A ARTE NA ESCOLA: UMA DISCUSSÃO A PARTIR DO PCN E DE VIGOTSKI LOCIMAR MASSALAI
Este artigo é o resultado de pesquisa que buscou discutir o componente curricular de Arte a partir do documento oficial PNC volume 06 e do livro Psicologia da Arte de Vigotski. Objetivamos retomar os conceitos de arte no PCN confrontando-os com os teóricos da Pedagogia Histórico-Cultural, em especial Newton Duarte. Em seguida, apresentamos grandes conceitos trazidos por Vigotski em seu livro Psicologia da Arte para finalmente confrontá-los com o texto do PCN. A pesquisa de cunho qualitativo foi de caráter bibliográfico por meio de consulta e análise comparativa de dois materiais impressos. Observamos que os PNCs nao consideram o conhecimento como possibilidade de superação das contradições sociais e relegam o papel do professor apenas como um motivados e orientador descaracterizando-o como a transmissor do conhecimento acumulado historicamente. O documento aponta pouca valorização deste conhecimento. Concluimos que é por este conhecimento que se torna possível conhecer a realidade e transformá-la e que os conteúdos de Arte, de caráter histórico poderão ajudar no processo de desmitificação do cotidiano e da vida.
1) O documento resume um texto sobre o livro "O jogo das diferenças: o multiculturalismo e seus contextos".
2) Aborda brevemente as principais ideias do livro sobre o significado do multiculturalismo e sua aplicação na educação brasileira e nos Estados Unidos.
3) Também discute alguns pontos polêmicos do livro, como a importância da adoção do termo "multiculturalismo" no contexto brasileiro.
O documento descreve uma pesquisa que teve como objetivo compreender as relações de crianças negras em uma escola pública no Rio de Janeiro. A pesquisa utilizou referenciais sobre multiculturalismo e interculturalismo para analisar como as crianças negras se relacionavam e eram percebidas. O estudo qualitativo e etnográfico foi realizado em 2008 e buscou dar voz às experiências das crianças negras.
Este documento discute como a série de livros infantis "As Aventuras do Capitão Cueca" desenvolve a competência de leitura em crianças. Analisa elementos linguísticos e metafóricos nos livros que criam identificação com os leitores e motivam a leitura. Também examina como a série representa a metáfora do poder por meio das relações entre personagens.
Interdisciplinaridade, uma pesquisa envolvendo educação e ensino de artes, br...pibiduergsmontenegro
Este documento discute a interdisciplinaridade no ensino das artes. Apresenta definições de interdisciplinaridade na educação segundo autores como Japiassu, Fazenda e Lück. Também discute como a interdisciplinaridade pode contribuir para processos pedagógicos nas artes e superar uma visão fragmentada do conhecimento.
1) O texto discute a conversão de Constantino ao cristianismo no século IV e o posterior estabelecimento do cristianismo como religião oficial do Império Romano no século V, perseguindo outras religiões pagãs.
2) A história contribui para entender a linha contínua da história da humanidade desde a criação até a vinda do Reino de Deus, incluindo a ressurreição de Cristo.
3) A memória histórica é caracterizada por se encontrar em fontes como livros, documentos e monumentos que forne
Este documento discute a expansão da metodologia de cultura material escolar para cultura material educativa mais ampla. Apoia-se em Michel Foucault para entender que pesquisas em documentos requerem novas abordagens metodológicas. Também apresenta exemplos de como esta nova perspectiva impactou pesquisas sobre educação no passado.
O documento discute a alfabetização no ambiente rural brasileiro segundo dados do Censo de 2000. Ele afirma que muitos estudantes entre 10-14 anos ainda não estavam alfabetizados e que aproximadamente 59% dos alunos chegaram ao 5o ano sem desenvolver habilidades básicas de leitura.
A ARTE NA ESCOLA: UMA DISCUSSÃO A PARTIR DO PCN E DE VIGOTSKI LOCIMAR MASSALAI
Este artigo é o resultado de pesquisa que buscou discutir o componente curricular de Arte a partir do documento oficial PNC volume 06 e do livro Psicologia da Arte de Vigotski. Objetivamos retomar os conceitos de arte no PCN confrontando-os com os teóricos da Pedagogia Histórico-Cultural, em especial Newton Duarte. Em seguida, apresentamos grandes conceitos trazidos por Vigotski em seu livro Psicologia da Arte para finalmente confrontá-los com o texto do PCN. A pesquisa de cunho qualitativo foi de caráter bibliográfico por meio de consulta e análise comparativa de dois materiais impressos. Observamos que os PNCs nao consideram o conhecimento como possibilidade de superação das contradições sociais e relegam o papel do professor apenas como um motivados e orientador descaracterizando-o como a transmissor do conhecimento acumulado historicamente. O documento aponta pouca valorização deste conhecimento. Concluimos que é por este conhecimento que se torna possível conhecer a realidade e transformá-la e que os conteúdos de Arte, de caráter histórico poderão ajudar no processo de desmitificação do cotidiano e da vida.
1) O documento resume um texto sobre o livro "O jogo das diferenças: o multiculturalismo e seus contextos".
2) Aborda brevemente as principais ideias do livro sobre o significado do multiculturalismo e sua aplicação na educação brasileira e nos Estados Unidos.
3) Também discute alguns pontos polêmicos do livro, como a importância da adoção do termo "multiculturalismo" no contexto brasileiro.
O documento descreve uma pesquisa que teve como objetivo compreender as relações de crianças negras em uma escola pública no Rio de Janeiro. A pesquisa utilizou referenciais sobre multiculturalismo e interculturalismo para analisar como as crianças negras se relacionavam e eram percebidas. O estudo qualitativo e etnográfico foi realizado em 2008 e buscou dar voz às experiências das crianças negras.
Este documento discute como a série de livros infantis "As Aventuras do Capitão Cueca" desenvolve a competência de leitura em crianças. Analisa elementos linguísticos e metafóricos nos livros que criam identificação com os leitores e motivam a leitura. Também examina como a série representa a metáfora do poder por meio das relações entre personagens.
Interdisciplinaridade, uma pesquisa envolvendo educação e ensino de artes, br...pibiduergsmontenegro
Este documento discute a interdisciplinaridade no ensino das artes. Apresenta definições de interdisciplinaridade na educação segundo autores como Japiassu, Fazenda e Lück. Também discute como a interdisciplinaridade pode contribuir para processos pedagógicos nas artes e superar uma visão fragmentada do conhecimento.
1) O texto discute a conversão de Constantino ao cristianismo no século IV e o posterior estabelecimento do cristianismo como religião oficial do Império Romano no século V, perseguindo outras religiões pagãs.
2) A história contribui para entender a linha contínua da história da humanidade desde a criação até a vinda do Reino de Deus, incluindo a ressurreição de Cristo.
3) A memória histórica é caracterizada por se encontrar em fontes como livros, documentos e monumentos que forne
Este documento discute a expansão da metodologia de cultura material escolar para cultura material educativa mais ampla. Apoia-se em Michel Foucault para entender que pesquisas em documentos requerem novas abordagens metodológicas. Também apresenta exemplos de como esta nova perspectiva impactou pesquisas sobre educação no passado.
O documento discute a alfabetização no ambiente rural brasileiro segundo dados do Censo de 2000. Ele afirma que muitos estudantes entre 10-14 anos ainda não estavam alfabetizados e que aproximadamente 59% dos alunos chegaram ao 5o ano sem desenvolver habilidades básicas de leitura.
Este documento é uma dissertação de mestrado que analisa a construção de sentidos na escrita de pessoas surdas. A dissertação discute a importância da linguagem escrita na educação de surdos no contexto escolar, focando nos aspectos coesivos de suas produções escritas e na relação de sentidos contida nos enunciados. A pesquisa analisa oito redações de surdos entre 16-21 anos para observar os aspectos coesivos e o sentido da produção textual. Os resultados mostram a interferência do português nas redações e a con
1) O documento propõe um projeto interdisciplinar de leitura analisando um texto jornalístico e integrando diferentes disciplinas para ajudar os alunos a compreenderem melhor o texto.
2) O projeto visa desenvolver conteúdos de Português, Matemática, História, Ciências e Artes com base em uma leitura comum para mostrar como um mesmo texto pode ser explorado em diferentes disciplinas.
3) O documento defende que a leitura deve ser ensinada de forma interdisciplinar e contextualizada para despertar o interesse dos alun
Saul, ana maria paulo freire e a formacao de educadoresmarcaocampos
1) O documento apresenta resumos de vários artigos sobre o pensamento pedagógico de Paulo Freire, discutindo seus referenciais teóricos e práticas de formação docente.
2) Freire coloca uma abordagem existencialista na raiz de seu pensamento, influenciado pela experiência da fome em sua juventude. Sua empatia com os trabalhadores o levou à leitura de Marx e outros pensadores.
3) Para Freire, a educação deve possibilitar a passagem da consciência ingênua para a consciência
Este documento é uma entrevista com o historiador Durval Muniz de Albuquerque Jr. sobre sua trajetória acadêmica e suas perspectivas teóricas. Ele descreve sua formação inicial marcada por leituras marxistas e sua aproximação posterior com autores como Foucault e Thompson. Albuquerque critica a divisão entre racionalistas e irracionalistas, defendendo uma perspectiva que supere dicotomias e veja as relações entre diferentes correntes teóricas.
Freire, paulo a sombra desta mangueiramarcaocampos
Este livro apresenta as visões de mundo e valores defendidos por Paulo Freire. Ele discute conceitos como solidariedade humana, diálogo, esperança e educação progressista. Critica posições neoliberais e defende maior participação popular na política brasileira por meio de organização, liderança democrática e mobilização. A educação deve formar cidadãos capazes de questionar e transformar criticamente a realidade.
O documento discute o conceito de literacia e como ele evoluiu para incluir mais do que apenas habilidades de leitura e escrita. Literacia agora se refere à capacidade de usar essas habilidades para atender às demandas da sociedade. Vários estudos mostram altas taxas de analfabetismo funcional em Portugal, com apenas metade dos estudantes atingindo o nível mínimo de competência em leitura. Há uma necessidade urgente de melhorar a literacia no país.
Reflexões Sobre Experiências de Leitura e Algumas Contribuições do Mito de Do...Atena Editora
1. O documento discute experiências de leitura de jovens e contribuições do mito de Don Juan.
2. A autora propõe o perfil "donjuanesco" para caracterizar leituras interrompidas, desejo de ler, mas dificuldade com paciência e solidão exigidas.
3. Ela agora pretende dar continuidade à pesquisa anterior, discutindo formação de leitores e questões sobre o que realmente se busca na educação.
Letramento leitura da palavra e leitura do mundoDafianaCarlos
Este documento resume um livro sobre o estudo do letramento no Brasil a partir dos resultados da pesquisa INAF 2001. O livro discute as desigualdades sociais e educacionais reveladas pela pesquisa e suas implicações políticas. Vários autores analisam tópicos como as políticas de leitura, a relação entre letramento e educação, e como fatores sociais influenciam o desenvolvimento do letramento entre diferentes grupos.
O erotismo com representação da transgressão a afirmação da mulher contemporâ...UNEB
Este capítulo descreve a história da mulher na sociedade brasileira, desde a repressão patriarcal até as lutas e conquistas femininas. Inicialmente, discute-se como as mulheres viviam sob um regime de submissão e passividade, onde a ideologia falocêntrica as definia e controlava. Em seguida, aborda-se a reação feminina em busca de espaço e igualdade, culminando na conquista do direito à voz e à escrita, possibilitando a independência e afirmação das mulheres.
O documento discute a evolução da abordagem do ensino de texto nas escolas e propõe uma nova concepção de texto. Resume: 1) Tradicionalmente, o foco era no significado literal do texto e na transmissão de conteúdo, mas isso não desenvolvia habilidades interpretativas; 2) Teorias modernas veem o texto como um ato comunicativo complexo, não como um produto com sentido fixo; 3) Isso requer ensinar estratégias linguísticas e discursivas usadas para produzir sentidos, em vez de apenas transmitir informações
ARTE, VIDA E FORMAÇÃO HUMANA: CONCEITOS INSTIGANTES EM LEV VYGOSTSKYLOCIMAR MASSALAI
Tive como intenção primeira ao escrever este texto, ler Vygostsky por ele mesmo. Instigado pela exigência da produção de um texto, fiquei imaginando o que poderia escrever que pudesse aprofundar meus conhecimentos sobre a Psicologia Histórico-Cultural, tanto a partir das instigações da Experiência Missionária na Universidade Estadual de Maringá, como também pela necessidade de aprofundar as bases teóricas que necessito para responder os questionamentos que recebo enquanto pedagogo na escola onde atuo. Questionamentos feitos pelas professoras em suas práticas pedagógicas às voltas com o ensino da arte e em contrapartida, de minha defesa da necessidade de que este componente curricular seja ensinado de forma mais consistente, que não aquela das velhas práticas de desenhos livres, artesanatos e confecção de cestos de lixo para a escola. Toda esta necessidade de aprofundamento teve seu ápice com as provocações do Mestrado em Psicologia que comecei a fazer em agosto de 2011.
A interação autor aluno no livro didáticoAntonio Silva
Esta dissertação analisa como a interação entre autor e aluno é representada em livros didáticos por meio da presença ou ausência de traços de oralidade. A pesquisa descreve esses traços em um conjunto de livros didáticos e discute como eles afetam a qualidade da comunicação entre esses atores.
Este documento apresenta uma pesquisa sobre as concepções e práticas pedagógicas de leitura na Educação de Jovens e Adultos em uma escola pública em Cuiabá, MT. A pesquisa objetiva entender os diferentes modos de leitura dos alunos e refletir sobre o ensino e aprendizagem da leitura. Os dados preliminares indicam que a leitura ocupa lugar de destaque na sala de aula por meio de variedade de gêneros textuais e instiga elementos de construção do texto.
Paulo Freire e educação mediada: inspiraçõesLucila Pesce
O documento discute a contribuição de Paulo Freire para o empoderamento e interação dialógica. Apresenta os conceitos freireanos de diálogo crítico, constituição mútua dos sujeitos sociais e educação como processo de libertação. Argumenta que os memes, quando usados criticamente, podem favorecer a autonomia dos estudantes e os princípios da pedagogia freireana.
O documento discute novas tecnologias para o ensino da matemática. Ele descreve as teorias pedagógicas modernas e como a visão pós-moderna enfatiza experiências individuais. Também discute como o desenvolvimento cognitivo e uma nova linguagem podem melhorar a educação.
O documento discute novas tecnologias para o ensino da matemática. Aborda teorias pedagógicas modernas e como as tecnologias podem ser usadas na educação de acordo com a teoria da cibercultura. Também analisa como o desenvolvimento cognitivo dos alunos pode interagir com o uso de novas linguagens e ferramentas tecnológicas no aprendizado.
Educação e vivências interculturais: contribuições dos círculos de cultura em...revistas - UEPG
Este artigo apresenta resultados parciais de um trabalho coletivo que articula ações de pesquisa e extensão adotando Círculos de Cultura como princípio pedagógico e epistemológico. O estudo aproximou a Pedagogia Libertadora de Paulo Freire e o Programa de Transformação Intercultural da Filosofia de Raúl Fornet-Betancourt, tendo como questão convergências entre interculturalidade e dialogicidade na construção de “inéditos viáveis”. Círculos de Cultura se apresentam com potencial para contribui
Este documento discute as concepções pedagógicas de Paulo Freire através de quatro autores. Gadotti destaca quatro intuições freireanas: enfatizar condições do conhecimento, metodologia significativa, projeto político-pedagógico libertador e educação como diálogo. Apple analisa como Freire e currículos antirracistas podem promover emancipação. Trindade valoriza o homem como sujeito histórico e o questionamento no ensino-aprendizado. Linhares relembra a alfabetização de
Este documento discute a interdisciplinaridade na educação à luz do paradigma da intersubjetividade linguística. Primeiramente, apresenta diferentes níveis de significado do termo interdisciplinaridade e a dificuldade em definí-lo. Em seguida, descreve os objetivos gerais e específicos da pesquisa, que são refletir concepções epistemológicas ancoradas na linguagem para pensar as relações entre interdisciplinaridade e educação. Por fim, apresenta o referencial teórico, discutindo a visão hermenê
A produtividade escola_improdutiva _breve_reflexao_ideias_de gaudencio_frigot...quevin Costner Esef
1. O artigo descreve o livro "A Produtividade da Escola Improdutiva" de Gaudêncio Frigotto e como ele analisa o atual patamar da educação no Brasil sob a lógica capitalista.
2. Frigotto argumenta que a Teoria do Capital Humano foi formulada para justificar as contradições do sistema capitalista e manter as relações de desigualdade.
3. Ele também critica a visão tecnicista da educação que reduz o processo de ensino-aprendizagem e vê a escola, professores
Este documento é uma dissertação de mestrado que analisa a construção de sentidos na escrita de pessoas surdas. A dissertação discute a importância da linguagem escrita na educação de surdos no contexto escolar, focando nos aspectos coesivos de suas produções escritas e na relação de sentidos contida nos enunciados. A pesquisa analisa oito redações de surdos entre 16-21 anos para observar os aspectos coesivos e o sentido da produção textual. Os resultados mostram a interferência do português nas redações e a con
1) O documento propõe um projeto interdisciplinar de leitura analisando um texto jornalístico e integrando diferentes disciplinas para ajudar os alunos a compreenderem melhor o texto.
2) O projeto visa desenvolver conteúdos de Português, Matemática, História, Ciências e Artes com base em uma leitura comum para mostrar como um mesmo texto pode ser explorado em diferentes disciplinas.
3) O documento defende que a leitura deve ser ensinada de forma interdisciplinar e contextualizada para despertar o interesse dos alun
Saul, ana maria paulo freire e a formacao de educadoresmarcaocampos
1) O documento apresenta resumos de vários artigos sobre o pensamento pedagógico de Paulo Freire, discutindo seus referenciais teóricos e práticas de formação docente.
2) Freire coloca uma abordagem existencialista na raiz de seu pensamento, influenciado pela experiência da fome em sua juventude. Sua empatia com os trabalhadores o levou à leitura de Marx e outros pensadores.
3) Para Freire, a educação deve possibilitar a passagem da consciência ingênua para a consciência
Este documento é uma entrevista com o historiador Durval Muniz de Albuquerque Jr. sobre sua trajetória acadêmica e suas perspectivas teóricas. Ele descreve sua formação inicial marcada por leituras marxistas e sua aproximação posterior com autores como Foucault e Thompson. Albuquerque critica a divisão entre racionalistas e irracionalistas, defendendo uma perspectiva que supere dicotomias e veja as relações entre diferentes correntes teóricas.
Freire, paulo a sombra desta mangueiramarcaocampos
Este livro apresenta as visões de mundo e valores defendidos por Paulo Freire. Ele discute conceitos como solidariedade humana, diálogo, esperança e educação progressista. Critica posições neoliberais e defende maior participação popular na política brasileira por meio de organização, liderança democrática e mobilização. A educação deve formar cidadãos capazes de questionar e transformar criticamente a realidade.
O documento discute o conceito de literacia e como ele evoluiu para incluir mais do que apenas habilidades de leitura e escrita. Literacia agora se refere à capacidade de usar essas habilidades para atender às demandas da sociedade. Vários estudos mostram altas taxas de analfabetismo funcional em Portugal, com apenas metade dos estudantes atingindo o nível mínimo de competência em leitura. Há uma necessidade urgente de melhorar a literacia no país.
Reflexões Sobre Experiências de Leitura e Algumas Contribuições do Mito de Do...Atena Editora
1. O documento discute experiências de leitura de jovens e contribuições do mito de Don Juan.
2. A autora propõe o perfil "donjuanesco" para caracterizar leituras interrompidas, desejo de ler, mas dificuldade com paciência e solidão exigidas.
3. Ela agora pretende dar continuidade à pesquisa anterior, discutindo formação de leitores e questões sobre o que realmente se busca na educação.
Letramento leitura da palavra e leitura do mundoDafianaCarlos
Este documento resume um livro sobre o estudo do letramento no Brasil a partir dos resultados da pesquisa INAF 2001. O livro discute as desigualdades sociais e educacionais reveladas pela pesquisa e suas implicações políticas. Vários autores analisam tópicos como as políticas de leitura, a relação entre letramento e educação, e como fatores sociais influenciam o desenvolvimento do letramento entre diferentes grupos.
O erotismo com representação da transgressão a afirmação da mulher contemporâ...UNEB
Este capítulo descreve a história da mulher na sociedade brasileira, desde a repressão patriarcal até as lutas e conquistas femininas. Inicialmente, discute-se como as mulheres viviam sob um regime de submissão e passividade, onde a ideologia falocêntrica as definia e controlava. Em seguida, aborda-se a reação feminina em busca de espaço e igualdade, culminando na conquista do direito à voz e à escrita, possibilitando a independência e afirmação das mulheres.
O documento discute a evolução da abordagem do ensino de texto nas escolas e propõe uma nova concepção de texto. Resume: 1) Tradicionalmente, o foco era no significado literal do texto e na transmissão de conteúdo, mas isso não desenvolvia habilidades interpretativas; 2) Teorias modernas veem o texto como um ato comunicativo complexo, não como um produto com sentido fixo; 3) Isso requer ensinar estratégias linguísticas e discursivas usadas para produzir sentidos, em vez de apenas transmitir informações
ARTE, VIDA E FORMAÇÃO HUMANA: CONCEITOS INSTIGANTES EM LEV VYGOSTSKYLOCIMAR MASSALAI
Tive como intenção primeira ao escrever este texto, ler Vygostsky por ele mesmo. Instigado pela exigência da produção de um texto, fiquei imaginando o que poderia escrever que pudesse aprofundar meus conhecimentos sobre a Psicologia Histórico-Cultural, tanto a partir das instigações da Experiência Missionária na Universidade Estadual de Maringá, como também pela necessidade de aprofundar as bases teóricas que necessito para responder os questionamentos que recebo enquanto pedagogo na escola onde atuo. Questionamentos feitos pelas professoras em suas práticas pedagógicas às voltas com o ensino da arte e em contrapartida, de minha defesa da necessidade de que este componente curricular seja ensinado de forma mais consistente, que não aquela das velhas práticas de desenhos livres, artesanatos e confecção de cestos de lixo para a escola. Toda esta necessidade de aprofundamento teve seu ápice com as provocações do Mestrado em Psicologia que comecei a fazer em agosto de 2011.
A interação autor aluno no livro didáticoAntonio Silva
Esta dissertação analisa como a interação entre autor e aluno é representada em livros didáticos por meio da presença ou ausência de traços de oralidade. A pesquisa descreve esses traços em um conjunto de livros didáticos e discute como eles afetam a qualidade da comunicação entre esses atores.
Este documento apresenta uma pesquisa sobre as concepções e práticas pedagógicas de leitura na Educação de Jovens e Adultos em uma escola pública em Cuiabá, MT. A pesquisa objetiva entender os diferentes modos de leitura dos alunos e refletir sobre o ensino e aprendizagem da leitura. Os dados preliminares indicam que a leitura ocupa lugar de destaque na sala de aula por meio de variedade de gêneros textuais e instiga elementos de construção do texto.
Paulo Freire e educação mediada: inspiraçõesLucila Pesce
O documento discute a contribuição de Paulo Freire para o empoderamento e interação dialógica. Apresenta os conceitos freireanos de diálogo crítico, constituição mútua dos sujeitos sociais e educação como processo de libertação. Argumenta que os memes, quando usados criticamente, podem favorecer a autonomia dos estudantes e os princípios da pedagogia freireana.
O documento discute novas tecnologias para o ensino da matemática. Ele descreve as teorias pedagógicas modernas e como a visão pós-moderna enfatiza experiências individuais. Também discute como o desenvolvimento cognitivo e uma nova linguagem podem melhorar a educação.
O documento discute novas tecnologias para o ensino da matemática. Aborda teorias pedagógicas modernas e como as tecnologias podem ser usadas na educação de acordo com a teoria da cibercultura. Também analisa como o desenvolvimento cognitivo dos alunos pode interagir com o uso de novas linguagens e ferramentas tecnológicas no aprendizado.
Educação e vivências interculturais: contribuições dos círculos de cultura em...revistas - UEPG
Este artigo apresenta resultados parciais de um trabalho coletivo que articula ações de pesquisa e extensão adotando Círculos de Cultura como princípio pedagógico e epistemológico. O estudo aproximou a Pedagogia Libertadora de Paulo Freire e o Programa de Transformação Intercultural da Filosofia de Raúl Fornet-Betancourt, tendo como questão convergências entre interculturalidade e dialogicidade na construção de “inéditos viáveis”. Círculos de Cultura se apresentam com potencial para contribui
Este documento discute as concepções pedagógicas de Paulo Freire através de quatro autores. Gadotti destaca quatro intuições freireanas: enfatizar condições do conhecimento, metodologia significativa, projeto político-pedagógico libertador e educação como diálogo. Apple analisa como Freire e currículos antirracistas podem promover emancipação. Trindade valoriza o homem como sujeito histórico e o questionamento no ensino-aprendizado. Linhares relembra a alfabetização de
Este documento discute a interdisciplinaridade na educação à luz do paradigma da intersubjetividade linguística. Primeiramente, apresenta diferentes níveis de significado do termo interdisciplinaridade e a dificuldade em definí-lo. Em seguida, descreve os objetivos gerais e específicos da pesquisa, que são refletir concepções epistemológicas ancoradas na linguagem para pensar as relações entre interdisciplinaridade e educação. Por fim, apresenta o referencial teórico, discutindo a visão hermenê
A produtividade escola_improdutiva _breve_reflexao_ideias_de gaudencio_frigot...quevin Costner Esef
1. O artigo descreve o livro "A Produtividade da Escola Improdutiva" de Gaudêncio Frigotto e como ele analisa o atual patamar da educação no Brasil sob a lógica capitalista.
2. Frigotto argumenta que a Teoria do Capital Humano foi formulada para justificar as contradições do sistema capitalista e manter as relações de desigualdade.
3. Ele também critica a visão tecnicista da educação que reduz o processo de ensino-aprendizagem e vê a escola, professores
Este documento analisa como o discurso construtivista influenciou a formação de professores no Brasil. A autora descreve como o construtivismo substituiu métodos anteriores de alfabetização ao se apresentar como mais científico e eficaz, desvalorizando os métodos tradicionais. A autora também analisa um texto que promove o método construtivista, destacando como ele representa evolução em relação aos métodos anteriores.
Paradigmas, práticas educativas e perfil do professorAndréa Kochhann
O documento discute como os paradigmas educacionais influenciam a formação da identidade do professor, citando Cortella, Moraes, Demo e Freire. Moraes descreve a transição de paradigmas no século XX. Demo diz que o professor do futuro somos nós e deve pensar de forma interdisciplinar. Freire defende que ensinar não é transferir conhecimento, mas uma especificidade humana.
Transdisciplinaridade no Curso Intercultural da UFGZara Hoffmann
1. O documento discute os conceitos de transdisciplinaridade e interdisciplinaridade no contexto da Licenciatura Intercultural Indígena da UFG.
2. A licenciatura busca articular saberes acadêmicos e não-acadêmicos (saberes tradicionais), de forma transdisciplinar e intercultural.
3. O currículo é construído de forma coletiva com professores e lideranças indígenas, respeitando as diferenças culturais e propiciando uma formação que permita o diálogo entre culturas.
Este documento discute teorias sociocríticas e como elas se relacionam com o uso de tecnologias de informação na educação. Apresenta teorias como a currículo crítica, histórico-cultural, sócio-cognitiva e ação comunicativa, que enfatizam fatores sociais e culturais no desenvolvimento do conhecimento. Conclui que as ferramentas virtuais podem apoiar essas teorias ao ampliar os espaços educacionais de acordo com as experiências dos alunos.
Este documento discute teorias sociocríticas e como elas se relacionam com o uso de tecnologias de informação na educação. Apresenta várias teorias como a teoria currícular crítica, a teoria histórico-cultural e a teoria da ação comunicativa. Conclui que o universo cibernético se encaixa bem nas teorias sociocríticas e que as novas tecnologias podem ampliar o espaço educacional colocando o aluno no centro do processo de aprendizagem.
O documento discute a importância do texto de divulgação científica na formação do aluno adolescente. Aponta que tradicionalmente a leitura científica é ensinada apenas em Português, sem considerar seu uso e função social. Defende que todos os professores devem trabalhar os aspectos linguísticos deste gênero para que os alunos possam compreender conceitos científicos.
1) O documento discute desenhos didáticos dialógicos para cursos online, com base nos pensamentos de Bakhtin, Habermas e Freire.
2) Defende que os cursos online devem promover a racionalidade comunicativa, partindo das demandas dos alunos e estimulando o diálogo.
3) Argumenta que os cursos devem evitar a racionalidade instrumental e a perspectiva funcionalista, valorizando a interação entre alunos e professores.
O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúderegianesobrinho
1) O livro discute pesquisa qualitativa em saúde, abordando conceitos, correntes de pensamento e métodos.
2) A autora analisa positivismo, sociologia compreensiva, marxismo e pensamento sistêmico, defendendo uma abordagem que una objetividade e subjetividade.
3) O livro fornece detalhes sobre técnicas de pesquisa qualitativa como observação, entrevistas e análise de dados, visando ajudar pesquisadores a compreender e aplicar melhor esses métodos.
Este artigo analisa como Vigotski e Paulo Freire contribuem para a compreensão da autonomia docente. Ambos os autores compartilham da mesma base epistemológica do materialismo histórico-dialético e defendem que o sujeito se desenvolve de forma autônoma através da interação social e da internalização da cultura. Vigotski relaciona a autonomia com a autorregulação, enquanto Freire a vê como essencial para a educação libertadora e a formação do cidadão crítico.
A necessidade de práticas interdisciplinares problematizando a interdiscipl...Everaldo Gomes
(1) O documento discute a necessidade de práticas interdisciplinares na educação a partir de uma perspectiva marxista, questionando os motivos pelos quais a fragmentação do conhecimento tornou necessárias tais práticas. (2) Apresenta como a divisão social do trabalho levou à separação entre trabalho intelectual e manual, contribuindo para a fragmentação do saber. (3) Conclui que as práticas interdisciplinares não devem tratar a fragmentação como natural, mas questionar como ela auxilia na exploração e como pode ser superada.
O documento apresenta as principais teorias sociocríticas e como elas podem ser aplicadas no contexto educacional com o apoio das tecnologias de informação e comunicação. As teorias discutidas incluem a teoria curricular crítica, a teoria histórico-cultural, a teoria sócio-cognitiva e a teoria da ação comunicativa. A conclusão argumenta que o universo cibernético se encaixa nas abordagens sociocríticas e permite ampliar o espaço educacional com o apoio de ferramentas virtuais
O documento discute a interdisciplinaridade no âmbito educacional. Aborda conceitos como pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Aponta que a interdisciplinaridade busca integrar disciplinas de forma a responder problemas de forma mais ampla, ao passo que a pluridisciplinaridade mantém cada disciplina separada. Também reflete sobre a importância da interdisciplinaridade na obra de Paulo Freire.
Semelhante a O pensamento de Paulo Freire expresso na obra Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos (20)
Este livro analisa os Campos de Experiência educativos da Itália como uma possibilidade para repensar o currículo da educação infantil brasileira. Traz as contribuições das Indicações Nacionais Curriculares italianas de 2012 para construir um currículo próprio para a infância sem perder a especificidade da pequena infância. Discute a importância de considerar a experiência da criança fora da escola e um currículo emergente que valorize a descoberta e a invenção.
Acessibilidade arquitetônica, deficiência física e o direito à educaçãorevistas - UEPG
Este documento analisa a acessibilidade arquitetônica em quatro escolas municipais de Pinhais, Paraná, sob a perspectiva do direito à educação de qualidade. A pesquisa utilizou um questionário com 122 itens para avaliar os espaços das escolas e entrevistas com as diretoras. Os resultados mostraram que as escolas não cumprem plenamente as normas de acessibilidade, mantendo desigualdades. É necessário adaptar os espaços e ampliar as políticas de inclusão.
Relatos docentes de práticas educativas para inclusão na pandemia: experiênci...revistas - UEPG
Este documento relata as experiências de professores da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro durante a pandemia de COVID-19 para a inclusão de estudantes com deficiência. O documento destaca as potencialidades, como as múltiplas inventividades docentes mediadas por tecnologias digitais, e as despotencialidades, como o aprofundamento da precarização do trabalho docente e a ausência de formação continuada e políticas públicas de inclusão durante a pandemia.
16206 texto do artigo-209209235810-1-10-20210605revistas - UEPG
Este documento discute como a pandemia de COVID-19 exacerbou a desigualdade social e a precarização do corpo, levando a uma maior dependência da educação das tecnologias digitais. Filósofos argumentam que isso pode levar a um estado de exceção permanente e à perda da presença física no ensino. Contudo, defendem que a solidariedade pode resistir a essa tendência e garantir que haja corpo na educação, especialmente nas periferias.
16184 texto do artigo-209209235809-1-10-20210605revistas - UEPG
O documento discute as experiências de professoras da educação infantil durante o distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19. As professoras repensaram suas práticas para apoiar as crianças e famílias, desenvolvendo o projeto "Acolhimento e Exploração do Mundo na Infância" para ser realizado em casa. O projeto busca promover atividades que articulem as experiências das crianças com conhecimentos culturais, respeitando as diretrizes da educação infantil.
16129 texto do artigo-209209235814-1-10-20210605revistas - UEPG
Este documento presenta una primera lectura del impacto de la pandemia de COVID-19 en el sistema educativo de Argentina. En primer lugar, describe la situación del sistema educativo argentino antes de la pandemia y las transformaciones que estaba experimentando. Luego, analiza cómo la suspensión de clases presenciales debido a la pandemia obligó a los actores educativos a tomar decisiones para mantener la continuidad pedagógica a través de medios no presenciales. Finalmente, presenta un primer acercamiento al uso de tecnologías digitales en los
16180 texto do artigo-209209235805-1-10-20210605revistas - UEPG
Este artigo discute como a cultura escolar "sobrevive" durante a pandemia da COVID-19, quando as aulas foram transferidas para os lares dos estudantes. A pesquisa investiga como os dispositivos didáticos da cultura escolar continuam ativos mesmo à distância e mostra o fortalecimento do papel do educador em superar as condições adversas e manter a presença na vida escolar dos alunos. Os professores percebem que a cultura escolar resiste por meio de atividades remotas, apesar das dificuldades do ens
16145 texto do artigo-209209235804-1-10-20210605revistas - UEPG
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1. O documento discute a importância da articulação entre teoria e prática no estágio de formação de professores da educação infantil.
2. Defende que o estágio deve ter um caráter investigativo e reflexivo para promover a construção da identidade docente dos estudantes.
3. Conclui que o profissional da educação infantil precisa ter um olhar consciente sobre seu papel transformador e agir com responsabilidade pelas crianças.
1) O documento discute as experiências de estágio na educação infantil de cinco estudantes do curso de pedagogia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
2) Analisou-se cinco memoriais formativos dos estudantes sobre suas experiências no estágio.
3) O estágio na educação infantil é importante para a formação dos futuros professores, permitindo reflexões sobre concepções de infância e práticas pedagógicas nesta etapa.
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O pensamento de Paulo Freire expresso na obra Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos
1. Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
Disponível em <https://revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor>
1
ISSN Eletrônico: 1984-0187
ISSN Impresso: 1518-5648
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O pensamento de Paulo Freire expresso na obra Pedagogia da
Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos
Paulo Freire's thought expressed in the work Pedagogia da
Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos
El pensamiento de Paulo Freire expresado en la obra Pedagogia da
Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos
Amancio Leandro Corrêa Pimentel1
https://orcid.org/0000-0001-6237-2617
Antônia Solange Pinheiro Xerez2
https://orcid.org/0000.0001-6479-651X
Francisco Mirtiel Frankson Moura Castro3
https://orcid.org/0000-0002-8685-9857
Resumo: Por intermédio da análise e reflexão da obra Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos,
de Paulo Freire, o estudo propõe-se discutir, em caráter introdutório, sobre assuntos vigentes e pertinentes na
realidade brasileira, como formação de consciência democrática e ética, ante discursos antidemocráticos e da
subordinação à “ética” do mercado; história como possibilidade, em contraposição a história como
determinismo; e a necessária leitura e uso críticos da tecnologia e meios de comunicação ante a globalização
neoliberal atrelada aos seus discursos ideológicos. A abordagem deste estudo é de natureza qualitativa,
fundamentada em pesquisa bibliográfica, dando destaque ao livro supracitado, sem omitir, contudo, seu diálogo
1
Mestre em Educação e Ensino pelo Mestrado Acadêmico Intercampi em Educação e Ensino (MAIE) da
Universidade Estadual do Ceará (UECE). Especialista em Gestão Escolar pela Universidade Regional do Cariri
(URCA) e graduado em Pedagogia (URCA). Professor efetivo da Educação Básica pela Secretaria Municipal de
Educação, Crato-CE. Professor do Ensino Superior pelo Plano Nacional de Formação de Professores (PARFOR-
URCA). E-mail: pimentelalc@gmail.com
2
Pós-Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutora em Educação pela Universidade
Nove de Julho (UNINOVE). Professora do curso de Pedagogia do Centro de Educação da UECE e do Mestrado
Acadêmico Intercampi de Educação e Ensino MAIE/UECE. E-mail: antonia.xerez@uece.br
3
Pós-Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutor em Educação pela Universidade
Estadual do Ceará (UECE). Professor do curso de Licenciatura em Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação
em Educação da UECE. E-mail: mirtielfrankson@gmail.com
https://doi.org/10.5212/OlharProfr.v.24.16723.013
2. O pensamento de Paulo Freire expresso na obra Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
Disponível em <https://revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor>
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e coerência com os escritos de Freire no decurso de sua obra. Depreende-se nestes escritos de Freire
provocação à indispensável leitura da realidade e seus temas vigentes, complexos, em sua relação com os
conteúdos curriculares como imprescindíveis à inserção na história na qualidade de presença ativa.
Palavras-chave: Paulo Freire. Pedagogia da Indignação. Mudança da realidade.
Abstract: Through of the analysis of the work Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos, by
Paulo Freire, the study propose to discuss, on an introdutory basis, on current and pertinente issues in the
Brazilian reality, such as the formation of democratic and ethnical conscience, before anti-democratics speeches
and the subordination to the “ethics” of the Market; the history as a possibility, in contrast to a history
determinism; and the necessary critical reading and use of the technology and means of communication in the
face of neoliberal globalization linked to their ideological discourses. The approach of this study is of a qualitative
nature, based on bibliographic research, highlighting the book mentioned above, without omitting, however, its
dialogue and coherence with Freire's writings in the course of his work. Freire's writings provoke the
indispensable reading of reality and its current, complex themes, in their relationship with the curricular contents,
as essential to the insertion in history as an active presence.
Keywords: Paulo Freire. Pedagofy of indignation. Reality change.
Resumen: Por el intermedio del análisis y reflexión de la obra Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e
outros escritos, de Paulo Freire, el estudio se propone a discutir, en carácter inicial, temas vigentes y pertinentes
en la realidad brasileña, como formación de consciencia democrática y ética, ante discursos antidemocráticos y
de la subordinación a la “ética” del mercado; historia como posibilidad, en contraposición a historia como
determinismo; y a necesaria lectura y uso críticos de la tecnología y medios de comunicación frente a globalización
neoliberal unida a sus discursos ideológicos. El abordaje de este estudio tiene naturaleza cualitativa, con
fundamentación en investigación bibliográfica, con el enfoque en el libro supra citado, sin omitir, sin embargo, su
diálogo y coherencia con los escritos de Freire en el decurso de su obra. Se deduce en estos escritos de Freire
provocación a la indispensable lectura de la realidad y sus temas vigentes, complejos, en su relación con los
contenidos curriculares como imprescindibles a la inserción en la historia en la calidad de presencia activa.
Palabras-clave: Paulo Freire. Pedagogía de la indignación. Cambio en la realidad.
Introdução
A desproblematização do futuro, não importa em nome de que,
é uma ruptura com a natureza humana, social e historicamente
construindo-se. O futuro não nos faz. Nós é que nos refazemos
na luta para fazê-lo.
(Paulo Freire, 2015, p. 65).
A obra de Paulo Freire sempre esteve – usando seus termos – “molhada” de uma percepção
problematizadora do mundo, da história, do futuro. Tal percepção, por sua vez, encontra base na
evidenciação do inacabamento humano que se estende à constituição da realidade. Freire não aceita a
percepção determinista de história que defende seu fim e, portanto, mera adaptação e passividade.
Ante essa premissa, o estudo que ora se relata intenciona pensar sobre essa atitude de Freire em seus
escritos, mais detidamente no livro póstumo Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos.
O livro de Paulo Freire sobre o qual nos debruçamos, tecendo reflexões, mesmo que em
caráter introdutório, é composto por nove textos divididos em duas partes. Na primeira parte – Cartas
pedagógicas – encontra-se os três últimos escritos de Freire, de janeiro e abril de 1997, e, na segunda
– Outros escritos – um texto de 1992 e cinco textos de 1996. Este livro foi organizado por Ana Maria
3. Amancio Leandro Corrêa Pimentel, Antônia Solange Pinheiro Xerez e Francisco Mirtiel Frankson Moura Castro
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
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Araújo Freire (esposa e viúva do mencionado autor), que teve o cuidado de escolher um nome para a
obra que expressa a relevância do teor dos textos, Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos.
A escolha dessa publicação para esta exposição se justifica na pertinência das análises de Freire
em relação a temas que hoje ainda fazem parte do cotidiano brasileiro, dentre os quais, se destaquem,
a formação de consciência democrática em dias de discursos notadamente antidemocráticos, a “ética”
de mercado em contraposição à ética universal do ser humano, a coisificação do humano,
neoliberalismo, história inacabada, abertura lúcida ao novo e outros. O interesse é de se de ter nesse
livro um meio de análise que denota potencial para estimular e subsidiar a busca por conhecimento da
realidade e dos temas vigentes em sua complexidade, bem como a necessidade de se assumir como
presença interventora na elaboração da história.
Assim, por meio da análise e reflexão do trabalho mencionado de Paulo Freire, o estudo
propõe-se discutir assuntos vigentes e pertinentes na realidade brasileira, como formação de
consciência democrática e ética ante discursos antidemocráticos e subordinação à “ética” do mercado;
história como possibilidade, em contraposição a história como determinismo; e a necessária leitura e
uso críticos da tecnologia e meios de comunicação perante a globalização neoliberal.
A abordagem deste ensaio é de natureza qualitativa uma vez que trabalha com o universo “[...]
dos significados, motivos, aspirações [...] o que corresponde a um espaço mais profundo das relações,
dos processos, dos fenômenos que não podem ser reduzidos a operacionalizações variáveis”
(DESLANDES et al., 1994, p. 21). Movidos pela necessidade de pensar a educação na relação
indicotomizável com a realidade mais abrangente constituída “[...] de objetos e fenômenos
organicamente ligados entre si [...] condicionando-se reciprocamente” (LAKATOS; MARCONI, 2003,
p. 101), transitamos no interior de uma opção teórico-metodológica dialética na medida em que, ao
modo do corpus teórico freireano, reconhecemos nas relações homens-mundo uma “[...]
inquebrantável solidariedade [...]” (FREIRE, 1980, p. 97) que “[...] leva à necessidade de avaliar uma
situação, um acontecimento, uma tarefa, uma coisa, do ponto de vista das condições que os
determinam e, assim, os explicam” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 101). Optamos pela pesquisa
bibliográfica, considerando a crítica textual externa e interna aos textos estudados (LAKATOS;
MARCONI, 2003), cuja intenção foi analisar e dar destaque especial a obra Pedagogia da indignação:
cartas pedagógicas e outros escritos. Com efeito, conquanto buscamos nos ater à referida obra,
evidenciou-se, todavia – nos processos de análise e interpretação – que as categorias e temas expressos
em Pedagogia da indignação dialogam e mantêm coerência com a obra de Freire (1980, 1981, 2011a,
2011b, 2014a) expressa ao correr de seus escritos que foram, por sua vez, reexaminados para o
presente texto.
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Na apresentação do livro sob comento, em sua segunda edição, com data de 11 de fevereiro
de 2000, publicada pela UNESP (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), aqui analisado
(2015), Ana Freire (conhecida como Nita), relata a profunda dor que foi, depois do falecimento de seu
marido, ler e pensar na publicação dos últimos escritos dele. Ela relata que “[...] era como se isso fosse
confirmar o fato consumado de sua ausência, tão doloroso quanto irreversível” (apud FREIRE, 2015,
p. 10). Com o passar do tempo, entretanto, e com a atenuação da dor expressa pelo falecimento de
Freire, considerou que sua publicação era importante, visto que tais escritos “[...] são fundamentais
para quem estuda a obra freiriana, tanto por nele estarem, de fato, suas últimas reflexões escritas como
pela importância e modo de abordagem dos temas tratados” (apud FREIRE, 2015, p. 11).
De acordo com Ana Freire, quando Paulo se propôs escrever o novo livro, a escolha do nome
já havia sido realizada e seria Cartas pedagógicas. Em razão, todavia, da pouca quantidade de páginas
deixadas, Ana Freire fez uma busca por textos ainda não publicados que – adicionados aos manuscritos
– vieram a ser editados no livro com o retro mencionado título. Na justificativa da escolha do título, a
autora argumenta que, “Como em todos estes textos escolhidos para compor este livro Paulo
demonstra a sua indignação, a sua legítima raiva e a sua generosidade de amar, resolvi que o título do
livro deveria corresponder a essa sua permanente atitude ante a vida [...]” (apud FREIRE, 2015, p. 13).
De fato, constata-se na leitura da obra, que Freire, até seus últimos escritos, manteve posição
antagônica à lógica perversa que rege e deturpa a “ética” e a “democracia” – pautadas pelo mercado –
presentes na sociedade. São textos de veemente denúncia e anúncio. Denúncia do império da lógica
mercadológica, que reduz as pessoas a coisas; que se alastra pelas relações interpessoais; que se
exprime como isento e neutro, “matando” o sonho, a esperança; e é anúncio da história como
inacabada, portanto, da história como possibilidade, da necessidade de formação de consciência
autenticamente democrática, da imprescindível importância de ascensão de valores assentes na ética
universal do ser humano – e não pela lógica do mercado – como fundamentais ao estabelecimento de
um mundo que respeite a vida em sua dimensão humana, animal e natural. Portanto, vemos um Freire
muito “vivo”, esperançoso, cheio de vigor e ânimo, conforme destaca o professor da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Balduíno A. Andreola, no prefácio cuja leitura integral recomendamos
e do qual vale destacar dois elementos que consideramos interessante a nossa proposição.
Em primeiro lugar, o mencionado ânimo e disposição, ante o mundo, que esteve em Freire até
o ultimo dia da sua vida. Andreola, como se estivesse respondendo a uma carta de Freire, diz que a
leitura dos referidos textos foi “[...] como a imersão numa imensa onda cósmica de ânimo, de
esperança e do sentimento de que vale a pena persistir na luta” (apud FREIRE, 2015, p. 18) e se refere
à perseverança de Freire como “perseverança perene” (apud FREIRE, 2015, p. 19). O livro, como um
todo, mostra essa disposição do “menino” que há em Paulo Freire, militante pela transformação da
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sociedade, evidenciando a necessidade de criação de um mundo autenticamente justo. Ele foi preso,
exilado, ficou anos fora do Brasil e, mesmo assim, na luta, em meio a necessidades diversas, manteve-
se animado e perseverante.
Outro elemento fundamental, pontuado pelo prefaciador, é que, na produção de Paulo Freire
sempre houve a ênfase na ideia de que precisamos de uma realidade diferente, que não seja marcada
pela ganância, pelo lucro, fundamentada no desamor. Portanto, para Freire, esse mundo precisa ser
reconstituído. E, entretanto, aqui está o destaque do autor do prefácio, pois é preciso que se vença
uma tendência da ideologia e do discurso dominante, que é a de estimular a retirada das pessoas, das
classes populares, do debate sobre ética, política, democracia e estabelecimento do mundo.
Paulo Freire anuncia que, para viabilizar outra realidade, é preciso que se anuncie,
concomitantemente, “[...] o direito das classes populares de participar dos debates em torno de um
projeto de mundo” (apud FREIRE, 2015, p. 25), ou seja, todos precisam participar de tal elaboração.
Portanto, a sociedade como um todo é convocada a debater sobre ética, acerca de relações e a
respeito de política, indo na contramão do modismo, ao dizer “que não tem mais sentido, na pós-
modernidade, falar as linguagens da ética e da política, superadas pelos ‘delírios’ da globalização e da
internet” (apud FREIRE, 2015, p. 23).
Com efeito, é preciso que a classe trabalhadora e oprimida esteja nesse debate e nessa
reconstituição, o que demonstra a tônica da pedagogia de Freire expressa em toda sua obra, desde
Educação como prática da liberdade (FREIRE, 1981), escrita em 1965, passando pela Pedagogia do
oprimido (FREIRE, 1980) ao lume em 1968 e demais livros, chegando aos seus últimos escritos em
1997, em um percurso de mais de três décadas de produção editorial.
Freire sempre se colocou como defensor da participação do povo, das classes populares, dos
esfarrapados do mundo, na captação dos temas vigentes dos momentos históricos para sua inserção
no pronunciamento do mundo, em diálogo autêntico (FREIRE, 1980) como condição imprescindível à
feitura de um mundo mais justo. Só partindo da perspectiva do oprimido, é possível a criação de uma
realidade menos violenta em sua estrutura. Daí de ser realizada a leitura do Prefácio.
Para a tessitura e reflexão proposta neste artigo, em vez de comentários separados sobre cada
um dos nove textos, optamos por organizar o ensaio em três blocos de temas principais, que se
depreendem da interpretação das ideias sob exame. São eles: Ética, democracia e educação; História,
formulação da realidade e educação; e Globalização, tecnologia e educação.
Embora tais temas se cruzem na obra como um todo, em torno das categorias mercado,
neoliberalismo, política e utopia, é notório o fato de que, em relação ao primeiro tema, constata-se maior
discussão na primeira carta – Do espírito deste livro – juntamente com a terceira carta – Do assassinato
de Galdino Jesus do Santos-índio Pataxó – e o texto – Descobrimento da América. Em relação ao segundo
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tema, temos uma prevalência na segunda carta – Do direito e do dever de mudar o mundo – e nos textos:
Alfabetização e miséria; Educação e esperança e Denúncia, anúncio, profecia, utopia e sonho. Finalmente, o
terceiro tema se vê mais nos textos Desafios da educação de adultos ante a nova reestruturação tecnológica
e A alfabetização em televisão. Enfatizemos, contudo, mais uma vez, esses assuntos estão no livro, todo
e a referida sistematização é adotada aqui, sobretudo, para fins de melhor compreensão da obra.
Ética, democracia e educação
No primeiro segmento – Do espírito deste livro – Freire (2015) começa pela reflexão acerca da
democracia e da formação de consciência democrática. Ele parte da seguinte premissa: a realidade
vigente se arrima numa “ética” e numa “democracia” de mercado. A rigor, ética e democracia não são
conceitos adequados ao mercado, porque ambos dizem respeito ao humano, partindo do humano, de
suas inter-relações e de seu comportamento perante o outro. Na coisificação (reificação) do humano,
no entanto, Freire se utiliza dessas expressões, “ética” e “democracia” de mercado para denunciar
processos de desumanização.
Portanto, enfatiza a noção de que, para a transformação do mundo, não se pode abster da luta
pelo estabelecimento de ética e da democracia que partam do humano e para o humano se voltem.
Urge, assim, a necessidade de agora, hoje, sempre, lutar por constituir uma autêntica consciência
democrática na sociedade, desde a infância e juventude. Freire diz:
Um dos meus sonhos ao escrever essas cartas pedagógicas – se não os tivesse não
haveria porque escrevê-las – é desafiar-nos, pais e mães, professores e professoras,
operários, estudantes, a refletir sobre o papel que temos, e a responsabilidade de
assumi-lo bem, na construção e no aperfeiçoamento da democracia entre nós. Não
de uma democracia que aprofunda as desigualdades, puramente convencional, que
fortifica o poder dos poderosos, que assisti de braços cruzados à aviltação e ao
destrato dos humildes e que acalenta a impunidade. (FREIRE, 2015, p. 54).
Ressaltemos que, para Freire (2015), transformações genuínas devem ocorrer em níveis
estrutural e superestrutural, subjetivo e objetivo. Portanto, a elaboração e o aperfeiçoamento da
democracia e da ética se posicionam como alguns dos muitos elementos imprescindíveis da
transformação da realidade. A fim de tratar da formação de consciência democrática, o autor lança
mão de vários conceitos, dentre os quais destacamos: liberdade, autoridade, escolha e decisão. Sem o
devido trabalho com esses conceitos, dificilmente se alcançará sucesso na formação de pessoas
autenticamente democráticas. Vejamos de modo breve estes termos a seguir.
Liberdade e autoridade são conceitos que facilmente se desdobram em extremos e distorções.
Por exemplo, a liberdade pode virar licenciosidade. Freire (2015, p. 37) expõe a noção de que “[...] é
preciso, inclusive, deixar claro, em discursos lúcidos, e em práticas democráticas, que a vontade só se
autentica na ação de sujeitos que assumem seus limites”, assim, “[...] a vontade ilimitada é a vontade
7. Amancio Leandro Corrêa Pimentel, Antônia Solange Pinheiro Xerez e Francisco Mirtiel Frankson Moura Castro
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despótica, negadora de outras vontades e, rigorosamente, de si mesma” (FREIRE, 2015, p. 37),
liberdade que distorcida em licenciosidade se transforma contraditoriamente em “tirania da liberdade”
(FREIRE, 2015, p. 37).
A distorção da autoridade, por sua vez, o autoritarismo, que se fundamenta na crença de que
determinados princípios e valores são superiores aos do outro, impondo, portanto, vontades e ideias
e castrando vozes, visões e discursos diferentes - opera violência e invasão. Assim, a “[...] tirania, a da
autoridade, em que as crianças caladas, cabisbaixas, ‘bem-comportadas’, submissas nada podem”
(FREIRE, 2015, p. 39) é um tema relevante para o autor. Liberdade e autoridade, sendo experimentadas
em equilíbrio, verificam-se não antagônicas uma da outra e somente dentro dessa tensão, autêntica e
equilibrada, se pode falar em decisão, escolha e, portanto, em formação de consciência democrática.
Os conceitos de escolha e decisão, a seu turno, são fundamentais na percepção equilibrada da
tensão autoridade-liberdade. Vale lembrar que na vida sempre se colocará a necessidade de escolher
e decidir sobre algo, desde aspectos pequenos a grandes. “Qual desenho que eu assisto? ” Que música?
“Qual é a luta que eu vou travar? ” “Qual é o tipo de pessoa quero para fazer parte da minha vida? ”
“Quais são os governantes que queremos que governem o nosso país? ” Não tem como fugir de ter
que escolher e decidir. Não há neutralidade! A não escolha é uma escolha.
Com efeito, Paulo Freire (2015), portanto, evidencia que, para trabalhar esses quatro
conceitos, ao menos duas dimensões são necessárias. Primeiro, o bom testemunho dos adultos, dos
professores, dos pais, mães, das professoras, ou seja, testemunho do compromisso com a educação,
com a ética, com o profissionalismo, com um mundo justo, com o respeito ao outro, ao Planeta, à
natureza. O outro elemento é a oportunidade que se dá às crianças, desde pequenas, para que possam
exercitar sua liberdade, a convivência com a autoridade, a fundamentação em si da capacidade de
escolher e decidir.
Ao fazer essas observações, Freire (2015) não está ignorando a verdade segundo a qual nossa
sociedade, estruturalmente perversa, por vezes, inviabiliza valores e princípios minimamente
necessários ao crescimento saudável da pessoa. Como ser coerente, dar bom testemunho, lutar por
um mundo justo, estando-se em situações de miséria, fome, violência física, psíquica e simbólica, em
coerções patronais que estimulam veladamente à competitividade, a mentira, o “passar a perna” no
outro em nome de uma possível demissão ou dispensa por falta de “produtividade” no “trabalho”?
Depreende-se que nosso desafio se evidencia como gritante e muito expressivo em face da
realidade supracitada. Impõe-se, portanto a esperança, fundada na concepção da história como
inconclusa na busca pela transformação social. Não é porque a dificuldade (com ares de
inexorabilidade) se coloca, que não se vai lutar contra ela, discutindo temas necessários, como
formação de consciência democrática e ética, sempre problematizando-os. A escola pública, portanto,
8. O pensamento de Paulo Freire expresso na obra Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
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que trabalha com alunos e alunas em situações extremas de desigualdade social, se expressa como
espaço privilegiado para lidar com os desafios propostos por Freire (2015). A luta pela escola pública,
por isso, estruturada, acolhedora, com alimentação abundante, integral, com salas menos lotadas, com
docentes formados política, científica e pedagogicamente, se exprime como luta pela constituição de
valores e princípios necessários à conformação de outra realidade.
Voltando... É preciso, portanto, dar voz à criança, manter um constante estimulo à pergunta,
ao debate, para que tais princípios sejam trabalhados desde a infância. Não se há de esperar que pessoas
criadas protegidas do contraditório, em um estado de resguardo de situações que demandem
liberdade, autoridade, escolha e decisão, quando adultas, saberão magicamente lidar com situações
éticas e, portanto, democráticas e políticas. Nesse ponto, Freire diz: “[...] submetidas ao rigor sem
limites da autoridade arbitrária as crianças experimentam fortes obstáculos ao aprendizado da decisão,
da escolha, da ruptura” (FREIRE, 2015, p. 37). E prossegue: “[...] como aprender a decidir, proibidas de
dizer a palavra, de indagar, de comparar” (FREIRE, 2015, p. 37) e, por outro lado, “[...] como aprender
democracia na licenciosidade em que, sem nenhum limite a liberdade faz o que quer ou no
autoritarismo em que, sem nenhum espaço, a liberdade jamais se exerce? ” (FREIRE, 2015, p. 37).
O discurso de que à escola só cabe a instrução meramente técnica e curricular não se sustenta,
porque o humano existe, e, junto com ele, têm curso relações, conflitos, amizades, escolhas, decisões,
diálogo etc. Além da insustentabilidade de uma percepção asséptica de educação, é preciso que se faça
a denúncia de que tal discurso opera em favor do empobrecimento do processo educacional e na
omissão do trabalho com ética e relações humanas, favorecendo à lógica da coisificação. Tal lógica de
coisificação de tudo e das pessoas leva Freire (2015) a uma reflexão indignada acerca do caso do
assassinato de Galdino, índio pataxó, por cinco adolescentes em abril de 1997. Observa-se no
pequenino texto - Do assassinato de Galdino Jesus do Santos-índio Pataxó, o último escrito do autor, de
21 de abril – o tom de perplexidade.
Sem retirar a culpa dos adolescentes – Freire (2015) reflete sobre como esses adolescentes
cresceram e reúne os seguintes – e necessários – pontos que por muitas vezes se ignora: do que eles
brincavam? De estrangular pintinhos? De colocar fogo no rabo do gato? De esmigalhar plantas? Do
que eles brincavam? Qual foi o testemunho que eles receberam do pai, da mãe, das pessoas adultas
que estavam ao seu redor, de como tratar e como lidar com as pessoas? Que exemplos expectaram
sobre como pensar sobre o negro, o indígena, o pobre, a pessoa que pensa diferente? Será que esses
adultos foram omissos? Ou até estimularam coisas assim?
Em sua reflexão ampla, Freire não pretende colocar um “peso” nas costas de pais, mães e
demais adultos, que muitas vezes fazem tudo o que podem pela educação dos mais jovens e terminam
“perdendo” para a influência alienadora dos meios de comunicação de massa e de outros contextos
9. Amancio Leandro Corrêa Pimentel, Antônia Solange Pinheiro Xerez e Francisco Mirtiel Frankson Moura Castro
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
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imersos na lógica capitalista de coisificação e proliferação de patologias. Freire não está ignorando o
fato de que a realidade é feita de múltiplos elementos condicionantes estruturais. Ele evidencia, no
entanto, esses aspectos, para que se reflita acerca do crescimento da pessoa e o poder de influência
que as gerações mais velhas, e a legitimação de determinados comportamentos e atitudes, têm sobre
as gerações mais jovens. Reflete, portanto, acerca do desafio a que pais, mães, professores, professoras
devem assumir no cuidado e não abandono, o que nem sempre se verifica possível em consequência
de múltiplos determinantes estruturais.
Tal comportamento condiz com a lógica do lucro, com a “ética” do mercado, conforme destaca
Freire (2015), que passa a ver as pessoas como úteis ou não, afinal “[...] tocaram fogo no corpo do
índio como quem queima uma inutilidade [...] o índio não era um tu ou um ele. Era aquilo, aquela coisa
ali” (FREIRE, 2015, p. 75). Portanto, uma vez que nossa sociedade está imersa nesse modus operandi do
mercado, a educação deve se colocar como instrumento de luta pelos princípios e valores éticos mais
profundos e de respeito à vida.
Nesse ponto, não ignoremos as “conversas” que – no início do atual do governo brasileiro –
estavam presentes em seu discurso, acerca da educação domiciliar. Para além dos aspectos de estimulo
da educação e do conhecimento como mercadorias a serem vendidas no mercado – apostilas,
videoaulas, professores particulares e recursos diversos – tal concepção, em se tornando prática
generalizada, negaria às crianças a riqueza de momentos capazes de proporcionar a tão necessária
formação ética e democrática.
São momentos de coletividade, de conflitos e suas resoluções, de estabelecimento de limites,
respeito, de convivência com o diferente, com pares e com adultos diversos, dentre os quais
professores, professoras, funcionários e funcionárias em geral, de estabelecimento de regras, de
cooperação em apresentações, de trabalhos em equipe, da necessidade de escolhas, negações, rupturas
etc.; ocasiões essas que se exprimem como imprescindíveis a um crescimento humano saudável e à
formação de consciência democrática. Portanto, o apelo de Freire em 1997 se mantém pertinente:
urge a necessidade de lutar por uma educação pública coletiva, que se estabeleça sobre valores e
princípios da ética universal do ser humano, com vistas à constituição de outro mundo.
A formação de consciência ética e democrática não se dá necessariamente em aulas de ética e
em aulas de relações interpessoais, mas em situações cotidianas, com a vigilância equilibrada de adultos
e adultas, professores e professoras, nos conflitos espontâneos dessas relações, nos momentos de
confronto ante situações de desrespeito, preconceito, violência física, psíquica ou simbólica.
Diferentemente dos tigres, gatos e cachorros; as pessoas, superando o mero suporte, saltando
qualitativamente para perceber o suporte como mundo, podem tomar distância para ver melhor; de
10. O pensamento de Paulo Freire expresso na obra Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
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ver e rever os passos, decisões, escolhas, certo, errado; de projetar antes de fazer; de construir e
reconstruir, enfim, de educar e ser educado.
Na contextura dessa reflexão, Freire (2015) diz nada pensar sobre o “descobrimento” da
América, quando convidado a propor reflexão sobre essa matéria, em 1992, num evento acerca do V
centenário da vinda dos europeus às terras denominadas América. No texto, Descobrimento da América,
ele é enfático, ao dizer: “[...] não penso nada sobre o ‘descobrimento’ porque o que houve foi
conquista. E sobre conquista, o meu pensamento em definitivo é o da recusa [...]” (FREIRE, 2015, p.
84).
Esta configura uma obviedade: o que houve foi violência, invasão por parte de povos que se
consideravam superiores a outros – ao modo da lógica dos adolescentes que estavam apenas
brincando... De matar! Os extremos, tirania da liberdade e autoritarismo, se encontram em sua ânsia
necrófila. Tal violência e invasão estão “molhadas” em um gosto incontido de se sobrepor ao outro,
sobre diferentes, sobre “inferiores”. Violência e invasão do corpo, do espaço físico, do espaço cultural-
simbólico e espiritual.
Dentro desse trágico processo, Freire (2015) se recusa a encontrar qualquer positividade.
Encontra-se, entretanto, um ensinamento daquilo que se deve realmente homenagear, comemorar e
celebrar, que não é nem a invasão nem conquista, mas a rebeldia contra essa invasão e conquista.
Rebeldia por parte dos indígenas e rebeldia por parte dos africanos escravizados na sua luta, nos
quilombos – “[...] momento exemplar na luta dos conquistados [que] se repetem hoje nas lutas
populares” (FREIRE, 2015, p. 86).
As presenças do passado em nosso presente devem ser percebidas, Nossa história deve ser
conhecida e com ela devemos aprender a não repetir erros e a resistir. Resistir à exploração, à retirada
da liberdade, resistir a qualquer imposição e invasão. Tal aprendizado se faz cada vez mais necessário,
pois nossa sociedade – ontem e hoje – se pauta pela lógica utilitária das supracitadas, coisificação e
mercadorização de pessoas e natureza em geral. Não é por acaso que continuamos vivendo um tipo de
colonização atual que se dá por uma dominação de classe, donde vem uma dominação econômica e
cultural, inferiorizando povos que pensam diferente e, ainda, desrespeitando minorias culturais e
étnicas pelo mundo.
Veja-se, dessa maneira, a mentalidade dos governantes atuais – inseridos no poder,
contraditoriamente, pelo povo – que abertamente se posicionam contra reservas indígenas, fazem
chacotas com quilombolas, mulheres, homossexuais e com a história, chegando a atenuar a culpa dos
europeus na escravização de africanos4. O que se tem aqui? O arquétipo da formação de uma não
4
Conferir a participação do atual Presidente do Brasil no programa Roda Viva da TV Cultura, exibido no dia 30
de julho de 2018.
11. Amancio Leandro Corrêa Pimentel, Antônia Solange Pinheiro Xerez e Francisco Mirtiel Frankson Moura Castro
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
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consciência democrática, bem como da distorção da ética. Ou seja, da incapacidade de saber lidar com
a liberdade; da percepção da autoridade como autoritarismo; do entendimento da escolha, e da decisão
como atos arbitrários.
História, formulação da realidade e educação
Dentro dessa reflexão, acerca da necessidade da formação, da elaboração de consciência
democrática como elemento imprescindível, dentre outros, para a transformação e reinvenção do
mundo, é preciso ter sempre em consideração o entendimento de que mudar é difícil, pode até parecer
impossível, mas é possível. Somos sujeitos históricos, “[...] lutando por outra vontade diferente: a de
mudar o mundo, não importando que esta briga dure um tempo prolongado, que, às vezes, nela
sucumbam gerações” (FREIRE, 2015, p. 69). O autor insiste, contudo, em que, mantendo o sonho e a
esperança, é preciso ter em conta, tanto quanto a constatação da dificuldade, a constatação de que a
realidade é histórica, portanto, não está acabada, mas em constante formulação, pois o mundo é feito
por pessoas e por pessoas pode ser modificado, conforme acreditava e expressava Marx em sua
terceira tese sobre Feuerbach, “[...] as circunstâncias são modificadas pelos homens” (MARX; ENGELS,
2007, p. 533). Portanto, é uma luta que precisa ser travada e, no segundo texto do livro, Do direito e
do dever de mudar o mundo, Freire nos presenteia com alguns entendimentos fundamentais nessa luta.
O primeiro aspecto compreende a realidade como histórica. Não se há de perder a lucidez
quanto à existência de presenças do passado no nosso presente. Freire expressa que o passado
colonial, escravocrata e ditatorial, está no nosso presente, fazendo com que a realidade seja tão
contraditória. “Não há hoje, por isso mesmo, que não tenha ‘presenças’ que, de há muito, perduram
no clima cultural que caracteriza atualidade concreta. Daí a natureza contraditória e processual de toda
a realidade” (FREIRE, 2015, p. 62). Precisamente, entretanto, por ser a história contraditória, é que se
põe a possibilidade de gestação do novo. Afinal, na medida em que o passado opressor ainda se
encontra em nossa atualidade, a rebeldia e a resistência contra a opressão se mantêm, como, num
exemplo, em movimentos que a rigor têm raízes em lutas do passado, dentre os quais, destaque-se o
Movimento dos Sem-Terra (MST). Nessa convulsão de contradições, existem sonhos e contra-sonhos
o tempo inteiro lutando para se estabelecerem.
Freire (2015) traz, pois, a educação como um espaço que oferece uma contribuição nesta luta
por transformação. Ele parte, primeiro, da obviedade – não mais tão óbvia nos dias atuais – de que a
educação não é neutra, de que essa possibilidade não existe. Ou a educação serve para manter as
estruturas do jeito como estão, sem mexer nas estruturas que geram a injustiça e a desigualdade, ou a
educação contribui para transformar.
12. O pensamento de Paulo Freire expresso na obra Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
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Assim, Freire (2015) postula uma educação radical. Radical porque vai à estrutura e busca
entender a razão de ser, ou seja, ele propõe que a educação deve, em seu trabalho com os conteúdos
curriculares e conhecimentos historicamente acumulados, ir além do perfil do conteúdo, ou seja, que
perceba o conteúdo, o tema, os assuntos em suas múltiplas facetas, transpondo sua representação
fenomênica. Para ele a educação, educador, educadora, educando e educanda precisam se dispor a
fazer um verdadeiro cerco epistemológico ao objeto de estudo, compreendendo que educação não é
apenas se apropriar de conteúdo curricular, mas entender que se aprende conteúdo para que esse
aprendizado sirva de contribuição na intervenção da realidade o que nos remete ao quinto texto da
Pedagogia da indignação, Alfabetização e miséria. Nesse, Freire relata uma conversa que teve com um
educador popular chamado Danilson, caminhando por uma favela em Olinda/Pernambuco. Enquanto
tropeçavam “na dor humana” (FREIRE, 2015, p. 85), eles se perguntavam acerca do que um educador
e uma educadora, críticos, podem fazer numa comunidade assim. Pode ser feito algo além de transferir
mecanicamente conteúdos?
Na formulação de respostas aproximativas a essas questões, o texto diz que a primeira
dimensão que um educador precisa ter é a consciência de que o mundo, a realidade, a história não são
coisas prontas e acabadas, ou seja, é algo problemático, é algo que está em andamento. Faz-se
imprescindível ao educador e à educadora progressista “[...] o saber do futuro como problema e não
como inexorabilidade. É o saber da História como possibilidade e não como determinação. O mundo
não é. O mundo está sendo” (FREIRE, 2015, p. 90). Está desse jeito hoje, mas poderia ser de outra
maneira se os seres humanos tivessem estabelecido a realidade de outra maneira. Essa consciência é
fundamental, pois coloca em tela algo que conservadores e reacionários não querem que o povo saiba:
que as distintas realidades podem ser transformadas. Isso mantém a esperança e o sonho, tão
necessários ao caminhar.
A segunda dimensão é que, na qualidade de professores e professoras, devemos estudar
permanentemente. Freire diz: “[...] preciso ter e renovar saberes específicos em cujo campo minha
curiosidade se inquieta e minha prática se baseia” (FREIRE, 2015, p. 91), mas o nosso estudo, a nossa
dedicação ao estudo tem que ser fruto do nosso compromisso com a realidade, ou seja, não estudamos
apenas para acumular conteúdo, somente por estudar. Estudamos porque nos comprometemos com
a mudança da realidade. Se profissionais da alfabetização, devemos conhecer com precisão os
mecanismos, teorias e práticas de alfabetização. Vejamos as palavras de Freire: “[...] como alfabetizar
sem conhecimentos precisos sobre a aquisição da linguagem, sobre linguagem e ideologia, sobre
técnicas e métodos do ensino da leitura e da escrita? ” (FREIRE, 2015, p. 92). A atitude descrita se
alonga a todas as áreas do saber História, Matemática, Geografia, Biologia, Filosofia, Sociologia..., nas
13. Amancio Leandro Corrêa Pimentel, Antônia Solange Pinheiro Xerez e Francisco Mirtiel Frankson Moura Castro
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quais seus profissionais, sendo éticos e coerentes com seu sonho e discurso, precisam ser dedicados
e competentes.
A terceira dimensão fundamental está no fato de que docentes, sem imposições, mas em
diálogo devem desafiar as pessoas, principalmente dessas áreas de miséria, de violência e negação
humana, a entenderem a realidade criticamente, entenderem que a realidade poderia ser outra, que as
estruturas do mundo onde se vive é que geram as desigualdades e a negação humana. Nesse processo
dialógico, ele diz, coloca-se como imprescindível, que entendamos como as pessoas percebem a
realidade, pois só a partir daqui é possível fazer do processo educativo algo mais do que mera
transmissão “pura” de conteúdos. Só a partir do conhecimento da percepção da realidade que tem as
comunidades com que se trabalha é possível projetar e efetivar um trabalho pedagógico que, de fato,
leve em consideração as pessoas e suas problemáticas reais, concretas, não para se limitar a tais
questões, mas com base nelas, trazer os conteúdos como meio de análise e problematização da
realidade local, nacional e internacional.
Ressaltamos, nesse ponto, que nunca se falou tanto em doutrinação ideológica como se tem
falado desde 2004, com a criação do Escola sem Partido (PENNA, 2017), e, sobretudo, desde os
processos eleitorais de 2018. E o “grande vilão doutrinador” é apontado como quem? Paulo Freire.
Trata-se, entretanto, de uma interpretação forçada e ideológica. Embora ele, sendo coerente com sua
fala de que não existe neutralidade, sempre tenha assumido um lado – o dos esfarrapados do mundo,
contra a opressão – uma opção política de esquerda e uma perspectiva e sonho de mundo, socialistas,
ele nunca disse que tais opções deveriam ser impostas aos educandos e educandas. Ao contrário, ele
sempre fez duras críticas a atitudes de imposição, como, por exemplo:
Um dos equívocos funestos de militantes políticos de prática messianicamente
autoritária foi sempre desconhecer totalmente a compreensão do mundo dos grupos
populares. Vendo-se como portadores da verdade salvadora, sua tarefa irrecusável
não é propô-la mas impô-las aos grupos populares. (FREIRE, 2015, p. 94-95).
Sua crítica ao não-diálogo, à imposição, à manutenção do silêncio do educando e da educanda
e à manipulação que fere a consciência e a lucidez ante a realidade e os temas do mundo se dirigiram
à classe dominante, detentora dos meios materiais de produção e midiáticos filiada a uma opção política
liberal, conservadora, positivista, capitalista. E, mesmo que tal concepção seja ensinada nas escolas, na
TV, nas igrejas, tal não é visto como doutrinação e manipulação ideológica, portanto, Freire sempre
militou, sim, pelo conhecimento da realidade, radicalmente, em suas estruturas, em ultrapasse aos
perfis memorizados dos conteúdos curriculares e, se tal conhecimento da totalidade leva a insatisfações
e lutas sociais, sobretudo, das classes populares, é porque a legitimação hegemônica da classe
dominante tem operado violência contra tais classes e elas têm o direito de conhecer a realidade e
14. O pensamento de Paulo Freire expresso na obra Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
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lutar. E aqui voltamos à necessidade de conhecer, perceber a história como possibilidade e não como
fatalismo. Isso Freire sempre defendeu, porque, a rigor, isso é educação genuína.
Perceber a história como possibilidade, compreender nossa profissão como compromisso
político-pedagógico, na busca por transformações dessa realidade, histórica, considerando as
dificuldades locais, nacionais e internacionais como questões problemáticas e não inexoráveis, por isso,
transformáveis, retroalimenta uma categoria que atravessa a obra de Freire. Esperança.
O que é esperança para Paulo Freire? Ele trabalha com esse conceito, no oitavo texto do livro,
Educação esperança, com suporte na ligação dele com os conceitos de consciência, história e de
responsabilidade ética. Para Freire (2015), esperança está intimamente ligada à consciência. O que é
consciência? Algo que nós temos e que o tigre, o gato, o cachorro não têm; a capacidade de tomar
distância de algo para conseguir ver melhor, para conseguir perceber melhor, a capacidade de projetar
antes de fazer. Isso, em síntese, é um dos atributos da consciência. Deste modo, Freire destaca:
“Consciência do outro e de si como um ser no mundo, com o mundo e com os outros, sem a qual
seria apenas um ser aí, um ser no suporte. Por isso, repita-se, mais do que um ser no mundo o ser
humano se tornou uma presença no mundo [...]” (FREIRE, 2015, p. 130). Na tomada de consciência,
vai-se adquirindo os reconhecimentos de que somos seres inacabados, inconclusos e que, por isso
mesmo, a história também não é algo acabado, dado e determinado.
Somente com amparo nesses reconhecimentos, e no entendimento da realidade como
movimento e possibilidade, é que se exprime sentido à discussão sobre esperança. E é aqui que emerge
o conceito de responsabilidade ética. Freire (2015) traz as seguintes questões: Se tudo fosse um destino
dado, pré-estabelecido, qual seria o sentido da responsabilidade? Que sentido haveria em travar
discussões e projeções acerca da ética? Que sentido haveria em pensar na reconstrução do mundo,
no qual as bases poderiam ser o respeito, a solidariedade autêntica, a coletividade se tudo já estivesse
finalizado?
É justamente porque somos inacabados; é justamente porque a história é possibilidade; é
justamente porque somos presença na história, na realidade; é por tudo isso que se pode ter esperança
de que as coisas possam mudar. Não é uma esperança que espera, mas uma esperança que se torna
presença na história. Ser presença na história é agir nela, é se meter na história, é constatar para
intervir na história. Isso é esperança em Paulo Freire. Portanto, esperança só se coloca como categoria
realista na medida em que há permanente denúncia da violência gerada com base em nossos modelos
de produção e sociabilidade e anúncio de novas possibilidades.
Denúncia e anúncio são categorias nas quais Freire se detém com mais vagar no último texto
do livro, Denúncia, anúncio, profecia, utopia e sonho. Freire (2015) pensa no profeta como aquela pessoa
que anuncia um futuro, que anuncia possibilidades; mas, nesse processo de anúncio, é preciso denunciar
15. Amancio Leandro Corrêa Pimentel, Antônia Solange Pinheiro Xerez e Francisco Mirtiel Frankson Moura Castro
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o momento presente, o que nos remete aos profetas bíblicos, que, ao anunciarem algo do futuro,
anunciavam o atual, o que se estava fazendo de errado no momento, e é justamente o que Freire nos
chama para fazer.
Anuncie-se um futuro de possibilidades, transformado, pautado por outros valores, mas para
isso é preciso denunciar o que tem de errado no momento. Para que se possa fazer, contudo, essa
denúncia, é preciso ter uma intimidade com a nossa história, com a história humana até aqui. Ele diz:
“Não há possibilidade de pensarmos o amanhã, mais próximo ou mais remoto, sem que nos achemos
em processo permanente de ‘emersão’ do hoje, ‘molhados’ do tempo que vivemos, tocados por seus
desafios, instigados por seus problemas [...]” (FREIRE, 2015, p. 135). Impõe-se ter uma intimidade com
o hoje para que se possa, então, projetar alguma coisa de novo, o diferente e, nesse processo de
denúncia do hoje, do que está errado, ele diz que é preciso denunciar os valores que pautam a vida
social, que doutrinam e manipulam pessoas, que baseiam a vida econômica.
Valores individualistas, gerados nas leis do mercado, do lucro sem freio, do “salve-se quem-
puder”, do cada um por si, do vale tudo, isso precisa ser denunciado. É preciso denunciar uma
perspectiva ideológica que se diz não ideológica e que, em razão disso, mata o sonho, a esperança, a
perspectiva de mudança. É preciso denunciar, um saber que se diz neutro. É preciso denunciar para
que se possa anunciar uma outra realidade, que não se paute pelo individualismo, mas, ao contrário,
que se paute pela coletividade, pela solidariedade, uma economia que se assente em uma outra lógica
que não seja a das leis neoliberais do mercado que preza por uma liberdade maldosa, licenciosa que
termina por se alongar em uma ditadura de mercado à qual tudo deve se submeter.
Freire (2015) chega a tratar sobre a conveniente dificuldade, por parte dos entusiastas do
mercado alienados em sua lógica, de compreensão – enfatize-se, conveniente incompreensão – de
qualquer defesa da preponderância do humano em relação ao mercado. Ele diz: “[...] menos inteligível
ainda se tornaria o discurso se seu sujeito se alongasse em considerações que, ultrapassando a estreita
e perversa ética do mercado e do lucro, falasse na defesa da ética universal do ser humano” (FREIRE,
2015, p. 150). Aqui somos remetidos à reflexão do próximo e último momento de nosso estudo
sintético.
Qual é a lógica hegemônica que vem estimulando e movimentando a globalização e a produção
tecnológica, sobretudo a do setor dos meios de comunicação de massa, que veicula um saber para as
massas, muitas vezes amorfas, por não terem o lastro e a liga produzida pela cultura popular organizada
e crítica? (A do mercado).
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Globalização, tecnologia e educação
Quais são os discursos que imperam na realidade capitalista? Um discurso arcaico e atual, um
discurso que estimula a passividade, que conduz à adaptação, que instiga a imobilização das pessoas.
Dentro desse discurso, difunde-se a perspectiva de que não existem mais lutas, não existem mais
classes sociais. Quase que não existe mais política; só resultados. Não existe mais sonho, só o que
pode ser constatado. Como se a realidade pudesse ser assim tão exata, tão técnica. No texto Desafios
da educação de adultos ante a nova restruturação tecnológica, Freire diz que os avanços tecnológicos e a
globalização, em si, não são negativos; mas há que se ficar atento “[...] ao uso político desses avanços
por parte do poder econômico [...]” (FREIRE, 2015, p. 106). Os avanços tecnológicos também são um
bem da humanidade. Fruto da curiosidade humana, entretanto, a questão que precisa ser bem
evidenciada é que tanto a globalização quantos os avanços tecnológicos vêm se dando dentro da
perspectiva ideológica neoliberal da imobilidade, da passividade, da adaptação, da neutralidade, da
despolitização da educação. Ele diz:
Este tipo de pragmatismo neoliberal a que mulheres e homens, ontem de
esquerda, aderiram com entusiasmo se funda no seguinte raciocínio, nem sempre
explícito: se já não há classes sociais, portanto seus conflitos também, se já não
há ideologias, direita ou esquerda, se a globalização da economia não apenas fez o
mundo menor mas o tornou quase igual, a educação de que se precisa hoje não tem
nada que ver com ideologias, mas com saber técnico. A educação será tão mais
eficaz quanto melhor treine os educandos para certas destrezas. Introduzir no
ensino e no aprendizado da matemática, da física, ou no “treino” de operários
qualificando-se o sonho da libertação, a utopia da justiça social é repetir erros
funestos por causa dos quais pagamos caro. [...] O que vale mesmo é a realidade
que é e não o sonho que joga com o que gostaríamos que fosse. A educação para
hoje é a que melhor adapte homens e mulheres ao mundo tal qual está sendo.
Nunca talvez se tenha feito tanto pela despolitização da educação quanto hoje
(FREIRE, 2015, p. 108-109, grifo nosso).
Primeiramente, educação não é algo meramente técnico e mecânico. Educação, obviamente,
tem relação com ciência, com técnica, mas também envolve ética, valores, política, agrega sonho, tem
relação com a beleza, com a estética, com libertação, com ideologias – tem relação com classes sociais
e seus conflitos. Freire (2015) propõe e compreende o pensamento acerca da educação de um modo
amplo. A educação precisa formar técnicos, cientistas, profissionais competentes, comprometidos
coerentemente com suas atividades específicas, na mesma medida que deve formar pessoas críticas,
atentas e lúcidas que possam submeter a globalização e os avanços tecnológicos à crítica, ao crivo do
humano e da ética. A quem serve a tecnologia? A quem serve a globalização? Ao humano? Ao lucro?
Ao mercado? A que classe social? Serve a libertação ou à opressão dominadora e violenta?
Portanto, a proposição de Freire (2015) é a de que globalização e tecnologia são expressões
do humano, portanto, em si, são positivas, pois partem da vitalidade humana, são frutos da curiosidade
17. Amancio Leandro Corrêa Pimentel, Antônia Solange Pinheiro Xerez e Francisco Mirtiel Frankson Moura Castro
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
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humana. Como, porém, determinados aspectos na existência sociocultural não podem ser analisados
com base no “em si”, como se algo humano pudesse estar “puro” e isolado de percepções, juízos de
valores, concepções ideológicas – como queria Durkheim (2007) nas Regras do método sociológico -
quando disse que era preciso, portanto, “[...] separar o fato social de toda mistura para observá-lo no
estado de pureza” (DURKHEIM, 2007, p. 8) – torna-se imprescindível que se tenha lucidez ante o
produto do humano. A quem serve a produção do trabalho humano?
Dentro dessa reflexão sobre o produto humano fruto natural da curiosidade humana, feito
característica que torna o humano um ser genérico, para utilizar as palavras de Marx (2010), Freire,
no texto Alfabetização em televisão, enfatiza acerca dessa categoria que nos move: a curiosidade. O
humano é curioso. Nossos filhos e filhas, as crianças em geral são curiosas. Freire (2015) traz o
destaque de que no processo de crescimento e desenvolvimento, quando se vai atingindo tempo de
vida, essa curiosidade tem que ir também se “criticizando. ” Ele diz que, “[...] na medida em que a
curiosidade ingênua, sem deixar de ser curiosidade, se criticiza. [...] tornando-se, então curiosidade
epistemológica rigorizando-se na sua aproximação ao objeto, conota seus achados de maior exatidão”
(FREIRE, 2015, p. 122).
Para que essa curiosidade crítica? Para que esse conhecimento menos caótico e mais preciso
(não acabado ou fechado)? Para aprender a se defender das armadilhas dos “‘irracionalismos’
decorrentes ou produzidos por certo excesso de ‘racionalidade’ de nosso tempo altamente
tecnologizado. Mas não vai nesta consideração nenhuma arrancada falsamente humanista de negação
da tecnologia e da ciência” (FREIRE, 2015, p. 123). Por vezes, com os avanços tecnológicos, a TV, a
internet e todas as evoluções nos meios de comunicação, informação e entretenimento, coloca-se uma
percepção de fundo, sutil, mas eficaz, de que essas coisas podem quase que substituir o humano, a
subjetividade humana, o sonho, as ideologias humanas, os processos humanos na sua expressão política
etc.
Na percepção de muitos e muitas, é como se a produção tecnológica estivesse isenta de
paixões, de ideologias, de política, separada de toda mistura (DURKHEIM, 2007). É como se a
tecnologia fosse um ente que se reproduz por si, resguardado das intenções humanas. Isto, no entanto,
é uma falácia. Tudo é político. Não há neutralidade. Tudo tem uma ideologia, um modo de ver e uma
cosmovisão. Então, é preciso ser crítico e lúcido para se defender desses irracionalismos, sem negar,
como citado, a tecnologia, o novo ou a ciência.
O segundo ponto desse irracionalismo é que às vezes se aceita, então, tudo o que é veiculado
pela tecnologia como se fosse uma verdade absoluta. Ou seja, mantemos o gosto pelo novo, o gosto
pela curiosidade, o gosto pelos avanços, mas de modo crítico. Não se trata de negar. É o caso de
desenvolver uma perspectiva desperta e lúcida diante de um instrumento a ser utilizado em prol do
18. O pensamento de Paulo Freire expresso na obra Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
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humano, da vida, da ética ou em seu detrimento, que pode ser usado para libertação e transformação
da realidade e das pessoas ou para sua manipulação e conservação do mundo como está.
Enfim, Freire (2015) convoca educadores e educadoras a se apropriarem dos avanços
tecnológicos, a se acercarem do novo, não para aderirem ao “novo” só porque é “novo”. Estimula
trabalhadores e trabalhadoras da educação a buscarem recursos diversos para otimizar seu trabalho,
sem necessariamente, abandonar o “velho”, só porque é “velho”. O desafio proposto é o de que,
lúcidos e despertos, conheçamos os processos tecnológicos, usemos, se possível, e, sobretudo,
discutamos o que tais processos veiculam - daí a importância de ser estudada a obra em discussão
neste artigo e outras de Paulo Freire.
Considerações finais
A leitura de Paulo Freire, desde seus primeiros escritos, sempre esteve embebida dos temas
do momento histórico atual, sobre os quais se colocavam suas análises e reflexões. A necessidade de
conhecer o hoje com seus desafios, conflitos e possibilidades atravessa toda sua obra, deixando-nos
um legado e uma provocação no prosseguimento da leitura do mundo que precede a leitura da palavra,
mas que não prescinde dela. Afinal o conhecimento da palavra escrita, do saber epistemológico,
sistematizado pela humanidade, como continuidade e busca da superação do saber e curiosidade
ingênua traz maiores exatidões e rigor à leitura e interpretação da realidade.
Freire disse que, nos anos 1990, nunca se fez tanto pela despolitização da educação e, sete
anos depois de sua partida, funda-se no Brasil um movimento – Escola sem partido – que, pautado pelo
Código de Defesa do Consumidor (PENNA, 2017) – se propõe exorcizar da educação qualquer ideia
de percebê-la em conexão com a realidade, apelidando conveniente e falaciosamente tal prática de
prática educativa partidária de esquerda, doutrinadora, gerando confusão com o proposto por Paulo
Freire.
Estamos vivendo momentos de exacerbação de um tipo de positivismo-tecnicista conservador,
ideológico ao extremo, sob o discurso insistente de ser não ideológico, e autoritário em nome de
estar filiado em uma perspectiva “moderna” assentada por “evidências científicas”, expressão utilizada
à exaustão na Política Nacional de Alfabetização - PNA (BRASIL, 2019) em detrimento da educação
em sua amplitude e complexidade, operando assim uma redução desta.
Hoje, mediante a generalização acentuada de notícias falsas, disseminadas em variadas redes
sociais e de seu poder de influência, a reflexão trazida na Pedagogia da indignação se faz mais
pertinente ainda, uma vez que conhecer o presente, a história, as presenças do passado no presente,
manter-se desperto, atento e lúcido é, em destaque, a principal maneira de combater a mentira como
legitimação. O compromisso ético-político-cidadão com o conhecimento, com a valorização dos
19. Amancio Leandro Corrêa Pimentel, Antônia Solange Pinheiro Xerez e Francisco Mirtiel Frankson Moura Castro
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
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saberes em sua amplitude, defendido na obra, nos leva a recomendar a leitura do referido livro como
fundamento teórico-epistemológico e meio para leitura e análise do cenário contemporâneo político
e histórico do Brasil.
Perceber a história como possibilidade e não como fatalismo ou determinismo nos deve animar
em meio ao caos político que vivemos, que, às vezes, parece ter ares de eternidade. A percepção do
inacabamento do humano e da história conduz a uma reflexão que alimenta a luta esperançosa pelo
estabelecimento verdadeiramente ético, arrimado no humano e para o humano, do mundo, que fazem
o pensamento de Freire se expressar ainda mais como atual e necessário para a sociedade
contemporânea. Afinal, atualmente se verifica a proliferação e legitimação de discursos
antidemocráticos em que se negam o diálogo e a exposição ao contraditório em que autoridade se
confunde com autoritarismo, liberdade com licenciosidade e a ética é distorcida em adequação à lógica
de mercado.
Além do mais, sob a falácia de que o futuro é inexorável e não problemático, estimula-se e
acredita-se que o atual modelo de sociabilidade, assente no autoritarismo, na licenciosidade e distorção
da ética humana é o que se tem, e o máximo que se poderá fazer é minimizar os efeitos fenomênicos,
sem transformações nas causas estruturais, inviabilizando o sonho e a esperança de outro modelo de
sociabilidade. Freire (1980, p. 110), na Pedagogia do oprimido diz que dentro dessa percepção imersa na
ideologia fatalista os homens e mulheres “[...] não chegam a transcender as ‘situações-limites’ e
descobrir ou divisar, mais além delas, e em relação com elas, o inédito viável”. Aqui percebemos em
sua coerência entre os primeiros e últimos escritos sua pertinente defesa de que outra realidade deve
ser constituída com a participação ativa do povo, dos oprimidos e das oprimidas, da classe trabalhadora.
Tal participação implica em, antes de tudo, obter conhecimento lúcido dos temas vigentes, dos
discursos a eles aderidos. Tal participação ativa significa ser presença na história. Ser presença na
história demanda se apropriar das construções do trabalho humano, que são fruto de sua inquietação
e curiosidade. Portanto, apreender o conhecimento historicamente acumulado e sistematizado, as
tecnologias, os meios de comunicação, os mecanismos ideológicos por eles veiculados, com vistas a
problematizá-los, debatê-los, denunciá-los quando usados para opressão e conhecidos para uso
competente com vistas à permanente tomada de consciência, faz-se urgente.
Em toda essa reflexão – sobre democracia, ética, história, construção de outro modelo de
sociabilidade, conhecimento e problematização das tecnologias e dos meios de comunicação, bem
como dos discursos ideológicos a eles aderidos – tudo constante na Pedagogia da indignação, Freire
(2015) situa a educação como espaço privilegiado para a veiculação e problematização de tais temas.
Sua defesa é a de que, esses assuntos estão intrinsecamente relacionados aos conteúdos curriculares,
todavia, em geral, permanecem intocados, pois, para a eles se chegar é imprescindível uma percepção
20. O pensamento de Paulo Freire expresso na obra Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos
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radical que, procurando ir além do perfil do conteúdo, busque suas relações complexas com a realidade
abrangente.
Portanto, no momento atual em que essas matérias afloram com novo vigor, sob discursos
legitimados por grande parte da sociedade, as análises de Freire expressas na obra destacada, bem
como em toda a sua produção, oferece contribuição e meio para análise de nossa sociedade e
instrumentalização para nos subsidiar em nossas intervenções abrangentes, como cidadãos e cidadãs,
bem como na qualidade de educadores e educadoras.
Ao considerar que a obra de Freire oferece subsídios à leitura constante da realidade, coloca-
se como interessante e instigante a realização de estudos posteriores que busquem constituir relações
das primeiras e últimas obras de Freire com vistas à captação e análise de sua inter-relação, relevância
e constante atualidade. Nos dias atuais, em que Freire é atacado explicitamente, tais releituras se
colocam como um necessário serviço prestado ao esclarecimento e ao desvelamento de sua teoria e
prática transformadora, no sentido de operar em favor de um rompimento com a cadeia de
incompreensões teóricas e ideológicas deste autor.
Referências
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Brasília: MEC; SEALF, 2019.
DESLANDES, S. F. et al. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
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FREIRE, P. Ação cultural para liberdade e outros escritos. 14. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011a.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz
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FREIRE, P. Educação e mudança. 36. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014a.
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. 2. ed. São Paulo: Paz e
Terra, 2015.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos da metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
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21. Amancio Leandro Corrêa Pimentel, Antônia Solange Pinheiro Xerez e Francisco Mirtiel Frankson Moura Castro
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-21, e-16723.013, 2021.
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MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã: crítica da mais recente filosofia alemã em seus
representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus diferentes profetas. São
Paulo: Boitempo, 2007.
MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2010.
PENNA, F. A. O Escola sem Partido como chave de leitura do fenômeno educacional. In: FRIGOTTO,
G. (Orgs.). Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Rio de
Janeiro: UERJ; LPP, 2017.
Recebido em: 24 de agosto de 2020.
Versão corrigida recebida em: 19 de novembro de 2020
Aceito em: 07 de dezembro de 2020.
Publicado online em: 19 de março de 2021.