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1
Maurizio Frasca
Saia
do seu
lugar!Reflexões sobre a Igreja em células do século XXII
2
3
Introdução
Tenho sentido a necessidade de criar um instrumento de
analise que pudesse ser usado tanto nas igrejas nos
treinamentos quanto nas células como ponto de debate
da visão de Jesus para os seus discípulos.
Resolvi escrever esse livro por indicação do Espírito
Santo que por duas vezes veio me sugerir que era o
momento de fazê-lo. Portanto pode ser que algumas
áreas não sejam tão exploradas como alguém gostaria,
ou que não sejam esclarecedoras como se esperava, mas
garanto que seu conteúdo é o mais honesto e singelo
para a igreja de Cristo deste novo século.
Estamos próximos ao termino de mais um ano, faltam 3
meses à mais uma virada em que promessas e objetivos
são traçados, mas algo não encaixa para mim.
Um certo incomodo tem tomado o meu coração quando
o assunto é Igreja, quando a pergunta que não quer calar
é “estamos fazendo o IDE que Jesus pediu? ”.(1-2)
Tenho lido livros, estudado comportamentos de várias
igrejas, refiro-me aos membros e aos pastores, mas não
encontro uma genuína atuação do que Jesus pediu.
Coloco-me na frente daqueles que estão parados se
perguntando como fazer isso ou aonde fazer isso, mas
Jesus não questionou sobre este ponto e talvez nós
4
estejamos tão preocupados nos detalhes que perdemos
de vista o foco de tudo isso.
Lendo esse livro os convido a “sair do seu lugar”, a
enxergar de forma diferente o conceito de “ser igreja”
hoje e, sobretudo, os convido a se mexer, a não ficar
parados enquanto esperam o Senhor Jesus voltar, os
convido a sacudir seus espíritos, seus intelectos, suas
almas e os convido a buscar respostas na Palavra de
Deus.
Discipulado para mim é a chave, é o que Jesus fez e
ensinou ao longo de 3 anos com seus 12 discípulos.
Enquanto orava, curava, repreendia, se humilhava,
amava, chorava, ensinava, Jesus vinha discipulando-os
dia após dia, incansavelmente.
Quando Ele pediu para ensinar a todos “a obedecer a
tudo o que tenho ordenado a vocês” foi bastante claro.
(1)
Mas então, porque a dificuldade em seguir o que Ele
pediu? Qual o freio que impede a essa geração de
cristãos do século vinte de ir para frente?
Quanto, a formação católica perpetuada ao longo dos
anos e dos séculos, tem afetado as gerações atuais com
seus dogmas e culturas fora do evangelho?
Porque enquanto o IDE nos remete a um movimento
para a frente em todas as direções (e serei minhas
testemunhas.... até os confins da terra) (3) parece que a
inteira população cristã grita “VENHA”, oferecendo
atrações, eventos, cursos temáticos ou bíblicos, como se
5
o atrativo das igrejas sejam essas coisas e não a palavra
de Deus.
A imagem da igreja católica, (cujas construções de
imponentes estruturas em mármore e vitrais,
caracterizaram a importância e a solenidade cristã dela e
a elevou a nível mundial por muitos séculos como
símbolo da única detentora dos direitos sagrados e
indiscutíveis das verdades cristãs reveladas ou pelo
menos assim pensávamos), contagiou a igreja
evangélica.
As igrejas evangélicas vivem uma fase de verdade
revelada por Cristo, mas ao mesmo tempo decidiram
que precisam de uma estrutura física (a semelhança das
outras religiões) para guardar o rebanho ganho, como se
o prédio mesmo fosse um curral das almas, como se isso
conferisse valor no dia do juízo final e valesse como
pontuação especial para os pastores (detentores dessa
responsabilidade).
Será que Jesus naquele dia queria dizer isso? Ele falou de
ser testemunhas, não de juntar as ovelhas em um lugar
só para protegê-las do mundo afora. Se Ele quisesse isso
não teria dito ao Pai “ Não peço que os tires do mundo,
mas que os guardes do Maligno ”. (4) Ele falou de ir até
os confins da terra, não disse -fiquem parados em um
lugar só e criem uma ilha feliz-, ou Ele estava sugerindo?
Pretendo aqui abordar alguns assuntos delicados do
discipulado, aplicados nas várias áreas em que hoje a
igreja evangélica atua.
6
Nesse livro vamos conversar sobre isso e sobre muito
mais. Peço que se armem de paciência, pois meu
português as vezes sofre invasões italianas ao longo da
conversa.
Peço também paciência pois alguns aspectos do meu
ponto de vista sobre a igreja moderna podem ofender
sua visão, se isso acontecer veja na Bíblia e ore ao Senhor
Jesus se é isso mesmo que Ele queria dizer, eu farei o
mesmo.
Peço enfim compreensão pois escolhi não colocar minha
biografia neste livro, sinto-me simplesmente um
discípulo de Jesus que reflete sobre a Igreja em células
do século XI, nada mais, nada menos. Veja meus relatos
como os de um irmão em Cristo. Se algum proveito tirar
disso seja dada Glória a Deus.
Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus
tinha. Filipenses 2:5 NTLH
7
Agradecimentos
Acima de tudo quero agradecer a presença do Espírito
Santo em minha vida, selo eterno do meu único Senhor,
e Salvador Jesus Cristo, quero agradecer a Deus pai
amoroso que tem cuidado de mim e da minha família
como ninguém jamais fez e que me escolheu no ventre
da minha mãe.
Dedico esse trabalho a todos aqueles que o Senhor
colocou no meu caminho cristão desde o primeiro dia
que o encontrei, cada irmão, cada pastor, cada amigo que
incansavelmente tem pregado e derramado a palavra de
Deus na minha vida.
Colocarei os agradecimentos em ordem cronológica,
desde a minha conversão a Cristo até os dias em que
escrevi o presente livro. Os irmãos que marcaram minha
vida são muitos e aqui colocarei somente os principais,
mas todos sem dúvida influíram na minha formação
cristã diariamente até com um simples sorriso ou abraço.
A todos eles o meu “muito obrigado”
Agradeço a Cleiton por cada instante do seu
discipulado, por colher as minhas lágrimas quando
precisava sair da depressão e enxergar a beleza do
caminho em Cristo.
8
Agradeço a Pablo e Fernanda por ter sido meus líderes
incansáveis de célula e ter ministrado na minha vida
cada dia e cada semana.
Agradeço ao pastor Afonso da igreja Maranata de São
Luís do Maranhão, por ter sido esse pastor fiel ao Senhor
e discipulador excelente além de cuidador amoroso e
paciente que acreditou em mim mais do que eu mesmo.
Agradeço ao pastor Rafael, supervisor do meu líder de
célula que incansavelmente me ensinou a importância
do discipulado e exemplo para mim de cuidado especial
com a igreja e com as pessoas que não conhecem a Jesus.
Agradeço a minha fiel esposa Márcia que sempre ao meu
lado dia após dia tem sido uma companheira firme na
palavra, permanecendo este exemplo de adoradora e
serva fiel do Senhor Jesus.
Agradeço ao pr. Alexandre pela inspiração e ajuda
constante em divulgar a palavra de Deus e a todos os
membros da igreja Menonitas de Curitiba no Paraná
pelo constante apoio.
Agradeço ao pr. Ednilson por ter me ensinado a alegria
que existe em servir ao Senhor Jesus e a carregar de
forma leve o fardo do chamado pastoral.
Agradeço todos os pastores que marcaram e continuam
marcando nossas vidas.
9
Sumário
Capitulo 1. Sobre a igreja. 11
Capítulo 2. Sobre a liderança 27
Capítulo 3. Sobre o pastoreio 39
Capítulo 4. Sobre a supervisão 53
Capítulo 5. Sobre as missões 63
Capítulo 6. Sobre o louvor 69
Capítulo 7. Sobre o discipulado 77
Conclusões 87
Bibliografia/ Créditos 89
Referências bíblicas 91
10
11
Capítulo 1. Sobre a igreja.
Como nasci em um lar católico, sempre achei que igreja
era o local onde assistíamos as pregações,
confessávamos os pecados ao padre, fazíamos os
casamentos, os funerais, a comunhão e a crisma. Sempre
achei que o batismo nas águas era necessário para dar o
nome a uma criança e que os padres eram os mais
próximos à vontade de Deus.
Também gostava das igrejas em Roma, monumentais,
imponentes, parecia que Jesus morasse nelas de vez em
quando.
Quando aceitei Jesus Cristo na minha vida e declarei que
iria ser o meu Senhor e Salvador, foi fácil entender que a
partir daquele momento eu iria servi-lo de todas as
formas e sempre que houvesse necessidade. O conceito
de servo quando alguém aceita Jesus é totalmente
diferente do conceito de escravo que o mundo ensina.
Ser servo de Cristo significa carregar um fardo leve e
fazer a vontade dEle, pois isso é o plano de Deus para
nós. Também foi claro que eu tinha que servir aos irmãos
e irmãs em Cristo e obedecer ao meu pastor. Como foi
claro que assim como eu fui discipulado, a minha vez eu
tinha que discipular alguém. Pois só damos o que
recebemos. Eu recebi, portanto, precisava dar.
12
Nesse momento a igreja passou a ser um conceito novo
na minha vida, eu era a igreja. Eu era a noiva. Eu que
precisava ir ao encontro das pessoas e não o contrário.
Eu que precisava ser o sal que sai do saleiro e têmpera os
outros.
A igreja não era mais o prédio bonito e imponente
símbolo da vida cristã, eu era este símbolo. Um dia ouvi
dizer que “precisamos pregar o evangelho para cada
pessoa e em cada lugar e que se fosse preciso,
falássemos”, entendem? Nossa vida é a pregação que o
mundo precisa ouvir, nós somos o livro que precisa ser
lido, nós somos o braço que se estende ao próximo e cura
e liberta os oprimidos.
Ou alguém achou que isso só pertencia a Jesus? Nós
como igreja é que hoje temos esse poder e essa
autoridade. (5) Jesus deu isso através do Espírito Santo,
lembra quando disse que o mandaria para convencer o
mundo? (6)
Que conceito mais lindo de igreja, quer dizer que nós
somos igreja e não um pedaço de gesso ou uma estrutura
de concreto, vidros e metal.
Se nós somos igreja então porque continuamos nos
escondendo por trás de uma estrutura sem graça nem
amor como as igrejas de hoje?
Veja bem que escrevi, “estruturas sem graça nem amor”,
não estou falando que as pessoas que congregam ou se
encontram nelas são sem graça e sem amor, longe de
mim um pensamento desses. Muito pelo contrário as
13
igrejas de hoje são repletas de ações humanas e
solidárias, exemplo do amor de Deus.
Talvez esse seja o ponto inicial da nossa conversa, as
pessoas, com seus anseios, suas certezas e fraquezas,
suas necessidades, mas também seu amor para dar.
Muitas igrejas têm negligenciado as pessoas que são
templo do Espírito Santo, para focar no volume geral,
olhando para o todo ao invés de olhar para cada um dos
membros. E também seria tarefa não fácil para qualquer
um, humanamente falando, cuidar de tantas pessoas.
Algumas outras igrejas infelizmente têm focado no bolso
dos membros, pouco se importando com as reais
necessidades deles, ao invés se preocupar das almas
entregues aos seus cuidados. Sobre este último
argumento falaremos mais à frente.
O conceito do discipulado mais uma vez vem ao nosso
encontro para nos ajudar a entender como podemos
cuidar de todos os membros da igreja de Cristo.
Discipular é cuidar, se importar do outro, exortar o
próximo a não se desviar do caminho principal, é acima
de tudo prestar conta. Porque? Porque é na prestação de
conta que sabemos se estamos ainda na direção certa,
lembra “o meu alvo é Cristo” de Paulo? (7). Pois é, será
que sozinhos conseguimos manter o foco nesse mundo
sempre mais acelerado? Desde os tempos de Salomão
em Eclesiastes e antes disso com Moisés e Arão, com
Josué como aprendiz (aprendiz = outra forma de
expressar alguém que está sendo discipulado) e mais
14
antes ainda no começo do mundo, Deus tem se
preocupado com o fato que o homem não andasse só. (8)
Deus sempre soube que o ser humano precisa de
comunhão, de compartilhar o que sente, de dar e receber
de alguém, precisa que exista uma troca.
No discipulado um a um vemos isso. Discipulado não
somente entre irmãos da igreja, mas também com os
Oikos, com os nossos colegas de trabalho, com os
vizinhos, entre líder de célula e seus membros ou seus
auxiliares em treinamento. Troca de experiência, ensino
e exortação são vistos de bons olhos em muitas igrejas
evangélicas que decidiram seguir o envio que Jesus deu
nos evangelhos: Discipular, ensinar uns aos outros.
Pena que muitas outras igrejas ainda seguem o modelo
católico, focam em um único sermão dominical, sem
muita ênfase na atividade social, menos ainda no
treinamentos e desenvolvimento dos seus membros. Isso
tem gerado um atraso enorme na igreja de Cristo.
Os membros que não são ligados através de um
discipulado, acabam esfriando, como uma brasa fora do
braseiro, e não tendo alguém que se importe com eles,
perdem completamente o interesse nas coisas de Deus.
O amor pregado no púlpito permanece lá, não sai da
bíblia, menos ainda da igreja ou dos membros que ficam
só se preocupando com os “seus”, desinteressados em
ajudar desconhecidos. Que coisa né? Como se a pregação
ou a ajuda ou o acompanhamento seja devido somente
aos poucos íntimos e não a todos.
15
Temos muitas igrejas cuja programação semanal é muito
intensa, mas cuja dedicação às pessoas é infelizmente
ausente. Quando nos aproximamos à igreja, sempre
somos levados a estudar, fazer cursos, seminários, etc.
Tudo se torna necessário para engessar você e a sua
visão de Cristo. Isso é cristianismo? Jesus pediu para
fazer isso ou nós decidimos?
As pessoas são muito acolhedoras dentro do prédio
chamado igreja, mas muito distantes fora dele. Tem
irmãos que cumprimentam os outros com frases de
efeito “ a Paz do Senhor” ou “que bom ver você aqui (na
igreja) ” ou “sentimos sua falta domingo passado”, etc.,
mas se encontram os mesmos irmãos na rua durante a
semana, mal dão um “bom dia” ou “boa tarde” quando
não fazem de conta que não o conhecem. Triste isso,
muito triste.
Mas a pergunta que não quer calar é: “Deus se
importa?”. Deus se importa se o louvor foi bom, se deu
a oferta ou não, se está cantando ou não? Deus quer que
levemos as pessoas ao Ele. Precisamos pensar como
levar a presença de Deus fora da igreja.
Quem se importa com as pessoas que vivem ao nosso
redor (vizinhança, parentes, colegas de trabalho ou de
escola, etc.)? Estamos tão preocupados com a
multiplicação das células; mas qual é o motivo real da
multiplicação? Aumentar o número de membros da
igreja?
Será que se importar com o próximo é tão difícil? Será
que demonstrar amor para com os outros nos tira um
16
pedaço? Será que doar algo, seja tempo, seja dinheiro,
seja uma roupa ou uma comida ou simplesmente um
mimo, reduz nossa existência? Será que doar sem
esperar nada em troca, é uma desvantagem? Será que
Jesus estava tão preocupado com estes problemas
quando abraçava um leproso ou levantava uma criança,
ou sentava com os cobradores de impostos ou
conversava com uma prostituta? Acho que não. Então
porque nós, que fomos aproximados a Deus pelo
sacrifício de Jesus na cruz estamos colocando tantos
obstáculos para atender a um pedido dEle?
Já pensou se Jesus criasse obstáculos quando a pedir
somos nós? Que seria de nós sem Ele?
Hoje percebo que a igreja moderna tem se afastado de
forma consistente e quase mecânica dos mandamentos
que o Senhor Jesus deu no evangelho de Mateus. “Ame a
Deus”, (9) pareceu até fácil, já “com todo o coração, toda a
alma, toda a mente” requer um sacrifício maior para a
maioria das pessoas, requer uma entrega total e nem
sempre estamos dispostos a abrir mão do controle das
nossas vidas para entregá-lo a um Deus todo poderoso.
Ao final “quem sabe o que preciso sou eu!”, ou algo
parecido ecoa na nossa mente quando pensamos em
depender totalmente dEle como uma criança faz com os
seus pais, não é mesmo? Imagine agora a dificuldade em
aplicar “ame aos outros como a você mesmo” na própria
vida... Como assim? Eu amar o outro como amo (e cuido
e dou alimento e visto e limpo e divirto e quantas mais
coisas faço) a mim mesmo? Quase impossível, por
17
muitos pelo menos este é o sentimento que impera
nessas horas...
Vejo nisso algo que chamarei de “fariseunismo” (peço
licença por forjar essa palavra) da igreja moderna.
Estamos voltando todos, indistintamente, quem mais
quem menos, a uma engessada postura parecida com a
dos fariseus da época de Jesus. Estamos decorando
sempre mais as letras e os versículos imponentes da
bíblia, sob forma de vídeos ou fotos que lançamos no
WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat,
LinkedIn, e o mais novo Tik-Tok, só para elencar os mais
famosos, mas sempre com um cunho mais figurativo,
como posso dizer, de “fachada”, para mostrar aos outros
o que pensamos. Sem falar da quantidade estrondosa de
“gurus” de todas as idades que querem competir com os
verdadeiros pastores e mestres de igreja, dando aulas
teológicas no Youtube, dando literalmente “pitaco”
sobre as escrituras sem ter feito algum estudo teológico,
sem nunca ter pregado de verdade ou pior nunca ter
orado e pedido a Deus se este era o Seu Plano para elas.
Precisamos viver o que fazemos ou expressamos na
internet ou seremos simplesmente vasos vazios, ocos,
lindos talvez por fora, mas manchados por dentro pelo
orgulho e a vaidade.
Lembram dos filhos do Ceva? Tentaram se passar por
homens de Deus, mas o que conseguiram não foi bem o
que esperavam. (10). Por isso quero alertá-los, a Palavra
de Deus precisa ser respeitada. (11)
18
Estamos criando uma geração de filhos que aprendem
com os pais que mandar uma foto com escrito, ”bom dia,
Jesus te ama” é a nossa obrigação cotidiana com o
evangelho e com o Senhor Jesus. Filhos, estes, que
estamos criando isolando-os do mundo real, aquele
mundo cheio da obra do maligno, cuja terra pertence
(pois tudo isto me foi dado), por tê-la recebida lá no
Éden. (12) Filhos, os nossos, que não estamos
discipulando pessoalmente, mas deixamos que a
sociedade os discipule ao ritmo maçante das redes
sociais, que a escolinha dominical faça o milagre, ou o
louvor desperte a sua consciência cristã. A triste notícia
é que a sociedade atua 24hs sem parar enquanto nós
frequentamos a igreja ou dedicamos tempo à Palavra de
Deus algumas horas por semana, é uma batalha perdida
desde o começo, pense bem.
Não está demais? Acredita mesmo que os outros devem
cuidar do que é seu? Sendo assim, fica impossível cuidar
dos que não fazem parte da sua família e que não tem o
seu mesmo sangue, concorda? Não cuida dos seus e quer
ensinar a cuidar dos outros. Quanto menos surreal.
Já parou para pensar que reverter isso é possível?
Comece a cuidar dos seus, pregue a Palavra dentro da
sua casa, faça um culto doméstico ou crie momentos de
oração, sobretudo com os seus filhos, ensinando-os a
depender de Deus e não de você. Ensinando que Deus é
bom e os ama. Protegendo-os do mundo afora com os
seus valores corruptos onde a autoridade dos pais é
desrespeitada e o casamento é um teste que pode ou não
dar certo, independentemente se afeta filhos e familiares.
19
Gere vida na sua casa, gere amor ao próximo, ensine o
amor de Deus acima de todas as coisas. Crie seus filhos
no respeito ao Senhor. Ensine-os a se defender dos
valores errados para que também eles saibam separar “o
joio do trigo”. Também educá-los no uso da internet,
acervo de coisas boas e úteis e infelizmente de coisas más
e danosas que alimentam a mente dos seus filhos
ininterruptamente. Saber quando usar, como usar e
como se defender são ótimas formas de cuidado. Eles
saberão o que fazer quando você não está presente.
Façam o certo, pais e educadores, não meçam esforços
quando o assunto é a educação virtual dos seus filhos.
O fariseunismo infelizmente vem tomando conta das
nossas atitudes, fazemos o mínimo indispensável,
achando que é muito, mostrando aos outros o que temos
feito, como se isso contasse lá na frente, quando
estaremos sendo julgados por Deus. Como se Deus se
importasse com isso.
Vemos exemplos cotidianos de novos fariseus
“achando” que estão sendo exemplo para os outros,
quando na verdade estão afastando as pessoas de Deus,
com o próprio comportamento.
Vemos pastores sobrecarregados de todas as
responsabilidades que os membros da igreja não querem
assumir; alguns destes pastores por falta de cuidado e de
alguém que os discipule dando algo a eles ao invés de
somente receber, tem tirado suas próprias vidas.
Vemos pastores sozinhos, lá em cima do púlpito,
20
buscando distribuir as cargas e as responsabilidades
dentro da membresia da igreja, sem sucesso.
Vemos pastores tentando criar “atividades” para chamar
as pessoas para dentro da igreja e esquecendo o
principal, o cuidado ao próximo.
Vemos também irmãos e irmãs, usando as igrejas como
“fast-food” espiritual, entrando no domingo à noite com
um “canudo” para sugar o que há de interessante na
pregação, batendo o ponto na saída e achando garantida
a sua dose semanal de cristianismo.
“Amar ao próximo como a ti mesmo” nunca fez tanto
sentido como nos dias de hoje, onde a vida tem perdido
seu verdadeiro valor e onde as famílias estão sendo
estraçalhadas pelas culturas “alternativas” tanto do
físico, como do sexo, como da mente.
Fazer discípulos na igreja moderna não é mais somente
uma obrigação, a execução de uma ordem dada por
Jesus, é uma necessidade de vida ou de morte para que
nossas igrejas sejam faróis de luz, amor, respeito ao
próximo, sejam fogo educador dos princípios cristãos.
Discipular alguém além de doar e dar cuidado, nos
permite receber amor de volta, permite crescer junto a
alguém que não necessariamente precisa ser irmão de
sangue, mas que se torna tão importante quanto, se não
mais.
Ser discipulado nos permite escolher alguém que cuide
de nós de verdade e ao qual damos permissão para
mexer na nossa vida, para permanecer fiéis ao nosso
21
chamado, ao estilo de vida que escolhemos quando
encontramos Jesus.
Cuidar de alguém é uma honra, o mesmo Pedro nos
lembra que precisamos cuidar das pessoas com toda a
dedicação (13), o mesmo Deus nos honrará na hora certa.
As igrejas atualmente estão se tornando locais de shows,
entretenimento semanal evangélico, uma rotina quase
que obrigatória por alguns, uma chatice para outros,
uma imposição familiar para outros ainda. Assim elas
perderam a função principal, ou na verdade nunca a
vislumbraram completamente, empenhadas como são
em tirar público das outras igrejas de qualquer
denominação.
E falando em “denominação”, o que mais vemos é novas
igrejas sendo criadas a cada momento, com
denominações fantasiosas e cujos pastores, anseiam para
ter o seu rebanho pessoal, gerar sua fonte de renda, ter
seu nome escrito na placa... Será que este é o caminho?
Discordar do pastor da sua igreja, fazer um curso
teológico (muitos nem isso fizeram) e abrir a sua própria
igreja com uma denominação diferente? Será que dividir
a igreja em várias denominações estava nos planos de
Deus? Será que tratar as igrejas como franquias, abrindo
inúmeras filiais é o verdadeiro “business”, o moderno
chamado espiritual deste século?
O mesmo Jesus não precisou de uma igreja para a obra
dele, nem os apóstolos precisaram, estes preferiam ir nas
casas falar pessoalmente de Jesus e cuidar um a um
(discipulado) dos moradores daquela casa ou região.
22
Não tinham tantas atrações como hoje vemos neste
mundo cristão, nem tinham sequer a tecnologia tão
acelerada para ajudá-los a atrair pessoas ao Reino de
Deus. Então, por que nós precisamos?
Talvez porque decidimos sentar e esperar a vinda dEle.
Ao final nós somos salvos, não é? Pena que não!
Jesus foi muito claro nesse aspecto quando disse em
Lucas 6-46: “Por que vocês me chamam “Senhor, Senhor” e
não fazem o que eu digo? ”, e também disse “Não é toda
pessoa que me chama de “Senhor, Senhor” que entrará no
Reino do Céu, mas somente quem faz a vontade do meu Pai,
que está no céu. Quando aquele dia chegar, muitas pessoas vão
me dizer: “Senhor, Senhor, pelo poder do seu nome
anunciamos a mensagem de Deus e pelo seu nome expulsamos
demônios e fizemos muitos milagres! ”. Então eu direi
claramente a essas pessoas: “Eu nunca conheci vocês!
Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal! ” - Mateus
7:21-23.
Torna-se inadiável tomar essa decisão, precisamos fazer
do discipulado um estilo de vida, uma forma de ser,
precisamos anelar um relacionamento desse. Mais de
um se for possível. Jesus discipulou doze ao mesmo
tempo, mas entendo que nos dias de hoje isso é quase
impossível, não somente pelo tempo disponível do
discipulador, mas também dos discipulados. Jesus foi e
será o único nesse aspecto.
Mas podemos cuidar de dois ou três tranquilamente.
Começar com um e depois cuidando de mais dois,
23
acredito que é um bom começo. Mais à frente falaremos
sobre esse assunto de forma mais exaustiva.
A igreja evangélica moderna precisa voltar ao básico,
relacionamentos são imprescindíveis, não deleguemos
isso à mídia digital ou seremos meros repetidores vazios
e sem graça da palavra de Deus, ao invés de serem
praticantes dela.
Quando falo básico, entendo básico mesmo viu? Sair do
seu conforto, sair da sua rotina, sair do seu conformismo
que o mantém preso até agora lendo este livro. Saia do
seu cotidiano e comece a se preocupar com o seu
próximo. Quem é esse? As pessoas que estão ao seu
redor e precisam do seu cuidado, talvez de uma única
palavra de carinho. Ore, incessantemente, ore, peça a
Deus para-lhe mostrar as pessoas que precisam do seu
cuidado.
Igreja não é ministério, é relacionamento, não tem a ver
com aquilo que você faz, mas tem a ver com aquilo que
você é, como você vive.
Relacionamentos de amor, este é o testemunho da igreja
ao mundo.
E as pessoas com depressão ou vítimas de drogas, ou
com problemas mentais são as que requerem mais
cuidado e a mais dedicação.
O amor é a chave. Concentre-se em pessoas, em amar
pessoas, em relacionamentos, em união. Precisamos ser
um. Se formos um não podemos ser quebrados. Ser
Igreja é simples, cuidar de pessoas, empoderar as
24
pessoas mostrando quem são elas em Cristo Jesus,
ajudar as pessoas a serem o povo de Deus, cada um
ajudando outras pessoas, porque muitas vezes o
ativismo rouba o nosso tempo. As vezes os membros são
tão ocupados que não tem tempo para a própria família.
Temos necessidade de mentorear e ser mentoreado.
Eclésia significa povo chamado para fora, separado.
Igreja são pessoas. Isso parece fácil, mas não é.
Precisamos ensinar às pessoas a ser como Jesus,
começando com nós mesmos. Ler a bíblia e aplicar à sua
vida o que a Bíblia diz, só isso. Seja igreja você mesmo,
liberto dos paradigmas, das tradições, das atividades,
seja imitador de Cristo. Precisamos focar nas pessoas,
repito, igreja são pessoas, igreja é relacionamento, igreja
é família, não somente a sua, mas todas as famílias. A
maioria das coisas que nós fazemos na igreja não tem
nada a ver com a igreja da Bíblia.
Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o
Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim
que desejais”. Jeremias 29:11 ARA
Este texto fala do plano de Deus para nós, quando as
pessoas não têm um plano para as suas vidas, fale do
plano de Deus para elas. Precisamos mostrar o plano de
Deus para as pessoas que estão longe dele. Dê esperança
aos necessitados (crianças sem pai, emarginados,
homossexuais, etc.)
Sejamos a igreja que Jesus planejou, sejamos a noiva que
Ele espera. Ou ficaremos fora da festa no céu. (14) (33)
25
Perguntas para refletir
1. O que acha aconteceria na sua igreja se todos
aplicassem os princípios bíblicos aqui lembrados?
2. Acha que temos chances de tornar a ser a igreja
que Jesus profetizou?
3. O que você pode fazer a este respeito?
26
27
Capítulo 2. Sobre a liderança
Admito que quando entrei na igreja Maranata, a
primeira vez, achei meio estranho o fato de ter meninas
dançando e alguns rapazes louvando ao Senhor. Achei
que não tinha nada a ver uma com outro. Por vir de uma
igreja católica romana, a dança nem sequer é
contemplada na missa, os salmos são lidos e não
cantados como vi no Brasil e o louvor é feito por uma
única pessoa no órgão ou no máximo com um pequeno
coral.
Porque contei isso? O que tem a ver com liderança? Uma
das coisas que aprendi naquela situação que tudo era
ministrado por um líder do louvor, hoje pastor Jean, que
cuidava tanto dos membros do louvor quando da
coordenação de tudo que era feito no púlpito antes da
pregação. Um exemplo perfeito de liderança, deveriam
ver, ele ensinava a todos os que faziam parte do
ministério de louvor que o trabalho no ministério
começa de baixo, levando cabos, arrumando a sala,
fazendo as tarefas básicas, mas necessárias para que o
louvor fosse dedicado verdadeiramente ao Senhor.
Nesse tempo ele discipulava os membros do ministério
e os novos membros, cuidando não somente da parte
espiritual, mas, também do real motivo que fazia as
pessoas se aproximarem do seu ministério. Se ele só
suspeitasse que o motivo de estar lá no púlpito não fosse
28
para louvar o Senhor, mas que tivesse uma porção de
ego bem no fundo do coração, ele não permitia o avançar
dessa pessoa antes de ser tratada com discipulado.
Nisso vejo uma grande lição para todos os líderes. Não
é suficiente discipular o seu liderado, precisa sondar o
seu coração para ter certeza que os motivos que o levam
a se tornar um líder não sejam “necessidade de holofote”
ou “desejo desenfreado de comandar os outros” ou algo
parecido. O líder precisa mergulhar fundo na vida do
liderado para ver como está o seu relacionamento com a
família, com Deus, com a igreja e os irmãos. Se necessário
deve orar e libertar o seu liderado de eventuais
problemas espirituais que estejam prendendo ele.
Uma atenção especial que merece ser destacada no
conceito de liderança, que deve ser ensinada da forma
correta aos discípulos com certeza é que o líder não é
alguém que manda e desmanda, mas alguém que serve
com excelência aos outros.
O exemplo de Jesus, na hora de lavar os pés aos seus
discípulos transmite isso de forma bem clara, (15) além
de servi-los, os preparou, foi para a cruz e deixou o
legado.
Jesus amou os seus discípulos e os amou até o fim. O
exemplo que Deus e Jesus deixaram do evangelho de
João nos capítulos do 13 ao 17 é uma das maiores lições
sobre amor. E para ter certeza que não esquecêssemos
deixou o Espírito Santo para nós lembrar de tudo.
29
Temos enfrentado um problema ao preparar pessoas
para ser líder, pois elas, ao término do curso, estão
ansiosas para liderar alguém, quando na verdade
deveriam estar ansiosas para servir alguém.
Quando aceitamos a Jesus como Senhor, nos tornamos
automaticamente servos dEle. (16). Daí deveríamos logo
aprender e ensinar aos nossos discípulos que essa é a
atitude correta. Infelizmente muitos só lembram da
parte que menciona Jesus como “Salvador” e, às vezes
até o colocam antes do “Senhor” ou esquecem desse
detalhe tão importante, pois o que interessa é “ser
salvo”, enquanto o servir pode ser colocado de lado ou
esquecido intencionalmente ou não.
Aceitar o Senhorio de Jesus é a prioridade, ser salvo é a
consequência, e não o contrário.
Infelizmente temos assistido a episódios tristes onde os
crentes sequer pensam que se tornaram servos de Jesus,
assim mal fazem ou mal ouvem o que Ele pediu. Olha a
confusão que isso gera: idolatria, egocentrismo, orgulho,
pois enquanto não tiramos o foco de nós mesmos fica
difícil focar em outra pessoa e dirigi-la à salvação ou
permitir a alguém de nós discipular e direcionar a nossa
vida.
A liderança nas igrejas nunca foi tão questionada pelos
próprios membros da igreja que hoje colocam defeito em
tudo. Torna-se indispensável uma transparência e uma
clareza de princípios na liderança para que seja um
exemplo a seguir. Encontrar as formas mais corretas de
30
falar, exortar e servir para ensinar os princípios cristãos,
tem se tornado uma tarefa não sempre fácil.
A sociedade tem criado pessoas melindrosas que mal
aceitam uma crítica, quem dirá aceitar uma dica ou um
conselho para mudar seu ponto de vista. As crianças hoje
e os adolescentes sobretudo não sabem mais lidar com
frustrações. Tudo aquilo que não encaixa nos padrões
autocriados por eles mesmos gera frustração, depressão,
ânsia, decepção. As famílias no geral têm deixado às
escolas e às igrejas a construção do caráter dos seus
filhos. Pais cristãos recém convertidos ou não, acham
que isso é mais um serviço que a igreja deve assumir:
escutamos frases tipo “ao final eles conhecem melhor a
bíblia”, ou “dou o dízimo e as ofertas” e coisas assim
como se uma coisa excluísse a outra. Pior, os pais nem
sequer pensam que eles são os sacerdotes do lar e que a
pregação da Palavra de Deus é responsabilidade deles.
Nas células, isso não é diferente, os líderes devem lidar
com frequência com adolescentes ou adultos com
problemas mal resolvidos, com frequentes críticas à
pregação, ao pastor, àquele irmão ou irmã que disse ou
fez algo que o outro não gostou.
Os líderes precisam se tornar flexíveis, pacientes, firmes,
usar da psicologia para ensinar os princípios bíblicos aos
membros da célula, precisam orar muito antes, durante
e depois da célula. Precisam, porém, ser intransigentes
com a palavra de Deus. Não aconselho a mediar nessa
hora, tem que exortar sim, (exortar = repreender com
amor) mas não compactuar.
31
Líder, cuide do seu rebanho e acrescente oração diária
para cada membro, desde o mais atento e ligado nas
coisas de Deus até o rabugento e difícil de se tratar,
nunca desista, nem perca a coragem.
Cuide de cada “filho” que Deus lhe deu com dedicação
e faça o discipulado em grupo ou pessoal segundo
exigências precisas.
Terá “filho” que precisa de mais cuidado e aquele que
anda sozinho, tem aquele que mostra sinais de liderança
e compromisso (opa! Lá vem o próximo auxiliar) e tem
aquele que ainda não consegue orar, etc. Muitas vezes os
membros terão problemas em frequentar a célula, mas
não desanime, ore e peça ajuda ao seu supervisor,
explique a situação e ele lhe ajudará a enxergar a
solução.
Como sempre digo: “o maior interessado é Ele! “. E me
refiro ao nosso Senhor Jesus Cristo, ao nosso Pai Deus e
ao Espírito Santo que esquadrinha os corações. (17)
Ore e peça a ajuda do Senhor em todos os momentos, Ele
mostrará o caminho a seguir.
Líder, não desista dos seus membros de célula, não
desista do seu chamado. Pense em Deus, Ele não desistiu
de você e ainda hoje ele acredita em você. Haja dessa
forma, com amor, mesmo com aqueles que não
merecem, lembre-se: “a misericórdia é um favor
imerecido”, precisamos orar e pedir a Deus para nós
mostrar como tratar os mais difíceis, os fáceis já foram
tratados um dia por alguém, acredita?
32
Líder, seja forte, as estratégias falham, mas o trabalho
continua, continue semeando, não se preocupe, pois, a
semente “Palavra de Deus” no tempo certo dará o seu
fruto, não se preocupe com a colheita. “Eu plantei, e Apolo
regou a planta, mas foi Deus quem a fez crescer.” 1ª Coríntios
3:6
Lembro que no ano de 2011, começamos uma célula na
casa da minha sogra. Passamos três anos na casa dela,
fazendo a célula e orando toda quarta feira por ela, com
o objetivo de trazê-la a Cristo.
Depois desse tempo todo, nós viajamos para o exterior e
adivinhe, ela aceitou Jesus em uma igreja perto da casa
dela. Isso nos deixou felizes, porque não importa com
quem o por meio de quem as pessoas chegam a Jesus. O
importante é que o conheçam e o aceitem com Senhor e
Salvador, entendem isso? Um líder acima de tudo serve
ao Senhor Jesus, com os seus frutos, sem esperar nada
em troca.
Por muito tempo tenho me questionado sobre isso,
precisamos fazer muito mais do que é nos pedido, fazer
o que é necessário e ir além pois se nós limitamos a fazer
o básico seremos como o servo que Jesus contou na
parábola de Lucas, inúteis. (18)
Todos os membros da igreja são potenciais líderes de
célula, isso faz parte do nosso chamado, nos reunir em
casa ou na casa de alguém que esteja precisando de uma
palavra, de uma oração ou de confessar algo ou
simplesmente de compartilhar um sentimento ou uma
situação.
33
Todas essas opções são um começo de célula, está ao
nosso intuito é à nossa disponibilidade dar continuidade
a essas aberturas emocionais e espirituais para que elas
tomem a forma de uma célula, um encontro semanal
para interagir com o próximo e amá-lo.
Ser líder, no entretanto permanece uma opção somente
para aqueles que ainda não decidiram no coração de
fazer a vontade de Deus “...Ide e fazei discípulos...“, mas
para os demais este é o nosso chamado.
Um líder de célula se importa com o próximo, mesmo
não tendo célula formada. Busca oportunidades de falar
do amor de Jesus e levar ao conhecimento das pessoas
que existe uma salvação. Busca incessantemente formas
de derramar o amor de Deus na vida das pessoas e se
entristece quando vê a ausência do amor nelas. Procura
passar adiante as bênçãos recebidas por Deus, pois
entende que ele mesmo tornou-se um “canal” de
bênçãos, uma torneira que pode derramar amor e
misericórdia sem medida.
Por ser uma forma de ser, “um estilo de vida” ao meu
ver, o cristão é um líder de célula desde que entrega a
sua vida a Jesus Cristo. Jesus torna-se o Senhor e
Salvador dele e a partir desse momento ela começa uma
caminhada para aprender a ser um líder de célula, a ser
aquele que ora pelos outros, que se importa com eles,
que cuida e intercede pelos necessitados.
A partir do momento que ele entende o seu papel, deixa
de ser somente um “discípulo” para se tornar ao mesmo
tempo um “discipulador”. O líder torna-se servo de
34
Cristo. Mesmo que ele esteja atuando ou não, que esteja
multiplicando ou não, que esteja se congregando
ativamente (o que se espera seja uma situação estável)
ou não (talvez por pouco tempo ou devido a uma
mudança geográfica temporária), que esteja envolvido
em outros ministérios ou não, o líder de célula nunca
deixa de ser um líder, nunca deixa de exercer sua função,
em suma nunca deixa de ser servo.
Quando aceita Jesus, o novo cristão entende que antes de
mais nada ele aceita o senhorio de Jesus e por isso ele é
salvo. “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e,
em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os
mortos, serás salvo. ” Romanos 10:9.
Ou seja, somos salvos porque escolhemos nos tornar
servos de Jesus. Deixando de ser escravos do pecado
para virar servos do Senhor Jesus. E como servos
precisamos servi-lo. Fazer a vontade dele. “Porque com o
coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito
da salvação. ” Romanos 10: 10.
“Jesus treinou seguidores, você tem que fazer o mesmo,
faça seguidores, aprenda a servir, entender, seguir,
ajudar as pessoas ao seu redor e terá seguidores para o
resto da vida, entenda o coração deles e eles o seguirão.”
(Benjamin Wong)
Se você é um Líder em treinamento ou auxiliar de líder,
permita-me lhe dar um conselho: de nada adianta o
treinamento se você não colocar em pratica diariamente
as obrigações de um líder. Viva a célula, viva os
relacionamentos, ore pelos membros, ore pelos seus
35
Oikos, ore e interceda para os que pedem ajuda e oração,
vivenciar isso o tornará apto para liderar a sua célula,
enquanto aprende “de carona” na célula do seu líder.
Jesus é o exemplo de liderança a ser seguido, então veja,
como Ele fazia:
EU (discipulador) faço VOCÊ (discípulo /
auxiliar) observa
EU (discipulador) faço VOCÊ (discípulo /
auxiliar) ajuda
VOCÊ (discípulo /
auxiliar) faz
EU (discipulador) ajudo
VOCÊ (discípulo /
auxiliar) faz
EU (discipulador)
observo
Já falamos sobre isso, mas vale a pena ressaltar que o
crescimento da igreja de Cristo não é ligado ao aumento
do tamanho do prédio da igreja física (como algumas
denominações fazem no Brasil) mas ao aumento da
população chamada IGREJA, alcançando sempre mais
vidas.
A multiplicação dessa forma acontece não por uma
simples divisão periódica da célula, como algumas
teorias citam, mas porque a célula cresceu
espiritualmente e anela alcançar vidas ao seu redor. A
célula pode resolver enviar uma parte dela para
evangelizar e abrir uma célula em outra casa porque é
necessário que a Palavra de Deus seja anunciada lá.
Quando os membros da célula percebem e entendem a
necessidade de divulgar a Palavra de Deus, começam a
36
convidar pessoas, mudando seu foco de “Deus para mim
dentro da célula” para “Deus para os outros fora da
célula”. É nessa hora que a célula cresce.
Veja as condições necessárias para que uma
multiplicação aconteça:
1. Encontrar um auxiliar de líder (tarefa do líder, o
supervisor apoia)
2. Identificar no auxiliar sua fidelidade com a célula
e vontade de servir a Deus.
3. Conseguir dividir com o auxiliar as tarefas da
liderança, para ele começar a entender.
4. Deve existir um discipulado constante para que o
líder saiba quando o auxiliar estiver pronto para
assumir um compromisso de liderança de uma
célula.
5. Acompanhar o treinamento do auxiliar,
sondando o nível de retenção das informações
aprendidas.
6. Enviar o auxiliar, mantendo constante
discipulado e acompanhamento da nova
liderança.
7. Encontrar outro auxiliar, a obra não para.
O que esperar de uma célula hoje? Que seja um lugar
para encontrar amigos, amar ao próximo (principal),
enxergar a multiplicação com a paz no coração (se
houver, quando houver, todos cuidarão disso) e ter
discipulado 1 a 1 para que todos estejam ligados. Todos
aprendem a servir sem questionar da mesma forma que
Jesus aprendeu e fez a vontade do Pai sem questionar.
37
Isso tem que ser claro e estar no DNA de cada um,
entender que somos uma família (cada um com as suas
diferenças), gastar tempo com ela (cuidar de cada
membro), passar esta visão de um para o outro (de pai
espiritual para filho) e sobretudo entender que
relacionamentos de amor precisam de tempo para serem
desenvolvidos.
Gastar tempo significa que cada membro (sendo
discipulado) tem um mentor (que discípula) e aprende a
lidar com os conflitos, assim é possível resolver
problemas antes que eles cresçam criando transtornos
para todos. Precisamos nos tornar como um “purê de
batatas”, onde cada “batata” perde sua independência
para se tornar parte de algo maior. Quando a célula
alcança este patamar estará pronta para servir da melhor
forma.
Se a sua célula multiplicar, tornar-se-á um supervisor e
quando as células aos seus cuidados aumentarem,
precisará tornar-se um obreiro ou um pastor, mas
sempre servirá ao Reino. Quando de simples “ovelha”
começamos a cuidar e nos importar com outras
“ovelhas”, tornamo-nos um pequeno pastor, seguindo
os passos de Jesus.
Perguntas para refletir
1. Entende qual o papel importante da liderança?
2. Percebeu a importância do discipulado?
3. O que você pode fazer a este respeito?
38
39
Capítulo 3. Sobre o pastoreio
Talvez esse seja o argumento mais conflitante por muitos
pastores, cada um, ou vem de uma história diferente, ou
de uma cultura diferente, ou de uma faculdade
diferente, ou tenha por fim já tentado muitas coisas para
fazer com que seu chamado “flua”.
Com certeza, muitos tem carregado o fardo que Jesus lhe
deu da forma que Ele, o sumo pastor, indicou (19), mas
muitos, talvez a maioria, tem carregado sobre si outros
fardos pesados. Refiro-me a fardos espirituais,
cobranças, concentração de responsabilidade onde teria
sido melhor a distribuição das mesmas, acúmulo de
problemas transferidos pelos membros da igreja sobre
ele, problemas na família por excesso de dedicação à
obra, falta de discipulado. Esse último tópico é o
verdadeiro alívio que muitos pastores não buscam,
infelizmente.
Muitos nem sequer pensam em comunicar o que alberga
no fundo dos seus corações para outro pastor, não existe
uma prestação de contas, que permita ao pastor
sobrecarregado de receber, ao invés de dar
ininterruptamente ao longo do dia e do inteiro chamado
pastoral.
Os que conseguem distribuir a carga, como o sábio Jetro,
sogro de Moisés ensinou, são poucos. (20)
40
No ano de 2014, o Pr. Afonso, da igreja Maranata de São
Luís do Maranhão, na ocasião de selecionar os novos
pregadores para as 19 congregações na época, me
chamou e me escolheu para ser um deles. Nunca esqueci
o que ele falou: “ preciso selecionar e preparar novos
pregadores para futuramente se tornar pastores, pois o
rebanho aumentou muito e eu não tenho como dar conta
de todas as igrejas, por isso escolho periodicamente
pessoas para capacitá-las e dividir a carga com elas”.
Talvez as palavras não fossem exatamente essas, mas o
que eu vi naquele instante foi um pastor com as ideias
claras sobre o conceito de “dividir carga”.
Em agosto de 2019 participei de um treinamento sobre
Coaching Network (CN), com o Pr. Ben Wong, de Hong
Kong, líder de uma grande igreja missionária na China.
O treinamento propõe a criação de uma rede de
pastoreio mútuo a nível internacional, rede essa, que tem
se tornado necessária pois nos últimos anos temos
assistido a vários problemas com os pastores no mundo
todo. Uma das preocupações levantadas foi sobre a
geração seguinte de pastores nas igrejas ao redor do
mundo, se não tiver um discipulado, uma duplicação da
direção pastoral da igreja, corre-se o risco que o novo
pastor mude a direção da igreja ao invés de dar uma
continuidade pastoral, mantendo os valores deixados
pelo pastor que saiu, isso com graves consequências para
a igreja toda. Com certeza não foi isso que Deus planejou
para a igreja. O grande erro? Pensar que igreja e célula
são ministérios, como muitos acreditam, mas a bíblia não
faz menção em lugar nenhum sobre isso. Fala de viver
41
em comunhão, de ser uma igreja aberta, uma família e se
integrar na comunidade, coisas ainda não concretizadas
até agora.
Nos EUA 80% dos pastores estão lutando com a
depressão e não tem amigos. As famílias destes pastores
estragam após um bom tempo de ministério.
Hoje, 50% dos pastores que querem sair do ministério,
não saem porque só sabem fazer isso, entraram jovens,
passaram muito tempo na obra, e hoje embora
esgotados, continuam empurrando o ministério com a
barriga, sem mais motivação.
Sabia que em Hong Kong as pastoras geralmente não
chegam a casar, pois os homens não gostam de casar com
mulheres que tem mais poder do que eles?
Hoje a rede de pastoreio na Ásia já está trazendo
resultados reais e concretos, vale a pena relatar um caso
específico, em que o discipulado de uma pastora da rede
de pastoreio, criou um discipulado com outra pastora
que estava em depressão e com a igreja próxima a ser
fechada. O cuidado pastoral da discipuladora não só
reverteu o perigoso quadro psicológico abalado da
pastora discípula mas transformou tanto a vida desta
última quanto a vida da igreja dela.
Convenhamos, pastores não podem ir sós. Desde o
começo Deus criou a mulher para que o homem não
andasse sozinho, pois Ele sabia que andar em unidade
permite a divisão das cargas. Da mesma forma, os
pastores precisam de alguém que os acompanhe e os
42
discipule. Mais uma vez o conceito de discipulado e
prestação de contas são a chave.
Quando estendemos a mão para ajudar outro pastor,
agradamos a Deus e Ele faz a obra prosperar.
Descobrimos que quando investimos na vida de um
pastor, Deus dá um ajuda enorme. Você não precisa ser
um Expert em mentoreamento, na verdade o que apenas
sugerimos é para “não andar sozinho”, a internet do
século 20 criou pessoas sempre mais sozinhas, isoladas,
deprimidas. É horrível ver pessoas na igreja andar
sozinhas, mergulhadas nos seus celulares, ou tabletes,
desligadas completamente do mundo. O pior é que
nessa hora os pastores entram na onda e se isolam mais
ainda. Sabia que no 2010, ao abrir as configurações e
clicar na linha do software Android e tapeando umas
vezes com dois dedos aparecia uma imagem com o
boneco símbolo do Android com um cemitério de
zumbis por trás... no mínimo inquietante não acha? Hoje
já não aparece mais essa imagem, tem outras.... Será que
tem algo diabólico nisso? De alguma forma o celular tem
dividido famílias e relacionamentos... De Deus não é.
Pois a natureza dele não muda, ou isso causaria a
escuridão. (21)
Confesso que eu, como todo mundo, queria um super-
pastor para me mentorear. Alguém tão espiritual, tão
comunicativo, tão ligado nas coisas de Deus, cuja
sabedoria se aproximasse à de Salomão, mas quantos
super-pastores assim existem no mundo? E eles, quantos
discípulos poderiam acompanhar?
43
Veja bem, hoje 85% das igrejas de todo mundo tem
menos de 100 membros, então com certeza é mais fácil
cuidar dos poucos que Deus entregou aos cuidados de
cada pastor, não acha? Então não precisamos de super-
pastores, nem precisamos nos tornar super-pastores. O
importante é caminhar juntos.
Também não precisamos nos tornar “super igrejas”, pois
elas vão além do que a Bíblia diz, elas têm muitas partes
organizacionais e isso pode ser bom para elas, ter muitos
bons homens, mas inevitavelmente elas saem do
conceito bíblico de igreja. Veja o exemplo da igreja
Hillsong, ela é uma grande igreja, mas será que isso é
duplicável, não tem muitas igrejas com capacidade para
ser uma delas.
Vamos descer no campo agora. Mesmo que você seja
membro ou líder ou responsável de um ministério, ou
pastor, já fez um levantamento profundo na sua igreja?
Quantos são discipulados? Quero dizer, quantos
membros tem um relacionamento intenso de
discipulado? Vida na vida de verdade?
A maioria dos membros podem participar do culto, vir
na igreja, repetir semana após semana o hábito ou ritual,
mas não estão impactando o mundo segundo a vontade
de Jesus. Aí eu lhe pergunto: “Como implantar o
discipulado numa igreja que não enxerga isso como
prática cotidiana? ”.
A prestação de contas nessa super igrejas é inexistente, e
elas até tentam fazer isso pois sabem a importância de
caminhar juntos, mas a maioria não consegue. Estamos
44
construindo a igreja de Cristo e precisamos andar juntos.
Até o menor dedo da nossa mão está conectado ao corpo
todo. E você, mesmo que esteja muito ocupado, tem que
andar junto a alguém, com alguém.
Precisamos conectar pessoas, acima de tudo, andar
juntos, ter coração focado nisso. Quando você ajuda
outros, você cresce também. Não importa quem sabe
mais ou menos dentro do discipulado, os dois
inevitavelmente crescem.
Toda a ideia da rede de pastoreio, visa pastores simples
discipulando pastores simples.
No Japão existem igrejas com 10 membros, 20 membros
com um único pastor. Hoje entenderam que apesar do
número de membros eles precisam ajudar-se uns aos
outros. Simples assim, pastores querendo ajudar outros
pastores, obviamente não podemos chamar isso de
organização, mas sim de ajuda mútua.
O que não queremos é copiar modelos, nem queremos
engessar o modelo de pastoreio e discipulado. O que a
Bíblia fala sobre andar juntos? Precisamos seguir o que a
Bíblia diz, mesmo quando muitos não gostam de andar
seguindo ela. Talvez se hoje Jesus viesse na sua igreja,
que papel cobriria? Com quem andaria? Já pensou?
Talvez hoje Jesus sairia da sua igreja. Precisamos pensar
mais como Jesus.
Precisamos depender de Deus, não do pastor, pois ele
também, como você, depende de Deus. Temos assistido
a algo errado na organização da igreja, falamos que Jesus
45
é a cabeça da igreja, mas as pessoas colocam o pastor
como cabeça da igreja. Muitas pessoas chegam a
depender do pastor (trazendo mais um padrão católico
para dentro da igreja evangélica onde o padre é o único
responsável e decide tudo) mas cada um pode se achegar
a Deus, não esqueça que a cortina foi rasgada (22). A
graça é distribuída unicamente por Deus.
Dessa forma, todos tem acesso ao Pai, as igrejas e seus
membros podem fazer a diferença pessoalmente e não se
escondendo na sombra do pastor ou pior, na sombra do
edifício que abriga a igreja. Na China, apesar do regime
comunista ter fechado as igrejas e preso todos os
pastores, o movimento dos membros da verdadeira
igreja de Cristo (nós) cresceu 100%. Tiraram as bíblias do
povo, mas mesmo assim a Bíblia é pregada, folha por
folha. A igreja continuou a crescer, pois a palavra estava
nos corações do povo. Resultado: na China hoje não tem
ensino da Bíblia, não tem cursos ou seminários. Tem a
vivência dela. Não tem mais igrejas, os cristãos colocam
em prática a palavra de Deus. Tem oração, o prédio não
existe, mas a igreja está viva.
Devemos viver o sacerdócio de cada crente, precisamos
ler mais a Bíblia. Precisamos transformar nossas igrejas
em igrejas de sacerdotes que leem a palavra. Volte para
a Bíblia e ande, como ela diz que tem que andar. Não
tenhamos denominação, sejamos o povo da palavra, não
limitamos a Bíblia somente ao estudo dela mas
obedeçamos a ela.
46
Tiremos o foco do pastor, sejamos praticantes da
palavra, sejamos únicos responsáveis da nossa fé em
Cristo, ao invés de ficar de olho no pastor, julgando de
acordo com que ele faz ou deixa de fazer, se ora ou não,
se usa Power point ou não, acredite em mim quando
digo que não é este o caminho.
Na Tailândia, por exemplo, os pastores estão mais
preocupados com quantidade de membros ou tamanho
de igreja, na espera que Deus leve as pessoas para igreja.
E enquanto a maioria se preocupa com a imagem social
que o pastor tem, poucos se preocupam com o
sentimento que alberga no coração dele.
A seguir leia para sua reflexão um trecho sobre Mentoria
(b) a respeito da prestação de contas no pastoreio mutuo.
 Um grupo de pastoreio mútuo é composto de
pessoas que desejam prestar contas de sua vida, que
levam a sério suas próprias fraquezas e
vulnerabilidades. Entendem a importância de terem
um escudeiro (guarda-costas). Sabem que têm
pontos cegos. Entendem que, sem companheiros
que lhes confrontem em amor e lhes protejam, irão
cair. Isso não é apenas para novos convertidos ou as
ovelhas. Paulo, falando para os pastores de Éfeso,
diz: "Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho
sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos
[ ... ]. Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes
penetrarão no meio de vocês e não pouparão o
rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão
homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os
47
discípulos. Por isso, vigiem! [ ... ]" At 20.28-31. Ouvi
tanto Russell Shedd quanto Jeremias Pereira falarem
que há um pouco de lobo em cada um de nós. Quem
consegue admitir isso está seriamente motivado
para andar com guarda-costas num grupo de
prestação de contas.

 Tiago adverte que não muitos de nós devem ser
mestres, sabendo que os que ensinam serão julgados
com maior rigor. Logo depois dessa exortação, diz:
"Todos tropeçamos de muitas maneiras" Tg 3;2a.
Líderes, mestres, pastores são humanos. Caem. Nas
palavras de Salomão: "Ai, porém, do que estiver só;
pois, caindo, não haverá quem o levante" Ec 4;10. O
homem sábio enxerga a prestação de contas como
bênção, não como peso ou obrigação.

No século XVII John Wesley começou um
movimento de renovo na igreja anglicana.
Trabalhou com Grupos Pequenos de prestação de
contas. Qualquer pessoa poderia entrar num grupo
a qualquer momento. Era fácil entrar. Mas, para
continuar, tinha de voltar na semana seguinte,
pronto para confessar seus pecados daquela semana.
O arrependimento e a confissão, num ambiente de
graça, levam a uma mudança de vida. O efeito disso
foi tão profundo que mudou as leis e estruturas do
país e fez nascer uma nova denominação. Quando
temos uma dupla ou uma tríade fica mais fácil abrir
o coração e tratar de assuntos mais pessoais e
profundos. Se for uma dupla, mas alguém quiser
48
juntar-se, e a dupla concordar, passa a ser um trio.
Se mais alguém quiser juntar-se, o grupo pode
multiplicar, nunca sendo maior que três pessoas.
Passando de três, o grupo se divide em duas duplas.

Não é suficiente compartilhar, também precisamos
seguir as palavras de Tiago 5.16: "Confessem os seus
pecados [erros, problemas, dores, ansiedades] uns aos
outros e orem uns pelos outros para serem curados. A
oração de um justo é poderosa e eficaz". Se o grupo fica
sempre no nível de compartilhar e nunca chega à
confissão de pecados e arrependimento, acomodar-
se-á às deficiências uns dos outros e falhará em seu
propósito. O grupo precisa importar-se o suficiente
para confrontar e crescer em transparência. Quando
não conseguimos esse nível de relacionamentos,
podemos, com facilidade, cair num cristianismo
superficial e não autêntico.
 Todos precisam prestar contas de uma forma real. A
verdadeira prestação de contas acontece quando
você confia em alguém para corrigi-lo e discipliná-
lo[ ...] Gosto quando recebo um aviso de "Perigo", e
não me ofendo com isso. Esse aviso me protege.
Pude observar amigos queridos seguirem, como um
passarinho, as "migalhas de pão" e caírem dentro das
“armadilhas” do erro doutrinário, do adultério e da
improbidade financeira. O sentimento de poder
vindo do Espírito Santo dá a eles uma sensação de
invencibilidade. Curiosamente, eles estudam os
fracassos de outros, mas não desenvolvem nenhum
49
sistema para corrigir os seus próprios erros antes
que eles se transformem em "quedas".
Quem, na sua vida, tem o poder para lhe pedir
prestação de contas e para desafiá-lo quanto a
possíveis áreas antibíblicas em sua vida e
ministério? “Obedecei aos vossos guias e sede submissos
para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve
prestar contas, para que façam isto com alegria e não
gemendo; porque isto não aproveita a vós outros.”
Hebreus 13:17 ARA. Quando digo prestação de
contas, estou falando de relacionamento:
aconselhamento gentil, suave, cuidadoso, sábio e
prudente.
“Meus irmãos, se alguém for apanhado em alguma falta, vocês
que são espirituais devem ajudar essa pessoa a se corrigir. ”
Gálatas 6;1
Nós, cristãos, membros de igreja, temos cobrado muito
de pastores com igrejas grandes ou pequenas, não
importa o tamanho delas; a cobrança tem sido enorme e
pesada, em alguns casos isso tem levado os pastores a
tomar decisões infelizes e tristes.
No ano de 2015, ao mudar para o Brasil, na cidade de
Curitiba, conhecemos o Pr. Paulo (cujo sobrenome não
coloco por respeito) quando fomos congregar numa
igreja perto da nossa residência e ao longo do seu
pastoreio temos acompanhado a frustração constante
que tinha com os membros dela, isso tem se
transformado em um ano em duas crises de depressão
fortes que o levaram a abandonar o chamado pastoral e
sair da igreja. Um caso “positivo”, posso afirmar, pois
não terminou com a morte dele, mas simplesmente o
50
afastou do chamado, sei que podia ter sido pior, mas
agradeço a Deus, pois não deixou que sofrêssemos com
a sua perda.
Mas não sempre o desfecho é este. Deixo aqui o texto
escrito pelo Pr. Lisandro Canes (RS) em sua página no
Facebook no dia 11 de setembro de 2019, comentando
sobre o suicídio do pastor americano Jarred Wilson: "Eu
admito que nunca em toda a minha vida eu fiz algo tão
esgotante e cansativo como pastorear. Nenhum trabalho
ou responsabilidade consumiu mais as minhas energias
e minha saúde do que liderar uma Igreja. Como pastor
posso dizer que a Igreja precisa urgentemente se
preocupar com o descanso e a saúde dos seus pastores.
Querido cristão, não abra mão de um tratamento digno
com os seus pastores. Somos igualzinhos a vocês. Se
enfiarem uma faca em nós, sangraremos. Se nos
machucarem sentiremos dor. Antes de pensar no pastor
como um super-homem, lembre-se que existe um ser
humano a Imagem de Deus atrás do púlpito. Um ser
humano igualzinho a você. Que Jesus levante uma Igreja
onde cuidar dos pastores não é opção, mas sim
fundamental." Quinze dias após este comentário na rede
social, no dia 26 de setembro de 2019, este mesmo pastor
Lisandro tirou a própria vida.
Infelizmente esse não é um caso isolado, nos últimos
anos somente no Brasil o número de suicídios de
pastores tem aumentado gerando não somente uma
forte tristeza ao redor das igrejas e das famílias afetadas,
mas também um desequilíbrio espiritual nos membros
da igreja evangélica como um todo.
51
Tem muitos pastores de grandes igrejas que criaram um
“circuito” interno de discipulado pastoral, mas ao
perguntar “isso é bom? ”, não saberia responder. Com
certeza estas igrejas fecharam se para o mundo pastoral
alheio. Isso está errado. Elas poderiam ajudar as outras
igrejas com sua experiência em discipulado, mas
conseguem enxergar só os seus membros, os seus
pastores, os seus líderes, voltando assim ao fariseunismo
comentado anteriormente.
A rede de pastoreio deve ser uma realidade das nossas
igrejas, isso não é utopia, é plano de Deus. Um pastor
cuidado se reflete em uma família pastoral vivendo a paz
de Cristo, consequentemente a igreja como um todo
recebe o benefício dessa paz. Os pastores de todas as
denominações precisam participar e ser parte ativa dessa
rede de pastoreio, Jesus falou muito claramente quando
afirmou “guarda-os para que sejam um” e “para que eles
sejam completamente unidos”. (23)
Outra versão define isso “... a fim de que sejam
aperfeiçoados na unidade” (ARA), que definição
perfeita! Aperfeiçoados, como o ferro afia o ferro, este é
espírito justo, esse deveria ser o nosso leme,
aperfeiçoando um ao outro, para ser a noiva pura e
imaculada no dia da vinda do Senhor.
Medite sobre esse assunto, que seja argumento de
conversa e que o Espírito Santo os ilumine para aceitar a
sua verdade. Amém.
52
Perguntas para refletir
1. O pastor da sua igreja anda sozinho ou alguém o
discipula?
2. Agora entende que é preciso dividir a carga?
3. O que você pode fazer a este respeito?
53
Capítulo 4. Sobre a supervisão
Vim ler mais sobre supervisão no ano passado, em
ocasião de uma orientação do Espírito de Deus que nos
levou para congregar em uma igreja cujo pastor orava
pedindo que enviasse alguém com experiência real de
igreja em células. Até então o meu conhecimento sobre
este assunto era mais prático do que teórico então
precisava partir de algum lugar para impostar um
ensino que desse fruto, a inspiração do Espírito Santo e
a minha experiência teriam feito o resto e assim foi.
Vivenciar uma supervisão é algo fantástico e falo como
líder de célula, como membro da igreja, como irmão em
Cristo. Quando a sua supervisão se reúne às outras, você
percebe não somente o volume da igreja, mas percebe o
número inacreditável de pessoas e talentos e dons
espirituais que Deus colocou ao alcance do seu povo.
Isso, revigora qualquer alma, você começa a perceber
sua participação em algo maior. Não se trata de assistir
a um culto em uma igreja cheia não, se trata de enxergar
vidas salvas e vidas ao serviço de Jesus focadas em
salvar outras vidas. Quando você enxerga isso, pode
dizer que vislumbrou o plano de Deus. Uma supervisão
não é simplesmente a união de várias células, ou o
encontro de todos os membros delas. Viaje mais a fundo,
vislumbre sua vida como parte de algo maior, pois
enquanto enxerga somente o grupo não verá isso.
54
Pedro nos revelou que somos pedras vivas, lembra? (24),
Deus quer nos usar juntos, se veja como parte deste
templo dedicado ao Senhor.
Supervisão é tudo isso e buscando mais na
profundidade, ao meu ver, significa essencialmente:
1. Cuidar dos filhos que Deus nos deu. ‘‘…Timóteo,
meu verdadeiro filho na fé. ’’ Tm 1,1;
2. Estar ligados um com outro, “para que nenhum
se perca”;
3. Amar verdadeiramente os nossos discípulos,
mesmo se eles nos negarem (Jesus e Pedro);
4. Semear boas sementes para uma colheita santa;
5. Mostrar a graça de Deus na nossa vida;
6. Ser exemplo na vida das pessoas;
7. “Pregar o evangelho por onde for, se necessário
fale. ’’
Mais do que isso, supervisão significa “dividir a carga”
e especificamente entre o supervisor e o seu líder e entre
o supervisor e seu pastor de congregação ou supervisor
acima.
Não significa ter apenas uma visão acima dos demais,
mas também significa se importar com o todo, com todos
os membros da igreja.
Cada supervisor cuidando dos que forem entregues ao
seu cuidado garante que tem alguém orando e
intercedendo por uma parte da igreja.
55
Todo os supervisores e pastores supervisores formarão
o conjunto da supervisão da igreja cobrindo todos com
oração e cuidado pessoal.
Isso aliado ao discipulado um a um, cria uma ligação
espiritual entre todos. “Porque assim como num só corpo
temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a
mesma função, assim também nós, embora sejamos muitos,
somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros. ”
Romanos 12:4-5
Se ainda não pensou nisso, ainda dá tempo, ore a Deus e
peça para o Espírito Santo lhe mostrar quem pode ser
seu discípulo e quem pode ser o seu discipulador.
Lembre-se que precisamos estar ligados uns aos outros.
Se ainda tiver dúvidas sobre o discipulado, como
começar, escolha alguém que você gosta, com quem você
sente que tem uma afinidade e peça a essa pessoa para
caminhar juntos.
Mas quem é o supervisor? Alguém que mantém um
relacionamento diário com Deus e permite ao Espírito
Santo operar por seu meio para abençoar seus líderes.
Alguém que ora todos os dias pelos seus líderes e
intercede por eles, os sustenta e os ensina, exorta e
acompanha na jornada deles com a célula. Veja a seguir
os passos da oração intercessora: (a)
1. Discernir adequadamente as necessidades da
pessoa;
2. Entrar na arena de oração em defesa da pessoa;
56
3. Orar com persistência e fervor por suas
necessidades;
4. Alegrar-se quando Deus responde às suas
orações.
O Espírito Santo foi o primeiro exemplo de supervisor: ”
Porém, quando o Espírito da verdade vier, ele ensinará toda a
verdade a vocês. O Espírito não falará por si mesmo, mas dirá
tudo o que ouviu e anunciará a vocês as coisas que estão para
acontecer. “João 16:13
Ser supervisor significa ser mentores e intercessores dos
nossos líderes (entregues por Deus aos nossos cuidados);
ser exemplo no liderar tendo uma célula, ser
discipulador e caminhar juntos.
Quando o seu líder de célula multiplicar, terá um ou dois
líderes gerados pela multiplicação e isso já o tornará um
supervisor. Ele deverá cuidar espontaneamente deles,
mesmo que eles saibam andar sozinhos, pois “Dois
homens podem resistir a um ataque que derrotaria um deles se
estivesse sozinho. Uma corda de três cordões é difícil de
arrebentar. ” Eclesiastes 4:12
Como supervisor precisa interagir semanalmente com os
seus líderes, da mesma forma como a congregação
interage com todos os supervisores, nessa hora podem
existir reuniões que veem juntos todos os líderes e
supervisores para que a Palavra seja pregada
conjuntamente.
Uma das coisas mais importantes para o supervisor ou
discipulador é aprender a arte de ouvir, aprender desde
57
da célula, do discipulado, dos relacionamentos, desde o
seu lar até o seu trabalho.
Falei de arte, justamente porque não é fácil, falo por
experiência própria, de vez em quando ainda percebo
que estou tomando a frente da conversa, assim tento
policiar-me para não fazer esse erro.
Existem tanto os benefícios de ouvir: (a)
1. Aumento da credibilidade;
2. Aumento do crédito emocional do líder;
3. Promoção da confiança e bem-estar assim como
da amizade;
4. Possibilidade do supervisor de coletar
informações corretas.
Quanto existem os obstáculos para ouvir: (a)
1. Preparo inadequado para o encontro de
supervisão (faltou oração e dar importância ao
encontro);
2. Falta de oração sobre as questões que precisam
ser abordadas (orar em conjunto pode ajudar);
3. Linguagem corporal desfavorável (ex.: não olhar
o líder nos olhos, não sentar direito, etc.);
4. Questões pessoais do supervisor não resolvidas
(ausência do discipulador e/ou do supervisor que
não consegue focar no líder, pois ele mesmo está
precisando ser ouvido por alguém);
Para o supervisor se manter antenado com a situação de
cada líder é interessante ter uma pasta ou caderneta com
anotações, pedidos, orações, necessidades e conversas
58
com ele. Pois ler a pasta e orar pelo líder antes do
encontro ajuda a aumentar a atenção. Anote o que Deus
lhe revelar em oração sobre o líder.
Lembre-se, Supervisor, de não focalizar em como você
está se saindo (egocentrismo) mas fique antenado em
como está o seu líder (altruísmo). Ouça focado nele, evite
atropelar o líder quando fala (não o interrompa) e não
conte histórias de sua própria experiência.
Outra: evite responder suas próprias perguntas (deixe o
líder fazer isso) e guarde seus conselhos para quando o
líder tiver compartilhado todos os “seus” pensamentos.
E se depois de ouvir tudo o líder não entender algo, você
pode mudar para o nível de ensino, mas lembre-se de
pedir permissão antes de compartilhar suas ideias ou vai
sufocá-lo.
Tratar e discipular um líder não envolve unicamente
assuntos da célula, muitas vezes os assuntos são
pessoais, precisamos aprender a ouvir e ver os sinais ou
percepções que recebemos na conversa, para ajudar de
verdade na solução dos conflitos caso existam e,
superimportante, não agir com a nossa intuição mas
deixar o Espírito Santo dirigir o momento. Isso é
fundamental, aliás é crucial.
Tenha em vista pontos de necessidades, pedidos de
oração e alvos futuros ao criar perguntas para os líderes.
Após o encontro anote o que foi falado e ore
intercedendo pelos novos motivos ou necessidades e
prepare as novas perguntas (prestação de contas).
59
Supervisor, seja o maior torcedor do sucesso de
liderança dos seus líderes, encoraje sem cessar, atenda
prontamente às necessidades do seu líder e o ajude a
“pescar”, não entregue o “peixe já assado”. Sugira,
estimule, exorte se for necessário, mas fortaleça o seu
líder a encontrar as soluções, ore com ele para a
autoestima crescer e sobretudo confiar no Senhor.
Supervisor, encoraje seus líderes a não desistir, mas a
persistir, a serem diligentes, a não focar nos erros ou em
questões que estão fora do seu controle (talentos, dons,
cultura, personalidade) mas a focar no trabalho, focado
na célula. Persistência e diligência trarão resultados.
“Todo trabalho árduo traz proveito” Provérbios 14:23
Por último, aconselho vivamente que depois de cada
ensino, se certifique qual a quantidade de informações
que o seu líder reteu, uma boa dica é implementar no seu
dia a dia o que aprendeu, sendo que a mente humana
tende a esquecer aquilo que não pratica. No longo prazo
tendenciamos a esquecer ou colocar de lado as noções e
informações que aprendemos assim ficam estacionadas
na nossa memória tornando-se infrutíferas. A ideia é que
seus líderes apliquem o que aprenderam diariamente,
moldando tudo com suas habilidades e adaptando ao
ambiente em que as informações serão utilizadas,
visando aperfeiçoá-las para que deem mais frutos.
Descobrir o que faz o seu líder crescer é o papel
fundamental da sua supervisão, qual a área em que ele
atua melhor, qual a sua forma de lidar com a célula,
quais sonhos ele tem a respeito dela, e por último
60
formatar a célula de acordo com o estilo de cada líder
para que haja crescimento dos dois lados.
Isso, só pode acontecer aumentando o nível de
intimidade com cada líder, pois cada um deles
comporta-se de forma diferente, age e reage
diferentemente na mesma situação (exatamente como
filhos do mesmo pai), por isso o sucesso da sua
supervisão é crucialmente ligado ao êxito da sua
liderança com cada um dos seus liderados,
imprescindivelmente ligado a torna-los mais próximos à
imagem de Cristo (25), para isso é preciso que eles
cresçam e você diminua (26).
Permita-se sonhar, junto ao seu líder, o futuro da célula
dele, envolva-o na sua oração para as células da sua
supervisão e ele aprenderá com você a duplicar isso,
lembra do exemplo de Jesus? Ele mostrava para que os
discípulos aprendessem. A mais, ensine-o a evangelizar
“para fora” da igreja além de discipular os membros da
sua célula, como consequência desse trabalho intenso
teremos lideres gerados por essa dedicação e
discipulado que levarão a célula a multiplicar de forma
natural e não forçada como acontecia alguns anos
anteriormente.
Quando todos os supervisores estiverem juntos focados
no discipulado, você descobrirá a paternidade espiritual
e o chamado pastoral. Seu pastor vai lhe agradecer pois
é nesse momento exato que você “dividiu a carga”.
61
Perguntas para refletir
1. Ser um supervisor é um dos papéis com mais
responsabilidades na igreja, você está pronto para
ser um?
2. Está disposto a cuidar dos seus líderes e fazer com
que eles cresçam e você diminua?
62
63
Capítulo 5. Sobre as missões
No ano de 2011, trabalhava em um espaço vida saudável
da Herbalife, estava sozinho e lembro que entrou um
homem meio estranho, daqueles que não falam coisa
com coisa, sabe? O estranho não foi o fato que ele queria
tomar um shake, mas o que disse para mim naquele dia,
“Deus mandou dizer que você vai ser um missionário”.
Naquela hora não dei muita bola nele, mas aquilo ficou
na minha cabeça, parecendo o devaneio de um
desconhecido, e não dei muita importância para aquilo.
Com o passar dos anos, porém entendi que ninguém fala
de Deus se não for por impulso do Espírito Santo, por
vontade de Deus. Entendi que nada acontece por acaso
e que viver na dependência de Deus só traz bênçãos para
nossa vida.
Tem um versículo ao meu ver que poderia encabeçar
este capítulo e toda a obra missionária, encontra-se no
evangelho de João quando, falando com Nicodemos,
Jesus disse: “ O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas
não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é
nascido do Espírito”. cap. 3,8.
Este é o sentimento que alberga no meu coração, acredito
que os missionários ao redor do mundo sintam isso
também. Não importa onde estiver, nem para onde eu
vou, menos de onde eu venha. Por ser nascido do
64
Espírito, faço a vontade do Pai. Estarei onde ELE precisa
que eu esteja fazendo a sua obra.
Com certeza cada chamado missionário tem as suas
“particularidades”, como diz o meu amigo e irmão
Rafael, mas em todas vejo a mão de Deus dirigindo e
orientando, cuidando e protegendo os seus filhos.
Quando Jesus falou de “... Ir até os confins da terra” (3)
para ser testemunhas dEle, não falou só para divulgar o
evangelho falando, ou falou? Disse para você ser a
testemunha, com seu modo de ser, com seu exemplo,
com sua experiência na caminhada cristã. Isso implica
viajar para outro lugar desconhecido confiando
exclusivamente no Senhor, sem saber por onde nos
levará essa jornada.
Deixar Deus no controle tem sido um verdadeiro desafio
para muitos cristãos. Muitos gostam de saber tudo o que
vai acontecer na própria vida, um pouco como quando
queremos ir em algum lugar e ligamos o GPS do celular
ou do carro e ele mostra o caminho todo, por onde
passar, quais ruas evitar, se tem sinais ou trânsito e por
fim até acompanha em cada instante, dizendo onde tem
que ir, a quanto metros tem uma curva, e assim por
diante. Estas pessoas gostariam que Deus fizesse o
mesmo quando manda elas fazer algo para Ele. Só que
não funciona assim com Deus.
Ele é que tem o nosso controle e gostaria que o
deixássemos nas mãos dEle. Deus sabe quando e como
fazer essa coisa ou essa viagem ou aquela pregação ou
acontecer aquele encontro, pois conhece os porquês de
65
tudo e coisa mais importante, Ele sabe o que é o melhor
para nós. Deus nunca vai fazer algo que nos prejudique,
se Ele nos enviar, pode ter certeza que ele também
cuidará de tudo, pois não faz as coisas pela metade. Na
Bíblia tem um versículo que diz que Deus não dá uma
provação que não possamos suportar (27), mas eu vejo
nesse versículo outra leitura. Deus não dará uma benção
para depois retirá-la na metade. Vou me explicar, Ele
não vai dar um emprego para você longe de casa sem lhe
dar um carro ou um meio de chegar lá. Não vai lhe
mandar em uma missão do outro lado do mundo e
depois não o sustentar. Entende?
Não precisa, porém, ir para uma missão do outro lado
do mundo para mostrar que se importa com as pessoas.
Se quer fazer algo e ajudar o próximo, importe-se com as
pessoas ao redor da sua igreja, ser enviado como
missionário não é a solução, se importar com pessoas é:
amigos, vizinhos, colegas, parentes, etc.
Se não consegue ajudar o próximo perto da sua casa, será
que conseguirá ajudar alguém em outro país, cujo
idioma talvez nem conhece? Cujos hábitos e formas de
viver, cultura e alimentação, você desconhece? Já se
perguntou se você é uma pessoa que se adapta com
facilidade? Conhece o inglês ou o idioma da terra onde
pretende ser enviado como missionário? Já estudou a
cultura daquele país ou está se lançando sem alguma
preparação?
Estas e muitas outras perguntas, fazem parte do
processo preparatório de um missionário, precisa sair da
66
sua zona de conforto, entende? O padrão de igreja como
o conhecemos hoje (com prédio, louvor, pregação, oferta
e dizimo, oração e intercessão, dança e ministração para
as crianças) é o único em que as pessoas se sentem
confortáveis e muitas delas estão pensando de repeti-lo,
não importa aonde forem. Mas Jesus não falou isso, nem
operou assim. E não sempre você pode usar este padrão
de igreja ao redor do mundo. Tem que haver realmente
uma “renovação do seu coração e da sua mente”, como
Paulo escreve em Efésios 4,28 para embarcar nessa
viagem no mundo missionário.
Veja o desafio das missões na Tailândia, por exemplo,
elas têm que lidar com uma forte religião muçulmana
que não abre brechas para você ser o cristão com a igreja
como se estivesse no Brasil ou em outro país cujo padrão
de igreja é parecido com a da igreja católica ou
evangélica. Nesses lugares até abrir a bíblia ou ler em
público é proibido e tem lugares onde isso leva à prisão
ou à sua morte. Precisamos viver Jesus, viver a vida
como Ele fazia, sendo exemplo, pois muitas vezes não
podemos agir como estamos acostumados a fazer no
nosso pais. Não quero assustar ninguém mas pense que
na Tailândia, nesse momento a única preocupação dos
missionários é fazer com que todos conheçam a Cristo.
O problema de fundo e que nós não vivemos dentro da
igreja, onde todo mundo se conhece, onde o clima é
legal, as músicas do louvor nos alegram e a pregação é
revigorante. Nós vivemos fora dela e é nesse cenário que
devemos agir, não dentro da igreja, onde não precisa
divulgar a palavra. Precisamos ser crentes ativos em
67
qualquer lugar. Ser missionários no nosso país, na nossa
cidade, no nosso bairro, na nossa rua de casa, conhecer
as pessoas, visita-las nas suas casas, cuidar delas. Toda
semana gastar tempo com elas. Precisamos aprender a
cuidar do próximo mais próximo que temos, para depois
cuidar dos próximos de outro país, entende?
Sinta-se incomodado com a possibilidade de que as
pessoas ao seu redor não conheçam a Cristo, enquanto
estiverem aqui nessa vida. Depois elas não têm mais
chance.
Tem uma boa notícia. Sabia que quando você se importa
com as pessoas, Deus transforma o coração daquelas
pessoas? A Palavra de Deus semeada começa a dar o seu
fruto. Como o bom semeador da parábola de Jesus, você
precisa semear nas vidas ao seu redor através do seu
exemplo, das suas atitudes. Seja o exemplo de cristão
que os outros querem ser um dia. Quando alguém, que
não conhece a Jesus e segue outra religião, olhar para
você, o que ele vai ver? Se isso acontecesse hoje, neste
exato momento em que está lendo esse capítulo, o seu
jeito de ser, sua forma de cuidar das pessoas, seriam
motivo de alguém aceitar a Jesus como seu Senhor e
Salvador? Somente porque este alguém quer ter a
mesma vida em Cristo que você reflete para os outros?
No mês de setembro de 2019 assisti a uma pregação
quanto menos singular, dois missionários vieram dar o
próprio testemunho sobre o trabalho missionário que
estão fazendo há mais de 10 anos na Tailândia, um deles
é um jovem brasileiro de Curitiba, Rodrigo, que mora lá
68
desde 2012. Quer saber o que um jovem de 24 anos
sonha? Sonha em casar. E quer saber uma coisa? Ele
decidiu entregar o que mais quer nessa vida, o seu sonho
de casar em troca de uma vida salva para Jesus.
Entende qual é o nível de servo que ele alcançou? O
preço que ele está disposto a pagar para que uma vida
seja salva? Ouvir este jovem declarar abertamente este
seu desejo deixou a inteira igreja pensativa, o pastor
chegou a chorar na frente de tanta entrega.
Talvez essa seja a palavra correta nessa hora: “entrega”.
Ele entregou tudo para Jesus e descansa o seu coração
nas mãos de Deus. Sabe que ELE é poderoso. E você?
Qual sacrifício você faria para salvar uma única alma?
Entregaria o seu maior sonho para salvar uma vida?
Prepare-se porque este mundo missionário e Jesus o
transformarão como você nunca imaginou. Tornar-se-á
um discípulo de Cristo, parecido com Paulo, mais
próximo a santidade cristã do que nunca você já esteve.
Tem um preço a pagar? Sempre tem. Mas a recompensa
é inimaginável. “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram,
nem jamais penetrou o coração humano, o que Deus tem
preparado para aqueles que O amam”. 1ª Coríntios 2,9
Perguntas para refletir
1. Do que está disposto a abrir mão para ser
missionário?
2. Entende que levar a palavra de Deus aos outros é
necessário?
3. O que você pode fazer a este respeito?
69
Capítulo 6. Sobre o louvor
O louvor, com certeza agrada ao Senhor, desde a criação
Ele nos criou para adora-lo em espirito e em verdade.
Uma vez foi surpreendido pelo Pr. Jean da Igreja
Maranata de São Luís do Maranhão quando contou que
o nosso louvor, o nosso canto, por mais desafinado que
seja ele sobe até o céu como “cheiro agradável”. Nossa,
que alivio para mim e para os demais desafinados da
igreja.
Eu podia cantar e louvar sem vergonha de Deus e dos
outros irmãos, que legal.
Essa é verdadeiramente uma boa notícia, mas o louvor
não pode fazer parte da nossa adoração e acontecer
somente na igreja.
Tem que ser diário, em cada casa, não pode ser limitado
a uma recarga semanal, mas deve ser um abastecimento
diário, assim não podemos esperar dos membros da
igreja que somente no domingo tenham necessidade de
ouvir o louvor.
Isso é redutivo por nossa parte da importância que o
louvor deveria ter em nossas vidas.
Muitas pessoas ficam receosas durante a semana a ouvir
louvores de igreja, mesmo que hoje a tecnologia nos
permite de ouvir no fone de ouvido se isso atrapalha os
70
outros, de ouvir em casa pelo celular, ou pela internet no
computador ou TV. Isso tem “soado” meio estranho,
sobretudo quando as pessoas preferem ouvir música
bem diferente dos louvores cristãos. Nada contra a ouvir
outros estilos de música. Creio seria difícil fazer uma
serenata romântica para sua esposa ou sua noiva com
um louvor cristão, talvez um Roberto Carlos da vida
seria mais indicado, não é?
Mas refiro-me aos cristãos que escutam músicas cuja
letra é no mínimo demoníaca ou fala de morte ou de sexo
ou de traição ou de outros assuntos que a bíblia em si e
o Senhor Jesus com certeza não indicariam. Ao final
somos bem conscientes quando o assunto é alimentar
nossa mente e nosso coração com as informações que
vem do mundo. Todos sabemos onde o erro está, então
sabemos que existem coisas que não são interessantes
para nos cultivar e coisas que podem escandalizar as
pessoas que não conhecem a Jesus. (28) (29).
Escuto muito cristãos usar a frase “tem nada não” ou “o
que é que tem? ”, ou algo parecido quando são
perguntados respeito às músicas duvidosas que
escutam. Será isso mesmo? Quero dizer, foi isso que
Jesus sugeriu quando mandou cantar “salmos e hinos
espirituais? ”
Vejam bem, não estou dizendo que devemos escutar
uma música de louvor a Deus quando estamos
malhando na academia, seria bom, mas não faria sentido
a não ser que seja só para você. Mas estou sugerindo de
71
alimentar a sua mente com coisas que edifiquem o seu
Espirito.
E falando de Espirito Santo, ele realmente é uma pessoa
educada e gentil, nunca chamaria você a atenção quando
tomasse uma decisão errada, nem gritaria à sua alma que
“não aguenta mais escutar isso”, muito pelo contrário,
ele diminuiria seu fogo e fecharia suas águas
constrangido.
Tem um versículo na bíblia que pode passar
despercebido a respeito do Espirito Santo, mas leiam
agora comigo: “Quem falar contra o Filho do Homem será
perdoado, porém quem blasfemar contra o Espírito Santo não
será perdoado”. Lucas 12,10. Olhem só quanto é sério o
assunto! Deus não vai perdoar ofensas ao Espírito Santo.
E nós, temos evitado isso? Em outros trechos da Bíblia se
fala da tristeza do Espirito, exatamente “não entristecer”.
Como anda nosso relacionamento com ele? Se os
verdadeiros adoradores, o adorarão em Espírito e em
verdade, como disse Jesus, (30), como anda nossa
adoração?
Minha esposa é fonte de inspiração quando o assunto é
louvor, acredito que o Espirito Santo se deleite a ouvi-la.
Além de gravar com extrema facilidade todas as letras e
as músicas dos louvores, ela adora cantar e louvar o
Senhor em casa sempre que pode. As suas orações
compridas são apresentadas com louvor e
quebrantamento. Sou honrado de ser o marido dela e sei
que muitas pessoas têm este mesmo dom, pois o Senhor
distribui os seus dons de acordo com a sua vontade.
72
Mas ao mesmo tempo que ela canta e louva o Senhor de
todo o seu coração, ela não se vê louvando no púlpito de
uma igreja, isso realmente é outro dom.
E temos assistido ao longo dos anos a uma verdadeira
necessidade de se mostrar na hora de louvar o Senhor,
por pessoas que nem sequer foram consagradas por isso.
São pessoas que apesar da sua reputação ser reta ou
vivendo no pecado ou não, impunham o microfone e
acreditam piamente que o louvor deles suba até o
Senhor. Talvez esse seja o ministério mais consagrado e
mais cheio de tentações dentro de uma igreja,
juntamente com o ministério de dança. Vaidade e
orgulho andam de mãos dadas nessa hora e muitos tem
sido atacados pelo demônio pois essa é a praia dele. (31)
Quero falar agora de algo que tem trazido preocupação
ao meu coração, estou-me referindo ao uso que se faz do
louvor dentro das células nos dias de hoje.
O louvor nasce como adoração ao Senhor, ou melhor,
como forma de adoração, pois podemos adorá-lo de
muitas formas. Quando comecei a frequentar a célula, no
começo da minha caminhada cristã, percebia não
somente a importância de louvar ao Senhor, mas de fazê-
lo com todo o coração, cantando e dedicando um bom
tempo nisso. Lembro que no mínimo tinham 3 músicas
para adoração e louvor, as vezes temos tido tempo de
célula inteiramente preenchido com louvores, nada de
pregação, só Louvor.
Hoje assisto a células nas quais o louvor é somente uma
etapa do roteiro, onde mal se escuta um único louvor, ou
73
dois no máximo e, coisa pior os membros mal conhecem
as músicas escolhidas para louvar ao Senhor. Isso é sério.
A escolha não é feita para que os membros louvem ao
Senhor, a escolha dos louvores é baseada em gostos
pessoais, relação ou não com a pregação, se está na moda
ou se for o último lançamento de um cantor ou grupo
gospel, pouco importando se os membros a conhecem o
sabem a letra.
Os líderes de célula, precisam ensinar com todo o
cuidado que as coisas feitas para o Senhor precisam de
excelência. (32)
Se os membros da célula não abrirem a boca para cantar
e louvar ao Senhor, serão meros espectadores e não serão
envolvidos nesse momento espiritual. Entendem a
gravidade disso? Quanto isso é sério? Aconselho a
escolherem uma seleta de pelo menos 20 músicas, criar
cadernetas com a letra e dar para cada membro da célula
para que possa louvar ao Senhor. Paralelamente usem
um som, ou um celular para ouvir a música, caso não se
tenha acesso a internet e não seja possível usar o
YouTube para escutar os vídeos das músicas escolhidas
com a letra delas. O importante é que os membros
conheçam as musicas, as aprendam e possam louvar ao
Senhor com os seus lábios. Assim haverá adoração “em
espírito e em verdade”.
Assim como acontece nas igrejas durante os cultos, onde
o louvor tem tomado um tempo razoável,
aproximadamente de 30 até 50 minutos, incluindo o
tempo de dízimos e ofertas e orações, da mesma forma
74
devemos dar-lhe igual importância, claro, proporcional
ao tempo da célula, na ordem de 15-20 minutos.
De acordo com o Pr. Beto Luz no seu artigo escrito no
2010 no blog “Palavra viva”-
“A importância do louvor já é expressa quando se recebe
a orientação de que ela deve ser a primeira parte de uma
reunião caseira e isto não é à toa. O louvor trabalha em
nós muito mais que as palavras e da mesma forma
recebemos bem melhor as mensagens cantadas do que
faladas e a maior prova disto é que geralmente ouvimos
mais músicas do que lemos livros e isto expressa nossa
identificação antropológica com a música.
O valor da música nas células já era reconhecido na
igreja de Atos. “… partindo o pão em casa, comiam
juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a
Deus e caindo na graça do povo…” (At 2: 46,47)
Infelizmente muitas pessoas vão para a célula ministrar
um louvor irresponsável e descomprometido com a
qualidade e não é esta a visão que devemos ter.
Temos que entender que célula também é igreja e por
sua vez é formada por adoradores por este motivo é de
suma importância uma ministração de qualidade. O
mesmo zelo que temos para os cultos de Domingo
devemos ter com as células.
O poder do louvor é desprezado por muitos líderes de
célula por imaginar que um pequeno grupo não pode
mover o mundo espiritual o que não é verdade.
75
Logo após serem açoitados Paulo e Silas foram postos no
cativeiro e chegaram a conclusão de que dispunham de
uma poderosíssima arma espiritual – O louvor.
Resolveram usar esta arma e o fruto desta disposição foi
o rompimento de cadeias físicas e espirituais.
Se eles fossem achar que apenas duas vozes seriam
insuficientes para a manifestação de Deus talvez teriam
morrido naquela prisão, mas receberam de Deus
discernimento sobre o poder do louvor, usaram e
obtiveram o mais poderoso resultado possível.
Todas as vezes que subestimamos o poder do louvor nas
células, estaremos incorrendo no imperdoável erro de
desprezar o mover de Deus que não é fruto de multidões
ou equipamentos, mas de lábios que confessam o nome
do Senhor.”
É preciso dedicar tempo e reconhecer a importância
desse momento nas nossas células. Moldar nossos
líderes para este momento que é tão relevante quanto o
a oração. Não permitam que os membros da sua célula
fiquem infrutíferos, não tenham seus espíritos elevados
em adoração. Não resuma o louvor ao ato de ouvir uma
música gospel.
Perguntas para refletir
1. Quanto o louvor tem influência na sua vida?
2. Está ciente que músicas que não louvam a Deus
ou com conteúdo discutível não lhe edificam?
3. O que você pode fazer a este respeito?
76
77
Capítulo 7. Sobre o discipulado
Há uma necessidade desesperadora de homens e
mulheres espiritualmente maduros para mentorear
cristãos mais novos, ajudando-os a esclarecer o que é
realmente importante na vida e no trabalho.
Andar juntos é o foco. Perdoar é preciso, relacionamento
implica isso, a realidade da vida é que nós ofendemos
uns aos outros. Por isso que crescemos, perdoamos e
continuamos juntos.
Essa e a beleza da família de Deus. No mundo as pessoas
brigam, casamentos se rompem, famílias são destruídas.
Vamos louvar a Deus quando somos ofendidos pois
nisso podemos crescer.
Exatamente como os casais que vivem juntos, andam
juntos, comem juntos, dormem juntos e precisam se
relacionar todos os dias, imaginem a necessidade que
tem de se relacionar duas pessoas próximas, com os
mesmos interesses ou frequentando a mesma igreja.
Mentores espirituais podem ajudar crentes mais novos
na realização de seus sonhos e visões e a se sentirem
conectados integrando vida e trabalho e alcançando a
maturidade espiritual.
Em vez de relacionamentos autênticos e de cuidado,
atualmente na igreja o crente com muita frequência é
encorajado a participar dos cultos, estudos bíblicos,
organizações paraeclesiásticas ou ministérios
evangelísticos com a finalidade de encorajar sua fé e
"crescer firme no Senhor". Esquecemos, porém, que ele
NÃO pode crescer sozinho. A teoria é que mais ensino
78
da Palavra com mais participação no ministério é igual a
mais maturidade espiritual. Por mais importantes que
esses envolvimentos possam ser, essa falsa suposição
leva crentes a absorverem mensagem após mensagem,
livro após livro, seminário após seminário, tudo para
preencher o vazio de um verdadeiro relacionamento.
O resultado é um cristão que engorda espiritualmente e
fracassa na interpretação do que está aprendendo para
poder transmitir essa experiência a outras pessoas. E por
não ser discipulada, mas “treinada” por alguém, essa
pessoa não sabe como influenciar outras pessoas por
meio de sua vida, de maneira significativa e sacrificial,
porque ela mesma nunca teve um cuidado paterno
apropriado, permanecendo uma criança espiritual,
necessitando ser mimada pelo pastor ou outro obreiro.
Porém, como povo de Deus, temos de amadurecer...
Bebês necessitam ser cuidados e alimentados pelos pais,
assim como crentes necessitam ser supridos de maneira
prática por pais amorosos que se alegram quando seus
filhos alcançam seu pleno potencial em Cristo.
Deus quer produzir pais espirituais dispostos a cuidar
de filhos espirituais e ajudá-los a crescer para que
venham a se tornar a sua vez pais espirituais. Filhos
espirituais necessitam de pais espirituais que
desenvolvam neles um caráter forte e lhes assegurem
que eles têm valor, que são presentes de Deus. Quando
os filhos amadurecerem, eles por sua vez deverão
desenvolver a geração que virá depois. Cada pessoa é
chamada a ser um mentor: Nós somos cuidados como
filhos para nos tornarmos pais e podemos ir muito mais
79
longe espiritualmente, quando trabalhamos juntos em
unidades parecidas com a família para alcançar o
mundo.
Você sempre pode encontrar alguém mais jovem
espiritualmente para você discipular e treinar nos
caminhos de Deus e logo essa pessoa estará pronta para
treinar outros também. Temos de aprender como liberar
pais espirituais de todas as idades para que se
reproduzam. Quando a Bíblia exorta homens mais
velhos a treinar homens mais jovens e mulheres mais
velhas a treinar mulheres mais jovens, isso significa que
um pai espiritual deve ser um cristão maduro, que
reflete experiência. Isso não quer dizer necessariamente
que tem de ser alguém de mais idade para mentorear
outra pessoa de menos idade. Experiência e maturidade
espiritual devem ser o padrão de medida que indica
quem deve mentorear quem. Independentemente da
idade, é a maturidade espiritual da pessoa que a
qualifica para mentorear outra.
Muitas pessoas se encontram órfãs não apenas dos pais
biológicos, mas de todo tipo de herança emocional e
espiritual sadia. A igreja também está repleta de órfãos
espirituais. Eles aceitaram Jesus Cristo, mas não
receberam alimento para sua fé. Seja por causa da falha
deles mesmos, seja pela falha de outros, ainda não se
tornaram membros da família espiritual. Precisam de
uma figura espiritual paterna, que as ajude a crescer no
Senhor. Ser um pai ou uma mãe no Senhor não se limita
àqueles que exercem o pastorado, ou aos líderes
espirituais. Há também a necessidade crucial de outras
pessoas espiritualmente maduras, interessadas no
80
próximo e capazes de agir como "pais" e "mães" de
outros crentes. Mediante sua simples presença,
conseguem ministrar às pessoas ao seu redor por causa
da maturidade e da profundidade de seu conhecimento
de Deus. Precisamos espalhar pela igreja inteira esses
"pais" para serem quem são. Estando disponíveis, tendo
tempo suficiente para as pessoas e tendo um lar aberto,
podem ser instrumentos valiosos de cura e amor.
De acordo com o que escreveu o Pr. Alexandre
Cavalcanti da igreja Menonitas de Curitiba, “vamos
verificar alguns obstáculos que impedem que as pessoas
se desenvolvam para se tornarem mentores. Se você se
encontra em alguma destas categorias, não fique aí
parado. Seus filhos espirituais esperam por seu
cuidado.“
Observamos em seguida as 5 categorias destacadas por
ele.
1. IGNORÂNCIA - Atualmente, a falta de
conhecimento impede muitos de se tornarem
mentores. Muitos cristãos dedicados nunca
ouviram falar de mentoria espiritual ou não
compreendem seu conceito. Quando
compreendemos que Deus é um Deus de famílias
e que deseja que cada pessoa seja um pai ou uma
mãe espiritual para outra(s) pessoa(s), nós
entendemos a mentoria espiritual; nós não mais
somos ignorantes e temos a responsabilidade de
corresponder. Por outro lado, a ignorância
também pode vir da ausência de modelos. A falta
de um mentor espiritual em nossa própria vida
pode ser a causa de ficarmos à margem porque
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Reflexões sobre a Igreja em células do século XXI

  • 1. 1 Maurizio Frasca Saia do seu lugar!Reflexões sobre a Igreja em células do século XXII
  • 2. 2
  • 3. 3 Introdução Tenho sentido a necessidade de criar um instrumento de analise que pudesse ser usado tanto nas igrejas nos treinamentos quanto nas células como ponto de debate da visão de Jesus para os seus discípulos. Resolvi escrever esse livro por indicação do Espírito Santo que por duas vezes veio me sugerir que era o momento de fazê-lo. Portanto pode ser que algumas áreas não sejam tão exploradas como alguém gostaria, ou que não sejam esclarecedoras como se esperava, mas garanto que seu conteúdo é o mais honesto e singelo para a igreja de Cristo deste novo século. Estamos próximos ao termino de mais um ano, faltam 3 meses à mais uma virada em que promessas e objetivos são traçados, mas algo não encaixa para mim. Um certo incomodo tem tomado o meu coração quando o assunto é Igreja, quando a pergunta que não quer calar é “estamos fazendo o IDE que Jesus pediu? ”.(1-2) Tenho lido livros, estudado comportamentos de várias igrejas, refiro-me aos membros e aos pastores, mas não encontro uma genuína atuação do que Jesus pediu. Coloco-me na frente daqueles que estão parados se perguntando como fazer isso ou aonde fazer isso, mas Jesus não questionou sobre este ponto e talvez nós
  • 4. 4 estejamos tão preocupados nos detalhes que perdemos de vista o foco de tudo isso. Lendo esse livro os convido a “sair do seu lugar”, a enxergar de forma diferente o conceito de “ser igreja” hoje e, sobretudo, os convido a se mexer, a não ficar parados enquanto esperam o Senhor Jesus voltar, os convido a sacudir seus espíritos, seus intelectos, suas almas e os convido a buscar respostas na Palavra de Deus. Discipulado para mim é a chave, é o que Jesus fez e ensinou ao longo de 3 anos com seus 12 discípulos. Enquanto orava, curava, repreendia, se humilhava, amava, chorava, ensinava, Jesus vinha discipulando-os dia após dia, incansavelmente. Quando Ele pediu para ensinar a todos “a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês” foi bastante claro. (1) Mas então, porque a dificuldade em seguir o que Ele pediu? Qual o freio que impede a essa geração de cristãos do século vinte de ir para frente? Quanto, a formação católica perpetuada ao longo dos anos e dos séculos, tem afetado as gerações atuais com seus dogmas e culturas fora do evangelho? Porque enquanto o IDE nos remete a um movimento para a frente em todas as direções (e serei minhas testemunhas.... até os confins da terra) (3) parece que a inteira população cristã grita “VENHA”, oferecendo atrações, eventos, cursos temáticos ou bíblicos, como se
  • 5. 5 o atrativo das igrejas sejam essas coisas e não a palavra de Deus. A imagem da igreja católica, (cujas construções de imponentes estruturas em mármore e vitrais, caracterizaram a importância e a solenidade cristã dela e a elevou a nível mundial por muitos séculos como símbolo da única detentora dos direitos sagrados e indiscutíveis das verdades cristãs reveladas ou pelo menos assim pensávamos), contagiou a igreja evangélica. As igrejas evangélicas vivem uma fase de verdade revelada por Cristo, mas ao mesmo tempo decidiram que precisam de uma estrutura física (a semelhança das outras religiões) para guardar o rebanho ganho, como se o prédio mesmo fosse um curral das almas, como se isso conferisse valor no dia do juízo final e valesse como pontuação especial para os pastores (detentores dessa responsabilidade). Será que Jesus naquele dia queria dizer isso? Ele falou de ser testemunhas, não de juntar as ovelhas em um lugar só para protegê-las do mundo afora. Se Ele quisesse isso não teria dito ao Pai “ Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno ”. (4) Ele falou de ir até os confins da terra, não disse -fiquem parados em um lugar só e criem uma ilha feliz-, ou Ele estava sugerindo? Pretendo aqui abordar alguns assuntos delicados do discipulado, aplicados nas várias áreas em que hoje a igreja evangélica atua.
  • 6. 6 Nesse livro vamos conversar sobre isso e sobre muito mais. Peço que se armem de paciência, pois meu português as vezes sofre invasões italianas ao longo da conversa. Peço também paciência pois alguns aspectos do meu ponto de vista sobre a igreja moderna podem ofender sua visão, se isso acontecer veja na Bíblia e ore ao Senhor Jesus se é isso mesmo que Ele queria dizer, eu farei o mesmo. Peço enfim compreensão pois escolhi não colocar minha biografia neste livro, sinto-me simplesmente um discípulo de Jesus que reflete sobre a Igreja em células do século XI, nada mais, nada menos. Veja meus relatos como os de um irmão em Cristo. Se algum proveito tirar disso seja dada Glória a Deus. Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha. Filipenses 2:5 NTLH
  • 7. 7 Agradecimentos Acima de tudo quero agradecer a presença do Espírito Santo em minha vida, selo eterno do meu único Senhor, e Salvador Jesus Cristo, quero agradecer a Deus pai amoroso que tem cuidado de mim e da minha família como ninguém jamais fez e que me escolheu no ventre da minha mãe. Dedico esse trabalho a todos aqueles que o Senhor colocou no meu caminho cristão desde o primeiro dia que o encontrei, cada irmão, cada pastor, cada amigo que incansavelmente tem pregado e derramado a palavra de Deus na minha vida. Colocarei os agradecimentos em ordem cronológica, desde a minha conversão a Cristo até os dias em que escrevi o presente livro. Os irmãos que marcaram minha vida são muitos e aqui colocarei somente os principais, mas todos sem dúvida influíram na minha formação cristã diariamente até com um simples sorriso ou abraço. A todos eles o meu “muito obrigado” Agradeço a Cleiton por cada instante do seu discipulado, por colher as minhas lágrimas quando precisava sair da depressão e enxergar a beleza do caminho em Cristo.
  • 8. 8 Agradeço a Pablo e Fernanda por ter sido meus líderes incansáveis de célula e ter ministrado na minha vida cada dia e cada semana. Agradeço ao pastor Afonso da igreja Maranata de São Luís do Maranhão, por ter sido esse pastor fiel ao Senhor e discipulador excelente além de cuidador amoroso e paciente que acreditou em mim mais do que eu mesmo. Agradeço ao pastor Rafael, supervisor do meu líder de célula que incansavelmente me ensinou a importância do discipulado e exemplo para mim de cuidado especial com a igreja e com as pessoas que não conhecem a Jesus. Agradeço a minha fiel esposa Márcia que sempre ao meu lado dia após dia tem sido uma companheira firme na palavra, permanecendo este exemplo de adoradora e serva fiel do Senhor Jesus. Agradeço ao pr. Alexandre pela inspiração e ajuda constante em divulgar a palavra de Deus e a todos os membros da igreja Menonitas de Curitiba no Paraná pelo constante apoio. Agradeço ao pr. Ednilson por ter me ensinado a alegria que existe em servir ao Senhor Jesus e a carregar de forma leve o fardo do chamado pastoral. Agradeço todos os pastores que marcaram e continuam marcando nossas vidas.
  • 9. 9 Sumário Capitulo 1. Sobre a igreja. 11 Capítulo 2. Sobre a liderança 27 Capítulo 3. Sobre o pastoreio 39 Capítulo 4. Sobre a supervisão 53 Capítulo 5. Sobre as missões 63 Capítulo 6. Sobre o louvor 69 Capítulo 7. Sobre o discipulado 77 Conclusões 87 Bibliografia/ Créditos 89 Referências bíblicas 91
  • 10. 10
  • 11. 11 Capítulo 1. Sobre a igreja. Como nasci em um lar católico, sempre achei que igreja era o local onde assistíamos as pregações, confessávamos os pecados ao padre, fazíamos os casamentos, os funerais, a comunhão e a crisma. Sempre achei que o batismo nas águas era necessário para dar o nome a uma criança e que os padres eram os mais próximos à vontade de Deus. Também gostava das igrejas em Roma, monumentais, imponentes, parecia que Jesus morasse nelas de vez em quando. Quando aceitei Jesus Cristo na minha vida e declarei que iria ser o meu Senhor e Salvador, foi fácil entender que a partir daquele momento eu iria servi-lo de todas as formas e sempre que houvesse necessidade. O conceito de servo quando alguém aceita Jesus é totalmente diferente do conceito de escravo que o mundo ensina. Ser servo de Cristo significa carregar um fardo leve e fazer a vontade dEle, pois isso é o plano de Deus para nós. Também foi claro que eu tinha que servir aos irmãos e irmãs em Cristo e obedecer ao meu pastor. Como foi claro que assim como eu fui discipulado, a minha vez eu tinha que discipular alguém. Pois só damos o que recebemos. Eu recebi, portanto, precisava dar.
  • 12. 12 Nesse momento a igreja passou a ser um conceito novo na minha vida, eu era a igreja. Eu era a noiva. Eu que precisava ir ao encontro das pessoas e não o contrário. Eu que precisava ser o sal que sai do saleiro e têmpera os outros. A igreja não era mais o prédio bonito e imponente símbolo da vida cristã, eu era este símbolo. Um dia ouvi dizer que “precisamos pregar o evangelho para cada pessoa e em cada lugar e que se fosse preciso, falássemos”, entendem? Nossa vida é a pregação que o mundo precisa ouvir, nós somos o livro que precisa ser lido, nós somos o braço que se estende ao próximo e cura e liberta os oprimidos. Ou alguém achou que isso só pertencia a Jesus? Nós como igreja é que hoje temos esse poder e essa autoridade. (5) Jesus deu isso através do Espírito Santo, lembra quando disse que o mandaria para convencer o mundo? (6) Que conceito mais lindo de igreja, quer dizer que nós somos igreja e não um pedaço de gesso ou uma estrutura de concreto, vidros e metal. Se nós somos igreja então porque continuamos nos escondendo por trás de uma estrutura sem graça nem amor como as igrejas de hoje? Veja bem que escrevi, “estruturas sem graça nem amor”, não estou falando que as pessoas que congregam ou se encontram nelas são sem graça e sem amor, longe de mim um pensamento desses. Muito pelo contrário as
  • 13. 13 igrejas de hoje são repletas de ações humanas e solidárias, exemplo do amor de Deus. Talvez esse seja o ponto inicial da nossa conversa, as pessoas, com seus anseios, suas certezas e fraquezas, suas necessidades, mas também seu amor para dar. Muitas igrejas têm negligenciado as pessoas que são templo do Espírito Santo, para focar no volume geral, olhando para o todo ao invés de olhar para cada um dos membros. E também seria tarefa não fácil para qualquer um, humanamente falando, cuidar de tantas pessoas. Algumas outras igrejas infelizmente têm focado no bolso dos membros, pouco se importando com as reais necessidades deles, ao invés se preocupar das almas entregues aos seus cuidados. Sobre este último argumento falaremos mais à frente. O conceito do discipulado mais uma vez vem ao nosso encontro para nos ajudar a entender como podemos cuidar de todos os membros da igreja de Cristo. Discipular é cuidar, se importar do outro, exortar o próximo a não se desviar do caminho principal, é acima de tudo prestar conta. Porque? Porque é na prestação de conta que sabemos se estamos ainda na direção certa, lembra “o meu alvo é Cristo” de Paulo? (7). Pois é, será que sozinhos conseguimos manter o foco nesse mundo sempre mais acelerado? Desde os tempos de Salomão em Eclesiastes e antes disso com Moisés e Arão, com Josué como aprendiz (aprendiz = outra forma de expressar alguém que está sendo discipulado) e mais
  • 14. 14 antes ainda no começo do mundo, Deus tem se preocupado com o fato que o homem não andasse só. (8) Deus sempre soube que o ser humano precisa de comunhão, de compartilhar o que sente, de dar e receber de alguém, precisa que exista uma troca. No discipulado um a um vemos isso. Discipulado não somente entre irmãos da igreja, mas também com os Oikos, com os nossos colegas de trabalho, com os vizinhos, entre líder de célula e seus membros ou seus auxiliares em treinamento. Troca de experiência, ensino e exortação são vistos de bons olhos em muitas igrejas evangélicas que decidiram seguir o envio que Jesus deu nos evangelhos: Discipular, ensinar uns aos outros. Pena que muitas outras igrejas ainda seguem o modelo católico, focam em um único sermão dominical, sem muita ênfase na atividade social, menos ainda no treinamentos e desenvolvimento dos seus membros. Isso tem gerado um atraso enorme na igreja de Cristo. Os membros que não são ligados através de um discipulado, acabam esfriando, como uma brasa fora do braseiro, e não tendo alguém que se importe com eles, perdem completamente o interesse nas coisas de Deus. O amor pregado no púlpito permanece lá, não sai da bíblia, menos ainda da igreja ou dos membros que ficam só se preocupando com os “seus”, desinteressados em ajudar desconhecidos. Que coisa né? Como se a pregação ou a ajuda ou o acompanhamento seja devido somente aos poucos íntimos e não a todos.
  • 15. 15 Temos muitas igrejas cuja programação semanal é muito intensa, mas cuja dedicação às pessoas é infelizmente ausente. Quando nos aproximamos à igreja, sempre somos levados a estudar, fazer cursos, seminários, etc. Tudo se torna necessário para engessar você e a sua visão de Cristo. Isso é cristianismo? Jesus pediu para fazer isso ou nós decidimos? As pessoas são muito acolhedoras dentro do prédio chamado igreja, mas muito distantes fora dele. Tem irmãos que cumprimentam os outros com frases de efeito “ a Paz do Senhor” ou “que bom ver você aqui (na igreja) ” ou “sentimos sua falta domingo passado”, etc., mas se encontram os mesmos irmãos na rua durante a semana, mal dão um “bom dia” ou “boa tarde” quando não fazem de conta que não o conhecem. Triste isso, muito triste. Mas a pergunta que não quer calar é: “Deus se importa?”. Deus se importa se o louvor foi bom, se deu a oferta ou não, se está cantando ou não? Deus quer que levemos as pessoas ao Ele. Precisamos pensar como levar a presença de Deus fora da igreja. Quem se importa com as pessoas que vivem ao nosso redor (vizinhança, parentes, colegas de trabalho ou de escola, etc.)? Estamos tão preocupados com a multiplicação das células; mas qual é o motivo real da multiplicação? Aumentar o número de membros da igreja? Será que se importar com o próximo é tão difícil? Será que demonstrar amor para com os outros nos tira um
  • 16. 16 pedaço? Será que doar algo, seja tempo, seja dinheiro, seja uma roupa ou uma comida ou simplesmente um mimo, reduz nossa existência? Será que doar sem esperar nada em troca, é uma desvantagem? Será que Jesus estava tão preocupado com estes problemas quando abraçava um leproso ou levantava uma criança, ou sentava com os cobradores de impostos ou conversava com uma prostituta? Acho que não. Então porque nós, que fomos aproximados a Deus pelo sacrifício de Jesus na cruz estamos colocando tantos obstáculos para atender a um pedido dEle? Já pensou se Jesus criasse obstáculos quando a pedir somos nós? Que seria de nós sem Ele? Hoje percebo que a igreja moderna tem se afastado de forma consistente e quase mecânica dos mandamentos que o Senhor Jesus deu no evangelho de Mateus. “Ame a Deus”, (9) pareceu até fácil, já “com todo o coração, toda a alma, toda a mente” requer um sacrifício maior para a maioria das pessoas, requer uma entrega total e nem sempre estamos dispostos a abrir mão do controle das nossas vidas para entregá-lo a um Deus todo poderoso. Ao final “quem sabe o que preciso sou eu!”, ou algo parecido ecoa na nossa mente quando pensamos em depender totalmente dEle como uma criança faz com os seus pais, não é mesmo? Imagine agora a dificuldade em aplicar “ame aos outros como a você mesmo” na própria vida... Como assim? Eu amar o outro como amo (e cuido e dou alimento e visto e limpo e divirto e quantas mais coisas faço) a mim mesmo? Quase impossível, por
  • 17. 17 muitos pelo menos este é o sentimento que impera nessas horas... Vejo nisso algo que chamarei de “fariseunismo” (peço licença por forjar essa palavra) da igreja moderna. Estamos voltando todos, indistintamente, quem mais quem menos, a uma engessada postura parecida com a dos fariseus da época de Jesus. Estamos decorando sempre mais as letras e os versículos imponentes da bíblia, sob forma de vídeos ou fotos que lançamos no WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat, LinkedIn, e o mais novo Tik-Tok, só para elencar os mais famosos, mas sempre com um cunho mais figurativo, como posso dizer, de “fachada”, para mostrar aos outros o que pensamos. Sem falar da quantidade estrondosa de “gurus” de todas as idades que querem competir com os verdadeiros pastores e mestres de igreja, dando aulas teológicas no Youtube, dando literalmente “pitaco” sobre as escrituras sem ter feito algum estudo teológico, sem nunca ter pregado de verdade ou pior nunca ter orado e pedido a Deus se este era o Seu Plano para elas. Precisamos viver o que fazemos ou expressamos na internet ou seremos simplesmente vasos vazios, ocos, lindos talvez por fora, mas manchados por dentro pelo orgulho e a vaidade. Lembram dos filhos do Ceva? Tentaram se passar por homens de Deus, mas o que conseguiram não foi bem o que esperavam. (10). Por isso quero alertá-los, a Palavra de Deus precisa ser respeitada. (11)
  • 18. 18 Estamos criando uma geração de filhos que aprendem com os pais que mandar uma foto com escrito, ”bom dia, Jesus te ama” é a nossa obrigação cotidiana com o evangelho e com o Senhor Jesus. Filhos, estes, que estamos criando isolando-os do mundo real, aquele mundo cheio da obra do maligno, cuja terra pertence (pois tudo isto me foi dado), por tê-la recebida lá no Éden. (12) Filhos, os nossos, que não estamos discipulando pessoalmente, mas deixamos que a sociedade os discipule ao ritmo maçante das redes sociais, que a escolinha dominical faça o milagre, ou o louvor desperte a sua consciência cristã. A triste notícia é que a sociedade atua 24hs sem parar enquanto nós frequentamos a igreja ou dedicamos tempo à Palavra de Deus algumas horas por semana, é uma batalha perdida desde o começo, pense bem. Não está demais? Acredita mesmo que os outros devem cuidar do que é seu? Sendo assim, fica impossível cuidar dos que não fazem parte da sua família e que não tem o seu mesmo sangue, concorda? Não cuida dos seus e quer ensinar a cuidar dos outros. Quanto menos surreal. Já parou para pensar que reverter isso é possível? Comece a cuidar dos seus, pregue a Palavra dentro da sua casa, faça um culto doméstico ou crie momentos de oração, sobretudo com os seus filhos, ensinando-os a depender de Deus e não de você. Ensinando que Deus é bom e os ama. Protegendo-os do mundo afora com os seus valores corruptos onde a autoridade dos pais é desrespeitada e o casamento é um teste que pode ou não dar certo, independentemente se afeta filhos e familiares.
  • 19. 19 Gere vida na sua casa, gere amor ao próximo, ensine o amor de Deus acima de todas as coisas. Crie seus filhos no respeito ao Senhor. Ensine-os a se defender dos valores errados para que também eles saibam separar “o joio do trigo”. Também educá-los no uso da internet, acervo de coisas boas e úteis e infelizmente de coisas más e danosas que alimentam a mente dos seus filhos ininterruptamente. Saber quando usar, como usar e como se defender são ótimas formas de cuidado. Eles saberão o que fazer quando você não está presente. Façam o certo, pais e educadores, não meçam esforços quando o assunto é a educação virtual dos seus filhos. O fariseunismo infelizmente vem tomando conta das nossas atitudes, fazemos o mínimo indispensável, achando que é muito, mostrando aos outros o que temos feito, como se isso contasse lá na frente, quando estaremos sendo julgados por Deus. Como se Deus se importasse com isso. Vemos exemplos cotidianos de novos fariseus “achando” que estão sendo exemplo para os outros, quando na verdade estão afastando as pessoas de Deus, com o próprio comportamento. Vemos pastores sobrecarregados de todas as responsabilidades que os membros da igreja não querem assumir; alguns destes pastores por falta de cuidado e de alguém que os discipule dando algo a eles ao invés de somente receber, tem tirado suas próprias vidas. Vemos pastores sozinhos, lá em cima do púlpito,
  • 20. 20 buscando distribuir as cargas e as responsabilidades dentro da membresia da igreja, sem sucesso. Vemos pastores tentando criar “atividades” para chamar as pessoas para dentro da igreja e esquecendo o principal, o cuidado ao próximo. Vemos também irmãos e irmãs, usando as igrejas como “fast-food” espiritual, entrando no domingo à noite com um “canudo” para sugar o que há de interessante na pregação, batendo o ponto na saída e achando garantida a sua dose semanal de cristianismo. “Amar ao próximo como a ti mesmo” nunca fez tanto sentido como nos dias de hoje, onde a vida tem perdido seu verdadeiro valor e onde as famílias estão sendo estraçalhadas pelas culturas “alternativas” tanto do físico, como do sexo, como da mente. Fazer discípulos na igreja moderna não é mais somente uma obrigação, a execução de uma ordem dada por Jesus, é uma necessidade de vida ou de morte para que nossas igrejas sejam faróis de luz, amor, respeito ao próximo, sejam fogo educador dos princípios cristãos. Discipular alguém além de doar e dar cuidado, nos permite receber amor de volta, permite crescer junto a alguém que não necessariamente precisa ser irmão de sangue, mas que se torna tão importante quanto, se não mais. Ser discipulado nos permite escolher alguém que cuide de nós de verdade e ao qual damos permissão para mexer na nossa vida, para permanecer fiéis ao nosso
  • 21. 21 chamado, ao estilo de vida que escolhemos quando encontramos Jesus. Cuidar de alguém é uma honra, o mesmo Pedro nos lembra que precisamos cuidar das pessoas com toda a dedicação (13), o mesmo Deus nos honrará na hora certa. As igrejas atualmente estão se tornando locais de shows, entretenimento semanal evangélico, uma rotina quase que obrigatória por alguns, uma chatice para outros, uma imposição familiar para outros ainda. Assim elas perderam a função principal, ou na verdade nunca a vislumbraram completamente, empenhadas como são em tirar público das outras igrejas de qualquer denominação. E falando em “denominação”, o que mais vemos é novas igrejas sendo criadas a cada momento, com denominações fantasiosas e cujos pastores, anseiam para ter o seu rebanho pessoal, gerar sua fonte de renda, ter seu nome escrito na placa... Será que este é o caminho? Discordar do pastor da sua igreja, fazer um curso teológico (muitos nem isso fizeram) e abrir a sua própria igreja com uma denominação diferente? Será que dividir a igreja em várias denominações estava nos planos de Deus? Será que tratar as igrejas como franquias, abrindo inúmeras filiais é o verdadeiro “business”, o moderno chamado espiritual deste século? O mesmo Jesus não precisou de uma igreja para a obra dele, nem os apóstolos precisaram, estes preferiam ir nas casas falar pessoalmente de Jesus e cuidar um a um (discipulado) dos moradores daquela casa ou região.
  • 22. 22 Não tinham tantas atrações como hoje vemos neste mundo cristão, nem tinham sequer a tecnologia tão acelerada para ajudá-los a atrair pessoas ao Reino de Deus. Então, por que nós precisamos? Talvez porque decidimos sentar e esperar a vinda dEle. Ao final nós somos salvos, não é? Pena que não! Jesus foi muito claro nesse aspecto quando disse em Lucas 6-46: “Por que vocês me chamam “Senhor, Senhor” e não fazem o que eu digo? ”, e também disse “Não é toda pessoa que me chama de “Senhor, Senhor” que entrará no Reino do Céu, mas somente quem faz a vontade do meu Pai, que está no céu. Quando aquele dia chegar, muitas pessoas vão me dizer: “Senhor, Senhor, pelo poder do seu nome anunciamos a mensagem de Deus e pelo seu nome expulsamos demônios e fizemos muitos milagres! ”. Então eu direi claramente a essas pessoas: “Eu nunca conheci vocês! Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal! ” - Mateus 7:21-23. Torna-se inadiável tomar essa decisão, precisamos fazer do discipulado um estilo de vida, uma forma de ser, precisamos anelar um relacionamento desse. Mais de um se for possível. Jesus discipulou doze ao mesmo tempo, mas entendo que nos dias de hoje isso é quase impossível, não somente pelo tempo disponível do discipulador, mas também dos discipulados. Jesus foi e será o único nesse aspecto. Mas podemos cuidar de dois ou três tranquilamente. Começar com um e depois cuidando de mais dois,
  • 23. 23 acredito que é um bom começo. Mais à frente falaremos sobre esse assunto de forma mais exaustiva. A igreja evangélica moderna precisa voltar ao básico, relacionamentos são imprescindíveis, não deleguemos isso à mídia digital ou seremos meros repetidores vazios e sem graça da palavra de Deus, ao invés de serem praticantes dela. Quando falo básico, entendo básico mesmo viu? Sair do seu conforto, sair da sua rotina, sair do seu conformismo que o mantém preso até agora lendo este livro. Saia do seu cotidiano e comece a se preocupar com o seu próximo. Quem é esse? As pessoas que estão ao seu redor e precisam do seu cuidado, talvez de uma única palavra de carinho. Ore, incessantemente, ore, peça a Deus para-lhe mostrar as pessoas que precisam do seu cuidado. Igreja não é ministério, é relacionamento, não tem a ver com aquilo que você faz, mas tem a ver com aquilo que você é, como você vive. Relacionamentos de amor, este é o testemunho da igreja ao mundo. E as pessoas com depressão ou vítimas de drogas, ou com problemas mentais são as que requerem mais cuidado e a mais dedicação. O amor é a chave. Concentre-se em pessoas, em amar pessoas, em relacionamentos, em união. Precisamos ser um. Se formos um não podemos ser quebrados. Ser Igreja é simples, cuidar de pessoas, empoderar as
  • 24. 24 pessoas mostrando quem são elas em Cristo Jesus, ajudar as pessoas a serem o povo de Deus, cada um ajudando outras pessoas, porque muitas vezes o ativismo rouba o nosso tempo. As vezes os membros são tão ocupados que não tem tempo para a própria família. Temos necessidade de mentorear e ser mentoreado. Eclésia significa povo chamado para fora, separado. Igreja são pessoas. Isso parece fácil, mas não é. Precisamos ensinar às pessoas a ser como Jesus, começando com nós mesmos. Ler a bíblia e aplicar à sua vida o que a Bíblia diz, só isso. Seja igreja você mesmo, liberto dos paradigmas, das tradições, das atividades, seja imitador de Cristo. Precisamos focar nas pessoas, repito, igreja são pessoas, igreja é relacionamento, igreja é família, não somente a sua, mas todas as famílias. A maioria das coisas que nós fazemos na igreja não tem nada a ver com a igreja da Bíblia. Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais”. Jeremias 29:11 ARA Este texto fala do plano de Deus para nós, quando as pessoas não têm um plano para as suas vidas, fale do plano de Deus para elas. Precisamos mostrar o plano de Deus para as pessoas que estão longe dele. Dê esperança aos necessitados (crianças sem pai, emarginados, homossexuais, etc.) Sejamos a igreja que Jesus planejou, sejamos a noiva que Ele espera. Ou ficaremos fora da festa no céu. (14) (33)
  • 25. 25 Perguntas para refletir 1. O que acha aconteceria na sua igreja se todos aplicassem os princípios bíblicos aqui lembrados? 2. Acha que temos chances de tornar a ser a igreja que Jesus profetizou? 3. O que você pode fazer a este respeito?
  • 26. 26
  • 27. 27 Capítulo 2. Sobre a liderança Admito que quando entrei na igreja Maranata, a primeira vez, achei meio estranho o fato de ter meninas dançando e alguns rapazes louvando ao Senhor. Achei que não tinha nada a ver uma com outro. Por vir de uma igreja católica romana, a dança nem sequer é contemplada na missa, os salmos são lidos e não cantados como vi no Brasil e o louvor é feito por uma única pessoa no órgão ou no máximo com um pequeno coral. Porque contei isso? O que tem a ver com liderança? Uma das coisas que aprendi naquela situação que tudo era ministrado por um líder do louvor, hoje pastor Jean, que cuidava tanto dos membros do louvor quando da coordenação de tudo que era feito no púlpito antes da pregação. Um exemplo perfeito de liderança, deveriam ver, ele ensinava a todos os que faziam parte do ministério de louvor que o trabalho no ministério começa de baixo, levando cabos, arrumando a sala, fazendo as tarefas básicas, mas necessárias para que o louvor fosse dedicado verdadeiramente ao Senhor. Nesse tempo ele discipulava os membros do ministério e os novos membros, cuidando não somente da parte espiritual, mas, também do real motivo que fazia as pessoas se aproximarem do seu ministério. Se ele só suspeitasse que o motivo de estar lá no púlpito não fosse
  • 28. 28 para louvar o Senhor, mas que tivesse uma porção de ego bem no fundo do coração, ele não permitia o avançar dessa pessoa antes de ser tratada com discipulado. Nisso vejo uma grande lição para todos os líderes. Não é suficiente discipular o seu liderado, precisa sondar o seu coração para ter certeza que os motivos que o levam a se tornar um líder não sejam “necessidade de holofote” ou “desejo desenfreado de comandar os outros” ou algo parecido. O líder precisa mergulhar fundo na vida do liderado para ver como está o seu relacionamento com a família, com Deus, com a igreja e os irmãos. Se necessário deve orar e libertar o seu liderado de eventuais problemas espirituais que estejam prendendo ele. Uma atenção especial que merece ser destacada no conceito de liderança, que deve ser ensinada da forma correta aos discípulos com certeza é que o líder não é alguém que manda e desmanda, mas alguém que serve com excelência aos outros. O exemplo de Jesus, na hora de lavar os pés aos seus discípulos transmite isso de forma bem clara, (15) além de servi-los, os preparou, foi para a cruz e deixou o legado. Jesus amou os seus discípulos e os amou até o fim. O exemplo que Deus e Jesus deixaram do evangelho de João nos capítulos do 13 ao 17 é uma das maiores lições sobre amor. E para ter certeza que não esquecêssemos deixou o Espírito Santo para nós lembrar de tudo.
  • 29. 29 Temos enfrentado um problema ao preparar pessoas para ser líder, pois elas, ao término do curso, estão ansiosas para liderar alguém, quando na verdade deveriam estar ansiosas para servir alguém. Quando aceitamos a Jesus como Senhor, nos tornamos automaticamente servos dEle. (16). Daí deveríamos logo aprender e ensinar aos nossos discípulos que essa é a atitude correta. Infelizmente muitos só lembram da parte que menciona Jesus como “Salvador” e, às vezes até o colocam antes do “Senhor” ou esquecem desse detalhe tão importante, pois o que interessa é “ser salvo”, enquanto o servir pode ser colocado de lado ou esquecido intencionalmente ou não. Aceitar o Senhorio de Jesus é a prioridade, ser salvo é a consequência, e não o contrário. Infelizmente temos assistido a episódios tristes onde os crentes sequer pensam que se tornaram servos de Jesus, assim mal fazem ou mal ouvem o que Ele pediu. Olha a confusão que isso gera: idolatria, egocentrismo, orgulho, pois enquanto não tiramos o foco de nós mesmos fica difícil focar em outra pessoa e dirigi-la à salvação ou permitir a alguém de nós discipular e direcionar a nossa vida. A liderança nas igrejas nunca foi tão questionada pelos próprios membros da igreja que hoje colocam defeito em tudo. Torna-se indispensável uma transparência e uma clareza de princípios na liderança para que seja um exemplo a seguir. Encontrar as formas mais corretas de
  • 30. 30 falar, exortar e servir para ensinar os princípios cristãos, tem se tornado uma tarefa não sempre fácil. A sociedade tem criado pessoas melindrosas que mal aceitam uma crítica, quem dirá aceitar uma dica ou um conselho para mudar seu ponto de vista. As crianças hoje e os adolescentes sobretudo não sabem mais lidar com frustrações. Tudo aquilo que não encaixa nos padrões autocriados por eles mesmos gera frustração, depressão, ânsia, decepção. As famílias no geral têm deixado às escolas e às igrejas a construção do caráter dos seus filhos. Pais cristãos recém convertidos ou não, acham que isso é mais um serviço que a igreja deve assumir: escutamos frases tipo “ao final eles conhecem melhor a bíblia”, ou “dou o dízimo e as ofertas” e coisas assim como se uma coisa excluísse a outra. Pior, os pais nem sequer pensam que eles são os sacerdotes do lar e que a pregação da Palavra de Deus é responsabilidade deles. Nas células, isso não é diferente, os líderes devem lidar com frequência com adolescentes ou adultos com problemas mal resolvidos, com frequentes críticas à pregação, ao pastor, àquele irmão ou irmã que disse ou fez algo que o outro não gostou. Os líderes precisam se tornar flexíveis, pacientes, firmes, usar da psicologia para ensinar os princípios bíblicos aos membros da célula, precisam orar muito antes, durante e depois da célula. Precisam, porém, ser intransigentes com a palavra de Deus. Não aconselho a mediar nessa hora, tem que exortar sim, (exortar = repreender com amor) mas não compactuar.
  • 31. 31 Líder, cuide do seu rebanho e acrescente oração diária para cada membro, desde o mais atento e ligado nas coisas de Deus até o rabugento e difícil de se tratar, nunca desista, nem perca a coragem. Cuide de cada “filho” que Deus lhe deu com dedicação e faça o discipulado em grupo ou pessoal segundo exigências precisas. Terá “filho” que precisa de mais cuidado e aquele que anda sozinho, tem aquele que mostra sinais de liderança e compromisso (opa! Lá vem o próximo auxiliar) e tem aquele que ainda não consegue orar, etc. Muitas vezes os membros terão problemas em frequentar a célula, mas não desanime, ore e peça ajuda ao seu supervisor, explique a situação e ele lhe ajudará a enxergar a solução. Como sempre digo: “o maior interessado é Ele! “. E me refiro ao nosso Senhor Jesus Cristo, ao nosso Pai Deus e ao Espírito Santo que esquadrinha os corações. (17) Ore e peça a ajuda do Senhor em todos os momentos, Ele mostrará o caminho a seguir. Líder, não desista dos seus membros de célula, não desista do seu chamado. Pense em Deus, Ele não desistiu de você e ainda hoje ele acredita em você. Haja dessa forma, com amor, mesmo com aqueles que não merecem, lembre-se: “a misericórdia é um favor imerecido”, precisamos orar e pedir a Deus para nós mostrar como tratar os mais difíceis, os fáceis já foram tratados um dia por alguém, acredita?
  • 32. 32 Líder, seja forte, as estratégias falham, mas o trabalho continua, continue semeando, não se preocupe, pois, a semente “Palavra de Deus” no tempo certo dará o seu fruto, não se preocupe com a colheita. “Eu plantei, e Apolo regou a planta, mas foi Deus quem a fez crescer.” 1ª Coríntios 3:6 Lembro que no ano de 2011, começamos uma célula na casa da minha sogra. Passamos três anos na casa dela, fazendo a célula e orando toda quarta feira por ela, com o objetivo de trazê-la a Cristo. Depois desse tempo todo, nós viajamos para o exterior e adivinhe, ela aceitou Jesus em uma igreja perto da casa dela. Isso nos deixou felizes, porque não importa com quem o por meio de quem as pessoas chegam a Jesus. O importante é que o conheçam e o aceitem com Senhor e Salvador, entendem isso? Um líder acima de tudo serve ao Senhor Jesus, com os seus frutos, sem esperar nada em troca. Por muito tempo tenho me questionado sobre isso, precisamos fazer muito mais do que é nos pedido, fazer o que é necessário e ir além pois se nós limitamos a fazer o básico seremos como o servo que Jesus contou na parábola de Lucas, inúteis. (18) Todos os membros da igreja são potenciais líderes de célula, isso faz parte do nosso chamado, nos reunir em casa ou na casa de alguém que esteja precisando de uma palavra, de uma oração ou de confessar algo ou simplesmente de compartilhar um sentimento ou uma situação.
  • 33. 33 Todas essas opções são um começo de célula, está ao nosso intuito é à nossa disponibilidade dar continuidade a essas aberturas emocionais e espirituais para que elas tomem a forma de uma célula, um encontro semanal para interagir com o próximo e amá-lo. Ser líder, no entretanto permanece uma opção somente para aqueles que ainda não decidiram no coração de fazer a vontade de Deus “...Ide e fazei discípulos...“, mas para os demais este é o nosso chamado. Um líder de célula se importa com o próximo, mesmo não tendo célula formada. Busca oportunidades de falar do amor de Jesus e levar ao conhecimento das pessoas que existe uma salvação. Busca incessantemente formas de derramar o amor de Deus na vida das pessoas e se entristece quando vê a ausência do amor nelas. Procura passar adiante as bênçãos recebidas por Deus, pois entende que ele mesmo tornou-se um “canal” de bênçãos, uma torneira que pode derramar amor e misericórdia sem medida. Por ser uma forma de ser, “um estilo de vida” ao meu ver, o cristão é um líder de célula desde que entrega a sua vida a Jesus Cristo. Jesus torna-se o Senhor e Salvador dele e a partir desse momento ela começa uma caminhada para aprender a ser um líder de célula, a ser aquele que ora pelos outros, que se importa com eles, que cuida e intercede pelos necessitados. A partir do momento que ele entende o seu papel, deixa de ser somente um “discípulo” para se tornar ao mesmo tempo um “discipulador”. O líder torna-se servo de
  • 34. 34 Cristo. Mesmo que ele esteja atuando ou não, que esteja multiplicando ou não, que esteja se congregando ativamente (o que se espera seja uma situação estável) ou não (talvez por pouco tempo ou devido a uma mudança geográfica temporária), que esteja envolvido em outros ministérios ou não, o líder de célula nunca deixa de ser um líder, nunca deixa de exercer sua função, em suma nunca deixa de ser servo. Quando aceita Jesus, o novo cristão entende que antes de mais nada ele aceita o senhorio de Jesus e por isso ele é salvo. “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. ” Romanos 10:9. Ou seja, somos salvos porque escolhemos nos tornar servos de Jesus. Deixando de ser escravos do pecado para virar servos do Senhor Jesus. E como servos precisamos servi-lo. Fazer a vontade dele. “Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. ” Romanos 10: 10. “Jesus treinou seguidores, você tem que fazer o mesmo, faça seguidores, aprenda a servir, entender, seguir, ajudar as pessoas ao seu redor e terá seguidores para o resto da vida, entenda o coração deles e eles o seguirão.” (Benjamin Wong) Se você é um Líder em treinamento ou auxiliar de líder, permita-me lhe dar um conselho: de nada adianta o treinamento se você não colocar em pratica diariamente as obrigações de um líder. Viva a célula, viva os relacionamentos, ore pelos membros, ore pelos seus
  • 35. 35 Oikos, ore e interceda para os que pedem ajuda e oração, vivenciar isso o tornará apto para liderar a sua célula, enquanto aprende “de carona” na célula do seu líder. Jesus é o exemplo de liderança a ser seguido, então veja, como Ele fazia: EU (discipulador) faço VOCÊ (discípulo / auxiliar) observa EU (discipulador) faço VOCÊ (discípulo / auxiliar) ajuda VOCÊ (discípulo / auxiliar) faz EU (discipulador) ajudo VOCÊ (discípulo / auxiliar) faz EU (discipulador) observo Já falamos sobre isso, mas vale a pena ressaltar que o crescimento da igreja de Cristo não é ligado ao aumento do tamanho do prédio da igreja física (como algumas denominações fazem no Brasil) mas ao aumento da população chamada IGREJA, alcançando sempre mais vidas. A multiplicação dessa forma acontece não por uma simples divisão periódica da célula, como algumas teorias citam, mas porque a célula cresceu espiritualmente e anela alcançar vidas ao seu redor. A célula pode resolver enviar uma parte dela para evangelizar e abrir uma célula em outra casa porque é necessário que a Palavra de Deus seja anunciada lá. Quando os membros da célula percebem e entendem a necessidade de divulgar a Palavra de Deus, começam a
  • 36. 36 convidar pessoas, mudando seu foco de “Deus para mim dentro da célula” para “Deus para os outros fora da célula”. É nessa hora que a célula cresce. Veja as condições necessárias para que uma multiplicação aconteça: 1. Encontrar um auxiliar de líder (tarefa do líder, o supervisor apoia) 2. Identificar no auxiliar sua fidelidade com a célula e vontade de servir a Deus. 3. Conseguir dividir com o auxiliar as tarefas da liderança, para ele começar a entender. 4. Deve existir um discipulado constante para que o líder saiba quando o auxiliar estiver pronto para assumir um compromisso de liderança de uma célula. 5. Acompanhar o treinamento do auxiliar, sondando o nível de retenção das informações aprendidas. 6. Enviar o auxiliar, mantendo constante discipulado e acompanhamento da nova liderança. 7. Encontrar outro auxiliar, a obra não para. O que esperar de uma célula hoje? Que seja um lugar para encontrar amigos, amar ao próximo (principal), enxergar a multiplicação com a paz no coração (se houver, quando houver, todos cuidarão disso) e ter discipulado 1 a 1 para que todos estejam ligados. Todos aprendem a servir sem questionar da mesma forma que Jesus aprendeu e fez a vontade do Pai sem questionar.
  • 37. 37 Isso tem que ser claro e estar no DNA de cada um, entender que somos uma família (cada um com as suas diferenças), gastar tempo com ela (cuidar de cada membro), passar esta visão de um para o outro (de pai espiritual para filho) e sobretudo entender que relacionamentos de amor precisam de tempo para serem desenvolvidos. Gastar tempo significa que cada membro (sendo discipulado) tem um mentor (que discípula) e aprende a lidar com os conflitos, assim é possível resolver problemas antes que eles cresçam criando transtornos para todos. Precisamos nos tornar como um “purê de batatas”, onde cada “batata” perde sua independência para se tornar parte de algo maior. Quando a célula alcança este patamar estará pronta para servir da melhor forma. Se a sua célula multiplicar, tornar-se-á um supervisor e quando as células aos seus cuidados aumentarem, precisará tornar-se um obreiro ou um pastor, mas sempre servirá ao Reino. Quando de simples “ovelha” começamos a cuidar e nos importar com outras “ovelhas”, tornamo-nos um pequeno pastor, seguindo os passos de Jesus. Perguntas para refletir 1. Entende qual o papel importante da liderança? 2. Percebeu a importância do discipulado? 3. O que você pode fazer a este respeito?
  • 38. 38
  • 39. 39 Capítulo 3. Sobre o pastoreio Talvez esse seja o argumento mais conflitante por muitos pastores, cada um, ou vem de uma história diferente, ou de uma cultura diferente, ou de uma faculdade diferente, ou tenha por fim já tentado muitas coisas para fazer com que seu chamado “flua”. Com certeza, muitos tem carregado o fardo que Jesus lhe deu da forma que Ele, o sumo pastor, indicou (19), mas muitos, talvez a maioria, tem carregado sobre si outros fardos pesados. Refiro-me a fardos espirituais, cobranças, concentração de responsabilidade onde teria sido melhor a distribuição das mesmas, acúmulo de problemas transferidos pelos membros da igreja sobre ele, problemas na família por excesso de dedicação à obra, falta de discipulado. Esse último tópico é o verdadeiro alívio que muitos pastores não buscam, infelizmente. Muitos nem sequer pensam em comunicar o que alberga no fundo dos seus corações para outro pastor, não existe uma prestação de contas, que permita ao pastor sobrecarregado de receber, ao invés de dar ininterruptamente ao longo do dia e do inteiro chamado pastoral. Os que conseguem distribuir a carga, como o sábio Jetro, sogro de Moisés ensinou, são poucos. (20)
  • 40. 40 No ano de 2014, o Pr. Afonso, da igreja Maranata de São Luís do Maranhão, na ocasião de selecionar os novos pregadores para as 19 congregações na época, me chamou e me escolheu para ser um deles. Nunca esqueci o que ele falou: “ preciso selecionar e preparar novos pregadores para futuramente se tornar pastores, pois o rebanho aumentou muito e eu não tenho como dar conta de todas as igrejas, por isso escolho periodicamente pessoas para capacitá-las e dividir a carga com elas”. Talvez as palavras não fossem exatamente essas, mas o que eu vi naquele instante foi um pastor com as ideias claras sobre o conceito de “dividir carga”. Em agosto de 2019 participei de um treinamento sobre Coaching Network (CN), com o Pr. Ben Wong, de Hong Kong, líder de uma grande igreja missionária na China. O treinamento propõe a criação de uma rede de pastoreio mútuo a nível internacional, rede essa, que tem se tornado necessária pois nos últimos anos temos assistido a vários problemas com os pastores no mundo todo. Uma das preocupações levantadas foi sobre a geração seguinte de pastores nas igrejas ao redor do mundo, se não tiver um discipulado, uma duplicação da direção pastoral da igreja, corre-se o risco que o novo pastor mude a direção da igreja ao invés de dar uma continuidade pastoral, mantendo os valores deixados pelo pastor que saiu, isso com graves consequências para a igreja toda. Com certeza não foi isso que Deus planejou para a igreja. O grande erro? Pensar que igreja e célula são ministérios, como muitos acreditam, mas a bíblia não faz menção em lugar nenhum sobre isso. Fala de viver
  • 41. 41 em comunhão, de ser uma igreja aberta, uma família e se integrar na comunidade, coisas ainda não concretizadas até agora. Nos EUA 80% dos pastores estão lutando com a depressão e não tem amigos. As famílias destes pastores estragam após um bom tempo de ministério. Hoje, 50% dos pastores que querem sair do ministério, não saem porque só sabem fazer isso, entraram jovens, passaram muito tempo na obra, e hoje embora esgotados, continuam empurrando o ministério com a barriga, sem mais motivação. Sabia que em Hong Kong as pastoras geralmente não chegam a casar, pois os homens não gostam de casar com mulheres que tem mais poder do que eles? Hoje a rede de pastoreio na Ásia já está trazendo resultados reais e concretos, vale a pena relatar um caso específico, em que o discipulado de uma pastora da rede de pastoreio, criou um discipulado com outra pastora que estava em depressão e com a igreja próxima a ser fechada. O cuidado pastoral da discipuladora não só reverteu o perigoso quadro psicológico abalado da pastora discípula mas transformou tanto a vida desta última quanto a vida da igreja dela. Convenhamos, pastores não podem ir sós. Desde o começo Deus criou a mulher para que o homem não andasse sozinho, pois Ele sabia que andar em unidade permite a divisão das cargas. Da mesma forma, os pastores precisam de alguém que os acompanhe e os
  • 42. 42 discipule. Mais uma vez o conceito de discipulado e prestação de contas são a chave. Quando estendemos a mão para ajudar outro pastor, agradamos a Deus e Ele faz a obra prosperar. Descobrimos que quando investimos na vida de um pastor, Deus dá um ajuda enorme. Você não precisa ser um Expert em mentoreamento, na verdade o que apenas sugerimos é para “não andar sozinho”, a internet do século 20 criou pessoas sempre mais sozinhas, isoladas, deprimidas. É horrível ver pessoas na igreja andar sozinhas, mergulhadas nos seus celulares, ou tabletes, desligadas completamente do mundo. O pior é que nessa hora os pastores entram na onda e se isolam mais ainda. Sabia que no 2010, ao abrir as configurações e clicar na linha do software Android e tapeando umas vezes com dois dedos aparecia uma imagem com o boneco símbolo do Android com um cemitério de zumbis por trás... no mínimo inquietante não acha? Hoje já não aparece mais essa imagem, tem outras.... Será que tem algo diabólico nisso? De alguma forma o celular tem dividido famílias e relacionamentos... De Deus não é. Pois a natureza dele não muda, ou isso causaria a escuridão. (21) Confesso que eu, como todo mundo, queria um super- pastor para me mentorear. Alguém tão espiritual, tão comunicativo, tão ligado nas coisas de Deus, cuja sabedoria se aproximasse à de Salomão, mas quantos super-pastores assim existem no mundo? E eles, quantos discípulos poderiam acompanhar?
  • 43. 43 Veja bem, hoje 85% das igrejas de todo mundo tem menos de 100 membros, então com certeza é mais fácil cuidar dos poucos que Deus entregou aos cuidados de cada pastor, não acha? Então não precisamos de super- pastores, nem precisamos nos tornar super-pastores. O importante é caminhar juntos. Também não precisamos nos tornar “super igrejas”, pois elas vão além do que a Bíblia diz, elas têm muitas partes organizacionais e isso pode ser bom para elas, ter muitos bons homens, mas inevitavelmente elas saem do conceito bíblico de igreja. Veja o exemplo da igreja Hillsong, ela é uma grande igreja, mas será que isso é duplicável, não tem muitas igrejas com capacidade para ser uma delas. Vamos descer no campo agora. Mesmo que você seja membro ou líder ou responsável de um ministério, ou pastor, já fez um levantamento profundo na sua igreja? Quantos são discipulados? Quero dizer, quantos membros tem um relacionamento intenso de discipulado? Vida na vida de verdade? A maioria dos membros podem participar do culto, vir na igreja, repetir semana após semana o hábito ou ritual, mas não estão impactando o mundo segundo a vontade de Jesus. Aí eu lhe pergunto: “Como implantar o discipulado numa igreja que não enxerga isso como prática cotidiana? ”. A prestação de contas nessa super igrejas é inexistente, e elas até tentam fazer isso pois sabem a importância de caminhar juntos, mas a maioria não consegue. Estamos
  • 44. 44 construindo a igreja de Cristo e precisamos andar juntos. Até o menor dedo da nossa mão está conectado ao corpo todo. E você, mesmo que esteja muito ocupado, tem que andar junto a alguém, com alguém. Precisamos conectar pessoas, acima de tudo, andar juntos, ter coração focado nisso. Quando você ajuda outros, você cresce também. Não importa quem sabe mais ou menos dentro do discipulado, os dois inevitavelmente crescem. Toda a ideia da rede de pastoreio, visa pastores simples discipulando pastores simples. No Japão existem igrejas com 10 membros, 20 membros com um único pastor. Hoje entenderam que apesar do número de membros eles precisam ajudar-se uns aos outros. Simples assim, pastores querendo ajudar outros pastores, obviamente não podemos chamar isso de organização, mas sim de ajuda mútua. O que não queremos é copiar modelos, nem queremos engessar o modelo de pastoreio e discipulado. O que a Bíblia fala sobre andar juntos? Precisamos seguir o que a Bíblia diz, mesmo quando muitos não gostam de andar seguindo ela. Talvez se hoje Jesus viesse na sua igreja, que papel cobriria? Com quem andaria? Já pensou? Talvez hoje Jesus sairia da sua igreja. Precisamos pensar mais como Jesus. Precisamos depender de Deus, não do pastor, pois ele também, como você, depende de Deus. Temos assistido a algo errado na organização da igreja, falamos que Jesus
  • 45. 45 é a cabeça da igreja, mas as pessoas colocam o pastor como cabeça da igreja. Muitas pessoas chegam a depender do pastor (trazendo mais um padrão católico para dentro da igreja evangélica onde o padre é o único responsável e decide tudo) mas cada um pode se achegar a Deus, não esqueça que a cortina foi rasgada (22). A graça é distribuída unicamente por Deus. Dessa forma, todos tem acesso ao Pai, as igrejas e seus membros podem fazer a diferença pessoalmente e não se escondendo na sombra do pastor ou pior, na sombra do edifício que abriga a igreja. Na China, apesar do regime comunista ter fechado as igrejas e preso todos os pastores, o movimento dos membros da verdadeira igreja de Cristo (nós) cresceu 100%. Tiraram as bíblias do povo, mas mesmo assim a Bíblia é pregada, folha por folha. A igreja continuou a crescer, pois a palavra estava nos corações do povo. Resultado: na China hoje não tem ensino da Bíblia, não tem cursos ou seminários. Tem a vivência dela. Não tem mais igrejas, os cristãos colocam em prática a palavra de Deus. Tem oração, o prédio não existe, mas a igreja está viva. Devemos viver o sacerdócio de cada crente, precisamos ler mais a Bíblia. Precisamos transformar nossas igrejas em igrejas de sacerdotes que leem a palavra. Volte para a Bíblia e ande, como ela diz que tem que andar. Não tenhamos denominação, sejamos o povo da palavra, não limitamos a Bíblia somente ao estudo dela mas obedeçamos a ela.
  • 46. 46 Tiremos o foco do pastor, sejamos praticantes da palavra, sejamos únicos responsáveis da nossa fé em Cristo, ao invés de ficar de olho no pastor, julgando de acordo com que ele faz ou deixa de fazer, se ora ou não, se usa Power point ou não, acredite em mim quando digo que não é este o caminho. Na Tailândia, por exemplo, os pastores estão mais preocupados com quantidade de membros ou tamanho de igreja, na espera que Deus leve as pessoas para igreja. E enquanto a maioria se preocupa com a imagem social que o pastor tem, poucos se preocupam com o sentimento que alberga no coração dele. A seguir leia para sua reflexão um trecho sobre Mentoria (b) a respeito da prestação de contas no pastoreio mutuo.  Um grupo de pastoreio mútuo é composto de pessoas que desejam prestar contas de sua vida, que levam a sério suas próprias fraquezas e vulnerabilidades. Entendem a importância de terem um escudeiro (guarda-costas). Sabem que têm pontos cegos. Entendem que, sem companheiros que lhes confrontem em amor e lhes protejam, irão cair. Isso não é apenas para novos convertidos ou as ovelhas. Paulo, falando para os pastores de Éfeso, diz: "Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos [ ... ]. Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os
  • 47. 47 discípulos. Por isso, vigiem! [ ... ]" At 20.28-31. Ouvi tanto Russell Shedd quanto Jeremias Pereira falarem que há um pouco de lobo em cada um de nós. Quem consegue admitir isso está seriamente motivado para andar com guarda-costas num grupo de prestação de contas.   Tiago adverte que não muitos de nós devem ser mestres, sabendo que os que ensinam serão julgados com maior rigor. Logo depois dessa exortação, diz: "Todos tropeçamos de muitas maneiras" Tg 3;2a. Líderes, mestres, pastores são humanos. Caem. Nas palavras de Salomão: "Ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante" Ec 4;10. O homem sábio enxerga a prestação de contas como bênção, não como peso ou obrigação.  No século XVII John Wesley começou um movimento de renovo na igreja anglicana. Trabalhou com Grupos Pequenos de prestação de contas. Qualquer pessoa poderia entrar num grupo a qualquer momento. Era fácil entrar. Mas, para continuar, tinha de voltar na semana seguinte, pronto para confessar seus pecados daquela semana. O arrependimento e a confissão, num ambiente de graça, levam a uma mudança de vida. O efeito disso foi tão profundo que mudou as leis e estruturas do país e fez nascer uma nova denominação. Quando temos uma dupla ou uma tríade fica mais fácil abrir o coração e tratar de assuntos mais pessoais e profundos. Se for uma dupla, mas alguém quiser
  • 48. 48 juntar-se, e a dupla concordar, passa a ser um trio. Se mais alguém quiser juntar-se, o grupo pode multiplicar, nunca sendo maior que três pessoas. Passando de três, o grupo se divide em duas duplas.  Não é suficiente compartilhar, também precisamos seguir as palavras de Tiago 5.16: "Confessem os seus pecados [erros, problemas, dores, ansiedades] uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz". Se o grupo fica sempre no nível de compartilhar e nunca chega à confissão de pecados e arrependimento, acomodar- se-á às deficiências uns dos outros e falhará em seu propósito. O grupo precisa importar-se o suficiente para confrontar e crescer em transparência. Quando não conseguimos esse nível de relacionamentos, podemos, com facilidade, cair num cristianismo superficial e não autêntico.  Todos precisam prestar contas de uma forma real. A verdadeira prestação de contas acontece quando você confia em alguém para corrigi-lo e discipliná- lo[ ...] Gosto quando recebo um aviso de "Perigo", e não me ofendo com isso. Esse aviso me protege. Pude observar amigos queridos seguirem, como um passarinho, as "migalhas de pão" e caírem dentro das “armadilhas” do erro doutrinário, do adultério e da improbidade financeira. O sentimento de poder vindo do Espírito Santo dá a eles uma sensação de invencibilidade. Curiosamente, eles estudam os fracassos de outros, mas não desenvolvem nenhum
  • 49. 49 sistema para corrigir os seus próprios erros antes que eles se transformem em "quedas". Quem, na sua vida, tem o poder para lhe pedir prestação de contas e para desafiá-lo quanto a possíveis áreas antibíblicas em sua vida e ministério? “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros.” Hebreus 13:17 ARA. Quando digo prestação de contas, estou falando de relacionamento: aconselhamento gentil, suave, cuidadoso, sábio e prudente. “Meus irmãos, se alguém for apanhado em alguma falta, vocês que são espirituais devem ajudar essa pessoa a se corrigir. ” Gálatas 6;1 Nós, cristãos, membros de igreja, temos cobrado muito de pastores com igrejas grandes ou pequenas, não importa o tamanho delas; a cobrança tem sido enorme e pesada, em alguns casos isso tem levado os pastores a tomar decisões infelizes e tristes. No ano de 2015, ao mudar para o Brasil, na cidade de Curitiba, conhecemos o Pr. Paulo (cujo sobrenome não coloco por respeito) quando fomos congregar numa igreja perto da nossa residência e ao longo do seu pastoreio temos acompanhado a frustração constante que tinha com os membros dela, isso tem se transformado em um ano em duas crises de depressão fortes que o levaram a abandonar o chamado pastoral e sair da igreja. Um caso “positivo”, posso afirmar, pois não terminou com a morte dele, mas simplesmente o
  • 50. 50 afastou do chamado, sei que podia ter sido pior, mas agradeço a Deus, pois não deixou que sofrêssemos com a sua perda. Mas não sempre o desfecho é este. Deixo aqui o texto escrito pelo Pr. Lisandro Canes (RS) em sua página no Facebook no dia 11 de setembro de 2019, comentando sobre o suicídio do pastor americano Jarred Wilson: "Eu admito que nunca em toda a minha vida eu fiz algo tão esgotante e cansativo como pastorear. Nenhum trabalho ou responsabilidade consumiu mais as minhas energias e minha saúde do que liderar uma Igreja. Como pastor posso dizer que a Igreja precisa urgentemente se preocupar com o descanso e a saúde dos seus pastores. Querido cristão, não abra mão de um tratamento digno com os seus pastores. Somos igualzinhos a vocês. Se enfiarem uma faca em nós, sangraremos. Se nos machucarem sentiremos dor. Antes de pensar no pastor como um super-homem, lembre-se que existe um ser humano a Imagem de Deus atrás do púlpito. Um ser humano igualzinho a você. Que Jesus levante uma Igreja onde cuidar dos pastores não é opção, mas sim fundamental." Quinze dias após este comentário na rede social, no dia 26 de setembro de 2019, este mesmo pastor Lisandro tirou a própria vida. Infelizmente esse não é um caso isolado, nos últimos anos somente no Brasil o número de suicídios de pastores tem aumentado gerando não somente uma forte tristeza ao redor das igrejas e das famílias afetadas, mas também um desequilíbrio espiritual nos membros da igreja evangélica como um todo.
  • 51. 51 Tem muitos pastores de grandes igrejas que criaram um “circuito” interno de discipulado pastoral, mas ao perguntar “isso é bom? ”, não saberia responder. Com certeza estas igrejas fecharam se para o mundo pastoral alheio. Isso está errado. Elas poderiam ajudar as outras igrejas com sua experiência em discipulado, mas conseguem enxergar só os seus membros, os seus pastores, os seus líderes, voltando assim ao fariseunismo comentado anteriormente. A rede de pastoreio deve ser uma realidade das nossas igrejas, isso não é utopia, é plano de Deus. Um pastor cuidado se reflete em uma família pastoral vivendo a paz de Cristo, consequentemente a igreja como um todo recebe o benefício dessa paz. Os pastores de todas as denominações precisam participar e ser parte ativa dessa rede de pastoreio, Jesus falou muito claramente quando afirmou “guarda-os para que sejam um” e “para que eles sejam completamente unidos”. (23) Outra versão define isso “... a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade” (ARA), que definição perfeita! Aperfeiçoados, como o ferro afia o ferro, este é espírito justo, esse deveria ser o nosso leme, aperfeiçoando um ao outro, para ser a noiva pura e imaculada no dia da vinda do Senhor. Medite sobre esse assunto, que seja argumento de conversa e que o Espírito Santo os ilumine para aceitar a sua verdade. Amém.
  • 52. 52 Perguntas para refletir 1. O pastor da sua igreja anda sozinho ou alguém o discipula? 2. Agora entende que é preciso dividir a carga? 3. O que você pode fazer a este respeito?
  • 53. 53 Capítulo 4. Sobre a supervisão Vim ler mais sobre supervisão no ano passado, em ocasião de uma orientação do Espírito de Deus que nos levou para congregar em uma igreja cujo pastor orava pedindo que enviasse alguém com experiência real de igreja em células. Até então o meu conhecimento sobre este assunto era mais prático do que teórico então precisava partir de algum lugar para impostar um ensino que desse fruto, a inspiração do Espírito Santo e a minha experiência teriam feito o resto e assim foi. Vivenciar uma supervisão é algo fantástico e falo como líder de célula, como membro da igreja, como irmão em Cristo. Quando a sua supervisão se reúne às outras, você percebe não somente o volume da igreja, mas percebe o número inacreditável de pessoas e talentos e dons espirituais que Deus colocou ao alcance do seu povo. Isso, revigora qualquer alma, você começa a perceber sua participação em algo maior. Não se trata de assistir a um culto em uma igreja cheia não, se trata de enxergar vidas salvas e vidas ao serviço de Jesus focadas em salvar outras vidas. Quando você enxerga isso, pode dizer que vislumbrou o plano de Deus. Uma supervisão não é simplesmente a união de várias células, ou o encontro de todos os membros delas. Viaje mais a fundo, vislumbre sua vida como parte de algo maior, pois enquanto enxerga somente o grupo não verá isso.
  • 54. 54 Pedro nos revelou que somos pedras vivas, lembra? (24), Deus quer nos usar juntos, se veja como parte deste templo dedicado ao Senhor. Supervisão é tudo isso e buscando mais na profundidade, ao meu ver, significa essencialmente: 1. Cuidar dos filhos que Deus nos deu. ‘‘…Timóteo, meu verdadeiro filho na fé. ’’ Tm 1,1; 2. Estar ligados um com outro, “para que nenhum se perca”; 3. Amar verdadeiramente os nossos discípulos, mesmo se eles nos negarem (Jesus e Pedro); 4. Semear boas sementes para uma colheita santa; 5. Mostrar a graça de Deus na nossa vida; 6. Ser exemplo na vida das pessoas; 7. “Pregar o evangelho por onde for, se necessário fale. ’’ Mais do que isso, supervisão significa “dividir a carga” e especificamente entre o supervisor e o seu líder e entre o supervisor e seu pastor de congregação ou supervisor acima. Não significa ter apenas uma visão acima dos demais, mas também significa se importar com o todo, com todos os membros da igreja. Cada supervisor cuidando dos que forem entregues ao seu cuidado garante que tem alguém orando e intercedendo por uma parte da igreja.
  • 55. 55 Todo os supervisores e pastores supervisores formarão o conjunto da supervisão da igreja cobrindo todos com oração e cuidado pessoal. Isso aliado ao discipulado um a um, cria uma ligação espiritual entre todos. “Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, embora sejamos muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros. ” Romanos 12:4-5 Se ainda não pensou nisso, ainda dá tempo, ore a Deus e peça para o Espírito Santo lhe mostrar quem pode ser seu discípulo e quem pode ser o seu discipulador. Lembre-se que precisamos estar ligados uns aos outros. Se ainda tiver dúvidas sobre o discipulado, como começar, escolha alguém que você gosta, com quem você sente que tem uma afinidade e peça a essa pessoa para caminhar juntos. Mas quem é o supervisor? Alguém que mantém um relacionamento diário com Deus e permite ao Espírito Santo operar por seu meio para abençoar seus líderes. Alguém que ora todos os dias pelos seus líderes e intercede por eles, os sustenta e os ensina, exorta e acompanha na jornada deles com a célula. Veja a seguir os passos da oração intercessora: (a) 1. Discernir adequadamente as necessidades da pessoa; 2. Entrar na arena de oração em defesa da pessoa;
  • 56. 56 3. Orar com persistência e fervor por suas necessidades; 4. Alegrar-se quando Deus responde às suas orações. O Espírito Santo foi o primeiro exemplo de supervisor: ” Porém, quando o Espírito da verdade vier, ele ensinará toda a verdade a vocês. O Espírito não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que ouviu e anunciará a vocês as coisas que estão para acontecer. “João 16:13 Ser supervisor significa ser mentores e intercessores dos nossos líderes (entregues por Deus aos nossos cuidados); ser exemplo no liderar tendo uma célula, ser discipulador e caminhar juntos. Quando o seu líder de célula multiplicar, terá um ou dois líderes gerados pela multiplicação e isso já o tornará um supervisor. Ele deverá cuidar espontaneamente deles, mesmo que eles saibam andar sozinhos, pois “Dois homens podem resistir a um ataque que derrotaria um deles se estivesse sozinho. Uma corda de três cordões é difícil de arrebentar. ” Eclesiastes 4:12 Como supervisor precisa interagir semanalmente com os seus líderes, da mesma forma como a congregação interage com todos os supervisores, nessa hora podem existir reuniões que veem juntos todos os líderes e supervisores para que a Palavra seja pregada conjuntamente. Uma das coisas mais importantes para o supervisor ou discipulador é aprender a arte de ouvir, aprender desde
  • 57. 57 da célula, do discipulado, dos relacionamentos, desde o seu lar até o seu trabalho. Falei de arte, justamente porque não é fácil, falo por experiência própria, de vez em quando ainda percebo que estou tomando a frente da conversa, assim tento policiar-me para não fazer esse erro. Existem tanto os benefícios de ouvir: (a) 1. Aumento da credibilidade; 2. Aumento do crédito emocional do líder; 3. Promoção da confiança e bem-estar assim como da amizade; 4. Possibilidade do supervisor de coletar informações corretas. Quanto existem os obstáculos para ouvir: (a) 1. Preparo inadequado para o encontro de supervisão (faltou oração e dar importância ao encontro); 2. Falta de oração sobre as questões que precisam ser abordadas (orar em conjunto pode ajudar); 3. Linguagem corporal desfavorável (ex.: não olhar o líder nos olhos, não sentar direito, etc.); 4. Questões pessoais do supervisor não resolvidas (ausência do discipulador e/ou do supervisor que não consegue focar no líder, pois ele mesmo está precisando ser ouvido por alguém); Para o supervisor se manter antenado com a situação de cada líder é interessante ter uma pasta ou caderneta com anotações, pedidos, orações, necessidades e conversas
  • 58. 58 com ele. Pois ler a pasta e orar pelo líder antes do encontro ajuda a aumentar a atenção. Anote o que Deus lhe revelar em oração sobre o líder. Lembre-se, Supervisor, de não focalizar em como você está se saindo (egocentrismo) mas fique antenado em como está o seu líder (altruísmo). Ouça focado nele, evite atropelar o líder quando fala (não o interrompa) e não conte histórias de sua própria experiência. Outra: evite responder suas próprias perguntas (deixe o líder fazer isso) e guarde seus conselhos para quando o líder tiver compartilhado todos os “seus” pensamentos. E se depois de ouvir tudo o líder não entender algo, você pode mudar para o nível de ensino, mas lembre-se de pedir permissão antes de compartilhar suas ideias ou vai sufocá-lo. Tratar e discipular um líder não envolve unicamente assuntos da célula, muitas vezes os assuntos são pessoais, precisamos aprender a ouvir e ver os sinais ou percepções que recebemos na conversa, para ajudar de verdade na solução dos conflitos caso existam e, superimportante, não agir com a nossa intuição mas deixar o Espírito Santo dirigir o momento. Isso é fundamental, aliás é crucial. Tenha em vista pontos de necessidades, pedidos de oração e alvos futuros ao criar perguntas para os líderes. Após o encontro anote o que foi falado e ore intercedendo pelos novos motivos ou necessidades e prepare as novas perguntas (prestação de contas).
  • 59. 59 Supervisor, seja o maior torcedor do sucesso de liderança dos seus líderes, encoraje sem cessar, atenda prontamente às necessidades do seu líder e o ajude a “pescar”, não entregue o “peixe já assado”. Sugira, estimule, exorte se for necessário, mas fortaleça o seu líder a encontrar as soluções, ore com ele para a autoestima crescer e sobretudo confiar no Senhor. Supervisor, encoraje seus líderes a não desistir, mas a persistir, a serem diligentes, a não focar nos erros ou em questões que estão fora do seu controle (talentos, dons, cultura, personalidade) mas a focar no trabalho, focado na célula. Persistência e diligência trarão resultados. “Todo trabalho árduo traz proveito” Provérbios 14:23 Por último, aconselho vivamente que depois de cada ensino, se certifique qual a quantidade de informações que o seu líder reteu, uma boa dica é implementar no seu dia a dia o que aprendeu, sendo que a mente humana tende a esquecer aquilo que não pratica. No longo prazo tendenciamos a esquecer ou colocar de lado as noções e informações que aprendemos assim ficam estacionadas na nossa memória tornando-se infrutíferas. A ideia é que seus líderes apliquem o que aprenderam diariamente, moldando tudo com suas habilidades e adaptando ao ambiente em que as informações serão utilizadas, visando aperfeiçoá-las para que deem mais frutos. Descobrir o que faz o seu líder crescer é o papel fundamental da sua supervisão, qual a área em que ele atua melhor, qual a sua forma de lidar com a célula, quais sonhos ele tem a respeito dela, e por último
  • 60. 60 formatar a célula de acordo com o estilo de cada líder para que haja crescimento dos dois lados. Isso, só pode acontecer aumentando o nível de intimidade com cada líder, pois cada um deles comporta-se de forma diferente, age e reage diferentemente na mesma situação (exatamente como filhos do mesmo pai), por isso o sucesso da sua supervisão é crucialmente ligado ao êxito da sua liderança com cada um dos seus liderados, imprescindivelmente ligado a torna-los mais próximos à imagem de Cristo (25), para isso é preciso que eles cresçam e você diminua (26). Permita-se sonhar, junto ao seu líder, o futuro da célula dele, envolva-o na sua oração para as células da sua supervisão e ele aprenderá com você a duplicar isso, lembra do exemplo de Jesus? Ele mostrava para que os discípulos aprendessem. A mais, ensine-o a evangelizar “para fora” da igreja além de discipular os membros da sua célula, como consequência desse trabalho intenso teremos lideres gerados por essa dedicação e discipulado que levarão a célula a multiplicar de forma natural e não forçada como acontecia alguns anos anteriormente. Quando todos os supervisores estiverem juntos focados no discipulado, você descobrirá a paternidade espiritual e o chamado pastoral. Seu pastor vai lhe agradecer pois é nesse momento exato que você “dividiu a carga”.
  • 61. 61 Perguntas para refletir 1. Ser um supervisor é um dos papéis com mais responsabilidades na igreja, você está pronto para ser um? 2. Está disposto a cuidar dos seus líderes e fazer com que eles cresçam e você diminua?
  • 62. 62
  • 63. 63 Capítulo 5. Sobre as missões No ano de 2011, trabalhava em um espaço vida saudável da Herbalife, estava sozinho e lembro que entrou um homem meio estranho, daqueles que não falam coisa com coisa, sabe? O estranho não foi o fato que ele queria tomar um shake, mas o que disse para mim naquele dia, “Deus mandou dizer que você vai ser um missionário”. Naquela hora não dei muita bola nele, mas aquilo ficou na minha cabeça, parecendo o devaneio de um desconhecido, e não dei muita importância para aquilo. Com o passar dos anos, porém entendi que ninguém fala de Deus se não for por impulso do Espírito Santo, por vontade de Deus. Entendi que nada acontece por acaso e que viver na dependência de Deus só traz bênçãos para nossa vida. Tem um versículo ao meu ver que poderia encabeçar este capítulo e toda a obra missionária, encontra-se no evangelho de João quando, falando com Nicodemos, Jesus disse: “ O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”. cap. 3,8. Este é o sentimento que alberga no meu coração, acredito que os missionários ao redor do mundo sintam isso também. Não importa onde estiver, nem para onde eu vou, menos de onde eu venha. Por ser nascido do
  • 64. 64 Espírito, faço a vontade do Pai. Estarei onde ELE precisa que eu esteja fazendo a sua obra. Com certeza cada chamado missionário tem as suas “particularidades”, como diz o meu amigo e irmão Rafael, mas em todas vejo a mão de Deus dirigindo e orientando, cuidando e protegendo os seus filhos. Quando Jesus falou de “... Ir até os confins da terra” (3) para ser testemunhas dEle, não falou só para divulgar o evangelho falando, ou falou? Disse para você ser a testemunha, com seu modo de ser, com seu exemplo, com sua experiência na caminhada cristã. Isso implica viajar para outro lugar desconhecido confiando exclusivamente no Senhor, sem saber por onde nos levará essa jornada. Deixar Deus no controle tem sido um verdadeiro desafio para muitos cristãos. Muitos gostam de saber tudo o que vai acontecer na própria vida, um pouco como quando queremos ir em algum lugar e ligamos o GPS do celular ou do carro e ele mostra o caminho todo, por onde passar, quais ruas evitar, se tem sinais ou trânsito e por fim até acompanha em cada instante, dizendo onde tem que ir, a quanto metros tem uma curva, e assim por diante. Estas pessoas gostariam que Deus fizesse o mesmo quando manda elas fazer algo para Ele. Só que não funciona assim com Deus. Ele é que tem o nosso controle e gostaria que o deixássemos nas mãos dEle. Deus sabe quando e como fazer essa coisa ou essa viagem ou aquela pregação ou acontecer aquele encontro, pois conhece os porquês de
  • 65. 65 tudo e coisa mais importante, Ele sabe o que é o melhor para nós. Deus nunca vai fazer algo que nos prejudique, se Ele nos enviar, pode ter certeza que ele também cuidará de tudo, pois não faz as coisas pela metade. Na Bíblia tem um versículo que diz que Deus não dá uma provação que não possamos suportar (27), mas eu vejo nesse versículo outra leitura. Deus não dará uma benção para depois retirá-la na metade. Vou me explicar, Ele não vai dar um emprego para você longe de casa sem lhe dar um carro ou um meio de chegar lá. Não vai lhe mandar em uma missão do outro lado do mundo e depois não o sustentar. Entende? Não precisa, porém, ir para uma missão do outro lado do mundo para mostrar que se importa com as pessoas. Se quer fazer algo e ajudar o próximo, importe-se com as pessoas ao redor da sua igreja, ser enviado como missionário não é a solução, se importar com pessoas é: amigos, vizinhos, colegas, parentes, etc. Se não consegue ajudar o próximo perto da sua casa, será que conseguirá ajudar alguém em outro país, cujo idioma talvez nem conhece? Cujos hábitos e formas de viver, cultura e alimentação, você desconhece? Já se perguntou se você é uma pessoa que se adapta com facilidade? Conhece o inglês ou o idioma da terra onde pretende ser enviado como missionário? Já estudou a cultura daquele país ou está se lançando sem alguma preparação? Estas e muitas outras perguntas, fazem parte do processo preparatório de um missionário, precisa sair da
  • 66. 66 sua zona de conforto, entende? O padrão de igreja como o conhecemos hoje (com prédio, louvor, pregação, oferta e dizimo, oração e intercessão, dança e ministração para as crianças) é o único em que as pessoas se sentem confortáveis e muitas delas estão pensando de repeti-lo, não importa aonde forem. Mas Jesus não falou isso, nem operou assim. E não sempre você pode usar este padrão de igreja ao redor do mundo. Tem que haver realmente uma “renovação do seu coração e da sua mente”, como Paulo escreve em Efésios 4,28 para embarcar nessa viagem no mundo missionário. Veja o desafio das missões na Tailândia, por exemplo, elas têm que lidar com uma forte religião muçulmana que não abre brechas para você ser o cristão com a igreja como se estivesse no Brasil ou em outro país cujo padrão de igreja é parecido com a da igreja católica ou evangélica. Nesses lugares até abrir a bíblia ou ler em público é proibido e tem lugares onde isso leva à prisão ou à sua morte. Precisamos viver Jesus, viver a vida como Ele fazia, sendo exemplo, pois muitas vezes não podemos agir como estamos acostumados a fazer no nosso pais. Não quero assustar ninguém mas pense que na Tailândia, nesse momento a única preocupação dos missionários é fazer com que todos conheçam a Cristo. O problema de fundo e que nós não vivemos dentro da igreja, onde todo mundo se conhece, onde o clima é legal, as músicas do louvor nos alegram e a pregação é revigorante. Nós vivemos fora dela e é nesse cenário que devemos agir, não dentro da igreja, onde não precisa divulgar a palavra. Precisamos ser crentes ativos em
  • 67. 67 qualquer lugar. Ser missionários no nosso país, na nossa cidade, no nosso bairro, na nossa rua de casa, conhecer as pessoas, visita-las nas suas casas, cuidar delas. Toda semana gastar tempo com elas. Precisamos aprender a cuidar do próximo mais próximo que temos, para depois cuidar dos próximos de outro país, entende? Sinta-se incomodado com a possibilidade de que as pessoas ao seu redor não conheçam a Cristo, enquanto estiverem aqui nessa vida. Depois elas não têm mais chance. Tem uma boa notícia. Sabia que quando você se importa com as pessoas, Deus transforma o coração daquelas pessoas? A Palavra de Deus semeada começa a dar o seu fruto. Como o bom semeador da parábola de Jesus, você precisa semear nas vidas ao seu redor através do seu exemplo, das suas atitudes. Seja o exemplo de cristão que os outros querem ser um dia. Quando alguém, que não conhece a Jesus e segue outra religião, olhar para você, o que ele vai ver? Se isso acontecesse hoje, neste exato momento em que está lendo esse capítulo, o seu jeito de ser, sua forma de cuidar das pessoas, seriam motivo de alguém aceitar a Jesus como seu Senhor e Salvador? Somente porque este alguém quer ter a mesma vida em Cristo que você reflete para os outros? No mês de setembro de 2019 assisti a uma pregação quanto menos singular, dois missionários vieram dar o próprio testemunho sobre o trabalho missionário que estão fazendo há mais de 10 anos na Tailândia, um deles é um jovem brasileiro de Curitiba, Rodrigo, que mora lá
  • 68. 68 desde 2012. Quer saber o que um jovem de 24 anos sonha? Sonha em casar. E quer saber uma coisa? Ele decidiu entregar o que mais quer nessa vida, o seu sonho de casar em troca de uma vida salva para Jesus. Entende qual é o nível de servo que ele alcançou? O preço que ele está disposto a pagar para que uma vida seja salva? Ouvir este jovem declarar abertamente este seu desejo deixou a inteira igreja pensativa, o pastor chegou a chorar na frente de tanta entrega. Talvez essa seja a palavra correta nessa hora: “entrega”. Ele entregou tudo para Jesus e descansa o seu coração nas mãos de Deus. Sabe que ELE é poderoso. E você? Qual sacrifício você faria para salvar uma única alma? Entregaria o seu maior sonho para salvar uma vida? Prepare-se porque este mundo missionário e Jesus o transformarão como você nunca imaginou. Tornar-se-á um discípulo de Cristo, parecido com Paulo, mais próximo a santidade cristã do que nunca você já esteve. Tem um preço a pagar? Sempre tem. Mas a recompensa é inimaginável. “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou o coração humano, o que Deus tem preparado para aqueles que O amam”. 1ª Coríntios 2,9 Perguntas para refletir 1. Do que está disposto a abrir mão para ser missionário? 2. Entende que levar a palavra de Deus aos outros é necessário? 3. O que você pode fazer a este respeito?
  • 69. 69 Capítulo 6. Sobre o louvor O louvor, com certeza agrada ao Senhor, desde a criação Ele nos criou para adora-lo em espirito e em verdade. Uma vez foi surpreendido pelo Pr. Jean da Igreja Maranata de São Luís do Maranhão quando contou que o nosso louvor, o nosso canto, por mais desafinado que seja ele sobe até o céu como “cheiro agradável”. Nossa, que alivio para mim e para os demais desafinados da igreja. Eu podia cantar e louvar sem vergonha de Deus e dos outros irmãos, que legal. Essa é verdadeiramente uma boa notícia, mas o louvor não pode fazer parte da nossa adoração e acontecer somente na igreja. Tem que ser diário, em cada casa, não pode ser limitado a uma recarga semanal, mas deve ser um abastecimento diário, assim não podemos esperar dos membros da igreja que somente no domingo tenham necessidade de ouvir o louvor. Isso é redutivo por nossa parte da importância que o louvor deveria ter em nossas vidas. Muitas pessoas ficam receosas durante a semana a ouvir louvores de igreja, mesmo que hoje a tecnologia nos permite de ouvir no fone de ouvido se isso atrapalha os
  • 70. 70 outros, de ouvir em casa pelo celular, ou pela internet no computador ou TV. Isso tem “soado” meio estranho, sobretudo quando as pessoas preferem ouvir música bem diferente dos louvores cristãos. Nada contra a ouvir outros estilos de música. Creio seria difícil fazer uma serenata romântica para sua esposa ou sua noiva com um louvor cristão, talvez um Roberto Carlos da vida seria mais indicado, não é? Mas refiro-me aos cristãos que escutam músicas cuja letra é no mínimo demoníaca ou fala de morte ou de sexo ou de traição ou de outros assuntos que a bíblia em si e o Senhor Jesus com certeza não indicariam. Ao final somos bem conscientes quando o assunto é alimentar nossa mente e nosso coração com as informações que vem do mundo. Todos sabemos onde o erro está, então sabemos que existem coisas que não são interessantes para nos cultivar e coisas que podem escandalizar as pessoas que não conhecem a Jesus. (28) (29). Escuto muito cristãos usar a frase “tem nada não” ou “o que é que tem? ”, ou algo parecido quando são perguntados respeito às músicas duvidosas que escutam. Será isso mesmo? Quero dizer, foi isso que Jesus sugeriu quando mandou cantar “salmos e hinos espirituais? ” Vejam bem, não estou dizendo que devemos escutar uma música de louvor a Deus quando estamos malhando na academia, seria bom, mas não faria sentido a não ser que seja só para você. Mas estou sugerindo de
  • 71. 71 alimentar a sua mente com coisas que edifiquem o seu Espirito. E falando de Espirito Santo, ele realmente é uma pessoa educada e gentil, nunca chamaria você a atenção quando tomasse uma decisão errada, nem gritaria à sua alma que “não aguenta mais escutar isso”, muito pelo contrário, ele diminuiria seu fogo e fecharia suas águas constrangido. Tem um versículo na bíblia que pode passar despercebido a respeito do Espirito Santo, mas leiam agora comigo: “Quem falar contra o Filho do Homem será perdoado, porém quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado”. Lucas 12,10. Olhem só quanto é sério o assunto! Deus não vai perdoar ofensas ao Espírito Santo. E nós, temos evitado isso? Em outros trechos da Bíblia se fala da tristeza do Espirito, exatamente “não entristecer”. Como anda nosso relacionamento com ele? Se os verdadeiros adoradores, o adorarão em Espírito e em verdade, como disse Jesus, (30), como anda nossa adoração? Minha esposa é fonte de inspiração quando o assunto é louvor, acredito que o Espirito Santo se deleite a ouvi-la. Além de gravar com extrema facilidade todas as letras e as músicas dos louvores, ela adora cantar e louvar o Senhor em casa sempre que pode. As suas orações compridas são apresentadas com louvor e quebrantamento. Sou honrado de ser o marido dela e sei que muitas pessoas têm este mesmo dom, pois o Senhor distribui os seus dons de acordo com a sua vontade.
  • 72. 72 Mas ao mesmo tempo que ela canta e louva o Senhor de todo o seu coração, ela não se vê louvando no púlpito de uma igreja, isso realmente é outro dom. E temos assistido ao longo dos anos a uma verdadeira necessidade de se mostrar na hora de louvar o Senhor, por pessoas que nem sequer foram consagradas por isso. São pessoas que apesar da sua reputação ser reta ou vivendo no pecado ou não, impunham o microfone e acreditam piamente que o louvor deles suba até o Senhor. Talvez esse seja o ministério mais consagrado e mais cheio de tentações dentro de uma igreja, juntamente com o ministério de dança. Vaidade e orgulho andam de mãos dadas nessa hora e muitos tem sido atacados pelo demônio pois essa é a praia dele. (31) Quero falar agora de algo que tem trazido preocupação ao meu coração, estou-me referindo ao uso que se faz do louvor dentro das células nos dias de hoje. O louvor nasce como adoração ao Senhor, ou melhor, como forma de adoração, pois podemos adorá-lo de muitas formas. Quando comecei a frequentar a célula, no começo da minha caminhada cristã, percebia não somente a importância de louvar ao Senhor, mas de fazê- lo com todo o coração, cantando e dedicando um bom tempo nisso. Lembro que no mínimo tinham 3 músicas para adoração e louvor, as vezes temos tido tempo de célula inteiramente preenchido com louvores, nada de pregação, só Louvor. Hoje assisto a células nas quais o louvor é somente uma etapa do roteiro, onde mal se escuta um único louvor, ou
  • 73. 73 dois no máximo e, coisa pior os membros mal conhecem as músicas escolhidas para louvar ao Senhor. Isso é sério. A escolha não é feita para que os membros louvem ao Senhor, a escolha dos louvores é baseada em gostos pessoais, relação ou não com a pregação, se está na moda ou se for o último lançamento de um cantor ou grupo gospel, pouco importando se os membros a conhecem o sabem a letra. Os líderes de célula, precisam ensinar com todo o cuidado que as coisas feitas para o Senhor precisam de excelência. (32) Se os membros da célula não abrirem a boca para cantar e louvar ao Senhor, serão meros espectadores e não serão envolvidos nesse momento espiritual. Entendem a gravidade disso? Quanto isso é sério? Aconselho a escolherem uma seleta de pelo menos 20 músicas, criar cadernetas com a letra e dar para cada membro da célula para que possa louvar ao Senhor. Paralelamente usem um som, ou um celular para ouvir a música, caso não se tenha acesso a internet e não seja possível usar o YouTube para escutar os vídeos das músicas escolhidas com a letra delas. O importante é que os membros conheçam as musicas, as aprendam e possam louvar ao Senhor com os seus lábios. Assim haverá adoração “em espírito e em verdade”. Assim como acontece nas igrejas durante os cultos, onde o louvor tem tomado um tempo razoável, aproximadamente de 30 até 50 minutos, incluindo o tempo de dízimos e ofertas e orações, da mesma forma
  • 74. 74 devemos dar-lhe igual importância, claro, proporcional ao tempo da célula, na ordem de 15-20 minutos. De acordo com o Pr. Beto Luz no seu artigo escrito no 2010 no blog “Palavra viva”- “A importância do louvor já é expressa quando se recebe a orientação de que ela deve ser a primeira parte de uma reunião caseira e isto não é à toa. O louvor trabalha em nós muito mais que as palavras e da mesma forma recebemos bem melhor as mensagens cantadas do que faladas e a maior prova disto é que geralmente ouvimos mais músicas do que lemos livros e isto expressa nossa identificação antropológica com a música. O valor da música nas células já era reconhecido na igreja de Atos. “… partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça do povo…” (At 2: 46,47) Infelizmente muitas pessoas vão para a célula ministrar um louvor irresponsável e descomprometido com a qualidade e não é esta a visão que devemos ter. Temos que entender que célula também é igreja e por sua vez é formada por adoradores por este motivo é de suma importância uma ministração de qualidade. O mesmo zelo que temos para os cultos de Domingo devemos ter com as células. O poder do louvor é desprezado por muitos líderes de célula por imaginar que um pequeno grupo não pode mover o mundo espiritual o que não é verdade.
  • 75. 75 Logo após serem açoitados Paulo e Silas foram postos no cativeiro e chegaram a conclusão de que dispunham de uma poderosíssima arma espiritual – O louvor. Resolveram usar esta arma e o fruto desta disposição foi o rompimento de cadeias físicas e espirituais. Se eles fossem achar que apenas duas vozes seriam insuficientes para a manifestação de Deus talvez teriam morrido naquela prisão, mas receberam de Deus discernimento sobre o poder do louvor, usaram e obtiveram o mais poderoso resultado possível. Todas as vezes que subestimamos o poder do louvor nas células, estaremos incorrendo no imperdoável erro de desprezar o mover de Deus que não é fruto de multidões ou equipamentos, mas de lábios que confessam o nome do Senhor.” É preciso dedicar tempo e reconhecer a importância desse momento nas nossas células. Moldar nossos líderes para este momento que é tão relevante quanto o a oração. Não permitam que os membros da sua célula fiquem infrutíferos, não tenham seus espíritos elevados em adoração. Não resuma o louvor ao ato de ouvir uma música gospel. Perguntas para refletir 1. Quanto o louvor tem influência na sua vida? 2. Está ciente que músicas que não louvam a Deus ou com conteúdo discutível não lhe edificam? 3. O que você pode fazer a este respeito?
  • 76. 76
  • 77. 77 Capítulo 7. Sobre o discipulado Há uma necessidade desesperadora de homens e mulheres espiritualmente maduros para mentorear cristãos mais novos, ajudando-os a esclarecer o que é realmente importante na vida e no trabalho. Andar juntos é o foco. Perdoar é preciso, relacionamento implica isso, a realidade da vida é que nós ofendemos uns aos outros. Por isso que crescemos, perdoamos e continuamos juntos. Essa e a beleza da família de Deus. No mundo as pessoas brigam, casamentos se rompem, famílias são destruídas. Vamos louvar a Deus quando somos ofendidos pois nisso podemos crescer. Exatamente como os casais que vivem juntos, andam juntos, comem juntos, dormem juntos e precisam se relacionar todos os dias, imaginem a necessidade que tem de se relacionar duas pessoas próximas, com os mesmos interesses ou frequentando a mesma igreja. Mentores espirituais podem ajudar crentes mais novos na realização de seus sonhos e visões e a se sentirem conectados integrando vida e trabalho e alcançando a maturidade espiritual. Em vez de relacionamentos autênticos e de cuidado, atualmente na igreja o crente com muita frequência é encorajado a participar dos cultos, estudos bíblicos, organizações paraeclesiásticas ou ministérios evangelísticos com a finalidade de encorajar sua fé e "crescer firme no Senhor". Esquecemos, porém, que ele NÃO pode crescer sozinho. A teoria é que mais ensino
  • 78. 78 da Palavra com mais participação no ministério é igual a mais maturidade espiritual. Por mais importantes que esses envolvimentos possam ser, essa falsa suposição leva crentes a absorverem mensagem após mensagem, livro após livro, seminário após seminário, tudo para preencher o vazio de um verdadeiro relacionamento. O resultado é um cristão que engorda espiritualmente e fracassa na interpretação do que está aprendendo para poder transmitir essa experiência a outras pessoas. E por não ser discipulada, mas “treinada” por alguém, essa pessoa não sabe como influenciar outras pessoas por meio de sua vida, de maneira significativa e sacrificial, porque ela mesma nunca teve um cuidado paterno apropriado, permanecendo uma criança espiritual, necessitando ser mimada pelo pastor ou outro obreiro. Porém, como povo de Deus, temos de amadurecer... Bebês necessitam ser cuidados e alimentados pelos pais, assim como crentes necessitam ser supridos de maneira prática por pais amorosos que se alegram quando seus filhos alcançam seu pleno potencial em Cristo. Deus quer produzir pais espirituais dispostos a cuidar de filhos espirituais e ajudá-los a crescer para que venham a se tornar a sua vez pais espirituais. Filhos espirituais necessitam de pais espirituais que desenvolvam neles um caráter forte e lhes assegurem que eles têm valor, que são presentes de Deus. Quando os filhos amadurecerem, eles por sua vez deverão desenvolver a geração que virá depois. Cada pessoa é chamada a ser um mentor: Nós somos cuidados como filhos para nos tornarmos pais e podemos ir muito mais
  • 79. 79 longe espiritualmente, quando trabalhamos juntos em unidades parecidas com a família para alcançar o mundo. Você sempre pode encontrar alguém mais jovem espiritualmente para você discipular e treinar nos caminhos de Deus e logo essa pessoa estará pronta para treinar outros também. Temos de aprender como liberar pais espirituais de todas as idades para que se reproduzam. Quando a Bíblia exorta homens mais velhos a treinar homens mais jovens e mulheres mais velhas a treinar mulheres mais jovens, isso significa que um pai espiritual deve ser um cristão maduro, que reflete experiência. Isso não quer dizer necessariamente que tem de ser alguém de mais idade para mentorear outra pessoa de menos idade. Experiência e maturidade espiritual devem ser o padrão de medida que indica quem deve mentorear quem. Independentemente da idade, é a maturidade espiritual da pessoa que a qualifica para mentorear outra. Muitas pessoas se encontram órfãs não apenas dos pais biológicos, mas de todo tipo de herança emocional e espiritual sadia. A igreja também está repleta de órfãos espirituais. Eles aceitaram Jesus Cristo, mas não receberam alimento para sua fé. Seja por causa da falha deles mesmos, seja pela falha de outros, ainda não se tornaram membros da família espiritual. Precisam de uma figura espiritual paterna, que as ajude a crescer no Senhor. Ser um pai ou uma mãe no Senhor não se limita àqueles que exercem o pastorado, ou aos líderes espirituais. Há também a necessidade crucial de outras pessoas espiritualmente maduras, interessadas no
  • 80. 80 próximo e capazes de agir como "pais" e "mães" de outros crentes. Mediante sua simples presença, conseguem ministrar às pessoas ao seu redor por causa da maturidade e da profundidade de seu conhecimento de Deus. Precisamos espalhar pela igreja inteira esses "pais" para serem quem são. Estando disponíveis, tendo tempo suficiente para as pessoas e tendo um lar aberto, podem ser instrumentos valiosos de cura e amor. De acordo com o que escreveu o Pr. Alexandre Cavalcanti da igreja Menonitas de Curitiba, “vamos verificar alguns obstáculos que impedem que as pessoas se desenvolvam para se tornarem mentores. Se você se encontra em alguma destas categorias, não fique aí parado. Seus filhos espirituais esperam por seu cuidado.“ Observamos em seguida as 5 categorias destacadas por ele. 1. IGNORÂNCIA - Atualmente, a falta de conhecimento impede muitos de se tornarem mentores. Muitos cristãos dedicados nunca ouviram falar de mentoria espiritual ou não compreendem seu conceito. Quando compreendemos que Deus é um Deus de famílias e que deseja que cada pessoa seja um pai ou uma mãe espiritual para outra(s) pessoa(s), nós entendemos a mentoria espiritual; nós não mais somos ignorantes e temos a responsabilidade de corresponder. Por outro lado, a ignorância também pode vir da ausência de modelos. A falta de um mentor espiritual em nossa própria vida pode ser a causa de ficarmos à margem porque