SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
Baixar para ler offline
31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 1
FILOSOFÍA 11ª Classe
Unidade 1 Introdução
1.1 Origem da Filosofia
1.2 Objecto de estudo da Filosofia
1.3 Conceito e definição da Filosofia
1.4 Objectivo do estudo da Filosofia
1.5 O método do estudo da Filosofia
1.6 O mito, primeira forma de interpretação do mundo
1.7 Relação da Filosofia com as outras ciências
1.8 Importância do estudo da Filosofia
1.9 As formas da vida grega que prepararam o nascimento da filosofia.
1.10 Divisão da Filosofia na história.
1.11 Evolução da filosofia grega: dos pré-socráticos
Frases para reflectir:
“ Uma vida sem busca não merece ser vivida” Sócrates.
“Que é capaz de ver todo é filósofo; quem não, não”. Platão
“ Creio para entender e entendo para crer” Agostinho de Hipona
1.1 As Origens da Filosofia
A filosofia foi criação do génio helénico: não derivou aos gregos de outras culturas antigas.
Destas culturas antigas só vieram alguns conhecimentos científicos, astronómicos e matemáticos
geométricos, que os gregos souberam repensar e recrear em dimensão teórica, em quanto os
orientais, os concebiam em sentido prático, ou seja eles do conhecimento prático fizeram ciência,
fizeram Teoremas.
Eleia: Parménides
Acragas:
Empédocle
s
Leontini: Gorgias
Parménides
Crotonai: Pitagóricos
Parménides
Atenas:
Sócrates
Platão
Estagira: Aristóteles
Abdera: Demócrito
Protágoras
Mileto: Tales
Anaximandro
Anaxímenes
LeucipoSamos:
Pitágoras
Epicuro
Éfeso:
Heráclito
Closomena:
Anaxágoras
31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 2
Pois bem, por causa das suas categorias racionais, foi a filosofia que possibilitou o
nascimento da ciência, em certo sentido, a gerou. E reconhecer isso significa reconhecer aos gregos
o mérito de terem dado uma contribuição verdadeira mente excepcional a história da civilização.
Se bem a filosofia nasceu na Grécia, temos que precisar que a filosofia não nasceu em
Atenas ou nalguma outra cidade capital grega, mas sim nasceu na periferia da Grécia. É nas
colónias gregas onde nasce a filosofia, só posteriormente vai chegar as grandes capitais.
É em Mileto colónia grega da Ásia Menor região chamada de Jónia (zona costeira da actual
Turquia) onde surgiram os primeiros filósofos no século VI a.C. (a.C. Antes de Cristo).1
1.2 Objecto de estudo da Filosofia
Pode-se falar de objecto material e objecto formal de uma ciência.
Objecto material:
No nosso caso, o objecto material do estudo da filosofia é o UNIVERSO.
Objecto formal:
O Objecto formal, são as causas supremas no estudo do Universo.
A filosofia estuda tudo aquilo que é; estuda o universo mediante as suas causas supremas. E
a filosofia faz esse estudo usando a razão.
Todas as correntes filosóficas procuram explicar o universo mediante as usas causas mais
altas. Aristóteles para falar dessas causa supremas diz que a filosofia estuda as causas últimas de
todas as coisas.
1.3 Conceito e definição da Filosofia
Conforme a tradição, o criador do termo “filosofia” (Φιλοσοφία) foi Pitágoras, o que embora
não sendo historicamente seguro, é no entanto verosímil. O termo, certamente foi cunhado por um
espírito religioso, que pressuponha ser possível só aos deuses uma “sofia” (σοφία, sabedoria) ou seja
a posse certa e total do verdadeiro, em quanto reservava ao homem apenas uma tendência a Sofia,
uma continua aproximação do verdadeiro, um amor ao saber, nunca totalmente saciado, ou seja
amor pela sabedoria.
A palavra filosofia vem do grego e compõe-se de duas partes: Filo mais Sofia, Filo + Sofia,
Φιλο, Filo = Amigo ou amor, e σοφία, Sofia = Sabedoria.
Portanto etimologicamente a palavra Filosofia significa amor à sabedoria.
Definição:
Há varias definições sobre a filosofia. Podemos defini-la como:
1
ANTESERI, D; REALE, G; História da Filosofia, 1 Filosofia Pagã Antiga, São Paulo; Ed. Paulus; 3º Ed. 2007. Pág.
3-12.
31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 3
Filosofia é a ciência que procura descobrir as causas mais profundas das coisas.
1.4 Objectivo do estudo da Filosofia
O fim da filosofia esta no puro desejo de conhecer e contemplar a verdade. Em suma a
filosofia grega é desinteressado amor pela verdade.
Aristóteles: “Todas as outras ciências serão mais necessárias do que a filosofia, mais
nenhuma será superior”.
1.5 O método do estudo da Filosofia
No que se refere ao método, a filosofia procura ser a explicação puramente racional daquela
totalidade, que tem por objecto, ou seja pretende explicar racionalmente o universo.
O que vale em filosofia é o argumento da razão, a motivação lógica, o logos (λογοσ). Não
basta a filosofia constatar, determinados dados de facto ou reunir experiências: ela deve ir alem do
facto das experiências, para encontrar a causa ou as causas apenas com a razão.
Quanto ao método, a filosofia usa um método diferente daquele que é usado por outros tipos
de saber. Assim, por exemplo, o conhecimento comum usa um método baseado na simples
verificação, na observação; a poesia e a mitologia usam um método baseado na descrição mais ou
menos imaginativo; nesse método entra a fantasia. Nas outras ciências usa-se o método baseado na
experimentação.
A filosofia usa o método da justificação lógica; a justificação racional. A filosofia serve-se
da razão para dar uma explicação a mais exaustiva possível das coisas. Ela procura dar uma
explicação completa de tudo aquilo que estuda. E no seu estudo serve-se apenas da razão, a que os
gregos davam o nome de logos (λογοσ).
Isto é, a filosofia usa sobretudo o método do raciocínio, que compreende a dedução e a
indução.
Dedução: é o método que parte das verdades gerais conhecidas para as verdades particulares
desconhecidas.
Ex. Todos os homens são mortais, ora, João é homem; logo: João é mortal.
Ex. A matéria se corrompe, a pedra é matéria, logo: a pedra se corrompe.
Indução: é o método que parte de verdades particulares conhecidas pela experiências, para
verdades Gerais desconhecidas. Ex. A pedra pesa, o tronco pesa, a areia pesa, o fero pesa, o livro
pesa. Conclusão: todos os corpos materiais pesam.
1.6 O mito, primeira forma de interpretação do mundo
Antes de mais nada podemos definir o Mito como uma forma de interpretar, compreender o
mundo.
31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 4
Como processo de compreensão da realidade, o Mito não é pura fantasia, mas contem
verdade. Quando pensamos em verdade, é comum nos referirmos à coerência lógica, garantida pelo
rigor da argumentação e pela apresentação de provas. A verdade do Mito, porém, resulta de uma
intuição compreensiva da realidade, cujas raízes se fundam na emoção e na afectividade. Nesse
sentido, antes de interpretar o mundo de maneira argumentativa, o mito expressa o que desejamos
ou tememos, como somos atraídos pelas coisas ou como delas nos afastamos. Não se trata, porém,
de qualquer intuição. Para melhor circunscrever o conceito de mito, precisamos de outro
componente, o MISTÉRIO, pois ele sempre é um enigma a ser decifrado e como tal representa
nosso espanto diante do mundo.
O mito esta impregnado do desejo humano de afugentar a insegurança, os temores e a
angústia diante do desconhecido, do perigo e da morte. Para tal, os relatos míticos se sustentam na
crença, na fé em forças superiores que protegem ou ameaçam, recompensam ou castigam. 2
Actividade leitura e interpretação de texto:
A continuação um texto mítico.
Ícaro, personagem mítico.
Segundo uma das versões do mito grego, Dédalo e seu filho Ícaro estavam presos no
labirinto de Creta, como castigo por ter ajudado Teseu a encontrar o Minotauro e matá-lo. Assim
relata Pierre Grimal: “Dédalo, a quem não faltavam recursos, fabricou para Ícaro e para si mesmo
umas asas que colou com cera aos seus ombros e aos do filho. Em seguida, ambos levantaram voo.
Antes de partir, Dédalo recomendara a Ícaro que não voasse nem muito baixo nem muito alto.
Ícaro, porém, orgulhoso, não deu ouvidos aos conselhos do pai e elevou-se nos ares, aproximando-
se tanto do Sol que a cera derreteu-se e o imprudente caiu no mar que, a partir desse momento, se
chamou Mar Icário.”
Perguntas para interpretar o texto:
1- Que personagens aparecem no texto?
2- Quem é Teseu?
3- O que é o Minotauro?
4- O que faz Dédalo?
5- O que faz Ícaro?
6- Que verdade apresenta o Mito?
7- Como podes aplicar este Mito?
Ruptura entre mito e filosofia
Existe uma ruptura entre mito e filosofia. Enquanto o mito é uma narrativa cujo conteúdo
não se questiona, a filosofia problematiza e, portanto, convida à discussão. No mito a
inteligibilidade é dada, na filosofia ela é procurada. A filosofia rejeita o sobrenatural, a interferência
de agentes divinos na explicação dos fenómenos. Ainda mais: a filosofia busca a coerência interna,
2
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS; Filosofando, Introdução à Filosofia, Ed. Moderna 1993, pág.27
31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 5
a definição rigorosa dos conceitos; organiza-se em doutrina e surge, portanto, como pensamento
abstracto.
1.7 Relação da Filosofia com as outras ciências
Inicialmente filosofia e ciência eram sinónimas. Com o passar do tempo cada ciência
particular passou a estudar um aspecto específico da realidade. Desta forma surge a distinção entre
ciências particulares e filosofia. A filosofia distingue-se das chamadas ciências particulares, como é
o caso da matemática, biologia, física, história, geografia, etc. Porque estas estudam determinados
aspectos da realidade; isolam um pedaço da realidade e fazem dela o seu objecto de estudo. A
filosofia estuda tudo; estuda a totalidade da realidade.
As ciências particulares utilizam o método experimental, a filosofia utiliza o raciocínio. As
ciências particulares utilizam instrumentos de medição e a filosofia utiliza unicamente a razão.
As ciências são pragmáticas, procuram obter uma vantagem prática. A filosofia tem como
finalidade única a verdade.
1.8 Importância do estudo da Filosofia
(Texto para debater)
Leia o relato do filósofo francês André Comte Sponville:
“[...] A cena se desenrola no início do século XX, num lugarejo da França rural. Um jovem
professor de filosofia passeia com um amigo e encontra um camponês, que seu amigo conhece, lhe
apresenta e com o qual nosso filósofo troca algumas palavras.
- O que o senhor faz?
- Indaga o camponês.
- Sou professor de filosofia.
- Isso é profissão?
-Por que não? Acha estranho?
- Um pouco!
- Por quê?
- Um filósofo é uma pessoa que não liga para nada
... Não sabia que se aprendia isso na escola.
Na continuidade do texto, Sponville assim comenta o diálogo:
O que é um filósofo? É alguém que pratica a filosofia, em outras palavras, que se serve da
razão para tentar pensar o mundo e sua própria vida, a fim de se aproximar da sabedoria ou da
felicidade. E isso se aprende na escola? Tem de ser aprendido, já que ninguém nasce filósofo e já
que a filosofia é, antes de mais nada, um trabalho. Tanto melhor, se ele começar na escola. O
importante é começar, e não parar mais. Nunca é cedo demais nem tarde demais para filosofar, dizia
Epicuro [...]. Digamos que só é tarde demais quando já não é possível pensar de modo algum”.
- Que importância tem para ti o estudo da Filosofia?
- Pensas que a Filosofia é útil ou necessária?
31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 6
PARA REFLETIR Sempre há os que ignoram os filósofos. Mas não é o caso dos ditadores:
estes os fazem calar, pela censura, porque bem sabem quanto eles ameaçam seu poder.
1.9 As formas da vida grega que prepararam o nascimento da filosofia.
A filosofia surgiu na Grécia porque justamente na Grécia formou-se uma temperatura
espiritual particular e um clima cultural e político favoráveis.
As fontes das quais derivou a filosofia helénica foram
1. A poesia
2. A religião
3. As condições sociopolíticas adequadas
1.9.1 A Poesia. (Homero, Os Líricos, Hesiodo)
A poesia antecipou o gosto pela harmonia, pela proporção e pela justa
medida (Homero, os Líricos) e um modo particular de fornecer explicações
remontando as causas através da pesquisa da razão.
1.9.2 A Religião (A religião Órfica)
A religião grega tende a alcançar certos objectivos que a filosofia procura atingir com os
conceitos e com a razão.
A religião grega não tem dogmas fixos nem textos sagrados que precise de guardiães
(sacerdotes) que interpretem a verdade. Por tal motivo o pensamento filosófico gozou de ampla
liberdade de expressão.
1.9.3 As condições sociopolíticas.
Os gregos alcançaram certo bem-estar e notável liberdade política, a começar das colónias
do Oriente e do Ocidente.
Nos séculos VII e VI a.C. a Grécia sofreu uma transformação socioeconómica considerável.
Deixou de ser país predominantemente agrícola, desenvolvendo de forma sempre crescente o
artesanato e o comércio. Assim, tornou-se necessário fundar centros de distribuição comercial, que
surgiram inicialmente nas colónias Jónicas (Actual zona costeira da Turquia) particularmente em
Mileto. Depois na península Itálica.
A filosofia nasce primeiro nas colónias e não em Atenas ou outras cidades da mãe pátria.
Justamente porque as colónias gozaram mais rapidamente do bem-estar económico e a distancia das
capitais lhes possibilitou criar instituições librés.
A Democracia jogou um papel importantíssimo na liberdade de expressão e de pensamento.
31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 7
1.10 Divisão da Filosofia na história. 3
De entre tantos critérios para dividir a filosofia, podemos dizer que desde a sua origem
podemos dividir a filosofia em:
 Filosofia Antiga. S. VI a.C. até 529 d.C.
o Período Naturalistas (Pré-Socráticos)
 Escola Jónica.
 Escola Itálica.
 Escola Eleática.
 Escola Atomista
o Período humanista (Socráticos) (Período clássico)
o Período das Grandes sínteses
o Período Helenista (Pos- Socráticos)
o Período Religioso (Filosofia Romana)
 Filosofia Medieval. 529d.C. até S. XIV d.C.
 Filosofia Moderna. S. V d.C. até S XVIII d.C.
 Filosofia Contemporânea. S. XIX d.C. até nossos dias.
PARA SABER MAIS
Periodização da história da Grécia Antiga
Civilização micênica (sécs. XX a XII a.C.). Desenvolveu-se desde o início do segundo milénio a.C.
Tem esse nome pela importância da cidade de Micenas, de onde, por volta de 1250 a.C., partiram
Agamêmnon, Aquiles e Ulisses para sitiar e conquistar Tróia.
Tempos homéricos (sécs. XII a VIII a.C.). Na transição de um mundo essencialmente rural, os
senhores enriquecidos formaram a aristocracia proprietária de terras, que fez recrudescer o sistema
esclavagista. Nesse período teria vivido Homero (séc. IX ou VIII a.C.).
Período arcaico (sécs. VIII a VI a.C.). Com a formação das cidades-estados (polis), ocorreram
grandes alterações sociais e políticas, bem como o desenvolvimento do comércio e a expansão da
colonização grega. No início desse período teria vivido Hesíodo. No final do século VII e durante o século
VI a.C. surgiram os primeiros filósofos.
Período clássico (sécs. V e IV a.C.). Auge da civilização grega; na política, o apogeu da democracia
ateniense; desenvolvimento das artes, literatura e filosofia; época em que viveram os sofistas e os filósofos
Sócrates, Platão e Aristóteles. Período helenístico (sécs. III e II a.C.).
Decadência política, domínio macedónico e conquista da Grécia pelos romanos; culturalmente,
significativa influência das civilizações orientais; florescimento das filosofias estóico e epicurista.
1.11 Evolução da filosofia grega: Os pré-socráticos
A grande aventura intelectual dos gregos não começou propriamente na Grécia continental,
mas nas colónias da Jónia (actual zona costeira da Turquia) e da Magna Grécia (Sul da península
Itálica), onde florescia o comércio. Os primeiros filósofos viveram por volta dos séculos VII e VI
3
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS; Filosofando, Introdução à Filosofia, Ed. Moderna, São Paulo, 1993,
pág.452
31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 8
a.C. e, mais tarde, foram classificados como pré-socráticos, quando a divisão da filosofia grega
centralizou-se na figura de Sócrates.
Os escritos dos filósofos pré-socráticos desapareceram com o tempo, e só nos restam alguns
fragmentos ou referências de filósofos posteriores.
Sabemos que geralmente escreviam em prosa, abandonando a forma poética característica
das epopeias, dos relatos míticos.
Os primeiros filósofos ocupavam-se com questões cosmológicas, iniciando a separação entre
a filosofia e o pensamento mítico.
Os primeiros pensadores centraram a atenção na natureza e elaboraram diversas concepções
de cosmologia. Enquanto no período mítico a cosmogonia relata o princípio como origem no tempo
(o nascimento dos deuses), as cosmologias dos pré-socráticos procuram a racionalidade constitutiva
do Universo.
Todos eles procuram explicar como, diante da mudança (do devir), podemos encontrar a
estabilidade; como, diante do múltiplo, descobrimos o uno.
Ao perguntarem como seria possível emergir o cosmo do caos - ou seja, como da confusão
inicial surge o mundo ordenado -, os pré-socráticos buscam o princípio (em grego, a arkhe, Αρκέ)
de todas as coisas, entendido não como aquilo que antecede no tempo, mas como fundamento do
ser. Buscar a arkhé é explicar qual é o elemento constitutivo de todas as coisas.
As respostas dos filósofos à questão do fundamento das coisas, da unidade que pode explicar
a multiplicidade, são as mais variadas. Vejamos algumas delas:
Tales de Mileto (fim do S. VII a.C. primeira metade do S. VI a.C.)
É o primeiro filósofo que conhecemos e é o criador do problema
concernente ao princípio, ou seja, a origem de todas as coisas.
O princípio é a fonte e a origem de todas as coisas, é o termo último de
todas as coisas, é o sustentáculo permanente de todas as coisas.
Tales identificou o princípio com a Água, pois constatou que o elemento líquido está
presente em todo lugar em que há vida, e onde não existe água não existe vida.
Esta realidade originária foi denominada pelos primeiros filósofos da Physis (ψίσισ), ou
seja, da natureza, é por isto que todos os primeiros filósofos que desenvolveram esta problemática
iniciada por Tales são conhecidos por filósofos da Natureza.
Mas não se deve acreditar que a água de Tales seja o elemento físico-químico que hoje
bebemos. A água de Tales deve ser pensada de modo totalizante, ou seja, como a physis liquida
originária da qual tudo deriva e da qual a água que bebemos é apenas uma de suas manifestações.
Com efeito, a água coincidia com o divino. Desse modo, introduz-se um novo conceito de Deus.
31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 9
Heraclito de Efeso S. VI-V a.C. (Tudo flúi.)
Herda dos milésios o conceito de dinamismo universal, mas o aprofunda de modo
conspícuo. “Tudo flúi” (panta rhei, παντα ρει), é a proposição emblemática de Heraclito,
e indica o facto de que o devir é uma característica estrutural de toda a realidade. Para
Heraclito tudo flúi e tudo o que é fixo, é ilusão.
Todas as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós em dado
momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois. Em dois de seus mais famosos fragmentos
podemos ler: “Não se pode descer duas vezes no mesmo rio e não podemos tocar duas vezes uma substancia
mortal no mesmo estado, pois, por causa da impetuosidade e da velocidade da mudança, ela se dispersa e se
reúne (…) Nos descemos e não descemos pelo mesmo rio, nos próprios somos e não somos”.
Não se trata de um devir caótico, mas de uma passagem dinâmica ordenada de um contrário ao
outro: É uma guerra de opostos. Para Heraclito, o ser é o múltiplo, não apenas no sentido de que há uma
multiplicidade de coisas, mas por estar constituído de oposições internas.
O princípio para Heraclito se identifica com o fogo, que é prefeita expressão do movimento perene.
O fogo vive da morte do combustível.
Parménides S. VI-V a.C. (O SER é imóvel.)
Fundador da escola eleática. Parte de uma verdade absoluta, “O ser existe e não
pode não existir, o não ser não existe”, é impossível pensar o não ser. Criticou a
filosofia heraclitiana: ao "tudo flúi" de Heraclito, contrapôs a imobilidade do ser. Para
Parménides, é absurdo e impensável afirmar que uma coisa pode ser e não ser ao mesmo
tempo. À contradição opõe o princípio segundo o qual "o ser é" e o "não ser não é".
O princípio para Parménides é o SER. Parménides, a partir do princípio estabelecido, conclui que o
ser não pode ser gerado, é incorruptível, não tem passado nem futuro, e por isso existe num eterno presente, é
imóvel, é homogéneo, é perfeito, é limitado, é uno. Portanto, aquilo que os sentidos atestam como em devir e
múltiplo é falso.
Entretanto, não há como negar a existência do movimento no mundo, pois as coisas nascem e
morrem, mudam de lugar e se expõem em infinita multiplicidade. Segundo Parménides, porém, o
movimento existe apenas no mundo sensível, e a percepção pelos sentidos é ilusória, porque baseada na
opinião (dóxa, em grego, δοχα), e, por isso mesmo, não é confiável. Só o mundo inteligível é verdadeiro.
- Que diferenças encontras entre o pensamento de Heraclito e Parménides?
31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 10
Os Naturalistas.
Escolas
Filosóficas
Filósofos Qual é o Princípio de todas as coisas Como derivam do
princípio as coisas
Filósofos
Jónicos
(colónias da
zona costeira da
actual Turquia)
Monistas
Há um princípio
que se encontra
ou se deduz da
natureza
TALES de Mileto (640-
c.548 a.C.), astrónomo,
matemático e
primeiro
filósofo,
A arkhé (Princípio de todo) é a água;
Anaximandro
de Mileto
(610-547 a.C.),
O fundamento dos seres é urna matéria
indeterminada, ilimitada
(ápeiron, em grego), que daria origem a
todos os seres materiais.
Por separação dos
contrários por uma espécie
de injustiça
Anaxímenes
de Mileto
(588-524
a.C.),
O ar é o princípio, e pela rarefacção e
condensação faz nascer e transformar
todas as coisas.
Por condensação e
rarefacção do ar
Heraclito de
Éfeso (sécs.
VI-V a.C.)
Para Heraclito tudo flúi e tudo o que é
fixo é ilusão: "não nos banhamos duas
vezes no mesmo rio".
O princípio é o Fogo
Por oposição nos
particulares, segundo
harmonia no todo.
De acordo com PITÁGORAS
de Samos (Jónia) (séc. VI a.C.),
filósofo e matemático,
O número é a essência de tudo; todo o
cosmo é harmonia, porque é ordenado
pelos números.
Tudo deriva dos números
por relação harmónica
matemática
Xenófones da Eleia A terra
Escola Eleata
(colónias ao sul
da Itália)
Parménides da Eleia
(c.544-450
a.C.)
O SER real é imóvel, imutável e o
movimento é uma ilusão.
Não existe nenhum
princípio. O ser é.
Pluralistas
O princípio é
composto por
muitas coisas.
EMPEDOCLES de
Agrigento
(483-430
a.C.)
Os quatro elementos, terra, água, ar e
fogo
Por efeito do amor e do
ódio
ANAXÁGORAS de
Clozômena (499-428
a.C.), nascido em
Clazômena, mudou-se
para Atenas, onde foi
mestre de Péricles.
Sustentava que as "sementes" de todas
as coisas foram ordenadas por um
princípio inteligente, uma Inteligência
cósmica (Nous, em grego).
Por efeito do
movimento
impresso pelo
Nous
Os filósofos LEUCIPO
de Abdera (séc. V a.C.) e
DEMÓCRITO de
Abdera (c.460-c.370
a.C.)
São atomistas, por considerarem
o elemento primordial constituído por
átomos, partículas indivisíveis. Como
para eles também a alma era formada
por átomos, estamos diante de uma
concepção materialista e determinista.
Por efeito do movimento
do qual os átomos estão
naturalmente dotados.
Fonte: ANTESERI, D; REALE, G; História da Filosofia, 1 Filosofia Pagã Antiga, São Paulo; Ed. Paulus; 3ª Ed., 2007, pág. 48.
Bibliografia:
 ANTESERI, D; REALE, G; História da Filosofia, 1 Filosofia Pagã Antiga; Ed. Paulus; 3ª Ed. ; São Paulo 2007.
 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS; Filosofando, Introdução à Filosofia, Ed. Moderna, São Paulo 1993.
 LAU, Rafael Lando, O rosto da Filosofia, Introdução à Filosofia 11ª Classe, Ed. Texto Editores, Luanda 2010.
31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 11
Índice
Unidade 1 Introdução...........................................................................................................................1
1.1 As Origens da Filosofia..............................................................................................................1
1.2 Objecto de estudo da Filosofia ...................................................................................................2
1.3 Conceito e definição da Filosofia...............................................................................................2
1.4 Objectivo do estudo da Filosofia................................................................................................3
1.5 O método do estudo da Filosofia................................................................................................3
1.6 O mito, primeira forma de interpretação do mundo...................................................................3
1.7 Relação da Filosofia com as outras ciências ..............................................................................5
1.8 Importância do estudo da Filosofia ............................................................................................5
1.9 As formas da vida grega que prepararam o nascimento da filosofia. ........................................6
1.9.1 A Poesia. (Homero, Os Líricos, Hesiodo)...........................................................................6
1.9.2 A Religião (A religião Órfica).............................................................................................6
1.9.3 As condições sociopolíticas. ...............................................................................................6
1.10 Divisão da Filosofia na história. ..............................................................................................7
1.11 Evolução da filosofia grega: Os pré-socráticos........................................................................7
Tales de Mileto (fim do S. VII a.C. primeira metade do S. VI a.C.) ...........................................8
Heraclito de Éfeso S. VI-V a.C. ...................................................................................................9
Parménides S. VI-V a.C. ..............................................................................................................9
Bibliografia: ...................................................................................................................................10

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - 1º ANO E.M - Prof. Noe Assunção
AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - 1º ANO E.M - Prof. Noe AssunçãoAVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - 1º ANO E.M - Prof. Noe Assunção
AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - 1º ANO E.M - Prof. Noe AssunçãoProf. Noe Assunção
 
Avaliação de filosofia 1º ano 2º bimetre
Avaliação de filosofia   1º ano    2º bimetreAvaliação de filosofia   1º ano    2º bimetre
Avaliação de filosofia 1º ano 2º bimetreananiasdoamaral
 
Atividades de Filosofia - III bimestre - 2014
Atividades de Filosofia - III bimestre - 2014Atividades de Filosofia - III bimestre - 2014
Atividades de Filosofia - III bimestre - 2014Mary Alvarenga
 
Atividade de Filosofia
Atividade de FilosofiaAtividade de Filosofia
Atividade de FilosofiaMary Alvarenga
 
Direito ao respeito e à dignidade
Direito ao respeito e à dignidadeDireito ao respeito e à dignidade
Direito ao respeito e à dignidadeJoão Silva
 
Apostila do 1º ano 3º e 4º bimestre
Apostila do 1º ano   3º e 4º bimestreApostila do 1º ano   3º e 4º bimestre
Apostila do 1º ano 3º e 4º bimestreDuzg
 
Filosofia 3º ano prova ii-bim
Filosofia 3º ano prova ii-bimFilosofia 3º ano prova ii-bim
Filosofia 3º ano prova ii-bimMary Alvarenga
 
Conhecimento filosófico
Conhecimento filosóficoConhecimento filosófico
Conhecimento filosóficoSandro Lôbo
 
Simulado de Filosofia - 1º ano / 2015
Simulado de Filosofia - 1º ano  / 2015 Simulado de Filosofia - 1º ano  / 2015
Simulado de Filosofia - 1º ano / 2015 Mary Alvarenga
 
Aula 1 iniciação a antropologia filosofica - o que é o ser humano - Prof. N...
Aula 1   iniciação a antropologia filosofica - o que é o ser humano - Prof. N...Aula 1   iniciação a antropologia filosofica - o que é o ser humano - Prof. N...
Aula 1 iniciação a antropologia filosofica - o que é o ser humano - Prof. N...Prof. Noe Assunção
 
Questoes de filosofia com descritores ensino médio (1)
Questoes de filosofia  com descritores   ensino médio (1)Questoes de filosofia  com descritores   ensino médio (1)
Questoes de filosofia com descritores ensino médio (1)Atividades Diversas Cláudia
 

Mais procurados (20)

AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - 1º ANO E.M - Prof. Noe Assunção
AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - 1º ANO E.M - Prof. Noe AssunçãoAVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - 1º ANO E.M - Prof. Noe Assunção
AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - 1º ANO E.M - Prof. Noe Assunção
 
A lenda da filosofia
A lenda da filosofia   A lenda da filosofia
A lenda da filosofia
 
Prova filosofia (1)
Prova filosofia (1)Prova filosofia (1)
Prova filosofia (1)
 
Avaliação de filosofia 1º ano 2º bimetre
Avaliação de filosofia   1º ano    2º bimetreAvaliação de filosofia   1º ano    2º bimetre
Avaliação de filosofia 1º ano 2º bimetre
 
Atividades de Filosofia - III bimestre - 2014
Atividades de Filosofia - III bimestre - 2014Atividades de Filosofia - III bimestre - 2014
Atividades de Filosofia - III bimestre - 2014
 
Prova filosofia-1b-
Prova filosofia-1b-Prova filosofia-1b-
Prova filosofia-1b-
 
Atividade de Filosofia
Atividade de FilosofiaAtividade de Filosofia
Atividade de Filosofia
 
Direito ao respeito e à dignidade
Direito ao respeito e à dignidadeDireito ao respeito e à dignidade
Direito ao respeito e à dignidade
 
Tópico 3 cidadania e direitos sociais
Tópico 3 cidadania e direitos sociaisTópico 3 cidadania e direitos sociais
Tópico 3 cidadania e direitos sociais
 
Apostila do 1º ano 3º e 4º bimestre
Apostila do 1º ano   3º e 4º bimestreApostila do 1º ano   3º e 4º bimestre
Apostila do 1º ano 3º e 4º bimestre
 
Direitos indígenas
Direitos indígenasDireitos indígenas
Direitos indígenas
 
Bioética apresentação
Bioética apresentaçãoBioética apresentação
Bioética apresentação
 
Filosofia 3º ano prova ii-bim
Filosofia 3º ano prova ii-bimFilosofia 3º ano prova ii-bim
Filosofia 3º ano prova ii-bim
 
Conhecimento filosófico
Conhecimento filosóficoConhecimento filosófico
Conhecimento filosófico
 
Simulado de Filosofia - 1º ano / 2015
Simulado de Filosofia - 1º ano  / 2015 Simulado de Filosofia - 1º ano  / 2015
Simulado de Filosofia - 1º ano / 2015
 
Avaliação diagnostica filosofia
Avaliação diagnostica filosofiaAvaliação diagnostica filosofia
Avaliação diagnostica filosofia
 
Ciências 6º ano ar
Ciências 6º ano  arCiências 6º ano  ar
Ciências 6º ano ar
 
Aula 1 iniciação a antropologia filosofica - o que é o ser humano - Prof. N...
Aula 1   iniciação a antropologia filosofica - o que é o ser humano - Prof. N...Aula 1   iniciação a antropologia filosofica - o que é o ser humano - Prof. N...
Aula 1 iniciação a antropologia filosofica - o que é o ser humano - Prof. N...
 
Atividades senso cumum topico 1 e 2 sociologia
Atividades senso cumum   topico 1 e 2 sociologiaAtividades senso cumum   topico 1 e 2 sociologia
Atividades senso cumum topico 1 e 2 sociologia
 
Questoes de filosofia com descritores ensino médio (1)
Questoes de filosofia  com descritores   ensino médio (1)Questoes de filosofia  com descritores   ensino médio (1)
Questoes de filosofia com descritores ensino médio (1)
 

Semelhante a Origens da Filosofia Grega

Aula 01 - Origens da Filosofia
Aula 01 - Origens da FilosofiaAula 01 - Origens da Filosofia
Aula 01 - Origens da FilosofiaWilliam Ananias
 
REVISÃO FILOSOFIA PARA 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO.pdf
REVISÃO FILOSOFIA PARA 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO.pdfREVISÃO FILOSOFIA PARA 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO.pdf
REVISÃO FILOSOFIA PARA 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO.pdfAurelianoFerreirades2
 
Aula 01 filosofia mito, natureza e razão
Aula 01   filosofia mito, natureza e razãoAula 01   filosofia mito, natureza e razão
Aula 01 filosofia mito, natureza e razãoElizeu Nascimento Silva
 
Introdução à Filosofia - Do Mito à Razão
Introdução à Filosofia - Do Mito à RazãoIntrodução à Filosofia - Do Mito à Razão
Introdução à Filosofia - Do Mito à RazãoDiego Sampaio
 
Filosofia ENEM Aula Palestra
Filosofia ENEM Aula PalestraFilosofia ENEM Aula Palestra
Filosofia ENEM Aula PalestraItalo Colares
 
Trabalho de filosofia 25tp 25 25 25
Trabalho de filosofia 25tp 25 25 25Trabalho de filosofia 25tp 25 25 25
Trabalho de filosofia 25tp 25 25 25Alexandre Misturini
 
Filosofia para o ENEM (http://www.filosofiabis.net/
Filosofia para o ENEM (http://www.filosofiabis.net/Filosofia para o ENEM (http://www.filosofiabis.net/
Filosofia para o ENEM (http://www.filosofiabis.net/William Soph
 
Apostila filosofia
Apostila filosofiaApostila filosofia
Apostila filosofiaresolvidos
 
estudo de ciencia - Metodologia cientifica
estudo de ciencia - Metodologia cientificaestudo de ciencia - Metodologia cientifica
estudo de ciencia - Metodologia cientificaCleberDeLima2
 
Trabalho de filosofia
Trabalho de filosofiaTrabalho de filosofia
Trabalho de filosofiajussiele823
 
Apostila de Filosofia
Apostila de FilosofiaApostila de Filosofia
Apostila de FilosofiaLuci Bonini
 

Semelhante a Origens da Filosofia Grega (20)

Aula 01 - Origens da Filosofia
Aula 01 - Origens da FilosofiaAula 01 - Origens da Filosofia
Aula 01 - Origens da Filosofia
 
Filosofia
FilosofiaFilosofia
Filosofia
 
REVISÃO FILOSOFIA PARA 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO.pdf
REVISÃO FILOSOFIA PARA 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO.pdfREVISÃO FILOSOFIA PARA 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO.pdf
REVISÃO FILOSOFIA PARA 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO.pdf
 
Introdução à filosofia
Introdução à filosofiaIntrodução à filosofia
Introdução à filosofia
 
Aula 01 filosofia mito, natureza e razão
Aula 01   filosofia mito, natureza e razãoAula 01   filosofia mito, natureza e razão
Aula 01 filosofia mito, natureza e razão
 
Introdução à Filosofia - Do Mito à Razão
Introdução à Filosofia - Do Mito à RazãoIntrodução à Filosofia - Do Mito à Razão
Introdução à Filosofia - Do Mito à Razão
 
Filosofia ENEM Aula Palestra
Filosofia ENEM Aula PalestraFilosofia ENEM Aula Palestra
Filosofia ENEM Aula Palestra
 
Trabalho de filosofia 25tp 25 25 25
Trabalho de filosofia 25tp 25 25 25Trabalho de filosofia 25tp 25 25 25
Trabalho de filosofia 25tp 25 25 25
 
Filosofia para o ENEM (http://www.filosofiabis.net/
Filosofia para o ENEM (http://www.filosofiabis.net/Filosofia para o ENEM (http://www.filosofiabis.net/
Filosofia para o ENEM (http://www.filosofiabis.net/
 
Apostila filosofia
Apostila filosofiaApostila filosofia
Apostila filosofia
 
Apostila Filosofia
Apostila FilosofiaApostila Filosofia
Apostila Filosofia
 
mcientifica (1).ppt
mcientifica (1).pptmcientifica (1).ppt
mcientifica (1).ppt
 
mcientifica.ppt
mcientifica.pptmcientifica.ppt
mcientifica.ppt
 
estudo de ciencia - Metodologia cientifica
estudo de ciencia - Metodologia cientificaestudo de ciencia - Metodologia cientifica
estudo de ciencia - Metodologia cientifica
 
mcientifica.ppt
mcientifica.pptmcientifica.ppt
mcientifica.ppt
 
metodologia aula 1.ppt
metodologia aula 1.pptmetodologia aula 1.ppt
metodologia aula 1.ppt
 
Mito a Filosofia.pptx
Mito a Filosofia.pptxMito a Filosofia.pptx
Mito a Filosofia.pptx
 
O nascimento da filosofia
O nascimento da filosofiaO nascimento da filosofia
O nascimento da filosofia
 
Trabalho de filosofia
Trabalho de filosofiaTrabalho de filosofia
Trabalho de filosofia
 
Apostila de Filosofia
Apostila de FilosofiaApostila de Filosofia
Apostila de Filosofia
 

Mais de Jorge Eduardo Brandán

Mais de Jorge Eduardo Brandán (10)

Filosofia Unidade 2
Filosofia Unidade 2Filosofia Unidade 2
Filosofia Unidade 2
 
Sociologia 2
Sociologia 2Sociologia 2
Sociologia 2
 
Sociologia 1
Sociologia 1Sociologia 1
Sociologia 1
 
6 doutrina social da igreja os valores
6 doutrina social da igreja  os valores6 doutrina social da igreja  os valores
6 doutrina social da igreja os valores
 
5 doutrina social da igreja os princípios
5 doutrina social da igreja   os princípios5 doutrina social da igreja   os princípios
5 doutrina social da igreja os princípios
 
4 doutrina social da igreja pessoa humana e perfis
4 doutrina social da igreja  pessoa humana e perfis4 doutrina social da igreja  pessoa humana e perfis
4 doutrina social da igreja pessoa humana e perfis
 
3 doutrina social da igreja a pessoa humana
3 doutrina social da igreja   a pessoa humana3 doutrina social da igreja   a pessoa humana
3 doutrina social da igreja a pessoa humana
 
2 doutrina social da igreja fins da dsi
2 doutrina social da igreja fins da dsi2 doutrina social da igreja fins da dsi
2 doutrina social da igreja fins da dsi
 
1 doutrina social da igreja que é a dsi
1 doutrina social da igreja  que é a dsi1 doutrina social da igreja  que é a dsi
1 doutrina social da igreja que é a dsi
 
Doutrina social da igreja quadro
Doutrina social da igreja  quadro Doutrina social da igreja  quadro
Doutrina social da igreja quadro
 

Último

PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxDianaSheila2
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfFernandaMota99
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - DissertaçãoMaiteFerreira4
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESEduardaReis50
 

Último (20)

PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertação
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
 

Origens da Filosofia Grega

  • 1. 31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 1 FILOSOFÍA 11ª Classe Unidade 1 Introdução 1.1 Origem da Filosofia 1.2 Objecto de estudo da Filosofia 1.3 Conceito e definição da Filosofia 1.4 Objectivo do estudo da Filosofia 1.5 O método do estudo da Filosofia 1.6 O mito, primeira forma de interpretação do mundo 1.7 Relação da Filosofia com as outras ciências 1.8 Importância do estudo da Filosofia 1.9 As formas da vida grega que prepararam o nascimento da filosofia. 1.10 Divisão da Filosofia na história. 1.11 Evolução da filosofia grega: dos pré-socráticos Frases para reflectir: “ Uma vida sem busca não merece ser vivida” Sócrates. “Que é capaz de ver todo é filósofo; quem não, não”. Platão “ Creio para entender e entendo para crer” Agostinho de Hipona 1.1 As Origens da Filosofia A filosofia foi criação do génio helénico: não derivou aos gregos de outras culturas antigas. Destas culturas antigas só vieram alguns conhecimentos científicos, astronómicos e matemáticos geométricos, que os gregos souberam repensar e recrear em dimensão teórica, em quanto os orientais, os concebiam em sentido prático, ou seja eles do conhecimento prático fizeram ciência, fizeram Teoremas. Eleia: Parménides Acragas: Empédocle s Leontini: Gorgias Parménides Crotonai: Pitagóricos Parménides Atenas: Sócrates Platão Estagira: Aristóteles Abdera: Demócrito Protágoras Mileto: Tales Anaximandro Anaxímenes LeucipoSamos: Pitágoras Epicuro Éfeso: Heráclito Closomena: Anaxágoras
  • 2. 31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 2 Pois bem, por causa das suas categorias racionais, foi a filosofia que possibilitou o nascimento da ciência, em certo sentido, a gerou. E reconhecer isso significa reconhecer aos gregos o mérito de terem dado uma contribuição verdadeira mente excepcional a história da civilização. Se bem a filosofia nasceu na Grécia, temos que precisar que a filosofia não nasceu em Atenas ou nalguma outra cidade capital grega, mas sim nasceu na periferia da Grécia. É nas colónias gregas onde nasce a filosofia, só posteriormente vai chegar as grandes capitais. É em Mileto colónia grega da Ásia Menor região chamada de Jónia (zona costeira da actual Turquia) onde surgiram os primeiros filósofos no século VI a.C. (a.C. Antes de Cristo).1 1.2 Objecto de estudo da Filosofia Pode-se falar de objecto material e objecto formal de uma ciência. Objecto material: No nosso caso, o objecto material do estudo da filosofia é o UNIVERSO. Objecto formal: O Objecto formal, são as causas supremas no estudo do Universo. A filosofia estuda tudo aquilo que é; estuda o universo mediante as suas causas supremas. E a filosofia faz esse estudo usando a razão. Todas as correntes filosóficas procuram explicar o universo mediante as usas causas mais altas. Aristóteles para falar dessas causa supremas diz que a filosofia estuda as causas últimas de todas as coisas. 1.3 Conceito e definição da Filosofia Conforme a tradição, o criador do termo “filosofia” (Φιλοσοφία) foi Pitágoras, o que embora não sendo historicamente seguro, é no entanto verosímil. O termo, certamente foi cunhado por um espírito religioso, que pressuponha ser possível só aos deuses uma “sofia” (σοφία, sabedoria) ou seja a posse certa e total do verdadeiro, em quanto reservava ao homem apenas uma tendência a Sofia, uma continua aproximação do verdadeiro, um amor ao saber, nunca totalmente saciado, ou seja amor pela sabedoria. A palavra filosofia vem do grego e compõe-se de duas partes: Filo mais Sofia, Filo + Sofia, Φιλο, Filo = Amigo ou amor, e σοφία, Sofia = Sabedoria. Portanto etimologicamente a palavra Filosofia significa amor à sabedoria. Definição: Há varias definições sobre a filosofia. Podemos defini-la como: 1 ANTESERI, D; REALE, G; História da Filosofia, 1 Filosofia Pagã Antiga, São Paulo; Ed. Paulus; 3º Ed. 2007. Pág. 3-12.
  • 3. 31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 3 Filosofia é a ciência que procura descobrir as causas mais profundas das coisas. 1.4 Objectivo do estudo da Filosofia O fim da filosofia esta no puro desejo de conhecer e contemplar a verdade. Em suma a filosofia grega é desinteressado amor pela verdade. Aristóteles: “Todas as outras ciências serão mais necessárias do que a filosofia, mais nenhuma será superior”. 1.5 O método do estudo da Filosofia No que se refere ao método, a filosofia procura ser a explicação puramente racional daquela totalidade, que tem por objecto, ou seja pretende explicar racionalmente o universo. O que vale em filosofia é o argumento da razão, a motivação lógica, o logos (λογοσ). Não basta a filosofia constatar, determinados dados de facto ou reunir experiências: ela deve ir alem do facto das experiências, para encontrar a causa ou as causas apenas com a razão. Quanto ao método, a filosofia usa um método diferente daquele que é usado por outros tipos de saber. Assim, por exemplo, o conhecimento comum usa um método baseado na simples verificação, na observação; a poesia e a mitologia usam um método baseado na descrição mais ou menos imaginativo; nesse método entra a fantasia. Nas outras ciências usa-se o método baseado na experimentação. A filosofia usa o método da justificação lógica; a justificação racional. A filosofia serve-se da razão para dar uma explicação a mais exaustiva possível das coisas. Ela procura dar uma explicação completa de tudo aquilo que estuda. E no seu estudo serve-se apenas da razão, a que os gregos davam o nome de logos (λογοσ). Isto é, a filosofia usa sobretudo o método do raciocínio, que compreende a dedução e a indução. Dedução: é o método que parte das verdades gerais conhecidas para as verdades particulares desconhecidas. Ex. Todos os homens são mortais, ora, João é homem; logo: João é mortal. Ex. A matéria se corrompe, a pedra é matéria, logo: a pedra se corrompe. Indução: é o método que parte de verdades particulares conhecidas pela experiências, para verdades Gerais desconhecidas. Ex. A pedra pesa, o tronco pesa, a areia pesa, o fero pesa, o livro pesa. Conclusão: todos os corpos materiais pesam. 1.6 O mito, primeira forma de interpretação do mundo Antes de mais nada podemos definir o Mito como uma forma de interpretar, compreender o mundo.
  • 4. 31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 4 Como processo de compreensão da realidade, o Mito não é pura fantasia, mas contem verdade. Quando pensamos em verdade, é comum nos referirmos à coerência lógica, garantida pelo rigor da argumentação e pela apresentação de provas. A verdade do Mito, porém, resulta de uma intuição compreensiva da realidade, cujas raízes se fundam na emoção e na afectividade. Nesse sentido, antes de interpretar o mundo de maneira argumentativa, o mito expressa o que desejamos ou tememos, como somos atraídos pelas coisas ou como delas nos afastamos. Não se trata, porém, de qualquer intuição. Para melhor circunscrever o conceito de mito, precisamos de outro componente, o MISTÉRIO, pois ele sempre é um enigma a ser decifrado e como tal representa nosso espanto diante do mundo. O mito esta impregnado do desejo humano de afugentar a insegurança, os temores e a angústia diante do desconhecido, do perigo e da morte. Para tal, os relatos míticos se sustentam na crença, na fé em forças superiores que protegem ou ameaçam, recompensam ou castigam. 2 Actividade leitura e interpretação de texto: A continuação um texto mítico. Ícaro, personagem mítico. Segundo uma das versões do mito grego, Dédalo e seu filho Ícaro estavam presos no labirinto de Creta, como castigo por ter ajudado Teseu a encontrar o Minotauro e matá-lo. Assim relata Pierre Grimal: “Dédalo, a quem não faltavam recursos, fabricou para Ícaro e para si mesmo umas asas que colou com cera aos seus ombros e aos do filho. Em seguida, ambos levantaram voo. Antes de partir, Dédalo recomendara a Ícaro que não voasse nem muito baixo nem muito alto. Ícaro, porém, orgulhoso, não deu ouvidos aos conselhos do pai e elevou-se nos ares, aproximando- se tanto do Sol que a cera derreteu-se e o imprudente caiu no mar que, a partir desse momento, se chamou Mar Icário.” Perguntas para interpretar o texto: 1- Que personagens aparecem no texto? 2- Quem é Teseu? 3- O que é o Minotauro? 4- O que faz Dédalo? 5- O que faz Ícaro? 6- Que verdade apresenta o Mito? 7- Como podes aplicar este Mito? Ruptura entre mito e filosofia Existe uma ruptura entre mito e filosofia. Enquanto o mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona, a filosofia problematiza e, portanto, convida à discussão. No mito a inteligibilidade é dada, na filosofia ela é procurada. A filosofia rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes divinos na explicação dos fenómenos. Ainda mais: a filosofia busca a coerência interna, 2 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS; Filosofando, Introdução à Filosofia, Ed. Moderna 1993, pág.27
  • 5. 31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 5 a definição rigorosa dos conceitos; organiza-se em doutrina e surge, portanto, como pensamento abstracto. 1.7 Relação da Filosofia com as outras ciências Inicialmente filosofia e ciência eram sinónimas. Com o passar do tempo cada ciência particular passou a estudar um aspecto específico da realidade. Desta forma surge a distinção entre ciências particulares e filosofia. A filosofia distingue-se das chamadas ciências particulares, como é o caso da matemática, biologia, física, história, geografia, etc. Porque estas estudam determinados aspectos da realidade; isolam um pedaço da realidade e fazem dela o seu objecto de estudo. A filosofia estuda tudo; estuda a totalidade da realidade. As ciências particulares utilizam o método experimental, a filosofia utiliza o raciocínio. As ciências particulares utilizam instrumentos de medição e a filosofia utiliza unicamente a razão. As ciências são pragmáticas, procuram obter uma vantagem prática. A filosofia tem como finalidade única a verdade. 1.8 Importância do estudo da Filosofia (Texto para debater) Leia o relato do filósofo francês André Comte Sponville: “[...] A cena se desenrola no início do século XX, num lugarejo da França rural. Um jovem professor de filosofia passeia com um amigo e encontra um camponês, que seu amigo conhece, lhe apresenta e com o qual nosso filósofo troca algumas palavras. - O que o senhor faz? - Indaga o camponês. - Sou professor de filosofia. - Isso é profissão? -Por que não? Acha estranho? - Um pouco! - Por quê? - Um filósofo é uma pessoa que não liga para nada ... Não sabia que se aprendia isso na escola. Na continuidade do texto, Sponville assim comenta o diálogo: O que é um filósofo? É alguém que pratica a filosofia, em outras palavras, que se serve da razão para tentar pensar o mundo e sua própria vida, a fim de se aproximar da sabedoria ou da felicidade. E isso se aprende na escola? Tem de ser aprendido, já que ninguém nasce filósofo e já que a filosofia é, antes de mais nada, um trabalho. Tanto melhor, se ele começar na escola. O importante é começar, e não parar mais. Nunca é cedo demais nem tarde demais para filosofar, dizia Epicuro [...]. Digamos que só é tarde demais quando já não é possível pensar de modo algum”. - Que importância tem para ti o estudo da Filosofia? - Pensas que a Filosofia é útil ou necessária?
  • 6. 31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 6 PARA REFLETIR Sempre há os que ignoram os filósofos. Mas não é o caso dos ditadores: estes os fazem calar, pela censura, porque bem sabem quanto eles ameaçam seu poder. 1.9 As formas da vida grega que prepararam o nascimento da filosofia. A filosofia surgiu na Grécia porque justamente na Grécia formou-se uma temperatura espiritual particular e um clima cultural e político favoráveis. As fontes das quais derivou a filosofia helénica foram 1. A poesia 2. A religião 3. As condições sociopolíticas adequadas 1.9.1 A Poesia. (Homero, Os Líricos, Hesiodo) A poesia antecipou o gosto pela harmonia, pela proporção e pela justa medida (Homero, os Líricos) e um modo particular de fornecer explicações remontando as causas através da pesquisa da razão. 1.9.2 A Religião (A religião Órfica) A religião grega tende a alcançar certos objectivos que a filosofia procura atingir com os conceitos e com a razão. A religião grega não tem dogmas fixos nem textos sagrados que precise de guardiães (sacerdotes) que interpretem a verdade. Por tal motivo o pensamento filosófico gozou de ampla liberdade de expressão. 1.9.3 As condições sociopolíticas. Os gregos alcançaram certo bem-estar e notável liberdade política, a começar das colónias do Oriente e do Ocidente. Nos séculos VII e VI a.C. a Grécia sofreu uma transformação socioeconómica considerável. Deixou de ser país predominantemente agrícola, desenvolvendo de forma sempre crescente o artesanato e o comércio. Assim, tornou-se necessário fundar centros de distribuição comercial, que surgiram inicialmente nas colónias Jónicas (Actual zona costeira da Turquia) particularmente em Mileto. Depois na península Itálica. A filosofia nasce primeiro nas colónias e não em Atenas ou outras cidades da mãe pátria. Justamente porque as colónias gozaram mais rapidamente do bem-estar económico e a distancia das capitais lhes possibilitou criar instituições librés. A Democracia jogou um papel importantíssimo na liberdade de expressão e de pensamento.
  • 7. 31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 7 1.10 Divisão da Filosofia na história. 3 De entre tantos critérios para dividir a filosofia, podemos dizer que desde a sua origem podemos dividir a filosofia em:  Filosofia Antiga. S. VI a.C. até 529 d.C. o Período Naturalistas (Pré-Socráticos)  Escola Jónica.  Escola Itálica.  Escola Eleática.  Escola Atomista o Período humanista (Socráticos) (Período clássico) o Período das Grandes sínteses o Período Helenista (Pos- Socráticos) o Período Religioso (Filosofia Romana)  Filosofia Medieval. 529d.C. até S. XIV d.C.  Filosofia Moderna. S. V d.C. até S XVIII d.C.  Filosofia Contemporânea. S. XIX d.C. até nossos dias. PARA SABER MAIS Periodização da história da Grécia Antiga Civilização micênica (sécs. XX a XII a.C.). Desenvolveu-se desde o início do segundo milénio a.C. Tem esse nome pela importância da cidade de Micenas, de onde, por volta de 1250 a.C., partiram Agamêmnon, Aquiles e Ulisses para sitiar e conquistar Tróia. Tempos homéricos (sécs. XII a VIII a.C.). Na transição de um mundo essencialmente rural, os senhores enriquecidos formaram a aristocracia proprietária de terras, que fez recrudescer o sistema esclavagista. Nesse período teria vivido Homero (séc. IX ou VIII a.C.). Período arcaico (sécs. VIII a VI a.C.). Com a formação das cidades-estados (polis), ocorreram grandes alterações sociais e políticas, bem como o desenvolvimento do comércio e a expansão da colonização grega. No início desse período teria vivido Hesíodo. No final do século VII e durante o século VI a.C. surgiram os primeiros filósofos. Período clássico (sécs. V e IV a.C.). Auge da civilização grega; na política, o apogeu da democracia ateniense; desenvolvimento das artes, literatura e filosofia; época em que viveram os sofistas e os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles. Período helenístico (sécs. III e II a.C.). Decadência política, domínio macedónico e conquista da Grécia pelos romanos; culturalmente, significativa influência das civilizações orientais; florescimento das filosofias estóico e epicurista. 1.11 Evolução da filosofia grega: Os pré-socráticos A grande aventura intelectual dos gregos não começou propriamente na Grécia continental, mas nas colónias da Jónia (actual zona costeira da Turquia) e da Magna Grécia (Sul da península Itálica), onde florescia o comércio. Os primeiros filósofos viveram por volta dos séculos VII e VI 3 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS; Filosofando, Introdução à Filosofia, Ed. Moderna, São Paulo, 1993, pág.452
  • 8. 31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 8 a.C. e, mais tarde, foram classificados como pré-socráticos, quando a divisão da filosofia grega centralizou-se na figura de Sócrates. Os escritos dos filósofos pré-socráticos desapareceram com o tempo, e só nos restam alguns fragmentos ou referências de filósofos posteriores. Sabemos que geralmente escreviam em prosa, abandonando a forma poética característica das epopeias, dos relatos míticos. Os primeiros filósofos ocupavam-se com questões cosmológicas, iniciando a separação entre a filosofia e o pensamento mítico. Os primeiros pensadores centraram a atenção na natureza e elaboraram diversas concepções de cosmologia. Enquanto no período mítico a cosmogonia relata o princípio como origem no tempo (o nascimento dos deuses), as cosmologias dos pré-socráticos procuram a racionalidade constitutiva do Universo. Todos eles procuram explicar como, diante da mudança (do devir), podemos encontrar a estabilidade; como, diante do múltiplo, descobrimos o uno. Ao perguntarem como seria possível emergir o cosmo do caos - ou seja, como da confusão inicial surge o mundo ordenado -, os pré-socráticos buscam o princípio (em grego, a arkhe, Αρκέ) de todas as coisas, entendido não como aquilo que antecede no tempo, mas como fundamento do ser. Buscar a arkhé é explicar qual é o elemento constitutivo de todas as coisas. As respostas dos filósofos à questão do fundamento das coisas, da unidade que pode explicar a multiplicidade, são as mais variadas. Vejamos algumas delas: Tales de Mileto (fim do S. VII a.C. primeira metade do S. VI a.C.) É o primeiro filósofo que conhecemos e é o criador do problema concernente ao princípio, ou seja, a origem de todas as coisas. O princípio é a fonte e a origem de todas as coisas, é o termo último de todas as coisas, é o sustentáculo permanente de todas as coisas. Tales identificou o princípio com a Água, pois constatou que o elemento líquido está presente em todo lugar em que há vida, e onde não existe água não existe vida. Esta realidade originária foi denominada pelos primeiros filósofos da Physis (ψίσισ), ou seja, da natureza, é por isto que todos os primeiros filósofos que desenvolveram esta problemática iniciada por Tales são conhecidos por filósofos da Natureza. Mas não se deve acreditar que a água de Tales seja o elemento físico-químico que hoje bebemos. A água de Tales deve ser pensada de modo totalizante, ou seja, como a physis liquida originária da qual tudo deriva e da qual a água que bebemos é apenas uma de suas manifestações. Com efeito, a água coincidia com o divino. Desse modo, introduz-se um novo conceito de Deus.
  • 9. 31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 9 Heraclito de Efeso S. VI-V a.C. (Tudo flúi.) Herda dos milésios o conceito de dinamismo universal, mas o aprofunda de modo conspícuo. “Tudo flúi” (panta rhei, παντα ρει), é a proposição emblemática de Heraclito, e indica o facto de que o devir é uma característica estrutural de toda a realidade. Para Heraclito tudo flúi e tudo o que é fixo, é ilusão. Todas as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós em dado momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois. Em dois de seus mais famosos fragmentos podemos ler: “Não se pode descer duas vezes no mesmo rio e não podemos tocar duas vezes uma substancia mortal no mesmo estado, pois, por causa da impetuosidade e da velocidade da mudança, ela se dispersa e se reúne (…) Nos descemos e não descemos pelo mesmo rio, nos próprios somos e não somos”. Não se trata de um devir caótico, mas de uma passagem dinâmica ordenada de um contrário ao outro: É uma guerra de opostos. Para Heraclito, o ser é o múltiplo, não apenas no sentido de que há uma multiplicidade de coisas, mas por estar constituído de oposições internas. O princípio para Heraclito se identifica com o fogo, que é prefeita expressão do movimento perene. O fogo vive da morte do combustível. Parménides S. VI-V a.C. (O SER é imóvel.) Fundador da escola eleática. Parte de uma verdade absoluta, “O ser existe e não pode não existir, o não ser não existe”, é impossível pensar o não ser. Criticou a filosofia heraclitiana: ao "tudo flúi" de Heraclito, contrapôs a imobilidade do ser. Para Parménides, é absurdo e impensável afirmar que uma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempo. À contradição opõe o princípio segundo o qual "o ser é" e o "não ser não é". O princípio para Parménides é o SER. Parménides, a partir do princípio estabelecido, conclui que o ser não pode ser gerado, é incorruptível, não tem passado nem futuro, e por isso existe num eterno presente, é imóvel, é homogéneo, é perfeito, é limitado, é uno. Portanto, aquilo que os sentidos atestam como em devir e múltiplo é falso. Entretanto, não há como negar a existência do movimento no mundo, pois as coisas nascem e morrem, mudam de lugar e se expõem em infinita multiplicidade. Segundo Parménides, porém, o movimento existe apenas no mundo sensível, e a percepção pelos sentidos é ilusória, porque baseada na opinião (dóxa, em grego, δοχα), e, por isso mesmo, não é confiável. Só o mundo inteligível é verdadeiro. - Que diferenças encontras entre o pensamento de Heraclito e Parménides?
  • 10. 31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 10 Os Naturalistas. Escolas Filosóficas Filósofos Qual é o Princípio de todas as coisas Como derivam do princípio as coisas Filósofos Jónicos (colónias da zona costeira da actual Turquia) Monistas Há um princípio que se encontra ou se deduz da natureza TALES de Mileto (640- c.548 a.C.), astrónomo, matemático e primeiro filósofo, A arkhé (Princípio de todo) é a água; Anaximandro de Mileto (610-547 a.C.), O fundamento dos seres é urna matéria indeterminada, ilimitada (ápeiron, em grego), que daria origem a todos os seres materiais. Por separação dos contrários por uma espécie de injustiça Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.), O ar é o princípio, e pela rarefacção e condensação faz nascer e transformar todas as coisas. Por condensação e rarefacção do ar Heraclito de Éfeso (sécs. VI-V a.C.) Para Heraclito tudo flúi e tudo o que é fixo é ilusão: "não nos banhamos duas vezes no mesmo rio". O princípio é o Fogo Por oposição nos particulares, segundo harmonia no todo. De acordo com PITÁGORAS de Samos (Jónia) (séc. VI a.C.), filósofo e matemático, O número é a essência de tudo; todo o cosmo é harmonia, porque é ordenado pelos números. Tudo deriva dos números por relação harmónica matemática Xenófones da Eleia A terra Escola Eleata (colónias ao sul da Itália) Parménides da Eleia (c.544-450 a.C.) O SER real é imóvel, imutável e o movimento é uma ilusão. Não existe nenhum princípio. O ser é. Pluralistas O princípio é composto por muitas coisas. EMPEDOCLES de Agrigento (483-430 a.C.) Os quatro elementos, terra, água, ar e fogo Por efeito do amor e do ódio ANAXÁGORAS de Clozômena (499-428 a.C.), nascido em Clazômena, mudou-se para Atenas, onde foi mestre de Péricles. Sustentava que as "sementes" de todas as coisas foram ordenadas por um princípio inteligente, uma Inteligência cósmica (Nous, em grego). Por efeito do movimento impresso pelo Nous Os filósofos LEUCIPO de Abdera (séc. V a.C.) e DEMÓCRITO de Abdera (c.460-c.370 a.C.) São atomistas, por considerarem o elemento primordial constituído por átomos, partículas indivisíveis. Como para eles também a alma era formada por átomos, estamos diante de uma concepção materialista e determinista. Por efeito do movimento do qual os átomos estão naturalmente dotados. Fonte: ANTESERI, D; REALE, G; História da Filosofia, 1 Filosofia Pagã Antiga, São Paulo; Ed. Paulus; 3ª Ed., 2007, pág. 48. Bibliografia:  ANTESERI, D; REALE, G; História da Filosofia, 1 Filosofia Pagã Antiga; Ed. Paulus; 3ª Ed. ; São Paulo 2007.  ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS; Filosofando, Introdução à Filosofia, Ed. Moderna, São Paulo 1993.  LAU, Rafael Lando, O rosto da Filosofia, Introdução à Filosofia 11ª Classe, Ed. Texto Editores, Luanda 2010.
  • 11. 31-1-2014- Elaborado pelos professores: Jorge Eduardo Brandán e Osvaldo Pasílio Inácio Adriano – Huambo - 11 Índice Unidade 1 Introdução...........................................................................................................................1 1.1 As Origens da Filosofia..............................................................................................................1 1.2 Objecto de estudo da Filosofia ...................................................................................................2 1.3 Conceito e definição da Filosofia...............................................................................................2 1.4 Objectivo do estudo da Filosofia................................................................................................3 1.5 O método do estudo da Filosofia................................................................................................3 1.6 O mito, primeira forma de interpretação do mundo...................................................................3 1.7 Relação da Filosofia com as outras ciências ..............................................................................5 1.8 Importância do estudo da Filosofia ............................................................................................5 1.9 As formas da vida grega que prepararam o nascimento da filosofia. ........................................6 1.9.1 A Poesia. (Homero, Os Líricos, Hesiodo)...........................................................................6 1.9.2 A Religião (A religião Órfica).............................................................................................6 1.9.3 As condições sociopolíticas. ...............................................................................................6 1.10 Divisão da Filosofia na história. ..............................................................................................7 1.11 Evolução da filosofia grega: Os pré-socráticos........................................................................7 Tales de Mileto (fim do S. VII a.C. primeira metade do S. VI a.C.) ...........................................8 Heraclito de Éfeso S. VI-V a.C. ...................................................................................................9 Parménides S. VI-V a.C. ..............................................................................................................9 Bibliografia: ...................................................................................................................................10