2. SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
Prezados (as) Professores (as)
A avaliação constitui-se uma ação imprescindível para o desenvolvimento do processo de ensino
aprendizagem, já que possibilita a obtenção de informações para a tomada de decisões que
conduzam ao bom andamento do processo educacional. Nesta perspectiva, para os estudantes
da área de saúde, a avaliação sistemática pode ser considerada o termômetro que possibilita a
confirmação do estado em que se encontram os elementos envolvidos. E como é meta de todo
mestre trabalhar em prol da educação, apresentamos este Guia de Recomendações Técnicas
para a elaboração de questões, com o intuito de promover o aprimoramento da ação docente, na
medida em que objetiva contribuir para que o momento da elaboração de questões de avaliação
seja reflexivo e objetivo, expressando o processo avaliativo como ação para a aprendizagem.
Saudações Pedagógicas,
Profªs Ana Cristina Barbedo e Gidélia Alencar.
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3. SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
O que dizer da prática da avaliação?
Do ponto de vista conceitual, a prática da avaliação é a mesma para qualquer nível de ensino. O
que as diferenciam são as práticas metodológicas e técnicas que necessitam ser adequadas aos
diversos níveis de ensino e aos diversos tipos de conteúdos e práticas. (Luckesi, 2000).
O tipo de instrumento a ser elaborado para a verificação da aprendizagem depende da natureza,
dos objetivos visados, das habilidades e competências construídas, do nível de maturidade da
turma, dos recursos didáticos disponíveis, da relação estabelecida entre o professor e o aluno, e
até das condições climáticas se considerarmos os exames aplicados, por exemplo, nas atividades
realizadas ao ar livre. Caberá ao professor a escolha do instrumento adequado e a capacidade de
transformação de velhos recursos em formas criativas de avaliar, tendo como principal referência
o que deseja avaliar.
QUESTÕES NORTEADORAS DO PROCESSO AVALIATIVO
Para o planejamento do processo avaliativo faz-se necessário um momento de reflexão por parte
do avaliador no que diz respeito aos objetivos para os quais se pretende avaliar. É pertinente
interrogar sobre o que avaliar, quando avaliar e como se dará este processo avaliativo entre os
envolvidos.
Cabe então, repensar:
O QUE?
POR QUÊ?
QUANDO?
AVALIAR
COMO?
QUEM?
São os objetivos que respondem sobre:
1. O que avaliar;
2. De que forma avaliar;
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3. Qual o instrumento ou técnica mais eficaz para avaliar;
4. O que registrar e de que forma;
5. Como discutir o instrumento da aprendizagem;
6. Qual o encaminhamento a ser dado a partir do feedback (a ser combinado com o aluno tendo
em vista reiniciar o processo de aprendizagem).
Objetivos de aprendizagem
Processos para atingi-los
Resultantes da aprendizagem
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Taxonomia de Bloom
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5. SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
Conhecimento: processos que
requerem que o estudante
reproduza com exatidão uma
informação adquirida, seja uma data,
um relato, um procedimento, uma
fórmula ou uma teoria.
Compreensão: requer elaboração
(modificação) de um dado ou
informação original. O estudante
deverá ser capaz de usar uma
informação original e ampliá-la,
reduzi-la, representá-la de outra
forma ou prever consequências
resultantes da informação original.
Aplicação: reúne processos nos
quais o estudante transporta uma
informação genérica para uma
situação nova e específica
Análise: caracterizam-se por
separar uma informação em
elementos componentes e
estabelecer relações entre eles.
Síntese: representa os processos
nos quais o estudante reúne
elementos de informação para
compor algo novo que terá,
necessariamente, traços individuais
distintivos.
Avaliação: representa os processos
cognitivos mais complexos. Consiste
em confrontar um dado, uma
informação, uma teoria, um produto
etc... Com um critério ou conjunto de
critérios, que podem ser internos ao
próprio objeto de avaliação, ou
externos a ele.
Definir, reconhecer, recitar,
identificar, rotular,
compreender, examinar,
mostrar, coletar, listar.
Rótulos, datas, nomes, fatos, definições,
conceitos.
Traduzir, interpretar, explicar,
descrever, Resumir,
demonstrar.
Argumento, explicação, descrição, resumo.
Aplicar, solucionar,
experimentar, demonstrar,
construir, mostrar, fazer,
ilustrar, registrar.
Conectar, relacionar,
diferenciar, classificar,
arranjar, estruturar, agrupar,
interpretar, organizar,
categorizar, retirar, comparar,
dissecar, investigar.
Projetar, reprojetar, combinar,
consolidar, agregar, compor,
formular hipótese, construir,
traduzir, imaginar, inventar,
criar, inferir, produzir,
predizer.
Interpretar, verificar, julgar,
criticar, decidir, discutir,
disputar, escolher.
Diagrama, ilustração, coleção, mapa, jogo
ou quebra-cabeças, modelo, relato,
fotografia, lição.
Gráfico, questionário, categoria,
levantamento, tabela, delineamento,
diagrama, conclusão, lista, plano, resumo.
Poema, projeto, resumo de projeto,
fórmula, invenção, história, solução,
máquina, filme, programa, produto.
Opinião, julgamento, recomendação,
veredicto, conclusão, avaliação,
investigação, editorial.
(adaptado de RODRIGUES, 1994)
RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE QUESTÕES OBJETIVAS.
A elaboração de itens de múltipla escolha deve seguir os seguintes critérios:
1. Relevância do conteúdo;
2. Clareza na redação da instrução, do suporte e das alternativas;
3. Inclusão apenas de elementos relevantes;
4. Enunciados que não contenham dicas verbais;
5. Enunciados apresentados de maneira positiva. Quando a questão exigir a negativa, deve
ser grifado, em letras maiúsculas e em negrito;
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6. Nível de dificuldade adequado;
7. Ausência de elementos que favoreçam o acerto ao acaso ou a exclusão;
8. Evitar termos tais como, sempre, nunca, todo (a), provavelmente, totalmente,
absolutamente, completamente, somente, às vezes;
9. Não elaborar questões com pegadinhas Ex. inversão simples de palavras e grades
sequenciais; este tipo de questão induz ao erro;
10. Linguagem adequada ao nível em que se encontra o aluno;
11. Pontuação correta – se o enunciado for uma frase a ser completada, devem começar com
letra minúscula e terminar com ponto final;
12. Se o enunciado for uma pergunta, a alternativa deve começar com letra maiúscula e
terminar com ponto final.
13. Quando o enunciado for uma pergunta e as alternativas forem construídas com palavras
ou frases incompletas, a alternativa deve começar com letra maiúscula e não apresentar
pontuação final;
14. Evitar:
a. Alternativas que provoquem controvérsia;
b. A opção: “nenhuma das anteriores” ou” todas as anteriores”.
c. Alternativas em com inversões artificiais, ou armadilhas verbais;
d. Alternativas absurdas ou descontextualizadas;
e. Alternativas com itens interligados; os itens devem ser independentes entre si;
15. As alternativas devem incluir uma única resposta correta e os distratores devem ser
plausíveis em relação à primeira, evitando assim o acerto por exclusão.
16. As alternativas devem ser organizadas de maneira lógica, ou seja, em ordem numérica,
alfabética ou cronológica;
17. Não incluir, nas alternativas, detalhes irrelevantes ou absurdos;
18. As alternativas devem ser mutuamente excludentes; (isso assegura apenas uma correta).
Abaixo, elaboramos uma tabela prática que poderá auxiliá-lo no momento da elaboração
de questões objetivas e subjetivas:
QUESTÕES OBJETIVAS
Recomendados para verificar se os objetivos cognitivos estão sendo atingidos
Principais vantagens
Principais desvantagens
Avaliam vários objetos ao mesmo tempo
Elaboração difícil e demorada
Possibilitam julgamento rápido e objetivo
Exigem digitação e impressão
Limitam-se ao conteúdo, eliminando a subjetividade na
Não avaliam as habilidades de expressão dos
correção.
alunos
Os resultados podem virar dados estatísticos
Condicionam a uma certa passividade dos alunos
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Facilitam a “cola” e requerem fiscalização cuidadosa
FASES DA CONSTRUÇÃO
Determinação dos objetivos e conteúdos a serem avaliados
Escolha dos tipos de instrumentos (dissertativo e / ou objetivo)
Fixação do número de questões e instruções
Elaboração das questões e instruções
Bem distribuídas
Cuidadosamente elaboradas
Baseadas em ideias relevantes
5. Revisão e aperfeiçoamento das questões
Retenção e análise de cada item
1.
2.
3.
4.
ORGANIZAÇÃO
Questões a partir de ideias e problemas relevantes
Respeito pelo grau de formação escolar do aluno
Instruções específicas para cada categoria ou item
Não usar frases prontas
Questões em ordem de dificuldade crescente
Agrupamento de questões da mesma categoria
Evitar dicas de respostas
Apresentação esteticamente organizada (digitada)
Evitar divisão de questões (na digitação)
Separar uma questão da outra
Somente utilizar ilustrações nítidas
Determinar o critério de correção antes da aplicação da prova
Preparar o gabarito de correção
TIPOS DE QUESTÕES
Resposta curta
Lacuna
Certo-errado
Verdadeiro- falso
Acasalamento / combinação
Associação
Múltipla Escolha
Levam à recordação /evocação
Memorização
Levam ao reconhecimento
Exigem ordenação
Exigem resposta múltipla
QUESTÕES SUBJETIVAS
Recomendados para oportunizar a expressão dos alunos de maneira pessoal
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Principais vantagens
De fácil organização
Verifica a capacidade reflexiva do aluno
Verifica a capacidade de organização das ideias
Possibilita verificação da clareza e objetividade de
expressão do aluno
Principais desvantagens
Favorece amostra reduzida das aprendizagens
adquiridas
Não anula a subjetividade na correção
Exige tempo e definição prévia de critérios para
correção
Correção demorada
1.
2.
3.
4.
5.
FASES DA CONSTRUÇÃO
Determinação dos objetivos e conteúdos a serem avaliados
Escolha dos tipos de instrumentos (dissertativo e/ou objetivo)
Fixação do número de questões e instruções
Elaboração das questões e instruções
Bem distribuídas
Cuidadosamente elaboradas
Baseadas em idéias relevantes
Revisão e aperfeiçoamento das questões
Retenção e análise de cada item
ORGANIZAÇÃO
Planejar as questões com antecedência
Elaborar questões coerentes com os objetivos propostos
Questões claras e específicas
Observar o tempo disponível para sua aplicação
Observar o desenvolvimento intelectual do aluno
Não utilizar questões optativas
CRITÉRIOS PARA CORREÇÃO
Estabelecer critérios para cada questão
Corrigir a mesma questão de todas as provas (se for este o instrumento)
Manter o anonimato das provas
QUESTOES DISSERTATIVAS / SUBJETIVAS PODEM AVALIAR:
Capacidade de organizar, analisar e aplicar conteúdos.
Relacionar fatos e ideias
Interpretar dados e princípios
Analisar criticamente uma ideia
Realizar interferências
Expressar ideias e opiniões com clareza e exatidão
TIPOS DE QUESTÕES SUBJETIVAS
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Perguntas curtas
O que
Quem
Quando
Qual
Onde...
Perguntas relativamente curta:
Relacione
Enumere
Defina
Diferencie...
Perguntas dissertativas:
Descreva
Compare
Explique
Analise
Resuma
Interprete...
Remetem à recordação de acontecimentos, nomes, datas e
locais.
Exigem respostas mais elaboradas
Exigem respostas mais complexas e extensas
(Adaptado de Haydt, 2008)
REFERÊNCIAS
ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos; ALVES, Leonir Passate (org). Processos de Ensinagem no
ensino superior: Pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 7 ed. Joinville: Univille, 2007.
GIL, Antônio Carlos. Didática no ensino superior. São Paulo: Atlas, 2007.
HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação no processo de ensino aprendizagem. São Paulo: Ática, 2008.
RODRIGUES, José. - A taxonomia de objetivos educacionais - um manual para o usuário. Editora
UNB, 1994.
LEITE, Carlinda; FERNANDES, Preciosa. Avaliação das aprendizagens dos alunos. Porto: Asa, 2002.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e recriando
a prática. Salvador: Malabares Comunicação e Eventos, 2003.
MASETTO, Marcos. Competência pedagógica do professor universitário. São Paulo: Summus, 2003.
SANT’ANNA, Ilza Maria. Por que avaliar? Como avaliar? Critérios e Instrumentos. Petrópolis: Vozes,
1995.
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