A Arte da Persuasão: Uma Análise da Retórica Segundo Aristóteles
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A RETÓRICA
Origem etimológica da palavra “retórica”
A retóricasurgiuna GréciaAntiga. O termo«retórica» derivadapalavragrega“rhêtorikê”,que significa«arte da
palavra».
Definição comum de retórica
A retórica é a arte de falar e de argumentar de modo a persuadir, isto é, a arte de persuasão mediante o
discurso. Persuadiré obtera adesãodoauditório a certas ideias ou pontos de vista. O orador ou retor utiliza um
conjunto de técnicas com o objetivo de conseguir o assentimento às suas teses por parte do auditório.
A definição de Aristóteles
Para Aristóteles mais do que a arte de persuadir, a retórica é a disciplina que estuda os meios adequados para
persuadir de acordo com cada caso, ou seja, conforme o contexto em que se exerce a influência do discurso.
Enquanto as outras artes têm objetos específicos, a retórica é aplicável a qualquer assunto. O retor tem a
capacidade de descobrir as formas mais eficazes de persuadir.
ORADOR E AUDITÓRIO
ORADOR OU RETOR: É AQUELE QUE UTILIZA O DISCURSO PARA PERSUADIR O AUDITÓRIO. O RETOR DEVE
CONHECER AS LIMITAÇÕES DO AUDITÓRIO QUE VISA PERSUADIR.
AUDITÓRIO: é o conjunto de indivíduos cuja racionalidade é limitada ou imperfeita e que o retor ou o orador
pretende persuadir.
A UTILIDADE DA RETÓRICA
Ao contráriode filósofosseuscontemporâneostãoimportantescomoPlatão,Aristótelesconsideraaretóricaútil.
Razões:
1. A VERDADEE A JUSTIÇA DEVEMPREVALECER;
2. HÁ ALGUNS AUDITÓRIOSQUE NEMA CIÊNCIA MAISEXACTA CONSEGUE PERSUADIR;
3. É NECESSÁRIOSABERARGUMENTAR SOBRE COISASCONTRÁRIASPARA PODERMOSREFUTARAS
OBJECÇÕES;
4. A RETÓRICA É ÚTIL PORQUE SEM ELA A VERDADE PODESER DERROTADA NUM DEBATE.
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Apesar desta utilidade, a retórica também pode ser usada de forma injusta e causar grandes danos. É, por
conseguinte, um instrumento que tanto pode ser usado para o bem como para o mal.
Tipos de discurso ou de oratória
ARISTÓTELES AFIRMA QUE EXISTEM TRÊS GÉNEROS DE DISCURSO RETÓRICO. Cada um destes géneros de
discurso retórico ou retórica tem um auditório, uma intenção, um objeto e um método próprio.
1. DISCURSO DELIBERATIVO
O discurso deliberativo tem por auditório os membros da assembleia, a quem procura aconselhar ou dissuadir,
mostrando por meio do exemplo que uma qualquer ação possível futura (uma vez que só podemos deliberar –
propostasde leis - sobre o que aindanão aconteceu) é conveniente ou prejudicial. Esta é a forma por excelência
do discurso político.
2. DISCURSO JUDICIAL
O discursojudicial é ousadopelosoradoresnos tribunais.Tem porauditórioos juízes e como intenção acusar ou
defender, mostrando por meio do entimema que uma determinada ação ocorrida no passado (uma vez que só
podemosjulgar o que já aconteceu) é justa ou injusta, ou seja, diz respeito ao que uma pessoa fez ou não, para
saber se agiu legalmente ou não.
3. DISCURSO EPIDÍCTICO.
O discurso epidíctico tem por auditório os espectadores no conselho e a sua intenção é elogiar ou censurar,
mostrandopor meioda amplificação que alguém, uma figura do passado ou um feito histórico, devido às ações
que praticou, é virtuoso ou vicioso. Trata-se de um discurso sobre a atitude a adotar no presente, ainda que o
objeto da atitude seja um acontecimento do passado.
TIPOS DE PROVAS
Para persuadir, o orador pode recorrer a dois tipos de provas: as provas não
técnicas e as provas técnicas.
1. Provas não técnicas
As provasnão técnicassão específicasdaretóricajudicial. Estasprovasjáexistem, limitando-se o orador a utilizá-
las. Exemplo: as leis, os testemunhos, os contratos, os juramentos, etc.
2. Provas técnicas de Aristótelese respetivafinalidade
As que podem ser preparadas pelo orador. As provas técnicas (meios de persuasão) são: 1) Ethos (residem no
carácter moral do orador), 2) Pathos (modo como se dispõe o auditório) e 3) o Logos (no próprio discurso, pelo
que este demonstra ou parece demonstrar). Tais provas articulam-se e têm como fim comum a persuasão do
auditório. Contudo, há aspetos específicos de cada uma, tendo em vista essa mesma finalidade.