1. Profa. Ma. Elaine Porto Chiullo
EEEMTI: “ BRASÍLIA” – SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEDUC
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
2. • Quem não é de Porto Velho, ao conversar com
um nativo pode ficar sem entender uma parte
do diálogo. É que muitos moradores têm
expressões peculiares para definir coisas do
cotidiano.
3. As variações nas expressões e
sotaques entre cidades de Rondônia
– "Tudo na língua depende do processo de
colonização. Nosso jeito de falar tem muita
influência, mas como eu disse, a língua é
dinâmica, ela não para, ela muda, sofre influência
e é por isso que Porto Velho e Guajará-Mirim, que
são os dois primeiros municípios que foram
criados têm sotaques diferentes do restante do
estado". (Nair Gurgel, 2019)
4. – "Com o boom do "eldorado", a construção da BR-
364 e a vinda das pessoas do sul e sudeste pra cá
é que foram surgindo novos municípios, entre eles
Ariquemes. Então de Ariquemes pra lá, seguindo o
eixo da BR tem outro jeito de falar por conta dessa
influência“(Nair Gurgel, 2019)
5. • Em Porto Velho, a ocupação maior é de
nordestinos que chegaram na cidade no
segundo ciclo da borracha. A professora
acredita que, na influência da fala, pouca coisa
restou do primeiro ciclo da borracha que
levou muitos barbadianos, ingleses e
americanos à cidade.
6. • Já no segundo ciclo, durante a Segunda
Guerra Mundial, muitos nordestinos que
foram trabalhar como soldados da borracha se
fixaram na cidade e deram tom ao jeito de
falar em Porto Velho. "Maceta", de origem
cearense, "brocado", "rangar" e "telezé" são
algumas das influências nordestinas.
7. • Na cidade, há também influência portuguesa
de forma indireta, vinda de Manaus (AM). É
chiado na letra "s“. Outra influência
portuguesa apontada por ela é o uso do "tu".
8. – "Não tem muita influência indígena no nosso
sotaque, mas no vocabulário temos tudo, e na
culinária que é toda baseada na cultura indígena,
o tucupi, a farinha, macaxeira, tapioca". (Nair Gurgel,
2019)
9. • Como prova do dinamismo da língua ela
pontua que mesmo dentro de Porto Velho há
variações entre grupos e localidades. Alguns
exemplos são os pescadores, ribeirinhos e
lavadeiras. Agricultores da região dos distritos
de União Bandeirantes e Rio Pardo (distritos
de Porto Velho) também têm um sotaque
mais parecido com o das cidades do interior,
já que foram formados por maioria mineira,
paulista, gaúcha, etc.
10. • Uma expressão comum a Porto Velho e o
restante do estado é "piseiro", lembra Nair. No
entanto, ela explica que mesmo alguns achando
que ela é originária de Rondônia, na verdade,
durante uma das pesquisas, ela descobriu que
"piseiro" vem de de Goiás e Mato Grosso.
– "Onde cria muito gado, ele fica preso e de tanto pisotear, chamava
aquilo de piseiro. Depois, os bailes no interior eram de chão batido
também e chamavam de piseiro onde tem festa", diz.
11. Desde meados do anos
1990, a professora da
Universidade Federal de
Rondônia (Unir), Nair
Ferreira Gurgel do Amaral,
autora do livro "Carapanã
encheu, voou: o
portovelhês", identifica e
busca explicar as origens e
uso de expressões dos
moradores dessa "terra de
muro baixo" (que acolhe
todos que chegam). O livro
da doutora em linguística
tem mais de 500 verbetes.
Professora Doutora apaixonada pela cultura local
12. • Apaixonada pela cultura local, ela também
escreveu livros sobre a culinária, frutas,
alimentação indígena e sobre as lendas
contadas por crianças. Para a confecção das
obras, ela se fixou em três comunidades
ribeirinhas por cerca de 15 anos, se
aprofundando na pesquisa.
•
21. Referências
AMARAL, Nair Ferreira Gurgel do; Carapanã encheu, voou: o
portovelhês; Porto Velho: Temática Editora, 2015
CEGA da bolota, Instagram. Disponível em
https://www.instagram.com/cegadabolota/, acesso em
30/09/2020
Portovelhês: conheça o jeito 'beradeiro' de falar na capital de
Rondônia, G1/Rondonia; disponível em:
https://g1.globo.com/ro/rondonia/aniversario-de-porto-
velho/2019/noticia/2019/10/04/portovelhes-conheca-o-jeito-
beradeiro-de-falar-na-capital-de-rondonia.ghtml, acesso em
30/09/2020