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Paracoccidioidomicose (PCM)
Erik Ricardo Gonçalves Araújo
Infectologia – Medicina 4º Período
Paracoccidioidomicose
• Agente etiológico: Complexo
Paracoccidioides brasilienses – P.
brasiliensis, P. lutzii e fungos
Pb01-símiles.
• Fungo dimórfico: levedura e
filamentoso
• Pode infectar todo o corpo, sendo
sua porta de entrada
principalmente os pulmões.
• Já foi chamado de Blastomicose
sul-americana.
Ciclo infeccioso do Paracoccidiodes
brasilienses
1. Inalação dos conídios infectantes:
pequenos o suficiente para se
depositarem diretamente nos
alvéolos.
2. Transformação de conídio para
levedura em menos de 24h;
• Forma parasitária não infectante.
Epidemiologia
• O Brasil é o país com maior número de casos da América do Sul.
• A paracoccidiomicose é a micose respiratória mais comum nas
Américas do Sul, central e México.
• A PCM é a oitava causa de morte por doenças infecciosas crônicas no
Brasil.
• A maioria dos casos no brasil ocorrem no estados de São Paulo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Rio Grande do Sul.
• Botucatu é uma região hiperendêmica da doença no brasil.
• A infecção ocorre desde criança nas áreas endêmicas, e têm maior
prevalência entre homens de 30 a 59 anos de idade.
Epidemiologia
• Baixa prevalência da doença em
mulheres;
• A maior taxa de mortalidade está
na região Centro-Oeste e em
Santa Catarina;
• A maioria dos óbitos ocorreram
em pessoas maiores de 60 anos;
• O tabagismo aumenta a
incidência de PCM em 10 vezes;
Ecologia
• As regiões mais prevalentes são
úmidas, com muita água e solo
ácido;
• Há um aumento da incidência
sempre que chega o período
chuvoso;
• O habitat natural do agente
etiológico é o solo, sendo os
trabalhadores rurais os mais
afetados pela doença;
Fisiopatologia
• Os pulmões são a porta de entrada habitual de Paracoccidioides spp,
causando focos de pneumonite.
• Se dissemina via linfocitária causando reação granulomatosa nos
linfonodos paratraqueais e parabrônquicos.
• A resposta imune do indivíduo determina a evolução da interação
parasita-hospedeiro:
• Caso a resposta seja satisfatória o organismo bloqueará a infecção em nível de
complexo primário e de seu focos metastáticos.
• Pode ocorrer formação de cicatrizes, que podem ser estéreis ou conter fungos
latentes.
• Se a resposta não for satisfatória os fungos se multiplicarão e se disseminarão
para praticamente todo o corpo por via linfática e hematogênica.
Fisiopatologia
• Algumas das sequelas comuns da
doença são fibrose pulmonar,
comprometimento pulmonar,
com cicatrizes estéreis ou com
fungos viáveis.
• Focos latentes podem se reativar
causando infecção crônica;
Resposta imune
• A PCM acomete indivíduos saudáveis;
• A PCM provoca comprometimento da
resposta imune está e associado a uma
deficiência especifica do sistema imune
para responder a esse fungo específico.
• A resposta do hospedeiro ao fungo
depende de fatores como:
• Carga genética;
• Gênero;
• Estado nutricional;
• Tamanho do inóculo inalado.
Resposta Imune
• A morte de Paracoccidioides spp. ocorre devido à ação do peróxido de
hidrogênio produzido pelos macrófagos, potencializada pela resposta
Th1;
• A deficiência da resposta Th1 inibe e dessa coordenação estabelece
suscetibilidade à doença.
• Observa-se que respostas do perfil Th2/Th9 são comuns em infecções
agudas/subaguda, enquanto respostas Th1 encontra-se
predominante.
• Há formação de granuloma na infecção crônica, com fibrose
característica, tecido necrosado, presença de macrófagos e células
gigantes.
Formação de Granuloma
Fatores de Risco
• Profissões ou atividade
relacionadas ao manejo do solo;
• Manejo de atividade agrícola nas
primeiras décadas de vida;
• Imunocomprometidos,
principalmente por HIV;
Diagnóstico Laboratorial
• Padrão-ouro: Isolamento em meio de
cultura;
• Pode ser feita visualização em microscópio
óptico;
• Utiliza-se secreções do trato respiratório,
raspada e crostas de lesões ulceradas,
tecidos de biópsia, pus de gânglios e urina.
• Como a cultura do P. brasiliensis representa
um risco biológico importante, o
laboratório deve ser notificado sobre a
suspeita diagnóstica.
Aspecto de pipoca da cultura de P.
brasiliensis em Ágar Sabouraund
dextrose.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: PULMÕES
• Dispneia de esforço com caráter progressivo.
• Hipoxemia
• Tosse seca ou com expectoração mucoide;
• Desequilíbrio da V/P com predomínio da perfusão sobre a ventilação.
• A semiologia respiratória pode ser normal mesmo com comprometimento
pulmonar;
• A radiografia simples de tórax:
• Revela lesões intersticiais ou mistas, bilaterais, localizadas geralmente nos terços
médios dos pulmões.
• Demonstra lesões alveolares ou mistas, bilaterais, em geral preservando ápices e
bases pulmonares, oferecendo imagem semelhante à asas de borboleta.
MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS: PULMÕES
• Cavitações pulmonares
• Lesões irregulares, medindo até 2
cm e contendo exsudato viscoso.
• Visível apenas em tomografia;
• Tomografia computadorizada
(TC)
• Nódulos pequenos, espessamento
septal, linhas espessadas,
opacidade alveolar, blocos de
fibrose, espessamento da parede
brônquica, bronquiectasia,
espessamento pleural.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: LINFONODOS
• Comprometimento dos linfonodos do segmento cefálico,
principalmente submandibulares;
• Adenomegalia
• Menos comum: acometimento de linfático abdominal
• Mais comum no Centro-Oeste e em Botucatu;
• Quadros semelhantes ao de abdome agudo;
• Pode haver comprometimento subclínico;
• Icterícia obstrutiva por acometimento dos linfonodos hilo hepático e
compressão da vias biliares.
• Ascite se o acometimento linfático mesentérico for grave.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: MUCOSAS
AERODIGESTIVAS SUPERIORES
• Comprometimento de fossas nasais,
cavidade oral, orofaringe,
hipofaringe e laringe.
• Importante devido a frequência e
facilidade de coleta de material
biológico.
• Rouquidão;
• Odinofagia;
• Disfagia;
• Ardor na garganta;
• Sensação de saliência ou referência
a ferida na boca.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: MUCOSAS
AERODIGESTIVAS SUPERIORES
• As lesões são mais comuns na
laringe, sucedidas por orofaringe,
hipofaringe e cavidade oral.
• Na cavidade oral predomina
estomatite ulcerosa moriforme de
Aguair Pupo.
• Lesão ulcerativa de evolução lenta
com fundo granulado.
• Frequente comprometimento das
gengivas e amolecimento dos
dentes.
• Pode ocorrer perfuração do palato
duro;
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: PELE
• Lesões frequentes, facilmente
observáveis e de fácil obtenção de
material biológico.
• Pode apresentar lesões múltiplas,
esparsadas ou agrupadas em qualquer
parte do corpo;
• Mais comuns na face, tronco e nos
membros;
• A maioria são lesões ulceradas e
infiltrativa;
• Pode ocorrer também abscessos
subcutâneos purulentos.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: SUPRARENAIS
• As suprarenais tem uma diminuição local da imunidade celular,
causada pelo seu conteúdo de glicocorticoides.
• A instação da P. brasiliensis causa manifestações clíncas de
insuficiência suprarenal cônica.
• Fadiga, anorexia, emagrecimento, hipotensão arterial, hipotensão postural,
hiperpigmentação de pele e mucosas, náuseas, vômitos, e redução da
potência sexual e da libido.
• Disfunção níveis séricos de K+, Ca++ e uréia (aumentados) e Na+ e Cloro
diminuídos.
• A TC revela contornos irregulares das suprarrenais e alterações de
volume e densidade.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: APARELHO
DIGESTIVO
• Sialorreia;
• Disfagia;
• Halitose;
• Dor abdominal em cólica;
• Sensação de empachamento;
• Pirose;
• Alterações da motilidade intestinal;
• Diarreia superior a 15 dias;
• Regurgitamento e vômitos;
• Soluços e achado de massa abdominal.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: APARELHO
DIGESTIVO
• As manifestações digestivas são mais
comuns em pacientes com a forma
aguda.
• Os comprometimentos são mais
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• Alterações funcionais comuns:
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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
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• Comprometimento articular
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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:MEDULA ÓSSEA
• Predominante em pacientes com a forma aguda/subaguda.
• Fibrose reticulína;
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• Pode provocar anemia, leucopenia, plaquetopenia e ausência de
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medular é a existência de reação leucoeritroblástica no sangue
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MANIFESTAÇÕES
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próstata;
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• Nervosismo
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• Acometimento ocular unilateral;
• Lesões palpebrais e conjuntivas
• Uveíte e coroidite;
• P. brasiliensis pode comprometer
qualquer órgão, causando lesões
sintomáticas ou não. Lesões
assintomáticas são identificadas como
achados casuais ou de necropsia.
Tratamento da desnutrição e doenças
associadas;
• Tratamento do comprometimento
nutricional:
• Alimentação deficiente;
• Anorexia;
• Comprometimento da absorção;
• O tratamento da desnutrição é feito
com dieta adequada, em geral
hiperproteica e hipercalórica.
• Repouso, tratamento de doenças
associadas;
• Controle do tabagismo e alcoolismo;
Tratamento do Paracoccidioides spp.
• Duas fases: ataque e manutenção.
• Ataque:
• Diminuição da carga parasitária;
• Recuperação da Imunidade Celular do hospedeiro;
• Manutenção:
• Realizada por tempo prolongado;
• Busca reduzir o risco de recorrência da doença;
• Fármacos:
• São usados derivados azólicos como cetoconazol, fluconazol e itraconazol;
• O itraconazol é o tratamento de primera escolha.
• Está disponível gratuitamente no SUS;
• Também pode-se usar Anfotericina B. sufadiazina e outros compostos
sulfanilamídicos, mais usados em casos graves.
Esquema medicamentoso
• Itraconazol - 100 mg, via oral, a cada 12 horas, durante 6 a 18 meses.
• Cetoconazol - 200 mg, via oral, a cada 12 horas, durante 12 a 18
meses.
• Cotrimoxazol - 160 mg a 240 mg de trimetropim e sulfametoxazol 800
mg a 1.200 mg, via oral, a cada 12 horas, durante 12 a 24 meses.
• Pacientes graves devem ser tratados no hospital com Anfotericina B
1mg/kg/dia IV, ou com duas ampolas IV de
sulfametoxazol/trimetoprim a cada 8h até melhora clínica.
Referências Bibliográficas
• Reinaldo, S. Infectologia - Bases Clínicas e Tratamento. Grupo GEN, 2017.
9788527732628. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527732628/. Acesso em: 25 Nov
20203
• SHIKANAI-YASUDA, Maria Aparecida et al . II Consenso Brasileiro em
Paracoccidioidomicose - 2017. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília , v. 27, n.
esp, e0500001, ago. 2018 . Disponível em
<http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
49742018000500002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 29 nov. 2020. Epub 30-
Jul-2018. http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742018000500001.
• Paracoccidioidomicose - Doenças infecciosas - Manuais MSD edição para profissionais
(msdmanuals.com)
• https://maestrovirtuale.com/agar-sabouraud-fundacao-preparacao-e-usos
• https://crescendoemcultura.blogspot.com/2014/11/paracoccidioidomicose.html

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Paracoccidioidomicose - Infectologia - Universidade Estadual de Goiás

  • 1. Paracoccidioidomicose (PCM) Erik Ricardo Gonçalves Araújo Infectologia – Medicina 4º Período
  • 2. Paracoccidioidomicose • Agente etiológico: Complexo Paracoccidioides brasilienses – P. brasiliensis, P. lutzii e fungos Pb01-símiles. • Fungo dimórfico: levedura e filamentoso • Pode infectar todo o corpo, sendo sua porta de entrada principalmente os pulmões. • Já foi chamado de Blastomicose sul-americana.
  • 3. Ciclo infeccioso do Paracoccidiodes brasilienses 1. Inalação dos conídios infectantes: pequenos o suficiente para se depositarem diretamente nos alvéolos. 2. Transformação de conídio para levedura em menos de 24h; • Forma parasitária não infectante.
  • 4. Epidemiologia • O Brasil é o país com maior número de casos da América do Sul. • A paracoccidiomicose é a micose respiratória mais comum nas Américas do Sul, central e México. • A PCM é a oitava causa de morte por doenças infecciosas crônicas no Brasil. • A maioria dos casos no brasil ocorrem no estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Rio Grande do Sul. • Botucatu é uma região hiperendêmica da doença no brasil. • A infecção ocorre desde criança nas áreas endêmicas, e têm maior prevalência entre homens de 30 a 59 anos de idade.
  • 5. Epidemiologia • Baixa prevalência da doença em mulheres; • A maior taxa de mortalidade está na região Centro-Oeste e em Santa Catarina; • A maioria dos óbitos ocorreram em pessoas maiores de 60 anos; • O tabagismo aumenta a incidência de PCM em 10 vezes;
  • 6. Ecologia • As regiões mais prevalentes são úmidas, com muita água e solo ácido; • Há um aumento da incidência sempre que chega o período chuvoso; • O habitat natural do agente etiológico é o solo, sendo os trabalhadores rurais os mais afetados pela doença;
  • 7.
  • 8. Fisiopatologia • Os pulmões são a porta de entrada habitual de Paracoccidioides spp, causando focos de pneumonite. • Se dissemina via linfocitária causando reação granulomatosa nos linfonodos paratraqueais e parabrônquicos. • A resposta imune do indivíduo determina a evolução da interação parasita-hospedeiro: • Caso a resposta seja satisfatória o organismo bloqueará a infecção em nível de complexo primário e de seu focos metastáticos. • Pode ocorrer formação de cicatrizes, que podem ser estéreis ou conter fungos latentes. • Se a resposta não for satisfatória os fungos se multiplicarão e se disseminarão para praticamente todo o corpo por via linfática e hematogênica.
  • 9. Fisiopatologia • Algumas das sequelas comuns da doença são fibrose pulmonar, comprometimento pulmonar, com cicatrizes estéreis ou com fungos viáveis. • Focos latentes podem se reativar causando infecção crônica;
  • 10.
  • 11. Resposta imune • A PCM acomete indivíduos saudáveis; • A PCM provoca comprometimento da resposta imune está e associado a uma deficiência especifica do sistema imune para responder a esse fungo específico. • A resposta do hospedeiro ao fungo depende de fatores como: • Carga genética; • Gênero; • Estado nutricional; • Tamanho do inóculo inalado.
  • 12. Resposta Imune • A morte de Paracoccidioides spp. ocorre devido à ação do peróxido de hidrogênio produzido pelos macrófagos, potencializada pela resposta Th1; • A deficiência da resposta Th1 inibe e dessa coordenação estabelece suscetibilidade à doença. • Observa-se que respostas do perfil Th2/Th9 são comuns em infecções agudas/subaguda, enquanto respostas Th1 encontra-se predominante. • Há formação de granuloma na infecção crônica, com fibrose característica, tecido necrosado, presença de macrófagos e células gigantes.
  • 14. Fatores de Risco • Profissões ou atividade relacionadas ao manejo do solo; • Manejo de atividade agrícola nas primeiras décadas de vida; • Imunocomprometidos, principalmente por HIV;
  • 15. Diagnóstico Laboratorial • Padrão-ouro: Isolamento em meio de cultura; • Pode ser feita visualização em microscópio óptico; • Utiliza-se secreções do trato respiratório, raspada e crostas de lesões ulceradas, tecidos de biópsia, pus de gânglios e urina. • Como a cultura do P. brasiliensis representa um risco biológico importante, o laboratório deve ser notificado sobre a suspeita diagnóstica. Aspecto de pipoca da cultura de P. brasiliensis em Ágar Sabouraund dextrose.
  • 17. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: PULMÕES • Dispneia de esforço com caráter progressivo. • Hipoxemia • Tosse seca ou com expectoração mucoide; • Desequilíbrio da V/P com predomínio da perfusão sobre a ventilação. • A semiologia respiratória pode ser normal mesmo com comprometimento pulmonar; • A radiografia simples de tórax: • Revela lesões intersticiais ou mistas, bilaterais, localizadas geralmente nos terços médios dos pulmões. • Demonstra lesões alveolares ou mistas, bilaterais, em geral preservando ápices e bases pulmonares, oferecendo imagem semelhante à asas de borboleta.
  • 18. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: PULMÕES • Cavitações pulmonares • Lesões irregulares, medindo até 2 cm e contendo exsudato viscoso. • Visível apenas em tomografia; • Tomografia computadorizada (TC) • Nódulos pequenos, espessamento septal, linhas espessadas, opacidade alveolar, blocos de fibrose, espessamento da parede brônquica, bronquiectasia, espessamento pleural.
  • 19.
  • 20. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: LINFONODOS • Comprometimento dos linfonodos do segmento cefálico, principalmente submandibulares; • Adenomegalia • Menos comum: acometimento de linfático abdominal • Mais comum no Centro-Oeste e em Botucatu; • Quadros semelhantes ao de abdome agudo; • Pode haver comprometimento subclínico; • Icterícia obstrutiva por acometimento dos linfonodos hilo hepático e compressão da vias biliares. • Ascite se o acometimento linfático mesentérico for grave.
  • 21.
  • 22. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: MUCOSAS AERODIGESTIVAS SUPERIORES • Comprometimento de fossas nasais, cavidade oral, orofaringe, hipofaringe e laringe. • Importante devido a frequência e facilidade de coleta de material biológico. • Rouquidão; • Odinofagia; • Disfagia; • Ardor na garganta; • Sensação de saliência ou referência a ferida na boca.
  • 23. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: MUCOSAS AERODIGESTIVAS SUPERIORES • As lesões são mais comuns na laringe, sucedidas por orofaringe, hipofaringe e cavidade oral. • Na cavidade oral predomina estomatite ulcerosa moriforme de Aguair Pupo. • Lesão ulcerativa de evolução lenta com fundo granulado. • Frequente comprometimento das gengivas e amolecimento dos dentes. • Pode ocorrer perfuração do palato duro;
  • 24. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: PELE • Lesões frequentes, facilmente observáveis e de fácil obtenção de material biológico. • Pode apresentar lesões múltiplas, esparsadas ou agrupadas em qualquer parte do corpo; • Mais comuns na face, tronco e nos membros; • A maioria são lesões ulceradas e infiltrativa; • Pode ocorrer também abscessos subcutâneos purulentos.
  • 25.
  • 26.
  • 27. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: SUPRARENAIS • As suprarenais tem uma diminuição local da imunidade celular, causada pelo seu conteúdo de glicocorticoides. • A instação da P. brasiliensis causa manifestações clíncas de insuficiência suprarenal cônica. • Fadiga, anorexia, emagrecimento, hipotensão arterial, hipotensão postural, hiperpigmentação de pele e mucosas, náuseas, vômitos, e redução da potência sexual e da libido. • Disfunção níveis séricos de K+, Ca++ e uréia (aumentados) e Na+ e Cloro diminuídos. • A TC revela contornos irregulares das suprarrenais e alterações de volume e densidade.
  • 28. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: APARELHO DIGESTIVO • Sialorreia; • Disfagia; • Halitose; • Dor abdominal em cólica; • Sensação de empachamento; • Pirose; • Alterações da motilidade intestinal; • Diarreia superior a 15 dias; • Regurgitamento e vômitos; • Soluços e achado de massa abdominal.
  • 29. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: APARELHO DIGESTIVO • As manifestações digestivas são mais comuns em pacientes com a forma aguda. • Os comprometimentos são mais frequentes no íleo, estômago, duodeno, jejuno e cólons acrescente e descendente. • Alterações funcionais comuns: hipersecreção, hipotonia e diminuição do peristaltismo.
  • 30. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: OSSOS E ARTICULAÇÕES • Comprometimento articular • Dor, impotência funcional e articulações com volume e temperaturas elevados) • Lesões ósseas • Tórax • Cintura escapular • Membros inferiores
  • 31.
  • 32. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:MEDULA ÓSSEA • Predominante em pacientes com a forma aguda/subaguda. • Fibrose reticulína; • Necrose coagulativa com fibrose reticulina; • Pode provocar anemia, leucopenia, plaquetopenia e ausência de mononucleados no sangue periférico. • O achado hematológico mais sugestivo de comprometimento medular é a existência de reação leucoeritroblástica no sangue periférico.
  • 33. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: SNC • Convulsões • Hipertensão intracraniana; • Déficits motores e ou sensitivos; • Alterações da linguagem; • Ataxia cerebelar.
  • 34. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: APARELHO UROGENIAL • Mais comuns em homens: • Testículos e epidídimo doloridos; • Aumento de volume e consistência dos órgãos genitais; • Dificuldade de micção • Polaciúria; • Aumento de consistência e volume da próstata; • Acometimento urogenital em mulheres é raro.
  • 35. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: TIREOIDE • Hipertrofia tireoidiana • Emagrecimento; • Nervosismo • Dor no pescoço; • Irritabilidade • Ansiedade • Insônia • Sudorese excessiva;
  • 36. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: OLHOS, ANEXOS E OUTROS • Acometimento ocular unilateral; • Lesões palpebrais e conjuntivas • Uveíte e coroidite; • P. brasiliensis pode comprometer qualquer órgão, causando lesões sintomáticas ou não. Lesões assintomáticas são identificadas como achados casuais ou de necropsia.
  • 37. Tratamento da desnutrição e doenças associadas; • Tratamento do comprometimento nutricional: • Alimentação deficiente; • Anorexia; • Comprometimento da absorção; • O tratamento da desnutrição é feito com dieta adequada, em geral hiperproteica e hipercalórica. • Repouso, tratamento de doenças associadas; • Controle do tabagismo e alcoolismo;
  • 38. Tratamento do Paracoccidioides spp. • Duas fases: ataque e manutenção. • Ataque: • Diminuição da carga parasitária; • Recuperação da Imunidade Celular do hospedeiro; • Manutenção: • Realizada por tempo prolongado; • Busca reduzir o risco de recorrência da doença; • Fármacos: • São usados derivados azólicos como cetoconazol, fluconazol e itraconazol; • O itraconazol é o tratamento de primera escolha. • Está disponível gratuitamente no SUS; • Também pode-se usar Anfotericina B. sufadiazina e outros compostos sulfanilamídicos, mais usados em casos graves.
  • 39. Esquema medicamentoso • Itraconazol - 100 mg, via oral, a cada 12 horas, durante 6 a 18 meses. • Cetoconazol - 200 mg, via oral, a cada 12 horas, durante 12 a 18 meses. • Cotrimoxazol - 160 mg a 240 mg de trimetropim e sulfametoxazol 800 mg a 1.200 mg, via oral, a cada 12 horas, durante 12 a 24 meses. • Pacientes graves devem ser tratados no hospital com Anfotericina B 1mg/kg/dia IV, ou com duas ampolas IV de sulfametoxazol/trimetoprim a cada 8h até melhora clínica.
  • 40. Referências Bibliográficas • Reinaldo, S. Infectologia - Bases Clínicas e Tratamento. Grupo GEN, 2017. 9788527732628. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527732628/. Acesso em: 25 Nov 20203 • SHIKANAI-YASUDA, Maria Aparecida et al . II Consenso Brasileiro em Paracoccidioidomicose - 2017. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília , v. 27, n. esp, e0500001, ago. 2018 . Disponível em <http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679- 49742018000500002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 29 nov. 2020. Epub 30- Jul-2018. http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742018000500001. • Paracoccidioidomicose - Doenças infecciosas - Manuais MSD edição para profissionais (msdmanuals.com) • https://maestrovirtuale.com/agar-sabouraud-fundacao-preparacao-e-usos • https://crescendoemcultura.blogspot.com/2014/11/paracoccidioidomicose.html