1. O rosto da Palavra: Jesus Cristo, e sua
centralidade na catequese.
Júlio Fernandes
2. Vejamos: no Evangelho de São Marcos, no
episódio do jovem rico que pergunta a Jesus o
que deveria fazer para ser perfeito. MC 10,17-24
"Jesus fixou nele o olhar, amou-o e
disse-lhe: “Uma só coisa te falta;
vai, vende tudo o que tens e dá-o
aos pobres e terás um tesouro no
céu. Depois, vem e segue-me”.*"
3. CATEQUESE: LUGAR DE
ENCONTRO COM JESUS
CRISTO VIVO
A catequese, principalmente a partir
do documento Catequese Renovada,
acentua fortemente a centralidade de
Jesus Cristo na educação da fé.
4. “A catequese sempre foi considerada
pela Igreja como uma das suas
tarefas primordiais, porque Cristo
ressuscitado, antes de voltar para
junto do Pai, deu aos apóstolos uma
última ordem: fazerem discípulos de
todas as nações e ensinarem a todos
a observar tudo aquilo que ele lhes
havia mandado”.
5. Para isso....
A importância do encontro: “No início do ser
cristão não há uma decisão ética ou uma
grande ideia, mas o encontro com um
acontecimento, com uma Pessoa que dá à
vida um novo horizonte e, desta forma, um
rumo decisivo”.
O Papa Francisco, também na introdução da
Exortação Apostólica “A Alegria do
Evangelho” disse: “Convido todo o cristão, em
qualquer lugar e situação que se encontre, a
renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal
com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a
decisão de se deixar encontrar por Ele, de O
procurar no dia a dia sem cessar”
6. O verdadeiro Catequista, que não deixa
jamais de ser discípulo, sabe que Jesus
caminha com ele, fala com ele, respira
com ele, trabalha com ele. Sente Jesus
vivo com ele, no meio do compromisso
catequético. Se uma pessoa não O
descobre presente no coração mesmo da
entrega catequética, depressa perde o
entusiasmo e deixa de estar seguro do
que transmite, faltam-lhe força e paixão.
E uma pessoa que não está convencida,
entusiasmada, segura, enamorada, não
convence ninguém”.
7. Necessidade do Encontro
Dificuldades de nossos jovens no
dia atual
Vendo o que nosso papa Francisco diz
em suas cartas percebemos sua
preocupação com a catequese: o “grande
número de adolescentes e jovens que
abandonam a prática cristã, depois do
sacramento do Crisma”, isto é, “precisamente
na idade em que lhe(s) é dado tomar as
rédeas da vida nas suas mãos” e depois de
um longo percurso de catequese.
8. O Papa Francisco, dá-nos razão, ao
apontar como causa, não os catecismos,
nos quais, segundo pensa, está “bem
apresentada a figura e a vida de Jesus”,
mas sim a dificuldade em “encontrá-lo no
testemunho de vida do catequista e de
toda a comunidade que o envia e
sustenta”. E depois situa esse testemunho
no único modelo de catequese realmente
apto, em qualquer fase etária, para o
encontro com Cristo: “realizar encontro
pessoal com Jesus Cristo, vivido em
dinâmica vocacional segundo a qual Deus
chama e o ser humano responde”.
9. O encontro com o Cristo vivo
leva, necessariamente, o catequisa
e o catequizando à conversão, a
uma mudança de vida. De fato, a
catequese, procura favorecer este
encontro pessoal e comunitário
com Jesus.
10. “No centro da catequese nós
encontramos especialmente uma
pessoa: é a Pessoa de Jesus de
Nazaré, Filho único do Pai, cheio de
graça e de verdade, que sofreu e
morreu por nós, e que agora,
ressuscitado, vive conosco para
sempre. É este mesmo Jesus que é o
Caminho, a Verdade e a Vida e a vida
cristã consiste em seguir a Cristo” (CT 5).
11. É missão da catequese o
acompanhamento das pessoas nas
diversas fases da vida. A catequese
comunga da mesma ideia ao afirmar
que: “as pessoas precisam ser
acompanhadas nas diversas fases da
vida, num clima de solidariedade
fraterna, de companheirismo, com um
relacionamento que seja o próprio
retrato da atenção que Jesus dava às
pessoas e do amor com que Deus vê
cada um dos seus filhos e filhas”(Documentos
da CNBB, nº 72, p. 17).
12. A formação catequética não se limita
somente a crianças, adolescentes e
jovens, mas é uma formação
permanente. Esta que devemos deixar
se conhecer em nosso meio, colher os
frutos que lhe são oferecidos. Não
abandonar nenhum pelo caminho,
andar junto com todos para uma
catequese vivencia o rosto de Cristo
na palavra de Deus. Sua centralidade
faz com que qualquer um se apaixone
pela palavra e pelo rosto de Cristo.
13. A catequese é um itinerário de formação
na fé, esperança e caridade. Forma o
catequizando para acolher com alegria a
mensagem evangélica e ajudar a outros
a encontrarem pessoalmente o Senhor.
“O desejo ardente de convidar os outros
para se encontrarem com aquele que
nós encontramos está na raiz da missão
catequética a que é chamada toda a
Igreja, mas que é sentida com particular
urgência hoje…”
(Ecclesia in America, 68).
14. Nós, Catequistas procuremos:
• Anunciar e testemunhar a Pessoa de
Jesus Cristo vivo;
• Proporcionar aos catequistas e
catequizandos o encontro pessoal
com Jesus Cristo, a fim de que todos
possam segui-lo com convicção;
15. O documento 109 da CNBB – nº
25-26
25- 26. Os gestos de amore solidariedade são
critérios para a credibilidade de nossa fé. São
parte constitutiva irrenunciável de sua essência.
A misericórdia é palavra – chave para o agir de
Deus conosco. Jesus é o “rosto da misericórdia
do Pai”.
Quando queremos dizer que uma pessoa é
omissa ou falsa, dizemos assim: "Fulano de tal
não tem coragem de mostrar o rosto". Ou ainda:
"Um dia a máscara vai cair e ele vai mostrar o
seu verdadeiro rosto". Por isso, depois de afirmar
que "Jesus é o rosto da misericórdia do Pai", o
Santo Padre acrescenta, explicando: "Tal
misericórdia tornou-se viva, visível e atingiu o seu
clímax em Jesus de Nazaré" (Francisco, Papa. Misericordiae Vultus, § 1o).
16. Isso é semelhante ao trabalho de um
tradutor. Pensemos, agora, na Bíblia. Foi escrita
originalmente em Hebraico, Aramaico e Grego e
bem mais tarde, foi traduzida para o Latim.
A maioria de nós, infelizmente, não tem
condições de fazer a leitura direta dos textos
originais porque não conhecemos esses idiomas
ou não possuímos o domínio de tais línguas.
Se um tradutor, todavia, passa para o
Português, então podemos ler fluentemente e
meditar profundamente a Palavra de Deus.
Aquilo que para nós estava oculto torna-se
agora manifesto. Aquilo que era incompreensível
e obscuro torna-se compreensível e claro.
17. Jesus, por assim dizer, é como que o
tradutor da linguagem do Amor
Misericordioso de Deus para a linguagem
humana.
Deixa-nos ver, através de Si, ao nosso
modo, aquilo que pertence à essência
mesma de Deus. E nós, cristãos, que somos
misteriosamente unidos a Jesus pelo
Batismo e pelos demais Sacramentos da
Igreja, devemos também, fortalecidos pela
Graça, esforçarmo-nos por traduzirmos o
Amor de Deus em nossas vidas.
Assim a mesma mensagem será
proclamada em uma linguagem sempre
nova, capaz de alcançar todas as mentes e
todos os corações.
18. Essa é a tarefa dos catequistas:
fazer que seja vista e compreendida
por todos, ao modo de cada um, a
Misericórdia do Pai. Por isso, disse o
Senhor: "Vós sois o sal da terra". E a
seguir: "Vós sois a luz do mundo" (Mt 5, 13-14).
Somos nós os responsáveis por fazer
brilhar no mundo a mensagem viva
do Evangelho! Que grande e nobre
missão Jesus nos dá!
19. Testemunho
• Por que estou na catequese?
Isso me pergunto várias vezes ao longos dos
22 anos como catequista. Uma breve frase carrego
comigo. Não é Ser santo, outra coisa não é, senão
cumprir bem essa tarefa, isto é, deixar que a Graça
de Deus toque o meu coração todos os dias e me
converta e que pouco a pouco, a minha
personalidade se vá conformando à de Jesus. "Eu
não tinha certeza se deveria estar ou não na
catequese. Só o que me importa era que Jesus
fosse tudo em minha vida".
Que desejo poderia ser mais belo e
comovente do que este: que Jesus seja tudo em
minha vida? "Ninguém dentre nós vive para si
mesmo ou morre para si mesmo. Se estamos vivos,
é para o Senhor que vivemos e, se morremos, é
para o Senhor que morremos" (Rm 14, 7-8).
20. Uma pergunta para você
catequista?
Quando o Senhor olhar assim para
nós, para o nosso rosto, o que será
que Ele vai encontrar? Uma
máscara? Uma cara de esfinge?
Uma face enigmática? Triste ou
emburrada? Uma cara de
paisagem?
21. Deixemos que Jesus nos veja como
nós realmente somos. Nos nossos rostos,
resplandeça sempre mais a verdade! Nos
momentos de alegria, não tenhamos
vergonha ou receio de sorrir. Nos
momentos de tristeza, não tenhamos
medo de chorar, se preciso for. Sejamos
sempre autênticos, sinceros no
relacionamento com Deus e também com
os nossos semelhantes.
Peçamos a Nossa Senhora, Mãe e
Porta da Misericórdia, que nos ajude a
sermos bons católicos, bons catequistas
misericordiosos como o Pai (cf. Lc 6,36)!
Notas do Editor
Apesar de todos os esforços em contrário, reconhecemos que entre nós ainda é o modelo escolar que predomina, apoiado aliás por outros fatores: a redução da catequese a um encontro semanal, por vezes em apertados horários pós-escolares e a par ou mesmo em concorrência com atividades formativas ou recreativas talvez mais aliciantes; uma calendarização idêntica à da escola, com os catequizandos ausentes das maiores celebrações, como as da Páscoa e do Natal, por se realizarem em tempo de férias; a instrumentalização das celebrações ao longo do percurso catequético, incluindo a do Crisma, para segurar os catequizandos até, uma vez crismados, deixarem a Igreja como deixam a escola; a linguagem usada, predominantemente escolar – “matrículas”, “exames” “aulas”, “alunos” e a identificação destes por anos, como na escola.