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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE SANTA CATARINA
CLARISSA DA ROSA SPINELLO
DOS QUADRINHOS PARA A TELEVISÃO. ESTUDO DE CASO: THE
WALKING DEAD
SÃO JOSÉ, 2011.
1
CLARISSA DA ROSA SPINELLO
DOS QUADRINHOS PARA A TELEVISÃO. ESTUDO DE CASO: THE
WALKING DEAD
Monografia apresentada à disciplina de Projeto
Experimental II, para o curso de Comunicação
Social com Habilitação em Publicidade e
Propaganda da Faculdade Estácio de Sá de
Santa Catarina.
Professores Orientadores:
Conteúdo: Diego Moreau, Mestre.
Metodologia: Grasiela Schmitt, Especialista.
SÃO JOSÉ, 2011.
2
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S757q SPINELLO, Clarissa da Rosa.
Dos quadrinhos para a televisão: estudo de caso – The
Walking Dead./ Clarissa da Rosa Spinello. – São José, 2011.
145 f. ; il. ; 31 cm.
Trabalho Monográfico (Graduação em Comunicação Social
com Habilitação em Publicidade e Propaganda) – Faculdade
Estácio de Sá de Santa Catarina, 2011.
Bibliografia: f. 138 – 144.
1. Televisão. 2. Quadrinhos. 3. Violência. I. Título.
CDD 791.43
3
FOLHA DE APROVAÇÃO
4
Dedico este trabalho aos meus pais.
5
AGRADECIMENTOS
Depois de muitas batalhas e corridas de zumbis, conheci muitas pessoas especiais
que me ajudaram a chegar até aqui. Pessoas que nesses quatro anos só acrescentaram tanto na
minha vida pessoal quanto na minha vida profissional.
A minha eterna gratidão aos meus pais, Cleusa e Eddie, que em toda a minha vida
me apoiaram nas minhas escolhas e me deram uma vida cheia de amor e conhecimentos. Cada
um a sua maneira se impulsionaram para que eu chegasse até aqui e me tornasse a pessoa que
sou hoje. Especialmente a minha mãe, por me dar todo o suporte que eu precisada nos
momentos de nervosismo e estresse durante a minha faculdade.
A minha família por sempre me incentivarem em tudo que eu faço. Principalmente
ao meu avô, João Carlos, que infelizmente não está aqui para presenciar esse momento tão
importante na minha vida.
Agradeço ao meu namorado, José Jorge, por me aguentar nesses seis meses de
correria, em nenhum momento deixou eu me abalar e desistir dos meus sonhos. Por estar
sempre presente nos momentos mais importantes para mim, tendo paciência nos momentos
que estive ausente por conta do desenvolvimento deste trabalho e por me apoiar na minha
louca idéia de falar de zumbis.
Aos meus amigos que conquistei durante a faculdade.
Ao meu querido Bat-orientador Diego Moreau, que embarcou a minha idéia desde o
começo me ajudando e norteando para que eu fosse capaz de realizar este trabalho. Ele me
apoiou e atendeu sempre que eu buscava pela sua ajuda. Ainda seus elogios que só me
fizeram seguir em frente, fazendo dele uma pessoa muito importante para mim.
A minha professora de metodologia, Grasiela, por me dar tanta atenção, corrigindo
meu trabalho nos mínimos detalhes fazendo dele o mais perfeito possível.
A Robert Kirkman por criar uma história tão fascinante e envolvente me dando um
super assunto para estudar e Frank Darabound por dar vida a esses personagens maravilhosos
que vivem nesse mundo apocalíptico.
E ao meu querido Xbox por me proporcionar momentos de relaxamento e
divertimento em meio a tudo isso.
6
“É uma verdade universalmente aceita que um zumbi,
uma vez de posse de um cérebro, necessita de mais
cérebros”.
Seth Grahame-Smith
7
RESUMO
A primeira vez que se ouviu falar sobre zumbis foi em um pequeno artigo jornalístico
produzido por Lafcadio Hearn, que o intitulou de “The Country of the Comers-Back”, ou
traduzindo “A terra dos que voltam”. Mas foi com o livro “A Ilha da Magia” de Willian
Seabrok que os zumbis viraram uma febre nos EUA. O filme White Zombie (1932) de Victor
e Edward Halperin foi a produção que trouxe a fama para esses monstros, porém como muitas
pessoas não tinham grandes conhecimentos sobre o assunto, os mortos-vivos chegaram a ser
deixados de lado por muitos anos. Até o lançamento do filme de George Romero, “A Noite
dos Mortos-Vivos” em 1968. Esta produção foi a referência de praticamente todas as obras
produzidas até agora sobre zumbis. Dando interesse e criatividade a Robert Kirkman para
criar a série de histórias em quadrinho, The Walking Dead. A HQ traz a realidade de um
grupo de pessoas que tenta sobreviver ao apocalipse zumbi. Sendo focada especialmente no
dia-a-dia dos sobreviventes, em como é a vida depois que a infestação já havia se espalhado
pelo mundo. Ele aborda assuntos éticos e morais de até que ponto o ser humano é capaz de ir
para se proteger e a quem ama, mostrando que o homem pode ser mais perigoso do que os
próprios zumbis. O estudo tem como objetivo identificar as adaptações que foram feitas para
que se conseguisse levar a história de Kirkman para a televisão, levantando os aspectos que
foram relevantes e os que foram deixados de lado, se tornando a primeira série de longa
duração sobre zumbis. Sendo dirigida por Frank Darabound que teve toda a sua inspiração
não só na HQ, mas também no clássico de Romero. Para a comprovação do estudo foram
utilizadas as pesquisa exploratórias, bibliográficas e descritiva, além do uso da técnica de
observação não-participante, abordagem qualitativa e o método indutivo que possibilitaram a
resposta do problema de pesquisa.
Palavras-chave: Zumbis. Violência. Televisão.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1: Processo de comunicação ....................................................................................19
Ilustração 2: Estereótipos dos quadrinhos ................................................................................31
Ilustração 3: Linhas e iluminação: estereótipos dos quadrinhos ..............................................31
Ilustração 4: Uma das histórias de Yellow Kid publicadas no New York Journal ..................32
Ilustração 5: Selo comemorativo, lançado em 1995 nos EUA, com Dick Tracy de Chester
Gould ........................................................................................................................................34
Ilustração 6: Capa da Action Comics 01. A estréia do Superman nos quadrinhos ..................35
Ilustração 7: Surge o Cavaleiro das Trevas: Batman de Bob Kane..........................................37
Ilustração 8: Capitão América dando um soco em Hitler.........................................................38
Ilustração 9: O aparecimento do novo Flash ............................................................................41
Ilustração 10: O Homem-Aranha .............................................................................................43
Ilustração 11: White Zombie de 1932 ......................................................................................55
Ilustração 12: Olhos de Lugosi – White Zombie......................................................................56
Ilustração 13: Shot in the Rick - The Walking Dead................................................................62
Ilustração 14: Zombies in Caffeteria – The Walking Dead......................................................63
Ilustração 15: Don't open - The Walking Dead........................................................................64
Ilustração 16: Garota da bicicleta - The Walking Dead ...........................................................67
Ilustração 17: Hot Bath - The Walking Dead...........................................................................68
Ilustração 18: Gunshot - The Walking Dead............................................................................70
Ilustração 19: God forgive us - The Walking Dead..................................................................72
Ilustração 20: Rick e Glenn - The Walking Dead ....................................................................74
Ilustração 21: Hey, dumass! - The Walking Dead....................................................................75
Ilustração 22: Welcome to my world - The Walking Dead......................................................76
Ilustração 23: Rick's ring - The Walking Dead ........................................................................78
Ilustração 24: She love's mermaid - The Walking Dead ..........................................................80
Ilustração 25: Walkers – The Walking Dead............................................................................82
Ilustração 26: Merle and zombies - The Walking Dead...........................................................85
Ilustração 27: Family - The Walking Dead ..............................................................................86
Ilustração 28: Rick and Lori - The Walking Dead ...................................................................88
Ilustração 29: Dale and Rick - The Walking Dead...................................................................90
Ilustração 30: Zombie - The Walking Dead .............................................................................92
9
Ilustração 31: Zombie 2 - The Walking Dead ..........................................................................94
Ilustração 32: Shane and Ed - The Walking Dead....................................................................96
Ilustração 33: Merle's Hand - The Walking Dead....................................................................97
Ilustração 34: Rick and Glenn in Atlanta - The Walking Dead................................................99
Ilustração 35: Carl -The Walking Dead..................................................................................101
Figura 36: Amy's death - The Walking Dead.........................................................................102
Ilustração 37: Daryl - The Walking Dead ..............................................................................104
Ilustração 38: Surviving - The Walking Dead........................................................................105
Ilustração 39: Shane and Jim - The Walking Dead ................................................................107
Ilustração 40: Guns - The Walking Dead ...............................................................................108
Ilustração 41: Amy's birthday - The Walking Dead...............................................................109
Ilustração 42: Bite - The Walking Dead.................................................................................110
Ilustração 43: Rick Shooting - The Walking Dead.................................................................111
Ilustração 44: Amy's death - The Walking Dead....................................................................111
Ilustração 45: Dale and Andrea - The Walking Dead ............................................................113
Ilustração 46: Jim's death - The Walking Dead......................................................................114
Ilustração 47: Zombie bited - The Walking Dead..................................................................115
Ilustração 48: Amy and Andrea - The Walking Dead............................................................117
Ilustração 49: Target - The Walking Dead .............................................................................119
Ilustração 50: Bye Jim - The Walking Dead ..........................................................................120
Ilustração 51: Transmission - The Walking Dead..................................................................121
Ilustração 52: Jenner - The Walking Dead .............................................................................122
Ilustração 53: CDC - The Walking Dead ...............................................................................123
Ilustração 54: Save - The Walking Dead................................................................................125
Ilustração 55: Brain zombie - The Walking Dead..................................................................128
Ilustração 56: Shane and Jenner - The Walking Dead............................................................129
Ilustração 57: Explosion - The Walking Dead .......................................................................130
Ilustração 58: Shane's death - The Walking Dead..................................................................132
Ilustração 59: The Walking Dead...........................................................................................135
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................11
1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................12
1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................................13
1.2.1 Objetivo geral.................................................................................................................13
1.2.2 Objetivos específicos......................................................................................................13
1.3 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................13
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO.......................................................................................14
2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................16
2.1 COMUNICAÇÃO..............................................................................................................16
2.2 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO ..............................................................................18
2.2.1 Comunicação verbal......................................................................................................20
2.2.2 Comunicação não verbal...............................................................................................22
2.3 COMUNICAÇÃO DE MASSA.........................................................................................23
2.3.1 Meios de comunicação de massa ..................................................................................24
2.4 TELEVISÃO ......................................................................................................................25
2.5 HISTÓRIAS EM QUADRINHOS.....................................................................................29
2.5.1 História das histórias em quadrinhos..........................................................................32
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .....................................................................46
4 ANÁLISE DE DADOS........................................................................................................50
4.1 VOLTANDO DOS MORTOS ...........................................................................................50
4.2 HOLLYWRAAAAAR.......................................................................................................54
4.3 UM BANQUETE PARA SEU CÉREBRO .......................................................................60
5 CONCLUSÃO....................................................................................................................136
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................138
ANEXO A – Declaração de responsabilidade....................................................................144
11
1 INTRODUÇÃO
Nos dias de hoje as Histórias em Quadrinhos estão ganhando cada vez mais destaque
em livrarias, conquistando novos adeptos e fãs desse meio. Mas este cenário nem sempre foi
assim.
De acordo com Moreau (2007), os quadrinhos sofreram muito preconceito por serem,
por décadas, vendidos a preços baixos e em qualquer banca de revistas. Nos EUA, seu país
criador, eles são chamados de Comics, sendo vistos como quadrinhos humorísticos e para
crianças, o que o desvalorizava ainda mais. Foi ainda necessário à criação de uma nova
categoria, chamada Graphic Novel para classificar os quadrinhos com temáticas sérias. No
Brasil, ainda é dito como Quadrinhos Adultos, deixando subentendido essa pré-disposição de
se ter quadrinhos como algo para crianças e sem capacidade para produção de conteúdos
relevantes.
Ainda as HQs sendo bem trabalhadas, conseguem quebrar as barreias da escrita,
assim como os livros, e envolver o leitor, dando vida tanto a história quanto aos personagens
nela envolvido, fazendo a mesma ganhar sentido.
Elas veem provando o contrário, que podem ter muito conteúdo e criatividade, a
partir do momento que Hollywood as busca para adaptar nas as telas.
De acordo com dados da revista Mundo Estranho, em 1968, quando George A.
Romero filmou o clássico A Noite dos Mortos-Vivos, os zumbis viraram uma grande febre,
dando origem a diversos livros, filmes e historias em quadrinhos, e mais recentemente a séries
de televisão.
Assim, em 2003 surge, escrito por Robert Kirkman, a série de quadrinhos The
Walking Dead, pela editora „Image Comics‟.
Ele conta a história de Rick, um policial que foi alvejado durante um turno de
trabalho e acaba entrando em coma. Ao acordar, percebe que as coisas já não são mais as
mesmas, o mundo mudou. As pessoas estavam diferentes, rastejavam procurando por um
delicioso cérebro por todo canto. Desesperado, Rick vai até sua casa, em busca de sua esposa
e filho, mas nada encontra, a não ser uma casa revirada e saqueada. Mas apesar dos fatos não
perde as esperanças e começa uma luta pela sobrevivência num mundo que cheira a morte.
Tema que virou febre rapidamente, a série e os quadrinhos retratam o mundo após o
“dia Z” e a vida dos que sobreviveram, do que elas são capazes de fazer e das decisões que
podem vir a custar uma vida.
12
Além da clara carnificina que é retratada na série, existem pontos importantes que
são relatados no decorrer da história, como os conflitos relacionados à busca incessante pelo
poder, traição conjugal, tentativas de sobrevivência, dentre outras questões que podem levar
os temas a discussões sociais.
Os zumbis, hoje, fazem parte da vida das pessoas, e mesmo que os achem nojentos,
ainda sim insistimos em ver características deles dentro da sociedade. O assunto está tão
presente na vida real, que órgãos de influência como o Centro de Controle e Prevenção de
Doenças (CDC), dos EUA, andaram falando sobre eles (como uma brincadeira) com certo
toque de seriedade, caso o apocalipse realmente viesse a acontecer.
Este projeto consiste em apresentar uma revisão crítica sobre a adaptação do mundo
lúdico das histórias em quadrinhos para a televisão, com ênfase na análise minuciosa da obra
literária e televisiva, The Walking Dead – Days Gone Bye e The Walking Dead,
respectivamente, no intuito de verificar a existência de paralelos entre a HQs e a série, ainda
evidenciando onde a história sobre a ruptura de sequência.
1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA
Os zumbis são tema de diversos filmes, livros e HQ, mas até então não tinha sido
tema para uma série de televisão. A série de quadrinhos de The Walking Dead, logo quando
foi lançada, não fez tanto sucesso, mas conquistou a população com o seu enredo ao passar do
tempo. Em outubro de 2010, ganhou sua tão esperada versão para série de televisão. Em sua
primeira temporada, possuiu seis episódios contemplando o enredo do primeiro volume do
quadrinho.
A série é baseada na obra de Robert Kirkman, The Walking Dead, e capta todo o
mundo no qual a história em quadrinhos envolve o leitor, seguindo o seu enredo até o final do
sexto episódio, onde é tomado um foco diferente do quadrinho. Assim a pergunta da pesquisa
será: Como se deu a adaptação do universo dos quadrinhos para séria de televisão The
Walking Dead?
13
1.2 OBJETIVOS
Neste capitulo serão apresentados os objetivos que justificaram a escolha do tema
que será abordado e toda a pesquisa realizada para este trabalho. Seguindo uma linha lógica
onde as informações estudadas servirão de base para o objeto de estudo.
1.2.1 Objetivo geral
Analisar a adaptação do universo e da linguagem de The Walking Dead dos
quadrinhos para a série de televisão.
1.2.2 Objetivos específicos
a) Realizar o levantamento do surgimento da lenda dos zumbis;
b) Levantar a trajetória dos zumbis por Hollywood;
c) Realizar um resumo das obras, abordando seus pontos divergentes;
d) Analisar do ponto de vista semiótico, a adaptação do quadrinho para a série de
televisão The Walking Dead;
1.3 JUSTIFICATIVA
A história em quadrinhos, The Walking Dead, conta a história de um grupo de
pessoas que tenta sobreviver num mundo que é infestado por zumbis. Mostra o universo
imaginário de como seria após um apocalipse zumbi, além disso, também trabalha assuntos
fortes baseados em conflitos sociais que podem levantar críticas sociais ao decorrer da
história.
14
Assim, a série, trazida pela FOX, ao Brasil, foi considerada de grande sucesso no ano
que foi lançada e possui apenas seis episódios, que formam a primeira temporada.
Para a acadêmica, que é fã de histórias em quadrinhos e séries de televisão, visualizo
ótima oportunidade de falar sobre um tema novo atual e dinâmico que envolve duas de
grandes paixões. Ainda a possibilidade de tratar sobre temas cotidianos e valores reais,
levados para um contexto diferente do que estamos acostumando vivenciar, traçando um
paralelo com o crescimento do meio HQ.
Os quadrinhos estão sendo vistos como um meio em ascensão, eles tendem a ganhar
cada vez mais força dentro do mercado, não apenas com o público geek, mas com toda a
população. Tendo em vista que, diversas histórias já foram adaptadas para as telas, fizeram
com que os quadrinhos ganhassem força, sucesso e reconhecimento em pouco tempo. Visto
que as HQs e as séries de televisão são dois meios em ascensão, são ótimos objetos de estudo,
que poderão ser mais aproveitados como mídias, pelo ponto de vista publicitário.
O tema trabalhado é visto como importante para a sociedade, pois possibilita o
conhecimento de novos assuntos e culturas. Traz o mundo lúdico dos quadrinhos e ajuda
também a transformar as HQs em um meio com maior visibilidade no mercado.
Sabendo que os quadrinhos ainda sofrem muitos preconceitos por serem vistos como
algo para crianças, o trabalho se torna relevante quando trata de mostrar como essa
visibilidade que a televisão consegue transmitir sobre programa traz credibilidade ao meio em
questão.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho será constituído em cinco capítulos, que se completaram ao longo deste
processo.
Neste primeiro capítulo é realizada a introdução, onde é exposto um breve texto para
apresentar o tema que será trabalhado ao longo dos próximos tópicos, o tema da pesquisa que
será abordado, neste trabalho, da história em quadrinhos The Walking Dead e o problema
proposto que será a analise da adaptação da HQs para a televisão. Ainda serão apresentados
os objetivos (geral e os específicos) que serão estudados, além da justificativa pelo tema e a
estrutura que o mesmo possuirá.
15
O segundo capítulo é feito o embasamento teórico com uma revisão de literatura,
servindo de suporte e subsidio para o desenvolvimento do estudo. Serão abordados conceitos
de comunicação, como funciona o seu processo, significados, formas de se comunicar
(comunicação verbal e não verbal), os meios de comunicação de massa, focando em televisão
e meio impresso (quadrinhos).
No terceiro capítulo são evidenciados os procedimentos metodológicos usados para a
realização dos capítulos 2 e 4, com o intuito de apresentar de que maneira foram obtidas as
informações necessárias para a construção da revisão de literatura e da análise do objeto.
No quarto capítulo, chamado de analise de dados, será onde o acadêmico apresentará
a analise realizada sobre o problema proposto, assim realizando pesquisas sobre as histórias
de terror e a sua entrada na cultura americana.
No quinto e último capítulo é apresentada a conclusão do estudo, onde se pontuam as
repostas para o problema e os objetivos sugeridos para este trabalho, além de sugerir temas
para pesquisas futuras.
16
2 REVISÃO DE LITERATURA
O tema proposto trabalha dois tipos de mídia pouco explorados no mundo da
publicidade, porém hoje as histórias em quadrinho vêm ganhando um espaço maior dentro da
sociedade. Assim as séries de televisão também estão cada vez mais fortes, utilizando de
historias com temas polêmicos e interessantes, conseguem atingir não apenas o público para o
qual a HQ foi escrita, mas sim uma fatia do mercado que não é adepta a esse meio.
Para iniciar o estudo relacionado às adaptações dos quadrinhos para as telas, é
necessário entender o funcionamento da comunicação relacionada aos meios envolvidos na
análise.
2.1 COMUNICAÇÃO
A comunicação sempre se encontra presente na vida dos seres humanos de todas as
formas possíveis, mesmo que muitas vezes não veja percebida. Ela é praticada pelos homens
desde os tempos das pré-escolas, onde as crianças são estimuladas a utilizar dos desenhos para
se expressarem melhor.
Comunicação vem no latim communis, comum. Quando comunicamos, procuramos
estabelecer uma “comunidade” com alguém. Vale dizer que, estamos nos esforçando
por oferecer participação numa informação, numa ideia ou numa atitude. Neste
momento, procuro comunicar a vida a ideia de que a essência da comunicação é
obter receptor e emissor “sintonizados” em relação a determinada mensagem.
(SCHRAM, 1955 apud PENTEADO, 1986, p. 33, grifo do autor).
É visto que toda comunicação tem como objetivo transmitir uma mensagem, mas sua
meta principal é persuadir o receptor. Segundo Berlo (1999), a comunicação é conceituada
dentro do dualismo em que ela se baseia. Mente-alma são alvos na hora de comunicar algo,
um lidando com a natureza intelectual e o outro com o emocional. Sem a prática da
comunicação as pessoas viveriam em um mundo fechados em si mesmos, mas devido à
comunicação é possível compartilhar experiências, pensamentos, sentimentos, sabedoria, de
toda a realidade onde estamos inseridos.
Partindo desse princípio, Melo (1998, p. 20, grifo do autor) diz que a comunicação:
17
é o estudo do comunicador, suas intenções, sua organização, sua estrutura
operacional, sua história, suas normas éticas e jurídicas, suas técnicas produtivas. É
o estudo da mensagem e do canal, seu conteúdo, sua forma, sua simbologia, suas
técnicas de difusão. É o estudo do receptor, suas motivações, suas preferencias, suas
reações, seu comportamento perceptivo. É o estudo das fontes, sua sistemática para
a recuperação de informações. É, enfim, o estudo dos efeitos produzidos pela
mensagem junto ao receptor, a partir das intenções do comunicador.
Assim de acordo com a afirmação de Melo (1998), entende-se a comunicação como
parte vital para a vivência social, sendo que a partir dela as pessoas são capazes de além de se
comunicar, se compreenderem, podendo absorver novas ideias, conceitos, aprender sobre
valores morais, entendendo como funciona a dinâmica do grupo, tudo que foi criado pelo
homem e passado de pessoa a pessoa usando a comunicação como instrumento. Isto é
complementado por Bordenave (1982, p.17) dizendo que “a comunicação foi o canal pelo
qual os padrões de vida de sua cultura foram-lhe transmitidos, pelo qual aprendeu a ser
“membro” de sua sociedade”.
Partindo deste princípio e seguindo o pensamento de Penteado (1986) compreende-
se que a comunicação é tida através da compreensão de idéias “em comum”. O maior objetivo
é o entendimento entre os homens.
Mas ela necessita ser adaptada ao meio em que é inserida, as características de cada
região deve ser levada em consideração, pois precisa haver um entendimento básico entre
comunicador e receptor. Confirmando o fato pela afirmação de Torquato (2002) onde o autor
cita a importância da fabricação de um carro sendo que é necessário levar em consideração o
gosto dos consumidores de acordo com cada país.
A importância da comunicação é confirmada por Berlo (1999) quando diz que a
comunicação é tão importante que, uma pesquisa realizada entre norte-americanos comuns,
mostrou que 70% do seu tempo livre, é utilizado para se comunicar verbalmente, sendo ela
ouvindo, falando, lendo ou escrevendo, sendo ele que é utilizando cerca de 11 horas diárias
nos comunicando.
Mas é importante salientar que a comunicação ultrapassa a estrutura da comunicação
oral e escrita, segundo o estudo de Vanoye (1998, apud FERNANDES, 2010, p. 18),
“comunicação que pode ser feita de formas não verbais como em desenhos humorísticos
(charges), por exemplo, que muitas vezes a situação ilustrada por si só já é o suficiente”.
Sendo assim, a partir desta explanação sobre o que é a comunicação, é necessário
compreender como ela é composta e como se dá o processo de transmissões de mensagens.
18
2.2 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
A comunicação depende de um resultado, ela é um efeito obtido através da
transmissão de uma mensagem. Nesse processo sempre há a intencionalidade de partilhar
algo, seja de consenso das partes, ou informações novas que acrescentem o conhecimento a
ambos. Segundo Gomes (1997, p. 13), “[...] vê-se que sempre há alguém (sujeito) que diz
alguma coisa (mensagem) para alguém (o destinatário)”.
Envolve necessariamente pelo menos duas pessoas, aquela que fala (o emissor) e
aquela a quem se fala (o receptor). No processo de comunicação, o significado é
transmitido entre dois participantes. Mas não pode ser transmitido em abstrato, tem
que estar materializado em algum código. (VESTGAARD; SCHRODER, 2000, p.
15).
A partir disso, Berlo (1999) fala sobre a Retórica, onde Aristóteles diz que devemos
olhar para três aspectos da comunicação: quem fala o discurso e a audiência. Assim pode-se
dividir o discurso em três aspectos fundamentais: a) Quem transmite, b) O discurso, c) Quem
ouve.
Uma mensagem não é transmitida por acaso. Há um motivo pelo qual ela foi pensada
e passada. Segundo Penteado (1986), não há um efeito, sem uma causa. É necessário um
estímulo para que o transmissor emita aquela mensagem. A partir disso, ele associa o que o
estimulou, forma a idéia sobre o assunto, levando o indivíduo a uma experiência anterior que
por fim se expressa.
Essa idéia pode ser expressa de diversas formas, de acordo com Vanoye (1998, p. 1):
existem vários tipos de comunicação: as pessoas podem comunicar-se pelo código
Morse, pela escrita, por gestos, pelo telefone, etc.; uma empresa, uma administração,
até mesmo um Estado podem comunicar-se com seis membros por intermédio de
circulares, cartazes, mensagens radiofônicas ou televisionadas.
Mas é necessário que ambas as partes se entendam para que haja sucesso no
processo. A comunicação humana exige três elementos principais: o transmissor, o receptor e
a mensagem. E o transmissor e o receptor necessitam ter conhecimentos parecidos para
conseguir se entender (SANT‟ANNA, 1998). Para Penteado (1986), a comunicação humana,
se estabelece através de uma compreensão, onde as pessoas expressam as idéias, imagens que
têm em comum, e com o princípio básico de obter o entendimento necessário para que ambos
19
mutuamente possam se comunicar. Pois a comunicação só é pertinente na existência de
símbolos, em alguns casos sons, que tenham um significado em comum para os indivíduos
envolvidos a este processo de se comunicar.
Berlo (1999) descreve como útil e coerente com a opinião de Aristóteles o modelo
Shannon-Weaver com relação ao processo de comunicação humana. Eles afirmam que nos
ingredientes da comunicação se incluem: a) a fonte, b) o transmissor, c) o sinal, d) o receptor
e e) o destinatário.
Tendo conhecimento sobre os elementos da comunicação, segundo Vanoye (1998), o
emissor é aquele que transmite a mensagem para algo ou alguém. É o ponto de partida do
processo. Ainda Berlo (1999) apresenta o emissor como fonte de informações, dado que uma
vez visto que segundo Poiares (1974), “toda comunicação é informação”. Mas ninguém se
comunica sozinho.
É necessária a existência de dois elementos (emissor e receptor) para o processo de
comunicação se completar. O receptor de acordo com Berlo (1999) é como um ouvinte, se
encaixando nas mesmas características descritas pelo modelo feito por Aristóteles. Já Vayone
(1998, p. 2) concluí que:
o receptor ou destinatário é o que recebe a mensagem; pode ser um individuo, um
grupo, ou mesmo um animal ou uma maquina (computador). Em todos estes casos, a
comunicação só se realiza efetivamente se a recepção da mensagem tiver uma
incidência observável sobre o comportamento do destinatário (o que não significa
necessariamente que a mensagem tenha sido compreendia: é preciso distinguir
cuidadosamente recepção de compreensão).
Quando se trata da mensagem, Berlo (1999, p. 30) afirma que “na comunicação
humana, a mensagem existe em forma física – a tradução de idéias, objetivos e intenções num
código, num conjunto sistemático de símbolos”.
Dada a explanação sobre os elementos que compõe a comunicação, vê-se um modelo
básico, dado por Penteado (1986) sobre a cronologia do processo.
Ainda de acordo com Penteado (1986), a comunicação humana depende inicialmente
da atenção. A atenção que o receptor possui ao ouvir os sons que o emissor venha a articular,
Emissor Codificador Mensagem Canal Decodificador Receptor
Ilustração 1: Processo de comunicação
Fonte: Adaptado de Penteado (1986).
20
desperta a atenção de seu cérebro dando a esses sons um significado, que se transformam em
palavras.
Penteado (1986) ainda diz que a comunicação humana, se estabelece através de uma
compreensão, onde as pessoas expressam as idéias, imagens que têm em comum, e com o
principio básico de obter o entendimento necessário para que ambos mutuamente possam se
comunicar, pois a comunicação só é pertinente na existência de símbolos, em alguns casos
sons, que tenham um significado em comum para os indivíduos envolvidos a este processo de
se comunicar.
A partir disto Carvalho (1980) afirma que o código é um conjunto de signos, que
juntos formam uma mensagem. É a combinação de diversos signos que, juntos, fazem sentido
tanto para o emissor, quanto para o receptor.
Desta forma, os signos são base de estudo para o próximo tópico apresentado.
2.2.1 Comunicação verbal
O ser humano utiliza de diversas ferramentas para se comunicar, como foi visto do
tópico anterior, os signos podem ser dos mais diversos. Uma mensagem não precisa ser
necessariamente falada para ser transmitida. De acordo com Bordenave (1982), por muito
tempo houve discussões sobre como se deu o processo de fala humana, uns acreditavam que
vieram de imitações de sons vindos da natureza, outros acreditam que de exclamações
espontâneas como “ai”, quando uma pessoa se fere, seja qual tenha sido a forma, o fato é que
o homem encontrou uma maneira de associar um determinado som ou gesto a uma
determinada ação ou objeto. Fazendo com que surgissem os signos, significados e suas
significações.
De acordo com Vanoye (1998, p. 2) a comunicação pode ser dar de diversas formas:
[...] o canal de comunicação utilizado, pode-se empreender uma primeira
classificação das mensagens:
- as mensagens visuais, que recorrem à imagem (mensagens “icônicas”: desenhos,
fotografias) ou aos símbolos (mensagens simbólicas: a escrita ortográfica);
- as mensagens sonoras: palavras, músicas, sons diversos;
-as mensagens tácteis: pressões, choques, trepidações, etc.;
-as mensagens olfativas: perfumes, por exemplo;
-as mensagens gustativas: temperos “quentes” (apimentado) ou não...
21
Esta afirmação de Vanoye (1998) dá uma noção dos aspectos envolvidos na
comunicação humana, desde a infância aprendemos formas de se comunicar e praticamos
esses ensinamentos diariamente. Segundo Berlo (1999), o comportamento humano perante
esses aspectos são tão comuns e habituais que o homem não percebe o quanto se consegue
manipular as coisas ao redor com o poder da comunicação.
Da comunicação oral, entende-se sua forma morfológica que, segundo Vanoye
(1998):
a comunicação oral „passa‟ do aparelho fonador humano ao ouvido humano. Esta
passagem compreende três aspectos: - um aspecto fisiológico, vinculado ao estudo
da sensibilidade ás variações de frequência (de altura), de intensidade e de
periodicidade das ondas sonoras. Sem entrar em detalhes, diremos que existem
limites, além ou aquém dos quais a percepção fica confusa; -um aspecto
psicolinguístico, vinculado ao estudo da língua enquanto conjunto de segmentos
conhecidos e reconhecidos; receber uma mensagem oral é o mesmo que categorizar
seus componentes gramaticais, semânticos, simbólicos, estilísticos; esta
categorização se dá a partir da cultura e da experiência do receptor, em suma, de
seus hábitos;- um aspecto psicológico, vinculado aos problemas de atenção e de
personalidade. (VANOYE, 1998, p. 211, grifo do autor).
No mesmo entendimento, Berlo (1999) acrescenta que para constituir uma
comunicação verbal é necessário fazer uso de cinco habilidades: duas codificadoras, “a escrita
e a palavra”; duas decodificadoras, “leitura e audição”; e a última não menos importante, e
sim crucial, é o pensamento ou raciocínio, o pensamento é a linha essencial para manter a
codificação de uma mensagem.
Para que se comunicar, às vezes um simples gesto basta, para transmitir a
mensagem desejada. Segundo Dimbley e Burton (1990), a comunicação engloba tudo de
tenha um significado de transmitir ou receber uma determinada mensagem. A linguagem
escrita foi a primeira a ser utilizada pelo homem para transmitir suas mensagens. Tinha-se em
vista que a comunicação oral tinha um problema de alcance, pois ela não se propagava a
grandes distancias. Assim com a invenção da escrita, esse problema foi resolvido, dando mais
importância e significado para as mensagens não verbais.
a linguagem escrita evoluiu a partir dos pictogramas, signos que guardam
correspondência direta entre a imagem gráfica (desenho) e o objeto representado. O
desenho de uma mulher significava isso mesmo, mulher; O desenho de um sol
significava o sol, e assim por diante. Os hieróglifos do antigo Egito são um exemplo
de escrita pictográfica. Chegou um momento em que o homem sentiu-se
demasiadamente limitado pela necessidade de que a cada signo correspondesse um
objeto. Passou então a usar signos não para representar objetos, mas para representar
uma idéia. (BORDENAVE, 1982 p. 26, grifo do autor).
22
Compreendendo o processo de surgimento e adaptações da comunicação verbal se
tornam necessário o entendimento da comunicação não verbal, pois apesar de diferentes, se
acompanham em diversos meios.
2.2.2 Comunicação não verbal
As HQs são uma combinação de comunicação verbal e não verbal. Assim,
Bordenave (1982) tem uma teoria simples, que para usar a comunicação não verbal, é
necessário fazer o bom uso dos olhares, alternar o tom de voz, simular gestos para identificar
uma fala.
No mesmo sentido, Dimbleby e Burton (1990) acreditam que a comunicação não
verbal pode ser uma simples piscadela, trazendo um significado por trás do gesto. Pois um
signo é algo que podemos compreender sem precisar falar sobre.
Portanto, devemos aprender e compreender a larga variedade de significados das
palavras para aplicá-las adequadamente, a fim de comunicar corretamente nossas
intenções. Devemos, de outra parte, escolher cuidadosamente os signos que vamos
utilizar para expressar o que realmente pretendemos. Nem sempre é tão fácil dizer o
que pretendemos. (DIMBLEY, BURTON, 1990, p. 42).
Gestos, toques, imagens sonoras, visuais e até mesmo olfativas e gustativas são
modelos comunicativos não verbais. É impossível falar de comunicação verbal sem
mencionar o não verbal, as duas vivem em união e tanto uma quanto as outras podem
substituir-se ou complementar-se (SILVA, 2006 apud PASTERNAK, 2011, p. 21).
O ser humano consegue processar a mesma mensagem recebida de diferentes formas
de acordo com o modo como ela é transmitida. Complementando Aguiar (2004, p. 25) diz:
[...] criamos sinais que tem significado especial para o grupo humano do qual
fazemos parte. A variedade de línguas faladas no mundo é um exemplo bem
evidente do fenômeno, mas existem outros. O significado que atribuímos às cores é
um deles: se para nós, ocidentais, o vermelho pode significar poder (e o manto do
papa é dessa cor), para algumas culturas africanas, ele está ligado ao luto, pois evoca
luta, sangue, morte.
Vanoye (1998) diz que os artistas modernos perceberam que o público estava
acostumado a procurar explicações das obras em seus títulos, ainda se contentavam em
23
atribuir o mesmo significado para a parte pictográfica. Assim começaram a criar títulos
enigmáticos e ambíguos. A imagem por si só, em muitos casos já se basta, ela é capaz de
transmitir a informação toda de uma vez só, sem precisar de muitas explicações ao receptor,
diferindo assim da fala, que necessita ser explicada por completo (começo, meio e fim)
(ALCURE; FERRAZ; CARNEIRO, 1996).
Sabendo que a comunicação não verbal é formada de signos, Santaella (2001, p. 58),
diz que o signo:
é uma coisa que representa outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como
signo se carregar esse poder de representar, substituir outra coisa diferente dele. Ora,
o signo não é objeto. Ele apensa está no lugar do objeto. Portanto, ele só pode
representar esse objeto de um certo modo e numa certa capacidade.
Em contrapartida, Barthes (2004, p. 42) afirma que “o signo é a união de um
significante e um significado”, dando a comunicação diversos entendimentos para uma
mesma situação.
O entendimento dos conceitos de comunicação verbal e não verbal é importante para
esta análise, pois serve de base para a análise dos meios envolvidos nesta pesquisa. Além de
trazer a relevância da comunicação na sociedade.
Desta forma, feita a explanação sobre as formas de comunicação, pode-se prosseguir
com os estudos dos meios de comunicação.
2.3 COMUNICAÇÃO DE MASSA
Antes de estudar os meios de comunicação, propriamente ditos, mais a fundo,
necessita-se ter um entendimento sobre o que é comunicação de massa, baseando o estudo em
autores capacitados para abordar este assunto.
Para definir o conceito de comunicação de massa, utiliza-se das palavras de Vanoye
(1998), quando ele designa o termo mass media para os suportes materiais das mensagens de
grande difusão, de caráter coletivo. Desta forma Vanoye (1998, p. 264) afirma:
Os mass media constituem-se em sistemas cujos elementos são função:
-do conteúdo da mensagem;
-do objetivo almejado;
24
-do “alvo” visado (entenda-se por “alvo” o destinatário coletivo virtual, pensado e
definido segundo certos critérios)
Complementando a citação do autor, Sant‟Anna (1998) afirma que, a massa pode
incluir pessoas de diversas posições sociais, de diferentes vocações, de variados níveis
culturais e de riqueza, sendo assim heterogêneo e não especifico.
Os meios de comunicação de massa são ferramentas pelas quais as mensagens
chegam à população e se propagam pela sociedade. Para Hohlfeldt, Martino e Fraça (2000), a
comunicação de massa é um fenômeno social, porque apenas através da linguagem é possível
transmitir a um maior número de receptores suas mensagens, e não apenas a somente uma
pessoa.
Dado o entendimento sobre o que a comunicação em massa se faz necessário o
entendimento dos meios que tornam possível o envio de uma mensagem a milhares de
pessoas.
2.3.1 Meios de comunicação de massa
A comunicação de massa tem como sua principal função transmitir uma mensagem
visando um objetivo e um público-alvo. Eles possuem a vantagem de conseguir alcançar um
grande número de pessoas ao mesmo tempo, propagando ao máximo a mensagem desejada.
Desta forma para que elas sejam propagadas, existem os meios de comunicação de
massa, chamados de mass media, no tópico anterior, que fazem este papel, sendo capazes de
ter um alcance a nível nacional (VANOYE, 1998).
De acordo com o estudo de Lévy (2007), é identificado inicialmente, como meios de
comunicação de massa, a televisão, o rádio, a imprensa e o cinema. Cada qual com seu
próprio nível de penetração, pois cada transmite a mensagem de forma única ao receptor.
Uma mensagem a ser transmitida, tem como objetivo alcançar o grande público, sendo
ouvida, vista e lida por milhões de pessoas, cumprindo a sua meta principal.
De acordo com McLuhan (2001, apud RELOÃO, 2010, p. 30), os meios de
comunicação agem como extensões dos sentidos do corpo humano. A televisão e o cinema
são extensões da visão e tato, o rádio da audição, o jornal e revista do tato e o telefone da fala.
25
Conforme os meios de comunicação agregam avanços tecnológicos, eles passam a ser
extensões cada vez mais próximas do cérebro.
De acordo com Sampaio (1999), cada meio possui suas características e
peculiaridades, cobertura geográfica, tecnologia utilizada, difusão, relação com a audiência,
custo para produção, impacto e utilização na publicidade, podendo transmitir a mesma
mensagem, mas de formas diferentes.
Desta forma, Dimbleby e Burton (1990, p. 162) falam que:
[...] além dessa repetição da mensagem, existe também a questão da penetração. As
mensagens de radio podem penetrar diretamente dentro do carro ou dentro de casa,
ou mesmo em um lugar remoto de férias. Folhetos, cartazes e jornais são jogados
embaixo de nossas portas. E com esses objetos, e através deste sistema, chegam as
ideias e as crenças que elas carregam. As mensagens, que nos atingem diretamente,
uma depois da outra, repetidas vezes.
Assim Eco (2000) discute, fazendo o contraponto entre os apocalípticos e os
integrados. Onde os apocalíticos concordam que a cultura de massa como anticultura e não
como forma de educar, ensinar e informar. Em contrapartida Defleur e Ball-Rokeache (1993)
diz que mesmo assim, as crianças ainda passam mais tempo na frente da televisão do que nas
escolas. Dado o entendimento sobre os meios de comunicação de massa, seu poder e alcance.
O item a seguir abordará os dois meios principais desse estudo.
2.4 TELEVISÃO
A televisão é o veículo de comunicação mais utilizado pelos brasileiros, tanto para
informação quanto para entretenimento, sendo responsável por atingir milhares de pessoas
simultaneamente. Desta forma Pinho (2001, p. 199) afirma que “a televisão é o veiculo de
comunicação de maior alcance no Brasil e o meio de informação e entretenimento mais
utilizado pelos brasileiros”.
Ela tem seu surgimento em 1926, mas de acordo com o autor Veronezzi (2002), ela
apenas teve sua massificação algumas décadas mais tarde. Capparelli (1986) afirma que a
televisão pode ser dividida em duas fases, a Fase I, com a implantação da TV Tupi- Difusora
de São Paulo, que se situa entre os anos de 1950 a 1964, tendo seu marco pelo oligopólio da
informação de Chateaubriand, expandindo o alcance do veículo pelos estados do Rio de
Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Nordeste. Assim com o declínio do império
26
Chateaubriand, surge a Fase II, que se dá de 1964 até hoje, sendo esta, marcada pelo
crescimento da Rede Globo, que é o principal grupo de comunicação no Brasil.
De acordo com Bordenave (1982), pesquisas junto a telespectadores mostram que a
televisão em geral, exerce uma série de influências sobre eles, tanto positivas, quanto
negativas. A TV além de difundir notícias, diversão e publicidade, cumpre uma função social
de “escape”, oferecendo uma compensação relaxante para o stress da vida moderna.
“A televisão é o meio mais consumido do planeta. No Brasil, segundo pesquisa
encomendada pela empresa estatal Eletrobrás no ano de 2007, o aparelho televisor está mais
presente nos lares brasileiros do que a geladeira, com uma penetração de 97,1%. Neste
seguimento de mercado, estes números variam rapidamente e é possível que já tenha
acontecido um crescimento destes”. (G1, 2007 apud RÊGO, 2010, p. 55).
A TV é o veiculo, seja por força das suas próprias virtudes técnicas, artísticas,
comerciais e sociais, seja pela incapacidade e limitações naturais que os outros
meios tem, que tem todas as condições para assumir uma posição de proeminência
nacional como veiculo de comunicação. (SANT‟ANNA, 2002, p. 219).
No entendimento de Lupetti (2003), os meios eletrônicos proporcionam
entretenimento à população, que é visto como uma vantagem que estes meios possuem em
relação aos demais, ainda de acordo com os estudos da autora, é a televisão, o meio que mais
exige nível de atenção do seu espectador. O uso da cor, o som e os movimentos, unidos,
chamam a atenção do telespectador.
No que se diz a respeito sobre a programação da televisão, Adorno (2002, p. 8)
explana que:
a televisão tende a uma síntese do rádio e do cinema, retardada enquanto os
interessados ainda não tenham negociado um acordo satisfatório, mas cujas
possibilidades ilimitadas prometem intensificar a tal ponto o empobrecimento dos
materiais estéticos que a identidade apenas ligeiramente mascarada de todos os
produtos da indústria cultural já amanhã poderá triunfar abertamente.
Rincón (2002) analisa que no estudo da televisão, existem duas hipóteses, a negativa,
estudada por autores como Pierre Bordineu e Giovanni Sartori, que explanam o assunto,
sendo a televisão com “o pior mal da civilidade”, afirmando ainda, que a televisão afeta o
modo das pessoas pensarem. Bordineu (1997, p. 38-41, grifo do autor apud Rincón, 2002, p.
22-23), afirma que:
27
a televisão acaba não sendo muito propícia para a expressão do pensamento (porque
é preciso pensar com urgência) (...), a toda velocidade, (então) como é que se
consegue pensar numas condições onde ninguém é capaz de fazê-lo. A resposta é –
pensa-se mediante ideias preconcebidas, ou seja, mediante tópicos (...); a
comunicação é instantânea porque não existe (...); a televisão privilegia os fast
thinkers, que propõem um fast food cultural.
Ainda Sartori (1998 apud RINCÓN, 2002, p. 23) afirma que se assiste à televisão
sem entender, pois ela é uma pura e simples representação visual, produzindo as imagens e
anulando os conceitos atrofiando a capacidade da população de compreender e criticar. Em
contrapartida, Rincón (2002) analisa estudos de pesquisadores como Rey, Fuenzalida e
Martín-Barbero, que explanam a televisão como meio central da comunicação
contemporânea, onde ela quebra os limites do campo cultural, se convertendo o meio em um
centro cultural da sociedade.
Sob a análise de Tamanaha (2006, p. 55), a televisão “é o meio de maior penetração
em qualquer público”. Entre suas vantagens, está a possibilidade de veicular programas em
níveis local, regional e nacional.
Rincón (2002) afirma que a televisão é usada pra entreter, como companhia,
proporcionando descanso e prazer para os telespectadores. Portanto, quando se faz televisão
deve-se pensar nos gostos e preferências das pessoas. Visa-se ganhar a atenção do público, e
fazer da televisão, um dispositivo útil.
Ao contar histórias que respondam as necessidades e expectativas dos públicos (das
audiências), que tragam contexto e informação que permitam ao telespectadores agir
na sua vida cotidiana, que construam mensagens que instiguem o cidadão ativo a
solucionar seus problemas com os recursos que tem à mão, e que criem mensagens
que respeitem a inteligência e a competência de assistir televisão que os
telespectadores possuem. (RINCÓN, 2002, p. 27).
De acordo com Ramos (1995), filmes e telenovelas já dominavam as programações
das emissoras nos anos 70. Buscam-se produções de ficção, pela concorrência de eles
conseguem atingir a níveis nacionais.
Em meados da década de 50, grandes companhias de Hollywood, começam a
produzir séries como Gunsmoke, consolidando a indústria das séries nos Estados Unidos.
Assim a prime time, passa a ser dominada por essas séries, dividida em três gêneros: o drama,
a comédia e a long form (RAMOS, 1995).
Tamanaha (2006, p. 55) cita que a televisão “é fonte de referência e de informação
para a maioria dos telespectadores, que, pelas características culturais e econômicas da
população, não tem acesso a outros meios de comunicação”, o autor diz ainda que “é
28
percebida como um meio „mágico‟ por trazer para dentro do aparelho [...], a imagem, com
movimento e som, de um fato que está acontecendo em outro lugar do mundo”.
Desta forma, Rincón (2002, p. 26) complementa que:
as histórias da tevê vão criando um tipo de “inteligência” nos públicos, uma
compreensão televisiva do mundo da vida. A televisão, por ser um meio de
comunicação de massa, trabalha em base a imagem de massa sobre as temáticas, as
realidades e as pessoas. Nesse sentido, quase todos os personagens televisivos
acabam sendo estereótipos, caricaturas, generalizações, deixando de lado os matizes,
as ambiguidades e sutilezas que sempre existem.
Complementando a citação anterior o autor ainda fala sobre o contra ponto da
televisão, advertindo que as formas estereotipadas, generalizadas, podem vir a compreender
como verdade e realidade para os telespectadores, sendo denominada pelo autor como
“inteligência televisiva”.
O autor, Dizard (2000) mostra que a televisão tem muito a acrescentar na vida das
pessoas, ainda afirma que ela é o meio mais poderoso dentre os existentes. Sampaio (2004, p.
30) concorda com o pensamento de Dizard, falando da superioridade da televisão diante das
outras mídias, e lembrando que “[...] imagens mobilizam mais fortemente a atenção do que os
textos” e ainda afirma que a mesma ajuda a promover a vínculos emocionais com os
telespectadores.
Desta forma Rincón (2002), vê que a televisão é capaz de converter heróis em
pessoas comuns, que traz temáticas novas para falar do dia-a-dia, permitindo reflexão, e
gerando conversar sobre o que significa viver nos dias de hoje.
De acordo com a temática deste trabalho, se faz necessário também uma breve
explanação sobre a televisão por assinatura. A televisão é um veiculo de massa, de grande
audiência, mas em alguns horários e canais, segmenta sua programação para a população.
Segundo Sampaio (1999), em 1994, havia quatro redes nacionais de televisão: Globo,
Bandeirantes, Manchete e SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), e a MTV surgia como a
primeira rede segmentada no país.
Tamanaha (2006, p. 63) a divide em duas visões diferentes. No que diz respeito ao
telespectador, “exige renda e instrução para ser consumida, pois alguns canais, como os de
filmes, são legendados” ainda “é percebida como meio que confere status e prestígio social,
por ser pago e a programação ser em sua maioria internacional”. Oferece uma vasta
segmentação, dividindo-se em canais específicos, filmes, séries, jornalismo, variedades,
esportes, decoração, desenhos animados, etc.
29
Assim, mais do que uma fonte de informação, a televisão por assinatura se torna uma
ferramenta de lazer e entretenimento, Rincón (2002) que afirma que a televisão busca o
entretenimento como proposto, feito com base nas preferências e gostos dos telespectadores.
Agora que se torna possível o entendimento deste meio de comunicação e a sua força
dentro da sociedade é possível realizar o estudo das HQs, que serviram de base para a
produção da série tema deste trabalho.
2.5 HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
As histórias em quadrinhos vão muito mais além do que se imagina independente de
idade, classe social e sexo, ela atinge a todos.
Para falar das Histórias em Quadrinhos, é necessário resgatar sua composição. As
HQs são compostas por linguagens verbais e não verbais, neste caso, escrita e imagem. Que
trabalham em conjunto, as partes são feitas para que possam funcionar e transmitir a
mensagem desejada. Desta forma, em entrevista Moya (2010) afirma que:
[...] antes de existir o que nós consideramos hoje história em quadrinhos, existia uma
pré-história em quadrinhos, que seriam as histórias ilustradas. Elas começaram em
1827, com um professor suíço chamado Rudolf Töpffer, que fez as primeiras
histórias ilustradas [...] Ele afirmou que era impossível seguir apenas as ilustrações,
que não faria sentido. Também só ler as legendas não fazia sentido. Precisava existir
as duas coisas ao mesmo tempo [...]
Elas têm sido capaz de influenciar o homem no cinema, na publicidade, na arte e na
televisão. Porém, ainda são desvalorizadas, por serem conhecidas como “coisa de criança”.
“As histórias em quadrinhos são vistas como um produto menor, uma “irmã pobre” das outras
manifestações artístico-culturais produzidas pelo ser humano”. (MOREAU, 2007, p. 8).
Ainda de acordo com o autor citado anteriormente, ele afirma que as HQs são chamadas de
“apenas um produto de cultura de massa” e tem dificuldades de perder este rótulo, pois
mesmo conseguindo espaço, poucas pessoas prestam atenção nelas.
O‟Neil (2005 apud MOREAU, 2007, p. 10) desta forma, exemplifica o que são os
quadrinhos:
30
quadrinhos não são uma coleção de palavras e imagens impressas numa mesma
página (isto é o que os livros ilustrados são). Para ser uma história em quadrinhos,
essas palavras e imagens devem trabalhar juntas da mesma maneira que partes de
uma linguagem trabalham juntas. Pense nos quadrinhos como uma linguagem
formada por dois elementos separados e bastante diferentes usados em conjunto para
transmitir informações.
Assim, Cagnin (1975) explana a maneira em que leitura da escrita e a leitura da
imagem se complementam nas histórias em quadrinhos. A escrita consiste em demonstrar e
explicitar conceitos universais, enquanto o elemento icônico nos remete a representação
artificial da realidade de determinado objeto físico, mantendo a semelhança no real. Desta
forma o roteirista e o desenhista buscam uma linguagem simples, mas de qualidade e
unificada para apresentar em suas criações.
o desenhista e o roteirista começam de mãos dadas, com um objetivo em comum:
Fazer quadrinhos de “qualidade”. O desenhista sabe que, para isso, vai ter que fazer
mais do que cartuns grosseiros. Ele parte em busca de uma arte de qualidade. A
roteirista sabe que não pode ficar só no Uff! Tum! Blam! Ela parte em busca de algo
mais profundo. Em museus e em bibliotecas o desenhista encontra o que busca. Ele
estuda os grandes mestres da arte ocidental, praticando noite e dia. Ela também
encontra o que procura nos grandes mestres da literatura ocidental. Ela lê e escreve
muito, buscando uma voz unicamente sua. Finalmente, os dois estão prontos. As
pinceladas dele são perfeitas, suas figuras...Puro Michelangelo as descrições dela
são impressionantes. Suas palavras fluem como um soneto Shakespeareano. Ambos
estão prontos para dar as mãos de novo e criar uma obra-prima. (MCCLOUD, 2005,
p. 48)
Eco (1970) relata que uma imagem de um estereótipo, independente do ambiente,
utiliza elementos gráficos que respeitam o próprio gênero, sua origem, nos remetendo a uma
lembrança de algo que já nos é familiar. Os estereótipos ajudam com o dinamismo e a
fluência na interação entre personagens-leitores das HQ, uma vez que nesta comunicação há
falta de tempo e/ou espaço para apresentar e desenvolver os personagens. “A imagem ou
caricatura tem de defini-lo instantaneamente”. (EISNER, 2005, p. 22). Assim o leitor leva em
consideração suas experiências pessoais, e consegue interpretar de maneira rápida
informações e características que não estão evidentes no texto, como é exemplificado na
ilustração 2.
31
Ilustração 2: Estereótipos dos quadrinhos
Fonte: Eisner (2005, p. 22 apud JAHN, 2009, p. 17).
De acordo com Eisner (2005, p. 20), “imagens estáticas têm limitações. Elas não
exprimem abstrações ou pensamentos complexos facilmente. Mas as imagens definem em
termos absolutos. Elas são específicas”. Desta forma, Janson (2005, apud JAHN, 2009)
descreve os desenhos de forma que as linhas dão volume à face, iluminação para reforçar os
ângulos e planos para criar profundidade, dando dicas visuais que o autor cria para dar idéia
da personalidade de seu personagem. Podendo ser observado na Ilustração 3.
Ilustração 3: Linhas e iluminação: estereótipos dos quadrinhos
Fonte: Janson (2005, p. 22 apud JAHN, 2009, p. 18).
Partindo desta explanação sobre o que são as histórias em quadrinhos, se faz
necessário o estudo do seu surgimento e a sua influência sobre a vida da sociedade.
32
2.5.1 História das histórias em quadrinhos
As histórias em quadrinhos são adoradas por muitas pessoas por suas histórias de
ficção. Aventura, terror, romance, policial, seja qual for o enredo, são capazes de apaixonar e
encantar quem as lê. A história das histórias em quadrinhos se divide em eras, sendo elas Era
de Platina, Era de Ouro, Era de Prata, Era de Bronze e Era Moderna.
2.5.1.1 Era de Platina
A história se inicia com um menino e seu pijama amarelo. Criado por Richard Fenton
Outcault, nasce o Yellow Kid. Patati e Braga (2006, apud MOREAU, 2007, p.14), afirma que
“ele é quase que universalmente aceito, por pesquisadores e estudiosos, como o primeiro
personagem de histórias em quadrinhos”.
A seguir uma consegue-se visualizar uma imagem do Yellow Kid, o quadrinho
considerado como primeiro modelo de quadrinhos, baseando-se pelos modelos atuais.
Ilustração 4: Uma das histórias de Yellow Kid publicadas no New York Journal
33
Fonte: Moreau (2007, p. 13).
Mesmo com a aceitação de o Yellow Kid ser o precursor dos quadrinhos, Guedes
(2004) escreve que a história das revistas em quadrinhos começou em 1842 com a publicação
de The Adventures of Mr. Obadiah Oldbuck, escrito e desenhado por Rodolphe Töpffer, onde
ele já unia imagens e desenhos sequenciais que formam histórias, chamando seus quadrinhos
de picture story - que poderia ser traduzido como “histórias em retratos” (GUEDES, 2004).
Apesar disto, o garoto e seu pijama amarelo, ganham destaque por ser o primeiro a
utilizar falas em primeira pessoa, igualmente ao que se é utilizado nos dias de hoje.
Apostando na comédia, como estratégias de vendas o The New York World e New
York Journal, começavam a criar mais personagens como Little Nemo in Slumberland e Le
Pieds Nickelés além de produtos relacionados a eles:
na esteira do sucesso do Yellow Kid, que foi publicado em diversos outros jornais,
virou pôsteres e brinquedos, começaram a surgir vários personagens. Em comum,
um olhar crítico e bem-humorado do cotidiano da vida americana. Herdeiros diretos
das charges políticas, esses primeiros personagens captavam a atenção dos leitores
através da identificação direta. (MOREAU, 2007, p. 15).
Porém após um tempo, o gênero da comédia saiu da preferência da população e os
fatores externos e financeiros, começaram a influenciar as histórias dos quadrinhos. Moreau
(2007) explica que, com crescimento do desemprego, depressão e o crack da Bolsa de Nova
Yorque desanimaram os leitores. As piadas que faziam referência ao cotidiano dos
trabalhadores, já se tornavam cansativas e repetitivas. Queria-se algo diferente. Assim neste
contexto chegam às aventuras e os heróis para os quadrinhos.
Moreau (2007) destaca que assuntos como viagens no tempo, espaço sideral e
perseguições começaram a ganham a atenção do público. Patati e Braga (2006) relatam que as
aventuras surgem 1924, com a criação da série Wash Tubbs (Tubinho, no Brasil), de Roy
Crane. Junto com ele, houveram mais alguns heróis como Príncipe Valente, Buck Rogers e
ainda um detetive que é conhecido até hoje, Dick Tracy, trazendo a história do policial
buscava exatamente o que o público queria, a justiça.
nada de pistas, charadas ou brilhantes deduções sherlockianas. Contra vilões sem
moral ou limite, apenas socos e balas resolviam. Tudo o que o público ansiava era
um policial correto, incorruptível e que não descansava até prender os criminosos.
Vale destacar o traço do autor, algo quase infantil, contrastando com o tema pesado
e brutal das tramas. Brutal mesmo, afinal mais de uma vez vilões foram mortos em
tiroteios violentos. (MOREAU, 2007, p. 22).
34
Ainda como cita Moreau (2007, p. 22): “Gould também brindou seus leitores com
inovações tecnológicas que fizeram história, como o rádio-relógio de Tracy, o avô dos
celulares” como pode ser visto na Ilustração 5.
Ilustração 5: Selo comemorativo, lançado em 1995 nos EUA, com Dick Tracy de Chester Gould
Fonte: Moreau (2007, p. 23).
Dick Tracy e mais dois personagens desta fase dos quadrinhos (Tarzan e Buck
Rogers), abriram caminho para a próxima fase dos comics, entrando na Era de Ouro. Ainda de
acordo com Moreau (2007) essas histórias já começavam a sair em revistas próprias.
Desta forma começa uma era cheia de super poderes e histórias épicas entre ficção e
realidade.
2.5.1.2 Era de Ouro
A Era de Ouro dos quadrinhos é marcada pelos super-heróis.
Seu marco inicial se deu com o aparecimento do Superman na capa da revista Action
Comics # 1. Mostrava um ser com super poderes, com uniforme nas cores da bandeira dos
Estados Unidos, mostrando patriotismo, e a sua capa que lhe dava sensação do movimento, o
Superman lutava pela verdade, justiça e o american way. Ele era tudo o que as pessoas
precisavam e tudo que os leitores desejavam. Alguém patriota que lutasse pelo bem e pelo
correto.
35
último sobrevivente do planeta Krypton, o pequeno Kal-El é enviado à Terra em um
foguete por seu pai, o cientista Jor-El. Em sua galáxia, Krypton era banhado por um
sol vermelho. Aqui no nosso sol amarelo, Kal-El ganha incríveis poderes (não tão
incríveis no começo, já que o herói não voava, apenas saltitava entre os prédios).
Siegel e Shuster introduziram o conceito base da identidade secreta, para preservar a
vida do Superman. Nascia Clark Kent, uma vez que o foguete foi aterrissar na
fazenda de um simpático e correto casal do Kansas, Jonathan e Martha Kent.
Honestos, com uma moral bem rígida e extremamente patrióticos, o casal passou ao
pequeno Kal-El toda a base que o faria lutar pela verdade, justiça e o american way.
(MOREAU, 2007, p. 33, grifo do autor)
Porém, não eram todos que acreditavam no potencial do super-herói, de acordo com
Moreau (2007), um dos proprietários da National, Harry Donenfeld, achou a capa ridícula.
Mas o editor Vicent Sullivan acreditava, tanto que, apoiado pela reação dos leitores conseguiu
colocar o kryptoniano de volta à capa, de onde não saiu mais. Desta forma essa edição da
Action Comics #1, surge mostrando o super-herói voando e com um carro sobre a cabeça,
marcando o início da Era de Ouro das HQ e o final da Era de Platina (que tinha começado em
1897 com a publicação do Yellow Kid).
Ilustração 6: Capa da Action Comics 01. A estréia do Superman nos quadrinhos
Fonte: Krensky (2008, p.14).
Assim, o sucesso que o Superman fez com a população, inspirou as editoras a
criarem mais super-heróis, fazendo com que nascessem diversos personagens como: Tocha
36
Humana, Sandman, Capitão Marvel, Spirit, Capitão América e um outro super-herói que seria
tão importante quanto qualquer outro que havia sido criado.
Dentro deste contexto, houve um personagem que ganhou tanto destaque quanto Kal-
El: Batman. Ele não voava, não tinha super força, ou qualquer outro super poder, porém era
mais rápido que uma bala. Ele era humano, um super-herói humano.
Finger trouxe toda uma gama de artifícios que marcaram a história das HQ: a
máscara, ocultando a identidade secreta de um modo mais real que o Superman; os
vilões terríveis, todos buscando derrotar Batman; o quartel-general do herói, no caso
a Batcaverna sob a mansão Wayne; o pupilo, Robin, que nada mais é do que os
jovens leitores para quem Batman ensina como combater o crime; e as mais diversas
ferramentas, como o cinto de utilidade, o batmóvel, o batplano e outros (MOREAU,
2007, p. 38).
Guedes (2004) explica que, quando era criança, Bruce Wayce, vê seus pais sendo
assassinados por um bandido qualquer. Criando sua sede por vingança e justiça, além de ser
guiado por sua determinação, Bruce torna-se um ser quase que sobre-humano, mas que no fim
das contas é “apenas” um homem muito inteligente e um super lutador, sem nenhum tipo de
super poder, como Kal-El.
Desta forma, através de Finger, surge a historia de um personagem, que juntamente
como Superman, se tornam referências na criação de outros super-heróis. Porém, como
explana Moreau (2007), os dois personagens apesar de terem características tão semelhantes,
possuíam personalidades e peculiaridades totalmente diferentes. “Em essência Batman era um
super-herói como Super-Homem, mas diferia em motivação e modus operandi. Se Super-
Homem representava a luz, Batman era as trevas”. (GUEDES, 2004, p. 20, grifo do autor,
apud JAHN, 2009, p. 23).
A Ilustração 7, mostra uma imagem de uma das primeiras aparições do Batman nas
histórias em quadrinhos.
37
Ilustração 7: Surge o Cavaleiro das Trevas: Batman de Bob Kane
Fonte: Edição Fac Símile Editora Abril (apud MOREAU, 2007, p. 36).
Outro aspecto interessante no surgimento de Batman é que, apesar de fazer sua
estréia na Dective Comics #27, de maio de 1939, sua origem só seria apresentada aos
leitores na Dective Comics # 33, sete números após. O suspense deixou o público
enlouquecido. E Batman foi tão marcante que, anos depois, Detective Comics
passou a ser o nome da editora, transformando a National na hoje DC Comics.
(MOREAU, 2007, p. 40)
Mas por mais que o Superman e o Batman tenham sido as referências da Era de
Ouro, eles não eram os mais populares. Este posto pertencia a um herói apelidado pelos fãs,
de Big Red Cheese (Queijão Vermelho), ou o Capitão Marvel.
A trama contava a história do pequeno Billy Batson, um menino que ganha do sábio
Mago Shazam, a sabedoria de um rei bíblico e os poderes de cinco heróis mitológicos. Assim,
quando grita o nome do mago, ele se transformava no Capitão Marvel, onde adquiria a
sabedoria de Salomão, a força de Hércules, a resistência de Atlas, o poder de Zeus, a coragem
de Aquiles e a velocidade de Mercúrio (figuras cujas iniciais formam a palavra SHAZAM).
Com isso, Billy cresce até a forma adulta, ficando pronto para enfrentar o Mal (MOREAU,
2007).
Na Era de Ouro, que acontecia durante a Segunda Guerra Mundial, os personagens
mais patrióticos como Capitão América e o Superman, chegam a lutar contra o os inimigos
dos Estados Unidos. O presidente na época, Franklin Roosevelt, reuniu-se com os criadores
de quadrinhos para pedir que eles mostrassem os super-heróis, lutando contra os nazistas.
38
“Assim, Superman logo começou a derrotar espiões e soldados de Hitler [...]”. (MOREAU,
2007, p. 36, grifo do autor).
O resultado disto foi uma capa exclusiva, o onde Hitler leva um soco do Capitão
América, como mostra a ilustração 8. Assim as histórias das revistas do Capitão América
serviam de motivação e apoio, para os soldados americanos (GUEDES, 2004). Os quadrinhos
deixavam de trabalhar apenas com a ficção, trazendo a guerra como temática e estimulando as
pessoas a se alistar.
Nas páginas, nazistas e seus aliados travavam combates épicos com os personagens,
motivando os fãs, que aos milhares, compravam as revistas e “[...] pouco depois se
alistariam e combateriam na guerra mundial. Um público a quem o Capitão faria
companhia nas trincheiras”. (PATATI, BRAGA, 2006, p. 81 apud JAHN, 2009, p.
22).
Assim, ilustrado na imagem a seguir da capa de uma das edições do Capitão
América.
Ilustração 8: Capitão América dando um soco em Hitler
Fonte: Moreau (2007, p. 47).
Mas com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, os super-heróis começam a
perder o seu espaço entre os leitores. Moreau (2007) explica que, por causa do Presidente
39
Roosevelt e dos criadores das HQs, os personagens acabaram ficando muito ligados a briga
com espiões e nazistas da Segunda Guerra Mundial.
Levando até as vendas do personagem mais famoso na época, Capitão Marvel, a cair
bruscamente. Sendo assim, a Era de Ouro estava sendor encerrada, e dando lugar a uma época
de ficção científica, humor e principalmente o terror, que eram os temas dominantes das
histórias.
2.5.1.3 Era de Prata
Os super-heróis já não atraiam mais a atenção dos leitores, desta forma as editoras
precisavam buscar algo que os estimulassem, novos caminhos para entreter e agrada-los. Os
únicos heróis que sobreviveram ao final da Era de Ouro foram Superman, Batman, Mulher
Maravilha e Capitão Marvel. As editoras se atentavam em assuntos como histórias policiais,
faroeste, bichos falantes e terror (MOREAU, 2007).
Em 1947, de acordo com Guedes (2004), uma tragédia mudou o rumo das HQs
Estados Unidos. Max Gaines havia morrido afogado tentando salvar uma criança.
Ele tinha ajudado a National a virar um império de super-heróis e tinha fundado sua
própria editora, a EC - Educational Comic. Com isto, seu filho, William Gaines, acabou
herdando a editora, porém ele não tinha a mesma experiência para trabalhar com quadrinhos
que seu pai. Então ele mudou o nome da editora para Entertaining Comics (conservando as
iniciais EC) e chamou Al Feldstein como desenhista e editor para trabalharem juntos, assim
como explicam Patati e Braga (2006, p. 92), eles realizaram “os gibis mais cuidadosamente
produzidos da década inteira”.
Os gibis do gênero terror como Tales From the Crypt, The Haunt of Fear, foram
ganhando tanto os leitores, quando as editoras, que já queriam fazer terror. Com o sucesso,
diversas editoras começaram a apostar no gênero que até o momento era o terror. Nas tramas,
assuntos que envolviam monstros, mas também a máfia, a Ku Klux Klan, sexo e violência,
faziam grande sucesso. Porém, essas histórias passaram a ser perseguidas (MOREAU, 2007).
Numa América cada vez mais conservadora, embalada pelo canto reacionário do
Senador Joseph McCarthy e sua caça às bruxas comunistas, não é de se admirar que
aparecesse alguém como o psicólogo Dr. Frederic Wertham e a sua obra The
Seduction of the Innocents. Com base no discurso de achar culpados pelos erros da
sociedade (como já aconteceu com a TV, o rock, o cinema e, recentemente, a
40
internet e o videogame), o tal Doutor lançou sua fúria contra os quadrinhos,
afirmando que eles estavam corrompendo os jovens americanos. Sua campanha
difamatória o levou ao rádio, a programas de TV e a dar palestras em escolas e
universidades, mostrando como as histórias em quadrinhos - principalmente as da
EC - estavam causando a delinquência juvenil pós-guerra. (MOREAU, 2007, p. 59).
O resultado disto foram as editoras começando a infantilizar suas tramas e sofrendo
represálias de pessoas como o psiquiatra Frederic Wertham, que chegou a propor
homossexualidade nos quadrinhos do Batman, e acusar a Mulher Maravilha de ser lésbica.
Moya (1970, p. 72-73) ainda fala sobre um dos trechos do livro escrito por Wertham,
Seduction of the Innocent:
o psiquiatra, ignorando as cifras oficiais a respeito do homossexualismo no Exército
americano, corajosamente preocupa-se com as relações entre Batman e Robin.
„Constantemente eles se salvam um ao outro de ataques violentos de um número
sem fim de inimigos. Transmite-se a sensação de que nós, homens, devemos nos
manter juntos porque há muitas criaturas malvadas que têm que ser exterminadas
[...] Às vezes, Batman acaba numa cama, ferido, e mostra-se o jovem Robin sentado
ao seu lado. Em casa, levam uma vida idílica. São Bruce Wayne e Dick Grayson.
Bruce é descrito como um grã-fino e o relacionamento oficial é que Dick é pupilo de
Bruce. Vivem em aposentos suntuosos com lindas flores em grandes vasos[...]
Batman é, às vezes, mostrado num robe de chambre[...] é como um sonho de dois
homossexuais vivendo juntos.‟ Neste parágrafo não se sabe quem é mais doentio a
respeito do robe de chambre, Bob Kane ou o Dr. Frederic Wertham. Portanto, o
maior perigo já enfrentado por Batman e Robin está representado num robe de
chambre e num vaso de flores. Esses e outros símbolos sexuais ficaram no
subconsciente dos jovens que se pederastizaram nas fileiras das forças armadas
norte-americanas.
De acordo com Guedes (2004), mesmo com a censura, Superman e Batman ainda
faziam sucesso entre os leitores, principalmente depois que os editores decidiram juntam os
dois super-heróis na mesma aventura em julho de 1952, na revista Superman 76#, onde um
descobre a identidade do outro. Moreau (2007) lembra que os autores conseguiram criar
histórias onde o poderoso Superman precisava da ajuda de Batman e Robin.
De acordo com Guedes (2004), Weisinger criou um novo personagem, um super-
herói chamado J´Onn J´Onzz, the Manhunter from Mars, mais conhecido no Brasil como
Ajax, o marciano. Ele fez sua estréia na Dective Comics # 225, em novembro de 1955.
Moreau (2007), explica que muitos pesquisadores americanos dizem que O Caçador de Marte
foi o marco da Era de Prata. Mas, oficialmente, ela só começaria um ano depois, em 1956.
De acordo com Moreau (2007), a Era de Prata teve como seu marco inicial oficial, o
lançamento da revista Showcase # 4, em novembro de 1956. Com ressurgimento do Flash. O
antigo Flash não era do agrado do editor que havia sido escolhido para relançar o personagem.
Julius Schwartz, que já tinha editado a revista do Flash nos anos 40, resolveu remodelar
41
drasticamente o herói. Ele não gostava do que era feito com o personagem e muito menos de
suas roupas, conservando apenas seu nome.
Desta forma ele se transformou em Barry Allen, um cientista da polícia que ganhou
sua velocidade ao ser atingido por um raio e banhado por produtos químicos. Seu uniforme
deixou de ser uma calça azul com uma camiseta vermelha com um raio amarelo que
atravessava a camiseta e um capacete de Mercúrio, entrando um Flash com uma roupa
vermelha e botas amarelas e um símbolo de um raio dentro de um círculo em seu peito.Depois
criaram mais realidades onde até os heróis eram vilões, algo que animava e empolgava os fãs.
(MOREAU, 2007). A ilustração 9 abaixo mostra a capa onde o Flash já aparece com suas
novas roupas.
Ilustração 9: O aparecimento do novo Flash
Fonte: Moreau (2007, p. 63).
Assim, o fato mais marcante da Era de Prata foi o surgimento de uma das maiores e
mais importantes editoras da história dos quadrinhos, a Marvel. Patati e Braga (2006) contém
que a editora estava em busca de histórias diferentes do que já havia sido feito. Desta forma
Stan Lee cria um grupo de super-heróis que não formam apenas uma liga, mas sim uma
família, nascendo assim o Quarteto Fantástico.
42
Moreau (2007) explana sobre suas histórias, o Quarteto Fantástico surge com uma
viagem ao espaço, porém o foguete deles é exposto a uma tempestade de raios cósmicos.
Quando voltam para Terra, após um pouso complicado realizado por Ben, o grupo descobre
que foi afetado pelos raios. Dando a cada um dos quatro integrantes da equipe um poder
especial. Sendo eles Sue Storm, com o poder de se tornar invisível e criar barreiras de campos
de força, o irmão caçula dela, Johnny Storm, com o poder de ficar em chamas e voar, o
cientista Reed Richards, que se tornou o homem elástico, podendo se esticar por quilômetros,
e o piloto Ben Grimm, que se transformou em um ser com uma força imensa. Mas enquanto
para os outros os novos poderes eram uma benção, para Ben era uma maldição, se passando a
ser o Coisa, passou a ter dificuldades para se relacionar com a sociedade pela aparência que
adquiriu.
[...]confluíram através destes Kirby e Lee, muito díspares e tremendamente
complementares, as energias justas e um conceito crucial para todo o mercado norte-
americano de HQ de aventura, de lá até hoje: o de superseres como personagens de
melodrama, por terem toda uma caracterização mais cuidadosamente desenvolvida,
conferindo a todo um estilo HQ de aventura, o de super-heróis, com seus
personagens antes muito rasos, ao menos rudimentos de uma psicologia. (PATATI,
BRAGA, 2006, p. 148-151)
Guedes (2004) relata que depois do surgimento da primeira “família” da Marvel,
Stan Lee cria mais um herói que vem para se tornar um dos mais populares heróis e ainda
servir, assim como o Superman e o Batman, como referência para a criação de diversos outros
heróis. Eis que nasce o Homem-Aranha.
Peter Parker conquistou seus leitores pela identificação. Eles se enxergaram na pele
do menino órfão, criado com dificuldade pelos bondosos tios no bairro Queens, que
da noite para o dia adquire super-poderes ao ser picado por uma aranha radioativa.
(MOREAU, 2007, p. 71).
Da história de Peter surge a frase mais famosa das histórias em quadrinhos. Um
pouco antes de morrer, seu tio Ben lhe diz que “Com grandes poderes vêm grandes
responsabilidades”, fazendo com que Parker se tornasse um legítimo super-herói. Porém a
vida de Paker não era nada fácil, ao contrario dos outros super-heróis o Homem-Aranha é
visto como uma ameaça (MOREAU, 2007).
Guedes (2004, p. 64) afirma que:
de acordo com Goodman o personagem tinha tudo para dar errado: não era rico, era
cheio de complexos e falhas de caráter e nem ao menos era bonito, fisicamente.
Bem, tais tópicos eram o que servia de argumento para Stan Lee. A escolha do
desenhista Steve Ditko foi também de uma inspiração quase divina por parte de Lee,
43
já que, com seu traço simples, porém marcante, Ditko conseguiu transmitir a carga
necessária de mistério e esquisitice ao herói.
Na ilustração 10 a capa da revista demonstra como a história do aracnídeo era
diferente, onde ele é repreendido pelas pessoas, sendo chamado de aberração e ameaça
publicamente.
Ilustração 10: O Homem-Aranha
Fonte: Moreau (2007, p. 68).
Moreau (2007) explica que o sucesso do Homem-Aranha, fez com que Stan Lee
trouxesse novos personagens como Homem de Ferro, Thor O Deus do Trovão, os X-Men,
Hulk, Homem Formiga, e a liga que respondia diretamente a Liga da Justiça da National, Os
Vingadores.
Durante a década de 60 a Marvel não parava de fazer sucesso, suas revistas
continuavam a vender bem e os heróis ganharam desenhos na televisão e novas revistas são
lançadas, como a do personagem preferido de Stan Lee, O Surfista Prateado. Sendo por causa
deste personagem, explica Moreau (2007), que Lee e Kirby se separam.
o Surfista foi a gota d´água na relação Lee/Kirby, como relata Guedes. Há muito
tempo Kirby vinha desgostoso com a atenção que Lee recebia e com as mexidas que
sofria no seu trabalho. Quando Lee passou o Surfista para John Buscema, Kirby
(que tinha criado o Surfista para a história do Quarteto contra o Galactus), achou
demais. (MOREAU, 2007, p. 79).
44
Dando fim a dupla, assim Lee continuou na Marvel e Kirby foi para a concorrente
DC. Este fato associado à morte da namorada do Homem-Aranha, Gwen Stacy, pelas mãos do
Duende Verde, marcaram o final da Era de Prata e início da Era de Bronze. Desta forma os
quadrinhos vão ganhando aventuras com teor mais adulto, perdendo a censura e a
infantilização.
2.5.1.4 Era de Bronze e Era Moderna
Os quadrinhos estavam mudando, elas já traziam super-heróis, com temas mais fortes
como morte, drogas e violência, voltados para um público mais adulto. Moreau (2007) cita
que morte da namorada do Homem-Aranha no final da Era de Prata, desencadeou uma
revolução nos quadrinhos. Da Era de Bronze para Moderna, a década de 80 deixa de fora o
conservadorismo para que pessoas como Alan Moore e Frank Miller criem algumas das obras
mais importantes de todas as eras. Desta forma começam a aparecer personagens como
Watchmen e o O Cavaleiro das Trevas, que são base e referência para tudo que se fez e faz
sobre super-heróis.
Segundo Moreau (2007) o Watchmen, de 1986, surge pelas mãos do escritor
britânico Alan Moore e o desenhista Dave Gibbons. Contando uma história que mostrava
como seria a vida de um super-herói se ele vivesse mesmo entre nós. Envolvendo o leitor uma
trama cheia de polêmicas, filosofia, política e moralidade.
Ainda de acordo com o autor, Frank Miller traz um dos maiores ícones dos
quadrinhos novamente para criar O Cavaleiro das Trevas, resgatando a história do Batman
já com quase 60 anos, aposentado que resolveu voltar à ativa. Mas com medo do que o
Homem-Morcego possa fazer, o presidente americano (personificado pelo então presidente
Ronald Reagan) resolve chamar alguém para traçar limites, o seu velho amigo, Superman.
(MOREAU, 2007).
Isso deixa clara a diferença crucial que existe entre os dois personagens: Superman
um escoteiro, Batman um vigilante. O climax da trama acontece com uma luta de
vida e morte entre os heróis, com Batman dando uma surra no Homem de Aço. O
tom sombrio, a discussão política e a realidade que impregnam a história mudaram
as HQs. O mesmo impacto teve o trabalho Watchmen de Alan Moore, em parceria
com o desenhista Dave Gibbons. Usando de referências os heróis da Charlton (como
Besouro Azul, Questão e Capitão Átomo), misturados com os heróis da própria DC
Comics, Moore criou um mundo real, questionando o que aconteceria se super-
heróis vivessem mesmo entre nós (MOREAU, 2007, p. 90-91).
45
A partir disto, houve uma expansão para o universo dos quadrinhos. Foram criados
selos como Dark Horse, Image (fundadas pelo desenhista Todd McFarlane) e a Vertigo
(criada pela DC), focando nos quadrinhos adultos, possibilitando os escritores de possuir mais
liberdade para criarem suas histórias com conteúdo e qualidade, tendo assim o domínio sobre
os personagens (SOUZA, 2007). Desta forma foi possível à criação de obras como: V de
Vingança, From Heel, Palestina, Calvin e Harold, Gen - Pés descalços, No Coração da
Tempestade, dentre diversos outros títulos que comprovam que as HQs possuem muitos
potenciais e criatividade em cada uma de suas páginas.
O estudo realizado até o presente momento será aprofundado no quarto capítulo,
procurando evidenciar as diferenças na série em relação a história e valores trazidos pelo
quadrinhos e sua adaptação para a televisão.
O capítulo seguinte apresentará a descrição dos procedimentos metodológicos que foram
utilizados para a composição deste trabalho.
46
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo serão apresentados conceitos dos procedimentos metodológicos
utilizados para a construção de cada etapa deste trabalho.
Para Barros e Lehfeld (2007), a definição etimológica do termo parte do princípio
que a palavra metodologia vem do grego: meta, que significa „ao largo‟; odos, „caminho‟;
logos, „discurso‟, „estudo‟. A partir dai acredita que a metodologia é entendida como uma
disciplina que é relacionada à epistemologia, que consiste em estudar e avaliar os métodos
disponíveis.
A metodologia, quando aplicada, examina e avalia os métodos e as técnicas de
pesquisa, bem como a geração ou verificação de novos métodos que conduzam à
captação e ao processamento de informações com vistas à resolução de problemas
de investigação. (BARROS; LEHFELD, 2007, p. 2).
Desta forma, Demo (1987) concorda com a autora afirmando que a metodologia
“trata das formas de se fazer ciência”, cuidando dos procedimentos, das ferramentas e
caminhos utilizados. “A finalidade da ciência é trata a realidade teórica e praticamente”.
(DEMO, 1987, p. 19).
Ainda Fachin (2006) completa o conceito sobre a metodologia afirmando que ela é
um instrumento que proporciona aos pesquisadores, uma orientação geral que facilita o
planejamento da pesquisa, coordenam às investigações realizadas, construir e realizar
experiências e interpretar e analisar os resultados.
Para a composição deste trabalho foi feita uma pesquisa dos autores que estariam de
acordo com o tema proposto. No capítulo 2, Revisão de Literatura, foram pesquisados
conceitos de: comunicação e os elementos que a constituem, também foi abordado os
conceitos signo, significado e significante, aprofundando o estudo da comunicação verbal e
não-verbal. Se tratando da uma análise de uma série de televisão e uma história em quadrinho,
foi necessário resgatar o que é a comunicação de massa e os meios que trabalham desta forma,
ainda houve a necessidade de estudar mais dois temas fundamentais para dar base ao objeto
de estudo: televisão e história das histórias em quadrinhos.
Neste capítulo foram utilizados autores clássicos como Berlo, Vanoye, Bordenave,
Penteado, Saussure e Sampaio. Porém, para constituir a parte de histórias em quadrinhos, o
47
autor principal utilizado foi Moreau, devido ao fato da dificuldade de entrar bibliografias
sobre o tema em questão.
Para construir o capítulo 4 foi necessário cumprir uma série de objetivos específicos
adotados para este trabalho. Assim para realizar o levantamento do surgimento da lenda dos
zumbis foi necessária a utilização do livro “Zumbi, o livro dos mortos”. O qual foi escolhido
por possuir as informações e pesquisas adequadas para discorrer sobre o assunto. O mesmo
acontece ao levantar a trajetória dos zumbis a Hollywood. Porém a utilização de apenas um
autor deve-se ao fato da dificuldade de se encontrar informações sérias e corretas a respeito do
assunto.
Para está etapa do trabalho foram utilizadas as pesquisas exploratória e bibliográfica.
A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torna-lo mais explicito ou a construir hipóteses. Seu planejamento
tende a ser bastante flexível, pois há o interesse em considerar os mais variados aspectos
relativos ao fato estudado (GIL, 2010).
“[...] O passo inicial no processo de pesquisa pela experiência e um auxilio que traz
a formulação de hipóteses significativas para posteriores pesquisas. [...] Tais estudos
tem como objetivo familiarizar-se com o fenômeno ou obter nova percepção do
mesmo e descobrir novas ideias. A pesquisa exploratória realiza descrições precisas
da situação e quer descobrir as relações existentes entre os elementos componentes
da mesma”. (CERVO, 2002 p.69).
Tendo em vista esses conceitos, Andrade (2003) complementa afirmando que a
pesquisa exploratória proporciona maiores informações sobre o assunto estudado, facilitando
a delimitação do tema, ajudando a definir os objetivos e descobrir novo tipo de enfoque para o
trabalho, ainda a pesquisa exploratória constitui um trabalho preliminar para outro tipo de
pesquisa.
Ainda para este trabalho foi feita a utilização da pesquisa bibliográfica, que de
acordo com Cervo (2002, p. 65), “procura explicar um problema a partir de referencias
teóricas publicadas em documentos”.
Desta forma Gil (1991, p. 48) afirma que:
a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos
seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.
48
De acordo com Fachin (2006), a pesquisa bibliográfica é uma fonte inesgotável de
informações, auxiliando nas atividades intelectuais e contribui para o conhecimento cultural
em todas as formas de saber, complementando Gil (2010 p. 29) quando afirma que, “em
virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir
outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material
disponibilizado pela internet”.
A análise da adaptação será feita a partir de dois objetos de estudo, uma revista em
quadrinhos e uma série de televisão, os quais serão observados e analisados para se traçar um
paralelo entre as duas histórias, identificando os pontos mais importantes. Ainda haverá a
utilização de um DVD de apoio para uma melhor análise.
Assim é possível utilizar a técnica de observação simples ou não participante, assim
Marconi e Lakatos (2006) afirmam que neste tipo de observação, o pesquisador entra em
contato com a realidade estudada, mas sem integrar-se a ela. Ele apenas participa do fato, mas
não possui participação efetiva ou envolvimento, age com um espectador. Ainda Barros e
Lehfeld (2000) complementam que o neste tipo de observação o observador permanece de
fora da realidade estudada, a observação é feita sem interferências na situação.
Desta forma a “observação não-participante: o observador deliberadamente se
mantén na posição de observador e expectador, evitando se envolver ou deixa-se envolver
com o objeto da observação”. (CERVO; BERVIAN 2002, p.28, grifo do autor).
Para análise dos dados coletados foi utilizado à abordagem qualitativa.
Para Goldenberg (2000, p. 17):
os dados qualitativos consistem em descrições detalhadas de situações com o
objetivo de compreender os indivíduos em seus próprios termos. Estes dados não
são padronizáveis como os dados qualitativos, obrigando o pesquisador a ter
flexibilidade e criatividade no momento de coletá-los e analisá-los.
Neste tipo de abordagem, segundo Raupp e Beuren (2003), desenvolvem-se
análises aprofundadas relacionando os detalhes que envolvem o ambiente do objeto estudado.
Assim Oliveira (2007, p. 37) conceitua pesquisa qualitativa ou abordagem
qualitativa como sendo “um processo de reflexão e análise da realidade através da utilização
de métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto
histórico e/ou segundo sua estruturação”.
Já para a descrição da análise dos dados coletados, foi feito o uso da pesquisa
descritiva, que de acordo com Cervo (2002, p. 66) “a pesquisa descritiva observa, registra,
49
analisa e correlaciona atos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. Desta forma, o
conceito para elas e complementada por Gil (2010 p. 27) quando afirma que as pesquisas
descritivas têm como objetivo principal a descrição das características de determinada
população, elas também podem elaboradas com a finalidade de identificar possíveis relações
entre as variáveis.
Desta forma, Barros e Lehfeld (2007, p. 84) concluem que “Neste tipo de
pesquisa, não há interferência do pesquisador, isto é, ele descreve o objeto de pesquisa.
Procura descobrir a frequência com que um fenômeno ocorre, sua natureza, características,
causas, relações e conexões com outros fenômenos”.
Diante de todas as etapas apresentadas anteriormente é possível observar o uso do
método indutivo, pois por meio delas foi possível responder o problema de pesquisa que é
analisar de que forma foi realizada a adaptação feita para a HQ The Walking Dead, quais
foram os pontos de que diferem os dois meios utilizados para trazer a mesma obra.
Assim, Andrade (2003, p. 131) explica que, “na indução percorre-se o caminho
inverso ao da dedução, isto é, a cadeia de raciocínio estabelece conexão ascendente, do
particular para o geral”. Ainda “O argumento indutivo baseia-se na generalização de
propriedades comuns a certo número de casos, até agora observados, a todas as ocorrências de
fatos similares que se verificam no futuro”. (CERVO, 2002 p. 32).
Portanto, de acordo com Lakatos (2006, p. 53) “o objetivo dos argumentos é levar
a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se
basearam”.
Portanto, após explicar os caminhos percorridos para a conclusão deste estudo, na
sequência, apresenta-se a análise dos dados obtidos.
50
4 ANÁLISE DE DADOS
Após a fundamentação teórica que embasará o tema deste trabalho, neste capítulo
será feita a análise da história em quadrinhos The Walking Dead, escrita por Robert Kirkman,
traçando um paralelo entre ela e a série de televisão, The Walking Dead trazia pela AMC em
parceria com a FOX, feita a partir da adaptação da HQ em questão.
Para chegar neste ponto, será contextualizado, com base na obra de Jamie Russell,
“Zumbis o livro dos mortos”, o surgimento da lenda dos zumbis, sua trajetória até ao mundo
de Hollywood, ainda uma busca pelos bastidores da criação da série e da história em
quadrinhos, para enfim chegar ao ponto principal.
4.1 VOLTANDO DOS MORTOS
Os zumbis, assim como vampiros e lobisomens fazem parte do imaginário da
população. São inúmeras as lendas que são contadas pelo mundo sobre o surgimento desses
seres andantes sem vida. Eles intrigam as pessoas pela sua aparição e sua razão de existência,
mas há algo que todos sabemos: sua mordida é fatal.
Foi em 1889 a primeira aparição dos zumbis num pequeno artigo feito pelo jornalista
e antropólogo Lafcadio Hearn, que o intitulou de “The Country of the Comers-Back”, ou
traduzindo “A terra dos que voltam”.
Em 1887, Hearn fez uma viagem ao Caribe buscando conhecer um pouco mais sobre
a cultura daquele lugar, quando se deparou com uma lenda em particular que havia lhe
chamado a atenção, a história dos corps cadavres ou mortos que caminhavam. Porém
sempre que buscava uma explicação sobre esses seres, os nativos não eram muito receptivos a
falar sobre o assunto. Ainda, quando encontrava pessoas dispostas a falar algo, recebia
respostas confusas e mal articuladas, que o deixava mais curioso (RUSSELL, 2010).
sem conseguir chegar ao cerne do mistério em torno dos corps cadavres, Hearn
voltou aos Estados Unidos com pouco a oferecer à Harper‟s Magazine, fora um
relato colorido de suas viagens. Embora uma menção do zumbi tenha sido suficiente
para garantir que ele estaria entre os primeiros ocidentais a popularizar a ideia dos
mortos-vivos, ficaria a cargo de outro e distinto escritor trazer o zumbi à atenção do
mundo. (RUSSELL, 2010, p. 24 grifo do autor).
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TCC Clarissa Spinello

  • 1. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE SANTA CATARINA CLARISSA DA ROSA SPINELLO DOS QUADRINHOS PARA A TELEVISÃO. ESTUDO DE CASO: THE WALKING DEAD SÃO JOSÉ, 2011.
  • 2. 1 CLARISSA DA ROSA SPINELLO DOS QUADRINHOS PARA A TELEVISÃO. ESTUDO DE CASO: THE WALKING DEAD Monografia apresentada à disciplina de Projeto Experimental II, para o curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Professores Orientadores: Conteúdo: Diego Moreau, Mestre. Metodologia: Grasiela Schmitt, Especialista. SÃO JOSÉ, 2011.
  • 3. 2 FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S757q SPINELLO, Clarissa da Rosa. Dos quadrinhos para a televisão: estudo de caso – The Walking Dead./ Clarissa da Rosa Spinello. – São José, 2011. 145 f. ; il. ; 31 cm. Trabalho Monográfico (Graduação em Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda) – Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina, 2011. Bibliografia: f. 138 – 144. 1. Televisão. 2. Quadrinhos. 3. Violência. I. Título. CDD 791.43
  • 5. 4 Dedico este trabalho aos meus pais.
  • 6. 5 AGRADECIMENTOS Depois de muitas batalhas e corridas de zumbis, conheci muitas pessoas especiais que me ajudaram a chegar até aqui. Pessoas que nesses quatro anos só acrescentaram tanto na minha vida pessoal quanto na minha vida profissional. A minha eterna gratidão aos meus pais, Cleusa e Eddie, que em toda a minha vida me apoiaram nas minhas escolhas e me deram uma vida cheia de amor e conhecimentos. Cada um a sua maneira se impulsionaram para que eu chegasse até aqui e me tornasse a pessoa que sou hoje. Especialmente a minha mãe, por me dar todo o suporte que eu precisada nos momentos de nervosismo e estresse durante a minha faculdade. A minha família por sempre me incentivarem em tudo que eu faço. Principalmente ao meu avô, João Carlos, que infelizmente não está aqui para presenciar esse momento tão importante na minha vida. Agradeço ao meu namorado, José Jorge, por me aguentar nesses seis meses de correria, em nenhum momento deixou eu me abalar e desistir dos meus sonhos. Por estar sempre presente nos momentos mais importantes para mim, tendo paciência nos momentos que estive ausente por conta do desenvolvimento deste trabalho e por me apoiar na minha louca idéia de falar de zumbis. Aos meus amigos que conquistei durante a faculdade. Ao meu querido Bat-orientador Diego Moreau, que embarcou a minha idéia desde o começo me ajudando e norteando para que eu fosse capaz de realizar este trabalho. Ele me apoiou e atendeu sempre que eu buscava pela sua ajuda. Ainda seus elogios que só me fizeram seguir em frente, fazendo dele uma pessoa muito importante para mim. A minha professora de metodologia, Grasiela, por me dar tanta atenção, corrigindo meu trabalho nos mínimos detalhes fazendo dele o mais perfeito possível. A Robert Kirkman por criar uma história tão fascinante e envolvente me dando um super assunto para estudar e Frank Darabound por dar vida a esses personagens maravilhosos que vivem nesse mundo apocalíptico. E ao meu querido Xbox por me proporcionar momentos de relaxamento e divertimento em meio a tudo isso.
  • 7. 6 “É uma verdade universalmente aceita que um zumbi, uma vez de posse de um cérebro, necessita de mais cérebros”. Seth Grahame-Smith
  • 8. 7 RESUMO A primeira vez que se ouviu falar sobre zumbis foi em um pequeno artigo jornalístico produzido por Lafcadio Hearn, que o intitulou de “The Country of the Comers-Back”, ou traduzindo “A terra dos que voltam”. Mas foi com o livro “A Ilha da Magia” de Willian Seabrok que os zumbis viraram uma febre nos EUA. O filme White Zombie (1932) de Victor e Edward Halperin foi a produção que trouxe a fama para esses monstros, porém como muitas pessoas não tinham grandes conhecimentos sobre o assunto, os mortos-vivos chegaram a ser deixados de lado por muitos anos. Até o lançamento do filme de George Romero, “A Noite dos Mortos-Vivos” em 1968. Esta produção foi a referência de praticamente todas as obras produzidas até agora sobre zumbis. Dando interesse e criatividade a Robert Kirkman para criar a série de histórias em quadrinho, The Walking Dead. A HQ traz a realidade de um grupo de pessoas que tenta sobreviver ao apocalipse zumbi. Sendo focada especialmente no dia-a-dia dos sobreviventes, em como é a vida depois que a infestação já havia se espalhado pelo mundo. Ele aborda assuntos éticos e morais de até que ponto o ser humano é capaz de ir para se proteger e a quem ama, mostrando que o homem pode ser mais perigoso do que os próprios zumbis. O estudo tem como objetivo identificar as adaptações que foram feitas para que se conseguisse levar a história de Kirkman para a televisão, levantando os aspectos que foram relevantes e os que foram deixados de lado, se tornando a primeira série de longa duração sobre zumbis. Sendo dirigida por Frank Darabound que teve toda a sua inspiração não só na HQ, mas também no clássico de Romero. Para a comprovação do estudo foram utilizadas as pesquisa exploratórias, bibliográficas e descritiva, além do uso da técnica de observação não-participante, abordagem qualitativa e o método indutivo que possibilitaram a resposta do problema de pesquisa. Palavras-chave: Zumbis. Violência. Televisão.
  • 9. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1: Processo de comunicação ....................................................................................19 Ilustração 2: Estereótipos dos quadrinhos ................................................................................31 Ilustração 3: Linhas e iluminação: estereótipos dos quadrinhos ..............................................31 Ilustração 4: Uma das histórias de Yellow Kid publicadas no New York Journal ..................32 Ilustração 5: Selo comemorativo, lançado em 1995 nos EUA, com Dick Tracy de Chester Gould ........................................................................................................................................34 Ilustração 6: Capa da Action Comics 01. A estréia do Superman nos quadrinhos ..................35 Ilustração 7: Surge o Cavaleiro das Trevas: Batman de Bob Kane..........................................37 Ilustração 8: Capitão América dando um soco em Hitler.........................................................38 Ilustração 9: O aparecimento do novo Flash ............................................................................41 Ilustração 10: O Homem-Aranha .............................................................................................43 Ilustração 11: White Zombie de 1932 ......................................................................................55 Ilustração 12: Olhos de Lugosi – White Zombie......................................................................56 Ilustração 13: Shot in the Rick - The Walking Dead................................................................62 Ilustração 14: Zombies in Caffeteria – The Walking Dead......................................................63 Ilustração 15: Don't open - The Walking Dead........................................................................64 Ilustração 16: Garota da bicicleta - The Walking Dead ...........................................................67 Ilustração 17: Hot Bath - The Walking Dead...........................................................................68 Ilustração 18: Gunshot - The Walking Dead............................................................................70 Ilustração 19: God forgive us - The Walking Dead..................................................................72 Ilustração 20: Rick e Glenn - The Walking Dead ....................................................................74 Ilustração 21: Hey, dumass! - The Walking Dead....................................................................75 Ilustração 22: Welcome to my world - The Walking Dead......................................................76 Ilustração 23: Rick's ring - The Walking Dead ........................................................................78 Ilustração 24: She love's mermaid - The Walking Dead ..........................................................80 Ilustração 25: Walkers – The Walking Dead............................................................................82 Ilustração 26: Merle and zombies - The Walking Dead...........................................................85 Ilustração 27: Family - The Walking Dead ..............................................................................86 Ilustração 28: Rick and Lori - The Walking Dead ...................................................................88 Ilustração 29: Dale and Rick - The Walking Dead...................................................................90 Ilustração 30: Zombie - The Walking Dead .............................................................................92
  • 10. 9 Ilustração 31: Zombie 2 - The Walking Dead ..........................................................................94 Ilustração 32: Shane and Ed - The Walking Dead....................................................................96 Ilustração 33: Merle's Hand - The Walking Dead....................................................................97 Ilustração 34: Rick and Glenn in Atlanta - The Walking Dead................................................99 Ilustração 35: Carl -The Walking Dead..................................................................................101 Figura 36: Amy's death - The Walking Dead.........................................................................102 Ilustração 37: Daryl - The Walking Dead ..............................................................................104 Ilustração 38: Surviving - The Walking Dead........................................................................105 Ilustração 39: Shane and Jim - The Walking Dead ................................................................107 Ilustração 40: Guns - The Walking Dead ...............................................................................108 Ilustração 41: Amy's birthday - The Walking Dead...............................................................109 Ilustração 42: Bite - The Walking Dead.................................................................................110 Ilustração 43: Rick Shooting - The Walking Dead.................................................................111 Ilustração 44: Amy's death - The Walking Dead....................................................................111 Ilustração 45: Dale and Andrea - The Walking Dead ............................................................113 Ilustração 46: Jim's death - The Walking Dead......................................................................114 Ilustração 47: Zombie bited - The Walking Dead..................................................................115 Ilustração 48: Amy and Andrea - The Walking Dead............................................................117 Ilustração 49: Target - The Walking Dead .............................................................................119 Ilustração 50: Bye Jim - The Walking Dead ..........................................................................120 Ilustração 51: Transmission - The Walking Dead..................................................................121 Ilustração 52: Jenner - The Walking Dead .............................................................................122 Ilustração 53: CDC - The Walking Dead ...............................................................................123 Ilustração 54: Save - The Walking Dead................................................................................125 Ilustração 55: Brain zombie - The Walking Dead..................................................................128 Ilustração 56: Shane and Jenner - The Walking Dead............................................................129 Ilustração 57: Explosion - The Walking Dead .......................................................................130 Ilustração 58: Shane's death - The Walking Dead..................................................................132 Ilustração 59: The Walking Dead...........................................................................................135
  • 11. 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................11 1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................12 1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................................13 1.2.1 Objetivo geral.................................................................................................................13 1.2.2 Objetivos específicos......................................................................................................13 1.3 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................13 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO.......................................................................................14 2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................16 2.1 COMUNICAÇÃO..............................................................................................................16 2.2 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO ..............................................................................18 2.2.1 Comunicação verbal......................................................................................................20 2.2.2 Comunicação não verbal...............................................................................................22 2.3 COMUNICAÇÃO DE MASSA.........................................................................................23 2.3.1 Meios de comunicação de massa ..................................................................................24 2.4 TELEVISÃO ......................................................................................................................25 2.5 HISTÓRIAS EM QUADRINHOS.....................................................................................29 2.5.1 História das histórias em quadrinhos..........................................................................32 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .....................................................................46 4 ANÁLISE DE DADOS........................................................................................................50 4.1 VOLTANDO DOS MORTOS ...........................................................................................50 4.2 HOLLYWRAAAAAR.......................................................................................................54 4.3 UM BANQUETE PARA SEU CÉREBRO .......................................................................60 5 CONCLUSÃO....................................................................................................................136 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................138 ANEXO A – Declaração de responsabilidade....................................................................144
  • 12. 11 1 INTRODUÇÃO Nos dias de hoje as Histórias em Quadrinhos estão ganhando cada vez mais destaque em livrarias, conquistando novos adeptos e fãs desse meio. Mas este cenário nem sempre foi assim. De acordo com Moreau (2007), os quadrinhos sofreram muito preconceito por serem, por décadas, vendidos a preços baixos e em qualquer banca de revistas. Nos EUA, seu país criador, eles são chamados de Comics, sendo vistos como quadrinhos humorísticos e para crianças, o que o desvalorizava ainda mais. Foi ainda necessário à criação de uma nova categoria, chamada Graphic Novel para classificar os quadrinhos com temáticas sérias. No Brasil, ainda é dito como Quadrinhos Adultos, deixando subentendido essa pré-disposição de se ter quadrinhos como algo para crianças e sem capacidade para produção de conteúdos relevantes. Ainda as HQs sendo bem trabalhadas, conseguem quebrar as barreias da escrita, assim como os livros, e envolver o leitor, dando vida tanto a história quanto aos personagens nela envolvido, fazendo a mesma ganhar sentido. Elas veem provando o contrário, que podem ter muito conteúdo e criatividade, a partir do momento que Hollywood as busca para adaptar nas as telas. De acordo com dados da revista Mundo Estranho, em 1968, quando George A. Romero filmou o clássico A Noite dos Mortos-Vivos, os zumbis viraram uma grande febre, dando origem a diversos livros, filmes e historias em quadrinhos, e mais recentemente a séries de televisão. Assim, em 2003 surge, escrito por Robert Kirkman, a série de quadrinhos The Walking Dead, pela editora „Image Comics‟. Ele conta a história de Rick, um policial que foi alvejado durante um turno de trabalho e acaba entrando em coma. Ao acordar, percebe que as coisas já não são mais as mesmas, o mundo mudou. As pessoas estavam diferentes, rastejavam procurando por um delicioso cérebro por todo canto. Desesperado, Rick vai até sua casa, em busca de sua esposa e filho, mas nada encontra, a não ser uma casa revirada e saqueada. Mas apesar dos fatos não perde as esperanças e começa uma luta pela sobrevivência num mundo que cheira a morte. Tema que virou febre rapidamente, a série e os quadrinhos retratam o mundo após o “dia Z” e a vida dos que sobreviveram, do que elas são capazes de fazer e das decisões que podem vir a custar uma vida.
  • 13. 12 Além da clara carnificina que é retratada na série, existem pontos importantes que são relatados no decorrer da história, como os conflitos relacionados à busca incessante pelo poder, traição conjugal, tentativas de sobrevivência, dentre outras questões que podem levar os temas a discussões sociais. Os zumbis, hoje, fazem parte da vida das pessoas, e mesmo que os achem nojentos, ainda sim insistimos em ver características deles dentro da sociedade. O assunto está tão presente na vida real, que órgãos de influência como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, andaram falando sobre eles (como uma brincadeira) com certo toque de seriedade, caso o apocalipse realmente viesse a acontecer. Este projeto consiste em apresentar uma revisão crítica sobre a adaptação do mundo lúdico das histórias em quadrinhos para a televisão, com ênfase na análise minuciosa da obra literária e televisiva, The Walking Dead – Days Gone Bye e The Walking Dead, respectivamente, no intuito de verificar a existência de paralelos entre a HQs e a série, ainda evidenciando onde a história sobre a ruptura de sequência. 1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA Os zumbis são tema de diversos filmes, livros e HQ, mas até então não tinha sido tema para uma série de televisão. A série de quadrinhos de The Walking Dead, logo quando foi lançada, não fez tanto sucesso, mas conquistou a população com o seu enredo ao passar do tempo. Em outubro de 2010, ganhou sua tão esperada versão para série de televisão. Em sua primeira temporada, possuiu seis episódios contemplando o enredo do primeiro volume do quadrinho. A série é baseada na obra de Robert Kirkman, The Walking Dead, e capta todo o mundo no qual a história em quadrinhos envolve o leitor, seguindo o seu enredo até o final do sexto episódio, onde é tomado um foco diferente do quadrinho. Assim a pergunta da pesquisa será: Como se deu a adaptação do universo dos quadrinhos para séria de televisão The Walking Dead?
  • 14. 13 1.2 OBJETIVOS Neste capitulo serão apresentados os objetivos que justificaram a escolha do tema que será abordado e toda a pesquisa realizada para este trabalho. Seguindo uma linha lógica onde as informações estudadas servirão de base para o objeto de estudo. 1.2.1 Objetivo geral Analisar a adaptação do universo e da linguagem de The Walking Dead dos quadrinhos para a série de televisão. 1.2.2 Objetivos específicos a) Realizar o levantamento do surgimento da lenda dos zumbis; b) Levantar a trajetória dos zumbis por Hollywood; c) Realizar um resumo das obras, abordando seus pontos divergentes; d) Analisar do ponto de vista semiótico, a adaptação do quadrinho para a série de televisão The Walking Dead; 1.3 JUSTIFICATIVA A história em quadrinhos, The Walking Dead, conta a história de um grupo de pessoas que tenta sobreviver num mundo que é infestado por zumbis. Mostra o universo imaginário de como seria após um apocalipse zumbi, além disso, também trabalha assuntos fortes baseados em conflitos sociais que podem levantar críticas sociais ao decorrer da história.
  • 15. 14 Assim, a série, trazida pela FOX, ao Brasil, foi considerada de grande sucesso no ano que foi lançada e possui apenas seis episódios, que formam a primeira temporada. Para a acadêmica, que é fã de histórias em quadrinhos e séries de televisão, visualizo ótima oportunidade de falar sobre um tema novo atual e dinâmico que envolve duas de grandes paixões. Ainda a possibilidade de tratar sobre temas cotidianos e valores reais, levados para um contexto diferente do que estamos acostumando vivenciar, traçando um paralelo com o crescimento do meio HQ. Os quadrinhos estão sendo vistos como um meio em ascensão, eles tendem a ganhar cada vez mais força dentro do mercado, não apenas com o público geek, mas com toda a população. Tendo em vista que, diversas histórias já foram adaptadas para as telas, fizeram com que os quadrinhos ganhassem força, sucesso e reconhecimento em pouco tempo. Visto que as HQs e as séries de televisão são dois meios em ascensão, são ótimos objetos de estudo, que poderão ser mais aproveitados como mídias, pelo ponto de vista publicitário. O tema trabalhado é visto como importante para a sociedade, pois possibilita o conhecimento de novos assuntos e culturas. Traz o mundo lúdico dos quadrinhos e ajuda também a transformar as HQs em um meio com maior visibilidade no mercado. Sabendo que os quadrinhos ainda sofrem muitos preconceitos por serem vistos como algo para crianças, o trabalho se torna relevante quando trata de mostrar como essa visibilidade que a televisão consegue transmitir sobre programa traz credibilidade ao meio em questão. 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho será constituído em cinco capítulos, que se completaram ao longo deste processo. Neste primeiro capítulo é realizada a introdução, onde é exposto um breve texto para apresentar o tema que será trabalhado ao longo dos próximos tópicos, o tema da pesquisa que será abordado, neste trabalho, da história em quadrinhos The Walking Dead e o problema proposto que será a analise da adaptação da HQs para a televisão. Ainda serão apresentados os objetivos (geral e os específicos) que serão estudados, além da justificativa pelo tema e a estrutura que o mesmo possuirá.
  • 16. 15 O segundo capítulo é feito o embasamento teórico com uma revisão de literatura, servindo de suporte e subsidio para o desenvolvimento do estudo. Serão abordados conceitos de comunicação, como funciona o seu processo, significados, formas de se comunicar (comunicação verbal e não verbal), os meios de comunicação de massa, focando em televisão e meio impresso (quadrinhos). No terceiro capítulo são evidenciados os procedimentos metodológicos usados para a realização dos capítulos 2 e 4, com o intuito de apresentar de que maneira foram obtidas as informações necessárias para a construção da revisão de literatura e da análise do objeto. No quarto capítulo, chamado de analise de dados, será onde o acadêmico apresentará a analise realizada sobre o problema proposto, assim realizando pesquisas sobre as histórias de terror e a sua entrada na cultura americana. No quinto e último capítulo é apresentada a conclusão do estudo, onde se pontuam as repostas para o problema e os objetivos sugeridos para este trabalho, além de sugerir temas para pesquisas futuras.
  • 17. 16 2 REVISÃO DE LITERATURA O tema proposto trabalha dois tipos de mídia pouco explorados no mundo da publicidade, porém hoje as histórias em quadrinho vêm ganhando um espaço maior dentro da sociedade. Assim as séries de televisão também estão cada vez mais fortes, utilizando de historias com temas polêmicos e interessantes, conseguem atingir não apenas o público para o qual a HQ foi escrita, mas sim uma fatia do mercado que não é adepta a esse meio. Para iniciar o estudo relacionado às adaptações dos quadrinhos para as telas, é necessário entender o funcionamento da comunicação relacionada aos meios envolvidos na análise. 2.1 COMUNICAÇÃO A comunicação sempre se encontra presente na vida dos seres humanos de todas as formas possíveis, mesmo que muitas vezes não veja percebida. Ela é praticada pelos homens desde os tempos das pré-escolas, onde as crianças são estimuladas a utilizar dos desenhos para se expressarem melhor. Comunicação vem no latim communis, comum. Quando comunicamos, procuramos estabelecer uma “comunidade” com alguém. Vale dizer que, estamos nos esforçando por oferecer participação numa informação, numa ideia ou numa atitude. Neste momento, procuro comunicar a vida a ideia de que a essência da comunicação é obter receptor e emissor “sintonizados” em relação a determinada mensagem. (SCHRAM, 1955 apud PENTEADO, 1986, p. 33, grifo do autor). É visto que toda comunicação tem como objetivo transmitir uma mensagem, mas sua meta principal é persuadir o receptor. Segundo Berlo (1999), a comunicação é conceituada dentro do dualismo em que ela se baseia. Mente-alma são alvos na hora de comunicar algo, um lidando com a natureza intelectual e o outro com o emocional. Sem a prática da comunicação as pessoas viveriam em um mundo fechados em si mesmos, mas devido à comunicação é possível compartilhar experiências, pensamentos, sentimentos, sabedoria, de toda a realidade onde estamos inseridos. Partindo desse princípio, Melo (1998, p. 20, grifo do autor) diz que a comunicação:
  • 18. 17 é o estudo do comunicador, suas intenções, sua organização, sua estrutura operacional, sua história, suas normas éticas e jurídicas, suas técnicas produtivas. É o estudo da mensagem e do canal, seu conteúdo, sua forma, sua simbologia, suas técnicas de difusão. É o estudo do receptor, suas motivações, suas preferencias, suas reações, seu comportamento perceptivo. É o estudo das fontes, sua sistemática para a recuperação de informações. É, enfim, o estudo dos efeitos produzidos pela mensagem junto ao receptor, a partir das intenções do comunicador. Assim de acordo com a afirmação de Melo (1998), entende-se a comunicação como parte vital para a vivência social, sendo que a partir dela as pessoas são capazes de além de se comunicar, se compreenderem, podendo absorver novas ideias, conceitos, aprender sobre valores morais, entendendo como funciona a dinâmica do grupo, tudo que foi criado pelo homem e passado de pessoa a pessoa usando a comunicação como instrumento. Isto é complementado por Bordenave (1982, p.17) dizendo que “a comunicação foi o canal pelo qual os padrões de vida de sua cultura foram-lhe transmitidos, pelo qual aprendeu a ser “membro” de sua sociedade”. Partindo deste princípio e seguindo o pensamento de Penteado (1986) compreende- se que a comunicação é tida através da compreensão de idéias “em comum”. O maior objetivo é o entendimento entre os homens. Mas ela necessita ser adaptada ao meio em que é inserida, as características de cada região deve ser levada em consideração, pois precisa haver um entendimento básico entre comunicador e receptor. Confirmando o fato pela afirmação de Torquato (2002) onde o autor cita a importância da fabricação de um carro sendo que é necessário levar em consideração o gosto dos consumidores de acordo com cada país. A importância da comunicação é confirmada por Berlo (1999) quando diz que a comunicação é tão importante que, uma pesquisa realizada entre norte-americanos comuns, mostrou que 70% do seu tempo livre, é utilizado para se comunicar verbalmente, sendo ela ouvindo, falando, lendo ou escrevendo, sendo ele que é utilizando cerca de 11 horas diárias nos comunicando. Mas é importante salientar que a comunicação ultrapassa a estrutura da comunicação oral e escrita, segundo o estudo de Vanoye (1998, apud FERNANDES, 2010, p. 18), “comunicação que pode ser feita de formas não verbais como em desenhos humorísticos (charges), por exemplo, que muitas vezes a situação ilustrada por si só já é o suficiente”. Sendo assim, a partir desta explanação sobre o que é a comunicação, é necessário compreender como ela é composta e como se dá o processo de transmissões de mensagens.
  • 19. 18 2.2 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO A comunicação depende de um resultado, ela é um efeito obtido através da transmissão de uma mensagem. Nesse processo sempre há a intencionalidade de partilhar algo, seja de consenso das partes, ou informações novas que acrescentem o conhecimento a ambos. Segundo Gomes (1997, p. 13), “[...] vê-se que sempre há alguém (sujeito) que diz alguma coisa (mensagem) para alguém (o destinatário)”. Envolve necessariamente pelo menos duas pessoas, aquela que fala (o emissor) e aquela a quem se fala (o receptor). No processo de comunicação, o significado é transmitido entre dois participantes. Mas não pode ser transmitido em abstrato, tem que estar materializado em algum código. (VESTGAARD; SCHRODER, 2000, p. 15). A partir disso, Berlo (1999) fala sobre a Retórica, onde Aristóteles diz que devemos olhar para três aspectos da comunicação: quem fala o discurso e a audiência. Assim pode-se dividir o discurso em três aspectos fundamentais: a) Quem transmite, b) O discurso, c) Quem ouve. Uma mensagem não é transmitida por acaso. Há um motivo pelo qual ela foi pensada e passada. Segundo Penteado (1986), não há um efeito, sem uma causa. É necessário um estímulo para que o transmissor emita aquela mensagem. A partir disso, ele associa o que o estimulou, forma a idéia sobre o assunto, levando o indivíduo a uma experiência anterior que por fim se expressa. Essa idéia pode ser expressa de diversas formas, de acordo com Vanoye (1998, p. 1): existem vários tipos de comunicação: as pessoas podem comunicar-se pelo código Morse, pela escrita, por gestos, pelo telefone, etc.; uma empresa, uma administração, até mesmo um Estado podem comunicar-se com seis membros por intermédio de circulares, cartazes, mensagens radiofônicas ou televisionadas. Mas é necessário que ambas as partes se entendam para que haja sucesso no processo. A comunicação humana exige três elementos principais: o transmissor, o receptor e a mensagem. E o transmissor e o receptor necessitam ter conhecimentos parecidos para conseguir se entender (SANT‟ANNA, 1998). Para Penteado (1986), a comunicação humana, se estabelece através de uma compreensão, onde as pessoas expressam as idéias, imagens que têm em comum, e com o princípio básico de obter o entendimento necessário para que ambos
  • 20. 19 mutuamente possam se comunicar. Pois a comunicação só é pertinente na existência de símbolos, em alguns casos sons, que tenham um significado em comum para os indivíduos envolvidos a este processo de se comunicar. Berlo (1999) descreve como útil e coerente com a opinião de Aristóteles o modelo Shannon-Weaver com relação ao processo de comunicação humana. Eles afirmam que nos ingredientes da comunicação se incluem: a) a fonte, b) o transmissor, c) o sinal, d) o receptor e e) o destinatário. Tendo conhecimento sobre os elementos da comunicação, segundo Vanoye (1998), o emissor é aquele que transmite a mensagem para algo ou alguém. É o ponto de partida do processo. Ainda Berlo (1999) apresenta o emissor como fonte de informações, dado que uma vez visto que segundo Poiares (1974), “toda comunicação é informação”. Mas ninguém se comunica sozinho. É necessária a existência de dois elementos (emissor e receptor) para o processo de comunicação se completar. O receptor de acordo com Berlo (1999) é como um ouvinte, se encaixando nas mesmas características descritas pelo modelo feito por Aristóteles. Já Vayone (1998, p. 2) concluí que: o receptor ou destinatário é o que recebe a mensagem; pode ser um individuo, um grupo, ou mesmo um animal ou uma maquina (computador). Em todos estes casos, a comunicação só se realiza efetivamente se a recepção da mensagem tiver uma incidência observável sobre o comportamento do destinatário (o que não significa necessariamente que a mensagem tenha sido compreendia: é preciso distinguir cuidadosamente recepção de compreensão). Quando se trata da mensagem, Berlo (1999, p. 30) afirma que “na comunicação humana, a mensagem existe em forma física – a tradução de idéias, objetivos e intenções num código, num conjunto sistemático de símbolos”. Dada a explanação sobre os elementos que compõe a comunicação, vê-se um modelo básico, dado por Penteado (1986) sobre a cronologia do processo. Ainda de acordo com Penteado (1986), a comunicação humana depende inicialmente da atenção. A atenção que o receptor possui ao ouvir os sons que o emissor venha a articular, Emissor Codificador Mensagem Canal Decodificador Receptor Ilustração 1: Processo de comunicação Fonte: Adaptado de Penteado (1986).
  • 21. 20 desperta a atenção de seu cérebro dando a esses sons um significado, que se transformam em palavras. Penteado (1986) ainda diz que a comunicação humana, se estabelece através de uma compreensão, onde as pessoas expressam as idéias, imagens que têm em comum, e com o principio básico de obter o entendimento necessário para que ambos mutuamente possam se comunicar, pois a comunicação só é pertinente na existência de símbolos, em alguns casos sons, que tenham um significado em comum para os indivíduos envolvidos a este processo de se comunicar. A partir disto Carvalho (1980) afirma que o código é um conjunto de signos, que juntos formam uma mensagem. É a combinação de diversos signos que, juntos, fazem sentido tanto para o emissor, quanto para o receptor. Desta forma, os signos são base de estudo para o próximo tópico apresentado. 2.2.1 Comunicação verbal O ser humano utiliza de diversas ferramentas para se comunicar, como foi visto do tópico anterior, os signos podem ser dos mais diversos. Uma mensagem não precisa ser necessariamente falada para ser transmitida. De acordo com Bordenave (1982), por muito tempo houve discussões sobre como se deu o processo de fala humana, uns acreditavam que vieram de imitações de sons vindos da natureza, outros acreditam que de exclamações espontâneas como “ai”, quando uma pessoa se fere, seja qual tenha sido a forma, o fato é que o homem encontrou uma maneira de associar um determinado som ou gesto a uma determinada ação ou objeto. Fazendo com que surgissem os signos, significados e suas significações. De acordo com Vanoye (1998, p. 2) a comunicação pode ser dar de diversas formas: [...] o canal de comunicação utilizado, pode-se empreender uma primeira classificação das mensagens: - as mensagens visuais, que recorrem à imagem (mensagens “icônicas”: desenhos, fotografias) ou aos símbolos (mensagens simbólicas: a escrita ortográfica); - as mensagens sonoras: palavras, músicas, sons diversos; -as mensagens tácteis: pressões, choques, trepidações, etc.; -as mensagens olfativas: perfumes, por exemplo; -as mensagens gustativas: temperos “quentes” (apimentado) ou não...
  • 22. 21 Esta afirmação de Vanoye (1998) dá uma noção dos aspectos envolvidos na comunicação humana, desde a infância aprendemos formas de se comunicar e praticamos esses ensinamentos diariamente. Segundo Berlo (1999), o comportamento humano perante esses aspectos são tão comuns e habituais que o homem não percebe o quanto se consegue manipular as coisas ao redor com o poder da comunicação. Da comunicação oral, entende-se sua forma morfológica que, segundo Vanoye (1998): a comunicação oral „passa‟ do aparelho fonador humano ao ouvido humano. Esta passagem compreende três aspectos: - um aspecto fisiológico, vinculado ao estudo da sensibilidade ás variações de frequência (de altura), de intensidade e de periodicidade das ondas sonoras. Sem entrar em detalhes, diremos que existem limites, além ou aquém dos quais a percepção fica confusa; -um aspecto psicolinguístico, vinculado ao estudo da língua enquanto conjunto de segmentos conhecidos e reconhecidos; receber uma mensagem oral é o mesmo que categorizar seus componentes gramaticais, semânticos, simbólicos, estilísticos; esta categorização se dá a partir da cultura e da experiência do receptor, em suma, de seus hábitos;- um aspecto psicológico, vinculado aos problemas de atenção e de personalidade. (VANOYE, 1998, p. 211, grifo do autor). No mesmo entendimento, Berlo (1999) acrescenta que para constituir uma comunicação verbal é necessário fazer uso de cinco habilidades: duas codificadoras, “a escrita e a palavra”; duas decodificadoras, “leitura e audição”; e a última não menos importante, e sim crucial, é o pensamento ou raciocínio, o pensamento é a linha essencial para manter a codificação de uma mensagem. Para que se comunicar, às vezes um simples gesto basta, para transmitir a mensagem desejada. Segundo Dimbley e Burton (1990), a comunicação engloba tudo de tenha um significado de transmitir ou receber uma determinada mensagem. A linguagem escrita foi a primeira a ser utilizada pelo homem para transmitir suas mensagens. Tinha-se em vista que a comunicação oral tinha um problema de alcance, pois ela não se propagava a grandes distancias. Assim com a invenção da escrita, esse problema foi resolvido, dando mais importância e significado para as mensagens não verbais. a linguagem escrita evoluiu a partir dos pictogramas, signos que guardam correspondência direta entre a imagem gráfica (desenho) e o objeto representado. O desenho de uma mulher significava isso mesmo, mulher; O desenho de um sol significava o sol, e assim por diante. Os hieróglifos do antigo Egito são um exemplo de escrita pictográfica. Chegou um momento em que o homem sentiu-se demasiadamente limitado pela necessidade de que a cada signo correspondesse um objeto. Passou então a usar signos não para representar objetos, mas para representar uma idéia. (BORDENAVE, 1982 p. 26, grifo do autor).
  • 23. 22 Compreendendo o processo de surgimento e adaptações da comunicação verbal se tornam necessário o entendimento da comunicação não verbal, pois apesar de diferentes, se acompanham em diversos meios. 2.2.2 Comunicação não verbal As HQs são uma combinação de comunicação verbal e não verbal. Assim, Bordenave (1982) tem uma teoria simples, que para usar a comunicação não verbal, é necessário fazer o bom uso dos olhares, alternar o tom de voz, simular gestos para identificar uma fala. No mesmo sentido, Dimbleby e Burton (1990) acreditam que a comunicação não verbal pode ser uma simples piscadela, trazendo um significado por trás do gesto. Pois um signo é algo que podemos compreender sem precisar falar sobre. Portanto, devemos aprender e compreender a larga variedade de significados das palavras para aplicá-las adequadamente, a fim de comunicar corretamente nossas intenções. Devemos, de outra parte, escolher cuidadosamente os signos que vamos utilizar para expressar o que realmente pretendemos. Nem sempre é tão fácil dizer o que pretendemos. (DIMBLEY, BURTON, 1990, p. 42). Gestos, toques, imagens sonoras, visuais e até mesmo olfativas e gustativas são modelos comunicativos não verbais. É impossível falar de comunicação verbal sem mencionar o não verbal, as duas vivem em união e tanto uma quanto as outras podem substituir-se ou complementar-se (SILVA, 2006 apud PASTERNAK, 2011, p. 21). O ser humano consegue processar a mesma mensagem recebida de diferentes formas de acordo com o modo como ela é transmitida. Complementando Aguiar (2004, p. 25) diz: [...] criamos sinais que tem significado especial para o grupo humano do qual fazemos parte. A variedade de línguas faladas no mundo é um exemplo bem evidente do fenômeno, mas existem outros. O significado que atribuímos às cores é um deles: se para nós, ocidentais, o vermelho pode significar poder (e o manto do papa é dessa cor), para algumas culturas africanas, ele está ligado ao luto, pois evoca luta, sangue, morte. Vanoye (1998) diz que os artistas modernos perceberam que o público estava acostumado a procurar explicações das obras em seus títulos, ainda se contentavam em
  • 24. 23 atribuir o mesmo significado para a parte pictográfica. Assim começaram a criar títulos enigmáticos e ambíguos. A imagem por si só, em muitos casos já se basta, ela é capaz de transmitir a informação toda de uma vez só, sem precisar de muitas explicações ao receptor, diferindo assim da fala, que necessita ser explicada por completo (começo, meio e fim) (ALCURE; FERRAZ; CARNEIRO, 1996). Sabendo que a comunicação não verbal é formada de signos, Santaella (2001, p. 58), diz que o signo: é uma coisa que representa outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como signo se carregar esse poder de representar, substituir outra coisa diferente dele. Ora, o signo não é objeto. Ele apensa está no lugar do objeto. Portanto, ele só pode representar esse objeto de um certo modo e numa certa capacidade. Em contrapartida, Barthes (2004, p. 42) afirma que “o signo é a união de um significante e um significado”, dando a comunicação diversos entendimentos para uma mesma situação. O entendimento dos conceitos de comunicação verbal e não verbal é importante para esta análise, pois serve de base para a análise dos meios envolvidos nesta pesquisa. Além de trazer a relevância da comunicação na sociedade. Desta forma, feita a explanação sobre as formas de comunicação, pode-se prosseguir com os estudos dos meios de comunicação. 2.3 COMUNICAÇÃO DE MASSA Antes de estudar os meios de comunicação, propriamente ditos, mais a fundo, necessita-se ter um entendimento sobre o que é comunicação de massa, baseando o estudo em autores capacitados para abordar este assunto. Para definir o conceito de comunicação de massa, utiliza-se das palavras de Vanoye (1998), quando ele designa o termo mass media para os suportes materiais das mensagens de grande difusão, de caráter coletivo. Desta forma Vanoye (1998, p. 264) afirma: Os mass media constituem-se em sistemas cujos elementos são função: -do conteúdo da mensagem; -do objetivo almejado;
  • 25. 24 -do “alvo” visado (entenda-se por “alvo” o destinatário coletivo virtual, pensado e definido segundo certos critérios) Complementando a citação do autor, Sant‟Anna (1998) afirma que, a massa pode incluir pessoas de diversas posições sociais, de diferentes vocações, de variados níveis culturais e de riqueza, sendo assim heterogêneo e não especifico. Os meios de comunicação de massa são ferramentas pelas quais as mensagens chegam à população e se propagam pela sociedade. Para Hohlfeldt, Martino e Fraça (2000), a comunicação de massa é um fenômeno social, porque apenas através da linguagem é possível transmitir a um maior número de receptores suas mensagens, e não apenas a somente uma pessoa. Dado o entendimento sobre o que a comunicação em massa se faz necessário o entendimento dos meios que tornam possível o envio de uma mensagem a milhares de pessoas. 2.3.1 Meios de comunicação de massa A comunicação de massa tem como sua principal função transmitir uma mensagem visando um objetivo e um público-alvo. Eles possuem a vantagem de conseguir alcançar um grande número de pessoas ao mesmo tempo, propagando ao máximo a mensagem desejada. Desta forma para que elas sejam propagadas, existem os meios de comunicação de massa, chamados de mass media, no tópico anterior, que fazem este papel, sendo capazes de ter um alcance a nível nacional (VANOYE, 1998). De acordo com o estudo de Lévy (2007), é identificado inicialmente, como meios de comunicação de massa, a televisão, o rádio, a imprensa e o cinema. Cada qual com seu próprio nível de penetração, pois cada transmite a mensagem de forma única ao receptor. Uma mensagem a ser transmitida, tem como objetivo alcançar o grande público, sendo ouvida, vista e lida por milhões de pessoas, cumprindo a sua meta principal. De acordo com McLuhan (2001, apud RELOÃO, 2010, p. 30), os meios de comunicação agem como extensões dos sentidos do corpo humano. A televisão e o cinema são extensões da visão e tato, o rádio da audição, o jornal e revista do tato e o telefone da fala.
  • 26. 25 Conforme os meios de comunicação agregam avanços tecnológicos, eles passam a ser extensões cada vez mais próximas do cérebro. De acordo com Sampaio (1999), cada meio possui suas características e peculiaridades, cobertura geográfica, tecnologia utilizada, difusão, relação com a audiência, custo para produção, impacto e utilização na publicidade, podendo transmitir a mesma mensagem, mas de formas diferentes. Desta forma, Dimbleby e Burton (1990, p. 162) falam que: [...] além dessa repetição da mensagem, existe também a questão da penetração. As mensagens de radio podem penetrar diretamente dentro do carro ou dentro de casa, ou mesmo em um lugar remoto de férias. Folhetos, cartazes e jornais são jogados embaixo de nossas portas. E com esses objetos, e através deste sistema, chegam as ideias e as crenças que elas carregam. As mensagens, que nos atingem diretamente, uma depois da outra, repetidas vezes. Assim Eco (2000) discute, fazendo o contraponto entre os apocalípticos e os integrados. Onde os apocalíticos concordam que a cultura de massa como anticultura e não como forma de educar, ensinar e informar. Em contrapartida Defleur e Ball-Rokeache (1993) diz que mesmo assim, as crianças ainda passam mais tempo na frente da televisão do que nas escolas. Dado o entendimento sobre os meios de comunicação de massa, seu poder e alcance. O item a seguir abordará os dois meios principais desse estudo. 2.4 TELEVISÃO A televisão é o veículo de comunicação mais utilizado pelos brasileiros, tanto para informação quanto para entretenimento, sendo responsável por atingir milhares de pessoas simultaneamente. Desta forma Pinho (2001, p. 199) afirma que “a televisão é o veiculo de comunicação de maior alcance no Brasil e o meio de informação e entretenimento mais utilizado pelos brasileiros”. Ela tem seu surgimento em 1926, mas de acordo com o autor Veronezzi (2002), ela apenas teve sua massificação algumas décadas mais tarde. Capparelli (1986) afirma que a televisão pode ser dividida em duas fases, a Fase I, com a implantação da TV Tupi- Difusora de São Paulo, que se situa entre os anos de 1950 a 1964, tendo seu marco pelo oligopólio da informação de Chateaubriand, expandindo o alcance do veículo pelos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Nordeste. Assim com o declínio do império
  • 27. 26 Chateaubriand, surge a Fase II, que se dá de 1964 até hoje, sendo esta, marcada pelo crescimento da Rede Globo, que é o principal grupo de comunicação no Brasil. De acordo com Bordenave (1982), pesquisas junto a telespectadores mostram que a televisão em geral, exerce uma série de influências sobre eles, tanto positivas, quanto negativas. A TV além de difundir notícias, diversão e publicidade, cumpre uma função social de “escape”, oferecendo uma compensação relaxante para o stress da vida moderna. “A televisão é o meio mais consumido do planeta. No Brasil, segundo pesquisa encomendada pela empresa estatal Eletrobrás no ano de 2007, o aparelho televisor está mais presente nos lares brasileiros do que a geladeira, com uma penetração de 97,1%. Neste seguimento de mercado, estes números variam rapidamente e é possível que já tenha acontecido um crescimento destes”. (G1, 2007 apud RÊGO, 2010, p. 55). A TV é o veiculo, seja por força das suas próprias virtudes técnicas, artísticas, comerciais e sociais, seja pela incapacidade e limitações naturais que os outros meios tem, que tem todas as condições para assumir uma posição de proeminência nacional como veiculo de comunicação. (SANT‟ANNA, 2002, p. 219). No entendimento de Lupetti (2003), os meios eletrônicos proporcionam entretenimento à população, que é visto como uma vantagem que estes meios possuem em relação aos demais, ainda de acordo com os estudos da autora, é a televisão, o meio que mais exige nível de atenção do seu espectador. O uso da cor, o som e os movimentos, unidos, chamam a atenção do telespectador. No que se diz a respeito sobre a programação da televisão, Adorno (2002, p. 8) explana que: a televisão tende a uma síntese do rádio e do cinema, retardada enquanto os interessados ainda não tenham negociado um acordo satisfatório, mas cujas possibilidades ilimitadas prometem intensificar a tal ponto o empobrecimento dos materiais estéticos que a identidade apenas ligeiramente mascarada de todos os produtos da indústria cultural já amanhã poderá triunfar abertamente. Rincón (2002) analisa que no estudo da televisão, existem duas hipóteses, a negativa, estudada por autores como Pierre Bordineu e Giovanni Sartori, que explanam o assunto, sendo a televisão com “o pior mal da civilidade”, afirmando ainda, que a televisão afeta o modo das pessoas pensarem. Bordineu (1997, p. 38-41, grifo do autor apud Rincón, 2002, p. 22-23), afirma que:
  • 28. 27 a televisão acaba não sendo muito propícia para a expressão do pensamento (porque é preciso pensar com urgência) (...), a toda velocidade, (então) como é que se consegue pensar numas condições onde ninguém é capaz de fazê-lo. A resposta é – pensa-se mediante ideias preconcebidas, ou seja, mediante tópicos (...); a comunicação é instantânea porque não existe (...); a televisão privilegia os fast thinkers, que propõem um fast food cultural. Ainda Sartori (1998 apud RINCÓN, 2002, p. 23) afirma que se assiste à televisão sem entender, pois ela é uma pura e simples representação visual, produzindo as imagens e anulando os conceitos atrofiando a capacidade da população de compreender e criticar. Em contrapartida, Rincón (2002) analisa estudos de pesquisadores como Rey, Fuenzalida e Martín-Barbero, que explanam a televisão como meio central da comunicação contemporânea, onde ela quebra os limites do campo cultural, se convertendo o meio em um centro cultural da sociedade. Sob a análise de Tamanaha (2006, p. 55), a televisão “é o meio de maior penetração em qualquer público”. Entre suas vantagens, está a possibilidade de veicular programas em níveis local, regional e nacional. Rincón (2002) afirma que a televisão é usada pra entreter, como companhia, proporcionando descanso e prazer para os telespectadores. Portanto, quando se faz televisão deve-se pensar nos gostos e preferências das pessoas. Visa-se ganhar a atenção do público, e fazer da televisão, um dispositivo útil. Ao contar histórias que respondam as necessidades e expectativas dos públicos (das audiências), que tragam contexto e informação que permitam ao telespectadores agir na sua vida cotidiana, que construam mensagens que instiguem o cidadão ativo a solucionar seus problemas com os recursos que tem à mão, e que criem mensagens que respeitem a inteligência e a competência de assistir televisão que os telespectadores possuem. (RINCÓN, 2002, p. 27). De acordo com Ramos (1995), filmes e telenovelas já dominavam as programações das emissoras nos anos 70. Buscam-se produções de ficção, pela concorrência de eles conseguem atingir a níveis nacionais. Em meados da década de 50, grandes companhias de Hollywood, começam a produzir séries como Gunsmoke, consolidando a indústria das séries nos Estados Unidos. Assim a prime time, passa a ser dominada por essas séries, dividida em três gêneros: o drama, a comédia e a long form (RAMOS, 1995). Tamanaha (2006, p. 55) cita que a televisão “é fonte de referência e de informação para a maioria dos telespectadores, que, pelas características culturais e econômicas da população, não tem acesso a outros meios de comunicação”, o autor diz ainda que “é
  • 29. 28 percebida como um meio „mágico‟ por trazer para dentro do aparelho [...], a imagem, com movimento e som, de um fato que está acontecendo em outro lugar do mundo”. Desta forma, Rincón (2002, p. 26) complementa que: as histórias da tevê vão criando um tipo de “inteligência” nos públicos, uma compreensão televisiva do mundo da vida. A televisão, por ser um meio de comunicação de massa, trabalha em base a imagem de massa sobre as temáticas, as realidades e as pessoas. Nesse sentido, quase todos os personagens televisivos acabam sendo estereótipos, caricaturas, generalizações, deixando de lado os matizes, as ambiguidades e sutilezas que sempre existem. Complementando a citação anterior o autor ainda fala sobre o contra ponto da televisão, advertindo que as formas estereotipadas, generalizadas, podem vir a compreender como verdade e realidade para os telespectadores, sendo denominada pelo autor como “inteligência televisiva”. O autor, Dizard (2000) mostra que a televisão tem muito a acrescentar na vida das pessoas, ainda afirma que ela é o meio mais poderoso dentre os existentes. Sampaio (2004, p. 30) concorda com o pensamento de Dizard, falando da superioridade da televisão diante das outras mídias, e lembrando que “[...] imagens mobilizam mais fortemente a atenção do que os textos” e ainda afirma que a mesma ajuda a promover a vínculos emocionais com os telespectadores. Desta forma Rincón (2002), vê que a televisão é capaz de converter heróis em pessoas comuns, que traz temáticas novas para falar do dia-a-dia, permitindo reflexão, e gerando conversar sobre o que significa viver nos dias de hoje. De acordo com a temática deste trabalho, se faz necessário também uma breve explanação sobre a televisão por assinatura. A televisão é um veiculo de massa, de grande audiência, mas em alguns horários e canais, segmenta sua programação para a população. Segundo Sampaio (1999), em 1994, havia quatro redes nacionais de televisão: Globo, Bandeirantes, Manchete e SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), e a MTV surgia como a primeira rede segmentada no país. Tamanaha (2006, p. 63) a divide em duas visões diferentes. No que diz respeito ao telespectador, “exige renda e instrução para ser consumida, pois alguns canais, como os de filmes, são legendados” ainda “é percebida como meio que confere status e prestígio social, por ser pago e a programação ser em sua maioria internacional”. Oferece uma vasta segmentação, dividindo-se em canais específicos, filmes, séries, jornalismo, variedades, esportes, decoração, desenhos animados, etc.
  • 30. 29 Assim, mais do que uma fonte de informação, a televisão por assinatura se torna uma ferramenta de lazer e entretenimento, Rincón (2002) que afirma que a televisão busca o entretenimento como proposto, feito com base nas preferências e gostos dos telespectadores. Agora que se torna possível o entendimento deste meio de comunicação e a sua força dentro da sociedade é possível realizar o estudo das HQs, que serviram de base para a produção da série tema deste trabalho. 2.5 HISTÓRIAS EM QUADRINHOS As histórias em quadrinhos vão muito mais além do que se imagina independente de idade, classe social e sexo, ela atinge a todos. Para falar das Histórias em Quadrinhos, é necessário resgatar sua composição. As HQs são compostas por linguagens verbais e não verbais, neste caso, escrita e imagem. Que trabalham em conjunto, as partes são feitas para que possam funcionar e transmitir a mensagem desejada. Desta forma, em entrevista Moya (2010) afirma que: [...] antes de existir o que nós consideramos hoje história em quadrinhos, existia uma pré-história em quadrinhos, que seriam as histórias ilustradas. Elas começaram em 1827, com um professor suíço chamado Rudolf Töpffer, que fez as primeiras histórias ilustradas [...] Ele afirmou que era impossível seguir apenas as ilustrações, que não faria sentido. Também só ler as legendas não fazia sentido. Precisava existir as duas coisas ao mesmo tempo [...] Elas têm sido capaz de influenciar o homem no cinema, na publicidade, na arte e na televisão. Porém, ainda são desvalorizadas, por serem conhecidas como “coisa de criança”. “As histórias em quadrinhos são vistas como um produto menor, uma “irmã pobre” das outras manifestações artístico-culturais produzidas pelo ser humano”. (MOREAU, 2007, p. 8). Ainda de acordo com o autor citado anteriormente, ele afirma que as HQs são chamadas de “apenas um produto de cultura de massa” e tem dificuldades de perder este rótulo, pois mesmo conseguindo espaço, poucas pessoas prestam atenção nelas. O‟Neil (2005 apud MOREAU, 2007, p. 10) desta forma, exemplifica o que são os quadrinhos:
  • 31. 30 quadrinhos não são uma coleção de palavras e imagens impressas numa mesma página (isto é o que os livros ilustrados são). Para ser uma história em quadrinhos, essas palavras e imagens devem trabalhar juntas da mesma maneira que partes de uma linguagem trabalham juntas. Pense nos quadrinhos como uma linguagem formada por dois elementos separados e bastante diferentes usados em conjunto para transmitir informações. Assim, Cagnin (1975) explana a maneira em que leitura da escrita e a leitura da imagem se complementam nas histórias em quadrinhos. A escrita consiste em demonstrar e explicitar conceitos universais, enquanto o elemento icônico nos remete a representação artificial da realidade de determinado objeto físico, mantendo a semelhança no real. Desta forma o roteirista e o desenhista buscam uma linguagem simples, mas de qualidade e unificada para apresentar em suas criações. o desenhista e o roteirista começam de mãos dadas, com um objetivo em comum: Fazer quadrinhos de “qualidade”. O desenhista sabe que, para isso, vai ter que fazer mais do que cartuns grosseiros. Ele parte em busca de uma arte de qualidade. A roteirista sabe que não pode ficar só no Uff! Tum! Blam! Ela parte em busca de algo mais profundo. Em museus e em bibliotecas o desenhista encontra o que busca. Ele estuda os grandes mestres da arte ocidental, praticando noite e dia. Ela também encontra o que procura nos grandes mestres da literatura ocidental. Ela lê e escreve muito, buscando uma voz unicamente sua. Finalmente, os dois estão prontos. As pinceladas dele são perfeitas, suas figuras...Puro Michelangelo as descrições dela são impressionantes. Suas palavras fluem como um soneto Shakespeareano. Ambos estão prontos para dar as mãos de novo e criar uma obra-prima. (MCCLOUD, 2005, p. 48) Eco (1970) relata que uma imagem de um estereótipo, independente do ambiente, utiliza elementos gráficos que respeitam o próprio gênero, sua origem, nos remetendo a uma lembrança de algo que já nos é familiar. Os estereótipos ajudam com o dinamismo e a fluência na interação entre personagens-leitores das HQ, uma vez que nesta comunicação há falta de tempo e/ou espaço para apresentar e desenvolver os personagens. “A imagem ou caricatura tem de defini-lo instantaneamente”. (EISNER, 2005, p. 22). Assim o leitor leva em consideração suas experiências pessoais, e consegue interpretar de maneira rápida informações e características que não estão evidentes no texto, como é exemplificado na ilustração 2.
  • 32. 31 Ilustração 2: Estereótipos dos quadrinhos Fonte: Eisner (2005, p. 22 apud JAHN, 2009, p. 17). De acordo com Eisner (2005, p. 20), “imagens estáticas têm limitações. Elas não exprimem abstrações ou pensamentos complexos facilmente. Mas as imagens definem em termos absolutos. Elas são específicas”. Desta forma, Janson (2005, apud JAHN, 2009) descreve os desenhos de forma que as linhas dão volume à face, iluminação para reforçar os ângulos e planos para criar profundidade, dando dicas visuais que o autor cria para dar idéia da personalidade de seu personagem. Podendo ser observado na Ilustração 3. Ilustração 3: Linhas e iluminação: estereótipos dos quadrinhos Fonte: Janson (2005, p. 22 apud JAHN, 2009, p. 18). Partindo desta explanação sobre o que são as histórias em quadrinhos, se faz necessário o estudo do seu surgimento e a sua influência sobre a vida da sociedade.
  • 33. 32 2.5.1 História das histórias em quadrinhos As histórias em quadrinhos são adoradas por muitas pessoas por suas histórias de ficção. Aventura, terror, romance, policial, seja qual for o enredo, são capazes de apaixonar e encantar quem as lê. A história das histórias em quadrinhos se divide em eras, sendo elas Era de Platina, Era de Ouro, Era de Prata, Era de Bronze e Era Moderna. 2.5.1.1 Era de Platina A história se inicia com um menino e seu pijama amarelo. Criado por Richard Fenton Outcault, nasce o Yellow Kid. Patati e Braga (2006, apud MOREAU, 2007, p.14), afirma que “ele é quase que universalmente aceito, por pesquisadores e estudiosos, como o primeiro personagem de histórias em quadrinhos”. A seguir uma consegue-se visualizar uma imagem do Yellow Kid, o quadrinho considerado como primeiro modelo de quadrinhos, baseando-se pelos modelos atuais. Ilustração 4: Uma das histórias de Yellow Kid publicadas no New York Journal
  • 34. 33 Fonte: Moreau (2007, p. 13). Mesmo com a aceitação de o Yellow Kid ser o precursor dos quadrinhos, Guedes (2004) escreve que a história das revistas em quadrinhos começou em 1842 com a publicação de The Adventures of Mr. Obadiah Oldbuck, escrito e desenhado por Rodolphe Töpffer, onde ele já unia imagens e desenhos sequenciais que formam histórias, chamando seus quadrinhos de picture story - que poderia ser traduzido como “histórias em retratos” (GUEDES, 2004). Apesar disto, o garoto e seu pijama amarelo, ganham destaque por ser o primeiro a utilizar falas em primeira pessoa, igualmente ao que se é utilizado nos dias de hoje. Apostando na comédia, como estratégias de vendas o The New York World e New York Journal, começavam a criar mais personagens como Little Nemo in Slumberland e Le Pieds Nickelés além de produtos relacionados a eles: na esteira do sucesso do Yellow Kid, que foi publicado em diversos outros jornais, virou pôsteres e brinquedos, começaram a surgir vários personagens. Em comum, um olhar crítico e bem-humorado do cotidiano da vida americana. Herdeiros diretos das charges políticas, esses primeiros personagens captavam a atenção dos leitores através da identificação direta. (MOREAU, 2007, p. 15). Porém após um tempo, o gênero da comédia saiu da preferência da população e os fatores externos e financeiros, começaram a influenciar as histórias dos quadrinhos. Moreau (2007) explica que, com crescimento do desemprego, depressão e o crack da Bolsa de Nova Yorque desanimaram os leitores. As piadas que faziam referência ao cotidiano dos trabalhadores, já se tornavam cansativas e repetitivas. Queria-se algo diferente. Assim neste contexto chegam às aventuras e os heróis para os quadrinhos. Moreau (2007) destaca que assuntos como viagens no tempo, espaço sideral e perseguições começaram a ganham a atenção do público. Patati e Braga (2006) relatam que as aventuras surgem 1924, com a criação da série Wash Tubbs (Tubinho, no Brasil), de Roy Crane. Junto com ele, houveram mais alguns heróis como Príncipe Valente, Buck Rogers e ainda um detetive que é conhecido até hoje, Dick Tracy, trazendo a história do policial buscava exatamente o que o público queria, a justiça. nada de pistas, charadas ou brilhantes deduções sherlockianas. Contra vilões sem moral ou limite, apenas socos e balas resolviam. Tudo o que o público ansiava era um policial correto, incorruptível e que não descansava até prender os criminosos. Vale destacar o traço do autor, algo quase infantil, contrastando com o tema pesado e brutal das tramas. Brutal mesmo, afinal mais de uma vez vilões foram mortos em tiroteios violentos. (MOREAU, 2007, p. 22).
  • 35. 34 Ainda como cita Moreau (2007, p. 22): “Gould também brindou seus leitores com inovações tecnológicas que fizeram história, como o rádio-relógio de Tracy, o avô dos celulares” como pode ser visto na Ilustração 5. Ilustração 5: Selo comemorativo, lançado em 1995 nos EUA, com Dick Tracy de Chester Gould Fonte: Moreau (2007, p. 23). Dick Tracy e mais dois personagens desta fase dos quadrinhos (Tarzan e Buck Rogers), abriram caminho para a próxima fase dos comics, entrando na Era de Ouro. Ainda de acordo com Moreau (2007) essas histórias já começavam a sair em revistas próprias. Desta forma começa uma era cheia de super poderes e histórias épicas entre ficção e realidade. 2.5.1.2 Era de Ouro A Era de Ouro dos quadrinhos é marcada pelos super-heróis. Seu marco inicial se deu com o aparecimento do Superman na capa da revista Action Comics # 1. Mostrava um ser com super poderes, com uniforme nas cores da bandeira dos Estados Unidos, mostrando patriotismo, e a sua capa que lhe dava sensação do movimento, o Superman lutava pela verdade, justiça e o american way. Ele era tudo o que as pessoas precisavam e tudo que os leitores desejavam. Alguém patriota que lutasse pelo bem e pelo correto.
  • 36. 35 último sobrevivente do planeta Krypton, o pequeno Kal-El é enviado à Terra em um foguete por seu pai, o cientista Jor-El. Em sua galáxia, Krypton era banhado por um sol vermelho. Aqui no nosso sol amarelo, Kal-El ganha incríveis poderes (não tão incríveis no começo, já que o herói não voava, apenas saltitava entre os prédios). Siegel e Shuster introduziram o conceito base da identidade secreta, para preservar a vida do Superman. Nascia Clark Kent, uma vez que o foguete foi aterrissar na fazenda de um simpático e correto casal do Kansas, Jonathan e Martha Kent. Honestos, com uma moral bem rígida e extremamente patrióticos, o casal passou ao pequeno Kal-El toda a base que o faria lutar pela verdade, justiça e o american way. (MOREAU, 2007, p. 33, grifo do autor) Porém, não eram todos que acreditavam no potencial do super-herói, de acordo com Moreau (2007), um dos proprietários da National, Harry Donenfeld, achou a capa ridícula. Mas o editor Vicent Sullivan acreditava, tanto que, apoiado pela reação dos leitores conseguiu colocar o kryptoniano de volta à capa, de onde não saiu mais. Desta forma essa edição da Action Comics #1, surge mostrando o super-herói voando e com um carro sobre a cabeça, marcando o início da Era de Ouro das HQ e o final da Era de Platina (que tinha começado em 1897 com a publicação do Yellow Kid). Ilustração 6: Capa da Action Comics 01. A estréia do Superman nos quadrinhos Fonte: Krensky (2008, p.14). Assim, o sucesso que o Superman fez com a população, inspirou as editoras a criarem mais super-heróis, fazendo com que nascessem diversos personagens como: Tocha
  • 37. 36 Humana, Sandman, Capitão Marvel, Spirit, Capitão América e um outro super-herói que seria tão importante quanto qualquer outro que havia sido criado. Dentro deste contexto, houve um personagem que ganhou tanto destaque quanto Kal- El: Batman. Ele não voava, não tinha super força, ou qualquer outro super poder, porém era mais rápido que uma bala. Ele era humano, um super-herói humano. Finger trouxe toda uma gama de artifícios que marcaram a história das HQ: a máscara, ocultando a identidade secreta de um modo mais real que o Superman; os vilões terríveis, todos buscando derrotar Batman; o quartel-general do herói, no caso a Batcaverna sob a mansão Wayne; o pupilo, Robin, que nada mais é do que os jovens leitores para quem Batman ensina como combater o crime; e as mais diversas ferramentas, como o cinto de utilidade, o batmóvel, o batplano e outros (MOREAU, 2007, p. 38). Guedes (2004) explica que, quando era criança, Bruce Wayce, vê seus pais sendo assassinados por um bandido qualquer. Criando sua sede por vingança e justiça, além de ser guiado por sua determinação, Bruce torna-se um ser quase que sobre-humano, mas que no fim das contas é “apenas” um homem muito inteligente e um super lutador, sem nenhum tipo de super poder, como Kal-El. Desta forma, através de Finger, surge a historia de um personagem, que juntamente como Superman, se tornam referências na criação de outros super-heróis. Porém, como explana Moreau (2007), os dois personagens apesar de terem características tão semelhantes, possuíam personalidades e peculiaridades totalmente diferentes. “Em essência Batman era um super-herói como Super-Homem, mas diferia em motivação e modus operandi. Se Super- Homem representava a luz, Batman era as trevas”. (GUEDES, 2004, p. 20, grifo do autor, apud JAHN, 2009, p. 23). A Ilustração 7, mostra uma imagem de uma das primeiras aparições do Batman nas histórias em quadrinhos.
  • 38. 37 Ilustração 7: Surge o Cavaleiro das Trevas: Batman de Bob Kane Fonte: Edição Fac Símile Editora Abril (apud MOREAU, 2007, p. 36). Outro aspecto interessante no surgimento de Batman é que, apesar de fazer sua estréia na Dective Comics #27, de maio de 1939, sua origem só seria apresentada aos leitores na Dective Comics # 33, sete números após. O suspense deixou o público enlouquecido. E Batman foi tão marcante que, anos depois, Detective Comics passou a ser o nome da editora, transformando a National na hoje DC Comics. (MOREAU, 2007, p. 40) Mas por mais que o Superman e o Batman tenham sido as referências da Era de Ouro, eles não eram os mais populares. Este posto pertencia a um herói apelidado pelos fãs, de Big Red Cheese (Queijão Vermelho), ou o Capitão Marvel. A trama contava a história do pequeno Billy Batson, um menino que ganha do sábio Mago Shazam, a sabedoria de um rei bíblico e os poderes de cinco heróis mitológicos. Assim, quando grita o nome do mago, ele se transformava no Capitão Marvel, onde adquiria a sabedoria de Salomão, a força de Hércules, a resistência de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio (figuras cujas iniciais formam a palavra SHAZAM). Com isso, Billy cresce até a forma adulta, ficando pronto para enfrentar o Mal (MOREAU, 2007). Na Era de Ouro, que acontecia durante a Segunda Guerra Mundial, os personagens mais patrióticos como Capitão América e o Superman, chegam a lutar contra o os inimigos dos Estados Unidos. O presidente na época, Franklin Roosevelt, reuniu-se com os criadores de quadrinhos para pedir que eles mostrassem os super-heróis, lutando contra os nazistas.
  • 39. 38 “Assim, Superman logo começou a derrotar espiões e soldados de Hitler [...]”. (MOREAU, 2007, p. 36, grifo do autor). O resultado disto foi uma capa exclusiva, o onde Hitler leva um soco do Capitão América, como mostra a ilustração 8. Assim as histórias das revistas do Capitão América serviam de motivação e apoio, para os soldados americanos (GUEDES, 2004). Os quadrinhos deixavam de trabalhar apenas com a ficção, trazendo a guerra como temática e estimulando as pessoas a se alistar. Nas páginas, nazistas e seus aliados travavam combates épicos com os personagens, motivando os fãs, que aos milhares, compravam as revistas e “[...] pouco depois se alistariam e combateriam na guerra mundial. Um público a quem o Capitão faria companhia nas trincheiras”. (PATATI, BRAGA, 2006, p. 81 apud JAHN, 2009, p. 22). Assim, ilustrado na imagem a seguir da capa de uma das edições do Capitão América. Ilustração 8: Capitão América dando um soco em Hitler Fonte: Moreau (2007, p. 47). Mas com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, os super-heróis começam a perder o seu espaço entre os leitores. Moreau (2007) explica que, por causa do Presidente
  • 40. 39 Roosevelt e dos criadores das HQs, os personagens acabaram ficando muito ligados a briga com espiões e nazistas da Segunda Guerra Mundial. Levando até as vendas do personagem mais famoso na época, Capitão Marvel, a cair bruscamente. Sendo assim, a Era de Ouro estava sendor encerrada, e dando lugar a uma época de ficção científica, humor e principalmente o terror, que eram os temas dominantes das histórias. 2.5.1.3 Era de Prata Os super-heróis já não atraiam mais a atenção dos leitores, desta forma as editoras precisavam buscar algo que os estimulassem, novos caminhos para entreter e agrada-los. Os únicos heróis que sobreviveram ao final da Era de Ouro foram Superman, Batman, Mulher Maravilha e Capitão Marvel. As editoras se atentavam em assuntos como histórias policiais, faroeste, bichos falantes e terror (MOREAU, 2007). Em 1947, de acordo com Guedes (2004), uma tragédia mudou o rumo das HQs Estados Unidos. Max Gaines havia morrido afogado tentando salvar uma criança. Ele tinha ajudado a National a virar um império de super-heróis e tinha fundado sua própria editora, a EC - Educational Comic. Com isto, seu filho, William Gaines, acabou herdando a editora, porém ele não tinha a mesma experiência para trabalhar com quadrinhos que seu pai. Então ele mudou o nome da editora para Entertaining Comics (conservando as iniciais EC) e chamou Al Feldstein como desenhista e editor para trabalharem juntos, assim como explicam Patati e Braga (2006, p. 92), eles realizaram “os gibis mais cuidadosamente produzidos da década inteira”. Os gibis do gênero terror como Tales From the Crypt, The Haunt of Fear, foram ganhando tanto os leitores, quando as editoras, que já queriam fazer terror. Com o sucesso, diversas editoras começaram a apostar no gênero que até o momento era o terror. Nas tramas, assuntos que envolviam monstros, mas também a máfia, a Ku Klux Klan, sexo e violência, faziam grande sucesso. Porém, essas histórias passaram a ser perseguidas (MOREAU, 2007). Numa América cada vez mais conservadora, embalada pelo canto reacionário do Senador Joseph McCarthy e sua caça às bruxas comunistas, não é de se admirar que aparecesse alguém como o psicólogo Dr. Frederic Wertham e a sua obra The Seduction of the Innocents. Com base no discurso de achar culpados pelos erros da sociedade (como já aconteceu com a TV, o rock, o cinema e, recentemente, a
  • 41. 40 internet e o videogame), o tal Doutor lançou sua fúria contra os quadrinhos, afirmando que eles estavam corrompendo os jovens americanos. Sua campanha difamatória o levou ao rádio, a programas de TV e a dar palestras em escolas e universidades, mostrando como as histórias em quadrinhos - principalmente as da EC - estavam causando a delinquência juvenil pós-guerra. (MOREAU, 2007, p. 59). O resultado disto foram as editoras começando a infantilizar suas tramas e sofrendo represálias de pessoas como o psiquiatra Frederic Wertham, que chegou a propor homossexualidade nos quadrinhos do Batman, e acusar a Mulher Maravilha de ser lésbica. Moya (1970, p. 72-73) ainda fala sobre um dos trechos do livro escrito por Wertham, Seduction of the Innocent: o psiquiatra, ignorando as cifras oficiais a respeito do homossexualismo no Exército americano, corajosamente preocupa-se com as relações entre Batman e Robin. „Constantemente eles se salvam um ao outro de ataques violentos de um número sem fim de inimigos. Transmite-se a sensação de que nós, homens, devemos nos manter juntos porque há muitas criaturas malvadas que têm que ser exterminadas [...] Às vezes, Batman acaba numa cama, ferido, e mostra-se o jovem Robin sentado ao seu lado. Em casa, levam uma vida idílica. São Bruce Wayne e Dick Grayson. Bruce é descrito como um grã-fino e o relacionamento oficial é que Dick é pupilo de Bruce. Vivem em aposentos suntuosos com lindas flores em grandes vasos[...] Batman é, às vezes, mostrado num robe de chambre[...] é como um sonho de dois homossexuais vivendo juntos.‟ Neste parágrafo não se sabe quem é mais doentio a respeito do robe de chambre, Bob Kane ou o Dr. Frederic Wertham. Portanto, o maior perigo já enfrentado por Batman e Robin está representado num robe de chambre e num vaso de flores. Esses e outros símbolos sexuais ficaram no subconsciente dos jovens que se pederastizaram nas fileiras das forças armadas norte-americanas. De acordo com Guedes (2004), mesmo com a censura, Superman e Batman ainda faziam sucesso entre os leitores, principalmente depois que os editores decidiram juntam os dois super-heróis na mesma aventura em julho de 1952, na revista Superman 76#, onde um descobre a identidade do outro. Moreau (2007) lembra que os autores conseguiram criar histórias onde o poderoso Superman precisava da ajuda de Batman e Robin. De acordo com Guedes (2004), Weisinger criou um novo personagem, um super- herói chamado J´Onn J´Onzz, the Manhunter from Mars, mais conhecido no Brasil como Ajax, o marciano. Ele fez sua estréia na Dective Comics # 225, em novembro de 1955. Moreau (2007), explica que muitos pesquisadores americanos dizem que O Caçador de Marte foi o marco da Era de Prata. Mas, oficialmente, ela só começaria um ano depois, em 1956. De acordo com Moreau (2007), a Era de Prata teve como seu marco inicial oficial, o lançamento da revista Showcase # 4, em novembro de 1956. Com ressurgimento do Flash. O antigo Flash não era do agrado do editor que havia sido escolhido para relançar o personagem. Julius Schwartz, que já tinha editado a revista do Flash nos anos 40, resolveu remodelar
  • 42. 41 drasticamente o herói. Ele não gostava do que era feito com o personagem e muito menos de suas roupas, conservando apenas seu nome. Desta forma ele se transformou em Barry Allen, um cientista da polícia que ganhou sua velocidade ao ser atingido por um raio e banhado por produtos químicos. Seu uniforme deixou de ser uma calça azul com uma camiseta vermelha com um raio amarelo que atravessava a camiseta e um capacete de Mercúrio, entrando um Flash com uma roupa vermelha e botas amarelas e um símbolo de um raio dentro de um círculo em seu peito.Depois criaram mais realidades onde até os heróis eram vilões, algo que animava e empolgava os fãs. (MOREAU, 2007). A ilustração 9 abaixo mostra a capa onde o Flash já aparece com suas novas roupas. Ilustração 9: O aparecimento do novo Flash Fonte: Moreau (2007, p. 63). Assim, o fato mais marcante da Era de Prata foi o surgimento de uma das maiores e mais importantes editoras da história dos quadrinhos, a Marvel. Patati e Braga (2006) contém que a editora estava em busca de histórias diferentes do que já havia sido feito. Desta forma Stan Lee cria um grupo de super-heróis que não formam apenas uma liga, mas sim uma família, nascendo assim o Quarteto Fantástico.
  • 43. 42 Moreau (2007) explana sobre suas histórias, o Quarteto Fantástico surge com uma viagem ao espaço, porém o foguete deles é exposto a uma tempestade de raios cósmicos. Quando voltam para Terra, após um pouso complicado realizado por Ben, o grupo descobre que foi afetado pelos raios. Dando a cada um dos quatro integrantes da equipe um poder especial. Sendo eles Sue Storm, com o poder de se tornar invisível e criar barreiras de campos de força, o irmão caçula dela, Johnny Storm, com o poder de ficar em chamas e voar, o cientista Reed Richards, que se tornou o homem elástico, podendo se esticar por quilômetros, e o piloto Ben Grimm, que se transformou em um ser com uma força imensa. Mas enquanto para os outros os novos poderes eram uma benção, para Ben era uma maldição, se passando a ser o Coisa, passou a ter dificuldades para se relacionar com a sociedade pela aparência que adquiriu. [...]confluíram através destes Kirby e Lee, muito díspares e tremendamente complementares, as energias justas e um conceito crucial para todo o mercado norte- americano de HQ de aventura, de lá até hoje: o de superseres como personagens de melodrama, por terem toda uma caracterização mais cuidadosamente desenvolvida, conferindo a todo um estilo HQ de aventura, o de super-heróis, com seus personagens antes muito rasos, ao menos rudimentos de uma psicologia. (PATATI, BRAGA, 2006, p. 148-151) Guedes (2004) relata que depois do surgimento da primeira “família” da Marvel, Stan Lee cria mais um herói que vem para se tornar um dos mais populares heróis e ainda servir, assim como o Superman e o Batman, como referência para a criação de diversos outros heróis. Eis que nasce o Homem-Aranha. Peter Parker conquistou seus leitores pela identificação. Eles se enxergaram na pele do menino órfão, criado com dificuldade pelos bondosos tios no bairro Queens, que da noite para o dia adquire super-poderes ao ser picado por uma aranha radioativa. (MOREAU, 2007, p. 71). Da história de Peter surge a frase mais famosa das histórias em quadrinhos. Um pouco antes de morrer, seu tio Ben lhe diz que “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, fazendo com que Parker se tornasse um legítimo super-herói. Porém a vida de Paker não era nada fácil, ao contrario dos outros super-heróis o Homem-Aranha é visto como uma ameaça (MOREAU, 2007). Guedes (2004, p. 64) afirma que: de acordo com Goodman o personagem tinha tudo para dar errado: não era rico, era cheio de complexos e falhas de caráter e nem ao menos era bonito, fisicamente. Bem, tais tópicos eram o que servia de argumento para Stan Lee. A escolha do desenhista Steve Ditko foi também de uma inspiração quase divina por parte de Lee,
  • 44. 43 já que, com seu traço simples, porém marcante, Ditko conseguiu transmitir a carga necessária de mistério e esquisitice ao herói. Na ilustração 10 a capa da revista demonstra como a história do aracnídeo era diferente, onde ele é repreendido pelas pessoas, sendo chamado de aberração e ameaça publicamente. Ilustração 10: O Homem-Aranha Fonte: Moreau (2007, p. 68). Moreau (2007) explica que o sucesso do Homem-Aranha, fez com que Stan Lee trouxesse novos personagens como Homem de Ferro, Thor O Deus do Trovão, os X-Men, Hulk, Homem Formiga, e a liga que respondia diretamente a Liga da Justiça da National, Os Vingadores. Durante a década de 60 a Marvel não parava de fazer sucesso, suas revistas continuavam a vender bem e os heróis ganharam desenhos na televisão e novas revistas são lançadas, como a do personagem preferido de Stan Lee, O Surfista Prateado. Sendo por causa deste personagem, explica Moreau (2007), que Lee e Kirby se separam. o Surfista foi a gota d´água na relação Lee/Kirby, como relata Guedes. Há muito tempo Kirby vinha desgostoso com a atenção que Lee recebia e com as mexidas que sofria no seu trabalho. Quando Lee passou o Surfista para John Buscema, Kirby (que tinha criado o Surfista para a história do Quarteto contra o Galactus), achou demais. (MOREAU, 2007, p. 79).
  • 45. 44 Dando fim a dupla, assim Lee continuou na Marvel e Kirby foi para a concorrente DC. Este fato associado à morte da namorada do Homem-Aranha, Gwen Stacy, pelas mãos do Duende Verde, marcaram o final da Era de Prata e início da Era de Bronze. Desta forma os quadrinhos vão ganhando aventuras com teor mais adulto, perdendo a censura e a infantilização. 2.5.1.4 Era de Bronze e Era Moderna Os quadrinhos estavam mudando, elas já traziam super-heróis, com temas mais fortes como morte, drogas e violência, voltados para um público mais adulto. Moreau (2007) cita que morte da namorada do Homem-Aranha no final da Era de Prata, desencadeou uma revolução nos quadrinhos. Da Era de Bronze para Moderna, a década de 80 deixa de fora o conservadorismo para que pessoas como Alan Moore e Frank Miller criem algumas das obras mais importantes de todas as eras. Desta forma começam a aparecer personagens como Watchmen e o O Cavaleiro das Trevas, que são base e referência para tudo que se fez e faz sobre super-heróis. Segundo Moreau (2007) o Watchmen, de 1986, surge pelas mãos do escritor britânico Alan Moore e o desenhista Dave Gibbons. Contando uma história que mostrava como seria a vida de um super-herói se ele vivesse mesmo entre nós. Envolvendo o leitor uma trama cheia de polêmicas, filosofia, política e moralidade. Ainda de acordo com o autor, Frank Miller traz um dos maiores ícones dos quadrinhos novamente para criar O Cavaleiro das Trevas, resgatando a história do Batman já com quase 60 anos, aposentado que resolveu voltar à ativa. Mas com medo do que o Homem-Morcego possa fazer, o presidente americano (personificado pelo então presidente Ronald Reagan) resolve chamar alguém para traçar limites, o seu velho amigo, Superman. (MOREAU, 2007). Isso deixa clara a diferença crucial que existe entre os dois personagens: Superman um escoteiro, Batman um vigilante. O climax da trama acontece com uma luta de vida e morte entre os heróis, com Batman dando uma surra no Homem de Aço. O tom sombrio, a discussão política e a realidade que impregnam a história mudaram as HQs. O mesmo impacto teve o trabalho Watchmen de Alan Moore, em parceria com o desenhista Dave Gibbons. Usando de referências os heróis da Charlton (como Besouro Azul, Questão e Capitão Átomo), misturados com os heróis da própria DC Comics, Moore criou um mundo real, questionando o que aconteceria se super- heróis vivessem mesmo entre nós (MOREAU, 2007, p. 90-91).
  • 46. 45 A partir disto, houve uma expansão para o universo dos quadrinhos. Foram criados selos como Dark Horse, Image (fundadas pelo desenhista Todd McFarlane) e a Vertigo (criada pela DC), focando nos quadrinhos adultos, possibilitando os escritores de possuir mais liberdade para criarem suas histórias com conteúdo e qualidade, tendo assim o domínio sobre os personagens (SOUZA, 2007). Desta forma foi possível à criação de obras como: V de Vingança, From Heel, Palestina, Calvin e Harold, Gen - Pés descalços, No Coração da Tempestade, dentre diversos outros títulos que comprovam que as HQs possuem muitos potenciais e criatividade em cada uma de suas páginas. O estudo realizado até o presente momento será aprofundado no quarto capítulo, procurando evidenciar as diferenças na série em relação a história e valores trazidos pelo quadrinhos e sua adaptação para a televisão. O capítulo seguinte apresentará a descrição dos procedimentos metodológicos que foram utilizados para a composição deste trabalho.
  • 47. 46 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo serão apresentados conceitos dos procedimentos metodológicos utilizados para a construção de cada etapa deste trabalho. Para Barros e Lehfeld (2007), a definição etimológica do termo parte do princípio que a palavra metodologia vem do grego: meta, que significa „ao largo‟; odos, „caminho‟; logos, „discurso‟, „estudo‟. A partir dai acredita que a metodologia é entendida como uma disciplina que é relacionada à epistemologia, que consiste em estudar e avaliar os métodos disponíveis. A metodologia, quando aplicada, examina e avalia os métodos e as técnicas de pesquisa, bem como a geração ou verificação de novos métodos que conduzam à captação e ao processamento de informações com vistas à resolução de problemas de investigação. (BARROS; LEHFELD, 2007, p. 2). Desta forma, Demo (1987) concorda com a autora afirmando que a metodologia “trata das formas de se fazer ciência”, cuidando dos procedimentos, das ferramentas e caminhos utilizados. “A finalidade da ciência é trata a realidade teórica e praticamente”. (DEMO, 1987, p. 19). Ainda Fachin (2006) completa o conceito sobre a metodologia afirmando que ela é um instrumento que proporciona aos pesquisadores, uma orientação geral que facilita o planejamento da pesquisa, coordenam às investigações realizadas, construir e realizar experiências e interpretar e analisar os resultados. Para a composição deste trabalho foi feita uma pesquisa dos autores que estariam de acordo com o tema proposto. No capítulo 2, Revisão de Literatura, foram pesquisados conceitos de: comunicação e os elementos que a constituem, também foi abordado os conceitos signo, significado e significante, aprofundando o estudo da comunicação verbal e não-verbal. Se tratando da uma análise de uma série de televisão e uma história em quadrinho, foi necessário resgatar o que é a comunicação de massa e os meios que trabalham desta forma, ainda houve a necessidade de estudar mais dois temas fundamentais para dar base ao objeto de estudo: televisão e história das histórias em quadrinhos. Neste capítulo foram utilizados autores clássicos como Berlo, Vanoye, Bordenave, Penteado, Saussure e Sampaio. Porém, para constituir a parte de histórias em quadrinhos, o
  • 48. 47 autor principal utilizado foi Moreau, devido ao fato da dificuldade de entrar bibliografias sobre o tema em questão. Para construir o capítulo 4 foi necessário cumprir uma série de objetivos específicos adotados para este trabalho. Assim para realizar o levantamento do surgimento da lenda dos zumbis foi necessária a utilização do livro “Zumbi, o livro dos mortos”. O qual foi escolhido por possuir as informações e pesquisas adequadas para discorrer sobre o assunto. O mesmo acontece ao levantar a trajetória dos zumbis a Hollywood. Porém a utilização de apenas um autor deve-se ao fato da dificuldade de se encontrar informações sérias e corretas a respeito do assunto. Para está etapa do trabalho foram utilizadas as pesquisas exploratória e bibliográfica. A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torna-lo mais explicito ou a construir hipóteses. Seu planejamento tende a ser bastante flexível, pois há o interesse em considerar os mais variados aspectos relativos ao fato estudado (GIL, 2010). “[...] O passo inicial no processo de pesquisa pela experiência e um auxilio que traz a formulação de hipóteses significativas para posteriores pesquisas. [...] Tais estudos tem como objetivo familiarizar-se com o fenômeno ou obter nova percepção do mesmo e descobrir novas ideias. A pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre os elementos componentes da mesma”. (CERVO, 2002 p.69). Tendo em vista esses conceitos, Andrade (2003) complementa afirmando que a pesquisa exploratória proporciona maiores informações sobre o assunto estudado, facilitando a delimitação do tema, ajudando a definir os objetivos e descobrir novo tipo de enfoque para o trabalho, ainda a pesquisa exploratória constitui um trabalho preliminar para outro tipo de pesquisa. Ainda para este trabalho foi feita a utilização da pesquisa bibliográfica, que de acordo com Cervo (2002, p. 65), “procura explicar um problema a partir de referencias teóricas publicadas em documentos”. Desta forma Gil (1991, p. 48) afirma que: a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.
  • 49. 48 De acordo com Fachin (2006), a pesquisa bibliográfica é uma fonte inesgotável de informações, auxiliando nas atividades intelectuais e contribui para o conhecimento cultural em todas as formas de saber, complementando Gil (2010 p. 29) quando afirma que, “em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela internet”. A análise da adaptação será feita a partir de dois objetos de estudo, uma revista em quadrinhos e uma série de televisão, os quais serão observados e analisados para se traçar um paralelo entre as duas histórias, identificando os pontos mais importantes. Ainda haverá a utilização de um DVD de apoio para uma melhor análise. Assim é possível utilizar a técnica de observação simples ou não participante, assim Marconi e Lakatos (2006) afirmam que neste tipo de observação, o pesquisador entra em contato com a realidade estudada, mas sem integrar-se a ela. Ele apenas participa do fato, mas não possui participação efetiva ou envolvimento, age com um espectador. Ainda Barros e Lehfeld (2000) complementam que o neste tipo de observação o observador permanece de fora da realidade estudada, a observação é feita sem interferências na situação. Desta forma a “observação não-participante: o observador deliberadamente se mantén na posição de observador e expectador, evitando se envolver ou deixa-se envolver com o objeto da observação”. (CERVO; BERVIAN 2002, p.28, grifo do autor). Para análise dos dados coletados foi utilizado à abordagem qualitativa. Para Goldenberg (2000, p. 17): os dados qualitativos consistem em descrições detalhadas de situações com o objetivo de compreender os indivíduos em seus próprios termos. Estes dados não são padronizáveis como os dados qualitativos, obrigando o pesquisador a ter flexibilidade e criatividade no momento de coletá-los e analisá-los. Neste tipo de abordagem, segundo Raupp e Beuren (2003), desenvolvem-se análises aprofundadas relacionando os detalhes que envolvem o ambiente do objeto estudado. Assim Oliveira (2007, p. 37) conceitua pesquisa qualitativa ou abordagem qualitativa como sendo “um processo de reflexão e análise da realidade através da utilização de métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico e/ou segundo sua estruturação”. Já para a descrição da análise dos dados coletados, foi feito o uso da pesquisa descritiva, que de acordo com Cervo (2002, p. 66) “a pesquisa descritiva observa, registra,
  • 50. 49 analisa e correlaciona atos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. Desta forma, o conceito para elas e complementada por Gil (2010 p. 27) quando afirma que as pesquisas descritivas têm como objetivo principal a descrição das características de determinada população, elas também podem elaboradas com a finalidade de identificar possíveis relações entre as variáveis. Desta forma, Barros e Lehfeld (2007, p. 84) concluem que “Neste tipo de pesquisa, não há interferência do pesquisador, isto é, ele descreve o objeto de pesquisa. Procura descobrir a frequência com que um fenômeno ocorre, sua natureza, características, causas, relações e conexões com outros fenômenos”. Diante de todas as etapas apresentadas anteriormente é possível observar o uso do método indutivo, pois por meio delas foi possível responder o problema de pesquisa que é analisar de que forma foi realizada a adaptação feita para a HQ The Walking Dead, quais foram os pontos de que diferem os dois meios utilizados para trazer a mesma obra. Assim, Andrade (2003, p. 131) explica que, “na indução percorre-se o caminho inverso ao da dedução, isto é, a cadeia de raciocínio estabelece conexão ascendente, do particular para o geral”. Ainda “O argumento indutivo baseia-se na generalização de propriedades comuns a certo número de casos, até agora observados, a todas as ocorrências de fatos similares que se verificam no futuro”. (CERVO, 2002 p. 32). Portanto, de acordo com Lakatos (2006, p. 53) “o objetivo dos argumentos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam”. Portanto, após explicar os caminhos percorridos para a conclusão deste estudo, na sequência, apresenta-se a análise dos dados obtidos.
  • 51. 50 4 ANÁLISE DE DADOS Após a fundamentação teórica que embasará o tema deste trabalho, neste capítulo será feita a análise da história em quadrinhos The Walking Dead, escrita por Robert Kirkman, traçando um paralelo entre ela e a série de televisão, The Walking Dead trazia pela AMC em parceria com a FOX, feita a partir da adaptação da HQ em questão. Para chegar neste ponto, será contextualizado, com base na obra de Jamie Russell, “Zumbis o livro dos mortos”, o surgimento da lenda dos zumbis, sua trajetória até ao mundo de Hollywood, ainda uma busca pelos bastidores da criação da série e da história em quadrinhos, para enfim chegar ao ponto principal. 4.1 VOLTANDO DOS MORTOS Os zumbis, assim como vampiros e lobisomens fazem parte do imaginário da população. São inúmeras as lendas que são contadas pelo mundo sobre o surgimento desses seres andantes sem vida. Eles intrigam as pessoas pela sua aparição e sua razão de existência, mas há algo que todos sabemos: sua mordida é fatal. Foi em 1889 a primeira aparição dos zumbis num pequeno artigo feito pelo jornalista e antropólogo Lafcadio Hearn, que o intitulou de “The Country of the Comers-Back”, ou traduzindo “A terra dos que voltam”. Em 1887, Hearn fez uma viagem ao Caribe buscando conhecer um pouco mais sobre a cultura daquele lugar, quando se deparou com uma lenda em particular que havia lhe chamado a atenção, a história dos corps cadavres ou mortos que caminhavam. Porém sempre que buscava uma explicação sobre esses seres, os nativos não eram muito receptivos a falar sobre o assunto. Ainda, quando encontrava pessoas dispostas a falar algo, recebia respostas confusas e mal articuladas, que o deixava mais curioso (RUSSELL, 2010). sem conseguir chegar ao cerne do mistério em torno dos corps cadavres, Hearn voltou aos Estados Unidos com pouco a oferecer à Harper‟s Magazine, fora um relato colorido de suas viagens. Embora uma menção do zumbi tenha sido suficiente para garantir que ele estaria entre os primeiros ocidentais a popularizar a ideia dos mortos-vivos, ficaria a cargo de outro e distinto escritor trazer o zumbi à atenção do mundo. (RUSSELL, 2010, p. 24 grifo do autor).