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RESENHAS
O JOGO DAS DIFERENÇAS: O MULTI-                        sucinto, discorre-se sobre o estado da arte dos
CULTURALISMO E SEUS CONTEXTOS                          estudos culturais e a pesquisa em educação no
     Luiz Alberto Oliveira Gonçalves,                  Brasil. Afirma-se que as dissertações e teses pro-
     Petronilha B. Gonçalves e Silva                   duzidas sobre temas multiculturais no campo da
                                                       educação, entre 1981 e 1997, ainda são insufi-
     Belo Horizonte: Autêntica, 1998. 118 p.
                                                       cientes e estão muito longe de fornecer susten-
    (Coleção Trajetória)
                                                       tação adequada a projetos educacionais desen-
                                                       volvidos pelos sistemas de ensino, na perspecti-
       A Coleção Trajetória, o mais novo proje-
                                                       va de contemplar a diversidade cultural que nos
to dedicado à educação, da Autêntica Editora, foi      caracteriza. Na avaliação dos autores, o
lançada no segundo semestre de 1998, com a             surgimento dessa preocupação, em meados da
promissora e bem-vinda proposta de tornar
                                                       década de oitenta, explica-se pelo contexto his-
acessível, ao público em geral, temáticas que          tórico de organização de movimentos sociais,
vêm sendo pesquisadas por estudiosos de vários         respondendo ao clima de repressão extremada
campos do conhecimento. A expectativa criada
                                                       imposto pela ditadura militar. Para eles, não por
por um projeto como este é de que o hiato              acaso, os enfoques teóricos e metodológicos
existente no processo de produção do conheci-          utilizados nessa pequena produção acadêmica
mento seja superado, ao serem transpostos os
                                                       vêm da Sociologia, da Antropologia e da Filoso-
muros da academia. Afinal, tal processo só pode        fia, pressupondo uma leitura mais complexa da
realimentar-se, aprimorando-se, mediante a sua         realidade. No tocante à utilização de recursos
crescente socialização e exposição à crítica. O
                                                       teórico-metodológicos da Antropologia, histo-
perfil multidisciplinar da coleção implicou a esco-    ricamente estruturada em torno da discussão
lha não aleatória do tema de abertura, referin-
                                                       do conceito de cultura, valeria a pena lembrar
do-se ao direito à diferença. Encaixando-se            que sua questão central é pensar a humanidade
como uma luva nas intenções da editora, sob            como una e indistinta, de um lado e, de outro, a
formato de livro, foi publicado O jogo das dife-
                                                       diversidade que a caracteriza como condição de
renças: o multiculturalismo e seus contextos, de       sua existência e sua marca necessária. No caso
Luiz Alberto Oliveira Gonçalves e Petronilha B.        dos estudos sobre as diferenças culturais no cam-
Gonçalves e Silva. Os autores, com formação
                                                       po educacional, a compreensão dessas dimen-
em sociologia e em pedagogia, respectivamen-           sões universal e singular da cultura pode contri-
te, também aceitaram o desafio de vencer dis-          buir para o avanço das discussões e das propos-
tâncias geográficas e institucionais, ele da UFMG,
                                                       tas de intervenção. Em outra ocasião (Valente,
ela da UFSCar, procurando construir e                  1996), chamei a atenção sobre os riscos poten-
aprofundar os vínculos e o diálogo que vêm             ciais e efetivos aos quais são ou podem ser
sendo estimulados no compromisso comum,
                                                       expostas as abordagens educacionais que incor-
intelectual e político, com a questão dos negros       poram às suas práticas os procedimentos da
no Brasil e no mundo. Outra experiência que os         Antropologia, sem a devida consideração de suas
une é a atuação em programas de pós-gradua-
                                                       implicações teórico-metodológicas e sem que
ção em educação.                                       seja respeitado o conhecimento acumulado no
       Trata-se, na verdade, de um ensaio com-         seu campo de estudo. Quando se trata de abor-
posto por quatro capítulos, cada qual guardan-         dar a questão das diferenças culturais, esses ris-
do certa autonomia. No último deles, bastante          cos podem ser maiores.



Cadernos de Pesquisa, nº 107, p.julho/1999julho/1999
         de Pesquisa, nº 107, 247-251,                                                              247
Tudo indica que baseados no diagnóstico         uma ou outra idéia interessante não desenvolvi-
da falta de familiaridade dos educadores com a          da, aquilo que ainda não foi escrito e que, portan-
temática e, como afirmam os autores, em ra-             to, não posso cobrar dos autores. No máximo,
zão das questões que lhes são feitas por docen-         posso também tentar provocá-los com questões
tes de ensino fundamental em diversos encon-            que nem eu mesma resolvi, para futuras trocas e
tros, os três capítulos, “O multiculturalismo e         discussões teóricas.
seus significados”, “Multicul-turalismo e educa-               Embora considere importante, como os
ção nos Estados Unidos” e, “O Multiculturalismo         autores, que o aprendizado das experiências de
na América Brasileira” foram escritos de manei-         outros países no tratamento da diferença cultu-
ra simples e inicial, para garantir o acesso às         ral possa contribuir para a reflexão sobre nossa
discussões propostas. Estas, diferentemente da          singularidade, venho me perguntando se, no
forma, comportam conteúdos complexos e,                 Brasil, devemos importar conceitos, definidos
como bem lembram os autores, neles a simpli-            em contextos diferentes, mesmo revestidos de
cidade é apenas aparente. Nesses capítulos são          novos significados. Este não seria o caso do
oferecidos ao leitor, além do pano de fundo             emprego da palavra “multiculturalismo”? Afinal,
sobre o qual se desenrolam as discussões sobre          conforme foi mostrado no livro, na retrospecti-
o multiculturalismo, mostrando que qualquer             va da experiência americana, a compreensão
tentativa de “defini-lo com precisão, é tarefa          do “multiculturalismo e suas repercussões na
bastante arriscada, fadada ao insucesso” (p.19),        educação implica destrinçar referências ideoló-
dados importantes sobre a história do movi-             gicas, elucidar encaminhamentos teóricos, des-
mento nos Estados Unidos. O relato da ex-               cobrir práticas sociais, significar práticas peda-
periência americana objetiva contribuir na refle-       gógicas, posicionar-se politicamente e situar-se
xão sobre os desafios que deverão ser enfrenta-         socialmente”, numa intrincada rede de significa-
dos pelo sistema de ensino brasileiro ante a            dos contextualizada num território, numa socie-
introdução do tema da pluralidade cultural pro-         dade e nas relações que a mantém (p.71). Seria
posto nos parâmetros curriculares nacionais.            possível desconsiderar as diferenças históricas
Sobre a experiência brasileira nesse terreno, os        que nos separam dos Estados Unidos, mesmo
autores fazem uma breve retrospectiva do pro-           que informadas pelo caráter universal do capita-
cesso de constituição do movimento negro. Es-           lismo em tempos de globalização?
pecial atenção é dedicada à criação do Teatro                  De passagem, no primeiro capítulo, os
Experimental do Negro, no final dos anos qua-           autores interrogam-se quanto ao sentido do
renta, considerado pelos autores como “uma              multiculturalismo em países europeus, mostran-
possibilidade de interferir no ‘jogo de significa-      do como a produção de pesquisadores com-
ções’” (p.87-90), ou no jogo das representa-            prometidos com o estudo da questão é marcada
ções, por excelência o “campo de combate do             por contradições. Diria, ainda, que é marcada
multiculturalismo” (p.96).                              pela falta de consenso, inclusive na utilização dos
        Contudo, a simplicidade da forma que não        termos que vão designar a recente preocupa-
compromete o conteúdo do livro e mesmo o                ção com a diversidade cultural. Entretanto, a
tratamento por vezes superficial de algumas ques-       intenção de superar a perspectiva do
tões polêmicas, certamente motivado por ra-             multiculturalismo vem ganhando espaço na Eu-
zões de ordem editorial, vão despertar no leitor,       ropa, que pretende implementar a “educação
mais ou menos familiarizado com a temática,             intercultural”. Para os europeus, o conceito de
reações diversas e níveis diferenciados de inter-       “multicultural” se limita a constatar o estado das
pretação, análise e crítica. Para mim, a leitura do     entidades sociais onde coabitam os grupos ou
livro foi instigante para pensar as suas entrelinhas,   os indivíduos de culturas diferentes, ao passo



248                                                                Cadernos de Pesquisa, nº 107, julho/1999
que o “intercultural” permite a caracterização de    hegemonia sobre os demais, com base em in-
uma dinâmica bilateral no interior da qual se        teresses políticos e econômicos; c) a educação
engajam parceiros conscientes de sua                 estrutura-se para legitimar uma organização
interdependência. Contudo, como discuti em li-       sociocultural marcada pela contradição, por isso
nhas gerais, essa intenção de superar o              abrindo a possibilidade de sua negação e; d) a
multiculturalismo esbarra em obstáculos de           diferença cultural é condição e marca necessária
várias ordens, passíveis de serem contornados        da humanidade e sua interação com o meio,
pela reflexão teórica radical, rigorosa e atenta.    mas aparece na histórica marcada pela desi-
Ainda que, na Europa, a proposta de educação         gualdade; não seria pertinente pensar numa pro-
intercultural “seja pensada a partir do pressupos-   posta educacional que contemple o contraditó-
to de uma dinâmica de relações sociais, mas abs-     rio processo de criação/significação da diversi-
tratas, ao desconsiderar os contornos da socie-      dade cultural para uma educação igualitária ou
dade capitalista atual, incorre no mesmo equívo-     para a cidadania paritária? Sob a condição de que
co que se imputa a outrem: limita-se a constatar     sejam desvelados os usos sociais dos conheci-
o estado de parceiros culturalmente diferentes       mentos transmitidos que, como criações hu-
em conflito” (Valente, 1998b. p.16b). Nesse          manas, são passíveis de serem transformados.
mesmo artigo, afirmo considerar falaciosa a pro-     Como decorrência do que foi exposto, não pos-
posta de uma educação intercultural como sinô-       so concordar com os autores de que “o
nima de uma educação harmônica de respeito às        multiculturalimo não interessa à sociedade como
diferenças. Nesse caso, tratar-se-ia de propor       um todo, e sim a certos grupos sociais que, de
uma conotação nova e positiva ao fenômeno das        uma forma ou de outra, são excluídos dos cen-
relações entre as culturas que sempre esteve         tros de decisão por questões econômicas e,
marcada pelo signo da dominação. Porém, con-         sobretudo, por questões culturais” (p.33). Mes-
siderando o seu uso amplo e generalizado entre       mo que se considere que os negros, no Brasil e
os europeus, admito utilizar o termo                 nos Estados Unidos, foram precursores de
“intercultural”, a ele associando uma perspectiva    movimentos reivindicativos da diferença cultu-
de compreensão mais crítica (Valente, 1998.          ral, não se pode negar que a identidade de ne-
p.15a). Mas convenhamos que a mera adjunção          gros e de brancos é resultado de um processo
do adjetivo “crítico” não dá conta de resolver os    relacional envolvendo o dois segmentos raciais
dilemas da interculturalidade ou da educação         ou étnicos. Ao propor uma metodologia de
intercultural, também proposta no texto da LDB       combate ao racismo nas escolas afirmei que
e exposta a alguns perigos (Valente, 1998a). A       “não se pode pensar a questão racial apenas em
questão a responder é: levando-se em conta o         sua especificidade negra, como querem alguns
jogo de significações, por que empregar os con-      militantes e estudiosos, na medida em que, ne-
ceitos “multiculturalismo” ou “educação              cessariamente, essa questão envolve brancos.
intercultural”, para designar a experiência brasi-   Também não se pode pensar na especificidade
leira que, por razões singulares, é diferente?       infantil sem que ela esteja referida ao ‘universo
        Nessa linha de raciocínio, considerando      adulto’ e à sua complexidade em termos raciais
que: a) reivindicação do respeito à diferença cul-   e de classe” (Valente, 1995. p.48 b).
tural no Brasil, historicamente partiu de grupos             Ainda não encontrei o termo ou termos
sobre os quais se impôs o universalismo euro-        mais apropriados para nomear esse processo,
peu, isso é, sobre índios e negros; b) a luta        sem cair em redundâncias ou tautologias. Mas,
desses grupos étnicos ganha significado como         a citação de trecho de um artigo escrito por
relação opositora ante outras singularidades, ou     Antonio Candido de Mello e Souza, há vinte
seja, ante outros grupos étnicos que advogam a       anos, que abre o livro organizado por Fernando



Cadernos de Pesquisa, nº 107, julho/1999                                                         249
Haddad (1998), pode também aqui emprestar             da chamada pedagogia crítica, vêm sendo feste-
a força de seu pensamento. Para Antonio               jadas por pesquisadores brasileiros que discutem
Candido, a cópia, a imitação de padrões trazi-        questões do currículo. No livro Multiculturalismo
dos pelos nossos colonizadores são fenômenos          Crítico (Maclaren, 1997), esse autor explicita sua
de cultura reflexa que caracterizaria a cultura       adesão à perspectiva pós-moderna e a ela faz
brasileira, conformando uma tendência de ser          justiça: verborrágico, utiliza uma linguagem tor-
muito “a favor”. Indaga se já não teríamos ma-        tuosa e plena de senso comum, que pode enga-
turidade para criar uma cultura “do contra”, es-      nar incautos. Eclético, é generoso na apresenta-
pecialmente para fazer frente à era conservado-       ção de suas interessantes fontes, freneticamente
ra na qual entramos. Como lembra Haddad,              citadas numa confusa colagem. No entanto, es-
não aderir “às novas manias recém-importadas          sas mesmas fontes levam-no a cometer alguns
pelas elites na sua eterna e volúvel trajetória de    sérios equívocos, como, por exemplo, a distorção
modernização conservadora no país” e “desor-          do pensamento de Gramsci. Discorre sobre co-
ganizar o consenso em torno das idéias hoje           nhecidas questões da Antropologia, de maneira
hegemônicas é tarefa das mais árduas” (1998.          fragmentada, como se fossem novidades. Às suas
p.12). Talvez valha a pena aceitar esse desafio,      mal costuradas observações seguem uma série
procurando refletir em que momentos a dife-           de recomendações práticas para “as/os educado-
rença aparece como um problema e a possibi-           ras/es” em sala de aula, partilhando da linguagem
lidade dessa questão ser manipulada pelos gru-        politicamente correta nas questões de gênero,
pos hegemônicos. O resgate da historicidade           que inclusive merece nota explicativa da tradu-
desses momentos parece-me uma condição fun-           ção, sem igual atenção para as questões étnico-
damental para “ser do contra”, elaborando es-         raciais. Em outra oportunidade (Valente,1997),
tratégias mais consistentes que façam oposição        utilizando uma paráfrase, chamei o discurso pós-
efetiva, num quadro de correlação de forças           moderno de arrombador de portas abertas, que
políticas desiguais (Valente, no prelo).              adere ao relativismo e valoriza a diversidade. Tal
        Finalizando essa resenha propositadamen-      discurso se espalhou no embalo do que se
te escrita ao reverso, na medida em que, atual-       convencionou chamar de “crise de para-digmas”,
mente, me parece imprescindível pensar o aves-        com a proposta de buscar novas referências que
so das discussões em torno na diferença cultural      propiciem respostas adequadas aos problemas
para evitar armadilhas e “tiros que saem pela         colocados pela contempora-neidade, afirmando
culatra”, merece destaque um breve comentário         ser apenas possível estudar a especificidade e sin-
feito pelos autores na apresentação. Ali manifes-     gularidade dos fenômenos, com isso justificando
tam preocupação com o fato de que, hoje, o            a sua descrição de forma fragmentada e isolada.
contexto de onde se fala sobre os sentidos e os       Para os críticos pós-modernos, a realidade social
significados do multiculturalismo no mundo con-       da atualidade é tão nova e carregada de matizes
temporâneo “tenha se transformado em uma              que nenhum sistema teórico e, sobretudo o que
espécie de ideologia escolar, teoria do currículo”    consideram ser “o marxismo”, com sua preten-
e objeto “de preocupação de educadores pós-           são de totalidade, seria capaz de captar, não le-
modernos bem comportados”. Não resistindo             vando em consideração que as principais acusa-
ao apelo dessa reticente mas incisiva crítica, per-   ções dirigidas a essa matriz teórica sofreram acer-
mito-me tecer algumas considerações a respei-         tos de contas internos. Conforme argumentei, a
to. Essa preocupação manifestada pelos autores        crítica pós-moderna não apresenta qualquer no-
é bastante pertinente quando se considera que as      vidade, mesmo porque não é a primeira e nem
idéias de Peter Mclaren, canadense e professor        será a última vez que se anuncia ”o fim da histó-
nos Estados Unidos, considerado um expoente           ria”, mas, sem dúvida, a adesão de estudiosos



250                                                              Cadernos de Pesquisa, nº 107, julho/1999
de vários campos do conhecimento ao pós-            importante contribuição. D’O jogo das diferen-
modernismo é preocupante... Para aqueles que        ças não se esperam vencedores.
não embarcaram nesse modismo, continua va-
                                                                 Ana Lúcia Eduardo Farah Valente
lendo a máxima de que, “é possível esquecer a
                                                      Doutora em Antropologia Social pela USP e
totalidade quando nos interessamos apenas pe-
                                                           professora do Curso de Mestrado em
las diferenças entre os homens, não quando nos
preocupamos também com a desigualdade”, va-             Educação e do Departamento de Ciências
lendo-me das palavras de Canclini (1997. p.                                 Humanas da UFMS.
30), ao não admitir que a preocupação com a
                                                    REFERÊNCIAS          BIBLIOGRÁFICAS
totalidade social careça de sentido.
        Assim, retomando o que vinha sendo dito     CANCLINI, N.G. Culturas híbridas. São Paulo:
linhas atrás, mesmo reticente, nessa crítica à           EDUSP 1997 (Ensaios latino-americanos,1)
                                                                  ,
“ideologia do currículo” e à “adesão pós-mo-        HADDAD, F. (org.) Desorganizando o consenso:
derna”, parece ser definida a direção                    nove entrevistas com intelectuais à es-
metodológica, que compartilho com os auto-               querda. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Fun-
res, de não perceber a temática da diferença             dação Perseu Abramo, 1998.
cultural como “novidade”. Recoloca-se, então,       MCLAREN, P Multiculturalismo crítico. São Paulo:
                                                                  .
a importância da tarefa de recuperar a história e        Cortez, 1997.
a luta dos povos oprimidos e, com ela, a pró-
                                                    VALENTE, A.L.E.F Educação e diversidade cultural:
                                                                        .
pria história do multiculturalismo(?), sem deixar
                                                         algumas reflexões sobre a LDB. Intermeio,
de inseri-la num contexto mais amplo de com-
                                                         Campo Grande, n.4, p.21-7, 1998a.
preensão. Nesse livro, os autores referem-se,
sobretudo, ao resgate da luta do negros, com        ________. Educação e diversidade cultural: um desa-
especial atenção às especificidades que marcam           fio da atualidade. São Paulo: Moderna. (no prelo)
o tratamento da questão no Brasil e nos Esta-       ________. Para além do multiculturalismo: a educa-
dos Unidos, sem menosprezar os momentos                  ção intercultural na Europa. Revista Brasileira
em que essas trajetórias se cruzam e que even-           de Estudos Pedagógicos, Brasília, v.79,
tualmente podem trazer elementos para a nos-             n.191, p.7-18, jan./abr. 1998b.
sa reflexão. Como se percebe, tantos pontos         ________. Por uma Antropologia de alcance
em comum, os quais compartilho com os au-                universal. Cadernos Cedes, Campinas,
tores, não mascaram nossas diferenças, que
                                                         n.43, p.58-74, dez.1997.
devem ser respeitadas. Elas podem ser
                                                    ________. Proposta metodológica de combate
mantidas intactas ou podem compor uma nova
                                                         ao racismo nas escolas. Cadernos de Pesqui-
síntese, a depender dos resultados do fértil di-
álogo que pode ser estabelecido entre os estu-           sa, São Paulo, n.93, p. 40-50, maio 1995.
diosos de uma temática ainda pouco conhecida        ________. Usos e abusos da Antropologia na
no campo da educação, para o qual, sem dú-               pesquisa educacional. Proposições, Cam-
vida, Luiz Alberto e Petronilha forneceram uma           pinas, n.20, p.54-64, jul.1996.




Cadernos de Pesquisa, nº 107, julho/1999                                                             251

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Multiculturalismo

  • 1. RESENHAS O JOGO DAS DIFERENÇAS: O MULTI- sucinto, discorre-se sobre o estado da arte dos CULTURALISMO E SEUS CONTEXTOS estudos culturais e a pesquisa em educação no Luiz Alberto Oliveira Gonçalves, Brasil. Afirma-se que as dissertações e teses pro- Petronilha B. Gonçalves e Silva duzidas sobre temas multiculturais no campo da educação, entre 1981 e 1997, ainda são insufi- Belo Horizonte: Autêntica, 1998. 118 p. cientes e estão muito longe de fornecer susten- (Coleção Trajetória) tação adequada a projetos educacionais desen- volvidos pelos sistemas de ensino, na perspecti- A Coleção Trajetória, o mais novo proje- va de contemplar a diversidade cultural que nos to dedicado à educação, da Autêntica Editora, foi caracteriza. Na avaliação dos autores, o lançada no segundo semestre de 1998, com a surgimento dessa preocupação, em meados da promissora e bem-vinda proposta de tornar década de oitenta, explica-se pelo contexto his- acessível, ao público em geral, temáticas que tórico de organização de movimentos sociais, vêm sendo pesquisadas por estudiosos de vários respondendo ao clima de repressão extremada campos do conhecimento. A expectativa criada imposto pela ditadura militar. Para eles, não por por um projeto como este é de que o hiato acaso, os enfoques teóricos e metodológicos existente no processo de produção do conheci- utilizados nessa pequena produção acadêmica mento seja superado, ao serem transpostos os vêm da Sociologia, da Antropologia e da Filoso- muros da academia. Afinal, tal processo só pode fia, pressupondo uma leitura mais complexa da realimentar-se, aprimorando-se, mediante a sua realidade. No tocante à utilização de recursos crescente socialização e exposição à crítica. O teórico-metodológicos da Antropologia, histo- perfil multidisciplinar da coleção implicou a esco- ricamente estruturada em torno da discussão lha não aleatória do tema de abertura, referin- do conceito de cultura, valeria a pena lembrar do-se ao direito à diferença. Encaixando-se que sua questão central é pensar a humanidade como uma luva nas intenções da editora, sob como una e indistinta, de um lado e, de outro, a formato de livro, foi publicado O jogo das dife- diversidade que a caracteriza como condição de renças: o multiculturalismo e seus contextos, de sua existência e sua marca necessária. No caso Luiz Alberto Oliveira Gonçalves e Petronilha B. dos estudos sobre as diferenças culturais no cam- Gonçalves e Silva. Os autores, com formação po educacional, a compreensão dessas dimen- em sociologia e em pedagogia, respectivamen- sões universal e singular da cultura pode contri- te, também aceitaram o desafio de vencer dis- buir para o avanço das discussões e das propos- tâncias geográficas e institucionais, ele da UFMG, tas de intervenção. Em outra ocasião (Valente, ela da UFSCar, procurando construir e 1996), chamei a atenção sobre os riscos poten- aprofundar os vínculos e o diálogo que vêm ciais e efetivos aos quais são ou podem ser sendo estimulados no compromisso comum, expostas as abordagens educacionais que incor- intelectual e político, com a questão dos negros poram às suas práticas os procedimentos da no Brasil e no mundo. Outra experiência que os Antropologia, sem a devida consideração de suas une é a atuação em programas de pós-gradua- implicações teórico-metodológicas e sem que ção em educação. seja respeitado o conhecimento acumulado no Trata-se, na verdade, de um ensaio com- seu campo de estudo. Quando se trata de abor- posto por quatro capítulos, cada qual guardan- dar a questão das diferenças culturais, esses ris- do certa autonomia. No último deles, bastante cos podem ser maiores. Cadernos de Pesquisa, nº 107, p.julho/1999julho/1999 de Pesquisa, nº 107, 247-251, 247
  • 2. Tudo indica que baseados no diagnóstico uma ou outra idéia interessante não desenvolvi- da falta de familiaridade dos educadores com a da, aquilo que ainda não foi escrito e que, portan- temática e, como afirmam os autores, em ra- to, não posso cobrar dos autores. No máximo, zão das questões que lhes são feitas por docen- posso também tentar provocá-los com questões tes de ensino fundamental em diversos encon- que nem eu mesma resolvi, para futuras trocas e tros, os três capítulos, “O multiculturalismo e discussões teóricas. seus significados”, “Multicul-turalismo e educa- Embora considere importante, como os ção nos Estados Unidos” e, “O Multiculturalismo autores, que o aprendizado das experiências de na América Brasileira” foram escritos de manei- outros países no tratamento da diferença cultu- ra simples e inicial, para garantir o acesso às ral possa contribuir para a reflexão sobre nossa discussões propostas. Estas, diferentemente da singularidade, venho me perguntando se, no forma, comportam conteúdos complexos e, Brasil, devemos importar conceitos, definidos como bem lembram os autores, neles a simpli- em contextos diferentes, mesmo revestidos de cidade é apenas aparente. Nesses capítulos são novos significados. Este não seria o caso do oferecidos ao leitor, além do pano de fundo emprego da palavra “multiculturalismo”? Afinal, sobre o qual se desenrolam as discussões sobre conforme foi mostrado no livro, na retrospecti- o multiculturalismo, mostrando que qualquer va da experiência americana, a compreensão tentativa de “defini-lo com precisão, é tarefa do “multiculturalismo e suas repercussões na bastante arriscada, fadada ao insucesso” (p.19), educação implica destrinçar referências ideoló- dados importantes sobre a história do movi- gicas, elucidar encaminhamentos teóricos, des- mento nos Estados Unidos. O relato da ex- cobrir práticas sociais, significar práticas peda- periência americana objetiva contribuir na refle- gógicas, posicionar-se politicamente e situar-se xão sobre os desafios que deverão ser enfrenta- socialmente”, numa intrincada rede de significa- dos pelo sistema de ensino brasileiro ante a dos contextualizada num território, numa socie- introdução do tema da pluralidade cultural pro- dade e nas relações que a mantém (p.71). Seria posto nos parâmetros curriculares nacionais. possível desconsiderar as diferenças históricas Sobre a experiência brasileira nesse terreno, os que nos separam dos Estados Unidos, mesmo autores fazem uma breve retrospectiva do pro- que informadas pelo caráter universal do capita- cesso de constituição do movimento negro. Es- lismo em tempos de globalização? pecial atenção é dedicada à criação do Teatro De passagem, no primeiro capítulo, os Experimental do Negro, no final dos anos qua- autores interrogam-se quanto ao sentido do renta, considerado pelos autores como “uma multiculturalismo em países europeus, mostran- possibilidade de interferir no ‘jogo de significa- do como a produção de pesquisadores com- ções’” (p.87-90), ou no jogo das representa- prometidos com o estudo da questão é marcada ções, por excelência o “campo de combate do por contradições. Diria, ainda, que é marcada multiculturalismo” (p.96). pela falta de consenso, inclusive na utilização dos Contudo, a simplicidade da forma que não termos que vão designar a recente preocupa- compromete o conteúdo do livro e mesmo o ção com a diversidade cultural. Entretanto, a tratamento por vezes superficial de algumas ques- intenção de superar a perspectiva do tões polêmicas, certamente motivado por ra- multiculturalismo vem ganhando espaço na Eu- zões de ordem editorial, vão despertar no leitor, ropa, que pretende implementar a “educação mais ou menos familiarizado com a temática, intercultural”. Para os europeus, o conceito de reações diversas e níveis diferenciados de inter- “multicultural” se limita a constatar o estado das pretação, análise e crítica. Para mim, a leitura do entidades sociais onde coabitam os grupos ou livro foi instigante para pensar as suas entrelinhas, os indivíduos de culturas diferentes, ao passo 248 Cadernos de Pesquisa, nº 107, julho/1999
  • 3. que o “intercultural” permite a caracterização de hegemonia sobre os demais, com base em in- uma dinâmica bilateral no interior da qual se teresses políticos e econômicos; c) a educação engajam parceiros conscientes de sua estrutura-se para legitimar uma organização interdependência. Contudo, como discuti em li- sociocultural marcada pela contradição, por isso nhas gerais, essa intenção de superar o abrindo a possibilidade de sua negação e; d) a multiculturalismo esbarra em obstáculos de diferença cultural é condição e marca necessária várias ordens, passíveis de serem contornados da humanidade e sua interação com o meio, pela reflexão teórica radical, rigorosa e atenta. mas aparece na histórica marcada pela desi- Ainda que, na Europa, a proposta de educação gualdade; não seria pertinente pensar numa pro- intercultural “seja pensada a partir do pressupos- posta educacional que contemple o contraditó- to de uma dinâmica de relações sociais, mas abs- rio processo de criação/significação da diversi- tratas, ao desconsiderar os contornos da socie- dade cultural para uma educação igualitária ou dade capitalista atual, incorre no mesmo equívo- para a cidadania paritária? Sob a condição de que co que se imputa a outrem: limita-se a constatar sejam desvelados os usos sociais dos conheci- o estado de parceiros culturalmente diferentes mentos transmitidos que, como criações hu- em conflito” (Valente, 1998b. p.16b). Nesse manas, são passíveis de serem transformados. mesmo artigo, afirmo considerar falaciosa a pro- Como decorrência do que foi exposto, não pos- posta de uma educação intercultural como sinô- so concordar com os autores de que “o nima de uma educação harmônica de respeito às multiculturalimo não interessa à sociedade como diferenças. Nesse caso, tratar-se-ia de propor um todo, e sim a certos grupos sociais que, de uma conotação nova e positiva ao fenômeno das uma forma ou de outra, são excluídos dos cen- relações entre as culturas que sempre esteve tros de decisão por questões econômicas e, marcada pelo signo da dominação. Porém, con- sobretudo, por questões culturais” (p.33). Mes- siderando o seu uso amplo e generalizado entre mo que se considere que os negros, no Brasil e os europeus, admito utilizar o termo nos Estados Unidos, foram precursores de “intercultural”, a ele associando uma perspectiva movimentos reivindicativos da diferença cultu- de compreensão mais crítica (Valente, 1998. ral, não se pode negar que a identidade de ne- p.15a). Mas convenhamos que a mera adjunção gros e de brancos é resultado de um processo do adjetivo “crítico” não dá conta de resolver os relacional envolvendo o dois segmentos raciais dilemas da interculturalidade ou da educação ou étnicos. Ao propor uma metodologia de intercultural, também proposta no texto da LDB combate ao racismo nas escolas afirmei que e exposta a alguns perigos (Valente, 1998a). A “não se pode pensar a questão racial apenas em questão a responder é: levando-se em conta o sua especificidade negra, como querem alguns jogo de significações, por que empregar os con- militantes e estudiosos, na medida em que, ne- ceitos “multiculturalismo” ou “educação cessariamente, essa questão envolve brancos. intercultural”, para designar a experiência brasi- Também não se pode pensar na especificidade leira que, por razões singulares, é diferente? infantil sem que ela esteja referida ao ‘universo Nessa linha de raciocínio, considerando adulto’ e à sua complexidade em termos raciais que: a) reivindicação do respeito à diferença cul- e de classe” (Valente, 1995. p.48 b). tural no Brasil, historicamente partiu de grupos Ainda não encontrei o termo ou termos sobre os quais se impôs o universalismo euro- mais apropriados para nomear esse processo, peu, isso é, sobre índios e negros; b) a luta sem cair em redundâncias ou tautologias. Mas, desses grupos étnicos ganha significado como a citação de trecho de um artigo escrito por relação opositora ante outras singularidades, ou Antonio Candido de Mello e Souza, há vinte seja, ante outros grupos étnicos que advogam a anos, que abre o livro organizado por Fernando Cadernos de Pesquisa, nº 107, julho/1999 249
  • 4. Haddad (1998), pode também aqui emprestar da chamada pedagogia crítica, vêm sendo feste- a força de seu pensamento. Para Antonio jadas por pesquisadores brasileiros que discutem Candido, a cópia, a imitação de padrões trazi- questões do currículo. No livro Multiculturalismo dos pelos nossos colonizadores são fenômenos Crítico (Maclaren, 1997), esse autor explicita sua de cultura reflexa que caracterizaria a cultura adesão à perspectiva pós-moderna e a ela faz brasileira, conformando uma tendência de ser justiça: verborrágico, utiliza uma linguagem tor- muito “a favor”. Indaga se já não teríamos ma- tuosa e plena de senso comum, que pode enga- turidade para criar uma cultura “do contra”, es- nar incautos. Eclético, é generoso na apresenta- pecialmente para fazer frente à era conservado- ção de suas interessantes fontes, freneticamente ra na qual entramos. Como lembra Haddad, citadas numa confusa colagem. No entanto, es- não aderir “às novas manias recém-importadas sas mesmas fontes levam-no a cometer alguns pelas elites na sua eterna e volúvel trajetória de sérios equívocos, como, por exemplo, a distorção modernização conservadora no país” e “desor- do pensamento de Gramsci. Discorre sobre co- ganizar o consenso em torno das idéias hoje nhecidas questões da Antropologia, de maneira hegemônicas é tarefa das mais árduas” (1998. fragmentada, como se fossem novidades. Às suas p.12). Talvez valha a pena aceitar esse desafio, mal costuradas observações seguem uma série procurando refletir em que momentos a dife- de recomendações práticas para “as/os educado- rença aparece como um problema e a possibi- ras/es” em sala de aula, partilhando da linguagem lidade dessa questão ser manipulada pelos gru- politicamente correta nas questões de gênero, pos hegemônicos. O resgate da historicidade que inclusive merece nota explicativa da tradu- desses momentos parece-me uma condição fun- ção, sem igual atenção para as questões étnico- damental para “ser do contra”, elaborando es- raciais. Em outra oportunidade (Valente,1997), tratégias mais consistentes que façam oposição utilizando uma paráfrase, chamei o discurso pós- efetiva, num quadro de correlação de forças moderno de arrombador de portas abertas, que políticas desiguais (Valente, no prelo). adere ao relativismo e valoriza a diversidade. Tal Finalizando essa resenha propositadamen- discurso se espalhou no embalo do que se te escrita ao reverso, na medida em que, atual- convencionou chamar de “crise de para-digmas”, mente, me parece imprescindível pensar o aves- com a proposta de buscar novas referências que so das discussões em torno na diferença cultural propiciem respostas adequadas aos problemas para evitar armadilhas e “tiros que saem pela colocados pela contempora-neidade, afirmando culatra”, merece destaque um breve comentário ser apenas possível estudar a especificidade e sin- feito pelos autores na apresentação. Ali manifes- gularidade dos fenômenos, com isso justificando tam preocupação com o fato de que, hoje, o a sua descrição de forma fragmentada e isolada. contexto de onde se fala sobre os sentidos e os Para os críticos pós-modernos, a realidade social significados do multiculturalismo no mundo con- da atualidade é tão nova e carregada de matizes temporâneo “tenha se transformado em uma que nenhum sistema teórico e, sobretudo o que espécie de ideologia escolar, teoria do currículo” consideram ser “o marxismo”, com sua preten- e objeto “de preocupação de educadores pós- são de totalidade, seria capaz de captar, não le- modernos bem comportados”. Não resistindo vando em consideração que as principais acusa- ao apelo dessa reticente mas incisiva crítica, per- ções dirigidas a essa matriz teórica sofreram acer- mito-me tecer algumas considerações a respei- tos de contas internos. Conforme argumentei, a to. Essa preocupação manifestada pelos autores crítica pós-moderna não apresenta qualquer no- é bastante pertinente quando se considera que as vidade, mesmo porque não é a primeira e nem idéias de Peter Mclaren, canadense e professor será a última vez que se anuncia ”o fim da histó- nos Estados Unidos, considerado um expoente ria”, mas, sem dúvida, a adesão de estudiosos 250 Cadernos de Pesquisa, nº 107, julho/1999
  • 5. de vários campos do conhecimento ao pós- importante contribuição. D’O jogo das diferen- modernismo é preocupante... Para aqueles que ças não se esperam vencedores. não embarcaram nesse modismo, continua va- Ana Lúcia Eduardo Farah Valente lendo a máxima de que, “é possível esquecer a Doutora em Antropologia Social pela USP e totalidade quando nos interessamos apenas pe- professora do Curso de Mestrado em las diferenças entre os homens, não quando nos preocupamos também com a desigualdade”, va- Educação e do Departamento de Ciências lendo-me das palavras de Canclini (1997. p. Humanas da UFMS. 30), ao não admitir que a preocupação com a REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS totalidade social careça de sentido. Assim, retomando o que vinha sendo dito CANCLINI, N.G. Culturas híbridas. São Paulo: linhas atrás, mesmo reticente, nessa crítica à EDUSP 1997 (Ensaios latino-americanos,1) , “ideologia do currículo” e à “adesão pós-mo- HADDAD, F. (org.) Desorganizando o consenso: derna”, parece ser definida a direção nove entrevistas com intelectuais à es- metodológica, que compartilho com os auto- querda. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Fun- res, de não perceber a temática da diferença dação Perseu Abramo, 1998. cultural como “novidade”. Recoloca-se, então, MCLAREN, P Multiculturalismo crítico. São Paulo: . a importância da tarefa de recuperar a história e Cortez, 1997. a luta dos povos oprimidos e, com ela, a pró- VALENTE, A.L.E.F Educação e diversidade cultural: . pria história do multiculturalismo(?), sem deixar algumas reflexões sobre a LDB. Intermeio, de inseri-la num contexto mais amplo de com- Campo Grande, n.4, p.21-7, 1998a. preensão. Nesse livro, os autores referem-se, sobretudo, ao resgate da luta do negros, com ________. Educação e diversidade cultural: um desa- especial atenção às especificidades que marcam fio da atualidade. São Paulo: Moderna. (no prelo) o tratamento da questão no Brasil e nos Esta- ________. Para além do multiculturalismo: a educa- dos Unidos, sem menosprezar os momentos ção intercultural na Europa. Revista Brasileira em que essas trajetórias se cruzam e que even- de Estudos Pedagógicos, Brasília, v.79, tualmente podem trazer elementos para a nos- n.191, p.7-18, jan./abr. 1998b. sa reflexão. Como se percebe, tantos pontos ________. Por uma Antropologia de alcance em comum, os quais compartilho com os au- universal. Cadernos Cedes, Campinas, tores, não mascaram nossas diferenças, que n.43, p.58-74, dez.1997. devem ser respeitadas. Elas podem ser ________. Proposta metodológica de combate mantidas intactas ou podem compor uma nova ao racismo nas escolas. Cadernos de Pesqui- síntese, a depender dos resultados do fértil di- álogo que pode ser estabelecido entre os estu- sa, São Paulo, n.93, p. 40-50, maio 1995. diosos de uma temática ainda pouco conhecida ________. Usos e abusos da Antropologia na no campo da educação, para o qual, sem dú- pesquisa educacional. Proposições, Cam- vida, Luiz Alberto e Petronilha forneceram uma pinas, n.20, p.54-64, jul.1996. Cadernos de Pesquisa, nº 107, julho/1999 251