoluto, pode efetuar contradições, e pode
até pecar e aniquilar-se a Si próprio.
• Ao mesmo tempo, adota a distinção como expressão de
uma verdade real, embora nem sempre a apresente do
mesmo modo.
• De acordo com Hodge e Shedd, o poder absoluto é a
eficiência divina, exercida sem a intervenção de causas
secundárias; enquanto que o poder ordenado é a
eficiência de Deus, exercida pela ordenada operação de
causas secundárias.
30. a) Conceito de Charnock
• O conceito mais geral é exposto por Charnock como
segue:
• “Absoluto é o poder pelo qual Deus é capaz de fazer o
que Ele não fará, mas que tem possibilidade de ser feito;
ordenado é o poder pelo qual Deus faz o que decretou
fazer, isto é, o que Ele ordenou ou marcou para ser
posto em exercício; os quais não são poderes distintos,
mas um e o mesmo poder.
• O Seu poder ordenado é parte do Seu poder absoluto;
pois se Ele não tivesse poder para fazer tudo o que
pudesse desejar, não teria poder para fazer tudo que
deseja”.
31. b) Conceito da Potentia Ordinata
• A potentia ordinata pode ser definida como a
perfeição de Deus:
• Pela qual Ele,mediante o simples exercício da Sua
vontade, pode realizar tudo quanto está presente em
Sua vontade ou conselho.
• O poder de Deus, em seu exercício fatual, limita-se
àquilo que o Seu decreto eterno abrange.
• Mas o exercício fatual do poder de Deus não representa
os seus limites.
32. • Deus poderia fazer mais que isso, se fosse esta a Sua
intenção.
• Nesse sentido podemos falar em potentia absoluta, ou
poder absoluto de Deus.
• Deve-se manter esta posição contra aqueles que, como
Schleiermacher e Strauss, sustentam que o poder de
Deus se limita àquilo que Ele realiza de fato.
• Mas em nossa afirmação do poder absoluto de Deus
precisamos acautelar-nos contra noções errôneas.
• A Bíblia nos ensina, por um lado, que o poder de Deus
estende-se além daquilo que é realizado de fato, Gn
18.14; Jr 32.27; Zc 8.6; Mt 3.9; 26.53.
33. • Portanto, não podemos dizer que aquilo que Deus não
realiza concretamente não Lhe é possível realizar.
• Mas, por outro lado, ela indica também que há muitas
coisas que Deus não pode fazer.
• Ele não pode mentir, pecar, mudar, e não pode negar-se
a Si próprio, Nm 23.19; 1 Sm 15.29; 2 Tm 2.13; Hb 6.18;
Tg 1.13, 17.
• Não há poder absoluto nele, divorciado de Suas
perfeições, e em virtude do qual Ele pudesse fazer todo
tipo de coisas inerentemente contraditórias entre si.
34. • A idéia da onipotência de Deus é expressa pelo nome
‘El-Shaddai; e a Bíblia fala a seu respeito em termos que
não deixam dúvida, em passagens como Jó 9.12; Sl
115.3; Jr 32.17; Mt 19.26; Lc 1.37; Rm 1.20; Ef 1.19.
• Deus manifesta o Seu poder na criação, Rm 4.17; Is
44.24; nas obras da providencia, Hb 1.3; e na redenção
de pecadores, 1 Co 1.24; Rm 1.16.