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Prática de Ensino – Introdução à Docência
CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRÁTICA DE ENSINO
1. Contextualização da Prática de Ensino no Curso
De início, é importante que você entenda como se dará a articulação entre as
atividades relacionadas à prática de ensino no curso.
A prática de ensino será desenvolvida em seis semestres, com atividades distribuídas
por estes semestres. Naturalmente deve haver uma articulação entre elas,
perpassando todo o curso.
As atividades relacionadas à prática de ensino são as seguintes:
PRÁTICA DE ENSINO
1º sem. 2º sem. 3º sem. 4º sem. 5º sem. 6º sem.
Introdução à
Docência
Observação
e Projeto
Integração
Escola -
Comunidade
Vivência no
Ambiente
Educativo
Trajetória
da Práxis
Reflexões
De modo geral, este conjunto de atividades visa levá-lo a se perceber como indivíduo
inserido em uma sociedade que compreende, entre outros aspectos, uma educação,
que se configura como seu futuro ambiente de trabalho. Esta educação envolve vários
elementos que serão aqui trabalhados. Neste sentido, você deverá percorrer uma
trajetória durante o curso que possibilite a compreensão do papel que deverá exercer
futuramente como professor, ajudando a formar ou transformar esta sociedade.
Vejamos, então, como estas atividades se relacionam:
O conjunto de atividades de prática de ensino visa levá-lo a se perceber como
indivíduo inserido em uma sociedade que compreende, entre outros aspectos,
uma educação.
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ARTICULAÇÃO ENTRE AS ÊNFASES DA PRÁTICA DE ENSINO
Reflexões
Trajetória
da
Práxis
Vivência no
Ambiente
Educativo
IntegraçãoEscola
-Comunidade
Observação
e
Projeto
Introdução à
Docência
Prática
De
Ensino
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1.1- Prática de Ensino: Introdução à Docência
Neste momento, quando, de modo ideal, inicia-se a reflexão sobre a prática de ensino,
pretende-se direcionar a sua atenção para perceber a educação (formal e informal)
que acontece diariamente ao seu redor e, principalmente, a refletir sobre aspectos
inerentes a ela que são de suma importância tanto para sua vida profissional, quanto
para a prática da cidadania. Para isso, utiliza-se de textos de conhecimento popular e
de autores renomados, e instiga-se o seu pensamento reflexivo.
1.2 - Prática de Ensino: Observação e Projeto
A seguir, você deverá observar diferentes ambientes educativos (escolares ou não)
existentes em locais que fazem parte do seu cotidiano e fazer uma relação
pedagógica entre um dos ambientes não escolares e a sua área de atuação,
culminando com a elaboração de um pequeno projeto que vise possibilitar sua
utilização e integração pedagógica.
1.3 - Prática de Ensino: Integração Escola - Comunidade
Em Prática de Ensino: Integração Escola - Comunidade, você deverá identificar uma
escola que sirva de base para a sua pesquisa. É importante ressaltar desde já que a
direção da escola precisa aceitar que você desenvolva as atividades necessárias
naquele ambiente, o que pode envolver algumas conversações. Uma vez identificada
a escola, você deverá dar início a uma caracterização, tanto dela quanto da
Esta atividade direciona a sua atenção para perceber a educação (formal e
informal) que acontece diariamente ao seu redor.
Esta atividade leva você a observar diferentes ambientes educativos e
relacionar um deles com a sua formação, possibilitando integração pedagógica.
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comunidade por ela servida, visando identificar necessidades e expectativas da
comunidade que possam ser supridas, no todo ou em parte, com a sua participação
na unidade escolar ali localizada. Com base nos dados de caracterização, você
deverá propor um projeto de integração entre escola e comunidade, no sentido de dar
maior visibilidade para a escola, na comunidade onde se insere.
1.4- Prática de Ensino: Vivência no Ambiente Educativo
Durante o curso desta atividade, apoiado pelas experiências vivenciadas nas práticas
anteriores, você estará apto a dar início ao seu estágio curricular supervisionado
obrigatório, a ser realizado em escola de educação básica, em conformidade com a
legislação em vigor. Trata-se de um momento de orientação para a necessária
articulação entre a teoria e a prática propriamente dita, onde você passará a vivenciar
o ambiente escolar, seu futuro ambiente de trabalho.
1.5- Prática de Ensino: Trajetória da Práxis
Prosseguindo o desenvolvimento das atividades, você deverá completar a carga
horária de estágio, iniciada no semestre anterior. Além disto, estão previstas
atividades que enriqueçam sua formação e contribuam com a sua qualificação para o
exercício da docência.
Caracterização, tanto da escola quanto da comunidade por ela servida,
visando identificar necessidades e expectativas que possam ser supridas, no
todo ou em parte, por meio de um projeto de integração entre ambas.
Início do estágio curricular supervisionado em escola de educação básica
Complemento da carga horária de estágio curricular supervisionado
5
1.6- Prática de Ensino: Reflexões
Finalmente, você deverá redigir um relatório-síntese do estágio, que incorporará todas
as atividades vivenciadas no transcorrer da dimensão prática do curso. Você terá,
também, a oportunidade de realizar uma atividade de micro-ensino muito interessante,
uma avaliação crítica de aula, que lhe permitirá avaliar uma aula do ponto de vista do
aluno e, deste modo, aprimorar a qualidade das suas aulas futuramente.
Elaboração de relatório que incorporará todas as atividades vivenciadas no
transcorrer de toda a prática do curso.
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Prática de Ensino – Introdução à Docência
ASPECTOS CONCEITUAIS E LEGAIS
2. Aspectos Conceituais e Legais
A Prática de Ensino: Introdução à Docência, bem como as demais atividades da
dimensão prática do curso, apóiam-se em documentos normativos e legais, bem como
em conceitos neles estabelecidos.
2.1 – Base Legal
Os principais diplomas legais que dão base à prática de ensino são os seguintes:
2.1.1 – Constituição da República Federativa do Brasil;
2.1.2 – Lei Federal 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional;
2.1.3 - Lei nº 11.788/08 – Lei dos Estágios;
2.1.4 - Resolução CNE/CP 001/02 – Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de
licenciatura, de graduação plena;
2.1.5 – Resolução CNE/CP 002/02 – Institui a duração e a carga horária dos cursos
de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica
em nível superior.
Base legal da Prática de Ensino: Constituição; LDBEN, Lei de Estágios, Res.
CNE/CP 001/02; Res. CNE/CP 002/02.
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2.2 – Conceitos Importantes
2.2.1 - Licenciatura – Licença, autorização, permissão ou concessão dada por uma
autoridade pública competente para o exercício de uma atividade profissional, em
conformidade com a legislação. Trata-se de um título acadêmico, obtido em curso
superior que faculta ao seu portador o exercício do magistério na educação básica dos
sistemas de ensino. Visa formar cidadãos preocupados em se qualificar para intervir
de forma significativa na formação de outros cidadãos. Seu diferencial em relação aos
outros cursos de graduação reside na duplicidade da formação pessoal e profissional
do graduando e na simultânea instrumentalização deste para a formação de seus
futuros alunos;
2.2.2 - Prática de Ensino – Momento pelo qual se busca fazer algo, produzir alguma
coisa e que a teoria procura conceituar, significar e com isto administrar o campo e o
sentido desta atuação. Contempla todas as atividades desenvolvidas com alunos e
professores na escola ou em outros ambientes educativos, sob o acompanhamento e
supervisão da instituição formadora. Em articulação intrínseca com o estágio curricular
supervisionado e com as atividades de trabalho acadêmico, ela concorre
conjuntamente para a formação da identidade do professor como educador.
2.2.3 - Estágio Curricular Supervisionado – tempo de aprendizagem que supõe
uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional reconhecido em um
ambiente institucional de trabalho e um aluno – estagiário. Oferece ao futuro professor
um conhecimento da realidade em situação de trabalho, ou seja, é um modo especial
de capacitação em serviço. Em contato com o mundo do trabalho, o estágio
Licenciatura: licença dada por uma autoridade pública competente para o
exercício de uma atividade profissional.
Prática de Ensino: todas as atividades desenvolvidas com alunos e
professores na escola ou em outros ambientes educativos, sob supervisão da
instituição formadora.
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proporciona a aquisição de habilidades e competências para o exercício da
docência, estimulando-o a pensar e propor soluções para problemas concretos,
inerentes ao ambiente escolar. É o momento de efetivar, sob a supervisão de um
profissional experiente, um processo de ensino-aprendizagem que tornar-se-á
concreto e autônomo quando da profissionalização deste estagiário. Não é uma
atividade facultativa, e sim obrigatória, sendo uma das condições para a obtenção do
diploma.
2.2.4 - Competências - são associadas à conjugação dos diversos saberes
mobilizados pelo indivíduo (saber, saber-fazer e saber-ser) na realização de uma
atividade. Não se referem apenas aos conhecimentos formais, mas a toda a gama de
aprendizagens interiorizadas nas experiências vividas, que constituem nossa
subjetividade (Ramos, M., 2001). De acordo com Cruz, C.H.C., 2002, “é a prática de
determinadas habilidades que constrói a competência”. Uma pessoa é competente
quando tem os recursos para realizar bem uma determinada tarefa, mesmo que seja
uma situação complexa. Este sujeito deverá ter disponíveis os recursos necessários
para serem mobilizados (conhecimentos).
2.2.5 - Habilidades - expressam competências. São representadas pelos
componentes da competência expressos na ação. Configuram-se na dimensão mais
explicita da competência e, assim, servem como indicadores de desempenho com
vistas à avaliação do desenvolvimento da competência prevista (RAMOS, 2001).
Identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar,
sintetizar, julgar, correlacionar ou manipular são exemplos de habilidades.
Estágio Curricular Supervisionado: tempo de aprendizagem que supõe
uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional
reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno –
estagiário.
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2.3 - Comentários
A prática profissional do professor-aluno desenvolve-se com a Prática de Ensino,
numa perspectiva de gradativa problematização do trabalho educativo, que leve em
conta a sua complexidade. As atividades previstas na dimensão prática do curso são
planejadas com a intenção de desenvolver competências que possibilitem reflexão e
organização do trabalho em equipes, na tentativa de abranger e, eventualmente,
superar as condições do cotidiano das unidades escolares, muitas vezes
caracterizadas por “mesmices” de ações pragmáticas.
As atividades práticas devem criar oportunidades para que você se defronte com
problemas concretos do processo ensino-aprendizagem e da dinâmica própria do
espaço escolar como resultado de estudos, propostas pedagógicas e pesquisas
desenvolvidas ao longo de cada semestre, impulsionando-o a um processo de
reflexão sobre questões ligadas às políticas educacionais do país, ao projeto político-
pedagógico da escola e às ações político-pedagógicas desenvolvidas no cotidiano das
salas de aula.
A Prática de Ensino deve articular a teoria e a prática (enquanto Estágio Curricular
Supervisionado), de maneira que, até o final do curso, você tenha aliado aos
conhecimentos teóricos, práticas e saberes que o auxiliarão no exercício profissional
da docência, adquirindo subsídios para questionamentos e reflexões sobre o objetivo,
conteúdo e formas que envolvam o processo ensino-aprendizagem, bem como
problematizações e reflexões sobre a organização administrativo-pedagógica da
escola.
O Estágio Curricular Supervisionado, por sua vez, inserido em momento adequado do
curso, constitui a fase de treinamento que permite a você, por meio da vivência prática
Atividades práticas devem criar oportunidade para que você se defronte
com problemas concretos do processo ensino – aprendizagem e da dinâmica
própria do espaço escolar.
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das atividades docentes, complementar sua formação acadêmica nos aspectos
técnico, cultural, científico e humano. É o espaço de consolidação dos conteúdos
teóricos das disciplinas pedagógicas e fundamentos da educação. É um período de
permanência em ambiente real de trabalho em escolas da comunidade e em outros
espaços educacionais, possibilitando a você vivências concretas como professor,
preparando-o a assumir, no futuro, a liderança de uma sala de aula, assim como trocar
experiências com outros profissionais da educação.
O Estágio Curricular Supervisionado é realizado considerando-se a formação pessoal,
vivência profissional e cidadania. É atividade de ensino-aprendizagem e não deve ser
confundido com simples preparação para o mercado de trabalho.
Quanto às competências e habilidades, Bordoni, T. (2010) afirma que “tanto o ensino
fundamental quanto o médio têm tradição conteudista. Na hora de falar de
competência, mais ampla, carrega no conteúdo”. Assim, a escola tende a trazer para
os alunos respostas para perguntas que eles não fizeram e o resultado é manifestado
pelo desinteresse. A explicação é simples: neste contexto, as perguntas são mais
importantes do que as respostas. Em lugar de continuar a decorar conteúdos, os
alunos devem ser ensinados a exercitar habilidades e, através delas, adquirir
competências.
Você, futuro educador, deve ser formado para preparar as melhores condições para o
desenvolvimento de competências. Não deve se restringir apenas a transmitir
informações isoladas, mas deve apresentar conhecimentos contextualizados, usar
estratégias para desenvolver habilidades específicas em seus futuros alunos. O
processo de ensinar deve proporcionar a aquisição de recursos que possam ser
mobilizados no momento em que os problemas se apresentarem.
Deste modo, imprimindo significado e relevância para os conteúdos escolares, você
estará favorecendo uma ruptura com as práticas escolares tradicionais e
11
proporcionando um avanço em direção a práticas mais pluralistas e harmônicas para
seus futuros alunos.
Habilidades expressam competências, e essas se constituem na prática.
2.4 - A Prática nas Resoluções CNE/CP Nº 01/2002 E 02/2002
A Resolução CNE/CP 01/2002 afirma, em seus “considerandos”, que “os Pareceres
CNE/CP 09/2001 e 27/2001 são peças indispensáveis do conjunto das Diretrizes
Curriculares Nacionais”.
Deste modo, neste item, apresenta-se uma visão do conceito de prática apresentado
no conjunto de documentos citados, elaborados no âmbito do Conselho Pleno do
Conselho Nacional de Educação (Resoluções e Pareceres).
Compõe-se basicamente de trechos extraídos direta e literalmente, acompanhados
por uma adição interpretativa sobre o seu significado.
 Concepção de prática em momento anterior aos pareceres e resoluções:
“A concepção dominante nos cursos de formação de professores, apresentava
dois pólos isolados:
a) Supervalorizava os conhecimentos teóricos, acadêmicos,
desprezando as práticas como importante fonte de conteúdos
de formação – visão aplicacionista das teorias;
b) Supervalorizava o fazer pedagógico, desprezando a dimensão
teórica dos conhecimentos como instrumento de seleção e
análise contextual das práticas – visão ativista da prática”.
O Conselho Nacional de Educação aprimorou de modo significativo a
concepção de prática e de estágio em documentos legais e normativos
recentes.
12
Evidenciava-se, então, a necessidade de integração entre a teoria e a prática.
A visão aplicacionista das teorias, ao desprezar a prática, diminuía o potencial de
aprendizagem dos temas estudados, menosprezava o fazer em detrimento do saber.
Ora, o saber sem uma aplicação necessária é praticamente inoperante. Não se pode
imaginar a teoria sem a prática, pois ela (a teoria) só foi desenvolvida por necessidade
prática, ou seja, alguém, na prática, observou a necessidade de desenvolvê-la. Este
extremismo aplicacionista das teorias, portanto, não oferecia resposta adequada aos
problemas da sociedade, pois se mostrava reducionista do potencial de aprendizagem
dos temas abordados.
Por outro lado, a visão ativista da prática também, ao desprezar a teoria, diminuía o
potencial de aprendizagem dos temas estudados, pois menosprezava o saber em
detrimento do fazer. Se há o que se fazer, que se faça direito, e fazer direito envolve a
teoria necessariamente, o conhecimento em plena integração com a ação. A prática
sem a teoria não oferece respostas adequadas para a evolução da sociedade. O fazer
não pode prescindir do saber. Assim, o extremismo ativista da prática, do mesmo
modo, se mostrava reducionista do potencial de desenvolvimento da aprendizagem,
que visa à melhoria da sociedade.
Era necessária, portanto, uma mudança de paradigma, e isto foi objeto dos pareceres
e resoluções do Conselho Nacional de Educação ora em análise.
 Concepção de Prática como Componente Curricular: “dimensão do
conhecimento que tanto está presente, nos cursos de formação, nos momentos
em que se trabalha na reflexão sobre a atividade profissional, como durante o
estágio, nos momentos em que se exercita a atividade profissional” (grifo
nosso).
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Esta visão mostra uma importante evolução na concepção de prática. Aponta para o
fato de que toda teoria apresenta uma dimensão prática e que esta dimensão está
presente durante todo o processo de formação profissional do professor. A prática,
portanto, não se restringe ao estágio, embora este faça parte relevante do processo
de formação e tenha uma característica iminentemente prática. Esta prática, no
entanto, não prescinde da teoria, pelo contrário, articula-se com ela.
 Articulação do estágio com as demais disciplinas: “o planejamento e a
execução das práticas no estágio devem estar apoiados nas reflexões
desenvolvidas nos cursos de formação” (grifo nosso).
Em outras palavras, as reflexões desenvolvidas nos cursos devem apoiar o
planejamento e a execução das atividades práticas do estágio. Deve haver,
necessariamente, uma inserção dessas discussões nas disciplinas teóricas que
permeiam os cursos de formação, um melhor aproveitamento da atividade de estágio
no âmbito das disciplinas teóricas oferecidas pelos cursos de formação de
professores.
 A avaliação do estágio: “a avaliação...constitui momento privilegiado para uma
visão crítica da teoria e da estrutura curricular do curso. Trata-se, assim, de
tarefa para toda a equipe de formadores, e não, apenas, para o supervisor de
estágio” (grifo nosso).
Nesta concepção, como o planejamento e a execução das atividades práticas passam
a ser inseridas nas discussões e reflexões desenvolvidas nas demais disciplinas do
curso, toda a equipe docente, e não apenas o supervisor de estágios, deveria
participar do processo de avaliação dessas atividades.
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 Ideia a Ser Superada: “o estágio é o espaço reservado à prática, enquanto, na
sala de aula se dá conta da teoria”. (grifo nosso)
O estágio não é uma atividade exclusivamente prática, uma vez que é alimentado
pelas reflexões teóricas desenvolvidas durante o curso de formação do professor. Do
mesmo modo, ele (o estágio) deve estar presente no ambiente da sala de aula, nas
discussões teóricas a respeito da formação docente. Deste modo, não há como fazer
uma distinção tão exata entre teoria e prática no curso de formação docente, tanto nas
atividades envolvidas diretamente com o estágio quanto nas atividades desenvolvidas
em sala de aula, nas demais disciplinas.
 Relação entre o saber e o fazer: “não basta ao profissional ter conhecimentos
sobre o seu trabalho. É fundamental que saiba mobilizar esses conhecimentos,
transformando-os em ação”. (grifo nosso)
Particularmente no caso do professor profissional, esta discussão é muito
interessante. É muito comum ocorrer casos em que ótimos profissionais técnicos são
contratados para lecionar e não obtêm o êxito que deles se espera. Isto se explica de
modo muito simples: o melhor engenheiro do país pode ser um professor medíocre.
Por outro lado, um engenheiro medíocre pode se tornar um bom professor...são
profissões diferentes. Para ser professor não basta conhecer, é necessário aplicar
este conhecimento sobre o seu objeto de trabalho que, no melhor sentido da palavra,
é o aluno. Caso a aprendizagem não ocorra, não houve êxito. Ser professor exige
técnicas especiais de transmissão do conhecimento que são inerentes à profissão. De
nada adiantará o conhecimento profundo do tema a ser lecionado se isto não for
acompanhado de uma didática que permita ao professor explicar convincentemente o
tema.
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 Definição de Competência: “capacidade de mobilizar múltiplos recursos numa
mesma situação para responder às demandas das situações de trabalho”. (grifo
nosso)
A competência, segundo este raciocínio, está intimamente ligada à teoria (ao saber),
pois a multiplicidade de conhecimentos deve ser estruturada de forma compreensível
para os alunos. Não basta o conhecimento do problema. O ideal é o conhecimento da
situação problemática em que ele se envolve. Isto dá maior segurança ao professor e
é requisito fundamental para o êxito na profissão.
Mas a competência está, também, ligada à prática (ao fazer), pois a capacidade de
mobilização dos múltiplos recursos disponíveis se reflete numa prática profissional
relevante, que não se resume em “passar o conhecimento”, mas desperta no aluno o
interesse necessário para que ele se interesse pelo saber. Este estímulo é uma das
tarefas básicas do bom professor. Segundo Haidt (2002) na relação entre professor e
aluno, o professor tem, basicamente, duas funções e uma delas é a chamada “Função
Incentivadora”, ou seja, aproveitando a curiosidade natural do aluno, o professor deve
despertar seu interesse e mobilizar seus esquemas cognitivos para que a
aprendizagem ocorra do modo esperado.
 A necessidade da reflexão sobre a atividade prática: “O desenvolvimento
das competências pede uma outra organização do percurso de aprendizagem,
na qual o exercício das práticas profissionais e de reflexão sistemática sobre
elas ocupa um lugar central”. (grifo nosso)
O exercício das atividades e a reflexão sobre as práticas deixam de ser periféricos na
formação de professores e passam a ocupar um espaço maior e mais importante. Não
se trata de desvalorizar a teoria, mas de valorizar a prática e coloca-la em seu devido
lugar. O conhecimento deve ser aplicável e aplicado, materializar-se na realidade, e
16
isto era negligenciado nos cursos de formação a um segundo plano, o que deve ser
corrigido.
 A prática deve permear todo o processo de formação do professor: “é
necessário que o futuro professor experencie, como aluno, durante todo o
processo de formação, as atitudes, modelos didáticos, capacidades e modos de
organização que se pretendem venham a ser concretizados nas suas práticas
pedagógicas”. (grifo nosso)
A prática não se resume ao estágio. Desde o início do curso de formação ela deve
estar presente em todos os momentos, para possibilitar ao professor em formação a
experiência como aluno. A partir de certo momento (metade do curso) ele deve
observar os fatos diretamente numa escola, seu futuro ambiente de trabalho, como
estagiário e, deste modo, ao se formar terá uma visão abrangente sobre tudo o que de
mais importante envolve o “ser professor” de uma escola de educação básica no
Brasil, estando apto, assim, a atuar profissionalmente.
 Importância das atividades coletivas dos docentes em formação: “é
fundamental promover atividades constantes de aprendizagem colaborativa e
de interação, de comunicação entre os professores em formação e deles com
os formadores, uma vez que tais aprendizagens necessitam de práticas
sistemáticas...a escola de formação deverá criar dispositivos de organização
curricular e institucional que favoreçam sua realização, empregando, inclusive,
recursos de tecnologia de informação que possibilitem a convivência interativa
dentro da instituição e entre esta e o ambiente educacional”. (grifo nosso)
A promoção de atividades que propiciem comunicação entre os professores em
formação e entre estes e seus docentes é condição sine qua non para a qualificação
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do curso. A socialização deve ser promovida e os alunos devem compartilhar suas
experiências, visando somar conhecimentos e subtrair dúvidas nesses contatos.
 A aplicação do conhecimento teórico na profissão: “a formação de
professores demanda estudos disciplinares que possibilitem a sistematização e
o aprofundamento de conceitos e relações...no entanto é indispensável levar
em conta que a atuação do professor não é a atuação nem do físico, nem do
biólogo, psicólogo ou sociólogo, é a atuação de um profissional que usa os
conhecimentos dessas disciplinas para...ensinar”. (grifo nosso)
O professor é um profissional diferenciado. Não deve ser confundido com o geógrafo,
historiador, matemático, biólogo, etc, Este profissional fez sua opção pela carreira
docente, que tem seus métodos e objetos próprios de trabalho, que são diferenciados
com relação aos profissionais formados em cursos de bacharelado. Neste sentido o
conhecimento básico obtido na dimensão teórica do curso deve ser aplicado na sua
dimensão prática.
 Articulação da prática com o restante do curso: “a prática na matriz
curricular dos cursos de formação de professores não pode ficar reduzida a um
espaço isolado, que a reduza ao estágio...desarticulado do restante do curso”.
(grifo nosso)
Prática é um termo que possui um conceito mais amplo do que o termo “estágio”.
Neste sentido, sua dimensão deve abranger todo o curso.
 A Dimensão Prática: todas as disciplinas que constituem o currículo de
formação e não apenas as disciplinas pedagógicas têm sua dimensão prática.
É essa dimensão prática que deve estar sendo permanentemente trabalhada
18
tanto na perspectiva da sua aplicação no mundo social e natural quanto na
perspectiva da sua didática...em tempo e espaço curricular específico...as
atividades deste espaço curricular de atuação coletiva e integrada dos
formadores transcendem o estágio e têm como finalidade promover a
articulação das diferentes práticas numa perspectiva interdisciplinar”. (grifo
nosso)
Nesta perspectiva, não existe disciplina iminentemente teórica, desarticulada
completamente da prática. Todas as disciplinas do curso têm uma dimensão prática,
até porque as teorias só são desenvolvidas quando, na prática, alguém descobre sua
necessidade.
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Prática de Ensino – Introdução à Docência
SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA AVALIAÇÃO
3. Sugestão de Atividades para Avaliação
As atividades sugeridas nesta disciplina são as seguintes:
a) ATIVIDADE EM GRUPO: Leia os textos referentes aos itens 3.1 a 3.13 e reflita
sobre as inúmeras verdades que cada um deles encerra em suas entrelinhas,
em relação à educação. Na sequência de cada texto, já são apresentadas
algumas questões para reflexão. Reflita sobre essas questões e procure
apontar, para cada texto, novas reflexões. A atividade em si consiste em
elaborar um relatório que contemple as principais reflexões que todos estes
textos induziram no grupo de alunos, ou seja, consiste em elaborar um relatório
mencionando o título de cada um dos textos e as principais reflexões que o
grupo teve sobre cada um deles.
 O grupo deverá ser composto por alunos de uma mesma turma e deverá ter, no
máximo, 5 (cinco) alunos;
b) ATIVIDADE EM GRUPO: seguindo o mesmo raciocínio da atividade acima
mencionada, selecione um texto semelhante aos aqui apresentados e aponte
as principais reflexões sobre a educação que o texto sugere. A atividade em si,
portanto, consiste em elaborar um relatório que contenha um novo texto que
guarde relações de semelhança com os que foram apontados no livro-texto e.
sobre este texto, o grupo de alunos deve refletir e apresentar tais reflexões em
relatório.
 O grupo deverá ser composto por alunos de uma mesma sala e deverá
ter, no máximo, 5 (cinco) alunos;
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IMPORTANTE: NÃO HAVERÁ PRÓVA.
Os textos e as questões para reflexão são apresentados na sequência:
3.1 - Educação? Educações: aprender com o índio
Pergunto coisas ao buriti; e o que ele responde é:
a coragem minha. Buriti quer todo o azul, e não se
aparta de sua água – carece de espelho. Mestre não
é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.
João Guimarães Rosa/Grande Sertão: Veredas
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo
ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para
ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver,
todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias:
educação? Educações. E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos
alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não começar a
pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram?
Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz
com os Índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação
sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os
seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus
jovens às escolas dos brancos. Os chefes responderam agradecendo e recusando. A
carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o
costume de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa:
Você não precisa realizar nenhuma tarefa específica relativa a estas
questões. Elas foram incluídas neste texto com o intuito exclusivo de
estimular a sua reflexão e podem ser usadas pelo professor em aula.
21
“... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e
agradecemos de todo o coração.
Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções
diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que
a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.
... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e
aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram
maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a
fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e
falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não
serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos
aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia
que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e
faremos, deles, homens.”
De tudo o que se discute hoje sobre a educação, algumas das questões entre as mais
importantes estão escritas nesta carta de índios. Não há uma forma única nem um
único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez
nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor
profissional não é o seu único praticante.
Em mundos diversos a educação existe diferente: em pequenas sociedades tribais de
povos caçadores, agricultores ou pastores nômades; em sociedades camponesas, em
países desenvolvidos e industrializados; em mundos sociais sem classes, de classes,
com este ou aquele tipo de conflito entre as suas classes; em tipos de sociedades e
culturas sem Estado, com um Estado em formação ou com ele consolidado entre e
sobre as pessoas.
22
Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo,
ou entre povos que se encontram. Existe entre povos que submetem e dominam
outros povos, usando a educação como um recurso a mais de sua dominância. Da
família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as
incontáveis práticas dos mistérios do aprender; primeiro, sem classes de alunos, sem
livros e sem professores especialistas; mais adiante com escolas, salas, professores e
métodos pedagógicos.
A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as
pessoas criam para tornar comum, como saber, como idéia, como crença, aquilo que
é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por
um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como
armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do
trabalho, dos direitos e dos símbolos.
A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a
criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade.
Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre
todos os que ensinam-e-aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os
códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião,
do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os
dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com
a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a
própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar – às vezes a ocultar, às vezes
a inculcar – de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem.
Por isso mesmo – e os índios sabiam – a educação do colonizador, que contém o
saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de
domínio, na verdade não serve para ser a educação do colonizado. Não serve e existe
contra uma educação que ele, não obstante dominado, também possui como um dos
seus recursos, em seu mundo, dentro de sua cultura.
23
Assim, quando são necessários guerreiros ou burocratas, a educação é um dos meios
de que os homens lançam mão para criar guerreiros ou burocratas. Ela ajuda a pensar
tipos de homens. Mais do que isso, ela ajuda a criá-los, através de passar de uns para
os outros o saber que os constitui e legitima. Mais ainda, a educação participa do
processo de produção e crenças e idéias, de qualificações e especialidades que
envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constroem tipos
de sociedades. E esta é a sua força.
No entanto, pensando às vezes que age por si próprio, livre e em nome de todos, o
educador imagina que serve ao saber e a quem ensina mas, na verdade, ele pode
estar servindo a quem o constituiu professor, a fim de usá-lo, e ao seu trabalho, para
os usos escusos que ocultam também na educação – nas suas agências, suas
práticas e nas idéias que ela professa – interesses políticos impostos sobre ela e,
através de seu exercício, à sociedade que habita. E esta é a sua fraqueza.
Aqui e ali será preciso voltar a estas idéias, e elas podem ser como que um roteiro
daqui para a frente. A educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos
grupos sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz para fora, que a
sua missão é transformar sujeitos e mundo em alguma coisa melhor, de acordo com
as imagens que se tem de uns e outros: “... e deles faremos homens”. Mas, na prática,
a mesma educação que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o
contrário do que pensa que faz, ou do que inventa que pode fazer: “... eles eram,
portanto, totalmente inúteis”.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação? São Paulo: Brasiliense. p.7-12.
3.1.1 - Principais Questões para Reflexão
24
 Se é verdade que “ninguém escapa da educação”, como se explica a
expressão “falta de educação”?
 Os Índios das Seis Nações iniciam a sua carta com a expressão “... Nós
estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e
agradecemos de todo o coração.” Seria um sinal de ingenuidade? Explique seu
ponto de vista;
 “Diferentes nações têm concepções diferentes das coisas”. Que relação há
entre as diferentes nações e as diferentes educações de cada povo?
 A nação brasileira apresenta apenas uma educação?
 “... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do
Norte...Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram ...totalmente inúteis.
nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos
e faremos, deles, homens.” Como se insere a educação no processo de
dominação de uma nação pela outra?
 “Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o
único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não
é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante.”
Considerando-se esta afirmação, qual o papel da escola no processo
educacional de um povo?
 “Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em
cada povo, ou entre povos que se encontram. Existe entre povos que
submetem e dominam outros povos, usando a educação como um recurso a
mais de sua dominância.” Com base nesta afirmação, como seria possível
definir, em poucas palavras, a educação nacional do Brasil?
 A educação “pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que
usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a
desigualdade entre os homens”. Se há um controle sobre o saber, como ter
certeza que o que se aprende nas escolas é verdade?
 “a educação do colonizador, que contém o saber de seu modo de vida e ajuda
a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio, na verdade não
serve para ser a educação do colonizado. Não serve e existe contra uma
25
educação que ele, não obstante dominado, também possui como um dos seus
recursos, em seu mundo, dentro de sua cultura.” Diante desta afirmação, o que
dizer sobre o atual estágio da educação brasileira? Reflete a educação do
vencedor ou do vencido? A educação que nós recebemos, então, não é a única
possível? Explique seu ponto de vista;
 “... quando são necessários guerreiros ou burocratas, a educação é um dos
meios de que os homens lançam mão para criar guerreiros ou burocratas. Ela
ajuda a pensar tipos de homens. Mais do que isso, ela ajuda a criá-los, através
de passar de uns para os outros o saber que os constitui e legitima.” Faça uma
relação entre esta afirmação e o processo de globalização, atualmente em
curso em nosso planeta;
 “... pensando às vezes que age por si próprio, livre e em nome de todos, o
educador imagina que serve ao saber e a quem ensina mas, na verdade, ele
pode estar servindo a quem o constituiu professor, a fim de usá-lo, e ao seu
trabalho, para os usos escusos que ocultam também na educação.” Qual a
importância do professor / educador na formação ou na transformação da
sociedade em que ele se insere?
 A missão da educação “é transformar sujeitos e mundo em alguma coisa
melhor, de acordo com as imagens que se tem de uns e outros: “... e deles
faremos homens”. Mas, na prática, a mesma educação que ensina pode
deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz, ou
do que inventa que pode fazer: “... eles eram, portanto, totalmente inúteis”.
Comente esta frase;
 ...
3.2 - O Fax do Nirso
O gerente de vendas recebeu o seguinte fax de um dos seus novos vendedores:
26
“Seo Gomis,
O criente de Beozonte pidiu mais cuatrucenta pessa. Faz favor toma as providenssa,
Abrasso,
Nirso”.
Aproximadamente uma hora depois recebeu outro:
“Seo Gomis,
Os relatório di venda vai xega atrazado proque to fexando umas venda. Temo qui
manda umas treis mil pessa. Amanhã to xegando.
Abrasso,
Nirso”.
No dia seguinte:
“Seo Gomis,
Num xeguei pucausa de que vendi maiz deis mil em Beraba.
To indu pra Brasilha.
Abrasso,
Nirso”.
No outro:
“Seo Gomis,
Brasilha fexo 20 mil. Vo pra Froniloplis e de la pra Sum Paulo no vinhâo das cete hora.
Abrasso,
Nirso”.
E assim foi o mês inteiro. O gerente, muito preocupado com a imagem da empresa,
levou ao presidente as mensagens que recebeu do vendedor. O presidente escutou
atentamente o gerente e disse: “Deixa comigo, que eu tomarei as providências
necessárias”.
27
E tomou. Redigiu de próprio punho um aviso e o afixou no mural da empresa,
juntamente com as mensagens de fax do vendedor:
“A parti de oje, nois tudo vamo fazê feito o Nirso. Si priocupá menos em iscrevê serto,
mod vendê maiz.
Acinado, O Prizidenti.
(Autor Desconhecido)
3.2.1 – Principais Questões para Reflexão
 A educação escolar está perdendo espaço no mercado de trabalho?
 Num mercado competitivo, todo profissional precisa de um diferencial para
ocupar determinadas posições e ascender na carreira. Por vezes, este
diferencial é representado por um ou mais diplomas. Com base no texto e nesta
afirmação, analise o papel da educação formal no mercado de trabalho;
 Alguns estudiosos afirmam que a educação evolui num ritmo muito lento, na
relação com os outros elementos da sociedade. Que aspectos devem, então,
ser ressaltados na educação, para que ela acelere sua evolução e consiga
acompanhar o ritmo dos outros elementos sociais?
 ...
3.3 - A História de Chapeuzinho Vermelho (na versão do lobo)
Adaptação do vídeo de Celso Antunes
28
Esta história será contada de uma maneira não tradicional.
Certa manhã, estava eu passeando pela minha casa – sim, porque eu não sei se
vocês sabem, mas a floresta é a minha casa – e, de repente, deparei com uma visão
terrível.
Vi uma menina vestida com uma roupa vermelha horrorosa, com um chapéu vermelho
igualmente horroroso, carregando uma cesta cheia de produtos embalados com
material plástico, que leva milhares de anos para se desintegrar na natureza.
Imaginei que ela fosse fazer um piquenique ou coisa parecida e pensei: não posso
permitir que ela deixe aquele material jogado pela mata. Ela vai sujar a minha casa e
dos meus companheiros de floresta. Vou tentar preveni-la dos cuidados ecológicos
fundamentais. Por outro lado, que descuidados são esses humanos: deixar uma
menina tão pequena passear pela floresta desse jeito, correndo o perigo de ser
apanhada por algum predador (dentre os quais eu me incluo).
Como eu estava com o apetite devidamente saciado resolvi, sem segundas intenções,
falar com a menina e induzi-la a sair da floresta pelo mesmo caminho por onde entrou.
Isto seria melhor para todos...e assim o fiz, mas, assim que me deparei com a menina,
ela foi logo gritando feito uma louca e me batendo com a cesta que tinha na mão; nem
sequer me ouviu, não me deu oportunidade para falar o que eu queria e explicar o
motivo da nossa conversa. Só repetia várias vezes que eu não iria comer o lanche que
ela havia preparado para a sua vovozinha, que eu era horrível, que isso e aquilo. Logo
vi que não conseguiria atingir o meu intento. Mas...ela é só uma menina...e assim
pensando, resolvi perdoá-la.
Apesar de ter ficado furioso com ela num primeiro instante, resolvi procurar por uma
velhinha que, algum tempo antes, havia construído uma casinha de madeira perto do
rio. Na época, todos nós aqui da floresta havíamos ficado furiosos com ela, pois
derrubou nossas árvores e, assim, destruiu a casa de muitos de nossos companheiros
29
animais para construir aquela casa horrenda, mas, devido à avançada idade,
resolvemos relevar e deixá-la ficar. Só podia ser ela a vovozinha daquela menina tão
mal-educada.
Segui por atalhos que só nós, moradores da floresta, conhecemos e, assim, cheguei
na casa da velhinha bem antes da sua neta. Segui um caminho muito longo para
alertar a senhora dos males que ela e a sua neta poderiam provocar no nosso
ecossistema, mas ela também não me deu a menor oportunidade de me pronunciar;
foi logo me batendo e fazendo um escândalo tremendo, muito barulho, muita gritaria,
virou-se e pegou uma velha espingarda, certamente com a intenção de matar-me. Não
tive outra alternativa, senão comer a velha senhora.
Minutos depois, a menina acabou chegando na casa da sua avó. Sabendo que ela iria
provocar novo escândalo, resolvi me disfarçar e, assim, vesti algumas roupas da tal
velhinha e tentei me fazer passar por ela, deitado em seu leito.
Quando ela chegou, tentei dissuadi-la a ir embora o quanto antes, mas a menina
novamente começou a me insultar dizendo: que nariz grande e horrível você tem...que
orelhas estranhas você tem...que olhos caídos e remelentos você tem... Eu procurei
responder a todas as perguntas com ternura, mas para tudo há um limite, e minha
paciência já estava em ponto de se esgotar, quando tirei o disfarce. Diante dos gritos
da menina, e temendo a aproximação de caçadores que sempre afluíam ao local, não
tive alternativa senão comê-la também.
Meu temor, no entanto, se concretizou: um caçador me encontrou e, antes mesmo que
eu começasse a me explicar, atirou impiedosamente e me acertou... agora, cá estou
eu, com a barriga aberta, moribundo, e vocês ainda estão vibrando com isto,
ensinando suas crianças que o malvado dessa história sou eu...isso é muito injusto,
muito injusto.
Vídeo: 10 Histórias Exemplares. Celso Antunes. Coleção Grandes Autores – Atta-Mídia e Educação
30
3.3.1 – Principais Questões para Reflexão
Esta história tem uma peculiaridade: ela é relatada na versão do lobo. Isto nos leva à
algumas importantes reflexões sobre a educação que estamos oferecendo em nossas
escolas:
 Será que não estamos negando aos nossos alunos o direito de optar, ao
apresentar-lhes nossas opiniões sobre fatos como verdades absolutas?
 Será que é justo negar-lhes o direito de optar, mesmo que esta opção represente a
idéia da minoria?
 Será que o que extraímos do conteúdo da geografia, história, literatura e mesmo
da matemática representa uma verdade ou uma opinião?
 Será que, quando falamos em exclusão, não estamos sendo excludentes, ao
tirarmos a oportunidade do aluno de avaliar, fazer seu próprio julgamento e tirar
suas conclusões?
 Com relação ao conteúdo ensinado e aprendido nas escolas, há apenas uma
verdade?
 Com relação ao conteúdo ensinado e aprendido nas escolas, há apenas verdades?
 Problematizar uma dúvida não levaria à construção de outras verdades?
 ...
3.4 - Uma Pescaria Inesquecível
Ele tinha 11 anos e, a cada oportunidade que surgia, ia pescar num cais próximo ao
chalé da família, numa ilha que ficava em meio a um lago.
31
A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da
tarde para pegar apenas peixes, cuja captura estava liberada. O menino amarrou uma
isca e começou a praticar arremessos, provocando ondulações coloridas na água.
Logo, elas se tornaram prateadas, pelo efeito da lua, nascendo sobre o lago.
Quando o caniço vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha.
O pai olhava com admiração, enquanto o garoto, habilmente, e com muito cuidado,
erguia o peixe exausto da água.
Era o maior que já tinha visto, porém sua pesca só era permitida na temporada.
O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras volvendo para trás e para
frente.
O pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio.
Pouco mais de 10 horas da noite...
Ainda faltavam quase duas horas para a abertura da temporada.
Em seguida, olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo:
- Você tem que devolvê-lo, filho!
- Mas, papai, reclamou o menino.
- Vai aparecer outro, insistiu o pai.
- Não tão grande quanto este, choramingou a criança.
32
O garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista.
Voltou novamente a olhar para o pai.
Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza em sua voz, que a decisão era
inegociável.
Devagar, tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura.
O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu.
Naquele momento, o menino teve certeza de que jamais pegaria um peixe tão grande
quanto aquele.
Isso aconteceu há 34 anos. Hoje, o garoto é um arquiteto bem sucedido.
O chalé continua lá, na ilha, em meio ao lago, e ele leva seus filhos para pescar no
mesmo cais.
Sua intuição estava correta.
Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como daquela noite.
Porém, sempre vê o mesmo peixe todas as vezes que depara com uma questão ética.
Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de CERTO e
ERRADO.
Agir corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa.
33
A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém está nos observando.
Esta conduta reta só é possível quando, desde criança, aprendeu-se a devolver o
PEIXE À AGUA.
A boa educação é como uma moeda de ouro: TEM VALOR EM TODA PARTE.
James P. Lenfestei
3.4.1 – Principais Questões para Reflexão
 Complete a frase: “ética é....”;
 Se a ética é algo tão importante, por que não faz parte da grade curricular da
maior parte das escolas de educação básica no Brasil?
 Comente a frase: “gosto de levar vantagem em tudo, certo?” – a chamada Lei
de Gerson - e faça uma relação com o texto;
 Comente a frase: “o que é certo é certo, mesmo que ninguém o faça...e o que é
errado é errado, mesmo que todo mundo o faça” e relacione com o texto.
 ...
3.5 A Folha Amassada
Quando criança, por causa de meu caráter impulsivo, tinha raiva à menor provocação.
34
Na maioria das vezes, depois de um desses incidentes me sentia envergonhado e me
esforçava por consolar a quem tinha magoado.
Um dia, meu professor me viu pedindo desculpas, depois de uma explosão de raiva, e
entregou-me uma folha de papel lisa e me disse: Amasse-a!
Com medo, obedeci e fiz com ela uma bolinha.
- Agora, deixe-a como estava antes, voltou a dizer-me.
Óbvio que não pude deixá-la como antes. Por mais que tentasse, o papel continuava
cheio de pregas.
O professor disse então:
— O coração das pessoas é como esse papel. A impressão que nele deixamos será
tão difícil de apagar como esses amassados.
Assim, aprendi a ser mais compreensivo e mais paciente. Quando sinto vontade de
estourar, lembro daquele papel amassado. A impressão que deixamos nas pessoas é
impossível apagar. Quando magoamos alguém com nossas palavras, logo queremos
consertar o erro, mas é tarde demais.
Alguém já disse, certa vez:
— Fale somente quando suas palavras possam ser tão suaves como o silêncio.
Mas não deixe de falar, por medo da reação do outro.
Acredite, principalmente em seus sentimentos!
35
“Seremos sempre responsáveis pelos nossos atos – nunca se esqueça.”
(Autor Desconhecido)
3.5.1 Principais Questões para Reflexão
 Como educador, no futuro, você terá que desempenhar várias funções que
extrapolam o “simples” ensinar e inserem-se no contexto de educar. Você se
considera preparado emocionalmente para exercer tais funções?
 Como lidar com alunos explosivos como o do texto?
 Aluno explosivo representa necessariamente um aluno problema?
 Como desenvolver autocontrole de modo que, como professor, você não corra
o risco de soltar bombas com suas palavras com potencial de causar estragos
irremediáveis na vida de seus futuros alunos?
 ...
3.6 A Lição dos Gansos
No outono, quando se vê bandos de gansos voando ao sul, formando um grande “V”
no céu, indaga-se o que a ciência já descobriu sobre o porquê de voarem desta forma.
36
Sabe-se que quando cada ave bate as asas, move o ar para cima, ajudando a
sustentar a ave imediatamente detrás. Ao voar em forma de “V”, o bando se beneficia
de pelo menos 71% a mais de força de vôo do que uma ave voando sozinha.
Sempre que um ganso sai do bando, sente subitamente o esforço e a resistência
necessários para continuar voando sozinho. Rapidamente, ele entra outra vez em
formação para aproveitar o deslocamento de ar provocado pela ave que voa
imediatamente à sua frente.
Quando o ganso líder se cansa, ele muda de posição dentro da formação e outro
ganso assume os gansos que voam rumo ao sul.
Os gansos detrás gritam, encorajando os da frente para que mantenham a velocidade.
Finalmente, quando um ganso fica doente, ou ferido por um tiro e cai, dois gansos
saem da formação e o acompanham para ajudá-lo e protegê-lo. Ficam com ele até
que consiga voar novamente, ou até que morra. Só então levantam vôo sozinhos, ou
em outra formação, a fim de alcançar seu bando.
(Autor desconhecido)
3.6.1 Principais Questões para Reflexão
 Pessoas que se deslocam numa mesma direção e que têm o sentido de
comunidade podem atingir seus objetivos de forma mais rápida e fácil, pois
beneficiam-se de impulso mútuo. Numa equipe, quando um só elemento se
esforça na direção contrária, o dispêndio de energia é muito maior e o avanço
da equipe, menor. Será que você já aprendeu a lição dos gansos?
 Se tivéssemos o mesmo sentido dos gansos, manter-nos-íamos em formação
com os que lideram o caminho para onde também desejamos seguir. Na
educação, o papel de liderança é exercido pelos pais (na família), professores
37
(na sala de aula), diretores (na unidade escolar) e, gradativamente, os liderados
vão aprendendo a ocupar posições de liderança em suas vidas ou a aceitar as
lideranças que se lhe apresentam. Você se sente preparado para exercer, por
exemplo, o papel de professor?
 Que mensagem passamos quando gritamos detrás? Estímulo aos nossos
líderes ou desestímulos? Será que nossa mensagem como liderados tem sido
útil para promover a melhoria da qualidade de vida do grupo? Se você descobrir
que tem errado na sua atitude, não se preocupe...isto não é o fim, mas o
começo.
 Se tivéssemos o sentido dos gansos, também ficaríamos um ao lado do outro
nos momentos de dificuldade. Isto se aplica aos seus futuros alunos. Colar em
suas testas o rótulo de indisciplinados por este ou aquele motivo é uma tarefa
muito fácil, que qualquer um pode fazer. Estimulá-los a mudar de atitude e
crescer como cidadãos, isso é tarefa para pessoas especiais.
 ...
3.7 Assembléia na Carpintaria
Era uma vez...uma carpintaria onde aconteceu uma estranha assembléia. Foi uma
reunião de ferramentas para acertar suas diferenças.
38
Um martelo presidiu a reunião, mas os participantes avisaram-no que teria de
renunciar, pois fazia muito barulho e golpeava muito.
O martelo aceitou sua culpa, porém exigiu que fosse expulso o parafuso, alegando
que dava muitas voltas para conseguir algo.
Diante do ataque o parafuso concordou desde que expulsassem a lixa por ser muito
áspera no tratamento com os demais, atritando sempre.
A lixa acatou a decisão, mas exigiu a expulsão da trena por sempre medir os outros
segundo a sua medida, como se fosse perfeita.
No auge da discussão, entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou seu trabalho.
Utilizou o martelo, a lixa, a trena e o parafuso, convertendo uma rústica madeira em
um fino móvel.
Quando a carpintaria ficou novamente em silêncio com a saída do carpinteiro, a
assembléia reiniciou. Foi então que o serrote, até então calado, falou:
— Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha
somente com as nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Vamos deixar
nossos pontos fracos e concentremos em nossos pontos fortes.
A assembléia entendeu então que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a
lixa era especial para limar e afinar a aspereza e a trena era precisa e exato.
Sentiram-se como uma verdadeira equipe capaz de produzir móveis de qualidade.
Sentiram então, uma grande alegria em trabalhar juntos.
O mesmo ocorre com os seres humanos. Quando se busca defeito no outro, a
situação fica tensa e negativa. Ao contrário, quando se busca sinceramente o ponto
forte, as qualidades dos outros, florescem as melhores conquistas humanas.
39
É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo. Mas... encontrar qualidades... isto
é para os sábios!!!
(Autor desconhecido)
3.7.1 Principais Questões para Reflexão
 Como você se sente quando as pessoas que o cercam dão destaque aos seus
defeitos, em detrimento das suas qualidades?
 Como professor, como você acha que os seus alunos se sentiriam caso você
destacasse seus defeitos, em detrimento das suas qualidades?
 Como você acha que um professor pode obter maior êxito na sua profissão?
Enfocando os defeitos ou as qualidades de seus alunos?
 Você considera necessário enfocar tanto os defeitos quanto as qualidades das
pessoas? Afinal, quando apenas as qualidades são destacadas, a pessoa
tende a entrar numa zona de conforto e não avançar qualitativamente. Por outro
lado, quando são destacados seus defeitos, a tendência é que ela procure
melhorar.
 Como tratar do assunto com sabedoria?
 Você, sozinho, pode ser bom. Você com outros, tende a ser melhor.
 ...
3.8 Colheres de Cabo Comprido
Um pastor foi convidado por Deus para conhecer o céu e o inferno. Ao abrir-se a
porta, viram uma sala em cujo centro havia um caldeirão cheio de suculenta sopa.
40
À sua volta estavam pessoas famintas e desesperadas. Cada uma delas segurava
uma colher de cabo tão comprido que era possível alcançar o caldeirão, mas não a
própria boca.
O sofrimento era imenso.
Em seguida, Deus levou o pastor para conhecer o céu.
Entraram em uma sala idêntica à primeira.
Havia o mesmo caldeirão, pessoas em volta e o mesmo cabo comprido.
A diferença é que todos estavam saciados. "Eu não compreendo", disse o pastor.
"Por que aqui as pessoas estão tão felizes, enquanto na outra sala morrem de aflição,
se é tudo igual?"
Deus sorriu e respondeu: "Você não percebeu”?
É porque aqui elas aprenderam a dar comida umas as outras".
(Autor Desconhecido)
3.8.1 Principais Questões para Reflexão
 O que significa, concretamente, um trabalho em equipe?
 Uma das competências que se exige de uma pessoa que se forma em nível
superior, é que tenha capacidade de trabalhar em equipe. Prepare-se...;
41
 Espera-se que você, no exercício futuro da sua profissão como professor, ajude
a formar cidadãos, e isto envolve desenvolver no aluno o senso de
sociabilidade. Partindo-se da premissa que “ninguém pode dar o que não tem”,
você se sente preparado para este desafio?
 ...
3.9 Faça Parte dos 5%
Certa vez, tivemos uma aula de Fisiologia na escola de Medicina, logo após a Semana
da Pátria. Como a maioria dos alunos havia viajado aproveitando o feriado
prolongado, todos estavam ansiosos para contar as novidades aos colegas e a
42
excitação era geral. Nosso velho professor entrou na sala e imediatamente percebeu
que iria ter trabalho para conseguir silêncio.
Com grande dose de paciência tentou começar a aula,
mas você acha que minha turma correspondeu? Que nada. Com um
certo constrangimento, o professor tornou a pedir silêncio educadamente.
Não adiantou. Ignoramos a solicitação e continuamos firmes na conversa.
Foi aí que o velho professor perdeu a paciência e deu a maior bronca que eu já
presenciei.
— Prestem atenção porque eu vou falar isso uma única vez, disse, levantando a voz,
e um silêncio carregado de culpa se instalou em toda a sala. E o professor continuou:
— Desde que comecei a lecionar, isso já faz muitos anos, descobri que
nós, professores, trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma turma. Em todos esses
anos observei que de cada 100 alunos, apenas 5 são realmente
aqueles que fazem alguma diferença no futuro; apenas 5 se tornam profissionais
brilhantes e contribuem de forma significativa para melhorar a qualidade de vida das
pessoas. Os outros 95 servem apenas
para fazer volume; são medíocres e passam pela vida sem deixar nada de útil.
O interessante é que esta porcentagem vale para quase tudo no mundo. Se vocês
prestarem atenção, notarão que, de 100 professores,
apenas 5 são aqueles que fazem a diferença; de 100 garçons, apenas 5
são excelentes; de 100 motoristas de táxi, apenas 5 são verdadeiros profissionais. E
podemos generalizar ainda mais: de 100 pessoas,
apenas 5 são verdadeiramente especiais. É uma pena muito grande não termos como
separar esses 5% do resto, pois, se isso fosse possível, eu deixaria apenas esses
alunos especiais nesta sala e colocaria os 95% restantes para fora, e então teria o
43
silêncio necessário para dar uma boa aula e
dormiria tranquilo à noite, sabendo ter investido nos melhores.
Mas, infelizmente, não há como saber quais de vocês são esses 5% de
alunos especiais. Só o tempo é capaz de mostrar isso. Portanto, terei de me
conformar e tentar dar uma aula para esses alunos especiais, apesar da confusão que
estará sendo feita pelos 95% restantes. Claro que cada um de vocês sempre pode
escolher a qual grupo pertencerá. Obrigado pela
atenção e vamos à aula de hoje.
Nem preciso dizer o silêncio que ficou na sala e o nível de atenção que o professor
conseguiu após esse discurso. Aliás, a bronca tocou fundo em todos nós, pois, depois
desse dia minha turma teve um comportamento
exemplar em todas as aulas de Fisiologia, durante todo o semestre; afinal, quem
gostaria de espontaneamente ser classificado como fazendo parte dos 95% que o
professor gostaria de ver longe dali?
Hoje não me lembro de muita coisa das aulas de Fisiologia, mas a bronca do
professor eu nunca mais esqueci. Para mim, aquele professor foi um dos 5% que
fizeram a diferença em minha vida. De fato, percebi que ele
tinha razão e, desde então, tenho feito de tudo para ficar sempre no grupo dos 5%,
mas, como ele disse, não há como saber se estamos indo bem ou não; só o tempo
dirá a que grupo pertencemos.
Contudo, uma coisa é certa: se não tentarmos ser especiais em tudo o que fazemos,
se não tentarmos fazer tudo o melhor possível, seguramente faremos parte da turma
do resto.
(Autor Desconhecido)
44
3.9.1 Principais Questões para Reflexão
 Será mesmo que 5% das pessoas que existem fazem a diferença? Isto não é
pouco?
 Será mesmo que 5% das pessoas que existem fazem a diferença? Isto não é
muito?
 Será possível “trocar de grupo” com o passar do tempo?
 O que fazer para “trocar de grupo”?
 Este texto te estimula a continuar ou age no sentido contrário?
 O raciocínio do velho professor, de trabalhar para os 5%, está correto?
 ...
3.10 O Homem e o Mundo
Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a
encontrar meios de respostas para suas dúvidas.
45
Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo a
trabalhar. O cientista, nervoso pela interrupção, pediu que o filho fosse brincar em
outro lugar. Vendo que seria impossível removê-lo, o pai procurou algo que pudesse
ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair sua atenção: deparou-se com o mapa
do mundo, o que procurava.
Com o auxílio de um tesoura, recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um
rolo de fita adesiva, entregou ao filho dizendo:
— Filho, você gosta de quebra-cabeças? Então vou lhe dar o mundo para consertar.
Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! E
faça tudo sozinho.
Então, calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa.
Passadas algumas horas, ouviu a voz do filho que o chamava calmamente.
— Pai, pai, já fiz tudo! Consegui terminar tudinho.
A princípio o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade ter
conseguido recompor um mapa que jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou
os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança.
Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido
colocados nos devidos lugares. Como seria possível?
Como o menino havia sido capaz?
— Você não sabia como era o mundo meu filho, como conseguiu?
— Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista
para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem.
46
Tentei, mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e
comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o
homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo.
(Autor desconhecido)
3.10.1 Principais Questões para Reflexão
 Comente a frase: “Quando o homem resolver o problema entre homens e
homens, aí estará pronto para resolver os problemas entre homens e mundo”;
 Você está preparado para aprender com uma criança? Afinal, isto é o inverso
do que a educação pensa que faz, ou seja, é a geração mais nova ensinando a
geração mais velha.
 Você pretende dedicar tempo para que seus futuros alunos se manifestem e,
assim, de repente, você aprenda com eles? Ou não acha isto prudente?
 ...
3.11 Professores Reflexivos
... a narrativa de como a experiência concreta de turista me fez pensar em
como pode se sentir o aluno, o estagiário ou o professor que chega, pela primeira vez,
a uma escola que não conhece...
47
Cheguei ao hotel, vinda do aeroporto. Eram duas e meia da tarde. Situado no
característico nordeste brasileiro, o hotel era o exemplo bem acabado da globalização.
Pela ausência, quase total, de marcas da civilização local, poderia situar-se em
qualquer parte do mundo.
A primeira informação que me foi dada dizia-me que, apesar de serem duas e meia da
tarde, eu não podia ocupar o apartamento. Não estava arrumado ainda.
Podia preencher a ficha de entrada, deixar as bagagens no hall e ir almoçar.
“Logo, logo” comunicariam, quando estivesse pronto.
E assim tentei dirigir-me ao primeiro piso onde deveria encontrar o restaurante para
satisfazer o meu apetite motivado pelo atraso de um vôo que, de curto, não deu direito
a refeição nem sequer o refrigerante.
À míngua de informação da recepcionista, e desconhecendo que o piso da entrada era
o terceiro, não me foi fácil encontrar o restaurante no primeiro piso.
Culpa minha, sem dúvida. O meu constructo de que, normalmente, as recepções se
encontram no piso zero, cegou-me para a hipótese de que, para ir para o primeiro, em
vez de subir, era preciso descer. Mas não tinha ficado mal à recepcionista uma
informação menos exígua, ainda por cima expectável num país e numa região onde os
autóctones são comunicativos por natureza.
Nestes momentos iniciais, eu ainda não tinha percebido que já não me encontrava no
país da comunicação, mas sim num hotel standard, igual a tantos outros por esse
mundo além, incrustado numa cultura que não acolheu e da qual se alheou.
Alheamento que não me permitiu usufruir dos sabores típicos, da arte indígena, do
calor humano característico das gentes nordestinas. Nem deixou que me tratassem
48
pelo meu nome, que me colocassem logo na mão um mapa da cidade, que me
informassem sobre o que poderia visitar.
Vinda de outros hotéis no mesmo país, onde eu era “a senhora Isabel”, onde, sem que
eu tivesse pedido ou sequer insinuado, o restaurante abriu mais cedo para que eu
pudesse tomar o café da manhã antes de partir para o aeroporto, onde a
espontaneidade do empregado o leva a dizer-me, na sua atenção à pessoa do
hóspede: “pode levar alguma coisa para comer, pois quando se vai viajar às vezes até
dá fome”. Ou, num outro, em que, num dia de calor, me entra pelo quarto adentro,
logo após a chegada, uma grande jarra de suco e um magnífico prato de frutos
tropicais. E onde as refeições cheiravam e sabiam ao Brasil.
Vinha mal habituada, habituada a ser pessoa e a ter a informação de que necessitava
para me sentir “em casa”. Tinha passado a ser um número, descaracterizada, com
tratamento indiferenciado, dentro de um edifício e numa organização onde tudo estava
estandardizado, em contraste com a originalidade da natureza e a pessoalidade das
gentes e das culturas.
Mas... se já estive em tantos hotéis deste tipo, porquê estranhar agora? O que me fez
sentir um número, um no meio de tantos outros?
Creio que duas ordens de razões podem explicar o meu sentimento desta vez.
Ambas têm a ver com as experiências sofridas nos dias anteriores. Este episódio tem,
pois, um valor experiencial sobre o qual “me deitei a refletir”, tentando, a partir dele,
aprofundar o meu conhecimento sobre a vida.
Em primeiro lugar, eu vinha de proferir duas palestras sobre educação em que tinha
abordado o tema da reflexividade, da contextualização, da pessoalidade, da cidadania,
da comunicação. Numa delas tinha situado o tratamento destes temas no contexto da
sociedade da informação globalizante em que vivemos.
49
Em segundo lugar, vinha de contextos em que se valorizava o local, o único, o
expressivo, o pessoal culturalmente socializado. Contextos que me socializaram na
cultura autóctone e me trouxeram o encanto de aprender com aquilo que para mim era
novo. Trazia expectativas de continuidade. Encontrei o dejá vu.
A reflexão sobre esta minha experiência concreta não me pode levar a generalizar a
partir do que foi episódico. Eu sei. Mas suscitou em mim algumas inquietações
enquanto cidadã do mundo e enquanto educadora.
Questiono-me se será necessário aniquilar o autêntico e o local para se viver o
conforto ditado por critérios globalizantes. Mesmo pensando em termos econômicos –
pois são esses evidentemente os termos em que os empresários devem pensar – não
será possível encontrar formas de harmonizar o socialmente genuíno com o
tecnologicamente moderno? Como será possível conciliar a eficiência de gerir grandes
hotéis com a atenção pessoalizada a dispensar ao cliente?
O pensamento, que se torna bem mais alado nos momentos de férias como o que eu
estava a viver, levou-me para outras esferas e dei comigo a pensar nos alunos quando
transitam de uma escola para outra e sobretudo, de um ciclo de estudo para o
subsequente (por exemplo, do 1º para o 2º grau). Foi sobre eles que passei a refletir.
Como se sentirão esses alunos no primeiro dia de aulas? Quebrada a continuidade da
familiaridade e dos afetos que os entrelaçavam na escola já familiar, como os
receberá a nova escola: como pessoas ou como números?
Fornecer-lhe-ão a informação necessária e correta para que eles possam se
contextualizar? Aparecer-lhe-á como uma escola “com cara” ou terá dela a idéia de
uma escola indistinta e estandardizada? Quem se preocupará com o que eles
sentem? Quem criará o contexto que os leve a integrarem-se e a viverem a escola em
vez de se isolarem e quererem apenas “passar pela escola o mais depressa
possível”?
50
ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003. p. 7-
10.
3.11.1 Principais Questões para Reflexão
 Entende-se que as principais questões para reflexão já foram suscitadas pela
autora, porém, isto não impede que outras reflexões surjam em sua mente a
partir da leitura, principalmente baseadas em sua experiência pessoal.
 ...
3.12 Um Sonho Impossível?
Todos os pais querem ver seus filhos formados e bem sucedidos. Esperando isso,
matriculam a criança na escola e sonham: ela aprenderá tudo muito bem, terá ótimas
notas, avançará sempre e depois... Depois, o diploma, o sucesso...
51
Esse interesse dos pais, a ajuda e o apoio que dão aos filhos para que eles possam
fazer suas tarefas, é muito importante para a boa realização da criança. A participação
dos pais pode ser direta, com explicações detalhadas e repetidas, orientação para
cada tarefa. Ou então pode ser indireta, com o estímulo para a realização dos
trabalhos e lições, o elogio, o cuidado com o material escolar e a preocupação com a
frequência às aulas.
As famílias de classe média e alta, em geral, dão esse tipo de apoio às crianças.
Mas o mesmo não acontece nas famílias mais pobres.
Nesse último caso, é difícil para os pais darem tal apoio aos filhos. Mesmo que
estejam interessados e queiram participar ativamente, muitas vezes não sabem como
fazer isso, não se sentem em condições de colaborar.
Frequentemente, não conhecem o conteúdo das matérias, estranham os métodos de
ensino e as atitudes da escola. É comum ficarem inibidos, desarmados, e até
humilhados em seus contatos com a escola.
De modo geral podemos dizer que esses pais não se sentem em condições de avaliar
o que está sendo ensinado e só julgam o desempenho dos filhos através das notas
baixas. Além de assistirem, desarmados, à insatisfação e fracasso das crianças, não
ficam à vontade no ambiente da escola.
Diante de tudo isso é bem possível que esses pais passem a achar mais proveitoso e
lucrativo preparar “de fato” seus filhos para a vida.
Acabam tirando a criança da escola, para que comece logo a trabalhar.
Esta não é, certamente, a melhor solução.
52
O importante mesmo é fazer com que a escola se torne mais adequada às
necessidades reais das crianças, atendendo às esperanças dos pais.
(Da revista “Pensamento e linguagem” – Fundação Carlos Chagas)
3.12.1 Principais Questões para Reflexão
 Reflita sobra a desigualdade social no Brasil. Na sequência, reflita sobre o
papel a ser desempenhado pela educação, neste contexto;
 Imagine-se lecionando, no período da manhã, para alunos que pertencem a
famílias de classe alta e, à tarde, para alunos que pertencem a famílias de
baixa renda. Sua atuação profissional como professor, deve ser diferente em
cada contexto?
 Qual seria uma boa estratégia para combater a evasão escolar?
 ...
3.13 Pipocas da Vida
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando
passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem
e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo.
53
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor. Pode
ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou
ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou
sofrimento, cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo, o sofrimento diminui. Com
isso, a possibilidade da grande transformação também.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais
quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada
em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar
a transformação que está sendo preparada para ela. A pipoca não imagina do que ela
é capaz. Aí sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece:
BUM! E ela aparece como outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma
nunca havia sonhado.
Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São
aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas
acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A
presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No entanto, o
destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira.
Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para
ninguém.
(Do livro “O amor que acende a lua” de Rubem Alves, também transcrito no site
www.rubemalves.com.br, acessado em 21/10/2010)
3.13.1 Principais Questões para Reflexão
54
 Um grande dilema do ser humano é mudar. E isso se explica pelo simples fato
de que, mudar, pode ser para melhor ou para pior. Assim é o ser humano.
Neste contexto, como zelar para que a mudança pretendida seja para melhor?
 Há quem goste de piruá...ele não é, necessariamente, ruim;
 Cada milho de pipoca tem seu tempo certo para estourar...precisa de mais ou
menos tempo, mais ou menos calor. Como este raciocínio pode ajudar no lidar
com alunos? E consigo mesmo?
55
4 – Recomendações de Leituras e Reflexões Complementares
Seguindo a mesma linha de raciocínio do item anterior do livro-texto, recomendamos
que você prossiga constantemente com a leitura de textos de alguns autores
especialmente importantes que permitem, também, uma reflexão profunda sobre esta
educação que permeia nossa vida e nos atinge.
É recomendável que você busque se aprofundar em leituras deste tipo, que podem ser
obtidas facilmente por via secundária na internet e em bibliotecas. Neste contexto,
autores como Rubem Alves, Paulo Freire e Celso Antunes (que são aqui destacados
entre outros), têm muito a contribuir com a sua formação acadêmica e profissional.
Recomenda-se, portanto, a leitura constante dos artigos e textos desses autores que
se enquadram perfeitamente ao raciocínio proposto nesta disciplina. Você certamente
só tem a ganhar e, assim, estará se aprimorando continuamente para o exercício da
sua profissão, proporcionando que o reflexo dos seus ganhos se reflita na sociedade
e, em especial, na vida dos seus futuros alunos.
56
BIBLIOGRAFIA
BORDONI, T. Saber e Fazer: Competências e Habilidades. Disponível em:
www.pedagogobrasil.com.br, acessado em 21/10/2010.
CRUZ, C.H.C. Competências e Habilidades: da proposta à prática. Coleção Fazer e
Transformar. 2 ed. São Paulo: Loyola. 2002.
HAIDT, R.C.C. 2002. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática (7ed.).
RAMOS, M.N. Da Qualificação à Competência: deslocamento conceitual na relação
trabalho-educação. Tese apresentada ao curso de Doutorado em Educação da
Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do grau de
Doutor em Educação, Niterói, 2001.
Sites:
www.rubemalves.com.br.
www.celsoantunes.com.br.

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  • 1. 1 Prática de Ensino – Introdução à Docência CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRÁTICA DE ENSINO 1. Contextualização da Prática de Ensino no Curso De início, é importante que você entenda como se dará a articulação entre as atividades relacionadas à prática de ensino no curso. A prática de ensino será desenvolvida em seis semestres, com atividades distribuídas por estes semestres. Naturalmente deve haver uma articulação entre elas, perpassando todo o curso. As atividades relacionadas à prática de ensino são as seguintes: PRÁTICA DE ENSINO 1º sem. 2º sem. 3º sem. 4º sem. 5º sem. 6º sem. Introdução à Docência Observação e Projeto Integração Escola - Comunidade Vivência no Ambiente Educativo Trajetória da Práxis Reflexões De modo geral, este conjunto de atividades visa levá-lo a se perceber como indivíduo inserido em uma sociedade que compreende, entre outros aspectos, uma educação, que se configura como seu futuro ambiente de trabalho. Esta educação envolve vários elementos que serão aqui trabalhados. Neste sentido, você deverá percorrer uma trajetória durante o curso que possibilite a compreensão do papel que deverá exercer futuramente como professor, ajudando a formar ou transformar esta sociedade. Vejamos, então, como estas atividades se relacionam: O conjunto de atividades de prática de ensino visa levá-lo a se perceber como indivíduo inserido em uma sociedade que compreende, entre outros aspectos, uma educação.
  • 2. 2 ARTICULAÇÃO ENTRE AS ÊNFASES DA PRÁTICA DE ENSINO Reflexões Trajetória da Práxis Vivência no Ambiente Educativo IntegraçãoEscola -Comunidade Observação e Projeto Introdução à Docência Prática De Ensino
  • 3. 3 1.1- Prática de Ensino: Introdução à Docência Neste momento, quando, de modo ideal, inicia-se a reflexão sobre a prática de ensino, pretende-se direcionar a sua atenção para perceber a educação (formal e informal) que acontece diariamente ao seu redor e, principalmente, a refletir sobre aspectos inerentes a ela que são de suma importância tanto para sua vida profissional, quanto para a prática da cidadania. Para isso, utiliza-se de textos de conhecimento popular e de autores renomados, e instiga-se o seu pensamento reflexivo. 1.2 - Prática de Ensino: Observação e Projeto A seguir, você deverá observar diferentes ambientes educativos (escolares ou não) existentes em locais que fazem parte do seu cotidiano e fazer uma relação pedagógica entre um dos ambientes não escolares e a sua área de atuação, culminando com a elaboração de um pequeno projeto que vise possibilitar sua utilização e integração pedagógica. 1.3 - Prática de Ensino: Integração Escola - Comunidade Em Prática de Ensino: Integração Escola - Comunidade, você deverá identificar uma escola que sirva de base para a sua pesquisa. É importante ressaltar desde já que a direção da escola precisa aceitar que você desenvolva as atividades necessárias naquele ambiente, o que pode envolver algumas conversações. Uma vez identificada a escola, você deverá dar início a uma caracterização, tanto dela quanto da Esta atividade direciona a sua atenção para perceber a educação (formal e informal) que acontece diariamente ao seu redor. Esta atividade leva você a observar diferentes ambientes educativos e relacionar um deles com a sua formação, possibilitando integração pedagógica.
  • 4. 4 comunidade por ela servida, visando identificar necessidades e expectativas da comunidade que possam ser supridas, no todo ou em parte, com a sua participação na unidade escolar ali localizada. Com base nos dados de caracterização, você deverá propor um projeto de integração entre escola e comunidade, no sentido de dar maior visibilidade para a escola, na comunidade onde se insere. 1.4- Prática de Ensino: Vivência no Ambiente Educativo Durante o curso desta atividade, apoiado pelas experiências vivenciadas nas práticas anteriores, você estará apto a dar início ao seu estágio curricular supervisionado obrigatório, a ser realizado em escola de educação básica, em conformidade com a legislação em vigor. Trata-se de um momento de orientação para a necessária articulação entre a teoria e a prática propriamente dita, onde você passará a vivenciar o ambiente escolar, seu futuro ambiente de trabalho. 1.5- Prática de Ensino: Trajetória da Práxis Prosseguindo o desenvolvimento das atividades, você deverá completar a carga horária de estágio, iniciada no semestre anterior. Além disto, estão previstas atividades que enriqueçam sua formação e contribuam com a sua qualificação para o exercício da docência. Caracterização, tanto da escola quanto da comunidade por ela servida, visando identificar necessidades e expectativas que possam ser supridas, no todo ou em parte, por meio de um projeto de integração entre ambas. Início do estágio curricular supervisionado em escola de educação básica Complemento da carga horária de estágio curricular supervisionado
  • 5. 5 1.6- Prática de Ensino: Reflexões Finalmente, você deverá redigir um relatório-síntese do estágio, que incorporará todas as atividades vivenciadas no transcorrer da dimensão prática do curso. Você terá, também, a oportunidade de realizar uma atividade de micro-ensino muito interessante, uma avaliação crítica de aula, que lhe permitirá avaliar uma aula do ponto de vista do aluno e, deste modo, aprimorar a qualidade das suas aulas futuramente. Elaboração de relatório que incorporará todas as atividades vivenciadas no transcorrer de toda a prática do curso.
  • 6. 6 Prática de Ensino – Introdução à Docência ASPECTOS CONCEITUAIS E LEGAIS 2. Aspectos Conceituais e Legais A Prática de Ensino: Introdução à Docência, bem como as demais atividades da dimensão prática do curso, apóiam-se em documentos normativos e legais, bem como em conceitos neles estabelecidos. 2.1 – Base Legal Os principais diplomas legais que dão base à prática de ensino são os seguintes: 2.1.1 – Constituição da República Federativa do Brasil; 2.1.2 – Lei Federal 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; 2.1.3 - Lei nº 11.788/08 – Lei dos Estágios; 2.1.4 - Resolução CNE/CP 001/02 – Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena; 2.1.5 – Resolução CNE/CP 002/02 – Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior. Base legal da Prática de Ensino: Constituição; LDBEN, Lei de Estágios, Res. CNE/CP 001/02; Res. CNE/CP 002/02.
  • 7. 7 2.2 – Conceitos Importantes 2.2.1 - Licenciatura – Licença, autorização, permissão ou concessão dada por uma autoridade pública competente para o exercício de uma atividade profissional, em conformidade com a legislação. Trata-se de um título acadêmico, obtido em curso superior que faculta ao seu portador o exercício do magistério na educação básica dos sistemas de ensino. Visa formar cidadãos preocupados em se qualificar para intervir de forma significativa na formação de outros cidadãos. Seu diferencial em relação aos outros cursos de graduação reside na duplicidade da formação pessoal e profissional do graduando e na simultânea instrumentalização deste para a formação de seus futuros alunos; 2.2.2 - Prática de Ensino – Momento pelo qual se busca fazer algo, produzir alguma coisa e que a teoria procura conceituar, significar e com isto administrar o campo e o sentido desta atuação. Contempla todas as atividades desenvolvidas com alunos e professores na escola ou em outros ambientes educativos, sob o acompanhamento e supervisão da instituição formadora. Em articulação intrínseca com o estágio curricular supervisionado e com as atividades de trabalho acadêmico, ela concorre conjuntamente para a formação da identidade do professor como educador. 2.2.3 - Estágio Curricular Supervisionado – tempo de aprendizagem que supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno – estagiário. Oferece ao futuro professor um conhecimento da realidade em situação de trabalho, ou seja, é um modo especial de capacitação em serviço. Em contato com o mundo do trabalho, o estágio Licenciatura: licença dada por uma autoridade pública competente para o exercício de uma atividade profissional. Prática de Ensino: todas as atividades desenvolvidas com alunos e professores na escola ou em outros ambientes educativos, sob supervisão da instituição formadora.
  • 8. 8 proporciona a aquisição de habilidades e competências para o exercício da docência, estimulando-o a pensar e propor soluções para problemas concretos, inerentes ao ambiente escolar. É o momento de efetivar, sob a supervisão de um profissional experiente, um processo de ensino-aprendizagem que tornar-se-á concreto e autônomo quando da profissionalização deste estagiário. Não é uma atividade facultativa, e sim obrigatória, sendo uma das condições para a obtenção do diploma. 2.2.4 - Competências - são associadas à conjugação dos diversos saberes mobilizados pelo indivíduo (saber, saber-fazer e saber-ser) na realização de uma atividade. Não se referem apenas aos conhecimentos formais, mas a toda a gama de aprendizagens interiorizadas nas experiências vividas, que constituem nossa subjetividade (Ramos, M., 2001). De acordo com Cruz, C.H.C., 2002, “é a prática de determinadas habilidades que constrói a competência”. Uma pessoa é competente quando tem os recursos para realizar bem uma determinada tarefa, mesmo que seja uma situação complexa. Este sujeito deverá ter disponíveis os recursos necessários para serem mobilizados (conhecimentos). 2.2.5 - Habilidades - expressam competências. São representadas pelos componentes da competência expressos na ação. Configuram-se na dimensão mais explicita da competência e, assim, servem como indicadores de desempenho com vistas à avaliação do desenvolvimento da competência prevista (RAMOS, 2001). Identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar, sintetizar, julgar, correlacionar ou manipular são exemplos de habilidades. Estágio Curricular Supervisionado: tempo de aprendizagem que supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno – estagiário.
  • 9. 9 2.3 - Comentários A prática profissional do professor-aluno desenvolve-se com a Prática de Ensino, numa perspectiva de gradativa problematização do trabalho educativo, que leve em conta a sua complexidade. As atividades previstas na dimensão prática do curso são planejadas com a intenção de desenvolver competências que possibilitem reflexão e organização do trabalho em equipes, na tentativa de abranger e, eventualmente, superar as condições do cotidiano das unidades escolares, muitas vezes caracterizadas por “mesmices” de ações pragmáticas. As atividades práticas devem criar oportunidades para que você se defronte com problemas concretos do processo ensino-aprendizagem e da dinâmica própria do espaço escolar como resultado de estudos, propostas pedagógicas e pesquisas desenvolvidas ao longo de cada semestre, impulsionando-o a um processo de reflexão sobre questões ligadas às políticas educacionais do país, ao projeto político- pedagógico da escola e às ações político-pedagógicas desenvolvidas no cotidiano das salas de aula. A Prática de Ensino deve articular a teoria e a prática (enquanto Estágio Curricular Supervisionado), de maneira que, até o final do curso, você tenha aliado aos conhecimentos teóricos, práticas e saberes que o auxiliarão no exercício profissional da docência, adquirindo subsídios para questionamentos e reflexões sobre o objetivo, conteúdo e formas que envolvam o processo ensino-aprendizagem, bem como problematizações e reflexões sobre a organização administrativo-pedagógica da escola. O Estágio Curricular Supervisionado, por sua vez, inserido em momento adequado do curso, constitui a fase de treinamento que permite a você, por meio da vivência prática Atividades práticas devem criar oportunidade para que você se defronte com problemas concretos do processo ensino – aprendizagem e da dinâmica própria do espaço escolar.
  • 10. 10 das atividades docentes, complementar sua formação acadêmica nos aspectos técnico, cultural, científico e humano. É o espaço de consolidação dos conteúdos teóricos das disciplinas pedagógicas e fundamentos da educação. É um período de permanência em ambiente real de trabalho em escolas da comunidade e em outros espaços educacionais, possibilitando a você vivências concretas como professor, preparando-o a assumir, no futuro, a liderança de uma sala de aula, assim como trocar experiências com outros profissionais da educação. O Estágio Curricular Supervisionado é realizado considerando-se a formação pessoal, vivência profissional e cidadania. É atividade de ensino-aprendizagem e não deve ser confundido com simples preparação para o mercado de trabalho. Quanto às competências e habilidades, Bordoni, T. (2010) afirma que “tanto o ensino fundamental quanto o médio têm tradição conteudista. Na hora de falar de competência, mais ampla, carrega no conteúdo”. Assim, a escola tende a trazer para os alunos respostas para perguntas que eles não fizeram e o resultado é manifestado pelo desinteresse. A explicação é simples: neste contexto, as perguntas são mais importantes do que as respostas. Em lugar de continuar a decorar conteúdos, os alunos devem ser ensinados a exercitar habilidades e, através delas, adquirir competências. Você, futuro educador, deve ser formado para preparar as melhores condições para o desenvolvimento de competências. Não deve se restringir apenas a transmitir informações isoladas, mas deve apresentar conhecimentos contextualizados, usar estratégias para desenvolver habilidades específicas em seus futuros alunos. O processo de ensinar deve proporcionar a aquisição de recursos que possam ser mobilizados no momento em que os problemas se apresentarem. Deste modo, imprimindo significado e relevância para os conteúdos escolares, você estará favorecendo uma ruptura com as práticas escolares tradicionais e
  • 11. 11 proporcionando um avanço em direção a práticas mais pluralistas e harmônicas para seus futuros alunos. Habilidades expressam competências, e essas se constituem na prática. 2.4 - A Prática nas Resoluções CNE/CP Nº 01/2002 E 02/2002 A Resolução CNE/CP 01/2002 afirma, em seus “considerandos”, que “os Pareceres CNE/CP 09/2001 e 27/2001 são peças indispensáveis do conjunto das Diretrizes Curriculares Nacionais”. Deste modo, neste item, apresenta-se uma visão do conceito de prática apresentado no conjunto de documentos citados, elaborados no âmbito do Conselho Pleno do Conselho Nacional de Educação (Resoluções e Pareceres). Compõe-se basicamente de trechos extraídos direta e literalmente, acompanhados por uma adição interpretativa sobre o seu significado.  Concepção de prática em momento anterior aos pareceres e resoluções: “A concepção dominante nos cursos de formação de professores, apresentava dois pólos isolados: a) Supervalorizava os conhecimentos teóricos, acadêmicos, desprezando as práticas como importante fonte de conteúdos de formação – visão aplicacionista das teorias; b) Supervalorizava o fazer pedagógico, desprezando a dimensão teórica dos conhecimentos como instrumento de seleção e análise contextual das práticas – visão ativista da prática”. O Conselho Nacional de Educação aprimorou de modo significativo a concepção de prática e de estágio em documentos legais e normativos recentes.
  • 12. 12 Evidenciava-se, então, a necessidade de integração entre a teoria e a prática. A visão aplicacionista das teorias, ao desprezar a prática, diminuía o potencial de aprendizagem dos temas estudados, menosprezava o fazer em detrimento do saber. Ora, o saber sem uma aplicação necessária é praticamente inoperante. Não se pode imaginar a teoria sem a prática, pois ela (a teoria) só foi desenvolvida por necessidade prática, ou seja, alguém, na prática, observou a necessidade de desenvolvê-la. Este extremismo aplicacionista das teorias, portanto, não oferecia resposta adequada aos problemas da sociedade, pois se mostrava reducionista do potencial de aprendizagem dos temas abordados. Por outro lado, a visão ativista da prática também, ao desprezar a teoria, diminuía o potencial de aprendizagem dos temas estudados, pois menosprezava o saber em detrimento do fazer. Se há o que se fazer, que se faça direito, e fazer direito envolve a teoria necessariamente, o conhecimento em plena integração com a ação. A prática sem a teoria não oferece respostas adequadas para a evolução da sociedade. O fazer não pode prescindir do saber. Assim, o extremismo ativista da prática, do mesmo modo, se mostrava reducionista do potencial de desenvolvimento da aprendizagem, que visa à melhoria da sociedade. Era necessária, portanto, uma mudança de paradigma, e isto foi objeto dos pareceres e resoluções do Conselho Nacional de Educação ora em análise.  Concepção de Prática como Componente Curricular: “dimensão do conhecimento que tanto está presente, nos cursos de formação, nos momentos em que se trabalha na reflexão sobre a atividade profissional, como durante o estágio, nos momentos em que se exercita a atividade profissional” (grifo nosso).
  • 13. 13 Esta visão mostra uma importante evolução na concepção de prática. Aponta para o fato de que toda teoria apresenta uma dimensão prática e que esta dimensão está presente durante todo o processo de formação profissional do professor. A prática, portanto, não se restringe ao estágio, embora este faça parte relevante do processo de formação e tenha uma característica iminentemente prática. Esta prática, no entanto, não prescinde da teoria, pelo contrário, articula-se com ela.  Articulação do estágio com as demais disciplinas: “o planejamento e a execução das práticas no estágio devem estar apoiados nas reflexões desenvolvidas nos cursos de formação” (grifo nosso). Em outras palavras, as reflexões desenvolvidas nos cursos devem apoiar o planejamento e a execução das atividades práticas do estágio. Deve haver, necessariamente, uma inserção dessas discussões nas disciplinas teóricas que permeiam os cursos de formação, um melhor aproveitamento da atividade de estágio no âmbito das disciplinas teóricas oferecidas pelos cursos de formação de professores.  A avaliação do estágio: “a avaliação...constitui momento privilegiado para uma visão crítica da teoria e da estrutura curricular do curso. Trata-se, assim, de tarefa para toda a equipe de formadores, e não, apenas, para o supervisor de estágio” (grifo nosso). Nesta concepção, como o planejamento e a execução das atividades práticas passam a ser inseridas nas discussões e reflexões desenvolvidas nas demais disciplinas do curso, toda a equipe docente, e não apenas o supervisor de estágios, deveria participar do processo de avaliação dessas atividades.
  • 14. 14  Ideia a Ser Superada: “o estágio é o espaço reservado à prática, enquanto, na sala de aula se dá conta da teoria”. (grifo nosso) O estágio não é uma atividade exclusivamente prática, uma vez que é alimentado pelas reflexões teóricas desenvolvidas durante o curso de formação do professor. Do mesmo modo, ele (o estágio) deve estar presente no ambiente da sala de aula, nas discussões teóricas a respeito da formação docente. Deste modo, não há como fazer uma distinção tão exata entre teoria e prática no curso de formação docente, tanto nas atividades envolvidas diretamente com o estágio quanto nas atividades desenvolvidas em sala de aula, nas demais disciplinas.  Relação entre o saber e o fazer: “não basta ao profissional ter conhecimentos sobre o seu trabalho. É fundamental que saiba mobilizar esses conhecimentos, transformando-os em ação”. (grifo nosso) Particularmente no caso do professor profissional, esta discussão é muito interessante. É muito comum ocorrer casos em que ótimos profissionais técnicos são contratados para lecionar e não obtêm o êxito que deles se espera. Isto se explica de modo muito simples: o melhor engenheiro do país pode ser um professor medíocre. Por outro lado, um engenheiro medíocre pode se tornar um bom professor...são profissões diferentes. Para ser professor não basta conhecer, é necessário aplicar este conhecimento sobre o seu objeto de trabalho que, no melhor sentido da palavra, é o aluno. Caso a aprendizagem não ocorra, não houve êxito. Ser professor exige técnicas especiais de transmissão do conhecimento que são inerentes à profissão. De nada adiantará o conhecimento profundo do tema a ser lecionado se isto não for acompanhado de uma didática que permita ao professor explicar convincentemente o tema.
  • 15. 15  Definição de Competência: “capacidade de mobilizar múltiplos recursos numa mesma situação para responder às demandas das situações de trabalho”. (grifo nosso) A competência, segundo este raciocínio, está intimamente ligada à teoria (ao saber), pois a multiplicidade de conhecimentos deve ser estruturada de forma compreensível para os alunos. Não basta o conhecimento do problema. O ideal é o conhecimento da situação problemática em que ele se envolve. Isto dá maior segurança ao professor e é requisito fundamental para o êxito na profissão. Mas a competência está, também, ligada à prática (ao fazer), pois a capacidade de mobilização dos múltiplos recursos disponíveis se reflete numa prática profissional relevante, que não se resume em “passar o conhecimento”, mas desperta no aluno o interesse necessário para que ele se interesse pelo saber. Este estímulo é uma das tarefas básicas do bom professor. Segundo Haidt (2002) na relação entre professor e aluno, o professor tem, basicamente, duas funções e uma delas é a chamada “Função Incentivadora”, ou seja, aproveitando a curiosidade natural do aluno, o professor deve despertar seu interesse e mobilizar seus esquemas cognitivos para que a aprendizagem ocorra do modo esperado.  A necessidade da reflexão sobre a atividade prática: “O desenvolvimento das competências pede uma outra organização do percurso de aprendizagem, na qual o exercício das práticas profissionais e de reflexão sistemática sobre elas ocupa um lugar central”. (grifo nosso) O exercício das atividades e a reflexão sobre as práticas deixam de ser periféricos na formação de professores e passam a ocupar um espaço maior e mais importante. Não se trata de desvalorizar a teoria, mas de valorizar a prática e coloca-la em seu devido lugar. O conhecimento deve ser aplicável e aplicado, materializar-se na realidade, e
  • 16. 16 isto era negligenciado nos cursos de formação a um segundo plano, o que deve ser corrigido.  A prática deve permear todo o processo de formação do professor: “é necessário que o futuro professor experencie, como aluno, durante todo o processo de formação, as atitudes, modelos didáticos, capacidades e modos de organização que se pretendem venham a ser concretizados nas suas práticas pedagógicas”. (grifo nosso) A prática não se resume ao estágio. Desde o início do curso de formação ela deve estar presente em todos os momentos, para possibilitar ao professor em formação a experiência como aluno. A partir de certo momento (metade do curso) ele deve observar os fatos diretamente numa escola, seu futuro ambiente de trabalho, como estagiário e, deste modo, ao se formar terá uma visão abrangente sobre tudo o que de mais importante envolve o “ser professor” de uma escola de educação básica no Brasil, estando apto, assim, a atuar profissionalmente.  Importância das atividades coletivas dos docentes em formação: “é fundamental promover atividades constantes de aprendizagem colaborativa e de interação, de comunicação entre os professores em formação e deles com os formadores, uma vez que tais aprendizagens necessitam de práticas sistemáticas...a escola de formação deverá criar dispositivos de organização curricular e institucional que favoreçam sua realização, empregando, inclusive, recursos de tecnologia de informação que possibilitem a convivência interativa dentro da instituição e entre esta e o ambiente educacional”. (grifo nosso) A promoção de atividades que propiciem comunicação entre os professores em formação e entre estes e seus docentes é condição sine qua non para a qualificação
  • 17. 17 do curso. A socialização deve ser promovida e os alunos devem compartilhar suas experiências, visando somar conhecimentos e subtrair dúvidas nesses contatos.  A aplicação do conhecimento teórico na profissão: “a formação de professores demanda estudos disciplinares que possibilitem a sistematização e o aprofundamento de conceitos e relações...no entanto é indispensável levar em conta que a atuação do professor não é a atuação nem do físico, nem do biólogo, psicólogo ou sociólogo, é a atuação de um profissional que usa os conhecimentos dessas disciplinas para...ensinar”. (grifo nosso) O professor é um profissional diferenciado. Não deve ser confundido com o geógrafo, historiador, matemático, biólogo, etc, Este profissional fez sua opção pela carreira docente, que tem seus métodos e objetos próprios de trabalho, que são diferenciados com relação aos profissionais formados em cursos de bacharelado. Neste sentido o conhecimento básico obtido na dimensão teórica do curso deve ser aplicado na sua dimensão prática.  Articulação da prática com o restante do curso: “a prática na matriz curricular dos cursos de formação de professores não pode ficar reduzida a um espaço isolado, que a reduza ao estágio...desarticulado do restante do curso”. (grifo nosso) Prática é um termo que possui um conceito mais amplo do que o termo “estágio”. Neste sentido, sua dimensão deve abranger todo o curso.  A Dimensão Prática: todas as disciplinas que constituem o currículo de formação e não apenas as disciplinas pedagógicas têm sua dimensão prática. É essa dimensão prática que deve estar sendo permanentemente trabalhada
  • 18. 18 tanto na perspectiva da sua aplicação no mundo social e natural quanto na perspectiva da sua didática...em tempo e espaço curricular específico...as atividades deste espaço curricular de atuação coletiva e integrada dos formadores transcendem o estágio e têm como finalidade promover a articulação das diferentes práticas numa perspectiva interdisciplinar”. (grifo nosso) Nesta perspectiva, não existe disciplina iminentemente teórica, desarticulada completamente da prática. Todas as disciplinas do curso têm uma dimensão prática, até porque as teorias só são desenvolvidas quando, na prática, alguém descobre sua necessidade.
  • 19. 19 Prática de Ensino – Introdução à Docência SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA AVALIAÇÃO 3. Sugestão de Atividades para Avaliação As atividades sugeridas nesta disciplina são as seguintes: a) ATIVIDADE EM GRUPO: Leia os textos referentes aos itens 3.1 a 3.13 e reflita sobre as inúmeras verdades que cada um deles encerra em suas entrelinhas, em relação à educação. Na sequência de cada texto, já são apresentadas algumas questões para reflexão. Reflita sobre essas questões e procure apontar, para cada texto, novas reflexões. A atividade em si consiste em elaborar um relatório que contemple as principais reflexões que todos estes textos induziram no grupo de alunos, ou seja, consiste em elaborar um relatório mencionando o título de cada um dos textos e as principais reflexões que o grupo teve sobre cada um deles.  O grupo deverá ser composto por alunos de uma mesma turma e deverá ter, no máximo, 5 (cinco) alunos; b) ATIVIDADE EM GRUPO: seguindo o mesmo raciocínio da atividade acima mencionada, selecione um texto semelhante aos aqui apresentados e aponte as principais reflexões sobre a educação que o texto sugere. A atividade em si, portanto, consiste em elaborar um relatório que contenha um novo texto que guarde relações de semelhança com os que foram apontados no livro-texto e. sobre este texto, o grupo de alunos deve refletir e apresentar tais reflexões em relatório.  O grupo deverá ser composto por alunos de uma mesma sala e deverá ter, no máximo, 5 (cinco) alunos;
  • 20. 20 IMPORTANTE: NÃO HAVERÁ PRÓVA. Os textos e as questões para reflexão são apresentados na sequência: 3.1 - Educação? Educações: aprender com o índio Pergunto coisas ao buriti; e o que ele responde é: a coragem minha. Buriti quer todo o azul, e não se aparta de sua água – carece de espelho. Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende. João Guimarães Rosa/Grande Sertão: Veredas Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não começar a pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram? Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os Índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jovens às escolas dos brancos. Os chefes responderam agradecendo e recusando. A carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa: Você não precisa realizar nenhuma tarefa específica relativa a estas questões. Elas foram incluídas neste texto com o intuito exclusivo de estimular a sua reflexão e podem ser usadas pelo professor em aula.
  • 21. 21 “... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa. ... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros. Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens.” De tudo o que se discute hoje sobre a educação, algumas das questões entre as mais importantes estão escritas nesta carta de índios. Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante. Em mundos diversos a educação existe diferente: em pequenas sociedades tribais de povos caçadores, agricultores ou pastores nômades; em sociedades camponesas, em países desenvolvidos e industrializados; em mundos sociais sem classes, de classes, com este ou aquele tipo de conflito entre as suas classes; em tipos de sociedades e culturas sem Estado, com um Estado em formação ou com ele consolidado entre e sobre as pessoas.
  • 22. 22 Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, ou entre povos que se encontram. Existe entre povos que submetem e dominam outros povos, usando a educação como um recurso a mais de sua dominância. Da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender; primeiro, sem classes de alunos, sem livros e sem professores especialistas; mais adiante com escolas, salas, professores e métodos pedagógicos. A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como idéia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos. A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam-e-aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar – às vezes a ocultar, às vezes a inculcar – de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem. Por isso mesmo – e os índios sabiam – a educação do colonizador, que contém o saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio, na verdade não serve para ser a educação do colonizado. Não serve e existe contra uma educação que ele, não obstante dominado, também possui como um dos seus recursos, em seu mundo, dentro de sua cultura.
  • 23. 23 Assim, quando são necessários guerreiros ou burocratas, a educação é um dos meios de que os homens lançam mão para criar guerreiros ou burocratas. Ela ajuda a pensar tipos de homens. Mais do que isso, ela ajuda a criá-los, através de passar de uns para os outros o saber que os constitui e legitima. Mais ainda, a educação participa do processo de produção e crenças e idéias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constroem tipos de sociedades. E esta é a sua força. No entanto, pensando às vezes que age por si próprio, livre e em nome de todos, o educador imagina que serve ao saber e a quem ensina mas, na verdade, ele pode estar servindo a quem o constituiu professor, a fim de usá-lo, e ao seu trabalho, para os usos escusos que ocultam também na educação – nas suas agências, suas práticas e nas idéias que ela professa – interesses políticos impostos sobre ela e, através de seu exercício, à sociedade que habita. E esta é a sua fraqueza. Aqui e ali será preciso voltar a estas idéias, e elas podem ser como que um roteiro daqui para a frente. A educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz para fora, que a sua missão é transformar sujeitos e mundo em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se tem de uns e outros: “... e deles faremos homens”. Mas, na prática, a mesma educação que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz, ou do que inventa que pode fazer: “... eles eram, portanto, totalmente inúteis”. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação? São Paulo: Brasiliense. p.7-12. 3.1.1 - Principais Questões para Reflexão
  • 24. 24  Se é verdade que “ninguém escapa da educação”, como se explica a expressão “falta de educação”?  Os Índios das Seis Nações iniciam a sua carta com a expressão “... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração.” Seria um sinal de ingenuidade? Explique seu ponto de vista;  “Diferentes nações têm concepções diferentes das coisas”. Que relação há entre as diferentes nações e as diferentes educações de cada povo?  A nação brasileira apresenta apenas uma educação?  “... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte...Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram ...totalmente inúteis. nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens.” Como se insere a educação no processo de dominação de uma nação pela outra?  “Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante.” Considerando-se esta afirmação, qual o papel da escola no processo educacional de um povo?  “Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, ou entre povos que se encontram. Existe entre povos que submetem e dominam outros povos, usando a educação como um recurso a mais de sua dominância.” Com base nesta afirmação, como seria possível definir, em poucas palavras, a educação nacional do Brasil?  A educação “pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens”. Se há um controle sobre o saber, como ter certeza que o que se aprende nas escolas é verdade?  “a educação do colonizador, que contém o saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio, na verdade não serve para ser a educação do colonizado. Não serve e existe contra uma
  • 25. 25 educação que ele, não obstante dominado, também possui como um dos seus recursos, em seu mundo, dentro de sua cultura.” Diante desta afirmação, o que dizer sobre o atual estágio da educação brasileira? Reflete a educação do vencedor ou do vencido? A educação que nós recebemos, então, não é a única possível? Explique seu ponto de vista;  “... quando são necessários guerreiros ou burocratas, a educação é um dos meios de que os homens lançam mão para criar guerreiros ou burocratas. Ela ajuda a pensar tipos de homens. Mais do que isso, ela ajuda a criá-los, através de passar de uns para os outros o saber que os constitui e legitima.” Faça uma relação entre esta afirmação e o processo de globalização, atualmente em curso em nosso planeta;  “... pensando às vezes que age por si próprio, livre e em nome de todos, o educador imagina que serve ao saber e a quem ensina mas, na verdade, ele pode estar servindo a quem o constituiu professor, a fim de usá-lo, e ao seu trabalho, para os usos escusos que ocultam também na educação.” Qual a importância do professor / educador na formação ou na transformação da sociedade em que ele se insere?  A missão da educação “é transformar sujeitos e mundo em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se tem de uns e outros: “... e deles faremos homens”. Mas, na prática, a mesma educação que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz, ou do que inventa que pode fazer: “... eles eram, portanto, totalmente inúteis”. Comente esta frase;  ... 3.2 - O Fax do Nirso O gerente de vendas recebeu o seguinte fax de um dos seus novos vendedores:
  • 26. 26 “Seo Gomis, O criente de Beozonte pidiu mais cuatrucenta pessa. Faz favor toma as providenssa, Abrasso, Nirso”. Aproximadamente uma hora depois recebeu outro: “Seo Gomis, Os relatório di venda vai xega atrazado proque to fexando umas venda. Temo qui manda umas treis mil pessa. Amanhã to xegando. Abrasso, Nirso”. No dia seguinte: “Seo Gomis, Num xeguei pucausa de que vendi maiz deis mil em Beraba. To indu pra Brasilha. Abrasso, Nirso”. No outro: “Seo Gomis, Brasilha fexo 20 mil. Vo pra Froniloplis e de la pra Sum Paulo no vinhâo das cete hora. Abrasso, Nirso”. E assim foi o mês inteiro. O gerente, muito preocupado com a imagem da empresa, levou ao presidente as mensagens que recebeu do vendedor. O presidente escutou atentamente o gerente e disse: “Deixa comigo, que eu tomarei as providências necessárias”.
  • 27. 27 E tomou. Redigiu de próprio punho um aviso e o afixou no mural da empresa, juntamente com as mensagens de fax do vendedor: “A parti de oje, nois tudo vamo fazê feito o Nirso. Si priocupá menos em iscrevê serto, mod vendê maiz. Acinado, O Prizidenti. (Autor Desconhecido) 3.2.1 – Principais Questões para Reflexão  A educação escolar está perdendo espaço no mercado de trabalho?  Num mercado competitivo, todo profissional precisa de um diferencial para ocupar determinadas posições e ascender na carreira. Por vezes, este diferencial é representado por um ou mais diplomas. Com base no texto e nesta afirmação, analise o papel da educação formal no mercado de trabalho;  Alguns estudiosos afirmam que a educação evolui num ritmo muito lento, na relação com os outros elementos da sociedade. Que aspectos devem, então, ser ressaltados na educação, para que ela acelere sua evolução e consiga acompanhar o ritmo dos outros elementos sociais?  ... 3.3 - A História de Chapeuzinho Vermelho (na versão do lobo) Adaptação do vídeo de Celso Antunes
  • 28. 28 Esta história será contada de uma maneira não tradicional. Certa manhã, estava eu passeando pela minha casa – sim, porque eu não sei se vocês sabem, mas a floresta é a minha casa – e, de repente, deparei com uma visão terrível. Vi uma menina vestida com uma roupa vermelha horrorosa, com um chapéu vermelho igualmente horroroso, carregando uma cesta cheia de produtos embalados com material plástico, que leva milhares de anos para se desintegrar na natureza. Imaginei que ela fosse fazer um piquenique ou coisa parecida e pensei: não posso permitir que ela deixe aquele material jogado pela mata. Ela vai sujar a minha casa e dos meus companheiros de floresta. Vou tentar preveni-la dos cuidados ecológicos fundamentais. Por outro lado, que descuidados são esses humanos: deixar uma menina tão pequena passear pela floresta desse jeito, correndo o perigo de ser apanhada por algum predador (dentre os quais eu me incluo). Como eu estava com o apetite devidamente saciado resolvi, sem segundas intenções, falar com a menina e induzi-la a sair da floresta pelo mesmo caminho por onde entrou. Isto seria melhor para todos...e assim o fiz, mas, assim que me deparei com a menina, ela foi logo gritando feito uma louca e me batendo com a cesta que tinha na mão; nem sequer me ouviu, não me deu oportunidade para falar o que eu queria e explicar o motivo da nossa conversa. Só repetia várias vezes que eu não iria comer o lanche que ela havia preparado para a sua vovozinha, que eu era horrível, que isso e aquilo. Logo vi que não conseguiria atingir o meu intento. Mas...ela é só uma menina...e assim pensando, resolvi perdoá-la. Apesar de ter ficado furioso com ela num primeiro instante, resolvi procurar por uma velhinha que, algum tempo antes, havia construído uma casinha de madeira perto do rio. Na época, todos nós aqui da floresta havíamos ficado furiosos com ela, pois derrubou nossas árvores e, assim, destruiu a casa de muitos de nossos companheiros
  • 29. 29 animais para construir aquela casa horrenda, mas, devido à avançada idade, resolvemos relevar e deixá-la ficar. Só podia ser ela a vovozinha daquela menina tão mal-educada. Segui por atalhos que só nós, moradores da floresta, conhecemos e, assim, cheguei na casa da velhinha bem antes da sua neta. Segui um caminho muito longo para alertar a senhora dos males que ela e a sua neta poderiam provocar no nosso ecossistema, mas ela também não me deu a menor oportunidade de me pronunciar; foi logo me batendo e fazendo um escândalo tremendo, muito barulho, muita gritaria, virou-se e pegou uma velha espingarda, certamente com a intenção de matar-me. Não tive outra alternativa, senão comer a velha senhora. Minutos depois, a menina acabou chegando na casa da sua avó. Sabendo que ela iria provocar novo escândalo, resolvi me disfarçar e, assim, vesti algumas roupas da tal velhinha e tentei me fazer passar por ela, deitado em seu leito. Quando ela chegou, tentei dissuadi-la a ir embora o quanto antes, mas a menina novamente começou a me insultar dizendo: que nariz grande e horrível você tem...que orelhas estranhas você tem...que olhos caídos e remelentos você tem... Eu procurei responder a todas as perguntas com ternura, mas para tudo há um limite, e minha paciência já estava em ponto de se esgotar, quando tirei o disfarce. Diante dos gritos da menina, e temendo a aproximação de caçadores que sempre afluíam ao local, não tive alternativa senão comê-la também. Meu temor, no entanto, se concretizou: um caçador me encontrou e, antes mesmo que eu começasse a me explicar, atirou impiedosamente e me acertou... agora, cá estou eu, com a barriga aberta, moribundo, e vocês ainda estão vibrando com isto, ensinando suas crianças que o malvado dessa história sou eu...isso é muito injusto, muito injusto. Vídeo: 10 Histórias Exemplares. Celso Antunes. Coleção Grandes Autores – Atta-Mídia e Educação
  • 30. 30 3.3.1 – Principais Questões para Reflexão Esta história tem uma peculiaridade: ela é relatada na versão do lobo. Isto nos leva à algumas importantes reflexões sobre a educação que estamos oferecendo em nossas escolas:  Será que não estamos negando aos nossos alunos o direito de optar, ao apresentar-lhes nossas opiniões sobre fatos como verdades absolutas?  Será que é justo negar-lhes o direito de optar, mesmo que esta opção represente a idéia da minoria?  Será que o que extraímos do conteúdo da geografia, história, literatura e mesmo da matemática representa uma verdade ou uma opinião?  Será que, quando falamos em exclusão, não estamos sendo excludentes, ao tirarmos a oportunidade do aluno de avaliar, fazer seu próprio julgamento e tirar suas conclusões?  Com relação ao conteúdo ensinado e aprendido nas escolas, há apenas uma verdade?  Com relação ao conteúdo ensinado e aprendido nas escolas, há apenas verdades?  Problematizar uma dúvida não levaria à construção de outras verdades?  ... 3.4 - Uma Pescaria Inesquecível Ele tinha 11 anos e, a cada oportunidade que surgia, ia pescar num cais próximo ao chalé da família, numa ilha que ficava em meio a um lago.
  • 31. 31 A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da tarde para pegar apenas peixes, cuja captura estava liberada. O menino amarrou uma isca e começou a praticar arremessos, provocando ondulações coloridas na água. Logo, elas se tornaram prateadas, pelo efeito da lua, nascendo sobre o lago. Quando o caniço vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha. O pai olhava com admiração, enquanto o garoto, habilmente, e com muito cuidado, erguia o peixe exausto da água. Era o maior que já tinha visto, porém sua pesca só era permitida na temporada. O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras volvendo para trás e para frente. O pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Pouco mais de 10 horas da noite... Ainda faltavam quase duas horas para a abertura da temporada. Em seguida, olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo: - Você tem que devolvê-lo, filho! - Mas, papai, reclamou o menino. - Vai aparecer outro, insistiu o pai. - Não tão grande quanto este, choramingou a criança.
  • 32. 32 O garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Voltou novamente a olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza em sua voz, que a decisão era inegociável. Devagar, tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura. O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu. Naquele momento, o menino teve certeza de que jamais pegaria um peixe tão grande quanto aquele. Isso aconteceu há 34 anos. Hoje, o garoto é um arquiteto bem sucedido. O chalé continua lá, na ilha, em meio ao lago, e ele leva seus filhos para pescar no mesmo cais. Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como daquela noite. Porém, sempre vê o mesmo peixe todas as vezes que depara com uma questão ética. Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de CERTO e ERRADO. Agir corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa.
  • 33. 33 A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém está nos observando. Esta conduta reta só é possível quando, desde criança, aprendeu-se a devolver o PEIXE À AGUA. A boa educação é como uma moeda de ouro: TEM VALOR EM TODA PARTE. James P. Lenfestei 3.4.1 – Principais Questões para Reflexão  Complete a frase: “ética é....”;  Se a ética é algo tão importante, por que não faz parte da grade curricular da maior parte das escolas de educação básica no Brasil?  Comente a frase: “gosto de levar vantagem em tudo, certo?” – a chamada Lei de Gerson - e faça uma relação com o texto;  Comente a frase: “o que é certo é certo, mesmo que ninguém o faça...e o que é errado é errado, mesmo que todo mundo o faça” e relacione com o texto.  ... 3.5 A Folha Amassada Quando criança, por causa de meu caráter impulsivo, tinha raiva à menor provocação.
  • 34. 34 Na maioria das vezes, depois de um desses incidentes me sentia envergonhado e me esforçava por consolar a quem tinha magoado. Um dia, meu professor me viu pedindo desculpas, depois de uma explosão de raiva, e entregou-me uma folha de papel lisa e me disse: Amasse-a! Com medo, obedeci e fiz com ela uma bolinha. - Agora, deixe-a como estava antes, voltou a dizer-me. Óbvio que não pude deixá-la como antes. Por mais que tentasse, o papel continuava cheio de pregas. O professor disse então: — O coração das pessoas é como esse papel. A impressão que nele deixamos será tão difícil de apagar como esses amassados. Assim, aprendi a ser mais compreensivo e mais paciente. Quando sinto vontade de estourar, lembro daquele papel amassado. A impressão que deixamos nas pessoas é impossível apagar. Quando magoamos alguém com nossas palavras, logo queremos consertar o erro, mas é tarde demais. Alguém já disse, certa vez: — Fale somente quando suas palavras possam ser tão suaves como o silêncio. Mas não deixe de falar, por medo da reação do outro. Acredite, principalmente em seus sentimentos!
  • 35. 35 “Seremos sempre responsáveis pelos nossos atos – nunca se esqueça.” (Autor Desconhecido) 3.5.1 Principais Questões para Reflexão  Como educador, no futuro, você terá que desempenhar várias funções que extrapolam o “simples” ensinar e inserem-se no contexto de educar. Você se considera preparado emocionalmente para exercer tais funções?  Como lidar com alunos explosivos como o do texto?  Aluno explosivo representa necessariamente um aluno problema?  Como desenvolver autocontrole de modo que, como professor, você não corra o risco de soltar bombas com suas palavras com potencial de causar estragos irremediáveis na vida de seus futuros alunos?  ... 3.6 A Lição dos Gansos No outono, quando se vê bandos de gansos voando ao sul, formando um grande “V” no céu, indaga-se o que a ciência já descobriu sobre o porquê de voarem desta forma.
  • 36. 36 Sabe-se que quando cada ave bate as asas, move o ar para cima, ajudando a sustentar a ave imediatamente detrás. Ao voar em forma de “V”, o bando se beneficia de pelo menos 71% a mais de força de vôo do que uma ave voando sozinha. Sempre que um ganso sai do bando, sente subitamente o esforço e a resistência necessários para continuar voando sozinho. Rapidamente, ele entra outra vez em formação para aproveitar o deslocamento de ar provocado pela ave que voa imediatamente à sua frente. Quando o ganso líder se cansa, ele muda de posição dentro da formação e outro ganso assume os gansos que voam rumo ao sul. Os gansos detrás gritam, encorajando os da frente para que mantenham a velocidade. Finalmente, quando um ganso fica doente, ou ferido por um tiro e cai, dois gansos saem da formação e o acompanham para ajudá-lo e protegê-lo. Ficam com ele até que consiga voar novamente, ou até que morra. Só então levantam vôo sozinhos, ou em outra formação, a fim de alcançar seu bando. (Autor desconhecido) 3.6.1 Principais Questões para Reflexão  Pessoas que se deslocam numa mesma direção e que têm o sentido de comunidade podem atingir seus objetivos de forma mais rápida e fácil, pois beneficiam-se de impulso mútuo. Numa equipe, quando um só elemento se esforça na direção contrária, o dispêndio de energia é muito maior e o avanço da equipe, menor. Será que você já aprendeu a lição dos gansos?  Se tivéssemos o mesmo sentido dos gansos, manter-nos-íamos em formação com os que lideram o caminho para onde também desejamos seguir. Na educação, o papel de liderança é exercido pelos pais (na família), professores
  • 37. 37 (na sala de aula), diretores (na unidade escolar) e, gradativamente, os liderados vão aprendendo a ocupar posições de liderança em suas vidas ou a aceitar as lideranças que se lhe apresentam. Você se sente preparado para exercer, por exemplo, o papel de professor?  Que mensagem passamos quando gritamos detrás? Estímulo aos nossos líderes ou desestímulos? Será que nossa mensagem como liderados tem sido útil para promover a melhoria da qualidade de vida do grupo? Se você descobrir que tem errado na sua atitude, não se preocupe...isto não é o fim, mas o começo.  Se tivéssemos o sentido dos gansos, também ficaríamos um ao lado do outro nos momentos de dificuldade. Isto se aplica aos seus futuros alunos. Colar em suas testas o rótulo de indisciplinados por este ou aquele motivo é uma tarefa muito fácil, que qualquer um pode fazer. Estimulá-los a mudar de atitude e crescer como cidadãos, isso é tarefa para pessoas especiais.  ... 3.7 Assembléia na Carpintaria Era uma vez...uma carpintaria onde aconteceu uma estranha assembléia. Foi uma reunião de ferramentas para acertar suas diferenças.
  • 38. 38 Um martelo presidiu a reunião, mas os participantes avisaram-no que teria de renunciar, pois fazia muito barulho e golpeava muito. O martelo aceitou sua culpa, porém exigiu que fosse expulso o parafuso, alegando que dava muitas voltas para conseguir algo. Diante do ataque o parafuso concordou desde que expulsassem a lixa por ser muito áspera no tratamento com os demais, atritando sempre. A lixa acatou a decisão, mas exigiu a expulsão da trena por sempre medir os outros segundo a sua medida, como se fosse perfeita. No auge da discussão, entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, a trena e o parafuso, convertendo uma rústica madeira em um fino móvel. Quando a carpintaria ficou novamente em silêncio com a saída do carpinteiro, a assembléia reiniciou. Foi então que o serrote, até então calado, falou: — Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha somente com as nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Vamos deixar nossos pontos fracos e concentremos em nossos pontos fortes. A assembléia entendeu então que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar a aspereza e a trena era precisa e exato. Sentiram-se como uma verdadeira equipe capaz de produzir móveis de qualidade. Sentiram então, uma grande alegria em trabalhar juntos. O mesmo ocorre com os seres humanos. Quando se busca defeito no outro, a situação fica tensa e negativa. Ao contrário, quando se busca sinceramente o ponto forte, as qualidades dos outros, florescem as melhores conquistas humanas.
  • 39. 39 É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo. Mas... encontrar qualidades... isto é para os sábios!!! (Autor desconhecido) 3.7.1 Principais Questões para Reflexão  Como você se sente quando as pessoas que o cercam dão destaque aos seus defeitos, em detrimento das suas qualidades?  Como professor, como você acha que os seus alunos se sentiriam caso você destacasse seus defeitos, em detrimento das suas qualidades?  Como você acha que um professor pode obter maior êxito na sua profissão? Enfocando os defeitos ou as qualidades de seus alunos?  Você considera necessário enfocar tanto os defeitos quanto as qualidades das pessoas? Afinal, quando apenas as qualidades são destacadas, a pessoa tende a entrar numa zona de conforto e não avançar qualitativamente. Por outro lado, quando são destacados seus defeitos, a tendência é que ela procure melhorar.  Como tratar do assunto com sabedoria?  Você, sozinho, pode ser bom. Você com outros, tende a ser melhor.  ... 3.8 Colheres de Cabo Comprido Um pastor foi convidado por Deus para conhecer o céu e o inferno. Ao abrir-se a porta, viram uma sala em cujo centro havia um caldeirão cheio de suculenta sopa.
  • 40. 40 À sua volta estavam pessoas famintas e desesperadas. Cada uma delas segurava uma colher de cabo tão comprido que era possível alcançar o caldeirão, mas não a própria boca. O sofrimento era imenso. Em seguida, Deus levou o pastor para conhecer o céu. Entraram em uma sala idêntica à primeira. Havia o mesmo caldeirão, pessoas em volta e o mesmo cabo comprido. A diferença é que todos estavam saciados. "Eu não compreendo", disse o pastor. "Por que aqui as pessoas estão tão felizes, enquanto na outra sala morrem de aflição, se é tudo igual?" Deus sorriu e respondeu: "Você não percebeu”? É porque aqui elas aprenderam a dar comida umas as outras". (Autor Desconhecido) 3.8.1 Principais Questões para Reflexão  O que significa, concretamente, um trabalho em equipe?  Uma das competências que se exige de uma pessoa que se forma em nível superior, é que tenha capacidade de trabalhar em equipe. Prepare-se...;
  • 41. 41  Espera-se que você, no exercício futuro da sua profissão como professor, ajude a formar cidadãos, e isto envolve desenvolver no aluno o senso de sociabilidade. Partindo-se da premissa que “ninguém pode dar o que não tem”, você se sente preparado para este desafio?  ... 3.9 Faça Parte dos 5% Certa vez, tivemos uma aula de Fisiologia na escola de Medicina, logo após a Semana da Pátria. Como a maioria dos alunos havia viajado aproveitando o feriado prolongado, todos estavam ansiosos para contar as novidades aos colegas e a
  • 42. 42 excitação era geral. Nosso velho professor entrou na sala e imediatamente percebeu que iria ter trabalho para conseguir silêncio. Com grande dose de paciência tentou começar a aula, mas você acha que minha turma correspondeu? Que nada. Com um certo constrangimento, o professor tornou a pedir silêncio educadamente. Não adiantou. Ignoramos a solicitação e continuamos firmes na conversa. Foi aí que o velho professor perdeu a paciência e deu a maior bronca que eu já presenciei. — Prestem atenção porque eu vou falar isso uma única vez, disse, levantando a voz, e um silêncio carregado de culpa se instalou em toda a sala. E o professor continuou: — Desde que comecei a lecionar, isso já faz muitos anos, descobri que nós, professores, trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma turma. Em todos esses anos observei que de cada 100 alunos, apenas 5 são realmente aqueles que fazem alguma diferença no futuro; apenas 5 se tornam profissionais brilhantes e contribuem de forma significativa para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Os outros 95 servem apenas para fazer volume; são medíocres e passam pela vida sem deixar nada de útil. O interessante é que esta porcentagem vale para quase tudo no mundo. Se vocês prestarem atenção, notarão que, de 100 professores, apenas 5 são aqueles que fazem a diferença; de 100 garçons, apenas 5 são excelentes; de 100 motoristas de táxi, apenas 5 são verdadeiros profissionais. E podemos generalizar ainda mais: de 100 pessoas, apenas 5 são verdadeiramente especiais. É uma pena muito grande não termos como separar esses 5% do resto, pois, se isso fosse possível, eu deixaria apenas esses alunos especiais nesta sala e colocaria os 95% restantes para fora, e então teria o
  • 43. 43 silêncio necessário para dar uma boa aula e dormiria tranquilo à noite, sabendo ter investido nos melhores. Mas, infelizmente, não há como saber quais de vocês são esses 5% de alunos especiais. Só o tempo é capaz de mostrar isso. Portanto, terei de me conformar e tentar dar uma aula para esses alunos especiais, apesar da confusão que estará sendo feita pelos 95% restantes. Claro que cada um de vocês sempre pode escolher a qual grupo pertencerá. Obrigado pela atenção e vamos à aula de hoje. Nem preciso dizer o silêncio que ficou na sala e o nível de atenção que o professor conseguiu após esse discurso. Aliás, a bronca tocou fundo em todos nós, pois, depois desse dia minha turma teve um comportamento exemplar em todas as aulas de Fisiologia, durante todo o semestre; afinal, quem gostaria de espontaneamente ser classificado como fazendo parte dos 95% que o professor gostaria de ver longe dali? Hoje não me lembro de muita coisa das aulas de Fisiologia, mas a bronca do professor eu nunca mais esqueci. Para mim, aquele professor foi um dos 5% que fizeram a diferença em minha vida. De fato, percebi que ele tinha razão e, desde então, tenho feito de tudo para ficar sempre no grupo dos 5%, mas, como ele disse, não há como saber se estamos indo bem ou não; só o tempo dirá a que grupo pertencemos. Contudo, uma coisa é certa: se não tentarmos ser especiais em tudo o que fazemos, se não tentarmos fazer tudo o melhor possível, seguramente faremos parte da turma do resto. (Autor Desconhecido)
  • 44. 44 3.9.1 Principais Questões para Reflexão  Será mesmo que 5% das pessoas que existem fazem a diferença? Isto não é pouco?  Será mesmo que 5% das pessoas que existem fazem a diferença? Isto não é muito?  Será possível “trocar de grupo” com o passar do tempo?  O que fazer para “trocar de grupo”?  Este texto te estimula a continuar ou age no sentido contrário?  O raciocínio do velho professor, de trabalhar para os 5%, está correto?  ... 3.10 O Homem e o Mundo Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios de respostas para suas dúvidas.
  • 45. 45 Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista, nervoso pela interrupção, pediu que o filho fosse brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível removê-lo, o pai procurou algo que pudesse ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair sua atenção: deparou-se com o mapa do mundo, o que procurava. Com o auxílio de um tesoura, recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho dizendo: — Filho, você gosta de quebra-cabeças? Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! E faça tudo sozinho. Então, calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa. Passadas algumas horas, ouviu a voz do filho que o chamava calmamente. — Pai, pai, já fiz tudo! Consegui terminar tudinho. A princípio o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade ter conseguido recompor um mapa que jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia sido capaz? — Você não sabia como era o mundo meu filho, como conseguiu? — Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem.
  • 46. 46 Tentei, mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo. (Autor desconhecido) 3.10.1 Principais Questões para Reflexão  Comente a frase: “Quando o homem resolver o problema entre homens e homens, aí estará pronto para resolver os problemas entre homens e mundo”;  Você está preparado para aprender com uma criança? Afinal, isto é o inverso do que a educação pensa que faz, ou seja, é a geração mais nova ensinando a geração mais velha.  Você pretende dedicar tempo para que seus futuros alunos se manifestem e, assim, de repente, você aprenda com eles? Ou não acha isto prudente?  ... 3.11 Professores Reflexivos ... a narrativa de como a experiência concreta de turista me fez pensar em como pode se sentir o aluno, o estagiário ou o professor que chega, pela primeira vez, a uma escola que não conhece...
  • 47. 47 Cheguei ao hotel, vinda do aeroporto. Eram duas e meia da tarde. Situado no característico nordeste brasileiro, o hotel era o exemplo bem acabado da globalização. Pela ausência, quase total, de marcas da civilização local, poderia situar-se em qualquer parte do mundo. A primeira informação que me foi dada dizia-me que, apesar de serem duas e meia da tarde, eu não podia ocupar o apartamento. Não estava arrumado ainda. Podia preencher a ficha de entrada, deixar as bagagens no hall e ir almoçar. “Logo, logo” comunicariam, quando estivesse pronto. E assim tentei dirigir-me ao primeiro piso onde deveria encontrar o restaurante para satisfazer o meu apetite motivado pelo atraso de um vôo que, de curto, não deu direito a refeição nem sequer o refrigerante. À míngua de informação da recepcionista, e desconhecendo que o piso da entrada era o terceiro, não me foi fácil encontrar o restaurante no primeiro piso. Culpa minha, sem dúvida. O meu constructo de que, normalmente, as recepções se encontram no piso zero, cegou-me para a hipótese de que, para ir para o primeiro, em vez de subir, era preciso descer. Mas não tinha ficado mal à recepcionista uma informação menos exígua, ainda por cima expectável num país e numa região onde os autóctones são comunicativos por natureza. Nestes momentos iniciais, eu ainda não tinha percebido que já não me encontrava no país da comunicação, mas sim num hotel standard, igual a tantos outros por esse mundo além, incrustado numa cultura que não acolheu e da qual se alheou. Alheamento que não me permitiu usufruir dos sabores típicos, da arte indígena, do calor humano característico das gentes nordestinas. Nem deixou que me tratassem
  • 48. 48 pelo meu nome, que me colocassem logo na mão um mapa da cidade, que me informassem sobre o que poderia visitar. Vinda de outros hotéis no mesmo país, onde eu era “a senhora Isabel”, onde, sem que eu tivesse pedido ou sequer insinuado, o restaurante abriu mais cedo para que eu pudesse tomar o café da manhã antes de partir para o aeroporto, onde a espontaneidade do empregado o leva a dizer-me, na sua atenção à pessoa do hóspede: “pode levar alguma coisa para comer, pois quando se vai viajar às vezes até dá fome”. Ou, num outro, em que, num dia de calor, me entra pelo quarto adentro, logo após a chegada, uma grande jarra de suco e um magnífico prato de frutos tropicais. E onde as refeições cheiravam e sabiam ao Brasil. Vinha mal habituada, habituada a ser pessoa e a ter a informação de que necessitava para me sentir “em casa”. Tinha passado a ser um número, descaracterizada, com tratamento indiferenciado, dentro de um edifício e numa organização onde tudo estava estandardizado, em contraste com a originalidade da natureza e a pessoalidade das gentes e das culturas. Mas... se já estive em tantos hotéis deste tipo, porquê estranhar agora? O que me fez sentir um número, um no meio de tantos outros? Creio que duas ordens de razões podem explicar o meu sentimento desta vez. Ambas têm a ver com as experiências sofridas nos dias anteriores. Este episódio tem, pois, um valor experiencial sobre o qual “me deitei a refletir”, tentando, a partir dele, aprofundar o meu conhecimento sobre a vida. Em primeiro lugar, eu vinha de proferir duas palestras sobre educação em que tinha abordado o tema da reflexividade, da contextualização, da pessoalidade, da cidadania, da comunicação. Numa delas tinha situado o tratamento destes temas no contexto da sociedade da informação globalizante em que vivemos.
  • 49. 49 Em segundo lugar, vinha de contextos em que se valorizava o local, o único, o expressivo, o pessoal culturalmente socializado. Contextos que me socializaram na cultura autóctone e me trouxeram o encanto de aprender com aquilo que para mim era novo. Trazia expectativas de continuidade. Encontrei o dejá vu. A reflexão sobre esta minha experiência concreta não me pode levar a generalizar a partir do que foi episódico. Eu sei. Mas suscitou em mim algumas inquietações enquanto cidadã do mundo e enquanto educadora. Questiono-me se será necessário aniquilar o autêntico e o local para se viver o conforto ditado por critérios globalizantes. Mesmo pensando em termos econômicos – pois são esses evidentemente os termos em que os empresários devem pensar – não será possível encontrar formas de harmonizar o socialmente genuíno com o tecnologicamente moderno? Como será possível conciliar a eficiência de gerir grandes hotéis com a atenção pessoalizada a dispensar ao cliente? O pensamento, que se torna bem mais alado nos momentos de férias como o que eu estava a viver, levou-me para outras esferas e dei comigo a pensar nos alunos quando transitam de uma escola para outra e sobretudo, de um ciclo de estudo para o subsequente (por exemplo, do 1º para o 2º grau). Foi sobre eles que passei a refletir. Como se sentirão esses alunos no primeiro dia de aulas? Quebrada a continuidade da familiaridade e dos afetos que os entrelaçavam na escola já familiar, como os receberá a nova escola: como pessoas ou como números? Fornecer-lhe-ão a informação necessária e correta para que eles possam se contextualizar? Aparecer-lhe-á como uma escola “com cara” ou terá dela a idéia de uma escola indistinta e estandardizada? Quem se preocupará com o que eles sentem? Quem criará o contexto que os leve a integrarem-se e a viverem a escola em vez de se isolarem e quererem apenas “passar pela escola o mais depressa possível”?
  • 50. 50 ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003. p. 7- 10. 3.11.1 Principais Questões para Reflexão  Entende-se que as principais questões para reflexão já foram suscitadas pela autora, porém, isto não impede que outras reflexões surjam em sua mente a partir da leitura, principalmente baseadas em sua experiência pessoal.  ... 3.12 Um Sonho Impossível? Todos os pais querem ver seus filhos formados e bem sucedidos. Esperando isso, matriculam a criança na escola e sonham: ela aprenderá tudo muito bem, terá ótimas notas, avançará sempre e depois... Depois, o diploma, o sucesso...
  • 51. 51 Esse interesse dos pais, a ajuda e o apoio que dão aos filhos para que eles possam fazer suas tarefas, é muito importante para a boa realização da criança. A participação dos pais pode ser direta, com explicações detalhadas e repetidas, orientação para cada tarefa. Ou então pode ser indireta, com o estímulo para a realização dos trabalhos e lições, o elogio, o cuidado com o material escolar e a preocupação com a frequência às aulas. As famílias de classe média e alta, em geral, dão esse tipo de apoio às crianças. Mas o mesmo não acontece nas famílias mais pobres. Nesse último caso, é difícil para os pais darem tal apoio aos filhos. Mesmo que estejam interessados e queiram participar ativamente, muitas vezes não sabem como fazer isso, não se sentem em condições de colaborar. Frequentemente, não conhecem o conteúdo das matérias, estranham os métodos de ensino e as atitudes da escola. É comum ficarem inibidos, desarmados, e até humilhados em seus contatos com a escola. De modo geral podemos dizer que esses pais não se sentem em condições de avaliar o que está sendo ensinado e só julgam o desempenho dos filhos através das notas baixas. Além de assistirem, desarmados, à insatisfação e fracasso das crianças, não ficam à vontade no ambiente da escola. Diante de tudo isso é bem possível que esses pais passem a achar mais proveitoso e lucrativo preparar “de fato” seus filhos para a vida. Acabam tirando a criança da escola, para que comece logo a trabalhar. Esta não é, certamente, a melhor solução.
  • 52. 52 O importante mesmo é fazer com que a escola se torne mais adequada às necessidades reais das crianças, atendendo às esperanças dos pais. (Da revista “Pensamento e linguagem” – Fundação Carlos Chagas) 3.12.1 Principais Questões para Reflexão  Reflita sobra a desigualdade social no Brasil. Na sequência, reflita sobre o papel a ser desempenhado pela educação, neste contexto;  Imagine-se lecionando, no período da manhã, para alunos que pertencem a famílias de classe alta e, à tarde, para alunos que pertencem a famílias de baixa renda. Sua atuação profissional como professor, deve ser diferente em cada contexto?  Qual seria uma boa estratégia para combater a evasão escolar?  ... 3.13 Pipocas da Vida Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo.
  • 53. 53 O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo, o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também. Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela. A pipoca não imagina do que ela é capaz. Aí sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece como outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado. Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém. (Do livro “O amor que acende a lua” de Rubem Alves, também transcrito no site www.rubemalves.com.br, acessado em 21/10/2010) 3.13.1 Principais Questões para Reflexão
  • 54. 54  Um grande dilema do ser humano é mudar. E isso se explica pelo simples fato de que, mudar, pode ser para melhor ou para pior. Assim é o ser humano. Neste contexto, como zelar para que a mudança pretendida seja para melhor?  Há quem goste de piruá...ele não é, necessariamente, ruim;  Cada milho de pipoca tem seu tempo certo para estourar...precisa de mais ou menos tempo, mais ou menos calor. Como este raciocínio pode ajudar no lidar com alunos? E consigo mesmo?
  • 55. 55 4 – Recomendações de Leituras e Reflexões Complementares Seguindo a mesma linha de raciocínio do item anterior do livro-texto, recomendamos que você prossiga constantemente com a leitura de textos de alguns autores especialmente importantes que permitem, também, uma reflexão profunda sobre esta educação que permeia nossa vida e nos atinge. É recomendável que você busque se aprofundar em leituras deste tipo, que podem ser obtidas facilmente por via secundária na internet e em bibliotecas. Neste contexto, autores como Rubem Alves, Paulo Freire e Celso Antunes (que são aqui destacados entre outros), têm muito a contribuir com a sua formação acadêmica e profissional. Recomenda-se, portanto, a leitura constante dos artigos e textos desses autores que se enquadram perfeitamente ao raciocínio proposto nesta disciplina. Você certamente só tem a ganhar e, assim, estará se aprimorando continuamente para o exercício da sua profissão, proporcionando que o reflexo dos seus ganhos se reflita na sociedade e, em especial, na vida dos seus futuros alunos.
  • 56. 56 BIBLIOGRAFIA BORDONI, T. Saber e Fazer: Competências e Habilidades. Disponível em: www.pedagogobrasil.com.br, acessado em 21/10/2010. CRUZ, C.H.C. Competências e Habilidades: da proposta à prática. Coleção Fazer e Transformar. 2 ed. São Paulo: Loyola. 2002. HAIDT, R.C.C. 2002. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática (7ed.). RAMOS, M.N. Da Qualificação à Competência: deslocamento conceitual na relação trabalho-educação. Tese apresentada ao curso de Doutorado em Educação da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Educação, Niterói, 2001. Sites: www.rubemalves.com.br. www.celsoantunes.com.br.