SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 5
Baixar para ler offline
Caderno de História
Centro Acadêmico Sergio Buarque de Holanda – PUC-GO
1
Etnolinguismo luso-africano na formação do Brasil
Pablo Azevedo Ribeiro*
RESUMO
Esta pesquisa aborda a história etnolinguistica luso-africana. Em uma breve análise da
história da formação das línguas portuguesa e africanas, em especial dos povos bantos,
que se mesclaram no Brasil e deram origem ao povo, desde de suas raízes, heterogêneo
brasileiro. Sendo a língua portuguesa um dos fatores de coesão no território que
posteriormente veio se consolidar como nação de características regionalistas.
Palavras-chave: Etnolinguismo, formação brasileira, língua, banto.
1-INTRODUÇÃO
Esta pesquisa vem abordar a história etnolingüistica luso africano, pois além
do português ser o idioma oficial no Brasil, o português aqui falado teve influência de
outras línguas, devido a grandiosidade do tema será feita apenas uma breve análise da
história da formação das línguas portuguesas e africanas, em especial dos povos bantos,
que se mesclaram no Brasil e deram origem ao povo, desde de suas raízes, heterogêneo
brasileiro. É sabido que nem só de africanos e portugueses é formado o Brasil,
entretanto nesta análise serão abordadas apenas as já citadas, deixando as línguas
indígenas, inglesas e outras para uma posterior ocasião.
Para tanto foi utilizado o artigo de Bruno César Cavalcanti professor de
Antropologia e pesquisador alagoano intitulado de As Bantas Coisas de Alagoas -
culturas negras, passado e presente. Nesta obra Cavalcanti (2005) nos dá um
testemunho sobre a influência da cultura banto no Brasil:
"Por isso, leitor, quando pronunciar 'gunga' você estará falando da praia
alagoana, mas, provavelmente sem o saber, estará também se referindo a
'berimbau pequeno'. Se disser 'mutange' ou 'cambona' estará falando banto; e se
der de ombros ou apontar com o queixo ou beiço, se dançar um samba de roda,
*
Aluno do 6º período do curso de História da Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
E-mail: brasil.pablo@hotmail.com
Caderno de História
Centro Acadêmico Sergio Buarque de Holanda – PUC-GO
2
se improvisar o 'passo' num frevo rasgado, ou jogar uma capoeira de Angola, se
utilizar a quase totalidade de nossas expressões informais para a sexualidade,
mas, também ainda, quando se dobrar ante a força de um Preto Velho num
terreiro Umbanda ou 'Xambá' - linha de culto afro-brasileiro de influências
banto e cabocla - saiba, você estará exercendo seu lado 'banto'."
Também o texto O Berço Africano de Del Priori e Venâncio onde, os autores nos
mostram um pouco da história da África Ocidental e Centro-Ocidental, berço de nossos
ancestrais africanos, como nos mostra os autores, (2004, p. 2) “[...] pertencentes aos
milenares troncos lingüísticos nígero-congolês ou banto.” E da resenha feita por Dante
Lucchesi sobre a edição da etnolingüista Yeda Pessoa de Castro do manuscrito de
Antonio da Costa Peixoto. Segundo o resenhista a etnolingüista “a pretexto de fazer
uma edição do manuscrito de Costa Peixoto, acaba por oferecer ao leitor brasileiro um
lauto banquete, em que são servidas as mais finas e variadas iguarias da formação
etnolinguistica do Brasil.” (LUCCHESI, 2004). E por fim site portuguesaafrica.com de
onde utilizaremos o conceito de língua: “expressa oralmente ou por escrito, a língua é
uma forma de comunicação humana que consiste na articulação e na combinação de
palavras de uma forma estabelecida pelas sociedades. Tem como função transmitir o
conhecimento e a cultura que caracterizam as sociedades etnicamente.” (MARTINS e
BITTNECOURT, 2009).
2-Portugal
O português, assim como tantos outros idiomas europeus e asiáticos,
pertence ao tronco linguístico indo-europeu de famílias que se instalaram na península
ibérica por volta do II milênio antes de Cristo, e tem sua origem do latim popular
desenvolvido na península ibérica durante o domínio romano. A história da língua
portuguesa pode ser dividida em três fases: a pré-histórica: “estende-se das origens da
língua ao século IX. Quando surgem os primeiros documentos latino-portugueses.
Dentro desse período temos o que se chamou de romance lusitano” (idem); outro
chamado de proto-histórica do século IX ao XII; e a terceira fase, do século XII aos dias
atuais, chamado fase histórica, que se subdivide em dois períodos o arcaico e o
moderno, este se define pelo aparecimento das primeiras gramáticas que definem a
morfologia e a sintaxe, e ao contrário do período arcaico sofre poucas influências, este
por sua vez definido do século XII ao XVI, “quando Portugal estabelece um império
ultramarino, a língua portuguesa espalha-se por varias regiões da África, Ásia e
América e sofre influências locais.” (idem).
Caderno de História
Centro Acadêmico Sergio Buarque de Holanda – PUC-GO
3
3-África
A África é um continente muito vasto e de uma história humana milenar. A
cultura banta, que se caracteriza pela língua, se desenvolveu tendo que enfrentar
algumas dificuldades para perpetuar-se, “[...] ampliar as sociedades, humanizar a terra e
lutar contra um clima impiedoso foi tarefa que, desde a Antiguidade, empurrou colonos
para as savanas em busca de melhores condições de vida.” (DELPRIORE e
VENÂNCIO, 2004, p. 2). De povos nômades a sedentários os povos banto foram
obrigados a migrarem do centro africano para a costa ocidental da África, e as várias
migrações feitas por estes povos fez com que eles precisassem se dividir e procurar
novos rumos dando origens a novas tribos. Além dos bantos os iorubas, ibos e pigmeus
habitavam a África abaixo do deserto do Saara. Assim “os bantos mantiveram certa
homogeneidade religiosa da qual sua língua é testemunha.” (idem, ibidem, p.24). A
brevidade deste trabalho não nos permite, devido à complexidade da História da África,
especificar os povos que vieram e para onde foram remetidos, até por que por medidas
estratégicas procurava-se dispersar os grupos étnicos e lingüísticos para evitar rebeliões,
contudo segundo Cavalcanti (2005):
Foram negros bantos provenientes, sobretudo, dos atuais territórios de
Angola, falantes do quicongo, do quimbundo e do umbundo, entre outras
línguas; da República Democrática do Congo (Congo-Kinshasa, ex-Zaire) e
da República Popular do Congo (Congo-Brazzaville), falantes do quimbundo
e do quicongo, entre outras, que constituíram a força de trabalho africana
espalhada inicialmente na costa brasileira, entre os séculos XVI e XIX.
Do tronco lingüístico banto temos mais de 450 línguas diferentes, além dos
países acima citados temos ainda Camarões, Guine Equatorial, Congo, Ruanda, Quênia,
Tanzânia, África do Sul entre outros países que possuem vários idiomas derivados do
banto.
4-Conclusão
Constata-se que a relação dominadores/dominados se reflete na formação
etnolinguistica do Brasil, pois uma etnia minoritária, a dos portugueses, dominadores,
Caderno de História
Centro Acadêmico Sergio Buarque de Holanda – PUC-GO
4
conseguiu fazer com que vários grupos étnicos africanos, dominados, satisfizessem suas
necessidades econômicas sobrepondo-se a eles e impondo-lhes sua cultura e língua e
ainda dar origem a uma colônia extensa e heterogênea, pois além dos africanos trazidos
havia os nativos, índios, que não conseguiram evitar a invasão e foram também
subjugados. Sendo a língua portuguesa um dos fatores de coesão no território que
posteriormente veio se consolidar como nação, heterogênea, de característica
regionalista, assim caracteriza-se um português falado em Minas Gerais, um em
Maceió, outro no Rio de Janeiro e assim por diante, mas que não se distinguem muito,
sendo estas variações explicadas, acredito, pelos diferentes tipos de povoamento; e que
no entanto não originou uma língua pidgins, ou seja, “quando dois povos que possuem
línguas diferentes entram em contato por um tempo prolongado, seja em razão de
colonização, seja por um processo distinto, um dos fenômenos que podem ocorrer é a
criação de uma terceira língua a partir da interação de ambas. Essa terceira língua é
bastante simplificada e caracteriza uma língua pidgins.” ( ). Como exemplo de uma
língua pidgins: “desenvolveu-se na Idade Média uma língua chamada língua franca,
essencialmente comercial, que possibilitava o contato dos comerciantes venezianos,
catalães, genoveses, florentinos e árabes com as populações românicas do mediterrâneo,
sem que se fizesse necessário aprender todas as suas línguas.” (idem).
5-Considerações finais
O estudo das línguas dos povos que formaram o Brasil é muito importante
para se valorizar as influências africanas aqui, pois há o estudo da literatura portuguesa
alegando que a literatura brasileira inicia-se com ela e emancipa-se, ou seja, faz parte da
história da língua portuguesa de Portugal, e pouco, ou quase nada se fala da literatura
portuguesa de nações africanas, e que são parte essencial da história do Brasil e por
conseqüência da sua literatura, terminarei, pois citando um poema de Jorge Barbosa,
poeta de Cabo Verde:
Prelúdio
Quando o descobridor chegou à primeira ilha
nem homens nus
nem mulheres nuas
espreitando
inocentes e medrosos
Caderno de História
Centro Acadêmico Sergio Buarque de Holanda – PUC-GO
5
detrás da vegetação.
Nem setas venenosas vindas no ar
nem gritos de alarme e de guerra
ecoando pelos montes.
Havia somente
as aves de rapina
de garras afiadas
as aves marítimas
de vôo largo
as aves canoras
assobiando inéditas melodias.
E a vegetação
cujas sementes vieram presas
nas asas dos pássaros
ao serem arrastadas para cá
pela fúria dos temporais.
Quando o descobridor chegou
e saltou da proa do escaler varado na praia
enterrando o pé direito na areia molhada
e se persignou receoso e ainda surpreso
pensando n’EL-REI
nessa hora então
nessa hora inicial
começou a cumprir-se
este destino ainda de todos nós.
Referência:
BITTNECOURT, Giovanni e MARTINS, Rosana de Cabral Fabbrin. A Literatura
africana Lusófona. Disponível em:
<http://www.portuguesaafrica.com/poemas_de_cabo_verde.htm#Prel%C3%BAdio>. Acesso
em: 13 abr. 2009.
CAVALCANTI, Bruno César. As Bantas Coisas de Alagoas - culturas negras, passado
e presente. Maceió 05 nov. 2005. Disponível em:
Acesso em: 13 abr. 2009.
Del PRIORE, Mary e VENÂNCIO, Renato pinto. ANCESTRAIS: uma introdução à
história da África Atlântica. 4º. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
RESENHA feita por Dante Lucchesi sobre a edição da etnolingüista Yeda Pessoa de
Castro do manuscrito de Antônio da Costa Peixoto, datado de 1741 e intitulado Obra
nova da língua geral de mina. Scielo, São Paulo, jan/jun 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44502004000100008>.
Acesso em: 13 abr. 2009.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Noticia de uma pesquisa em africa
Noticia de uma pesquisa em africaNoticia de uma pesquisa em africa
Noticia de uma pesquisa em africadartfelipe
 
Estudando a lusofonia e a variação linguística (parte I)
Estudando a lusofonia e a variação linguística (parte I)Estudando a lusofonia e a variação linguística (parte I)
Estudando a lusofonia e a variação linguística (parte I)Denise
 
Origem e formação da língua portuguesa
Origem e formação da língua portuguesaOrigem e formação da língua portuguesa
Origem e formação da língua portuguesaUniversidade Pedagogica
 
História da Língua Portuguesa - APP
História da Língua Portuguesa - APPHistória da Língua Portuguesa - APP
História da Língua Portuguesa - APPAntonio Pinto Pereira
 
Lusofonia
LusofoniaLusofonia
Lusofoniaeb23ja
 
A resistência linguística do crioulo brasileiro
A resistência linguística do crioulo brasileiroA resistência linguística do crioulo brasileiro
A resistência linguística do crioulo brasileiroshfigueiredo
 
Estados e Capitais (LIBRAS)
Estados e Capitais (LIBRAS)Estados e Capitais (LIBRAS)
Estados e Capitais (LIBRAS)Leonardo Lima
 
Attachment 1720682897
Attachment 1720682897Attachment 1720682897
Attachment 1720682897Luiz Dias
 
Apostila Libras Intermediario
Apostila Libras IntermediarioApostila Libras Intermediario
Apostila Libras Intermediarioasustecnologia
 
A problemática do ensino da escrita do português em Moçambique: da teoria à p...
A problemática do ensino da escrita do português em Moçambique: da teoria à p...A problemática do ensino da escrita do português em Moçambique: da teoria à p...
A problemática do ensino da escrita do português em Moçambique: da teoria à p...Alexandre António Timbane
 
Flor do lácio o latim o que quer, oque pode esta língua
Flor do lácio o latim o que quer, oque pode esta línguaFlor do lácio o latim o que quer, oque pode esta língua
Flor do lácio o latim o que quer, oque pode esta línguaUNEB
 
Power point portugues no mundo tema 5 tic
Power point portugues no mundo tema 5 ticPower point portugues no mundo tema 5 tic
Power point portugues no mundo tema 5 ticNatalia Alcubo
 
Apostila libras reformulada completa
Apostila libras reformulada  completaApostila libras reformulada  completa
Apostila libras reformulada completaLiseteLima
 
Cartilha lingua brasileira_de_sinais
Cartilha lingua brasileira_de_sinaisCartilha lingua brasileira_de_sinais
Cartilha lingua brasileira_de_sinaisfabrina91
 
Apostila de libras básico 40 horas coment
Apostila de libras básico 40 horas comentApostila de libras básico 40 horas coment
Apostila de libras básico 40 horas comentPatricia Felix
 

Mais procurados (20)

Noticia de uma pesquisa em africa
Noticia de uma pesquisa em africaNoticia de uma pesquisa em africa
Noticia de uma pesquisa em africa
 
Estudando a lusofonia e a variação linguística (parte I)
Estudando a lusofonia e a variação linguística (parte I)Estudando a lusofonia e a variação linguística (parte I)
Estudando a lusofonia e a variação linguística (parte I)
 
Lusofonía (por Jéssica)
Lusofonía (por Jéssica)Lusofonía (por Jéssica)
Lusofonía (por Jéssica)
 
Origem e formação da língua portuguesa
Origem e formação da língua portuguesaOrigem e formação da língua portuguesa
Origem e formação da língua portuguesa
 
História da Língua Portuguesa - APP
História da Língua Portuguesa - APPHistória da Língua Portuguesa - APP
História da Língua Portuguesa - APP
 
Lusofonia
LusofoniaLusofonia
Lusofonia
 
Lusofonia
LusofoniaLusofonia
Lusofonia
 
A resistência linguística do crioulo brasileiro
A resistência linguística do crioulo brasileiroA resistência linguística do crioulo brasileiro
A resistência linguística do crioulo brasileiro
 
Estados e Capitais (LIBRAS)
Estados e Capitais (LIBRAS)Estados e Capitais (LIBRAS)
Estados e Capitais (LIBRAS)
 
Attachment 1720682897
Attachment 1720682897Attachment 1720682897
Attachment 1720682897
 
Apostila Libras Intermediario
Apostila Libras IntermediarioApostila Libras Intermediario
Apostila Libras Intermediario
 
A problemática do ensino da escrita do português em Moçambique: da teoria à p...
A problemática do ensino da escrita do português em Moçambique: da teoria à p...A problemática do ensino da escrita do português em Moçambique: da teoria à p...
A problemática do ensino da escrita do português em Moçambique: da teoria à p...
 
Cartilha de libras
Cartilha de librasCartilha de libras
Cartilha de libras
 
Flor do lácio o latim o que quer, oque pode esta língua
Flor do lácio o latim o que quer, oque pode esta línguaFlor do lácio o latim o que quer, oque pode esta língua
Flor do lácio o latim o que quer, oque pode esta língua
 
Programa ebb13
Programa ebb13Programa ebb13
Programa ebb13
 
Power point portugues no mundo tema 5 tic
Power point portugues no mundo tema 5 ticPower point portugues no mundo tema 5 tic
Power point portugues no mundo tema 5 tic
 
Apostila libras reformulada completa
Apostila libras reformulada  completaApostila libras reformulada  completa
Apostila libras reformulada completa
 
Multiculturalismo
MulticulturalismoMulticulturalismo
Multiculturalismo
 
Cartilha lingua brasileira_de_sinais
Cartilha lingua brasileira_de_sinaisCartilha lingua brasileira_de_sinais
Cartilha lingua brasileira_de_sinais
 
Apostila de libras básico 40 horas coment
Apostila de libras básico 40 horas comentApostila de libras básico 40 horas coment
Apostila de libras básico 40 horas coment
 

Semelhante a Etnolinguismo luso africano na formação do brasil

Notícia de uma pesquisa em áfrica
Notícia de uma pesquisa em áfricaNotícia de uma pesquisa em áfrica
Notícia de uma pesquisa em áfricadartfelipe
 
Aspectos de história da língua portuguesa no enem
Aspectos de história da língua portuguesa no enemAspectos de história da língua portuguesa no enem
Aspectos de história da língua portuguesa no enemma.no.el.ne.ves
 
Apresentação-Abralin-2021-PPT.pptx
Apresentação-Abralin-2021-PPT.pptxApresentação-Abralin-2021-PPT.pptx
Apresentação-Abralin-2021-PPT.pptxTicianeRibeiro2
 
VARIEDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
VARIEDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASILVARIEDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
VARIEDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASILuniversigatas
 
_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx
_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx
_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptxROSAMONTEIROMARQUES
 
Questões de vestibular - África e tráfico de escravos
Questões de vestibular - África e tráfico de escravosQuestões de vestibular - África e tráfico de escravos
Questões de vestibular - África e tráfico de escravosZé Knust
 
O senso comum sobre a língua
O senso comum sobre a línguaO senso comum sobre a língua
O senso comum sobre a línguaSuellen87
 
Africa & cultura afrobrasileira
Africa & cultura afrobrasileiraAfrica & cultura afrobrasileira
Africa & cultura afrobrasileiraEliphas Rodrigues
 
Antropologia e linguística afroasia n12-p211 yéda pessoa de castro
Antropologia e linguística   afroasia n12-p211 yéda pessoa de castroAntropologia e linguística   afroasia n12-p211 yéda pessoa de castro
Antropologia e linguística afroasia n12-p211 yéda pessoa de castroMonitoria Contabil S/C
 
A INFLUÊNCIA AFRICANA NO PORTUGUÊS DO BRASIL - MUDANÇAS CONDICIONADAS POR FAT...
A INFLUÊNCIA AFRICANA NO PORTUGUÊS DO BRASIL - MUDANÇAS CONDICIONADAS POR FAT...A INFLUÊNCIA AFRICANA NO PORTUGUÊS DO BRASIL - MUDANÇAS CONDICIONADAS POR FAT...
A INFLUÊNCIA AFRICANA NO PORTUGUÊS DO BRASIL - MUDANÇAS CONDICIONADAS POR FAT...Amanda Bento
 
História da língua portuguesa e lusofonia..ppt
História da língua portuguesa e lusofonia..pptHistória da língua portuguesa e lusofonia..ppt
História da língua portuguesa e lusofonia..pptEzequielSanveca1
 
Breve histórico da península ibérica
Breve histórico da península ibéricaBreve histórico da península ibérica
Breve histórico da península ibéricaVilma Quintela
 

Semelhante a Etnolinguismo luso africano na formação do brasil (20)

Notícia de uma pesquisa em áfrica
Notícia de uma pesquisa em áfricaNotícia de uma pesquisa em áfrica
Notícia de uma pesquisa em áfrica
 
Aspectos de história da língua portuguesa no enem
Aspectos de história da língua portuguesa no enemAspectos de história da língua portuguesa no enem
Aspectos de história da língua portuguesa no enem
 
Sócio-história da Língua Portuguesa
Sócio-história da Língua PortuguesaSócio-história da Língua Portuguesa
Sócio-história da Língua Portuguesa
 
Apresentação-Abralin-2021-PPT.pptx
Apresentação-Abralin-2021-PPT.pptxApresentação-Abralin-2021-PPT.pptx
Apresentação-Abralin-2021-PPT.pptx
 
VARIEDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
VARIEDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASILVARIEDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
VARIEDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
 
_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx
_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx
_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx
 
Questões de vestibular - África e tráfico de escravos
Questões de vestibular - África e tráfico de escravosQuestões de vestibular - África e tráfico de escravos
Questões de vestibular - África e tráfico de escravos
 
Língua Portuguesa
Língua PortuguesaLíngua Portuguesa
Língua Portuguesa
 
Mornas e oralidade
Mornas e oralidadeMornas e oralidade
Mornas e oralidade
 
áFrica 2012
áFrica 2012áFrica 2012
áFrica 2012
 
Artigo tcc final
Artigo tcc finalArtigo tcc final
Artigo tcc final
 
O senso comum sobre a língua
O senso comum sobre a línguaO senso comum sobre a língua
O senso comum sobre a língua
 
Africa & cultura afrobrasileira
Africa & cultura afrobrasileiraAfrica & cultura afrobrasileira
Africa & cultura afrobrasileira
 
Antropologia e linguística afroasia n12-p211 yéda pessoa de castro
Antropologia e linguística   afroasia n12-p211 yéda pessoa de castroAntropologia e linguística   afroasia n12-p211 yéda pessoa de castro
Antropologia e linguística afroasia n12-p211 yéda pessoa de castro
 
Lusofonia
Lusofonia Lusofonia
Lusofonia
 
A INFLUÊNCIA AFRICANA NO PORTUGUÊS DO BRASIL - MUDANÇAS CONDICIONADAS POR FAT...
A INFLUÊNCIA AFRICANA NO PORTUGUÊS DO BRASIL - MUDANÇAS CONDICIONADAS POR FAT...A INFLUÊNCIA AFRICANA NO PORTUGUÊS DO BRASIL - MUDANÇAS CONDICIONADAS POR FAT...
A INFLUÊNCIA AFRICANA NO PORTUGUÊS DO BRASIL - MUDANÇAS CONDICIONADAS POR FAT...
 
Brasil!
Brasil!Brasil!
Brasil!
 
História da língua portuguesa e lusofonia..ppt
História da língua portuguesa e lusofonia..pptHistória da língua portuguesa e lusofonia..ppt
História da língua portuguesa e lusofonia..ppt
 
A influência africana
A influência africanaA influência africana
A influência africana
 
Breve histórico da península ibérica
Breve histórico da península ibéricaBreve histórico da península ibérica
Breve histórico da península ibérica
 

Etnolinguismo luso africano na formação do brasil

  • 1. Caderno de História Centro Acadêmico Sergio Buarque de Holanda – PUC-GO 1 Etnolinguismo luso-africano na formação do Brasil Pablo Azevedo Ribeiro* RESUMO Esta pesquisa aborda a história etnolinguistica luso-africana. Em uma breve análise da história da formação das línguas portuguesa e africanas, em especial dos povos bantos, que se mesclaram no Brasil e deram origem ao povo, desde de suas raízes, heterogêneo brasileiro. Sendo a língua portuguesa um dos fatores de coesão no território que posteriormente veio se consolidar como nação de características regionalistas. Palavras-chave: Etnolinguismo, formação brasileira, língua, banto. 1-INTRODUÇÃO Esta pesquisa vem abordar a história etnolingüistica luso africano, pois além do português ser o idioma oficial no Brasil, o português aqui falado teve influência de outras línguas, devido a grandiosidade do tema será feita apenas uma breve análise da história da formação das línguas portuguesas e africanas, em especial dos povos bantos, que se mesclaram no Brasil e deram origem ao povo, desde de suas raízes, heterogêneo brasileiro. É sabido que nem só de africanos e portugueses é formado o Brasil, entretanto nesta análise serão abordadas apenas as já citadas, deixando as línguas indígenas, inglesas e outras para uma posterior ocasião. Para tanto foi utilizado o artigo de Bruno César Cavalcanti professor de Antropologia e pesquisador alagoano intitulado de As Bantas Coisas de Alagoas - culturas negras, passado e presente. Nesta obra Cavalcanti (2005) nos dá um testemunho sobre a influência da cultura banto no Brasil: "Por isso, leitor, quando pronunciar 'gunga' você estará falando da praia alagoana, mas, provavelmente sem o saber, estará também se referindo a 'berimbau pequeno'. Se disser 'mutange' ou 'cambona' estará falando banto; e se der de ombros ou apontar com o queixo ou beiço, se dançar um samba de roda, * Aluno do 6º período do curso de História da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. E-mail: brasil.pablo@hotmail.com
  • 2. Caderno de História Centro Acadêmico Sergio Buarque de Holanda – PUC-GO 2 se improvisar o 'passo' num frevo rasgado, ou jogar uma capoeira de Angola, se utilizar a quase totalidade de nossas expressões informais para a sexualidade, mas, também ainda, quando se dobrar ante a força de um Preto Velho num terreiro Umbanda ou 'Xambá' - linha de culto afro-brasileiro de influências banto e cabocla - saiba, você estará exercendo seu lado 'banto'." Também o texto O Berço Africano de Del Priori e Venâncio onde, os autores nos mostram um pouco da história da África Ocidental e Centro-Ocidental, berço de nossos ancestrais africanos, como nos mostra os autores, (2004, p. 2) “[...] pertencentes aos milenares troncos lingüísticos nígero-congolês ou banto.” E da resenha feita por Dante Lucchesi sobre a edição da etnolingüista Yeda Pessoa de Castro do manuscrito de Antonio da Costa Peixoto. Segundo o resenhista a etnolingüista “a pretexto de fazer uma edição do manuscrito de Costa Peixoto, acaba por oferecer ao leitor brasileiro um lauto banquete, em que são servidas as mais finas e variadas iguarias da formação etnolinguistica do Brasil.” (LUCCHESI, 2004). E por fim site portuguesaafrica.com de onde utilizaremos o conceito de língua: “expressa oralmente ou por escrito, a língua é uma forma de comunicação humana que consiste na articulação e na combinação de palavras de uma forma estabelecida pelas sociedades. Tem como função transmitir o conhecimento e a cultura que caracterizam as sociedades etnicamente.” (MARTINS e BITTNECOURT, 2009). 2-Portugal O português, assim como tantos outros idiomas europeus e asiáticos, pertence ao tronco linguístico indo-europeu de famílias que se instalaram na península ibérica por volta do II milênio antes de Cristo, e tem sua origem do latim popular desenvolvido na península ibérica durante o domínio romano. A história da língua portuguesa pode ser dividida em três fases: a pré-histórica: “estende-se das origens da língua ao século IX. Quando surgem os primeiros documentos latino-portugueses. Dentro desse período temos o que se chamou de romance lusitano” (idem); outro chamado de proto-histórica do século IX ao XII; e a terceira fase, do século XII aos dias atuais, chamado fase histórica, que se subdivide em dois períodos o arcaico e o moderno, este se define pelo aparecimento das primeiras gramáticas que definem a morfologia e a sintaxe, e ao contrário do período arcaico sofre poucas influências, este por sua vez definido do século XII ao XVI, “quando Portugal estabelece um império ultramarino, a língua portuguesa espalha-se por varias regiões da África, Ásia e América e sofre influências locais.” (idem).
  • 3. Caderno de História Centro Acadêmico Sergio Buarque de Holanda – PUC-GO 3 3-África A África é um continente muito vasto e de uma história humana milenar. A cultura banta, que se caracteriza pela língua, se desenvolveu tendo que enfrentar algumas dificuldades para perpetuar-se, “[...] ampliar as sociedades, humanizar a terra e lutar contra um clima impiedoso foi tarefa que, desde a Antiguidade, empurrou colonos para as savanas em busca de melhores condições de vida.” (DELPRIORE e VENÂNCIO, 2004, p. 2). De povos nômades a sedentários os povos banto foram obrigados a migrarem do centro africano para a costa ocidental da África, e as várias migrações feitas por estes povos fez com que eles precisassem se dividir e procurar novos rumos dando origens a novas tribos. Além dos bantos os iorubas, ibos e pigmeus habitavam a África abaixo do deserto do Saara. Assim “os bantos mantiveram certa homogeneidade religiosa da qual sua língua é testemunha.” (idem, ibidem, p.24). A brevidade deste trabalho não nos permite, devido à complexidade da História da África, especificar os povos que vieram e para onde foram remetidos, até por que por medidas estratégicas procurava-se dispersar os grupos étnicos e lingüísticos para evitar rebeliões, contudo segundo Cavalcanti (2005): Foram negros bantos provenientes, sobretudo, dos atuais territórios de Angola, falantes do quicongo, do quimbundo e do umbundo, entre outras línguas; da República Democrática do Congo (Congo-Kinshasa, ex-Zaire) e da República Popular do Congo (Congo-Brazzaville), falantes do quimbundo e do quicongo, entre outras, que constituíram a força de trabalho africana espalhada inicialmente na costa brasileira, entre os séculos XVI e XIX. Do tronco lingüístico banto temos mais de 450 línguas diferentes, além dos países acima citados temos ainda Camarões, Guine Equatorial, Congo, Ruanda, Quênia, Tanzânia, África do Sul entre outros países que possuem vários idiomas derivados do banto. 4-Conclusão Constata-se que a relação dominadores/dominados se reflete na formação etnolinguistica do Brasil, pois uma etnia minoritária, a dos portugueses, dominadores,
  • 4. Caderno de História Centro Acadêmico Sergio Buarque de Holanda – PUC-GO 4 conseguiu fazer com que vários grupos étnicos africanos, dominados, satisfizessem suas necessidades econômicas sobrepondo-se a eles e impondo-lhes sua cultura e língua e ainda dar origem a uma colônia extensa e heterogênea, pois além dos africanos trazidos havia os nativos, índios, que não conseguiram evitar a invasão e foram também subjugados. Sendo a língua portuguesa um dos fatores de coesão no território que posteriormente veio se consolidar como nação, heterogênea, de característica regionalista, assim caracteriza-se um português falado em Minas Gerais, um em Maceió, outro no Rio de Janeiro e assim por diante, mas que não se distinguem muito, sendo estas variações explicadas, acredito, pelos diferentes tipos de povoamento; e que no entanto não originou uma língua pidgins, ou seja, “quando dois povos que possuem línguas diferentes entram em contato por um tempo prolongado, seja em razão de colonização, seja por um processo distinto, um dos fenômenos que podem ocorrer é a criação de uma terceira língua a partir da interação de ambas. Essa terceira língua é bastante simplificada e caracteriza uma língua pidgins.” ( ). Como exemplo de uma língua pidgins: “desenvolveu-se na Idade Média uma língua chamada língua franca, essencialmente comercial, que possibilitava o contato dos comerciantes venezianos, catalães, genoveses, florentinos e árabes com as populações românicas do mediterrâneo, sem que se fizesse necessário aprender todas as suas línguas.” (idem). 5-Considerações finais O estudo das línguas dos povos que formaram o Brasil é muito importante para se valorizar as influências africanas aqui, pois há o estudo da literatura portuguesa alegando que a literatura brasileira inicia-se com ela e emancipa-se, ou seja, faz parte da história da língua portuguesa de Portugal, e pouco, ou quase nada se fala da literatura portuguesa de nações africanas, e que são parte essencial da história do Brasil e por conseqüência da sua literatura, terminarei, pois citando um poema de Jorge Barbosa, poeta de Cabo Verde: Prelúdio Quando o descobridor chegou à primeira ilha nem homens nus nem mulheres nuas espreitando inocentes e medrosos
  • 5. Caderno de História Centro Acadêmico Sergio Buarque de Holanda – PUC-GO 5 detrás da vegetação. Nem setas venenosas vindas no ar nem gritos de alarme e de guerra ecoando pelos montes. Havia somente as aves de rapina de garras afiadas as aves marítimas de vôo largo as aves canoras assobiando inéditas melodias. E a vegetação cujas sementes vieram presas nas asas dos pássaros ao serem arrastadas para cá pela fúria dos temporais. Quando o descobridor chegou e saltou da proa do escaler varado na praia enterrando o pé direito na areia molhada e se persignou receoso e ainda surpreso pensando n’EL-REI nessa hora então nessa hora inicial começou a cumprir-se este destino ainda de todos nós. Referência: BITTNECOURT, Giovanni e MARTINS, Rosana de Cabral Fabbrin. A Literatura africana Lusófona. Disponível em: <http://www.portuguesaafrica.com/poemas_de_cabo_verde.htm#Prel%C3%BAdio>. Acesso em: 13 abr. 2009. CAVALCANTI, Bruno César. As Bantas Coisas de Alagoas - culturas negras, passado e presente. Maceió 05 nov. 2005. Disponível em: Acesso em: 13 abr. 2009. Del PRIORE, Mary e VENÂNCIO, Renato pinto. ANCESTRAIS: uma introdução à história da África Atlântica. 4º. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. RESENHA feita por Dante Lucchesi sobre a edição da etnolingüista Yeda Pessoa de Castro do manuscrito de Antônio da Costa Peixoto, datado de 1741 e intitulado Obra nova da língua geral de mina. Scielo, São Paulo, jan/jun 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44502004000100008>. Acesso em: 13 abr. 2009.