O documento discute o pensamento projetual expansivo e sua aplicação no desenvolvimento de software. Apresenta o pensamento projetual como uma prática que integra pensar e fazer, e define o pensamento projetual expansivo como aquele que inclui contradições no projeto. Também descreve estratégias para incluir contradições nos projetos de software e exemplos da pesquisa do autor aplicando o pensamento projetual expansivo.
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Pensando (e fazendo) software com design thinking
1. Pensando (e fazendo) software
com design thinking
Frederick van Amstel @usabilidoido
www.usabilidoido.com.br
DADIN - UTFPR
2. Frederick van Amstel
•Professor de Design de Serviços e Design de
Experiências na UTFPR
•Pesquisa colaboração e participação em projetos
de design
•Pós-doc no grupo de pesquisa em Engenharia de
Software do PPGIA-PUCPR
•Colaborações com empresas em projetos de
inovação aberta, empreendedorismo e usabilidade
8. O pensar e fazer integrados permitem uma visão positiva
sobre a complexidade e a incerteza.
9. A Engenharia de Software costuma ter uma visão negativa
sobre a complexidade e a incerteza (Brooks, 1987).
10. Não há balas de prata na
Engenharia de Software, pois
•Software é abstrato e difícil de visualizar
•Software é feito por humanos e não por Deus
•A comunicação entre seres humanos se torna mais
difícil quando se elevam os níveis de abstração
•Abstração não elimina a complexidade, transfere
•A complexidade essencial do software não pode
ser reduzida e só tender a aumentar
11. Seria o design thinking
a bala de prata do
desenvolvimento de
software?
12. Design thinking já tem influenciado o desenvolvimento de
software há décadas, só não com esse nome.
1980 1990 2000 2010
14. O que o design thinking traz de
novo sobre isso?
15. Para começar, vamos traduzir "design thinking” como
pensamento projetual para reduzir o jargão.
16. Vantagens da tradução
•Não é um método mágico de criatividade vindo
do exterior
•O pensamento projetual está para o Design assim
como pensamento jurídico está para o Direito
•Assim como existem escolas de pensamento
jurídico (grego, romano, moderno,
contemporâneo) existem também escolas de
pensamento projetual
17. A escola sistemática se baseia na técnica da redução
conceitual dos problemas (Simon, 2015).
18. A escola reflexiva se baseia na prática da reflexão-na-ação
(Schön, 1983).
19. A escola expansiva se baseia na expansão constante dos
espaços projetuais (Van Amstel, 2015).
20. Cada escola enquadra e reenquadra o mesmo problema de
maneira completamente diferente (Schön & Rein, 1994).
24. Pensar dentro da caixa:
possível sem conflitos.
Pensar fora da caixa: impossível devido a potenciais conflitos.
25. Pensar dentro da caixa:
possível sem conflitos.
Expandir a caixa: possível com contradições.
Pensar fora da caixa: impossível devido a potenciais conflitos.
26. Até 1990, o pensamento projetual era um conhecimento
tácito que só podia ser aprendido pela vivência do ateliê de
projetos em escolas de design e arquitetura (Schön, 1983).
27. A vivência do ateliê de projetos continuava depois da
graduação em escritórios especializados.
28. A partir dos anos 1990, empresas como IDEO contrataram
profissionais de outras áreas para tensionar seu ateliê.
29. O programa TV Nightline (1999) mostrou ao mundo como o
confronto de ideias era capaz de gerar inovações.
30. Na época, a industrialização chinesa forçava os EUA a
inovar na economia de serviços.
31. A experiência do cliente se tornava diferencial e também
uma nova oferta econômica (Pine & Gilmore, 1999).
Mercadoria
Produto
Serviço
Experiência
Valor de troca
Valor de uso
32. Para oferecer boas experiências
aos usuários, os diferentes
departamentos das empresas
precisavam colaborar mais.
33. IDEO percebeu a oportunidade de vender serviços para
além do escopo do desenho industrial.
34. Hasso Plattner da SAP financiou a fundação da d.School na
Stanford e em Postdam com apoio da IDEO (2005).
35. As d.Schools formaram multiplicadores que espalharam o
pensamento projetual expansivo ao redor do mundo.
36. Paralelo a isso, crescia a ideologia de que empresas
deveriam assumir as contradições ignoradas pelo Estado.
37. IDEO fundou a IDEO.org em 2013 para atuar no terceiro
setor e disseminar seus métodos e abordagens.
38. A partir dos modelo da d.School e IDEO, surgiram variantes
que reduziram o pensamento projetual a um método.
39. Design Sprint, por exemplo, prometeu resolver qualquer
problema em uma semana (Knapp, 2016).
40. O método dá a impressão falsa de qualquer pessoa pode
pensar e resolver problemas tão bem como um designer.
41. Os métodos desconsideram a importância da vivência no
ateliê de projetos para o pensamento projetual.
42. O pensamento projetual expansivo evolui pelo fazer, que
não segue necessariamente um caminho abstrato.
43. A criatividade no fazer depende da liberdade de aceitação,
movimentação, postura e ritmo do corpo.
44. Além do fazer individual, o pensamento projetual expansivo
depende do fazer junto.
45. O fazer junto requer uma variedade de materiais à mão
(Doorley & Witthoft, 2012).
46. O fazer junto ajuda a antecipar contradições entre os
diferentes tipos de pensamentos envolvidos.
47. Evitar que conflitos surjam é reduzir o pensamento
expansivo ao sistemático (Thoring & Müller, 2011).
49. Estratégias para incluir
contradições em projetos
•Formar times multidisciplinares
•Construir objetos interdisciplinares
•Estabelecer espaços anti-disciplinares
•Educar profissionais transdisciplinares
•Convidar pessoas de fora da organização a
participar
69. Referências bibliográficas
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