Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Instituições familiares e tipos de casamento
1. - Elaborado pelo Professor: Jorge Eduardo Brandán. – Huambo - 31-1-2014 – 1
4 Instituições sociais
4.1 Conceito de Instituição.
Segundo Ogburn e Nimkoff: “As instituições sociais são um dos diversos tipos de
organização social. Como todas as organizações, constituem sistemas sociais.
Fichter (1973) conceitua a instituição como uma estrutura relativamente permanente de
padrões, e relações que os indivíduos realizam segundo determinadas formas sancionadas e unificadas,
com o objectivo de satisfazer necessidades sociais básicas papeis
4.2 Associações
As associações são organizações sociais cuja característica é serem especializadas e menos
universais do que as instituições, em consequência apresentam determinada adaptação as classes
sociais. Clubes e outras associações específicas limitam geralmente a participação dos seus membros
de acordo com sua possibilidade social. Ex.: Clubes recreativos, sociedades secretas, sociedade de
beneficência, etc.
Outras associações baseiam-se em igualdade de profissão ou interesse específico. Ex.:
Sindicatos, Colégio de médicos, clubes literários, etc.
A limitação da participação pode ser causada também por idade ou sexo.
4.3 Características das instituições
A) Finalidade
As instituições tendem a satisfazer as necessidades sociais. Finalidade ou função, é a meta ou
propósito do grupo, cujo objectivo seria regular suas necessidades. Toda instituição deve ter
função e estrutura.
B) Conteúdo permanente
O conteúdo de uma instituição é relativamente permanente; os padrões, os papéis e as relações
entre os indivíduos são estáveis.
C) Estrutura unificada
Cada instituição, apesar de não poder ser completamente separada das demais, funciona como
uma unidade. A estrutura é composta de pessoal (elementos humanos), equipamentos (matérias:
maquinas; imateriais: marca reputação), organização (disposição do pessoal e do equipamento,
observando-se uma hierarquia, autoridade e subordinação), comportamento (normas que regulam
a conduta e a atitude dos indivíduos).
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4. 4 Principais Instituições Sociais.
No seguinte quadro de autoria de Chapin (1971), apresenta-se a estrutura das principais
instituições sociais.
FAMÍLIA IGREJA ESTADO EMPRESA ESCOLA
Modelo de
atitudes e
comportamentos
Afecto, Amor,
Lealdade,
Educação,
Respeito
Referencia ao
sagrado, Lealdade,
Temor, Devoção
Subordinação,
Cooperação,
Temor,
Obediência
Trabalho,
Economia,
Cooperação,
Lealdade.
Ensino,
Aprendizagem,
cooperação,
respeito
Traços Culturais
simbólicos
Aliança, Brasão,
Escudo de armas,
Bens móveis
Símbolo sagrado,
Imagens, Altar,
Bandeira, Hino,
Emblema, Selo
Marca comercial,
Patente,
Emblema
Logo da escola,
Bata, Beca,
Traços culturais
utilitários (bens
imóveis)
A propriedade,
Lar habitação
Templo, Sé
Catedral
Edifícios
Públicos, obras
públicas,
Estatuas
Lojas, armazém,
Fábrica, Oficina
Edifício das
escolas e
Universidade.
Códigos orais ou
escritos
Certidão de
casamento,
testamento,
genealogia
Credo, Doutrina,
Livro Sagrado
Constituição,
Tratados, Leis,
Estatutos
Contrato,
Licença,
Estatutos
Lei do ensino,
Regulamentos,
currículos.
5 Instituição Familiar e parentesco.
Em todas as sociedades humanas encontramos uma forma qualquer de família. Sua posição
dentro do sistema mais amplo de parentesco, pode oscilar muito, desde um lugar central e dominante
(sociedade ocidental) até uma situação de reduzida importância (povos agrafos), que dão maior
destaque ao grupo de parentesco, mais amplo do que a unidade representada pelo marido, mulher e
filhos.
5.1 Família
A família, em geral, é considerada como o fundamento básico e universal da sociedade, por se
encontrar em todos os agrupamentos humanos, embora variem as estruturas e o funcionamento.
Se, originariamente, a família foi um fenómeno biológico de conservação e reprodução,
transformou-se depois em fenómeno social. Sofreu considerável evolução, até regulamentar suas bases
conjugais conforme as leis contratuais, normas religiosas e morais.
Toda sociedade humana tem regras que abrangem as relações sexuais e a procriação de filhos,
situando a criança em determinado grupo de descendência. Todavia, essas regras não são as mesmas
em toda parte.
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De modo geral, é o casamento que estabelece os fundamentos legais da família, mas pode haver
famílias sem casamento.
A família segundo Murdock, é um grupo social caracterizado pela residência comum, com
cooperação económica e reprodução.
Para Lucy Mair (1970) a família é um grupo doméstico no qual os pais e filhos vivem juntos.
Beals e Hoijer (1969) definem a família como um grupo social cujos membros estão unidos por
laços de parentesco.
5.2 Tipos de Família
As sociedades apresentam diferenças na maneira como se organizam ou estruturam seus grupos
familiares, variáveis no tempo e no espaço. A família pode ser: elementar, extensa, composta,
conjugada fraterna e fantasma.
A. Família elementar
Também, chamada de nuclear, simples, imediata, primária. É uma unidade formada por um
homem sua esposa e seus filhos, que vivem juntos em uma união reconhecida pelos outros membros
da sociedade. Quando os pais não são casados, sua relação recebe o nome de concubinato. A família
elementar é bastante efémera, a medida que os filhos crescem e deixam o lar, o grupo familiar diminui,
eventualmente pode desaparecer com a morte dos pais.
A família elementar encontra-se como componente da família extensa e composta.
B. Família extensa
Também chamada de grande ou múltipla. É uma unidade composta de duas ou mais famílias
nucleares, ligadas por laços consanguíneos; série de familiares unidos pela linha masculina ou
feminina, geralmente não por ambas, e ainda duas ou mais gerações.
Uma família extensa é, primeiramente, uma estrutura consanguínea no sentido que certos
números de parentes consanguíneos que estão ligados entre si por deveres e direitos mútuos,
reconhecidos. Pode abranger, além da nuclear, avos, tios, sobrinhos, afiliados etc.
C. Família composta
Também chamada de complexa ou conjunta. É uma unidade familiar formada por três ou mais
cônjuges e seus filhos. Pode existir em sociedades monogâmicas, quando um segundo casamento dá
origem às relações de adopção do tipo madrasta, padrasto, enteados, com presença de apenas dois
cônjuges simultaneamente.
A família composta refere-se a um núcleo de famílias separadas, mas ligadas pela sua relação
com um pai comum. São encontradas em sociedades poligâmicas tendo como centro um homem ou
uma mulher e seus cônjuges.
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D. Família conjugada – fraterna
Refere-se a uma unidade composta de dois ou mais irmãos, suas respectivas esposas e filhos. O
laço de união é consanguíneo.
E. Família fantasma
Consiste em uma unidade familiar formada por uma mulher casada e seus filhos e o fantasma.
O marido não desempenha papel de pai, é apenas pai biológico. A função de pai cabe ao irmão mais
velho da mulher (fantasma).
5.3 Classificação da família segundo a autoridade exercida
Segundo a autoridade exercida na família ela pode ser classificada da seguinte forma.
A) Patriarcal
A família é patriarcal quando a figura central é o pai, que possui autoridade de chefe
sobre a mulher e os filhos.
B) Matriarcado
São as famílias em que a figura central é a mãe, havendo, portanto, predominância de
autoridade feminina.
C) Paternal Igualitária
Á autoridade é paternal igualitária quando a autoridade é equilibrada entre os cônjuges.
5.4 União e Casamento
Nas sociedades, em geral há suas formas de relações entre os sexos, união e casamento.
A) União
A união consiste no ajuntamento de indivíduos de sexo opostos sob a influência do
impulso sexual. Os cônjuges são chamados de amigados. A união pode ser temporária ou
indivisível.
B) Concubinato
O Concubinato é um tipo de união. Consiste na união livremente consentida, estável e
de fato, entre um homem e uma mulher, mas não sancionada pelo casamento. Pode ser legal ou
não. A concubina converte-se na companheira sexual do homem que já esta casado com outra
mulher. Seria o caso do que em Angola chamamos de poligamia, pois a lei só reconhece uma
única mulher casada, as outras não podem casar legalmente com o homem. Na verdade o que
chamamos de poligamia é concubinato.
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C) Matrimónio
É o modo pelo qual a sociedade humana estabelece as normas para a relação entre os
sexos. O matrimónio também pode ser visto como a união legítima e sancionada pela
sociedade, entre um homem e uma mulher.
O casamento torna o casal membros de uma família elementar diferente daquela em que
nasceu. Por isso um adulto normal pertence a duas famílias nucleares, a de Orientação (Onde
nasceu) e a de Procriação (a que constitui). Na primeira ele é filho e irmão, na segunda, marido
e pai.
O matrimónio cria novas relações sociais e direitos recíprocos entre os cônjuges e entre
cada um deles e os parentes do outro.
Na maioria das sociedades, o casamento não é uma simples união entre cônjuges, mas,
basicamente, a aliança entre grupos.
5.5 Regras sociais para o casamento.
As sociedades de modo geral estabelecem regras para o casamento, permitindo alguns e
proibindo outros.
A) Endogamia
A Endogamia (endo = dentro, gamos = casamento) significa a regra social de casamento que
obriga o indivíduo a escolher seu cônjuge dentro do memo grupo ou local de parentesco, status,
etnia, casta, ou outro grupo a que pertence. O exemplo mais típico da endogamia encontra-se nas
castas na Índia.
B) Exogamia
A exogamia (exo = fora, gamos = casamento) quer dizer a regra social que exige o casamento de
uma pessoa com outra foram do grupo local de parentesco.
5.6 Modalidades do casamento
Em relação ao número de cônjuges, os casamentos podem ser monogâmicos ou poligâmicos.
5.6.1 Monogamia
A monogamia consiste no casamento de um homem ou uma mulher com apenas um cônjuge,
como ocorre na sociedade ocidental.
5.6.2 Poligamia
A poligamia refere-se ao casamento do homem ou da mulher com duas ou mais cônjuges.
Temos de esclarecer que estamos falando da poligamia lega, nos países onde a poligamia esta
legalizada. Pelo tanto as várias mulheres de um homem são casadas com ele, e têm iguais direitos
reconhecidos por lei.
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Poliandria
É o casamento de uma mulher, simultaneamente, com dois ou mais homens, esta pode ser
simples quando não há restrição quanto ao cônjuge, ou pode ser fraternal ( adelfa) quando o
casamento da mulher deve ser realizado com dois ou mais irmãos.
Poligenia
É o casamento de um homem, simultaneamente, com duas ou mais mulheres. Pode ser simples,
quando não há restrição quanto ao cônjuge, ou pode ser Sororal, quando o casamento de um
homem deve ser realizado com duas ou mais irmãs.
Grupal
Quando o matrimónio é realizado entre vários homens e mulheres em simultâneo.
5.7 A participação dos filhos na herança
Cada sociedade elabora as suas limitações com referência a participação na herança por parte
da descendência.
A) Primogenitura
É a regra em que só o filho mais velho herda. Era comum no passado na Inglaterra e na
França.
B) Ultimogenitura
É a regra em que só o filho mais novo herda.
C) Limite de sexo
É a regra em que só os filhos de sexo masculino podem herdar.
D) Participação igualitária
Quando a herança é dividida entre os filhos de ambos os sexos e entre todas as idades.
5.8 Sistema de parentesco
Parentesco - é a relação vinculatória existente não só entre pessoas que descendem umas das
outras ou de um mesmo tronco comum, mas também entre um cônjuge ou companheiro e os parentes
do outro, entre adoptante e adoptado e entre pai institucional e filho adoptivo.
O sistema de parentesco organiza e regula o reconhecimento e a ordenação das relações sociais.
As genealogias oferecem algumas características que permitem distinguir as relações existentes entre
uma pessoa e o grupo a que ela pertence.
A família nuclear é o ponto de partida para a análise de parentesco.
Afinidade
É o tipo de parentesco marital ou legal. É o laço criado pelo casamento. Por meio dele o
homem contrai laços de afinidade com a esposa e seus familiares: pais, irmão, imãs, tios,
avos etc.
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Consanguinidade
É o tipo de parentesco Biológico. Relação existente entre pais e filhos. O mesmo sangue.
Fictícios ou pseudo parentes
É o tipo de parentesco surgido da adopção. Muitas sociedades aceitam um terceiro tipo de
relação onde se incluem as crianças adoptadas, compadres, parentesco ritual, padrinhos.
6 Instituições Políticas
6.1 O Estado
O estado constitui um mecanismo de controlo social existente na sociedade humana. É uma
organização que exerce autoridade sobre seu povo, por meio de um governo supremo, dentro de um
território delimitado, com direito exclusivo para a regulamentação da força.
O conceito de Estado implica o elemento do governo, que mantém a ordem e estabelece as
normas relativas às relações entre os cidadãos.
A diferença entre Estado e Governo pode ser observada na monarquia constitucional, tal como
Inglaterra, onde a rainha é chefe de Estado, e o primeiro-ministro chefe de Governo. Em Angola o
presidente exerce as duas funções.
A característica de soberania do Estado é o monopólio da regulamentação da força dentro de
suas fronteiras. Só o Estado possui autoridade – poder legítimo - para regulamentação o uso da força.
6.1.1 Declaração da legitimidade dum governo
Em geral, os governos afirmam ser legítimos ou pretendem alcançar ou manter a legitimidade.
Max Weber distingue três bases para a declaração da legitimidade.
A) Racional legal (burocrática): É uma autoridade impessoal decorrente de um cargo particular,
sem vinculação de pessoas. Os homens aceitam o exercício do poder como legitimo porque a
formulação das ordens ou da política obedece a regras aceites por todos.
B) Autoridade tradicional: Ordem social que sempre existiu como força obrigatória, é uma
autoridade pessoal, status pessoal. Ex. Direito divino dos reis.
C) Carismática: Autoridade pessoal, exercida por um líder carismático. Geralmente, quando
reivindica o uso do poder pode encontrar-se em conflito com as vazes de legitimidade da
sociedade em que esta, sendo um revolucionário; assim, seu campo de acção é a conversão e o
uso da força. Ele possui senso de missão sagrada e reivindica a autoridade moral, e obediência
dos seus seguidores.
O estado inclui o governo e os governadores, abrangendo todas as pessoas dentro de um
território definido como membros dum governo soberano, cidadão ou súbditos, cujas acções são
controladas por ele.
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6.2.2 Povo, Nação, Governo e Estado.
A) Povo: Refere-se a um agrupamento humano com cultura semelhante (língua, religião, tradições)
e antepassados comuns; supõe certa homogeneidade e desenvolvimento de laços espirituais entre
si. Ex. Os judeus, antes do estabelecimento do estado de Israel, os ciganos.
B) Nação: É um povo fixado em determinada área geográfica. Para que haja uma nação é necessário
uma certa organização, e deve haver um ou mais povos, um território, e a consciência comum. O
povo, vivendo normalmente num território – Nação – deseja formar o seu próprio estado. A
nação é formada por um ou mais povos, mais um território.
Realidade que pertence ao mundo cultural, grupo social que tem desenvolvido ao máximo a
consciência da sua unidade por meio de ideais ou aspirações comuns. Realiza-se lentamente na
história, consta de três vínculos culturais: Língua religião e etnia.
C) Governo: Exerce controlo imperativo no âmbito dum território definido onde reivindica, com
êxito o monopólio da força.
D) Estado: É uma nação politicamente organizada, é constituído, por tanto, pelo povo, território e
governo. Engloba todas as pessoas dentro dum território limitado, governo e governados.
Existem estados constituídos por diferentes nações, como é o caso der numerosos estados
Africanos que obtiveram sua independência após a segunda guerra mundial.
Realidade que pertence ao mundo político, seus elementos: o povo, um grupo de pessoas
agindo em conjunto para um mesmo fim; território, habitat em que actua o povo; Ordem jurídica:
sistema adequado de leis para reger actividade desse povo neste território; autoridade social:
autoridade comum feita para expressar a vontade comum.
6.2.3 Funções do Estado
As funções do estado variam de um para o outro, e de época para época.
Ogburn e Nimkoff (1971) afirmam que nas culturas simples, a necessidade do estado é
limitada; o chefe não tem poder claramente definido e o seu posto não é hereditário. Para estes autores
existem factores que diminuem a necessidade de governo entre os povos de culturas simples:
A) O tamanho do grupo, que por sua dimensão reduzida permite que todos se conheçam bem;
B) O carácter estacionário da cultura cujas condições permanecem as mesmas por longo tempo,
todos podem conhecer os diferentes aspectos da cultura e encontrar a melhor maneira de fazer
as coisas.
C) A escassez de propriedade, fazendo com que os bens de cada um, sejam conhecidos por todos,
assim; são poucos os delitos contra a propriedade.
6.2.4 Finalidade do Estado
Nas sociedades modernas pode-se dizer que cabe ao estado três finalidades
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1. Garantir a soberania: O direito que cada Estado tem de manter o seu próprio Governo,
elaborar suas próprias leis e de administra os negócios públicos sem a interferência de outros
estados, manter a ordem interna e a segurança externa, a integridade territorial e o poder de
decairão.
2. Manter a ordem: O estado diferencia-se das demais instituições por ser o único de ser
revestido de poder coercivo, proibindo uma série de actos ou obrigando os cidadãos a agir
duma maneira ou de outra maneira a través das leis ou da força física. A coerção tem como
objectivo propiciar um ambiente de ordem, preservando os direitos individuais ou colectivos.
As leis estabelecem portanto, o que deve ou não deve ser feito. O Estado é, a instituição
autorizada a decretar, impor, administrar e interpretar as leis na sociedade moderna.
3. Promover o bem-estar social: Isto é, propiciar à população de um Estado a ordem interna e
externa, a paz, o respeito às leis, promovendo a justiça, dispor de meios suficientes para atender
às necessidades humanas em seus diferentes aspectos, através das leis. Sobre o Estado recaem,
em grande parte , a conservação e o desenvolvimento dos recursos pessoais da comunidade,
incluindo a regulamentação feral da educação, saúde pública, assistência social.
Para promover o bam comum o Estado desenvolve funções que vão aumentando à medida que
a sociedade se torna mais complexa.
O governo moderno, portanto, não só regula, protege e controla os cidadãos, como também
auxilia, apoia, guia, ensina e os informa de acordo com consenso ideológico básico da sociedade
(Biesanz, 1972).
6.2.5 Origem do Estado
Alguns autores afirmam que o Estado, antes de atingir a forma definitiva de um governo
organizado sobre um território, desenvolveu-se a partir de uma organização muito rudimentares.
Spencer apresenta três estágios da evolução do Estado.
A. Tribal: quando os grupos ainda não possuem governo.
B. Militar: A formação do Estado organizado, a través da conquista e subjugação,
realizadas por poderosos lideres guerreiros.
C. Industrial: Quando a actividade económica tende a substituir a militar.
Há outros autores que afirmam que o Estado é fruto de continuas lutas, sendo o conflito entre os
grupos ou responsável pela criação e desenvolvimento da organização política.
A teoria do conflito
A teoria do conflito cujas primeiras ideias se encontram na Idade Média, reaparece entre os
pensadores da Idade Moderna. Maquiavel, um deles, sustentou o Estado se origina da guerra e, para
sobreviver, deve expandir-se pela conquista.
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Para Gumplowicz (pensador polonês) toda cultura resulta do conflito de grupos. No princípio os
grupos viviam em relativa paz, por estarem unidos por vínculos de parentesco. Mais tarde, devido a
choques de interesse que provocaram o conflito, os grupos passaram a lutar entre si, tendo os mais
fortes dominado e escravizado os mais fracos, aparecendo então o primeiro grupo de governantes e de
explorados. Um pequeno grupo se estabelece como dirigente, lançando-se a novas conquistas.
A cooperação
Peter Kropotkin (filosofo russo) afirma que só a teoria do conflito não é suficiente para explicar
ao surgimento do Estado, e ele defende a teoria da cooperação como factor principal na vida do grupo.
Ele considera a cooperação mais importante do que a competição no desenvolvimento das sociedades
humanas.
7 Ideologia1
No sentido restrito o termo ideologia foi criado no século XIX por Destutt de Tracy,
filósofo e político francês, para designar uma "ciência das ideias". Com ela o autor pretendia
compreender a formação das ideias numa sociedade por meio de um método semelhante ao das
ciências da natureza. Seus seguidores foram chamados ideólogos por Napoleão Bonaparte, dando ao
termo uma conotação pejorativa, já que rejeitava as posições políticas daquele grupo.
Posteriormente o conceito foi incorporado ao vocabulário dos pensadores, como Comte,
Durkheim, Weber e Mannheim, e assumiu sentidos diferentes em cada um deles. No entanto, foi com
Marx e Engels que o conceito se tornou mais conhecido, ao advertirem sobre a necessidade de levar
em conta o conhecimento ilusório, que mascara os conflitos sociais. Desse modo, na concepção
marxista de ideologia, prevalece o sentido negativo de instrumento de dominação de uma classe sobre
outra. O conceito de ideologia foi revisitado por outros filósofos, mesmo por não marxistas, com novas
perspectivas.
7.1Conceito marxista de ideologia
Para compreendermos o conceito marxista de ideologia, é preciso rever o que é alienação.
Para Marx, a alienação manifesta-se na vida do operário quando o produto do seu trabalho
deixa de lhe pertencer. Ao vender a sua força de trabalho, não mais decide sobre o salário, o horário e
o ritmo de trabalho; e por ser comandado de fora, perde o centro de si mesmo, tornando-se “alheio”,
“estranho” a si próprio, portanto alienado. Esse estado de coisas é típico de sociedades divididas em
classes, em que predomina a separação entre o trabalho manual e o intelectual, nas quais os
trabalhadores perdem a autonomia e se sujeitam à exploração. Por que o operário não reage a essa
situação? Marx explica que a ideologia impede a tomada de consciência da alienação. Assim, a
coesão social é mantida sem o recurso à violência física.
1
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS; Filosofando, Introdução à Filosofia, Ed. Moderna 1993
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Em que consiste portanto a ideologia segundo Marx? Ideologia é o conjunto de
representações e ideias, bem como de normas de conduta, por meio das quais o indivíduo é levado a
pensar, sentir e agir da maneira que convém à classe que detém o poder. Essa consciência da
realidade torna-se uma distorção dela quando camufla os conflitos existentes no seio da sociedade, ao
apresentá-la una e harmónica, como se todos os indivíduos partilhassem dos mesmos interesses e
ideais.
Portanto, a ideologia:
Constitui um corpo sistemático de representações (ideias e normas) que nos
“ensinam” a pensar, e de normas que nos “ensinam” a agir”;
Determina a relação entre os indivíduos e as condições de existência deles, adaptando-
os às tarefas prefixadas pela sociedade;
Camufla as diferenças de classe e os conflitos sociais, ora concebendo a sociedade
como "una e harmónica", ora justificando as diferenças existentes;
Garante a coesão social e a aceitação sem criticas das tarefas mais penosas e pouco
recompensadoras, em nome da "vontade de Deus", do "dever moral" ou simplesmente
como decorrência da "ordem natural das coisas";
Mantém a dominação de uma classe sobre outra.
7.2 Características da ideologia
É interessante observar que a ideologia não é uma mentira que a classe dominante inventa para
subjugar a classe dominada, porque inclusive os que se beneficiam dos privilégios estão impregnados
por ela, e também eles se convencem da verdade dessas ideias.
Vamos então distinguir as características da ideologia.
A. Naturalização:
A naturalização consiste em aceitar como naturais situações que na verdade resultam da
acção humana e, como tais, são históricas. Por exemplo: afirmar que desde sempre existiram pobres e
ricos, sendo impossível mudar esse estado de coisas.
B. Universalização:
Outra característica da ideologia é a universalização, pela qual os valores da classe
dominante são estendidos aos que a ela se submetem. É assim que a empregada doméstica, será
"boazinha", se não discutir salário nem reclamar se trabalha além do horário.
C. Abstracção e aparecer social:
A universalidade das ideias e dos valores resulta de uma abstracção, ou seja, as representações
ideológicas não se referem ao concreto, mas ao aparecer social. A sociedade “una e harmónica” é
portanto uma abstracção, porque, ao analisarmos concretamente as relações sociais, descobrimos a
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divisão em classes e os conflitos de interesses. Por exemplo, é difícil contestar que “o trabalho
dignifica”. É verdade, bem sabemos que o trabalho é condição de nossa humanização, mas essa
afirmação é ideológica quando consideramos apenas a ideia de trabalho, independentemente da análise
da situação concreta e histórico - social em que de fato é realizado. Nesse caso, o que descobrimos
pode ser exactamente o contrário: o trabalho como embrutecimento e condição de reificação
(coisificação) do ser humano.
D. Lacuna
A universalização e a abstracção supõem uma lacuna ou a ocultação de algo que não pode ser
explicitado, sob pena de desmascarar a ideologia. Por isso ela é ilusória, não no sentido de ser
“falsa” ou “errada”, mas por ser uma aparência que oculta a maneira pela qual a realidade social foi
produzida. Sob o aparecer da ideologia existe a realidade concreta, que precisa ser descoberta pela
análise da génese do processo.
Ao dizer que “o salário paga o trabalho”, podemos identificar uma lacuna quando, analisando a
génese do trabalho assalariado, descobrimos a mais-valia. Esse artifício, do qual deriva a exploração
do trabalhador e sua alienação, oculta condições de vida diferentes para as pessoas na sociedade.
E. Inversão
A ideologia representa a realidade invertida, ou seja, o que seria a origem da realidade é
posto como produto e vice-versa: o que é efeito é tomado como causa. Exemplificando: segundo a
ideologia burguesa, a desigualdade social resulta de diferenças individuais: os indivíduos são desiguais
por natureza, e a desigualdade social é, portanto, inevitável. Para Marx, contudo, a divisão social do
trabalho e das relações de produção é, de fato, a causa da desigualdade social. Se o filho do operário
não melhora o padrão de vida, a explicação ideológica atribui o insucesso à incompetência, falta de
força de vontade ou indisciplina. Sob esse esquema, uma classe “sabe pensar”, enquanto a outra “não
sabe pensar” e, portanto, só executa o que lhe mandam fazer.
7.3 Os modelos Ideológicos sociopolíticos mais destacados.
A. Absolutismo:
Consiste numa forma de governo que apresenta concentração total do poder, exercido por
um só ou por um grupo de indivíduos. Sua característica principal é a completa ausência de
limitações ao exercício do poder. Surge na Europa ocidental, no século XVI. O absolutismo atinge o
seu apogeu entre os séculos XVII e XVIII, principalmente com Luís XIV a quem se deve a célebre
frase: “O Estado sou eu”. Os monarcas dessa época legitimavam o seu poder, fazendo derivar
directamente de Deus a sua autoridade. Mas é nos países onde se firma a Reforma protestante onde o
absolutismo assume carácter radical.
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B. Liberalismo
Definição
Liberalismo pode ser definido como um conjunto de princípios e teorias políticas, que
apresenta como ponto principal a defesa da liberdade política e económica. Neste sentido, os
liberais são contrários ao forte controle do Estado na economia e na vida das pessoas.
A doutrina política do liberalismo foi sistematizada por John Locke, principalmente no seu
livro “Tratado sobre governo civil”, publicado na Inglaterra no século XVI. Para Locke, o direito
natural pressupõe que os indivíduos duma sociedade, atingindo determinado estágio de evolução
social, convencionam instituir um governo ao que cedem determinados poderes, de forma alguma
absolutos. O poder não vem por vontade divina, mas por vontade do povo. Para Locke e Voltaire, o
Estado é um mal necessário.
Origem
O pensamento liberal teve sua origem no século XVII, através dos trabalhos sobre política
publicados pelo filósofo inglês John Locke. Já no século XVIII, o liberalismo económico ganhou força
com as ideias defendidas pelo filósofo e economista escocês Adam Smith.
Podemos citar como princípios básicos do liberalismo:
Defesa da propriedade privada;
Liberdade económica (livre mercado);
Mínima participação do Estado nos assuntos económicos da nação (governo
limitado);
Igualdade perante a lei (estado de direito);
Na década de 1970 surgiu o neoliberalismo, que é a aplicação dos princípios liberais numa
realidade económica pautada pela globalização e por novos paradigmas do capitalismo.
C. Fascismo
Como fenómeno de influência mundial, o fascismo surge na Europa no início da década de
1920 e desaparece em 1945, após a derrota dos países do Eixo, na Segunda Guerra Mundial.
Primeiro com movimento e depois como regime político o fascismo foi eminentemente
totalitário.
Para Mussolini o fascismo tinha por finalidade constituir um sistema no qual o Estado fosse a
encarnação concreta da Nação, com poder supremo. Segundo ele, o lema deveria ser: “ Todo para o
Estado, nada contra o Estado e ninguém fora do Estado.”
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D. Nazismo
Movimento político surgido na Alemanha na década de 1920, apresenta-se como continuidade
histórica do militarismo prussiano. Sua rápida divulgação é devido as profundas humilhações sofridas
pela nação alemã com a derrota na Primeira Guerra Mundial e os termos do Tratado de Versalhes.
Ideologias que conforma o Nazismo:
Ultranacionalismo: exalta tudo que é próprio da nação, de uma forma exagerada. Toda
a política interna está ligada ao desenvolvimento do poder nacional. Esta ideologia vem
carregada de autoritarismo, esforços para a redução ou proibição da imigração, expulsão
e opressão de populações não nativas dentro da nação ou de seu território e
nacionalismo.
Unipartidarismo: significa a existência de um só partido. Para fazer valer este
princípio, Hiter e Mussolini dominaram o poder executivo e judiciário, enfraqueceram o
poder legislativo, perseguiram políticos opositores e implantaram regimes ditatoriais em
seus países.
Culto ao líder: O totalitarismo passou por um forte trabalho de culto ao líder, visando
construir a imagem de um governo forte e omnipotente. A construção desta imagem ia
desde a representação em obras de arte, como o retrato a ser saudado nas escolas.
Mussolini recebeu o título de Duce e, Hitler, o título de Fuhrer. Ambas palavras
significam algo como “Grande Chefe”. Na Alemanha, a leitura do livro Mein Kampf
(Minha Luta), escrito por Hitler, era estimulada entre a população.
Anticomunismo: As vezes é difícil compreender uma posição político-ideológica nos
regimes nazi-fascistas, em especial no nazismo. O regime alemão não depositava todas
as suas fichas no capitalismo, mas também odiava o comunismo, apesar do “nacional-
socialismo”. Assim, o anticomunismo se caracterizou pelo desprezo às ideologias de
esquerda, governos de origem socialista, movimentos operários, greves e sindicatos
O racismo: O racismo esteve presente mais visivelmente no nazismo alemão. Neste
caso, o ódio era disseminado a todos aqueles que não pertenciam à raça ariana,
denominação dada às características físicas e biológicas do chamado povo alemão. Este
fato estimulou a eugenia, ou seja, a tentativa de criar uma raça pura. No caso alemão,
isto significava eliminar os impuros, em especial os judeus.
Expansionismo: A ideologia nazista pregava a existência de um espaço vital para os
alemães, chamado de lebensraum, ou seja, um grande território para que a raça ariana
pudesse se desenvolver. Vale ressaltar que Hitler tinha a intenção de conquistar
praticamente o mundo todo, assimilando as regiões que tivessem forte concentração
15. - Elaborado pelo Professor: Jorge Eduardo Brandán. – Huambo - 31-1-2014 – 15
alemã, como as colónias germânicas no sul do Brasil. O expansionismo levou Hitler a
invadir a Polónia, fato que fez estourar a Segunda Guerra Mundial.
Militarismo: é uma ideologia que acredita na guerra como factor de grandeza e
prosperidade. Assim, a sociedade só consegue se desenvolver quando governada ou
guiada por conceitos incorporados na cultura, na doutrina ou no sistema militares.
Segundo este princípio, Hitler teria dito: “Na guerra eterna a humanidade se torna
grande – na paz eterna, a humanidade se arruinaria”.
Totalitarismo: significa a presença de um estado forte, cujo poder central tem
autoridade absoluta. Esta ideologia defende que o indivíduo deve viver em função do
estado. O totalitarismo está baseado no seguinte princípio: “tudo dentro do estado, nada
fora do estado e ninguém contra o estado”. Para controlar um grupo de camponeses da
cidade de Guernica – imortalizada na pintura de mesmo nome criada por Picasso –
Francisco Franco teve a ajuda da aviação militar alemã (Luftwafe).
E. Socialismo
A Revolução Industrial (consistiu na implementação da máquina a vapor no processo de
produção) da metade do século XVIII aprofundou o conflito existente entre burgueses (proprietários
do capital e dos meios de produção) e os proletários (trabalhadores). O socialismo é ao mesmo tempo,
uma teoria socioeconómica como uma pratica política, tendo por finalidade abolir o conflito, mas
o resultado foi que o conflito se aprofundou.
O socialismo científico nasce com o manifesto do partido comunista, de autoria de Marx e
Engels, em princípios de 1848. Em 1864 é fundada a Associação Internacional dos Trabalhadores
conhecida como “1ª Internacional” que é dissolvida em 1872 devido a divergências no seio do
socialismo. Em 1891 se constitui a 2ª Internacional mas esta fracassa em 1914 com o inicio da Iª
Guerra Mundial.
Em 1917 a separação acentua-se com a subida dos bolcheviques ao poder na Rússia. Em 1945
o comunismo prospera nos países do leste Europeu e no Oriente. Separa-se Comunismo e Socialismo.
F. Comunismo
Introdução
Do ponto de vista político e económica, o comunismo seria a etapa final de um sistema que visa
a igualdade social e a passagem do poder político e económico para as mãos da classe trabalhadora.
Para atingir este estágio, deve-se passar pelo socialismo, uma fase de transição onde o poder estaria
nas mãos de uma burocracia, que organizaria a sociedade rumo à igualdade plena, onde os
trabalhadores seriam os dirigentes e o Estado não existiria.
16. - Elaborado pelo Professor: Jorge Eduardo Brandán. – Huambo - 31-1-2014 – 16
Definição
O comunismo pode ser definido como uma doutrina ou ideologia (propostas sociais, políticas
e económicas) que visa a criação de uma sociedade sem classes sociais. De acordo com esta
ideologia, os meios de produção (fábricas, fazendas, minas, etc.) deixariam de ser privados, tornando-
se públicos. No campo político, a ideologia comunista defende a ausência do Estado.
Características
Diferentemente do que ocorre no capitalismo, onde as desigualdades sociais são imensas, o
socialismo é um modo de organização social no qual existe uma distribuição equilibrada de
riquezas e propriedades, com a finalidade de proporcionar a todos um modo de vida mais justo.
Sabe-se que as desigualdades sociais já faziam com que os filósofos pensassem num meio de
vida onde as pessoas tivessem situações de igualdade, tanto em seus direitos como em seus deveres;
porém, não é possível fixarmos uma data certa para o início do comunismo ou do socialismo na
história da humanidade. Podemos, contudo, afirmar que ele adquiriu maior evidência na Europa, mais
precisamente em algumas sociedades de Paris, após o ano de 1840 (Comuna de Paris).
Na visão do pensador e idealizador do socialismo, Karl Marx, este sistema visa a queda da
classe burguesa que lucra com o proletariado desde o momento em que o contrata para trabalhar em
suas empresas até a hora de receber o retorno do dinheiro que lhe pagou por seu trabalho. Segundo ele,
somente com a queda da burguesia é que seria possível a ascensão dos trabalhadores.
A sociedade visada aqui é aquela sem classes, ou seja, onde todas as pessoas tenham as
mesmas condições de vida e de desenvolvimento, com os mesmos ganhos e despesas. Alguns
países, como, por exemplo, a extinta União Soviética (actual Rússia),
China, Cuba e Alemanha Oriental adoptaram estas ideias no século XX. A mais significativa
experiência socialista ocorreu após a Revolução Russa de 1917, onde os bolcheviques liderados por
Lênin, implantaram o socialismo na Rússia.
Porém, após algum tempo, e por serem a minoria no mundo voltado ao para o lucro e acumulo
de riquezas, passaram por dificuldades e viram seus sistemas entrarem em colapso. Foi a União
Soviética que iniciou este processo, durante o governo de Mikail Gorbachov (final de década de 1980),
que implantou um sistema de abertura económica e política (Glasnost e Perestroika) em seu país. Na
mesma onda, o socialismo foi deixando de existir nos países da Europa Oriental.
Actualmente, somente Cuba, governada por Roberto Castro, mantém plenamente o sistema
socialista em vigor. Mesmo enfrentando um forte bloqueio económico dos Estados Unidos, o líder
cubano consegue sustentar o regime, utilizando, muitas vezes, a repressão e a ausência de democracia.
17. - Elaborado pelo Professor: Jorge Eduardo Brandán. – Huambo - 31-1-2014 – 17
8 Globalização e Neoliberalismo 2
O analfabeto político
O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve nem fala
Nem participa dos acontecimentos políticos
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguer,
do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro,
que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que
de sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, o assaltante,
e o pior de todos os bandidos
que é o político vigarista, pilantra,
corrupto e lacaio das empresas
nacionais e multinacionais
Betold Brecht
8.1 Conceito de Globalização
Segundo Umberto G. Cordani (1995), a globalização deve ser entendida como um fenómeno
que afecta basicamente a economia, embora considere também aspectos sociais e culturais.
Para Enrique Rattner (1995) se bem a globalização é um fenómeno económico, transcende
este campo e deve ser entendido em dimensão política, ecológica, e cultural.
Pode-se dizer que a Globalização é um conjunto de transformações na ordem económica,
política, mundiais visíveis desde o final do século XX. Trata-se de um fenómeno que criou pontos em
comum na vertente económica, social, cultural e política, e que consequentemente tornou o mundo
interligado, uma Aldeia Global.
Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam ideias, realizam
transacções financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta.
2
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI; Sociologia Geral; Ed. Atlas; São Paulo; 1990.
18. - Elaborado pelo Professor: Jorge Eduardo Brandán. – Huambo - 31-1-2014 – 18
O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a criação de
uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vez mais curtas, facilitando as relações culturais
e económicas de forma rápida e eficiente.
O processo de globalização é a forma como os mercados de diferentes países interagem e
aproximam pessoas e mercadorias. A quebra de fronteiras gerou uma expansão capitalista onde foi
possível realizar transacções financeiras e expandir os negócios até então restritos ao mercado interno
- para mercados distantes e emergentes.
O complexo fenómeno da globalização foi resultado da consolidação do capitalismo, dos
grandes avanços tecnológicos (Revolução Tecnológica) e da necessidade de expansão do fluxo
comercial mundial.
As inovações nas áreas das Telecomunicações e da Informática (especialmente com a Internet)
foram determinantes para a construção de um mundo globalizado.
O surgimento dos blocos económicos - países que se juntam para fomentar relações
comerciais, e dessa maneira procuram protecção nesses grupos geopolíticos contra os grandes
monopólios económicos, por exemplo, MERCOSUL ,1991 (Mercado comum do Sul), NAFTA, 1988 (
Acordo de Livre Comercio da América do Norte) APEC,1989 ( Cooperação Económica da Ásia e do
Pacífico), CARICOM, 1973 (Comunidade do Caribe e Mercado Comum) PACTO ANDINO, 1969
(Pacto dos países dos Andes) , ASEAM, 1967 ( Associação das Nações do Sudeste Asiático) CEI,
1991 (Comunidade de Estados Independentes) SADC, 1979 (Comunidade da África Meridional para o
Desenvolvimento.) EU, 1957 (União Europeia) - foi resultado desse processo económico.
O impacto exercido pela globalização no mercado de trabalho, no comércio internacional, na
liberdade de movimentação e na qualidade de vida da população varia a intensidade de acordo com o
nível de desenvolvimento das nações
No plano mundial as relações comerciais são reguladas pela Organização Mundial do Comercio
(OMC).
8.2 Origem da Globalização
Segundo Teotónio dos Santos (1993) o fim da Guerra-fria provocou um forte impacto nos
sectores industrializados, gerando um novo impulso para promover uma nova humanidade. Para ele o
fim da Guerra-fria marca o início da Globalização.
Para Gorender (1995) a Globalização e a Revolução Tecnológica surgiram 30 anos após o
termo da Segunda Guerra Mundial, quando a economia capitalista atingiu elevadas taxas. Nesse
período começaram a surgir mudanças na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, e depois nos países
do Terceiro Mundo e no Extremo Oriente.
19. - Elaborado pelo Professor: Jorge Eduardo Brandán. – Huambo - 31-1-2014 – 19
Com os mercados internos saturados, muitas empresas multinacionais buscaram conquistar
novos mercados consumidores, principalmente dos países recém saídos do socialismo. A concorrência
fez com que as empresas utilizassem cada vez mais recursos tecnológicos para baratear os preços e
também para estabelecerem contactos comerciais e financeiros de forma rápida e eficiente. Neste
contexto, entra a utilização da Internet, das redes de computadores, dos meios de comunicação via
satélite etc.
Uma outra característica importante da globalização é a busca pela redução do custo do
processo produtivo pelas indústrias. Muitas delas, produzem suas mercadorias em vários países com
o objectivo de reduzir os custos. Optam por países onde a mão-de-obra, a matéria-prima e a energia
são mais baratas. Um ténis, por exemplo, pode ser projectado nos Estados Unidos, produzido na China,
com matéria-prima do Brasil, e comercializado em diversos países do mundo.
8.3 NEO-LIBERALISMO
A. Introdução
Podemos definir o neoliberalismo como um conjunto de ideias políticas e
económicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia. De
acordo com esta doutrina, deve haver total liberdade de comércio (livre mercado), pois
este princípio garante o crescimento económico e o desenvolvimento social de um país.
Surgiu na década de 1970, através da Escola Monetarista do economista Milton
Friedman, como uma solução para a crise que atingiu a economia mundial em 1973,
provocada pelo aumento excessivo no preço do petróleo.
Para Emir Sader (1996) o Neoliberalismo é uma nova forma de dominação
económica, social e ideológica contemporânea.
A. Características do Neoliberalismo (princípios básicos):
O estado não deve intervir.
a) Mínima participação estatal nos rumos da economia de um país;
b) Pouca intervenção do governo no mercado de trabalho;
c) Livre circulação de capitais internacionais e ênfase na globalização;
d) Abertura da economia para a entrada de multinacionais;
e) Contra o controle de preços dos produtos e serviços por parte do estado, ou seja, a
lei da oferta e demanda é suficiente para regular os preços;
f) Adopção de medidas contra o proteccionismo económico;
20. - Elaborado pelo Professor: Jorge Eduardo Brandán. – Huambo - 31-1-2014 – 20
g) Desburocratização do estado: leis e regras económicas mais simplificadas para
facilitar o funcionamento das actividades económicas;
h) Posição contrária aos impostos e tributos excessivos;
i) Defesa dos princípios económicos do capitalismo.
Privatização
j) Política de privatização de empresas estatais;
k) A base da economia deve ser formada por empresas privadas;
l) Aumento da produção, como objectivo básico para atingir o desenvolvimento
económico;
Reduzir os gastos do Estado.
m) Diminuição do tamanho do estado, tornando-o mais eficiente; (desemprego)
B. Críticas ao neoliberalismo
Os críticos ao sistema afirmam que a economia neoliberal só beneficia as grandes
potências económicas e as empresas multinacionais. Os países pobres ou em processo de
desenvolvimento sofrem com os resultados de uma política neoliberal. Nestes países, são
apontadas como causas do neoliberalismo: desemprego, baixos salários, aumento das
diferenças sociais e dependência do capital internacional.
C. Principais órgãos de defesa das ideias e práticas do neoliberalismo:
FMI – Fundo Monetário Internacional.
BRID – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento
OMC – Organização Mundial do Comércio.
21. - Elaborado pelo Professor: Jorge Eduardo Brandán. – Huambo - 31-1-2014 – 21
INDICE
1. A Sociedade ........................................................................................ Erro! Marcador não definido.
1.1 Conceito de sociedade................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.1.1 Definição:............................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.2 Estrutura da sociedade................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.2.1 Sistema estrutural externo da sociedade................................. Erro! Marcador não definido.
o A base espacial ou física da sociedade.................................... Erro! Marcador não definido.
o Os actores sociais .................................................................... Erro! Marcador não definido.
o Manifestações tecnológicas..................................................... Erro! Marcador não definido.
o Independência da sociedade.................................................... Erro! Marcador não definido.
1.2.2 Sistemas Estruturais internos da sociedade............................ Erro! Marcador não definido.
Atitudes sociais. ...................................................................... Erro! Marcador não definido.
Posição e status sociais............................................................ Erro! Marcador não definido.
Papeis e normas sociais........................................................... Erro! Marcador não definido.
Valores sociais......................................................................... Erro! Marcador não definido.
Sanção social........................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.3 Funções básicas da sociedade........................................................ Erro! Marcador não definido.
A. Operacionalidade no tempo e no espaço................................. Erro! Marcador não definido.
B. Comunicabilidade.................................................................... Erro! Marcador não definido.
C. Economia de tempo e energia de actores ................................ Erro! Marcador não definido.
D. Diferenciação de posições e papeis......................................... Erro! Marcador não definido.
E. Funções específicas da sociedade............................................ Erro! Marcador não definido.
1.4 Modelos de sociedade ................................................................... Erro! Marcador não definido.
A. Sociedade Integrada ................................................................ Erro! Marcador não definido.
B. Sociedade conflituosa.............................................................. Erro! Marcador não definido.
C. Sociedade Pluralista ................................................................ Erro! Marcador não definido.
2 Os Valores............................................................................................ Erro! Marcador não definido.
2.1 Definição....................................................................................... Erro! Marcador não definido.
2.2 Características dos valores ............................................................ Erro! Marcador não definido.
2.2.1 Valores e juízos de valor ........................................................ Erro! Marcador não definido.
2.2.2 Valores de conduta................................................................. Erro! Marcador não definido.
2.2.3 Relatividade dos valores......................................................... Erro! Marcador não definido.
2.2.4 Carga afectiva dos valores...................................................... Erro! Marcador não definido.
2.2.5 Hierarquia dos valores............................................................ Erro! Marcador não definido.
3 Fundamento económico da sociedade.................................................. Erro! Marcador não definido.
3.1 O processo de produção. ............................................................... Erro! Marcador não definido.
A. Trabalho .................................................................................. Erro! Marcador não definido.
B. Matéria-prima.......................................................................... Erro! Marcador não definido.
C. Instrumentos de produção ....................................................... Erro! Marcador não definido.
D. Meios de produção .................................................................. Erro! Marcador não definido.
3.2 Modos de produção ....................................................................... Erro! Marcador não definido.
A. Modo de produção primitivo................................................... Erro! Marcador não definido.
B. Modo de produção esclavagista .............................................. Erro! Marcador não definido.
C. Modo de produção asiático...................................................... Erro! Marcador não definido.
D. Modo de produção feudal........................................................ Erro! Marcador não definido.
E. Modo de produção capitalista.................................................. Erro! Marcador não definido.
O Pré-Capitalismo................................................................... Erro! Marcador não definido.
Primeira Fase: Capitalismo Comercial ou............................... Erro! Marcador não definido.
Segunda Fase: Capitalismo Industrial..................................... Erro! Marcador não definido.
Terceira Fase: Capitalismo Monopolista-Financeiro .............. Erro! Marcador não definido.
F. Modo de produção socialista................................................... Erro! Marcador não definido.
22. - Elaborado pelo Professor: Jorge Eduardo Brandán. – Huambo - 31-1-2014 – 22
4 Instituições sociais................................................................................................................................. 1
4.1 Conceito de Instituição................................................................................................................... 1
4.2 Associações .................................................................................................................................... 1
4.3 Características das instituições....................................................................................................... 1
A) Finalidade............................................................................................................................. 1
B) Conteúdo permanente........................................................................................................... 1
C) Estrutura unificada ............................................................................................................... 1
4. 4 Principais Instituições Sociais....................................................................................................... 2
5 Instituição Familiar e parentesco........................................................................................................... 2
5.1 Família............................................................................................................................................ 2
5.2 Tipos de Família............................................................................................................................. 3
A. Família elementar..................................................................................................................... 3
B. Família extensa......................................................................................................................... 3
C. Família composta ..................................................................................................................... 3
D. Família conjugada – fraterna.................................................................................................... 4
E. Família fantasma ...................................................................................................................... 4
5.3 Classificação da família segundo a autoridade exercida................................................................ 4
A) Patriarcal............................................................................................................................... 4
B) Matriarcado .......................................................................................................................... 4
C) Paternal Igualitária ............................................................................................................... 4
5.4 União e Casamento......................................................................................................................... 4
A) União .................................................................................................................................... 4
B) Concubinato ......................................................................................................................... 4
C) Matrimónio........................................................................................................................... 5
5.5 Regras sociais para o casamento. ................................................................................................... 5
A) Endogamia............................................................................................................................ 5
B) Exogamia.............................................................................................................................. 5
5.6 Modalidades do casamento ............................................................................................................ 5
5.6.1 Monogamia.............................................................................................................................. 5
5.6.2 Poligamia................................................................................................................................. 5
Poliandria ................................................................................................................................. 6
Poligenia................................................................................................................................... 6
Grupal....................................................................................................................................... 6
5.7 A participação dos filhos na herança.............................................................................................. 6
5.8 Sistema de parentesco ................................................................................................................ 6
Afinidade.................................................................................................................................. 6
Consanguinidade ...................................................................................................................... 7
Fictícios ou pseudo parentes .................................................................................................... 7
6 Instituições Políticas.............................................................................................................................. 7
6.1 O Estado ......................................................................................................................................... 7
6.1.1 Declaração da legitimidade dum governo............................................................................... 7
6.2.2 Povo, Nação, Governo e Estado.............................................................................................. 8
6.2.3 Funções do Estado................................................................................................................... 8
6.2.4 Finalidade do Estado............................................................................................................... 8
6.2.5 Origem do Estado.................................................................................................................... 9
7 Ideologia.............................................................................................................................................. 10
7.1Conceito marxista de ideologia..................................................................................................... 10
7.2 Características da ideologia.......................................................................................................... 11
7.3 Os modelos Ideológicos sociopolíticos mais destacados. ............................................................ 12
A. Absolutismo: .......................................................................................................................... 12
B. Liberalismo............................................................................................................................. 13
C. Fascismo................................................................................................................................. 13
23. - Elaborado pelo Professor: Jorge Eduardo Brandán. – Huambo - 31-1-2014 – 23
D. Nazismo.................................................................................................................................. 14
E. Socialismo.............................................................................................................................. 15
F. Comunismo ............................................................................................................................ 15
8 Globalização e Neoliberalismo .......................................................................................................... 17
8.1 Conceito de Globalização............................................................................................................. 17
8.2 Origem da Globalização............................................................................................................... 18
8.3 NEO-LIBERALISMO ................................................................................................................. 19