1. COLÉGIO MILITAR DE CAMPO GRANDE
DISCIPLINA DE HISTÓRIA
ASS: GRANDES NAVEGAÇÕES
1.Introdução
Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-
se nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico com dois objetivos principais : descobrir uma nova
rota marítima para as Índias e encontrar novas terras. Este período ficou conhecido como a Era
das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos.
2. Fatores que contribuíram para expansão marítima:
• Encontrar um novo caminho para as Índias: no século XV, os países europeus que
quisessem comprar especiarias (pimenta, açafrão, gengibre, canela e outros temperos),
tinham que recorrer aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam o monopólio
destes produtos. Com acesso aos mercados orientais, principalmente à Índia, os burgueses
italianos cobravam preços exorbitantes pelas especiarias do oriente. O canal de comunicação
e transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos
italianos. Encontrar um novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito
desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso direto às fontes orientais, para
poderem também lucrar com este interessante comércio.
• Necessidade de conquistar novas terras: a burguesia precisava obter matérias-
primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Os reis também estavam
interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com
o aumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus
reinos. Mais dinheiro significaria mais poder para os reis absolutistas da época.
• Aumentar o número de fiéis: a Igreja Católica estava interessada neste
empreendimento, pois, significaria novos fiéis.
• Conhecimento de novas técnicas, do astrolábio, da bússola, das caravelas, dos
mapas cartográficos e dor relógio mecânico contribuiu para facilitar as grandes navegações.
• Necessidade de novos mercados consumidores para os produtos manufaturados.
• Já utilizavam a pólvora nas armas de fogo, dando mais segurança às expedições.
• A imprensa serviu para divulgar os conhecimentos e ampliou o número de cartas
náuticas.
3. Os Estados pioneiros: os dois primeiros países que possuíam essas condições favoráveis
eram Portugal e Espanha.
Portugal, conhecedor de que as Índias (como genericamente era chamado o Oriente), ficava a
Leste, decidiu navegar nessa direção, contornando os obstáculos que fossem surgindo. Optou
pelo Ciclo Oriental. (costear a África)
Já a Espanha apostou no projeto trazido pelo genovês Cristóvão Colombo, que acreditava na
ideia da esfericidade da terra, e que bastaria navegar sempre em direção do ocidente para se
contornar a terra e se atingir as Índias. Era o Ciclo Ocidental.
4. Pioneirismo português: Portugal foi o pioneiro nas navegações dos séculos XV e XVI
devido a uma série de condições encontradas neste país ibérico.
• Formação precoce de uma monarquia centralizada graças à guerra de Reconquista,
contra os muçulmanos;
• Localização geográfica favorável, no extremo sul da Europa, com fácil acesso para o
Atlântico e para o continente africano;
• Formação de uma classe mercantil mais dinâmica que a velha nobreza feudal,
facilitando a modernização da monarquia, com a Dinastia de Avis, após a revolução de 1385.
2. • Além disso, a Europa, na época, atravessava um período de inovações técnicas
através da influência árabe, foram divulgados e aperfeiçoados diversos conhecimentos:
algarismos arábicos ,bússola, pólvora, papel. Com a invenção de imprensa, esses
conhecimentos ganhavam maior divulgação.
• A grande experiência em navegações, principalmente da pesca de bacalhau, ajudou
muito Portugal. As caravelas, principal meio de transporte marítimo e comercial do período,
eram desenvolvidas com qualidade superior à de outras nações. Portugal contou com uma
quantidade significativa de investimentos de capital vindos da burguesia e também da nobreza,
interessadas nos lucros que este negócio poderia gerar. Neste país também houve a
preocupação com os estudos náuticos, pois os portugueses chegaram a criar até mesmo uma
centro de estudos : A Escola de Sagres.
4.1. Planejamento das Navegações: navegar nos séculos XV e XVI era uma tarefa muito
arriscada, principalmente quando se tratava de mares desconhecidos. Era muito comum o
medo gerado pela falta de conhecimento e pela imaginação da época. Muitos acreditavam que
o mar pudesse ser habitado por monstros, enquanto outros tinham uma visão da terra como
algo plano e , portanto, ao navegar para o "fim" a caravela poderia cair num grande abismo.
Dentro deste contexto, planejar a viagem era de extrema importância. Os europeus contavam
com alguns instrumentos de navegação como, por exemplo: a bússola, o astrolábio e a
balestilha. Estes dois últimos utilizavam a localização dos astros como pontos de referência.
Também era necessário utilizar um meio de transporte rápido e resistente. As caravelas
cumpriam tais objetivos, embora ocorressem naufrágios e acidentes. As caravelas eram
capazes de transportar grandes quantidades de mercadorias e homens. Numa navegação
participavam marinheiros, soldados, padres, ajudantes, médicos e até mesmo um escrivão
para anotar tudo o que acontecia durantes as viagens.
• Primeira conquista deveria ser de Ceuta: (1415) era muçulmana e muito rica e por isso
serviria para financiar as outras expedições.
4.2. Os descobrimentos portugueses:
Partindo de Lisboa, após a benção do sacerdote e da despedida do povo, caravela após
caravela deixava Portugal, voltando com notícias e lucros sempre crescentes. Inicialmente
contornando a África em:
• 1415 conquistaram Ceuta;
• durante o século XV o litoral da África e Ilha da Madeira, Açores, Cabo Verde e Cabo
Bojador;
• 1434 – os portugueses chegaram ao Cabo Bojador.
• 1488 Bartolomeu Dias chegou ao Sul da África, contornando o Cabo da Boa Esperança;
• No ano de 1498, Portugal realiza uma das mais importantes navegações: é a chegada das
caravelas, comandadas por Vasco da Gama às Índias. Navegando ao redor do continente
africano, Vasco da Gama chegou à Calicute e pôde desfrutar de todos os benefícios do
comércio direto com o oriente. Ao retornar para Portugal, as caravelas portuguesas,
carregadas de especiarias, renderam lucros fabulosos aos lusitanos.
Outro importante feito foi a chegada das caravelas de Cabral ao litoral brasileiro, em abril de
1500. Após fazer um reconhecimento da terra "descoberta", Cabral continuou o percurso em
direção às Índias.
Em função destes acontecimentos, Portugal tornou-se a principal potência econômica da época.
5. Navegações Espanholas A Espanha também se destacou nas conquistas marítimas deste
período, tornando-se, ao lado de Portugal, uma grande potência. Enquanto os portugueses
navegaram para as Índias contornando a África, os espanhóis optaram por um outro caminho.
O genovês Cristovão Colombo, financiado pela Espanha, pretendia chegar às Índias,
navegando na direção oeste. Em 1492, as caravelas espanholas partiram rumo ao oriente
navegando pelo Oceano Atlântico. Colombo tinha o conhecimento de que nosso planeta era
redondo, porém desconhecia a existência do continente americano. Chegou em 12 de outubro
de 1492 nas ilhas da América Central, sem saber que tinha atingido um novo continente. Foi
3. somente anos mais tarde que o navegador Américo Vespúcio identificou aquelas terras como
sendo um continente ainda não conhecido dos europeus. Em contato com os índios da América
( maias, incas e astecas ), os espanhóis começaram um processo de exploração destes povos,
interessados na grande quantidade de ouro. Além de retirar as riquezas
dos indígenas americanos, os espanhóis destruíram suas culturas.
5.1. CRONOLOGIA
1492 – Colombo descobre a América
De 1492 ate 1504 – descobrimento das Antilhas, Panamá e da América do Sul
1504 – Américo Vespúcio afirmou que as terras descobertas por Colombo eram um novo
continente.
1513 – Nunes Balboa confirmou essa hipótese, atravessando por terra a América Central
chegando ao Oceano Pacífico. Em homenagem a Vespúcio, deu o nome de América ao novo
continente.
Entre 1519 e 1522 – Fernão de Magalhães iniciou a primeira viagem de circunavegação.
5.2. Cristóvão Colombo: foi um navegador e explorador genovês, responsável por liderar a
frota que alcançou o continente americano em 12 de Outubro de 1492, sob as ordens dos Reis
Católicos de Espanha, no chamado descobrimento da América. Empreendeu a sua viagem
através do Oceano Atlântico com o objectivo de atingir a , tendo na realidade descoberto as
ilhas das Caraíbas (Antilhas) e, mais tarde, a costa do na. Acreditava que os oceanos cobriam
apenas 1/7 da terra, portanto, seguindo pelo Atlântico logo chegariam ao continente asiático.
Acreditava que o fim do mundo seria no ano de 1650 e por isso deveria encontrar uma terra
que lhe permitisse obter muito lucro para salvar almas. Queria também ouro e honrarias.
Realizou 4 viagens a América.
6. Tratado de Tordesilhas: Os dois país es ibéricos entraram em divergência pela posse das
terras encontradas pelo navegador Cristóvão Colombo, italiano, a serviço da Espanha.
Em 1493, o papa tentou conciliar os interesses das duas nações católicas através da Bula
Inter Coetera. Este documento estabelecia uma linha imaginária a 100 léguas a oeste das
ilhas de Cabo Verde, como fronteira entre as terras espanholas e portuguesas. A Espanha
ficaria com as terras a oeste e Portugal ficaria com as terras a leste dessa linha. Sentindo-se
prejudicados, os portugueses não aceitaram essa divisão. A questão foi resolvida em 1494 com
a assinatura do Tratado de Tordesilhas. Por esse tratado, a linha imaginária foi deslocada para
370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde.
As terras a leste da linha ficariam para Portugal e as terras a oeste ficariam para a Espanha.
&. O atraso da Inglaterra, França e Holanda nas
Grandes Navegações
Diversos fatores contribuíram para o retardamento da participação Inglesa francesa e
holandesa na expansão mercantil, dentre eles a Instabilidade política e econômica, a
inexistência de uma monarquia centralizada, aliada aos interesses das burguesias nacionais e
às resistências feudais.
Inglaterra: além do desgaste na Guerra dos Cem Anos (1337-1453), travada contra a França,
a Inglaterra sofreu os efeitos da Guerra das Duas Rosas (1455-85) retardando assim sua
presença nas Grandes Navegações, que somente ocorreria a partir do reinado de Henrique VII
(Tudor), estimulada pelo êxito ibérico: com a viagem dos italianos João e Sebastião Caboto
(1497-98) foi atingido o Labrador, no Canadá; entre 1584 e 1587, Walter Raleigh fundou a
colônia da Virgínia, o primeiro núcleo colonial inglês, além de tentar fundar colônias na Flórida.
A partir daí, e até 1740, serão formadas as 13 colônias inglesas da América do Norte.
Um dos feitos mais importantes das navegações inglesas foi a segunda viagem de
circunavegação, realizada por Francis Drake, entre 1587 e 1590.
4. Como não participaram da colonização utilizavam a pirataria para lucrar.
França: Seu atraso deveu-se aos problemas que marcaram o processo de centralização
monárquica, dificultado pela nobreza, e aos efeitos devastadores da Guerra dos Cem Anos. As
Grandes Navegações francesas começaram no século XVI, apoiadas pela dinastia Valois e com
a participação de navegadores estrangeiros.
Em 1523, o italiano Verrazano atingiu o litoral do Canadá e o norte dos EUA. Em seguida,
Jacques Cartier penetrou o rio São Lourenço, fundando em 1534 a colônia de Nova França, o
primeiro estabelecimento francês na América. Em 1604, já sob o governo dos Bourbons, os
franceses ocuparam a Guiana e em 1608 fundaram a colônia de Quebec, no Canadá. Ainda
neste século, penetraram o rio Mississipi e fundaram os núcleos de Saint Louis e Nova Orleans,
embrião da colônia da Louisiana. Além disso, os franceses fizeram duas tentativas de
colonização no Brasil: no Rio de Janeiro (1555-67), com a França Antártica, e no Maranhão
(1612-15), com a França Equinocial, ambas de curta duração. A penetração do Oriente
começou no reinado de Luís XIV com a conquista de parte da Índia.
Holanda
Mesmo com uma sólida tradição mercantil, os holandeses eram dominados pela Espanha. Sua
independência somente ocorreria em 1581, com o surgimento das Províncias Unidas dos Países
Baixos do Norte (Holanda). A partir daí, foram criadas as Companhias de Comércio, das Índias
Orientais (E.I.C.) e das Indias Ocidentais (W.I.C.), responsáveis pela penetração no bloco
colonial ibérico.
Em 1626, os flamengos entraram para as Grandes Navegações e atingiram a América do Norte,
onde fundaram a colônia de Nova Amsterdã, que depois de tomada pelos ingleses passou a se
denominar Nova York. Entre 1624 e 1654, a W.I.C. realizou duas invasões no Nordeste
brasileiro, buscando o controle da produção açucareira e, ao mesmo tempo, incursões na
África portuguesa, nas Antilhas espanholas e no Oriente. Na América do Sul, em sua parte
setentrional, criaram a Guiana holandesa, atual Suriname. No século XVII, os holandeses
controlavam um grande império colonial, especialmente nas Índias Orientais.
9. As consequências da expansão marítima: as
Grandes Navegações e Descobrimentos
modificaram de forma significativa o mundo até
então conhecido. Dentre as principais
consequências da expansão europeia devem ser
destacadas:
♦ O deslocamento do eixo econômico europeu do Mediterrâneo para o Atlântico-Índico, com a
ascensão dos países ibéricos e a consequente decadência das cidades mercantis italianas.
♦ A consolidação do Estado Absolutista, típico da Época Moderna, que depois de patrocinar o
movimento expansionista, passou agora a usufruir dos seus lucros.,
♦ Adoção da política econômica mercantilista, baseada no protecionismo do Estado e no
regime de monopólios.
♦ A formação do Sistema Colonial Tradicional vinculado à política econômica mercantilista e
responsável pela colonização da América.
♦ O renascimento da escravidão nas áreas colônias nos moldes do capitalismo moderno, com
a utilização intensiva da força de trabalho indígena e africana.
5. ♦ O fortalecimento da burguesia mercantil nos países atlânticos.
♦ Início do processo de europeização do mundo, especialmente, com a expansão do
cristianismo.
♦ A destruição das avançadas civilizações pré-colombianas existentes na América.
♦ A expansão do comércio europeu (Revolução Comercial), dentro de uma nova noção de
mercado, agora entendido em escala mundial.
♦ Aceleração da acumulação primitiva de capital, realizada através da circulação de
mercadorias.
♦ Revolução dos Preços, provocada pelo crescente afluxo de metais preciosos provenientes da
América.