SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
Baixar para ler offline
Uma Ponte Frágil sobre o Abismo das Marcas:
                 Resenha Crítica do livro The Brand Gap, de Marty Neumeier


                                                                            Por @HeberSales

Em The Brand Gap (2008), Marty Neumeier propõe cinco disciplinas para quem deseja superar
o abismo das marcas. O livro pretende construir uma ponte entre a estratégia e o design, entre
o conceito da marca e a sua execução.

O autor vê, na maioria das empresas, uma "profunda separação entre áreas de estratégia
e criatividade" (p. 15). Os profissionais e estrategistas de marketing não incorporam
suficientemente as qualidades dos criativos.

Por que é tão importante usar estas habilidades hoje em dia? Porque o consumidor mudou sua
forma de julgar as ofertas, responde Neumeier. "Nós passamos a ter informações de sobra e
tempo de menos. Como resultado, nosso antigo método de julgar os produtos - comparando
características e benefícios - deixou de funcionar" (p. 8).

Sobrecarregado pela informação, o consumidor agora apela mais para os atributos simbólicos
da marca e para a confiança no produtor. Tais elementos, especialmente o último, funcionam
então como atalhos para a decisão de compra.

Mas onde entra o design nessa receita? Ele é, para Neumeier, o principal responsável pela
estética da marca, um dos três elementos centrais na construção de uma marca altamente
confiável - uma "marca carismática", para a qual as "pessoas acham que não há substituto". A
estética "é a linguagem do sentimento e, numa sociedade com informação de sobra e escassez
de tempo, as pessoas valorizam mais o sentimento do que a informação" (p. 19).

As cinco disciplinas propostas pelo autor para atravessar o abismo da marca e desenvolver
marcas carismáticas são:

   1.   Diferenciar
   2.   Colaborar
   3.   Inovar
   4.   Validar
   5.   Cultivar


1. Diferenciar

Ater-se a um diferencial único e relevante, extendendo a marca apenas se tal movimento servir
para "fortalecer o [seu] significado, acrescentando corpo e definição ao que quer que a torne
diferente" (p. 46).
Neumeier repete aqui a velha fórmula de Al Ries e Jack Trout, proposta pioneiramente nos
anos 1970 em seu famoso artigo na revista Ad Age e desenvolvida no livro Positioning: The
Battle for Your Mind. Justifica-a, no entanto, com dois argumentos não desenvolvidos por
estes autores. O primeiro deles é um princípio da estética cognitivista: nossa visão procura
diferenças perceptíveis e nossos cérebros deliciam-se com o uso magistral do contraste. O
segundo, uma justificativa elaborada por estudos na área da antropologia do consumo: uma
marca deve manter-se pura em sua distinção porque as pessoas hoje em dia desejam marcas
que as identifiquem como parte de um clã seleto; elas estão confiando às marcas o papel de
sinalizarem as fronteiras entre grupos sociais e estilos de vida.


2. Colaborar

Eis um assunto incomum em livros de branding, que raramente tratam da organização interna
necessária para se construir grandes marcas.

Para Neumeier, o contexto atual exige um novo paradigma de gestão de marca, o paradigma
da organização integrada - “grupos de empresas ‘desverticalizadas’ cooperando ao longo da
cadeia de valor” (p. 62). Tal estrutura permite tirar proveito dos melhores talentos em cada
projeto, evitando custos fixos desnecessários, e, ao mesmo tempo, promovendo a flexibilidade
organizacional e a capacidade de rápida adaptação às mudanças ambientais.

Como garantir a integração de tantos colaboradores independentes sem produzir mais
burocracia? Pelo uso de protótipos. “Em vez de começar com uma série de especificações
e trabalhar para encontrar um conceito, os membros da equipe podem partir direto para o
conceito e depois acrescentar as especificações necessárias para sustentá-lo” (p. 69). A
abordagem pode liberar a criatividade da rede de colaboradores, uma vez que se um protótipo
não funcionar, pode-se descartá-lo sem maiores prejuízos e partir para uma nova aventura
criativa. “Os protótipos criam um verdadeiro parque de diversões para as ideias, dando espaço
para que o lado direito do cérebro realize suas mágicas” (p. 69).


3. Inovar

Neumeier continua abordando processos internos ao tratar da terceira disciplina do branding: a
inovação. Este seria o recurso crucial para se atravessar o abismo da marca, segundo o autor.

“Não se pode ser um líder apenas seguindo os demais” (p. 76). A frase serve tanto para
lembrar o imperativo da diferenciação quanto para introduzir o desafio da execução da
implementação da marca, o qual exige mais intuição e perspicácia do que a nossa cultura
empresarial costuma supor - e muito mais coragem também, uma vez que a tendência natural
do ser humano é seguir o grupo.
O autor recomenda que se busque soluções MAYA (Most Advanced Yet Acceptable) - Mais
Avançada Porém Aceitável -, e critica, à semelhança de John Steel, a ênfase excessiva no
pensamento analítico. “Enquanto os pesquisadores de mercado descrevem o mundo como ele
é, as pessoas criativas descrevem como ele deveria ser” (p. 77).

A abordagem representa um grande desafio para as empresas. Elas não estão acostumadas
a recompensar o atrevimento, que é a principal qualidade que os consumidores esperam das
marcas hoje.

Como superar tal obstáculo? Ouvindo as pessoas de fora e a gente da rede de colaboradores -
ou as “pessoas de dentro que pensam como as de fora” (p. 81).


4. Validar

A quarta disciplina da marca trata essencialmente de como avaliar e estimular a criatividade
por meio de testes. Sua premissa mais básica repousa num velho elemento do processo de
comunicação: o feedback. Neumeier sugere que se encare o relacionamento com os públicos
como uma performance teatral. Nos teatros, “o feedback é imediato e claro, o que permite fazer
as mudanças apropriadas antes da próxima performance” (p. 102).

Que tipo de teste o autor recomenda? O mais naturalístico possível e voltado para tratar um
problema de cada vez. É preciso evitar a tendência dos consumidores para agirem de modo
diferente quando sabem que são observados. Daí a preferência de Neumeier por entrevistas
individuais diretas e pela observação etnográfica ao invés de grupos focais e de pesquisas de
opinião. Ele recomenda também trocar as pesquisas quantitativas por abordagens qualitativas
que ofereçam insights vibrantes.

       “Os estudos quantitativos, embora causem impressão, podem paralisar a análise quando as empresas
       tentam transformá-las em iniciativas significativas. De certa forma, todos aqueles números levam as
       pessoas a se concentrar em pequenos e mensuráveis progressos que não requerem muita coragem e, no
       final, não fazem muita diferença” (p. 113).


É melhor tratar um problema de cada vez com ousadia, recorrendo a testes de conceito e de
campo, que servem de “pára-raios para atrair insights” (p. 121).

Ao final de tais testes, todas as “expressões de marca, de ícones a produtos”, deverão se
destacar em cinco quesitos (p. 126 e 127):

   ●   Distinguibilidade, que é a sua capacidade de se destacar das mensagens dos
       concorrentes;
   ●   Relevância, que é a qualidade de ser uma solução apropriada para importantes
       problemas do consumidor;
   ●   Memorabilidade, ou capacidade de marcar a memória dos públicos por muito tempo;
   ●   Extensibilidade, que avalia se uma certa expressão da marca poderá funcionar bem
em vários tipos de meios e suportes;
   ●   Profundidade, que é sua capacidade de se comunicar com os públicos em vários
       níveis de significados e de experiência.


5. Cultivar

Esta é a quinta disciplina do branding. Ao defendê-la, Marty Neumeier parece se contradizer.
Na primeira das cinco disciplinas, o autor considera que a sobrevivência no longo prazo de
uma marca depende da sua concentração em um significado-chave. Neste capítulo, porém,
ele recomenda sacrificar a consistência da identidade da marca em prol de seu caráter vivo e
dinâmico. “Projete uma personalidade tridimensional, com inconsistências e tudo o mais” (p.
133).

Como conciliar essa receita com a fórmula “mantenha-a pura, mantenha-a diferente” (p. 33)?
Neumeier tem uma resposta pronta: as inconsistência devem ser permitidas desde que não
distorçam os atributos determinantes do diferencial-chave da marca. A cultura da marca precisa
ser protegida por meio de um programa educacional disseminado sistematicamente por toda
a rede criativa de colaboradores - “enquanto permanece aberta ao feedback da comunidade
da marca” (p. 141). Tal programa teria como objetivo transformar a marca em uma bússola
organizacional. “Porque nenhuma decisão deveria ser tomada sem antes se fazer a pergunta
milionária: isso vai ajudar ou prejudicar a marca?” (p. 139).

Embora o cultivo da marca envolva a atualização contínua da sua expressão, deve-se respeitar
a um roteiro. “Uma marca viva é uma performance baseada na colaboração, e cada funcionário
da empresa é um ator [...] cada [uma das suas ações] acrescenta profundidade e detalhe ao
roteiro” (p. 136).


Considerações finais

The Brand Gap é um livro estimulante para quem atua profissionalmente na gestão de
marcas. Resume muitas das principais ideias do debate contemporâneo sobre branding. Sua
leitura é rápida, sua linguagem acessível, traz muitas orientações práticas. Pode ser uma
boa alternativa para quem não tem tempo ou fôlego para mergulhar numa literatura mais
acadêmica, na qual os conceitos apresentados por Neumeier estão longe de serem novidade.

O caráter simbólico e tribal das marcas na sociedade do consumo tem sido discutido
sistematicamente nas ciências sociais e humanas desde a década de 1960. Mais
recentemente, os antropólogos Grant McCracken (2008) e Douglas B. Holt (2005) chegaram a
dar um tratamento mais “executivo” aos seus estudos nessa área.

O livro de Holt, em particular, oferece um ótimo contraponto ao discurso de Marty Neumeier.
Em primeiro lugar, por nos ajudar a situá-lo no campo de estudos sobre branding. Depois, por
aprofundar a metáfora da marca como roteiro cultural.

Em Como as Marcas se Tornam Ícones (2005), Douglas B. Holt, compara quatro modelos de
branding:

   ●   Branding de mentalidade participativa (ou modelo cognitivo de branding), cujo
       argumento básico foi popularizado há 30 anos pelo livro Positioning: The Battle for
       Your Mind (RIES e TROUT, 1980): para se destacar num ambiente poluído por tanta
       informação, “uma marca deve ocupar uma posição simples e destacada na mente
       do comprador potencial, realçando geralmente um benefício associado à categoria
       do produto” (p. 31). A abordagem é plenamente desenvolvida no “modelo ‘cebola’ de
       branding”, que associa ao núcleo estável da oferta diversas associações de marca.
   ●   O Branding emocional é, na verdade, uma extensão do modelo anterior. Nele, as
       associações de marca são comunicadas por meio de apelos emocionais, destinados a
       enfatizar a peronalidade da marca e “forjar uma conexão íntima com os consumidores”
       (p. 37).
   ●   “O Branding viral presume que os consumidores, e não as firmas, é que exercem
       mairo influência [no estabelecimento significados da marca]” (p. 44). A abordagem está
       na moda por causa do avanço da internet em geral e das mídias sociais em particular.
   ●   O Branding Cultural é o modelo defendido por Holt em seu livro e se aplica
       especialmente às marcas de identidade - mas não apenas à elas. A abordagem sugere
       que as marcas tornam-se ícones culturais ao contar e popularizar estórias que geram
       mitos de identidade capazes de responder a contradições agudas da sociedade,
       aliviando desejos e ansiedades dos consumidores. Holt conclama os gestores de
       marcas a passarem “da persuasão à construção de mitos, de associações abstratas a
       expressões culturais” (p. 51), “da consistência à adequação histórica” (p. 52).

Em qual desses modelos se encaixa The Brand Gap? Apesar de valorizar a colaboração dos
consumidores, Marty Neumeier enfatiza o enfoque e a proteção da marca. Ela deve se manter
pura em sua diferença, fiel ao seu significado original. Inconsistência só devem ser admitidas
se não ameaçarem os seus “atributos determinantes” (NEUMEIER, 2008, p. 134). Eis uma
daclaração típica do “modelo de mentalidade participativa”, uma premissa muito diferente
da adequação histórica sugerida por Holt em seu modelo de branding cultural: “os modelos
convencionais presumem que administrar uma marca seja vigiar” - descobrir a verdadeira
essência da marca e sustentá-la a todo custo -, quando, na verdade, para gerar identidade de
valor e preservar sua condição de ícone uma marca precisa ajustar seu mito “às mais graves
tensões sociais da nação” (HOLT, 2005, p. 52 e 53).

O livro de Neumeier responde ao crescente interesse pelo branding viral em duas passagens,
mas não é, de modo algum, um legítimo representante dessa escola. Ao insistir na importância
do feedback, o autor propõe um novo modelo de comunicação que funcione como um plano
para uma revolução, transformando o marketing “num esporte de contato e os espectadores
em participantes” (p. 103). Mais adiante, ao tratar do cultivo da marca, insinua a importância
dos boca-a-boca: “as pessoas lêem o roteiro de acordo com suas experiências com a empresa
e com comunicações e depois contam a sua versão para outros” (p. 136). Logo, porém,
opta por defender um programa de proteção da marca contra os riscos da “evaporação” de
seus significados (p. 140 e 141), abstendo-se de explorar toda a riqueza e as contradições
das “mediações de marca” (SEMPRINI, 2006, p. 183), da “cultura participativa” (JENKINS,
2009, p. 30 e 187) e da “co-autoria” do mito da marca (HOLT, 2005, p. 190).

The Brand Gap liga-se ainda mais erraticamente ao modelo de branding emocional. As
menções ao caráter emotivo da marca são secundárias e episódicas, sem nenhuma
elaboração teórica. Neumeier prefere se concentrar, mesmo que superficialmente, naquele que
é para ele o último estágio da evolução do marketing: marcas como meios de “identificação
tribal” (p. 38).

Esse breve cotejo entre as ideias de Marty Neumeier e a tipologia de modelos de branding
proposta por Holt, serve para situar The Brand Gap na genealogia dos estudos sobre marcas.
Trata-se de um legítimo representante de uma escola de pensamento muito tradicional,
que tem mais de 30 anos de elaboração, a escola do branding cognitivo. Sua abordagem
é temperada, no entanto, por discursos mais atuais, que tentam responder às novas
condições impostas às marcas pelo ambiente de negócios contemporâneo. Daí talvez ter se
transformado em um best-seller, pois é sempre mais fácil lidar com o inusitado apelando para
ferramentas conceituais que já dominamos.


Referências

HOLT, Douglas B. Como Construir Marcas Ícones. São Paulo: Cultrix, 2005.

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009.

McCRACKEN, Grant. Culture and Consumption II: Marketing, Meanings, and Brand
Management. Bloomington: Indiana University Press, 2005.

NEUMEIER, Marty. The Brand Gap = O abismo da marca: como construir a ponte entre a
estratégia e o design. Porto Alegre: Bookman, 2008.

RIES, Al e TROUT, Jack. Positioning: The Battle for Your Mind. New York: McGraw-Hill, 1980.

SEMPRINI, Andrea. A Marca Pós-Moderna: Poder e Fragilidade da Marca na Sociedade
Contemporânea. São Paulo: Estação das Letras, 2006.

STEEL, John. A arte do planejamento - verdades, mentiras e propaganda. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2001.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Comunicação e Marketing
Comunicação e MarketingComunicação e Marketing
Comunicação e Marketingparquedaamizade
 
O Que é O Ciberjornalismo
O Que é O CiberjornalismoO Que é O Ciberjornalismo
O Que é O Ciberjornalismoisapferraz
 
Introdução à Publicidade e Propaganda - Aula 05 - Mídia
Introdução à Publicidade e Propaganda - Aula 05 - MídiaIntrodução à Publicidade e Propaganda - Aula 05 - Mídia
Introdução à Publicidade e Propaganda - Aula 05 - MídiaThiago Ianatoni
 
Marketing Digital Conceitos e Aplicações
Marketing Digital Conceitos e AplicaçõesMarketing Digital Conceitos e Aplicações
Marketing Digital Conceitos e AplicaçõesRobson Clemente da Silva
 
Dinâmica para exercitar e aumentar a criatividade
Dinâmica para exercitar e aumentar a criatividadeDinâmica para exercitar e aumentar a criatividade
Dinâmica para exercitar e aumentar a criatividadeAndré Augusto Toneti
 
Aula 7 Comunicação Institucional
Aula 7   Comunicação InstitucionalAula 7   Comunicação Institucional
Aula 7 Comunicação InstitucionalCarlos Alves
 
AULA 03 - Introdução - Diversas formas de iniciar uma redação - PRONTO
AULA 03 - Introdução - Diversas formas de iniciar uma redação  - PRONTOAULA 03 - Introdução - Diversas formas de iniciar uma redação  - PRONTO
AULA 03 - Introdução - Diversas formas de iniciar uma redação - PRONTOMarcelo Cordeiro Souza
 
Marketing 4.0 - do tradicional ao digital
Marketing 4.0 - do tradicional ao digitalMarketing 4.0 - do tradicional ao digital
Marketing 4.0 - do tradicional ao digitalMario Romero
 
Marketing digital
Marketing digitalMarketing digital
Marketing digitalBig Fuga
 
Apresentação Sobre Branding
Apresentação Sobre BrandingApresentação Sobre Branding
Apresentação Sobre BrandingPaulo Matos Jr
 
Aula 02 Teoria Hipodérmica da Comunicação
Aula 02   Teoria Hipodérmica da ComunicaçãoAula 02   Teoria Hipodérmica da Comunicação
Aula 02 Teoria Hipodérmica da ComunicaçãoElizeu Nascimento Silva
 
Planner e planejamento de campanha
Planner e planejamento de campanhaPlanner e planejamento de campanha
Planner e planejamento de campanhaCiro Gusatti
 
Criação publicitária - Aula 02 - Brainstorm
Criação publicitária - Aula 02  - BrainstormCriação publicitária - Aula 02  - Brainstorm
Criação publicitária - Aula 02 - BrainstormThiago Ianatoni
 
STORYTELLING MARKETING
STORYTELLING MARKETINGSTORYTELLING MARKETING
STORYTELLING MARKETINGRenato Melo
 
Branding - Gestão de Marcas
Branding - Gestão de MarcasBranding - Gestão de Marcas
Branding - Gestão de MarcasBreno Brito
 
Oficina de Narrativa Transmídia - FEIA 2014
Oficina de Narrativa Transmídia - FEIA 2014Oficina de Narrativa Transmídia - FEIA 2014
Oficina de Narrativa Transmídia - FEIA 2014Gabriel Ishida
 
Aula 1 - Introdução aos Conceitos de Marketing Digital - Disciplina Planejame...
Aula 1 - Introdução aos Conceitos de Marketing Digital - Disciplina Planejame...Aula 1 - Introdução aos Conceitos de Marketing Digital - Disciplina Planejame...
Aula 1 - Introdução aos Conceitos de Marketing Digital - Disciplina Planejame...Pedro Cordier
 

Mais procurados (20)

Comunicação e Marketing
Comunicação e MarketingComunicação e Marketing
Comunicação e Marketing
 
Pesquisa De Mercado
Pesquisa De MercadoPesquisa De Mercado
Pesquisa De Mercado
 
O Que é O Ciberjornalismo
O Que é O CiberjornalismoO Que é O Ciberjornalismo
O Que é O Ciberjornalismo
 
Introdução à Publicidade e Propaganda - Aula 05 - Mídia
Introdução à Publicidade e Propaganda - Aula 05 - MídiaIntrodução à Publicidade e Propaganda - Aula 05 - Mídia
Introdução à Publicidade e Propaganda - Aula 05 - Mídia
 
Marketing Digital Conceitos e Aplicações
Marketing Digital Conceitos e AplicaçõesMarketing Digital Conceitos e Aplicações
Marketing Digital Conceitos e Aplicações
 
Dinâmica para exercitar e aumentar a criatividade
Dinâmica para exercitar e aumentar a criatividadeDinâmica para exercitar e aumentar a criatividade
Dinâmica para exercitar e aumentar a criatividade
 
Aula 7 Comunicação Institucional
Aula 7   Comunicação InstitucionalAula 7   Comunicação Institucional
Aula 7 Comunicação Institucional
 
O Abismo Da Marca
O Abismo Da MarcaO Abismo Da Marca
O Abismo Da Marca
 
AULA 03 - Introdução - Diversas formas de iniciar uma redação - PRONTO
AULA 03 - Introdução - Diversas formas de iniciar uma redação  - PRONTOAULA 03 - Introdução - Diversas formas de iniciar uma redação  - PRONTO
AULA 03 - Introdução - Diversas formas de iniciar uma redação - PRONTO
 
Marketing 4.0 - do tradicional ao digital
Marketing 4.0 - do tradicional ao digitalMarketing 4.0 - do tradicional ao digital
Marketing 4.0 - do tradicional ao digital
 
Marketing digital
Marketing digitalMarketing digital
Marketing digital
 
Apresentação Sobre Branding
Apresentação Sobre BrandingApresentação Sobre Branding
Apresentação Sobre Branding
 
Aula 02 Teoria Hipodérmica da Comunicação
Aula 02   Teoria Hipodérmica da ComunicaçãoAula 02   Teoria Hipodérmica da Comunicação
Aula 02 Teoria Hipodérmica da Comunicação
 
O lead no jornalismo digital
O lead no jornalismo digitalO lead no jornalismo digital
O lead no jornalismo digital
 
Planner e planejamento de campanha
Planner e planejamento de campanhaPlanner e planejamento de campanha
Planner e planejamento de campanha
 
Criação publicitária - Aula 02 - Brainstorm
Criação publicitária - Aula 02  - BrainstormCriação publicitária - Aula 02  - Brainstorm
Criação publicitária - Aula 02 - Brainstorm
 
STORYTELLING MARKETING
STORYTELLING MARKETINGSTORYTELLING MARKETING
STORYTELLING MARKETING
 
Branding - Gestão de Marcas
Branding - Gestão de MarcasBranding - Gestão de Marcas
Branding - Gestão de Marcas
 
Oficina de Narrativa Transmídia - FEIA 2014
Oficina de Narrativa Transmídia - FEIA 2014Oficina de Narrativa Transmídia - FEIA 2014
Oficina de Narrativa Transmídia - FEIA 2014
 
Aula 1 - Introdução aos Conceitos de Marketing Digital - Disciplina Planejame...
Aula 1 - Introdução aos Conceitos de Marketing Digital - Disciplina Planejame...Aula 1 - Introdução aos Conceitos de Marketing Digital - Disciplina Planejame...
Aula 1 - Introdução aos Conceitos de Marketing Digital - Disciplina Planejame...
 

Destaque

Resenha do livro O Gerente-Minuto
Resenha do livro O Gerente-MinutoResenha do livro O Gerente-Minuto
Resenha do livro O Gerente-MinutoMário Queiroz
 
Teatro da lenda de São Martinho
Teatro da lenda de São MartinhoTeatro da lenda de São Martinho
Teatro da lenda de São Martinhobjcp
 
Roteiro de história
Roteiro de históriaRoteiro de história
Roteiro de históriaIva Pavan
 
Maratona de Ferramentas Estratégicas
Maratona de Ferramentas EstratégicasMaratona de Ferramentas Estratégicas
Maratona de Ferramentas EstratégicasBruno Lobo
 
Resenha do Artigo Ciéntifico: Implementação, Avaliação e Validação de Algorit...
Resenha do Artigo Ciéntifico: Implementação, Avaliação e Validação de Algorit...Resenha do Artigo Ciéntifico: Implementação, Avaliação e Validação de Algorit...
Resenha do Artigo Ciéntifico: Implementação, Avaliação e Validação de Algorit...Rafaela Zanin Ferreira
 
Alta tecnologia e dermocosméticos
Alta tecnologia e dermocosméticos Alta tecnologia e dermocosméticos
Alta tecnologia e dermocosméticos Jauru Freitas
 
Normas para desenvolvimento de resenha
Normas para desenvolvimento de resenhaNormas para desenvolvimento de resenha
Normas para desenvolvimento de resenhaVenise Melo
 
A bela e a Fera
A bela e a FeraA bela e a Fera
A bela e a FeraTedd Mac
 
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.Gabriela Gomes
 
E-book free - Ferramentas Visuais para Estrategistas
E-book free - Ferramentas Visuais para EstrategistasE-book free - Ferramentas Visuais para Estrategistas
E-book free - Ferramentas Visuais para EstrategistasMarcelo Pimenta (menta90)
 
Resenha crítica modelo
Resenha crítica   modeloResenha crítica   modelo
Resenha crítica modelotaise_paz
 

Destaque (15)

Resenha do livro O Gerente-Minuto
Resenha do livro O Gerente-MinutoResenha do livro O Gerente-Minuto
Resenha do livro O Gerente-Minuto
 
Teatro da lenda de São Martinho
Teatro da lenda de São MartinhoTeatro da lenda de São Martinho
Teatro da lenda de São Martinho
 
Roteiro de história
Roteiro de históriaRoteiro de história
Roteiro de história
 
Maratona de Ferramentas Estratégicas
Maratona de Ferramentas EstratégicasMaratona de Ferramentas Estratégicas
Maratona de Ferramentas Estratégicas
 
Resenha do Artigo Ciéntifico: Implementação, Avaliação e Validação de Algorit...
Resenha do Artigo Ciéntifico: Implementação, Avaliação e Validação de Algorit...Resenha do Artigo Ciéntifico: Implementação, Avaliação e Validação de Algorit...
Resenha do Artigo Ciéntifico: Implementação, Avaliação e Validação de Algorit...
 
Alta tecnologia e dermocosméticos
Alta tecnologia e dermocosméticos Alta tecnologia e dermocosméticos
Alta tecnologia e dermocosméticos
 
Resenha crítica
Resenha crítica Resenha crítica
Resenha crítica
 
Normas para desenvolvimento de resenha
Normas para desenvolvimento de resenhaNormas para desenvolvimento de resenha
Normas para desenvolvimento de resenha
 
O narrador exercícios
O narrador exercíciosO narrador exercícios
O narrador exercícios
 
Como fazer uma resenha abnt
Como fazer uma resenha abntComo fazer uma resenha abnt
Como fazer uma resenha abnt
 
A bela e a Fera
A bela e a FeraA bela e a Fera
A bela e a Fera
 
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.
 
E-book free - Ferramentas Visuais para Estrategistas
E-book free - Ferramentas Visuais para EstrategistasE-book free - Ferramentas Visuais para Estrategistas
E-book free - Ferramentas Visuais para Estrategistas
 
AULA 08 - RESENHA CRÍTICA - PRONTA
AULA 08 - RESENHA CRÍTICA - PRONTAAULA 08 - RESENHA CRÍTICA - PRONTA
AULA 08 - RESENHA CRÍTICA - PRONTA
 
Resenha crítica modelo
Resenha crítica   modeloResenha crítica   modelo
Resenha crítica modelo
 

Semelhante a Uma Ponte Frágil sobre o Abismo das Marcas: resenha crítica do livro The Brand Gap, de Marty Neumeier

Publicidade e Surrealismo: Uma análise intertextual da Melting Campaign da Pe...
Publicidade e Surrealismo: Uma análise intertextual da Melting Campaign da Pe...Publicidade e Surrealismo: Uma análise intertextual da Melting Campaign da Pe...
Publicidade e Surrealismo: Uma análise intertextual da Melting Campaign da Pe...Thamiris Lima
 
Seleção de livros - Formação de lideranças
Seleção de livros - Formação de liderançasSeleção de livros - Formação de lideranças
Seleção de livros - Formação de liderançasHector Muniz
 
Brand Publishers - Conteúdo estratégico para marcas
Brand Publishers - Conteúdo estratégico para marcasBrand Publishers - Conteúdo estratégico para marcas
Brand Publishers - Conteúdo estratégico para marcasHanrrikson de Andrade
 
O BRAINSTORM SEM FOCO É MESMO ÚTIL?
O BRAINSTORM SEM FOCO É MESMO ÚTIL?O BRAINSTORM SEM FOCO É MESMO ÚTIL?
O BRAINSTORM SEM FOCO É MESMO ÚTIL?Zé do Marketing
 
B2B Brand Management, Kotler
B2B Brand Management, KotlerB2B Brand Management, Kotler
B2B Brand Management, KotlerLuis Rasquilha
 
Workshop Business Design Inventta
Workshop Business Design InventtaWorkshop Business Design Inventta
Workshop Business Design InventtaInventta
 
Branding (Marca Viva) - Eduardo Braga
Branding (Marca Viva) - Eduardo BragaBranding (Marca Viva) - Eduardo Braga
Branding (Marca Viva) - Eduardo BragaTio Flávio Cultural
 
Miguel Morgado_Paper_B&CC_11_Março_2015
Miguel Morgado_Paper_B&CC_11_Março_2015Miguel Morgado_Paper_B&CC_11_Março_2015
Miguel Morgado_Paper_B&CC_11_Março_2015Miguel Morgado
 
Trabalho de logistica oficial 28-05
Trabalho de logistica oficial 28-05Trabalho de logistica oficial 28-05
Trabalho de logistica oficial 28-05Fábio Fumio Wada
 
Artigo Científico - O uso da ferramenta de storytelling como estratégia de ma...
Artigo Científico - O uso da ferramenta de storytelling como estratégia de ma...Artigo Científico - O uso da ferramenta de storytelling como estratégia de ma...
Artigo Científico - O uso da ferramenta de storytelling como estratégia de ma...Pricilla Abrantes
 
ESPM - Palestra Inteligência de Mercado @ Shop. Vila Olímpia - 06/03/2017
ESPM - Palestra Inteligência de Mercado @ Shop. Vila Olímpia - 06/03/2017ESPM - Palestra Inteligência de Mercado @ Shop. Vila Olímpia - 06/03/2017
ESPM - Palestra Inteligência de Mercado @ Shop. Vila Olímpia - 06/03/2017João Gabriel Chebante
 
Global Brands in Emerging Markets
Global Brands in Emerging MarketsGlobal Brands in Emerging Markets
Global Brands in Emerging MarketsAntonieta Gomes
 
Gestão de Marcas nos Pontos de Contato com o Consumidor
Gestão de Marcas nos Pontos de Contato com o ConsumidorGestão de Marcas nos Pontos de Contato com o Consumidor
Gestão de Marcas nos Pontos de Contato com o ConsumidorLeandro Araujo
 
E-Book Estratégia e Inovação DOM Strategy Partners 2011
E-Book Estratégia e Inovação DOM Strategy Partners 2011E-Book Estratégia e Inovação DOM Strategy Partners 2011
E-Book Estratégia e Inovação DOM Strategy Partners 2011DOM Strategy Partners
 
Inovação e Estratégia Competitiva via Design Thinking
Inovação e Estratégia Competitiva via Design ThinkingInovação e Estratégia Competitiva via Design Thinking
Inovação e Estratégia Competitiva via Design ThinkingRenata Cristina Viana
 

Semelhante a Uma Ponte Frágil sobre o Abismo das Marcas: resenha crítica do livro The Brand Gap, de Marty Neumeier (20)

2009 dom review the brand gap
2009 dom review   the brand gap2009 dom review   the brand gap
2009 dom review the brand gap
 
A empresa com design
A empresa com designA empresa com design
A empresa com design
 
Publicidade e Surrealismo: Uma análise intertextual da Melting Campaign da Pe...
Publicidade e Surrealismo: Uma análise intertextual da Melting Campaign da Pe...Publicidade e Surrealismo: Uma análise intertextual da Melting Campaign da Pe...
Publicidade e Surrealismo: Uma análise intertextual da Melting Campaign da Pe...
 
Seleção de livros - Formação de lideranças
Seleção de livros - Formação de liderançasSeleção de livros - Formação de lideranças
Seleção de livros - Formação de lideranças
 
Brand Publishers - Conteúdo estratégico para marcas
Brand Publishers - Conteúdo estratégico para marcasBrand Publishers - Conteúdo estratégico para marcas
Brand Publishers - Conteúdo estratégico para marcas
 
O BRAINSTORM SEM FOCO É MESMO ÚTIL?
O BRAINSTORM SEM FOCO É MESMO ÚTIL?O BRAINSTORM SEM FOCO É MESMO ÚTIL?
O BRAINSTORM SEM FOCO É MESMO ÚTIL?
 
B2B Brand Management, Kotler
B2B Brand Management, KotlerB2B Brand Management, Kotler
B2B Brand Management, Kotler
 
Workshop Business Design Inventta
Workshop Business Design InventtaWorkshop Business Design Inventta
Workshop Business Design Inventta
 
Branding (Marca Viva) - Eduardo Braga
Branding (Marca Viva) - Eduardo BragaBranding (Marca Viva) - Eduardo Braga
Branding (Marca Viva) - Eduardo Braga
 
Miguel Morgado_Paper_B&CC_11_Março_2015
Miguel Morgado_Paper_B&CC_11_Março_2015Miguel Morgado_Paper_B&CC_11_Março_2015
Miguel Morgado_Paper_B&CC_11_Março_2015
 
Trabalho de logistica oficial 28-05
Trabalho de logistica oficial 28-05Trabalho de logistica oficial 28-05
Trabalho de logistica oficial 28-05
 
Artigo Científico - O uso da ferramenta de storytelling como estratégia de ma...
Artigo Científico - O uso da ferramenta de storytelling como estratégia de ma...Artigo Científico - O uso da ferramenta de storytelling como estratégia de ma...
Artigo Científico - O uso da ferramenta de storytelling como estratégia de ma...
 
ESPM - Palestra Inteligência de Mercado @ Shop. Vila Olímpia - 06/03/2017
ESPM - Palestra Inteligência de Mercado @ Shop. Vila Olímpia - 06/03/2017ESPM - Palestra Inteligência de Mercado @ Shop. Vila Olímpia - 06/03/2017
ESPM - Palestra Inteligência de Mercado @ Shop. Vila Olímpia - 06/03/2017
 
Marcas Gal
Marcas GalMarcas Gal
Marcas Gal
 
Global Brands in Emerging Markets
Global Brands in Emerging MarketsGlobal Brands in Emerging Markets
Global Brands in Emerging Markets
 
Marketing de guerrilha
Marketing de guerrilhaMarketing de guerrilha
Marketing de guerrilha
 
Gestão de Marcas nos Pontos de Contato com o Consumidor
Gestão de Marcas nos Pontos de Contato com o ConsumidorGestão de Marcas nos Pontos de Contato com o Consumidor
Gestão de Marcas nos Pontos de Contato com o Consumidor
 
E-Book Estratégia e Inovação DOM Strategy Partners 2011
E-Book Estratégia e Inovação DOM Strategy Partners 2011E-Book Estratégia e Inovação DOM Strategy Partners 2011
E-Book Estratégia e Inovação DOM Strategy Partners 2011
 
Inovação e Estratégia Competitiva via Design Thinking
Inovação e Estratégia Competitiva via Design ThinkingInovação e Estratégia Competitiva via Design Thinking
Inovação e Estratégia Competitiva via Design Thinking
 
Workshop Design Thinking
Workshop Design ThinkingWorkshop Design Thinking
Workshop Design Thinking
 

Mais de Heber Sales

Linguagem e subjetividade no mundo da propaganda
Linguagem e subjetividade no mundo da propagandaLinguagem e subjetividade no mundo da propaganda
Linguagem e subjetividade no mundo da propagandaHeber Sales
 
Cenário de Caos
Cenário de CaosCenário de Caos
Cenário de CaosHeber Sales
 
A Publicidade da Marca
A Publicidade da MarcaA Publicidade da Marca
A Publicidade da MarcaHeber Sales
 
Estratégias semióticas do branding
Estratégias semióticas do brandingEstratégias semióticas do branding
Estratégias semióticas do brandingHeber Sales
 
Comportamento do consumidor online no Brasil
Comportamento do consumidor online no BrasilComportamento do consumidor online no Brasil
Comportamento do consumidor online no BrasilHeber Sales
 
A Vida Social das Marcas: integrando o monitoramento e a análise de mídias so...
A Vida Social das Marcas: integrando o monitoramento e a análise de mídias so...A Vida Social das Marcas: integrando o monitoramento e a análise de mídias so...
A Vida Social das Marcas: integrando o monitoramento e a análise de mídias so...Heber Sales
 
O Desafio do Branding Cibercultural
O Desafio do Branding CiberculturalO Desafio do Branding Cibercultural
O Desafio do Branding CiberculturalHeber Sales
 
Fundamentos de marketing - uma abordagem semiótica
Fundamentos de marketing - uma abordagem semióticaFundamentos de marketing - uma abordagem semiótica
Fundamentos de marketing - uma abordagem semióticaHeber Sales
 

Mais de Heber Sales (8)

Linguagem e subjetividade no mundo da propaganda
Linguagem e subjetividade no mundo da propagandaLinguagem e subjetividade no mundo da propaganda
Linguagem e subjetividade no mundo da propaganda
 
Cenário de Caos
Cenário de CaosCenário de Caos
Cenário de Caos
 
A Publicidade da Marca
A Publicidade da MarcaA Publicidade da Marca
A Publicidade da Marca
 
Estratégias semióticas do branding
Estratégias semióticas do brandingEstratégias semióticas do branding
Estratégias semióticas do branding
 
Comportamento do consumidor online no Brasil
Comportamento do consumidor online no BrasilComportamento do consumidor online no Brasil
Comportamento do consumidor online no Brasil
 
A Vida Social das Marcas: integrando o monitoramento e a análise de mídias so...
A Vida Social das Marcas: integrando o monitoramento e a análise de mídias so...A Vida Social das Marcas: integrando o monitoramento e a análise de mídias so...
A Vida Social das Marcas: integrando o monitoramento e a análise de mídias so...
 
O Desafio do Branding Cibercultural
O Desafio do Branding CiberculturalO Desafio do Branding Cibercultural
O Desafio do Branding Cibercultural
 
Fundamentos de marketing - uma abordagem semiótica
Fundamentos de marketing - uma abordagem semióticaFundamentos de marketing - uma abordagem semiótica
Fundamentos de marketing - uma abordagem semiótica
 

Uma Ponte Frágil sobre o Abismo das Marcas: resenha crítica do livro The Brand Gap, de Marty Neumeier

  • 1. Uma Ponte Frágil sobre o Abismo das Marcas: Resenha Crítica do livro The Brand Gap, de Marty Neumeier Por @HeberSales Em The Brand Gap (2008), Marty Neumeier propõe cinco disciplinas para quem deseja superar o abismo das marcas. O livro pretende construir uma ponte entre a estratégia e o design, entre o conceito da marca e a sua execução. O autor vê, na maioria das empresas, uma "profunda separação entre áreas de estratégia e criatividade" (p. 15). Os profissionais e estrategistas de marketing não incorporam suficientemente as qualidades dos criativos. Por que é tão importante usar estas habilidades hoje em dia? Porque o consumidor mudou sua forma de julgar as ofertas, responde Neumeier. "Nós passamos a ter informações de sobra e tempo de menos. Como resultado, nosso antigo método de julgar os produtos - comparando características e benefícios - deixou de funcionar" (p. 8). Sobrecarregado pela informação, o consumidor agora apela mais para os atributos simbólicos da marca e para a confiança no produtor. Tais elementos, especialmente o último, funcionam então como atalhos para a decisão de compra. Mas onde entra o design nessa receita? Ele é, para Neumeier, o principal responsável pela estética da marca, um dos três elementos centrais na construção de uma marca altamente confiável - uma "marca carismática", para a qual as "pessoas acham que não há substituto". A estética "é a linguagem do sentimento e, numa sociedade com informação de sobra e escassez de tempo, as pessoas valorizam mais o sentimento do que a informação" (p. 19). As cinco disciplinas propostas pelo autor para atravessar o abismo da marca e desenvolver marcas carismáticas são: 1. Diferenciar 2. Colaborar 3. Inovar 4. Validar 5. Cultivar 1. Diferenciar Ater-se a um diferencial único e relevante, extendendo a marca apenas se tal movimento servir para "fortalecer o [seu] significado, acrescentando corpo e definição ao que quer que a torne diferente" (p. 46).
  • 2. Neumeier repete aqui a velha fórmula de Al Ries e Jack Trout, proposta pioneiramente nos anos 1970 em seu famoso artigo na revista Ad Age e desenvolvida no livro Positioning: The Battle for Your Mind. Justifica-a, no entanto, com dois argumentos não desenvolvidos por estes autores. O primeiro deles é um princípio da estética cognitivista: nossa visão procura diferenças perceptíveis e nossos cérebros deliciam-se com o uso magistral do contraste. O segundo, uma justificativa elaborada por estudos na área da antropologia do consumo: uma marca deve manter-se pura em sua distinção porque as pessoas hoje em dia desejam marcas que as identifiquem como parte de um clã seleto; elas estão confiando às marcas o papel de sinalizarem as fronteiras entre grupos sociais e estilos de vida. 2. Colaborar Eis um assunto incomum em livros de branding, que raramente tratam da organização interna necessária para se construir grandes marcas. Para Neumeier, o contexto atual exige um novo paradigma de gestão de marca, o paradigma da organização integrada - “grupos de empresas ‘desverticalizadas’ cooperando ao longo da cadeia de valor” (p. 62). Tal estrutura permite tirar proveito dos melhores talentos em cada projeto, evitando custos fixos desnecessários, e, ao mesmo tempo, promovendo a flexibilidade organizacional e a capacidade de rápida adaptação às mudanças ambientais. Como garantir a integração de tantos colaboradores independentes sem produzir mais burocracia? Pelo uso de protótipos. “Em vez de começar com uma série de especificações e trabalhar para encontrar um conceito, os membros da equipe podem partir direto para o conceito e depois acrescentar as especificações necessárias para sustentá-lo” (p. 69). A abordagem pode liberar a criatividade da rede de colaboradores, uma vez que se um protótipo não funcionar, pode-se descartá-lo sem maiores prejuízos e partir para uma nova aventura criativa. “Os protótipos criam um verdadeiro parque de diversões para as ideias, dando espaço para que o lado direito do cérebro realize suas mágicas” (p. 69). 3. Inovar Neumeier continua abordando processos internos ao tratar da terceira disciplina do branding: a inovação. Este seria o recurso crucial para se atravessar o abismo da marca, segundo o autor. “Não se pode ser um líder apenas seguindo os demais” (p. 76). A frase serve tanto para lembrar o imperativo da diferenciação quanto para introduzir o desafio da execução da implementação da marca, o qual exige mais intuição e perspicácia do que a nossa cultura empresarial costuma supor - e muito mais coragem também, uma vez que a tendência natural do ser humano é seguir o grupo.
  • 3. O autor recomenda que se busque soluções MAYA (Most Advanced Yet Acceptable) - Mais Avançada Porém Aceitável -, e critica, à semelhança de John Steel, a ênfase excessiva no pensamento analítico. “Enquanto os pesquisadores de mercado descrevem o mundo como ele é, as pessoas criativas descrevem como ele deveria ser” (p. 77). A abordagem representa um grande desafio para as empresas. Elas não estão acostumadas a recompensar o atrevimento, que é a principal qualidade que os consumidores esperam das marcas hoje. Como superar tal obstáculo? Ouvindo as pessoas de fora e a gente da rede de colaboradores - ou as “pessoas de dentro que pensam como as de fora” (p. 81). 4. Validar A quarta disciplina da marca trata essencialmente de como avaliar e estimular a criatividade por meio de testes. Sua premissa mais básica repousa num velho elemento do processo de comunicação: o feedback. Neumeier sugere que se encare o relacionamento com os públicos como uma performance teatral. Nos teatros, “o feedback é imediato e claro, o que permite fazer as mudanças apropriadas antes da próxima performance” (p. 102). Que tipo de teste o autor recomenda? O mais naturalístico possível e voltado para tratar um problema de cada vez. É preciso evitar a tendência dos consumidores para agirem de modo diferente quando sabem que são observados. Daí a preferência de Neumeier por entrevistas individuais diretas e pela observação etnográfica ao invés de grupos focais e de pesquisas de opinião. Ele recomenda também trocar as pesquisas quantitativas por abordagens qualitativas que ofereçam insights vibrantes. “Os estudos quantitativos, embora causem impressão, podem paralisar a análise quando as empresas tentam transformá-las em iniciativas significativas. De certa forma, todos aqueles números levam as pessoas a se concentrar em pequenos e mensuráveis progressos que não requerem muita coragem e, no final, não fazem muita diferença” (p. 113). É melhor tratar um problema de cada vez com ousadia, recorrendo a testes de conceito e de campo, que servem de “pára-raios para atrair insights” (p. 121). Ao final de tais testes, todas as “expressões de marca, de ícones a produtos”, deverão se destacar em cinco quesitos (p. 126 e 127): ● Distinguibilidade, que é a sua capacidade de se destacar das mensagens dos concorrentes; ● Relevância, que é a qualidade de ser uma solução apropriada para importantes problemas do consumidor; ● Memorabilidade, ou capacidade de marcar a memória dos públicos por muito tempo; ● Extensibilidade, que avalia se uma certa expressão da marca poderá funcionar bem
  • 4. em vários tipos de meios e suportes; ● Profundidade, que é sua capacidade de se comunicar com os públicos em vários níveis de significados e de experiência. 5. Cultivar Esta é a quinta disciplina do branding. Ao defendê-la, Marty Neumeier parece se contradizer. Na primeira das cinco disciplinas, o autor considera que a sobrevivência no longo prazo de uma marca depende da sua concentração em um significado-chave. Neste capítulo, porém, ele recomenda sacrificar a consistência da identidade da marca em prol de seu caráter vivo e dinâmico. “Projete uma personalidade tridimensional, com inconsistências e tudo o mais” (p. 133). Como conciliar essa receita com a fórmula “mantenha-a pura, mantenha-a diferente” (p. 33)? Neumeier tem uma resposta pronta: as inconsistência devem ser permitidas desde que não distorçam os atributos determinantes do diferencial-chave da marca. A cultura da marca precisa ser protegida por meio de um programa educacional disseminado sistematicamente por toda a rede criativa de colaboradores - “enquanto permanece aberta ao feedback da comunidade da marca” (p. 141). Tal programa teria como objetivo transformar a marca em uma bússola organizacional. “Porque nenhuma decisão deveria ser tomada sem antes se fazer a pergunta milionária: isso vai ajudar ou prejudicar a marca?” (p. 139). Embora o cultivo da marca envolva a atualização contínua da sua expressão, deve-se respeitar a um roteiro. “Uma marca viva é uma performance baseada na colaboração, e cada funcionário da empresa é um ator [...] cada [uma das suas ações] acrescenta profundidade e detalhe ao roteiro” (p. 136). Considerações finais The Brand Gap é um livro estimulante para quem atua profissionalmente na gestão de marcas. Resume muitas das principais ideias do debate contemporâneo sobre branding. Sua leitura é rápida, sua linguagem acessível, traz muitas orientações práticas. Pode ser uma boa alternativa para quem não tem tempo ou fôlego para mergulhar numa literatura mais acadêmica, na qual os conceitos apresentados por Neumeier estão longe de serem novidade. O caráter simbólico e tribal das marcas na sociedade do consumo tem sido discutido sistematicamente nas ciências sociais e humanas desde a década de 1960. Mais recentemente, os antropólogos Grant McCracken (2008) e Douglas B. Holt (2005) chegaram a dar um tratamento mais “executivo” aos seus estudos nessa área. O livro de Holt, em particular, oferece um ótimo contraponto ao discurso de Marty Neumeier. Em primeiro lugar, por nos ajudar a situá-lo no campo de estudos sobre branding. Depois, por
  • 5. aprofundar a metáfora da marca como roteiro cultural. Em Como as Marcas se Tornam Ícones (2005), Douglas B. Holt, compara quatro modelos de branding: ● Branding de mentalidade participativa (ou modelo cognitivo de branding), cujo argumento básico foi popularizado há 30 anos pelo livro Positioning: The Battle for Your Mind (RIES e TROUT, 1980): para se destacar num ambiente poluído por tanta informação, “uma marca deve ocupar uma posição simples e destacada na mente do comprador potencial, realçando geralmente um benefício associado à categoria do produto” (p. 31). A abordagem é plenamente desenvolvida no “modelo ‘cebola’ de branding”, que associa ao núcleo estável da oferta diversas associações de marca. ● O Branding emocional é, na verdade, uma extensão do modelo anterior. Nele, as associações de marca são comunicadas por meio de apelos emocionais, destinados a enfatizar a peronalidade da marca e “forjar uma conexão íntima com os consumidores” (p. 37). ● “O Branding viral presume que os consumidores, e não as firmas, é que exercem mairo influência [no estabelecimento significados da marca]” (p. 44). A abordagem está na moda por causa do avanço da internet em geral e das mídias sociais em particular. ● O Branding Cultural é o modelo defendido por Holt em seu livro e se aplica especialmente às marcas de identidade - mas não apenas à elas. A abordagem sugere que as marcas tornam-se ícones culturais ao contar e popularizar estórias que geram mitos de identidade capazes de responder a contradições agudas da sociedade, aliviando desejos e ansiedades dos consumidores. Holt conclama os gestores de marcas a passarem “da persuasão à construção de mitos, de associações abstratas a expressões culturais” (p. 51), “da consistência à adequação histórica” (p. 52). Em qual desses modelos se encaixa The Brand Gap? Apesar de valorizar a colaboração dos consumidores, Marty Neumeier enfatiza o enfoque e a proteção da marca. Ela deve se manter pura em sua diferença, fiel ao seu significado original. Inconsistência só devem ser admitidas se não ameaçarem os seus “atributos determinantes” (NEUMEIER, 2008, p. 134). Eis uma daclaração típica do “modelo de mentalidade participativa”, uma premissa muito diferente da adequação histórica sugerida por Holt em seu modelo de branding cultural: “os modelos convencionais presumem que administrar uma marca seja vigiar” - descobrir a verdadeira essência da marca e sustentá-la a todo custo -, quando, na verdade, para gerar identidade de valor e preservar sua condição de ícone uma marca precisa ajustar seu mito “às mais graves tensões sociais da nação” (HOLT, 2005, p. 52 e 53). O livro de Neumeier responde ao crescente interesse pelo branding viral em duas passagens, mas não é, de modo algum, um legítimo representante dessa escola. Ao insistir na importância do feedback, o autor propõe um novo modelo de comunicação que funcione como um plano para uma revolução, transformando o marketing “num esporte de contato e os espectadores em participantes” (p. 103). Mais adiante, ao tratar do cultivo da marca, insinua a importância dos boca-a-boca: “as pessoas lêem o roteiro de acordo com suas experiências com a empresa
  • 6. e com comunicações e depois contam a sua versão para outros” (p. 136). Logo, porém, opta por defender um programa de proteção da marca contra os riscos da “evaporação” de seus significados (p. 140 e 141), abstendo-se de explorar toda a riqueza e as contradições das “mediações de marca” (SEMPRINI, 2006, p. 183), da “cultura participativa” (JENKINS, 2009, p. 30 e 187) e da “co-autoria” do mito da marca (HOLT, 2005, p. 190). The Brand Gap liga-se ainda mais erraticamente ao modelo de branding emocional. As menções ao caráter emotivo da marca são secundárias e episódicas, sem nenhuma elaboração teórica. Neumeier prefere se concentrar, mesmo que superficialmente, naquele que é para ele o último estágio da evolução do marketing: marcas como meios de “identificação tribal” (p. 38). Esse breve cotejo entre as ideias de Marty Neumeier e a tipologia de modelos de branding proposta por Holt, serve para situar The Brand Gap na genealogia dos estudos sobre marcas. Trata-se de um legítimo representante de uma escola de pensamento muito tradicional, que tem mais de 30 anos de elaboração, a escola do branding cognitivo. Sua abordagem é temperada, no entanto, por discursos mais atuais, que tentam responder às novas condições impostas às marcas pelo ambiente de negócios contemporâneo. Daí talvez ter se transformado em um best-seller, pois é sempre mais fácil lidar com o inusitado apelando para ferramentas conceituais que já dominamos. Referências HOLT, Douglas B. Como Construir Marcas Ícones. São Paulo: Cultrix, 2005. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009. McCRACKEN, Grant. Culture and Consumption II: Marketing, Meanings, and Brand Management. Bloomington: Indiana University Press, 2005. NEUMEIER, Marty. The Brand Gap = O abismo da marca: como construir a ponte entre a estratégia e o design. Porto Alegre: Bookman, 2008. RIES, Al e TROUT, Jack. Positioning: The Battle for Your Mind. New York: McGraw-Hill, 1980. SEMPRINI, Andrea. A Marca Pós-Moderna: Poder e Fragilidade da Marca na Sociedade Contemporânea. São Paulo: Estação das Letras, 2006. STEEL, John. A arte do planejamento - verdades, mentiras e propaganda. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001.