Paulo Freire teve inúmeras contribuições importantes para a educação. Algumas das principais foram: 1) desenvolver um método eficaz e libertador de alfabetização de adultos; 2) ensinar que a educação deve promover o pensamento crítico e a participação dos alunos como sujeitos de sua própria história; 3) escrever a obra seminal "Pedagogia do Oprimido" que defende uma educação emancipatória. Seu trabalho influenciou profundamente a educação no Brasil e em todo o mundo.
O documento descreve um projeto escolar sobre a Consciência Negra que visa valorizar a cultura afro-brasileira e combater o preconceito racial. O projeto utilizará leituras, pesquisas, debates, expressões artísticas como música, dança e pintura para difundir a cultura negra e ensinar sobre a influência da cultura africana na identidade brasileira. A avaliação dos alunos será baseada na participação nas atividades propostas.
1. A autora discute as definições de racismo, preconceito e etnocentrismo, apontando ambiguidades conceptuais. 2. O racismo é definido como uma teoria sem base científica da superioridade de certas raças humanas, mas também como atitudes e opiniões concordantes com essa teoria. 3. São insuficientes para dar conta dos "novos" racismos, mais sutis, em sociedades democráticas.
1. O documento é um livro organizado por Jeruse Romão que reúne artigos sobre a história da educação do negro no Brasil, abordando temas como a exclusão histórica, resistência e inclusão deste segmento no sistema educacional.
2. Os artigos discutem a relação entre raça e educação, a legislação educacional em relação à população negra e experiências de implementação de políticas educacionais para promover o acesso e permanência
Este trabalho apresenta um estudo sobre a trajetória da Associação de Educadores Populares de Porto Alegre (AEPPA) e a formação de educadores populares em nível superior na cidade. Aborda a história da AEPPA e sua busca por formação docente para seus membros, analisando como educadores populares tiveram acesso a cursos de pedagogia em instituições como a UERGS, PUC e IPA. A pesquisa explora como a educação popular esteve presente nessa formação e quais desafios ainda precisam
O artigo discute a questão racial no Brasil e propõe uma abordagem para além do racismo e do anti-racismo. Apresenta as visões racialistas que predominaram entre intelectuais brasileiros e destaca as lutas do movimento negro desde o início do século XX. Defende que é preciso entender ambos os lados dessa história para compreender a sociedade brasileira.
O documento discute o racismo no Brasil e como ele opera de forma silenciosa através da naturalização, culpabilização e criminalização da vítima. Também aborda a importância de se ensinar sobre o racismo nas escolas de forma interdisciplinar para desconstruir esses mecanismos e construir uma sociedade mais igualitária.
Diversidade livro - educação em diálogos com a diversidadeElizete Santos
Este livro aborda temas importantes sobre diversidade em Mato Grosso, como educação para relações étnico-raciais, imigração japonesa, religiosidade negra, diversificação de olhares, diversidade sexual, história indígena, raízes negras e educação escolar quilombola. Os artigos fornecem subsídios teóricos e práticas pedagógicas para professores incluírem esses conteúdos no currículo e respeitarem a diversidade.
Este documento é um livro intitulado "Superando o Racismo na Escola" organizado por Kabengele Munanga. O livro contém artigos de diferentes autores abordando temas como a representação de negros em livros didáticos, conceitos sobre racismo, a importância da diversidade cultural e étnica na escola, e estratégias para combater o racismo no ambiente educacional.
O documento descreve um projeto escolar sobre a Consciência Negra que visa valorizar a cultura afro-brasileira e combater o preconceito racial. O projeto utilizará leituras, pesquisas, debates, expressões artísticas como música, dança e pintura para difundir a cultura negra e ensinar sobre a influência da cultura africana na identidade brasileira. A avaliação dos alunos será baseada na participação nas atividades propostas.
1. A autora discute as definições de racismo, preconceito e etnocentrismo, apontando ambiguidades conceptuais. 2. O racismo é definido como uma teoria sem base científica da superioridade de certas raças humanas, mas também como atitudes e opiniões concordantes com essa teoria. 3. São insuficientes para dar conta dos "novos" racismos, mais sutis, em sociedades democráticas.
1. O documento é um livro organizado por Jeruse Romão que reúne artigos sobre a história da educação do negro no Brasil, abordando temas como a exclusão histórica, resistência e inclusão deste segmento no sistema educacional.
2. Os artigos discutem a relação entre raça e educação, a legislação educacional em relação à população negra e experiências de implementação de políticas educacionais para promover o acesso e permanência
Este trabalho apresenta um estudo sobre a trajetória da Associação de Educadores Populares de Porto Alegre (AEPPA) e a formação de educadores populares em nível superior na cidade. Aborda a história da AEPPA e sua busca por formação docente para seus membros, analisando como educadores populares tiveram acesso a cursos de pedagogia em instituições como a UERGS, PUC e IPA. A pesquisa explora como a educação popular esteve presente nessa formação e quais desafios ainda precisam
O artigo discute a questão racial no Brasil e propõe uma abordagem para além do racismo e do anti-racismo. Apresenta as visões racialistas que predominaram entre intelectuais brasileiros e destaca as lutas do movimento negro desde o início do século XX. Defende que é preciso entender ambos os lados dessa história para compreender a sociedade brasileira.
O documento discute o racismo no Brasil e como ele opera de forma silenciosa através da naturalização, culpabilização e criminalização da vítima. Também aborda a importância de se ensinar sobre o racismo nas escolas de forma interdisciplinar para desconstruir esses mecanismos e construir uma sociedade mais igualitária.
Diversidade livro - educação em diálogos com a diversidadeElizete Santos
Este livro aborda temas importantes sobre diversidade em Mato Grosso, como educação para relações étnico-raciais, imigração japonesa, religiosidade negra, diversificação de olhares, diversidade sexual, história indígena, raízes negras e educação escolar quilombola. Os artigos fornecem subsídios teóricos e práticas pedagógicas para professores incluírem esses conteúdos no currículo e respeitarem a diversidade.
Este documento é um livro intitulado "Superando o Racismo na Escola" organizado por Kabengele Munanga. O livro contém artigos de diferentes autores abordando temas como a representação de negros em livros didáticos, conceitos sobre racismo, a importância da diversidade cultural e étnica na escola, e estratégias para combater o racismo no ambiente educacional.
O documento discute a relação entre racismo e aprendizagem escolar no Brasil. Aponta que o racismo afeta negativamente o desempenho escolar de estudantes negros e propõe ações anti-racistas por parte de professores e escolas, como a implementação da Lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino sobre a história e cultura afro-brasileira. Também defende a articulação com o movimento negro para ajudar a combater o racismo no ambiente escolar.
Este documento é um livro intitulado "Superando o Racismo na Escola", organizado por Kabengele Munanga. Contém 14 capítulos escritos por professores abordando formas de superar o racismo no ambiente escolar, como desconstruir a discriminação nos livros didáticos, conceitos sobre racismo, a importância da diversidade cultural e étnica na escola. O prefácio da segunda edição destaca a importância da educação na superação do preconceito racial ainda presente na sociedade brasileira.
Este documento apresenta orientações pedagógicas para o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena na rede pública de ensino do Distrito Federal. Apresenta os fundamentos históricos das lutas dos negros e indígenas pelo acesso à educação, discute a construção de políticas públicas para transformar práticas educativas e traz possibilidades curriculares e pedagógicas para diferentes etapas e modalidades da educação básica. Tem como objetivo corrigir injustiças e promover a inclus
Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03André Santos Luigi
Este documento apresenta três pontos principais:
1) Apresenta o contexto da Lei 10.639/03 e sua importância para a educação anti-racista no Brasil.
2) Discutem conceitos importantes sobre relações raciais no Brasil.
3) Aborda dimensões do ensino da trajetória dos povos negros no Brasil, incluindo história da África, geografia africana e representações de personagens negras na literatura.
Este documento apresenta um projeto de pesquisa desenvolvido por alunas do curso de Pedagogia da Universidade Virtual do Estado de São Paulo sobre o tema "Jogos e brincadeiras na construção da relação espaço-tempo: as máscaras e a cultura afro-brasileira". O projeto aborda de forma lúdica oficinas e contação de histórias relacionadas à cultura afro-brasileira com o objetivo de introduzir conceitos de identidade cultural e diversidade étnica para crianças.
Paulo Freire foi um educador brasileiro que desenvolveu um método de alfabetização de adultos baseado no diálogo e na conscientização. Seu método enfatizava o uso de palavras geradoras retiradas do contexto dos alunos para ensinar a leitura e a escrita de forma significativa. Freire acreditava que a educação deveria ser uma prática de liberdade que promovesse a autonomia e a conscientização crítica.
The document discusses the role of civil society in building democracy. It argues that civil society organizations promote democratic values through their work advocating for human rights, transparency, and participation. A strong civil society is essential to hold governments accountable and strengthen democratic systems.
história e cultura afro brasileira e africanaculturaafro
Este documento apresenta uma coleção de livros sobre percepções da diferença entre negros e brancos na escola. A coleção discute como lidar com a diferenciação e a discriminação entre crianças de diferentes idades e raças na escola de forma a promover o respeito e a autoestima. O quinto volume trata especificamente de como os professores podem lidar com o preconceito quando crianças se recusam a brincar com outras por causa da cor da pele.
O documento apresenta programas e bibliografias recomendadas para conhecimentos gerais como Língua Portuguesa e conhecimentos pedagógicos. Para Língua Portuguesa, o programa abrange interpretação de texto, estrutura da língua e morfologia, sintaxe e emprego da pontuação. Para conhecimentos pedagógicos, o programa inclui prática docente, currículo, avaliação, diversidade, inclusão e gestão escolar. Também fornece uma lista extensa de referências bibliográficas para
Projeto de francisca roseane educação etnicorraciaisRoseane Ribeiro
1. O documento descreve um projeto desenvolvido para o curso "Educação para as Relações Etnicorraciais" que tem como objetivo desconstruir preconceitos sobre a África.
2. O projeto foi desenvolvido por uma professora e aplicado em uma escola estadual na Paraíba.
3. Ele tem como foco abordar a cultura e história da África de forma aprofundada para além de aspectos folclóricos, combatendo visões preconceituosas e valorizando as contribuições de po
Este documento apresenta os resultados de uma pesquisa sobre as representações de raça, cor, diferença e preconceito racial no ambiente escolar por meio de entrevistas com professores, técnicos e alunos. A pesquisa buscou investigar como esses grupos elaboram e reproduzem concepções sobre a sociedade brasileira e como isso influencia as atividades didáticas e a relação com a sociedade.
Nacionalização do ensino catarinense repúblicaEscola Jovem
Este documento fornece um resumo da Revista Brasileira de História da Educação no 21:
1) Apresenta sete artigos acadêmicos e uma resenha sobre temas relacionados à história da educação no Brasil, como a formação de identidades de professores no século XIX e mudanças nas concepções de disciplina na escola pública de Minas Gerais entre 1827-1927.
2) Discute também a organização do ensino superior no Paraná entre 1912-1922 e o processo de nacionalização do ensino em Santa
O documento discute o SARESP, um sistema de avaliação escolar em São Paulo, criticando sua interferência na autonomia docente e seu foco em um currículo desatualizado. Também critica o pagamento de bônus aos professores vinculado aos resultados do SARESP, levando escolas a fraudarem notas para receber mais dinheiro. O documento defende que a avaliação deve considerar os parâmetros curriculares de cada escola.
Educação anti-racista : caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03Geraa Ufms
Este documento apresenta:
1) A introdução discute a importância de se compreender as relações raciais no contexto educacional brasileiro para combater o racismo e promover a igualdade.
2) A publicação reúne artigos que abordam temas como a luta histórica contra o racismo, manifestações de racismo na escola, conceitos sobre raça no Brasil e dimensões do ensino sobre a história e cultura dos povos negros.
3) O objetivo é fornecer subsídios para a implementação da Lei 10.
Este documento discute a diversidade de contextos escolares no Brasil, com foco na educação do campo. Apresenta as múltiplas realidades das escolas rurais e a importância do reconhecimento de suas particularidades no planejamento educacional. Também destaca os avanços legais e pedagógicos da proposta de educação do campo, impulsionada por movimentos sociais, que visa assegurar identidade e direitos de aprendizagem às populações rurais.
Fichamento do livro de Carlos Brandão "O Que é Educação Popular" cap. 2 e 3Claraluz Gris
O documento discute a educação popular no Brasil e suas diferentes concepções ao longo do tempo. Inicialmente, associava-se à extensão da educação escolar às classes populares. Posteriormente, passou-se a enfatizar a educação como um processo de libertação dessas classes e mobilização política. Mais recentemente, defende-se uma educação popular que promova a democratização do ensino público e atenda aos interesses das classes populares.
A Unesco ampliou o conceito de patrimônio da humanidade para incluir locais naturais e proteger o meio ambiente de forma sustentável. Uma nova visão mais humanística de preservação cultural e ambiental busca equilibrar a proteção do patrimônio com seu uso econômico de forma sustentável, como por meio da economia criativa. A entrevista com Ruth Rocha destaca sua longa carreira dedicada à literatura infantil e suas críticas à educação brasileira.
1) O documento apresenta programas e bibliografias recomendadas para três módulos de estudos: Módulo I - Língua Portuguesa, Conhecimentos Pedagógicos e Legislação; Módulo II - Área de Conhecimento de Linguagens e suas Tecnologias;
2) Os programas incluem tópicos sobre interpretação de texto, estrutura da língua portuguesa, avaliação escolar, diversidade cultural e inclusão, entre outros;
3) As bibliografias recomendadas apo
O documento discute a importância de incluir o estudo de "Africanidades Brasileiras" no currículo escolar. Ele define Africanidades Brasileiras como as raízes culturais brasileiras de origem africana e como os modos de ser e viver dos negros brasileiros. O documento argumenta que estudar Africanidades Brasileiras ajuda a combater preconceitos, valorizar expressões culturais negras, e compreender as relações étnicas e a história dos descendentes de africanos no Brasil. Ele fornece exemplos de como incluir o tema
Projeto Interdisciplinar sobre o Balneário Cassino: História, Arte e Literatu...Verônica Silveira
O documento descreve um projeto interdisciplinar entre História, Português e Arte em uma escola localizada no Balneário Cassino. O projeto tem como objetivo promover pesquisas sobre a história e cultura local, incentivando os alunos a refletirem sobre o lugar onde vivem e contribuindo para a construção de suas identidades. O projeto inclui atividades como entrevistas com moradores antigos, pesquisa fotográfica e produção de contos e ilustrações sobre a memória do balneário.
Método de Alfabetização Paulo Freire - Angicos Kivya Damasceno
Paulo Freire foi um grande educador brasileiro que desenvolveu um método inovador de alfabetização de adultos. Seu método partia da realidade do aluno e incentivava o diálogo crítico. Freire sofreu exílio político durante a ditadura militar e contribuiu para a educação em diversos países. Suas ideias revolucionaram a pedagogia e ele se tornou uma referência mundial na área da educação popular.
Paulo Freire foi um importante educador brasileiro do século XX. Sua vida foi marcada por dificuldades financeiras na infância e juventude. Freire desenvolveu um método de alfabetização de adultos baseado no diálogo entre educador e alunos sobre suas realidades. Ele acreditava na educação como prática libertadora e que ninguém educa ninguém sozinho.
O documento discute a relação entre racismo e aprendizagem escolar no Brasil. Aponta que o racismo afeta negativamente o desempenho escolar de estudantes negros e propõe ações anti-racistas por parte de professores e escolas, como a implementação da Lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino sobre a história e cultura afro-brasileira. Também defende a articulação com o movimento negro para ajudar a combater o racismo no ambiente escolar.
Este documento é um livro intitulado "Superando o Racismo na Escola", organizado por Kabengele Munanga. Contém 14 capítulos escritos por professores abordando formas de superar o racismo no ambiente escolar, como desconstruir a discriminação nos livros didáticos, conceitos sobre racismo, a importância da diversidade cultural e étnica na escola. O prefácio da segunda edição destaca a importância da educação na superação do preconceito racial ainda presente na sociedade brasileira.
Este documento apresenta orientações pedagógicas para o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena na rede pública de ensino do Distrito Federal. Apresenta os fundamentos históricos das lutas dos negros e indígenas pelo acesso à educação, discute a construção de políticas públicas para transformar práticas educativas e traz possibilidades curriculares e pedagógicas para diferentes etapas e modalidades da educação básica. Tem como objetivo corrigir injustiças e promover a inclus
Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03André Santos Luigi
Este documento apresenta três pontos principais:
1) Apresenta o contexto da Lei 10.639/03 e sua importância para a educação anti-racista no Brasil.
2) Discutem conceitos importantes sobre relações raciais no Brasil.
3) Aborda dimensões do ensino da trajetória dos povos negros no Brasil, incluindo história da África, geografia africana e representações de personagens negras na literatura.
Este documento apresenta um projeto de pesquisa desenvolvido por alunas do curso de Pedagogia da Universidade Virtual do Estado de São Paulo sobre o tema "Jogos e brincadeiras na construção da relação espaço-tempo: as máscaras e a cultura afro-brasileira". O projeto aborda de forma lúdica oficinas e contação de histórias relacionadas à cultura afro-brasileira com o objetivo de introduzir conceitos de identidade cultural e diversidade étnica para crianças.
Paulo Freire foi um educador brasileiro que desenvolveu um método de alfabetização de adultos baseado no diálogo e na conscientização. Seu método enfatizava o uso de palavras geradoras retiradas do contexto dos alunos para ensinar a leitura e a escrita de forma significativa. Freire acreditava que a educação deveria ser uma prática de liberdade que promovesse a autonomia e a conscientização crítica.
The document discusses the role of civil society in building democracy. It argues that civil society organizations promote democratic values through their work advocating for human rights, transparency, and participation. A strong civil society is essential to hold governments accountable and strengthen democratic systems.
história e cultura afro brasileira e africanaculturaafro
Este documento apresenta uma coleção de livros sobre percepções da diferença entre negros e brancos na escola. A coleção discute como lidar com a diferenciação e a discriminação entre crianças de diferentes idades e raças na escola de forma a promover o respeito e a autoestima. O quinto volume trata especificamente de como os professores podem lidar com o preconceito quando crianças se recusam a brincar com outras por causa da cor da pele.
O documento apresenta programas e bibliografias recomendadas para conhecimentos gerais como Língua Portuguesa e conhecimentos pedagógicos. Para Língua Portuguesa, o programa abrange interpretação de texto, estrutura da língua e morfologia, sintaxe e emprego da pontuação. Para conhecimentos pedagógicos, o programa inclui prática docente, currículo, avaliação, diversidade, inclusão e gestão escolar. Também fornece uma lista extensa de referências bibliográficas para
Projeto de francisca roseane educação etnicorraciaisRoseane Ribeiro
1. O documento descreve um projeto desenvolvido para o curso "Educação para as Relações Etnicorraciais" que tem como objetivo desconstruir preconceitos sobre a África.
2. O projeto foi desenvolvido por uma professora e aplicado em uma escola estadual na Paraíba.
3. Ele tem como foco abordar a cultura e história da África de forma aprofundada para além de aspectos folclóricos, combatendo visões preconceituosas e valorizando as contribuições de po
Este documento apresenta os resultados de uma pesquisa sobre as representações de raça, cor, diferença e preconceito racial no ambiente escolar por meio de entrevistas com professores, técnicos e alunos. A pesquisa buscou investigar como esses grupos elaboram e reproduzem concepções sobre a sociedade brasileira e como isso influencia as atividades didáticas e a relação com a sociedade.
Nacionalização do ensino catarinense repúblicaEscola Jovem
Este documento fornece um resumo da Revista Brasileira de História da Educação no 21:
1) Apresenta sete artigos acadêmicos e uma resenha sobre temas relacionados à história da educação no Brasil, como a formação de identidades de professores no século XIX e mudanças nas concepções de disciplina na escola pública de Minas Gerais entre 1827-1927.
2) Discute também a organização do ensino superior no Paraná entre 1912-1922 e o processo de nacionalização do ensino em Santa
O documento discute o SARESP, um sistema de avaliação escolar em São Paulo, criticando sua interferência na autonomia docente e seu foco em um currículo desatualizado. Também critica o pagamento de bônus aos professores vinculado aos resultados do SARESP, levando escolas a fraudarem notas para receber mais dinheiro. O documento defende que a avaliação deve considerar os parâmetros curriculares de cada escola.
Educação anti-racista : caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03Geraa Ufms
Este documento apresenta:
1) A introdução discute a importância de se compreender as relações raciais no contexto educacional brasileiro para combater o racismo e promover a igualdade.
2) A publicação reúne artigos que abordam temas como a luta histórica contra o racismo, manifestações de racismo na escola, conceitos sobre raça no Brasil e dimensões do ensino sobre a história e cultura dos povos negros.
3) O objetivo é fornecer subsídios para a implementação da Lei 10.
Este documento discute a diversidade de contextos escolares no Brasil, com foco na educação do campo. Apresenta as múltiplas realidades das escolas rurais e a importância do reconhecimento de suas particularidades no planejamento educacional. Também destaca os avanços legais e pedagógicos da proposta de educação do campo, impulsionada por movimentos sociais, que visa assegurar identidade e direitos de aprendizagem às populações rurais.
Fichamento do livro de Carlos Brandão "O Que é Educação Popular" cap. 2 e 3Claraluz Gris
O documento discute a educação popular no Brasil e suas diferentes concepções ao longo do tempo. Inicialmente, associava-se à extensão da educação escolar às classes populares. Posteriormente, passou-se a enfatizar a educação como um processo de libertação dessas classes e mobilização política. Mais recentemente, defende-se uma educação popular que promova a democratização do ensino público e atenda aos interesses das classes populares.
A Unesco ampliou o conceito de patrimônio da humanidade para incluir locais naturais e proteger o meio ambiente de forma sustentável. Uma nova visão mais humanística de preservação cultural e ambiental busca equilibrar a proteção do patrimônio com seu uso econômico de forma sustentável, como por meio da economia criativa. A entrevista com Ruth Rocha destaca sua longa carreira dedicada à literatura infantil e suas críticas à educação brasileira.
1) O documento apresenta programas e bibliografias recomendadas para três módulos de estudos: Módulo I - Língua Portuguesa, Conhecimentos Pedagógicos e Legislação; Módulo II - Área de Conhecimento de Linguagens e suas Tecnologias;
2) Os programas incluem tópicos sobre interpretação de texto, estrutura da língua portuguesa, avaliação escolar, diversidade cultural e inclusão, entre outros;
3) As bibliografias recomendadas apo
O documento discute a importância de incluir o estudo de "Africanidades Brasileiras" no currículo escolar. Ele define Africanidades Brasileiras como as raízes culturais brasileiras de origem africana e como os modos de ser e viver dos negros brasileiros. O documento argumenta que estudar Africanidades Brasileiras ajuda a combater preconceitos, valorizar expressões culturais negras, e compreender as relações étnicas e a história dos descendentes de africanos no Brasil. Ele fornece exemplos de como incluir o tema
Projeto Interdisciplinar sobre o Balneário Cassino: História, Arte e Literatu...Verônica Silveira
O documento descreve um projeto interdisciplinar entre História, Português e Arte em uma escola localizada no Balneário Cassino. O projeto tem como objetivo promover pesquisas sobre a história e cultura local, incentivando os alunos a refletirem sobre o lugar onde vivem e contribuindo para a construção de suas identidades. O projeto inclui atividades como entrevistas com moradores antigos, pesquisa fotográfica e produção de contos e ilustrações sobre a memória do balneário.
Método de Alfabetização Paulo Freire - Angicos Kivya Damasceno
Paulo Freire foi um grande educador brasileiro que desenvolveu um método inovador de alfabetização de adultos. Seu método partia da realidade do aluno e incentivava o diálogo crítico. Freire sofreu exílio político durante a ditadura militar e contribuiu para a educação em diversos países. Suas ideias revolucionaram a pedagogia e ele se tornou uma referência mundial na área da educação popular.
Paulo Freire foi um importante educador brasileiro do século XX. Sua vida foi marcada por dificuldades financeiras na infância e juventude. Freire desenvolveu um método de alfabetização de adultos baseado no diálogo entre educador e alunos sobre suas realidades. Ele acreditava na educação como prática libertadora e que ninguém educa ninguém sozinho.
Este documento discute a vida e obra de Paulo Freire, seu método de alfabetização de adultos e suas ideias pedagógicas. Também reflete sobre como seus pressupostos político-ideológicos e conceitos como diálogo e conscientização podem ser aplicados à educação a distância.
Paulo Freire foi um educador brasileiro que desenvolveu um método inovador de alfabetização de adultos. Seu método usava palavras geradoras retiradas do universo vocabular dos alunos para ensinar leitura e escrita de forma contextualizada e conscientizadora. Freire acreditava que a educação deveria promover a autonomia e libertação dos oprimidos através do diálogo entre professores e alunos. Seu método teve grande sucesso e influência no Brasil e no exterior.
O método de alfabetização de Paulo Freire consistia em usar palavras significativas para os alunos para ensinar leitura e escrita de forma consciente e crítica. O método envolvia investigar as palavras do universo dos alunos, discuti-las para entender seus significados sociais e desafiá-los a pensar criticamente sobre os problemas da comunidade.
Paulo Freire foi um educador brasileiro que desenvolveu uma metodologia de alfabetização de adultos baseada no diálogo e na conscientização crítica. Ele lecionou em várias universidades e países, e teve que se exilar após o golpe militar de 1964 no Brasil. Freire fez críticas ao modelo tradicional de ensino e promoveu a autonomia dos estudantes.
Paulo Freire teve sua primeira alfabetização no quintal de sua casa no Recife. Ele desenvolveu um método revolucionário de alfabetização de adultos na década de 1960 que usava a realidade do aluno como ponto de partida. Freire acreditava que educação e política estavam interligadas e que a educação deveria promover a autonomia e liberdade do ser humano. Seu método problematizador envolvia aluno e professor em um processo dialógico de aprendizagem.
Paulo Freire e suas contribuições para a didáticaandreapaula2014
O documento descreve a vida e obra do educador brasileiro Paulo Freire, conhecido por seu método de alfabetização de adultos e por ver a educação como um ato político de libertação. Freire acreditava que a escola deveria capacitar os alunos a pensar criticamente e transformar o mundo por meio do diálogo. Sua pedagogia enfatizava a aprendizagem significativa por meio da leitura do mundo dos alunos.
O método de alfabetização de Paulo Freire se baseia em três etapas: investigação de palavras significativas para os alunos, tematização desses temas para conscientização do mundo, e problematização para uma visão crítica. Ele utiliza palavras geradoras escolhidas com os alunos para ensinar leitura e escrita de forma contextualizada à realidade dos alunos.
A experiência, inédita no Brasil, tinha uma meta ousada: alfabetizar adultos em 40 horas. Mas não era só isso. De acordo com o professor doutor Éder Jofre, Paulo Freire pretendia despertar o ser político que deve ser sujeito de direito. “A palavra ‘tijolo’ fez parte do universo vocabular trabalhado em Angicos. Era uma palavra que fazia parte do cotidiano dessas pessoas. Mas não era só ensinar a escrever tijolo, tinha também a questão social e política. Era questionado: você trabalha na construção de casas, mas você tem uma casa própria? Por que não tem? Levava o cidadão a pensar nessas questões”, explica Éder Jofre, que é doutor no método Paulo Freire.
Paulo Freire foi um educador brasileiro que desenvolveu uma pedagogia crítica focada no diálogo e na conscientização dos alunos. Ele acreditava que a educação deveria estar ligada à realidade dos alunos e promover a transformação social. Freire trabalhou com alfabetização de adultos no Brasil e no exterior e escreveu obras influentes sobre educação. Sua abordagem enfatiza a importância do diálogo entre professores e alunos para que ambos aprendam e mudem juntos.
A influncia da libras no processo educacional de estudantes surdos em escola ...mardone visgueira
O documento discute a influência da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no processo educacional de estudantes surdos em escolas regulares. Aborda a história da educação de surdos e como a inclusão da Libras no currículo escolar tem proporcionado melhores condições de ensino-aprendizagem para esses estudantes, vistos não mais como tendo déficit cognitivo.
Esse slide foi montado para que possamos entender um pouco a trajetória do filósofo escolhido e também termos a ideia de como ele ajudou no mundo da educação.
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...Instituto Uka
Este documento discute como os professores de uma escola no interior do Rio de Janeiro abordam a literatura afro-brasileira e indígena em suas aulas de acordo com as leis 10 639/2003 e 11 645/2008. Os professores reconhecem a importância dessas leis, mas relatam dificuldades em encontrar recursos e internalizar essas culturas em seu ensino de forma consistente. Eles tendem a abordar esses temas de forma pontual em vez de integrada ao currículo.
Literatura afro-brasileira e indígena na escolaInstituto Uka
Este documento discute como os professores de uma escola no interior do Rio de Janeiro abordam a literatura afro-brasileira e indígena em suas aulas de acordo com as leis 10 639/2003 e 11 645/2008. Os professores reconhecem a importância dessas leis, mas relatam dificuldades em encontrar recursos e internalizar essas culturas em seu ensino de forma consistente. Eles tendem a abordar esses temas de forma pontual em vez de integrada ao currículo.
Paulo Freire foi um educador brasileiro que desenvolveu um método revolucionário de alfabetização de adultos baseado no diálogo e na conscientização crítica. Sua pedagogia defendia uma educação libertadora focada nos problemas reais dos alunos e na transformação da sociedade. Freire teve grande influência no Brasil e no exterior, mas foi exilado durante a ditadura militar brasileira de 1964-1985.
Este documento descreve a trajetória de vida e obra do educador brasileiro Paulo Freire, desde seu nascimento no Recife até suas principais contribuições para a educação. O texto detalha o método de alfabetização de adultos desenvolvido por Freire que enfatiza o diálogo entre educador e aluno e a conscientização crítica por meio da discussão de temas relevantes à realidade do aluno.
O documento discute a importância da Filosofia, Educação e Sensibilidade como base para a Escola Reflexiva do século XXI. A entrevista com o educador Celso Antunes destaca a necessidade de professores que filosofem e pensem criticamente sobre sua prática. As avaliações atuais nas escolas precisam considerar não só conhecimentos, mas atitudes e processos de aprendizagem.
Paulo Freire foi um importante educador brasileiro que desenvolveu um método de alfabetização de adultos baseado no diálogo entre aluno e professor. Sua teoria defendia uma educação libertadora e crítica que valorizasse a experiência do aluno. Freire teve grande influência no Brasil e no mundo, apesar de também receber críticas por defender uma educação não neutra politicamente.
O documento discute a alfabetização e o letramento de jovens e adultos. A pesquisa mostra que os alunos buscam a escolarização para atender suas necessidades atuais, não para recuperar o passado. Muitos relatam dificuldades como pobreza e trabalho doméstico que os impediram de estudar antes. O documento também analisa como o letramento vai além da leitura e escrita, envolvendo participação social em práticas letradas.
Semelhante a A voz e vez dos barqueiros: um diálogo crítico de reinvenção freireana frente aos desafios da atualidade (20)
Este livro analisa os Campos de Experiência educativos da Itália como uma possibilidade para repensar o currículo da educação infantil brasileira. Traz as contribuições das Indicações Nacionais Curriculares italianas de 2012 para construir um currículo próprio para a infância sem perder a especificidade da pequena infância. Discute a importância de considerar a experiência da criança fora da escola e um currículo emergente que valorize a descoberta e a invenção.
Acessibilidade arquitetônica, deficiência física e o direito à educaçãorevistas - UEPG
Este documento analisa a acessibilidade arquitetônica em quatro escolas municipais de Pinhais, Paraná, sob a perspectiva do direito à educação de qualidade. A pesquisa utilizou um questionário com 122 itens para avaliar os espaços das escolas e entrevistas com as diretoras. Os resultados mostraram que as escolas não cumprem plenamente as normas de acessibilidade, mantendo desigualdades. É necessário adaptar os espaços e ampliar as políticas de inclusão.
Relatos docentes de práticas educativas para inclusão na pandemia: experiênci...revistas - UEPG
Este documento relata as experiências de professores da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro durante a pandemia de COVID-19 para a inclusão de estudantes com deficiência. O documento destaca as potencialidades, como as múltiplas inventividades docentes mediadas por tecnologias digitais, e as despotencialidades, como o aprofundamento da precarização do trabalho docente e a ausência de formação continuada e políticas públicas de inclusão durante a pandemia.
16206 texto do artigo-209209235810-1-10-20210605revistas - UEPG
Este documento discute como a pandemia de COVID-19 exacerbou a desigualdade social e a precarização do corpo, levando a uma maior dependência da educação das tecnologias digitais. Filósofos argumentam que isso pode levar a um estado de exceção permanente e à perda da presença física no ensino. Contudo, defendem que a solidariedade pode resistir a essa tendência e garantir que haja corpo na educação, especialmente nas periferias.
16184 texto do artigo-209209235809-1-10-20210605revistas - UEPG
O documento discute as experiências de professoras da educação infantil durante o distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19. As professoras repensaram suas práticas para apoiar as crianças e famílias, desenvolvendo o projeto "Acolhimento e Exploração do Mundo na Infância" para ser realizado em casa. O projeto busca promover atividades que articulem as experiências das crianças com conhecimentos culturais, respeitando as diretrizes da educação infantil.
16129 texto do artigo-209209235814-1-10-20210605revistas - UEPG
Este documento presenta una primera lectura del impacto de la pandemia de COVID-19 en el sistema educativo de Argentina. En primer lugar, describe la situación del sistema educativo argentino antes de la pandemia y las transformaciones que estaba experimentando. Luego, analiza cómo la suspensión de clases presenciales debido a la pandemia obligó a los actores educativos a tomar decisiones para mantener la continuidad pedagógica a través de medios no presenciales. Finalmente, presenta un primer acercamiento al uso de tecnologías digitales en los
16180 texto do artigo-209209235805-1-10-20210605revistas - UEPG
Este artigo discute como a cultura escolar "sobrevive" durante a pandemia da COVID-19, quando as aulas foram transferidas para os lares dos estudantes. A pesquisa investiga como os dispositivos didáticos da cultura escolar continuam ativos mesmo à distância e mostra o fortalecimento do papel do educador em superar as condições adversas e manter a presença na vida escolar dos alunos. Os professores percebem que a cultura escolar resiste por meio de atividades remotas, apesar das dificuldades do ens
16145 texto do artigo-209209235804-1-10-20210605revistas - UEPG
O documento discute a implementação do Centro de Mídias SP pelo governo de São Paulo para garantir o ensino remoto durante a pandemia. O autor argumenta que a iniciativa viola o princípio constitucional de igualdade de acesso à educação, pois desconsidera a realidade de exclusão digital vivida por muitos alunos da rede pública, que não possuem dispositivos eletrônicos. A equidade educacional exige tratamento diferenciado para os mais vulneráveis.
1. O documento discute a importância da articulação entre teoria e prática no estágio de formação de professores da educação infantil.
2. Defende que o estágio deve ter um caráter investigativo e reflexivo para promover a construção da identidade docente dos estudantes.
3. Conclui que o profissional da educação infantil precisa ter um olhar consciente sobre seu papel transformador e agir com responsabilidade pelas crianças.
1) O documento discute as experiências de estágio na educação infantil de cinco estudantes do curso de pedagogia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
2) Analisou-se cinco memoriais formativos dos estudantes sobre suas experiências no estágio.
3) O estágio na educação infantil é importante para a formação dos futuros professores, permitindo reflexões sobre concepções de infância e práticas pedagógicas nesta etapa.
Análise da efetividade do Ensino Médio com mediação tecnológica no estado de ...revistas - UEPG
Este documento analisa a efetividade do programa Ensino Médio com Mediação Tecnológica (EMMTEC) no estado de Rondônia entre 2016-2018. O EMMTEC utiliza educação a distância para fornecer ensino médio às comunidades remotas. Os resultados indicam que o programa aumentou as matrículas de alunos de 15-17 anos nessas comunidades e contribuiu para a universalização do ensino médio no estado.
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“Criar capacidades” para a sensibilidade e a humanização em meio à pandemia d...revistas - UEPG
1) O artigo reflete sobre a necessidade de "criar capacidades" para sensibilidade e humanização como forma de enfrentar a pandemia de Covid-19.
2) Em um cenário de medo, fragilidade e insensibilidade, é urgente criar experiências que promovam solidariedade, empatia e justiça social.
3) O texto analisa as contribuições de Martha Nussbaum e Giorgio Agamben para propor que a educação cultive a sensibilidade humana nesse momento de crise.
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O brincar e suas possibilidades na Educação Infantil: uma revisão sistemática revistas - UEPG
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A voz e vez dos barqueiros: um diálogo crítico de reinvenção freireana frente aos desafios da atualidade
1. Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-22, e-16719.012, 2021.
Disponível em <https://revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor>
1
ISSN Eletrônico: 1984-0187
ISSN Impresso: 1518-5648
____________________________________________________________________
A voz e vez dos barqueiros: um diálogo crítico de reinvenção
freireana frente aos desafios da atualidade
The voice and turn of boatmen: a critical dialogue of Freirean
reinvention in face of today's challenges
La voz y el turno de los barqueros: Un diálogo crítico de la
reinvención freireana ante los desafíos de la atualidad
Mariana Parise Brandalise Dalsotto1
https://orcid.org/0000-0003-4926-6320
César Augusto Rossatto2
https://orcid.org/ 0000-0001-9063-1575
O texto que aqui se desenvolveu, tinha como proposta inicial a realização de uma entrevista
com o professor doutor César Augusto Rossatto que relacionasse sua trajetória de estudos com a
vida e obra de Paulo Freire. Sendo coerente com o pensamento freireano, especialmente no que se
refere ao conceito de diálogo, à ideia de horizontalidade nas relações e à ideia de que não há saber
mais ou saber menos, mas sim, saberes diferentes (FREIRE, 2005), o professor fez uma contraproposta,
convidando para que fizéssemos um diálogo, o qual gerou a produção aqui transcrita. O diálogo é um
conceito importante para Paulo Freire e o próprio educador organizou diversos livros com outros
colaboradores, usando este formato3, o que também justifica essa nossa escrita dialogal.
Tendo nascido em Tangará, Santa Catarina, Brasil, César Augusto Rossatto vive nos Estados
Unidos desde 1984, mas suas relações com o país de origem perpassam toda a sua vida e sua atividade
1
Doutoranda em educação pela Universidade de Caxias do Sul. Bolsista PROSUC/CAPES. mpbrandalise@ucs.br
2
Doutor em Pedagogia Crítica. Professor Associado na Universidade do Texas El Paso. crossatto@utep.edu
3
Alguns exemplos de livros de Paulo Freire em diálogo com outros autores são: Por uma Pedagogia da Pergunta;
Essa Escola Chamada Vida; Medo e Ousadia: o Cotidiano do Professor; Pedagogia: Diálogo e Conflito; Sobre Educação;
Aprendendo a Própria História; Teoria e Prática em Educação Popular; Alfabetização: Leitura do Mundo, Leitura da
Palavra.
https://doi.org/10.5212/OlharProfr.v.24.16719.012
2. A voz e vez dos barqueiros: Um diálogo crítico de reinvenção freireana frente aos desafios da atualidade
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-22, e-16719.012, 2021.
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acadêmica. Por conta disso, relações entre Brasil e Estados Unidos aparecem ao longo de todo o
diálogo, tendo em vista que o professor trouxe elementos de sua própria vivência, que entrelaça as
realidades dos dois países. O professor é graduado em Teologia e em Filosofia na Universidade de
Moema, São Paulo, mestre em administração escolar pela Universidade do Estado da Califórnia, Los
Angeles e Doutor em Pedagogia Crítica pela Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA).
Atualmente é professor associado na Universidade do Texas, El Paso (UTEP) e um dos líderes
e diretores da unidade de Fundamentos socioculturais da Educação, do departamento de formação de
professores. É Cônsul Honorário Brasileiro e autor de diversos livros e artigos publicados nos EUA e
mundo afora, incluindo The Freirean Legacy: Educating for Social Justice (2002), Engaging Paulo Freire’s
Pedagogy of Possibility: From Blind to Transformative Optimism (2005), Reinventing Critical Pedagogy:
Widening the Circle of Anti-Oppression Education (2006) e, em português, Reinventar a Pedagogia
Crítica (2005), entre outros publicados individualmente e em parceria com professores distintos, sobre
diversas temáticas da área da educação.
Já Mariana Parise Brandalise Dalsotto é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. É bolsista da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal em nível Superior (CAPES) e foi Visiting Graduate Researcher na
Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), com bolsa do Programa de Doutorado Sanduíche no
Exterior (PDSE) também da CAPES. É mestre em educação e graduada em Pedagogia. Sua pesquisa
atual está situada no campo da História da Educação e versa sobre os círculos de cultura a partir dos
quais era realizado o programa de alfabetização proposto por Paulo Freire nos anos 1960.
O caminho consagrado de um professor universitário cruzou-se com o caminho de formação
acadêmica em andamento de uma doutoranda e resultou no diálogo aqui transcrito. Com sua vasta
experiência, o professor César abordou as temáticas selecionadas de forma mais densa e expressiva,
como era a ideia inicial, mas abriu espaços para interações e troca de reflexões.
Metaforicamente e poeticamente mencionamos aos Barqueiros, neste diálogo, referindo-nos às
populações que historicamente vivem em esferas e espaços liminares, que são tomados como invisíveis
e sem voz, mas que carregam consigo o potencial de serem agentes históricos que facilitam o inédito
viável. Esta metáfora deriva-se de uma pequena anedota contada durante nosso diálogo.
Mariana Parise Brandalise Dalsotto: Gostaria que iniciássemos conversando sobre qual é a
importância histórica de Paulo Freire para a educação e qual é a importância do pensamento dele para
os processos educativos emancipatórios na atualidade. Freire tem inúmeras contribuições para a
educação, mas se nós pudéssemos enumerar algumas, quais seriam?
César Augusto Rossatto: Primeiro temos que dar o respeito merecido a Paulo Freire por ter
rompido barreiras, ter sido pioneiro no programa de alfabetização no Brasil e depois mundo afora.
3. Mariana Parise Brandalise Dalsotto e César Augusto Rossatto
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-22, e-16719.012, 2021.
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Naquela época, nos anos 1960 se tomavam anos para os adultos aprenderem a ler e escrever, usando
os métodos que as crianças usavam, memorizando o alfabeto. Então Paulo Freire descobriu um método
que ao invés de anos, seria possível alfabetizar em dois meses. Mas, antes de falar do programa de
alfabetização gostaria de dar uns passos para trás e falar um pouco de Paulo Freire como criança. Ele
foi filho de um policial militar e seu pai faleceu quando Freire tinha 13 anos de idade. Também acho
importante falar que amigos e familiares de Freire depois o levaram para uma escola particular, onde a
Nita Freire (Ana Maria Araújo Freire) – que foi minha professora – e o pai dela, foram fundamentais
auxiliando Freire a ter acesso a essa educação. Ele se formou advogado, mas não exerceu, e resolveu
estudar filosofia da educação.
O que eu acho genuíno e único foi a capacidade de Paulo Freire conectar a experiência pessoal
com os estudantes adultos. Paulo Freire, quando criança, aprendeu a ler e escrever praticamente
sozinho com palavras que ele tinha curiosidade. Uma criança o que vê? Ela vê a palavra ‘Coca-Cola’
escrito. Tem gente que diz ‘ah, a criança já sabe ler’, mas não. É possível fazer a leitura da imagem.
Paulo Freire pedia para mãe escrever na areia, no quintal da casa, ao pé de um mangue – mais tarde
ele escreveu sobre isso também4 – e ele escrevia na areia, com a ajuda da mãe. Ele depois trabalhou
com a alfabetização de adultos e ficou famoso. O Brasil, naquela época tinha grande parcela da
população analfabeta. Já imaginou o atraso? Hoje a sociedade não comporta mais uma população que
não tenha acesso à uma educação de qualidade. Hoje é bem claro que a qualidade da democracia se
respalda na qualidade de educação que as pessoas têm. Eu cheguei a publicar sobre isso5.
Freire, ao ensinar adultos, se deu conta de que eles tinham um universo vocabular mais denso
e já tinham distintas profissões. Ele percebeu que a realidade do sul do Brasil desenhava o currículo da
educação de adultos a nível nacional e tinha, por exemplo, a palavra uva. Eu, filho de italianos conheço
bem a uva, a gente fazia vinho em família. Na minha região a uva era importante, estava enraizada na
fibra social. Mas não fazia sentido para quem não sabia o que era uva ou conhecia outras frutas que o
sul não tinha. E esse currículo se fazia opressor, descontextualizado. Então Paulo Freire lembrou da
experiência dele como criança e começou a usar palavras com as quais os alunos eram familiarizados.
A partir daquelas palavras ele separava em sílabas, decodificava as letras e com as letras da primeira
palavra formava novas palavras. Esse foi um presente mágico que Paulo Freire nos deixou. Só por isso
devemos estar extremamente gratos a ele.
4
FREIRE (2001).
5
Muller; Rossatto (2016).
4. A voz e vez dos barqueiros: Um diálogo crítico de reinvenção freireana frente aos desafios da atualidade
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Freire também escreveu o livro Reading the word and the world6. E ele percebeu que não vamos
à escola para aprender a memorizar, mas temos de aprender a pensar criticamente, aprender o
significado da palavra dentro do contexto em que vivemos, aprender a ser sujeitos de nossa própria
história, de nossa própria aprendizagem, aprender a ter voz. Naquela época, quem era analfabeto não
poderia votar7, então grande parte da população brasileira não tinha nenhum representante que falasse
e defendesse as experiências e interesses deles. E, ao aprender a ler e escrever, as pessoas passaram a
questionar suas realidades. Antes eram dóceis e obedientes e depois começaram a fazer perguntas,
queriam ser prefeitos de suas cidades, vereadores, líderes comunitários. Queriam participar nas
decisões de sua realidade.
Paulo Freire chegou a trabalhar com o Ministério da Educação e Cultura do Brasil, mas quando
os militares entraram no poder, acharam que o trabalho dele era subversivo e, automaticamente, foi
rotulado como comunista. Ele incomodou os militares, porque no regime militar você não questiona a
autoridade, você obedece a autoridade. Por isso, o trabalho de Freire era problemático para a elite
brasileira e para as autoridades que levaram a ditadura militar ao Brasil. Mas essa foi uma contribuição
que Freire fez primeiro ao Brasil e depois levou ao mundo todo: a alfabetização de adultos de forma
rápida, libertadora e emancipadora.
E não parou aí. No Chile ele fez o mesmo projeto e, ainda, escreveu o livro Pedagogia do
oprimido (FREIRE, 2005). E precisamos falar que Freire estava chateado quando o escreveu porque a
classe dominante no Brasil não queria que as pessoas aprendessem a ler e a escrever, que saíssem de
seu posicionamento de subalternidade. Depois que escreveu Pedagogia do Oprimido, Harvard o
contratou. Freire passou seis meses aqui nos Estados Unidos e depois foi para a Suíça, onde participou
dos programas do Conselho Mundial de Igrejas, a nível internacional, e levou esses programas para a
África, a América Latina, etc. Considero Pedagogia do Oprimido como um segundo presente que Freire
nos deixou. É um livro consagrado, clássico, que perpassa o tempo, não morre, não deixa de ser atual.
Freire recebeu muitos prêmios a partir do livro, foi cidadão honorário de muitos lugares do mundo e
ganhou o Prêmio UNESCO da Educação para a Paz, no ano de 1986.
Depois, voltou ao Brasil e foi secretário de educação da cidade de São Paulo, quando ele
também deixou seu terceiro presente: um programa interdisciplinar no mandato da Luiza Erundina
como prefeita da cidade de São Paulo. Nesse período, Freire também escreveu o livro Educação na
cidade. Eu mesmo fui pessoalmente estudar os trabalhos dele em São Paulo e visitei as escolas.
6
Em português: FREIRE; MACEDO (1994).
7
O voto de analfabetos somente foi permitido a partir da Emenda Constitucional nº 25 de 15 de maio de 1985,
segundo informação disponível em https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2016/Novembro/constituicao-
de-1985-garantiu-o-direito-ao-voto-aos-eleitores-analfabetos.
5. Mariana Parise Brandalise Dalsotto e César Augusto Rossatto
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5
Inicialmente, Freire deu um aumento aos salários dos professores e reformou as escolas. Depois,
convidou as pessoas para fazerem o único programa democrático de educação que eu conheço. Nos
Estados Unidos, nunca houve uma reforma educacional democrática. Todos os programas de educação
vêm de cima para baixo, por mandatos dos governos federal, estadual, distrital ou do sistema judiciário
que determinam os processos que influenciam a educação. Nunca houve uma educação de baixo para
cima – apesar de Paulo Freire citar John Dewey, que ajudou a definir o programa democrático aqui
nos Estados Unidos e a construir a identidade da democracia.
Esse modelo de reforma democrática no ensino público seria, então, o terceiro presente que
Paulo Freire deixou ao Brasil e ao mundo, uma vez que ele publicou sobre isso. É uma ideia de como
fazer uma educação democrática, verdadeiramente. Ele ia nas favelas, nas escolas e convidava os que
tinham interesse: pais, alunos, professores, administradores, líderes comunitários. Todos participavam
da formação de uma temática geradora, com a qual os professores iriam trabalhar de forma
interdisciplinar. Outra coisa fantástica, emancipatória, libertadora, foi o fato de que os temas que saíam
das favelas, por exemplo eram: lixo, grafite, drogas, falta de saneamento, etc. E os professores, com
esses temas, trabalhavam linguagem, matemática, biologia, química... de forma interdisciplinar. Com o
tema lixo, por exemplo, as crianças aprendiam a reciclar, os pais aprendiam a trabalhar com isso e era
possível notar uma transformação na comunidade que ficava mais limpa e saudável. E o que é mais
importante do que isso: ver o trabalho de uma sala de aula ter um efeito, a nível local, transformador.
Isso me emociona, eu acho fantástico e algumas dessas ideias foram utilizadas nos Estados Unidos.
Paulo Freire também influenciou a educação de crianças na Bahia, no Projeto Axé, por
exemplo. Inclusive, Nita Freire comentou comigo que ela e Freire foram ajudar na formação dos
professores, que aprendiam o “Método Paulo Freire” – que, inclusive, ele nunca chamou de seu método
– aprendiam na rua a conhecer o universo vocabular das crianças. Só o fato de ficarem entre quatro
paredes exigia uma disciplina, por isso, as crianças viam a escola como uma ameaça. Mas, com o projeto,
as crianças iam para a escola porque era alegre, elas tocavam tambor, faziam field trips [viagens de
campo], etc. Eu cheguei a visitar o Projeto Axé algumas vezes e vi que ali as crianças aprendiam a
escrever sua própria história e a defender seus direitos. Aprendiam cidadania e a se integrar à
sociedade como cidadãos dignos. Esse programa foi tão bem-sucedido que depois, se tornou uma
referência internacional.
Os jornais London Times, New York Times, Washington Post, LA Times, por exemplo,
publicaram o sucesso desse programa. Você via o teatro que as crianças faziam, representando suas
experiências como seres históricos. Inclusive, algumas dessas crianças vieram a Nova Iorque apresentar
o teatro e foi um grande sucesso. Além disso, o orçamento participativo, que iniciou em Porto Alegre,
tem muito de Paulo Freire e esse projeto se espalhou pelo Brasil afora. A comunidade participa das
6. A voz e vez dos barqueiros: Um diálogo crítico de reinvenção freireana frente aos desafios da atualidade
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decisões de gastos dos recursos da cidade, não sendo o prefeito que decide arbitrariamente. Inclusive,
eu estive na Austrália dando uma conferência e me convidaram para falar sobre o orçamento
participativo de Porto Alegre, virou uma referência internacional entre líderes sindicais e ativistas
sociais.
Por último, gostaria de falar de outro presente que nos deixou Paulo Freire, inicialmente com
Pedagogia do Oprimido e depois em outros livros: o fato de que ele conseguiu definir a educação
colonizadora, a educação opressora. Ele falou que ninguém tem o direito de fazer uma crítica às
políticas sociais a menos que seja capaz de oferecer uma outra possibilidade de viver. Paulo Freire foi
capaz de definir o que é uma educação autoritária e conservadora e falava que a educação de
memorização era uma educação bancária. Ele disse certa vez que não era contra a memorização, se as
pessoas aprendem memorizando, para ele estava tudo bem, apenas essa não poderia ser a única
maneira de aprender (ROSSATTO, 2005).
Mas seria muito ingênuo nós pensarmos que as classes dominantes dariam às classes populares
uma educação libertadora onde elas pudessem ver como sua força de trabalho é usada e como a classe
dominante se aproveita da classe dominada e quer mantê-la obediente. Freire desconstruiu a educação
tendenciosa, que tinha uma malícia política que favorecia as classes dominantes; que era uma educação
autoritária, sem espaço para o diálogo, sem espaço para se reinventar; que era de assimilação, de
opressão; que não ajudava as crianças a valorizarem sua própria forma de identidade, pois só recebiam
o conhecimento. Uma educação da alienação, da domesticação, da manipulação... Quer dizer, a criança
saía da escola como objeto da história e se mantinha o status quo. Esta era, de fato, uma educação
desumanizadora. E em Freire você tem uma crítica radical a essa maneira de pensar a educação. Com
tudo isso, ele ofereceu, então o que eu acho uma contribuição fantástica. As pessoas que estão
propagando o discurso de ódio contra ele são injustas, porque ele defendeu uma educação democrática
e crítica, que começa a partir do universo dos educandos, com o qual eles podem se conectar, se
identificar e se ver como agentes centrais dessa educação.
Mariana: E ao mesmo tempo essa educação deixa de apenas reproduzir a realidade dos
educandos e busca justamente a problematização dessa realidade, busca fazer uma crítica a ela com o
objetivo de transformá-la...
César: Isso. E assim o aluno aprende em uma educação na qual ele tem acesso ao que também
lhe interessa e não só ao que interessa aos políticos poderosos que definem os currículos e as políticas
educacionais. Então, você tem razão, Mariana, essa educação de fato abre espaço para um diálogo onde
o aluno tem direito de participar de forma democrática. Paulo Freire ofereceu uma educação dialética,
que não deve ser vista só de forma institucionalizada e burocratizada, que não deve ser só baseada no
estudo com os livros de gerações anteriores. Temos de nos ver como agentes que vão levar os
7. Mariana Parise Brandalise Dalsotto e César Augusto Rossatto
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conhecimentos das gerações anteriores a passos à frente. A educação tem que ter um cunho dialético
e dinâmico e se reinventar constantemente.
Eu tive a oportunidade de entrevistar Paulo Freire, a esposa dele foi minha professora em São
Paulo e eu aprendi com eles uma diferente versão da história brasileira. Eu vi em Paulo Freire a
possibilidade de autotransformação e autolibertação. Eu sou filho de agricultores, estudei para padre e
me via limitado no Brasil com a ditadura militar. Quando me foi apresentado o pensamento freireano,
esse me tocou a fundo. Eu não seria quem eu sou hoje, segundo o curso normal da história, eu me
transformei usando o pensamento de Paulo Freire e vi nele a libertação intelectual. Ele chegou a falar,
a partir da influência de Erich Fromm, que as pessoas têm medo de sua própria libertação; a partir de
Albert Memmi, sobre o colonizador e colonizado; e outros, como Hegel, Karl Marx, Anísio Teixeira,
John Dewey, Frantz Fanon, Antonio Gramsci... Eu cheguei a conhecer a teoria do construtivismo, na
qual você começa no universo de conhecimento da criança, do dia-a-dia e o bom professor trabalha
com a curiosidade, com o conhecimento dos alunos e vai os ajudando a contemplar novos horizontes.
Essa educação é emancipadora e o aluno não vai para escola para absorver, mas sim, para produzir
conhecimentos. E o que há de mais poderoso do que isso? Esse é outro dos grandes presentes de
Paulo Freire: a ideia de conscientização.
Mas, voltando à entrevista que eu fiz com Freire, eu cheguei a fazer a pergunta: ‘o que é a
conscientização?’ Eu falei que era consciência mais ação e ele concordou. Depois perguntei ‘o que o
senhor gostaria de ver nos que seguiram as suas teorias?’ E ele falou ‘Não me copiem, me reinventem’.
Então eu sinto que esse é o chamado que ele nos deixou. Ele influenciou a pedagogia crítica,
desenvolveu uma nova pedagogia. Por isso, o mundo todo é agradecido a Paulo Freire, o mundo todo
lê Paulo Freire. Nos Estados Unidos ele está entre os 100 mais lidos e é extremamente respeitado.
Obviamente, alguns dizem que a leitura não é fácil. Entendo que ele escreveu a Pedagogia do Oprimido
para a classe acadêmica, mas ele também escreveu outros livros que são de acesso mais fácil, tempos
depois. Com tudo isso, o resultado é que as pessoas conseguem se ver como sujeitos de sua própria
história, que lutam por igualdade social, por libertação, o que é humanizante e transformador.
Paulo Freire falou que os oprimidos acabam deixando de exercer sua vocação ontológica de
ser humano e, assim, o opressor não consegue ver que explora os outros, porque ele também perde
sua humanidade. Paulo Freire deixou essa mensagem. Ele lutava por um mundo que fosse menos feio,
mais humano, mais ético, onde as pessoas aprendem a ser elas mesmas e aprendem a amar. Porque,
quando há esse crescimento da cultura do ódio e do medo, as pessoas não são felizes, o mundo se
torna triste e feio.
Mariana: Concordo, professor César, com as grandes contribuições que você enumerou. E
com a característica de que elas podem se retraduzir, se reinventar a partir de nossas práticas. Em
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síntese, as contribuições que você explicitou seriam: a proposta de educação de adultos, no início dos
anos 1960; o livro Pedagogia do Oprimido onde ele sistematizou também suas ideias e pode expô-las
ao mundo inteiro; a sua prática como secretário de educação na volta ao Brasil, desenvolvendo um
programa interdisciplinar e democrático; sua concepção de educação libertadora, que fazia uma crítica
à educação colonizadora, domesticadora, opressora; e a ideia de conscientização.
Entendo que a importância histórica de Paulo Freire está também em suas reflexões sobre a
educação, em especial, na questão da educação libertadora, conscientizadora e humanizadora (que
remete para a importância do educador não só para a educação, mas para a formação humana, como
um todo). O legado de Paulo Freire está também em suas práticas em prol da educação, nas diferentes
instâncias as quais você mesmo trouxe: a alfabetização de adultos nos anos 1960, seu trabalho em
outros países e a culminância na volta ao Brasil, na prefeitura de São Paulo, bem como em sua prática
de escrita.
E a relevância do pensamento dele para os processos educativos emancipatórios na atualidade
se dá a partir desse legado de reflexões que trouxeram contribuições importantes e especialmente do
desejo de ser reinventado. Freire fez uma primeira reflexão, que foi muito importante para o repensar
dos processos educativos no período histórico no qual suas ideias foram desenvolvidas, e continua
sendo no presente, tendo em vista que suas ideias ainda não foram superadas, ultrapassadas. Ele foi
importante também para o advento da Educação Popular na América Latina. E admiro o fato de que
Freire sempre colocou suas reflexões em aberto para que elas pudessem ser levadas adiante e
atualizadas para realidades diferentes das que ele vivenciou. As realidades atuais vivem outras situações,
outros problemas, mas podem refletir levando em consideração o pensamento freireano.
César: Falando da realidade que eu vejo há mais de 20 anos como professor universitário nos
Estados Unidos, quando a gente fala de Paulo Freire, todos querem se identificar com o oprimido e
ninguém quer se ver como opressor. E eu vejo que precisamos reinventar Freire olhando desse lado:
quem são os oprimidos e quem são os opressores?
E eu acho importante também falarmos das críticas a Paulo Freire: uma das primeiras que
realmente o afetou foi o discurso das feministas aqui nos Estados Unidos. Elas acharam que ele não
tinha feito a crítica do discurso patriarcal. Toda nossa educação é patriarcal, colonizadora, europeia,
do globo norte. Paulo Freire, no final de sua vida, conseguiu fazer algumas reparações na linguagem,
mas não foi suficiente. E hoje já se fala abertamente que a hegemonia do patriarcalismo é um grande
fator de opressão. O Brasil, por exemplo, hoje é o segundo país com maior número de feminicídio
(depois do México) e isso é o resultado de um abuso masculino que, muitas vezes já está internalizado
também nas mulheres. E outra hegemonia é a branquitude, a supremacia branca. A gente precisa falar
disso. Esses temas não foram abordados por Freire profundamente, apesar de ele ter falado sobre
9. Mariana Parise Brandalise Dalsotto e César Augusto Rossatto
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-22, e-16719.012, 2021.
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“qualquer tipo de opressão”. A gente precisa “dar nome aos bois”, doa a quem doer. Certa vez, eu
estava dando uma conferência na África do Sul, me convidaram para falar sobre a branquitude, as
teorias críticas raciais para professores universitários e, depois de uma hora falando de Freire, quando
comecei a falar da branquitude os professores brancos começaram a sair e alguns negros também. Isso
deixou bem claro a necessidade de dar nome aos sistemas opressores.
É por isso que esses sistemas neofascistas no Brasil de caquistocracia, de autocracia, de
autoritarismo, de governos mal preparados atacam a nossa comunidade acadêmica porque somos nós
que ajudamos a abrir os olhos, a criar consciência sobre os problemas que nos afetam. Você sabe que
sou cônsul brasileiro aqui na fronteira americana e só o ano passado 22 mil brasileiros cruzaram a
fronteira. São sinais de insatisfação da geopolítica, de programas sociais e econômicos, da falta de
oportunidade para o povo participar e ter uma vida de dignidade. E eu vejo bem claro isso nos países
capitalistas. Por exemplo: os Estados Unidos são o ventre do capitalismo, desse sistema onde a classe
dominante, as elites não pagam imposto, com a ilusão de que você ajudar os ricos vai abrir mais
oportunidade de trabalho. Uma grande ilusão de trickledown theory, uma mentira. Eu defendo esses
programas sociais que ajudam as pessoas que vivem no liminal space, como Peter McLaren usava.
Quando você traz as pessoas que vivem no mundo marginalizado para o mainstream, para o centro,
não só elas produzem mais, como elas também contribuem para a circulação do capital. Quando você
ajuda essas classes a ter acesso à melhor educação, trabalho, saúde, elas produzem mais. Se você ganha
mais, você também faz um maior progresso. Querer manter a população subalternizada e escravizada
mantém a mentalidade do século passado, da idade da escravidão.
Mariana: Pensando nessa relação que você vai fazendo com aspectos da realidade atual
brasileira, especialmente nos últimos anos, neste contexto social e político surgiram muitos discursos
contrários (e, com eles, discursos favoráveis) a respeito de Paulo Freire. Suas ideias são atacadas e
parece haver uma espécie de “exílio póstumo e intelectual” do educador. Você poderia comentar qual
a sua interpretação sobre essas ondas reacionárias, do Brasil?
César: Paulo Freire apoiou os sindicatos dos trabalhadores, movimentos sociais e apoiou a
formação do PT. Depois de 13 anos do governo PT no Brasil, se criou uma política de ódio contra o
partido que, obviamente, afetou a imagem de Paulo Freire. Mas, nesse momento atual, também nos
deparamos à subida do neofascismo através das fake news, acho que ainda tem muita gente que ainda
não fez o homework, como dizemos, de estudar o que é fake news. Fake news não é simplesmente
propaganda mentirosa, é um programa financiado por investimentos multimilionários com extrema
eficácia, tendo como alvo boa parte da população, as pessoas extremamente fanáticas (por religião,
por esporte, entre outros).
10. A voz e vez dos barqueiros: Um diálogo crítico de reinvenção freireana frente aos desafios da atualidade
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-22, e-16719.012, 2021.
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Hoje os ricos controlam os sistemas educacionais, instituições sociais, governamentais.
Contudo não somente eles têm o controle dos recursos, mas também da mente das pessoas. Vemos
isso em épocas de eleições. Nós vivemos numa era da pós verdade, uma era dogmática. Paulo Freire
falou claramente, inclusive na entrevista que fiz com ele, que nós podemos ir, de forma casual, de
encontro ao nosso interesse de pesquisa, mas, depois, é preciso ter rigor, ver se é verdade ou não,
tomando como base a ciência. Então essa cultura das fake news atinge essa população que vive, por
exemplo, como vítima dos mercenários da fé e, num segundo grupo, fanáticos de esporte, que levam
a ideia das vitórias dos times para as eleições. Por vezes, ficam fora realidade e perdem a noção de
humanidade, querem passar por cima dos outros, para ganhar, não importa se violam as “regras do
jogo”. E tem, ainda, os grupos da teoria da conspiração, bombardeados pela mídia. Vejo que isso ocorre
muito no Brasil e nos Estados Unidos.
Quando a gente vive com essa consciência ingênua acabamos sendo vítimas de manipuladores.
A saída é o pensamento crítico, é a verdade, é a ciência e a ética. Com isso somos capazes de respeitar
a nós mesmos, a nos amarmos, a ter carinho pela vida e a trabalhar para trazer mais vida à sociedade.
Mas essa cultura atual é a cultura da morte, vemos claramente no momento da pandemia que existe
um interesse em deixar as pessoas morrerem para se aproveitar das riquezas. Aqui nos Estados Unidos
é bem claro: querem reabrir as escolas públicas porque as crianças que vão para essas escolas são da
população negra, de classe média/trabalhadora ou pobre. É como enviar essas pessoas para o
matadouro. E eu vejo que o Brasil copia dos Estados Unidos essa necropolítica, o que é um erro
enorme porque o Brasil é um país grande e rico que só precisa organizar como trabalhar sua riqueza,
tem todo o potencial de manter e proteger suas riquezas.
Mariana: Você falou de algumas críticas que Paulo Freire recebeu ao longo de sua vida, que
ele buscou explicar algumas delas reformulando seu pensamento e se reinventando e, ainda, que ele
acabou não tendo tempo de fazer um debate mais aprofundado sobre outras. Outra questão é que ele
continua recebendo críticas (positivas e negativas), mesmo após ter falecido, justamente porque seu
pensamento continua sendo utilizado para promover reflexões teóricas e práticas para a educação,
continuando atual e não sendo superado. E tudo o que é atual recebe críticas. Paulo Freire marcou a
história da educação do país, tendo em vista suas contribuições para a educação e também pelo fato
de ser reconhecido internacionalmente.
Mas, ao mesmo tempo, a história de Paulo Freire está marcada pelo contexto brasileiro
primeiro em função de alguns acontecimentos, mas, especialmente (e mais importante, na minha
opinião) porque foi a partir desse contexto que Paulo Freire iniciou suas reflexões sobre a educação.
O problema é quando alguns fatos da vida de Freire no Brasil são isolados, descontextualizados e, com
isso, aproveitados para atacar seu legado. Isso tem sido feito nos últimos anos, por alguns grupos
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reacionários que, não conhecendo bem quem foi Paulo Freire, não conseguem ter uma compreensão
crítica sobre seu pensamento (que pode sim encontrar pontos a serem melhorados e reinventados –
como ele mesmo pede – mas que também deve considerar o contexto no qual foi tecido, além de
reconhecer sua importância e suas contribuições para a educação).
Também entendo que a relação de Paulo Freire com o PT e a estada deste partido na
presidência do Brasil por vários anos acabou transferindo críticas às ações do partido para o educador.
Esta realidade do contexto político brasileiro foi algo que influenciou muito os movimentos que
buscaram atacar Paulo Freire nos últimos anos. Me parece que parte deste movimento tenta expulsar
ou exilar o pensamento freireano, tal como aconteceu com o educador em 1964. Parece haver uma
onda carregada de discursos ideológicos que busca levar Paulo Freire a um novo exílio, agora
intelectual. Esse novo exílio póstumo e intelectual traz à tona, na verdade, a importância de se falar
cada vez mais do educador, de estudar seu pensamento, de reinventar suas práticas e reflexões e isso
coloca em pauta a atualidade da práxis freiriana. E sua práxis se atualiza na mobilização, na radicalidade
reflexiva, na luta em defesa do ser humano, na busca pela transformação da realidade opressora.
Em meio a esses posicionamentos sectários, nós vivemos em um tempo de pandemia, não só
do coronavírus, mas também de fake news, outro aspecto que você já comentou. As mídias sociais,
digitais têm grande papel na disseminação das ideias que geram esses diferentes posicionamentos, mas
atuam a partir de seus interesses e muitas vezes acabam descontextualizando e recortando ideias,
disseminando falsas informações. Contra isso, mais uma vez Paulo Freire pode ser uma contribuição,
porque ele incentiva a problematização da realidade, a problematização dos conhecimentos que são
tomados como verdades e incentiva que façamos uma construção de conhecimentos e não uma simples
recepção de informações. Isto se vale tanto para a educação escolar, formal, quanto para a nossa busca
diária por informações, que é a educação que ocorre informalmente. Refletindo a partir de Paulo
Freire, entendo que precisamos conhecer além do que é divulgado nas mídias, conhecer sobre aquilo
que está sendo dito, ler com criticidade e buscar refletir sobre o que se lê, para que se possa concordar
ou discordar a partir de um pensamento fundamentado e coerente. Isso é necessário para as notícias
cotidianas e também para as opiniões tecidas sobre Paulo Freire, por exemplo.
De qualquer modo, entendo que estamos num contexto que “re-clama” Paulo Freire, que o
coloca de novo em debate, que é propício para tecermos reflexões. Este momento pode (e deve) ser
tomado como motivação para que os que já conhecem a vida e a obra do educador aprofundem seus
conhecimentos e os que não conhecem busquem conhecer, para adensar o debate e se posicionar com
propriedade – seja a favor ou contra suas ideias. Este é um tempo que fomenta a reflexão e a
construção de novos pontos de vista sobre o educador na atualidade. E nesse contexto, por que ainda
Paulo Freire incomoda?
12. A voz e vez dos barqueiros: Um diálogo crítico de reinvenção freireana frente aos desafios da atualidade
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César: Bom, agradeço a sua resposta, acho que você falou muito bem. Você traz o contexto
brasileiro e eu te dou crédito por essa ideia de “exílio póstumo”, que é bem sua e verdadeira e merece
a nossa atenção. E justo nessa época de pandemia você fala que também há uma pandemia de fake news
– que é uma reflexão interessante – e também a importância de problematizarmos a nossa realidade,
para que possamos fazer uma construção de conhecimentos e não uma simples recepção de
informações. Eu concordo com você. Estamos num contexto que re-clama Paulo Freire e este é um
tempo que fomenta a reflexão e a construção de novos pontos de vista sobre ele na nossa atualidade.
E gostaria de resgatar um ponto do histórico de Paulo Freire que já conversamos: ele foi um
advogado e não quis exercer a profissão pois logo nos primeiros dias ele percebeu que ‘não era para
ele’. Aquele conhecimento das leis deve ter acompanhado ele a vida inteira, mas ele se formou como
professor e percebeu que como professor ele poderia fazer uma grande diferença no mundo. Assim
como eu quando estava estudando para ser padre e saí do seminário porque percebi que como
professor eu poderia fazer mais. Por isso também eu só quero trabalhar em universidades públicas e,
aqui nos Estados Unidos, temos a Academic Freedom Law, uma lei de liberdade acadêmica e não temos
medo de falar o que precisamos. Os educadores precisam se sentir livres para fazer uma aproximação
com a verdade e eu sinto que, como educadores, nós podemos mudar o mundo. Como a frase célebre
que Freire nos deixou: “A educação não transforma o mundo, a educação transforma as pessoas e as
pessoas transformam o mundo”.
Lembro, também, que o próprio Paulo Freire contava uma anedota, ou piada: Havia um
barqueiro que cruzava as pessoas de um lado do rio para o outro. Esse rio não tinha águas calmas,
tinha ondulações. Certo dia estavam um advogado e uma professora no barco, junto ao barqueiro. No
meio do rio o advogado, dotado de muita destreza com as palavras perguntou: ‘Senhor barqueiro, o
senhor conhece de leis?’ E o barqueiro falou: ‘Não, senhor. Eu não conheço nada de leis’. O advogado
ficou triste e falou: ‘Que pena, o senhor perdeu metade da sua vida’. A professora, também querendo
ser sociável, entrou na conversa e perguntou ao barqueiro: ‘Mas o senhor sabe ler e escrever?’ E o
barqueiro falou ‘Não, senhora. Também não sei ler e escrever’. A professora também ficou triste e
falou: ‘Mas então o senhor perdeu a maior parte de sua vida’. Nisso uma onda bateu no barco, todos
caíram na água e o barqueiro, vendo que o advogado e a professora estavam indo água abaixo e
perguntou: ‘Vocês sabem nadar?’ E eles responderam: ‘Não!’ Então o barqueiro gritou: ‘Que pena,
vocês vão perder toda a sua vida’.
A anedota é para dizer que não existe conhecimento superior ou inferior. Naquele contexto,
ali na água, o que valia era saber nadar, um conhecimento de necessidade básica daquele momento,
que o barqueiro possuía. Você ter um título ou status social não significa que você é dono dos únicos
conhecimentos válidos. No Brasil há muito desse tipo discriminação. Uma vez, no aeroporto de Los
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Angeles, encontrei uma brasileira riquíssima e passamos a conversar. Eu falei que o Brasil tem muita
pobreza e ela disse, em um tom arrogante, que no Brasil não existe pobreza. Quer dizer, para os ricos,
os pobres são invisíveis, mas os americanos quando vão ao Brasil, por exemplo, veem a pobreza
claramente.
Então quando você pergunta por que Paulo Freire incomoda... Numa sociedade que diz que os
mais humildes precisam ouvir e obedecer, Paulo Freire incomoda porque ele dá ouvidos, vez e voz
para os “barqueiros da vida”, para as pessoas mais humildes, buscando que possam se posicionar,
abraçar a sua agency, o empoderamento de se ver como autores de suas próprias histórias. É bem
claro que os discursos e narrativas dominantes do Brasil, no momento, novamente estão sendo
exercidos pelos ricos e mais poderosos que se sentem justos enquanto os pobres são criminalizados
por coisas miseráveis. Mas a gente precisa ver o Brasil dentro de um contexto mundial. Você, Mariana,
vê o Brasil de dentro e eu vejo o Brasil de fora. Do ponto de vista metodológico não significa que um
olhar é mais válido que o outro. A gente deve ter os dois olhares. Inclusive aqui nos Estados Unidos a
professora Concha Delgado Gaitan fala que, na verdade, todos nós somos de fora, outsiders, ninguém
é necessariamente um insider, uma pessoa que fala de dentro.
Mas observando quando você fala do contexto do Brasil, aqui nos Estados Unidos, semanas
antes das eleições da Dilma o adversário sabia que ia perder a eleição e pediu ajuda aos americanos
dizendo: ‘Se vocês me ajudarem a ganhar eu dou petróleo brasileiro para vocês’ e foi notícia nacional
aqui. Então a gente não pode entender o Brasil só do ponto de vista de quem olha de dentro do Brasil,
mas precisamos entender a problemática brasileira também com o olhar de fora. Eu sei que o Brasil
sofreu uma intervenção do império norte-americano, o império do globo norte – e não se pode deixar
de fora a Europa – porque o Brasil tem muitas riquezas. Mas esses grandes impérios só podem explorar
esses países que ainda estão se desenvolvendo com a ajuda de quem está dentro do Brasil e aí está
claro: o adversário da Dilma sabia que ia perder a eleição e ofereceu o petróleo para tentar ganhar de
forma ilícita.
E não só isso. Eu fui professor na Universidade da Flórida e lá, juntamente com o cônsul
brasileiro, descobri que três religiões estavam sendo exportadas para o Brasil em massas, com
investimentos de milhões de dólares. E hoje a gente vê claramente que funcionou. Hoje o congresso
brasileiro está dominado pelas três forças dos chamados BBB: Boi, Bala e Bíblia. E quando a gente fala
do contexto brasileiro eu sinto a necessidade de falar que, de maneira geral, a população brasileira foi
traída por seus próprios compatriotas. E a traição dói. O Brasil tem um número de mortes altíssimo,
mas nem a metade das mortes aconteceriam se houvesse uma liderança competente, com interesse
genuíno de ajudar a população brasileira. O Brasil, hoje, tem um governo controlado pela classe
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dominante brasileira e pelos interesses internacionais e comete um genocídio intencional, não
acidental. Esse é um preço caro que o Brasil está pagando.
Então, Freire incomoda a burguesia principalmente, porque fala que seria muita ingenuidade
nossa pensar que a classe dominante daria uma educação libertadora para os oprimidos, a partir da
qual eles pudessem ver como estão sendo explorados. E Freire é colocado na bolsa com o pessoal do
PT, da classe trabalhadora e mais humilde que ganhou voz, como se fosse traidor da burguesia. Aqui
nos Estados Unidos também tem uma reação contrária a isso. Mas precisamos falar primeiro que o
petróleo brasileiro está sendo roubado e eu acho que não se pode simplesmente culpar os interesses
internacionais e estrangeiros, mas também perceber como alguns setores de dentro do Brasil
colaboraram nesse ataque contra a soberania brasileira. Eu passei o ano de 2007 no Brasil em um ano
sabático para escrever um livro e notei que existe na cultura brasileira uma tendência à corrupção, o
chamado jeitinho brasileiro. Quando você fala de brasileiros nos Estados Unidos, por exemplo, as coisas
são bem claras: os brasileiros que vem para cá reclamam, por exemplo, que as empregadas domésticas
são caras porque precisam pagar bem, pagar os benefícios. Boston, Chicago, Flórida, Califórnia, são
exemplos de lugares onde a comunidade brasileira é grandessíssima, e os brasileiros se destacam
perante os cidadãos de outros países com o jeitinho brasileiro, que é um jogo de palavras porque
demonstra uma subversão das regras. Na Disney de Orlando é preciso treinar os turistas brasileiros
para não furar as filas e respeitar as outras pessoas. Existe sim essa ideia enraizada na identidade e no
tecido social brasileiro, de ser espertalhão, passar os outros para trás e no final ainda culpar os
vitimados, por serem “os bobos da corte”.
O Brasil está na posição de hostage, refém do império do globo norte, refém das forças
internacionais. A classe dominante brasileira é dona do poder legislativo, judiciário, governamental,
político, das forças armadas, do poder midiático, das instituições educacionais, e instituições religiosas.
Desde o golpe da Dilma, que foi um acordão, uma unificação do patriarcalismo com a supremacia
branca e a elite capitalista predatória que a derrubou. E se você ver as fotos depois da saída forçada
dela, você vê que só homens brancos estavam ao redor do presidente que se sentia orgulhoso em
dizer que sua esposa era bela, recatada e do lar. E logo depois veio outro presidente que também é
abusivo com as mulheres. É um horror uma pessoa no poder se demonstrar contra as minorias.
A população exigia uma grande luta contra a corrupção quando a Dilma era candidata. Eu
observei que o povo exigiu com muita força que acabasse a corrupção e a Dilma falou que ia lutar
contra a corrupção. Quando começou a apertar o jogo, o que a Dilma não entendeu foi que esse
pessoal exigia a luta contra a corrupção para criminalizar os pobres, mas não os grandes. E ela foi
considerada durona porque não podiam negociar. Ela foi a primeira mulher brasileira presidente. Os
Estados Unidos chegaram perto, mas não conseguiram eleger uma mulher. É um fato inédito na história
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brasileira. Quando a gente fala de Freire, do inédito viável, a Dilma e o Lula foram inéditos viáveis. Foi
extraordinário na história do Brasil ver os barqueiros da vida, a classe trabalhadora representada nesse
nível. E obviamente muitos saíram da pobreza, houve oportunidade de acesso à educação, à moradia,
a vidas mais dignas. Mas a classe dominante não gostou, a intenção era criminalizar e aplicar rigor aos
humildes e pobres, não aos ricos.
E aqui [nos Estados Unidos] a gente observa nas notícias internacionais pessoas com malas de
dinheiro, drogas, a lava-jato aplicando lawfare8, com acusações falsas, baseadas em mentiras onde o
próprio juiz é o acusador e o que julga. Isso é inaceitável. Então quando a gente fala de Freire já não
entendemos mais como a pessoa em si, mas como parte de um movimento no qual houve uma grande
revelação histórica. Por isso Paulo Feire incomoda e as forças reacionárias não querem o aceitar.
Quando você fala que estamos num contexto que re-clama Paulo Freire, por outro lado
também vivemos um abuso na educação. Aqui nos Estados Unidos quatro corporações controlam todo
o sistema educacional público e faturam milhões de dólares em cima das crianças por conta dos testes
padronizados. Os professores já não dão aula para um currículo mais amplo, o teste é o currículo e se
ensina a passar no teste. É uma educação triste, baseada na memorização e assim, ela não educa.
Uma grande fonte de sabedoria freireana, foi que ele nos relembrou sobre a raiz da palavra
educação, proveniente do latim (exducere), o que significa trazer de dentro para fora. Na maioria das
vezes nossa sociedade pensa que educação é levar de fora para dentro (educação de transmissão de
conhecimento, bancária). Por isso andamos mal em muitas sociedades, forçando nossas crianças a
estudar para provas estandardizadas/padronizadas e os professores acabam se institucionalizando a
ensinar para prova, como se as provas fossem o currículo. Obviamente os alunos detestam estes tipos
de pressões e logo em seguida esquecem o que estudaram. Sacrifica-se, assim, um currículo holístico,
de empoderamento e de libertação social.
A importância de falar de Freire no contexto atual brasileiro está em entender a política
brasileira de destruição dos recursos naturais, que faz assumir a posição de colonizado novamente. No
pensamento de Freire isso é inaceitável porque todos nós temos direito a fazer história, sentir que
podemos quebrar novas barreiras, construir novas oportunidades. E o inédito viável que Freire, o PT,
o Lula e os 13 anos de um governo diferente constituíram foi uma plataforma de ajuda às classes mais
pobres para que elas tivessem mais acesso ao poder aquisitivo. Sendo assim, a economia dá giro, as
pessoas podem comprar mais e os produtores/companhias também tem mais lucros. As pessoas
reclamam que tiveram de pagar impostos, mas também lucraram mais.
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Tanto no Brasil quando nos Estados Unidos quem tem dinheiro pode pagar um advogado, mas quem tem muito
dinheiro compra o juiz.
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O Brasil também é refém da classe colonizadora dentro de um genocídio histórico dos povos
originários e depois utilizou a escravidão na experiência da ‘casa grande e senzala’. Mesmo que a gente
rompa com essa teoria binária, vemos que as estruturas que oprimem as pessoas têm agentes que
implementam a opressão e agentes que sofrem opressão. Quando se fala de Freire não deveríamos
somente dar o enfoque ao oprimido, colocando a experiência do oprimido ao centro da análise
acadêmica, mas também colocar a experiência do opressor ao centro dessa análise, pensar na
pedagogia do opressor onde as pessoas que são privilegiadas possam ver seus privilégios. Quando eu
falo de Freire, a nível internacional, as pessoas querem se colocar na posição de oprimidos, mas na
verdade a gente também precisa se ver na posição de opressores.
Mariana: Você iniciou o comentário falando sobre a importância de lembrarmos da história
de Paulo Freire e eu penso que essa importância está, também, na possibilidade de entendê-lo, de
contextualizar seu pensamento e de perceber que ele ainda é relevante na atualidade. Um aspecto que
eu acho importante mencionar é que, durante toda a sua história, Freire falou do diálogo, mas também
esteve em constante diálogo com diferentes teóricos e diferentes contextos mundo afora. E esses
diálogos faziam com que ele se reinventasse. Acho que isso contribui com o que você disse, ao
mencionar que não entendemos mais Paulo Freire como uma pessoa em si, mas sim como um
pensamento relacionado a um movimento no qual ele esteve inserido.
E esse movimento foi em prol de uma educação popular, conscientizadora, transformadora da
realidade, libertadora, humanizadora. Foi um movimento revolucionário de educação, de revelação
histórica, como você falou, porque promovia a equidade e qualidade da educação, buscando ultrapassar
seus limites de acesso e alcance. Foi um movimento que ainda hoje se coloca presente nas realidades
históricas dos oprimidos e suas diferentes lutas pela libertação. Como, por exemplo, na luta pela
libertação da dominação dos poderes BBB que lideram o congresso, como você comentou. É uma
libertação das narrativas do Brasil que continuam sendo construídas pelas elites, da história que
continua sendo contada (desde os tempos de Cabral) pelos opressores, não pelos oprimidos. É uma
luta pela construção de um caminho democrático e solidário que dá vez e voz ao povo, que permite
que este se enxergue na história, olhe criticamente o espaço que lhe foi permitido ocupar até o
momento e busque a transformação da realidade, a ocupação dos lugares de decisão e de poder. Por
conta disso, o pensamento de Paulo Freire é, ainda hoje, revolucionário em tempos nos quais a
educação, de modo geral, é ameaçada de diversas formas, tendo em vista que ela viabilizaria a
consciência sociopolítica.
E o que torna essa concepção de educação revolucionária é que ela faz o convite para
problematizarmos a realidade, ela questiona a realidade. Nesse sentido, complementando sua fala,
podemos dizer que Paulo Freire incomoda porque nos pede para refletir e não seguir reproduzindo a
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lógica social colonizadora e opressora. Ele nos dá a possibilidade de rompermos com essa lógica binária
‘opressor e oprimido’, que você também comentou. Pensando nas relações opressoras e lembrando
que você também disse que é preciso dar nome aos sistemas opressores, gostaria de pedir para você
falar um pouco mais sobre dois dos sistemas opressores existentes, sobre os quais você brevemente
já abordou e que está entre seus temas de estudo: a questão de gênero e a questão do racismo.
César: Quando você pede para falarmos sobre a questão de gênero, o patriarcalismo não é
essencialmente um problema da mulher. O patriarcalismo é essencialmente um problema do homem
que objetifica a mulher e a mulher sofre a consequência disso. Obviamente algumas mulheres
internalizam isso. Ocorre o mesmo também com a questão da branquitude: o problema da supremacia
branca é essencialmente um problema do branco que se aproveita dos não brancos e estes sofrem a
consequência dessa construção social de superioridade. A história foi escrita pelos brancos, os
colonizadores europeus e, por isso, hoje eu vejo que é muito mais efetivo quando um branco fala sobre
o racismo, por exemplo. Do mesmo modo, quando um homem confronta outro homem sobre o
patriarcalismo se faz uma pedagogia muito mais efetiva e fundamental.
Dadas as nossas características físicas, eu acho importante que a gente possa fazer uma
autocrítica de nós mesmos. Quando eu saí da UCLA eu tomei consciência política das minhas
características enquanto homem branco, consciência da política de gênero, étnico-racial e, apesar de
sempre ter sonhado em voltar para o Brasil eu procurei trabalho nos Estados Unidos e acabei ficando
por aqui. E eu pensei ‘como eu posso ser mais efetivo, sabendo que trago comigo dois privilégios como
homem e como branco?’. E descobri que eu poderia trabalhar em solidariedade com os que são mais
oprimidos. Aqui nos Estados Unidos claramente as mulheres negras são os grupos mais oprimidos,
depois tem os latinos, os indígenas, os asiáticos... Os não brancos. Eu pensei que como homem branco,
desconstruindo estes privilégios, eu poderia trabalhar em solidariedade com esses grupos.
Quando eu olho para a América Latina, ao usar dados científicos, há cerca de 75 milhões de
mulheres negras na América Latina e poucas delas ocupam cargos de poder onde se podem construir
políticas que façam justiça a esses grupos. Ter consciência das políticas de gênero, é fundamental. É
importante que a gente conheça as políticas sociais, de gênero, étnico-raciais. Porque, do contrário,
apoiamos os nossos próprios opressores. Já se passaram 20 anos da minha formação enquanto doutor
em educação e eu sinto que fui efetivo, que especialmente grupos mais oprimidos se sentem
empoderados nas minhas salas de aula.
Mariana: Realmente nós precisamos fazer a desconstrução de um pensamento que está
enraizado em nossa sociedade, precisamos desaprender algumas ideias que acabam sendo formas de
opressão e estão internalizadas. Concordo com você quando fala que a desconstrução é muito mais
efetiva quando feita de dentro dos próprios grupos e, para isso, também precisamos nadar contra a
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corrente porque, muitas vezes, a realidade não permite, não viabiliza a mudança de pensamento e de
atitude. E a reflexão crítica constante que Paulo Freire nos inspira, se faz muito importante neste
momento, para essas desconstruções de pensamento que precisam ser feitas em todos os espaços
desde os mais simples e cotidianos às mais complexas organizações. Os chamados de “grupos
minoritários” precisam estar em todos os lugares ocupando espaços de gestão, porque isso contribuiria
com a desconstrução de ideias opressoras que estão enraizadas. Falando da ocupação de diferentes
espaços, a universidade, por exemplo, ainda me parece ser um espaço de certo modo, uniforme, que
não propicia o contato com a diversidade de “mundos” que temos no nosso mundo. Aqui é importante
lembrar que não estou generalizando, mas não vejo uma grande diversidade.
Outro aspecto que contribuiria com essa desconstrução é justamente a conscientização sobre
o quanto estão radicadas em nosso cotidiano as ideias de que homens e mulheres tem afazeres
diferentes, de que brancos e não brancos ocupam espaços distintos ou de que certa camada social tem
acesso somente a certo tipo de cultura, por exemplo. É preciso refletir cada vez mais sobre o quanto
os modos de falar, de agir e de pensar são opressores. E essa reflexão pode libertar as pessoas das
amarras dos costumes da sociedade e das suas ações reflexas e não reflexivas que permeiam desde o
ambiente em que vivemos até o nosso olhar sobre quais são os estereótipos das pessoas nas quais
mais se confia para gerir assuntos importantes, ou quem as pessoas mais colocam em cargos de gestão,
etc. Nesse sentido, penso na importância de uma pedagogia que desconstrua estereótipos opressivos
sejam eles de gênero, de raça ou de classe social porque, se as pessoas são educadas especialmente
pelo exemplo – que, em geral, reproduz diferentes formas de opressão – elas também podem ser
educadas para a reflexão crítica sobre a realidade, para conscientizarem-se das pequenas e grandes
opressões que ocorrem ao seu redor, para transformarem radicalmente seu modo de pensar, seu
modo de agir e, assim, transformarem a realidade.
César: Essa problemática é muito vigente no Brasil, então quando as pessoas oprimidas leem
Freire e se dão conta dos conceitos fundamentais eles ficam deslumbrados e veem uma resposta para
suas inquietudes. Agora, quando pessoas que tem muitos privilégios leem Freire, muitos deles dão uma
pincelada e escolhem alguns conceitos, resumindo Freire a algumas questões, ou buscam se ver como
oprimidos. Para que a gente possa reinventar Freire a gente precisa estudar e articular bem as
hegemonias que nos afetam. Nesse período de pandemia fica bem claro quão selvagem e predatório
pode ser esse sistema que tenta aniquilar os mais vulneráveis e quem são as forças que veem esses
grupos como invisíveis ou que silenciam estes grupos. Quando se fala de Freire precisamos ter a mente
aberta para ter conversas difíceis e essas conversas fazem parte da educação. Como Freire falava, a
educação deve ser capaz de denunciar e também de anunciar. Oxalá não precisarmos falar das
injustiças, se a nossa sociedade fosse justa. Mas como existe muita injustiça, precisamos ter essas
19. Mariana Parise Brandalise Dalsotto e César Augusto Rossatto
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-22, e-16719.012, 2021.
Disponível em <https://revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor>
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conversas difíceis. Ao falar da educação libertadora fazendo parte de um grupo oprimido, você fala de
uma pedagogia do oprimido. Se você não está em um grupo oprimido você pode trabalhar em
solidariedade a ele.
E quando se fala de Freire a gente precisa tocar nessa ferida. E é bem evidente que colocar o
dedo na ferida incomoda. Por isso Paulo Freire incomoda. Porque se o aplicarmos, depois de
perpassarmos seu lado bonito, precisamos dar nome às problemáticas, aos sistemas hegemônicos
opressivos. É uma conversa difícil de se ter, mas a gente precisa ter. Precisaríamos equalizar o campo
do jogo para sairmos de igual para igual. Todos precisariam ter um acesso à alimentação, à educação
igual, por exemplo. E aí depois a gente poderia dizer que tal pessoa teve mais destreza, se destacou
mais e outro não. Antes todos nós devemos ter acesso à igualdade social, a uma melhor qualidade de
vida.
Quando se fala da importância de defender a qualidade da democracia, que o Brasil está a
ponto de perder, a gente precisa de pessoas que tenham acesso à qualidade de educação. A qualidade
da democracia depende da qualidade da educação. A gente observa claramente esses países que tem
democracias fantásticas, países nórdicos na Europa, até mesmo o Canadá, Nova Zelândia, Finlândia,
Holanda, nos quais a democracia funciona porque não se deixa que os ricos usem medidas predatórias
para usar e abusar dos demais. A democracia tem que ser protegida com unhas e dentes porque é um
dos melhores sistemas sociais políticos e econômicos do mundo. É onde todos podem participar e ter
voz, mas ela depende da qualidade da educação. Então Freire tinha razão: a educação é revolucionária
e transformadora quando tem qualidade, quando dá acesso a um pensamento crítico e criativo para a
resolução de problemas (problem-solving) e quando os alunos podem tomar as rédeas de suas próprias
experiências educacionais.
Mariana: Com sua fala, lembro de uma frase de Freire: “se a educação sozinha não transforma
a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Ele queria dizer que só a educação, sem ação, sem
práxis, não transforma a realidade. Mas essa transformação é possível, e realizada quando as pessoas
são educadas, são conscientes, críticas, criativas e humanizadas. Uma educação problematizadora,
conscientizadora, humanizadora e de qualidade faz com que as pessoas sejam conscientes de seus
problemas (dos problemas coletivos, da sociedade) e, depois, busquem criar soluções para eles. Uma
educação problematizadora faz com que as pessoas sejam conscientes de seus direitos e, depois,
busquem lutar por eles. E, por isso, essa educação de qualidade seria um ponto propulsor para colocar
em prática a democracia, como você bem disse. Para que essa educação democratizadora ocorra, assim
como o pensamento freireano, como um todo, realmente é preciso nomear as problemáticas, pensar
as formas de dominação que elas envolvem, perceber o quanto nossa realidade é desigual e observar
20. A voz e vez dos barqueiros: Um diálogo crítico de reinvenção freireana frente aos desafios da atualidade
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-22, e-16719.012, 2021.
Disponível em <https://revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor>
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as situações opressoras nas quais estamos imersos para tentar mudá-las. E essa mudança, da qual já
falamos outras vezes, seria também um ato de amor ao mundo e ao próximo.
Pelo que sei, você considera importante o conceito de amorosidade e eu penso que, se ele
fosse presente na sociedade seria muito mais possível, muito mais fácil que essa transformação
ocorresse e que não houvessem mais relações de opressão, de dominação e de desumanização. Isso
porque a amorosidade em Freire se coloca junto do compromisso com o outro, com a libertação do
outro, o que faz com que amar seja um ato de coragem. Da mesma forma, ele diz que o amor, a
amorosidade é característica fundamental para o diálogo. Resumindo, lembro que Freire explica que o
diálogo é o encontro amoroso entre as pessoas que pronunciam o mundo, o transformam e o
humanizam. Por meio do amor pelo mundo e pelo próximo se dá a transformação e a humanização
das pessoas. Em 2021 Paulo Freire completaria 100 anos, e a busca pela humanização, pela qual perpassa
o amor, é uma forma de manter vivo seu legado. A amorosidade é uma característica importante que
poderia contribuir para a realização da democracia, especialmente na atualidade porque nela perpassam
muitos discursos de ódio e medo. Ser amoroso seria uma forma de quebra dessas ideias. Nesse sentido,
lembro que você já falou sobre o conceito de amorosidade como uma plataforma revolucionária para
a atualidade e gostaria que, para finalizar nosso diálogo, você comentasse mais sobre isso.
César: São poucos os que se atrevem a falar do amor na educação, por isso a importância de
mencionarmos isso. A ideia de amor, aqui nos Estados Unidos, é influenciada pela versão de Hollywood,
é uma ideia de amor romântico, amor apaixonado e Freire não necessariamente quis falar sobre isso.
Aqui as pessoas falam mais de compaixão e tolerância, mas essa ideia de amor freireano são poucos
que articulam. Nel Noddings, por exemplo escreve sobre Caring education, uma educação da educação
carinhosa, do cuidado do outro.
Mas, na entrevista que mencionei que fiz com Paulo Freire, ele me disse que trabalhava para
que a nossa sociedade fosse menos feia, menos injusta e que as pessoas fossem capazes de amar. Freire
se referiu ao amor como uma experiência revolucionária, onde as pessoas pudessem esperançar (ato
de antecipar o que aspira – inédito viável), contemplar música, arte, poesia e ser mais felizes. Ele disse
que nós vivemos em uma sociedade que tem muitas diferenças, mas também muitas similaridades e,
por isso, precisamos aprender a trabalhar com essas diferenças. Se fizermos isso, seremos capazes de
construir um mundo onde possamos viver em solidariedade. E quando se fala de amor, no sentido de
Freire, falamos da importância de criarmos espaços na sociedade onde as pessoas podem ser o que
elas são. Então, falar do amor no sentido freireano não tem nada muito romântico nem muito
apaixonado, mas um sentido concreto e objetivo que entende o amor como única solução contra o
discurso do ódio e que visa que a gente possa viver melhor um com os outros. Se a gente não é capaz
de amar a si mesmo e amar ao outro, que significado tem a vida, não é?
21. Mariana Parise Brandalise Dalsotto e César Augusto Rossatto
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-22, e-16719.012, 2021.
Disponível em <https://revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor>
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A ideia freiriana de aprender a ser sujeito da própria história mudou minha vida. Eu não me via
como agente histórico. Assim como muitos barqueiros da vida aprendi que minhas experiências, como
filho de agricultores, também são válidas, merecem atenção e ao transformá-las fui ganhando voz e vez.
Essas experiências se transformam em fonte de conhecimento e quando colocadas a prova podem ser
fontes de sabedoria. O sim-bólico, que unifica e levanta o espirito das pessoas é de grande valor e
esperança para a humanidade, mas o dia-bólico, que divide e carrega trevas e desesperanças – nas quais
vivemos hoje, em meio a pandemia e as lideranças governamentais criminosas – acaba por destruir o
tecido social (BOFF, 2010). Neste contexto a falta de consciência crítica, da qual Freire falava, pode
custar a vida das pessoas. A educação pode custar caro e ser sacrificante, mas a ignorância é muito
mais cara e dispendiosa. Como já dizia Leonardo Boff (2010): a galinha vê curto e somente escarva ao
seu redor, mas a águia vê um horizonte e o contexto mais amplo. A consciência crítica requer esse
olhar amplificado que analisa os fatos e aplica rigor cientifico para ajudar a desenvolver o discernimento,
muito necessário em sociedades democráticas, para sobreviver e viver melhor.
Referências
BOFF, L. O despertar da águia: O dia-bólico e o sim-bólico na construção da realidade. 22. ed.
Petrópolis: Vozes, 2010.
FREIRE, P. À sombra desta mangueira. 5. ed. São Paulo: Olho d’água, 2001.
FREIRE, P.; MACEDO, D. Alfabetização: leitura do mundo leitura da palavra. Rio de Janeiro: Paz e
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FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
MULLER, A. J.; ROSSATTO, C. A. Quality of education distinctive multi-dimensional trends: the real
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ROSSATTO, C. A. Social transformation and “popular schooling” in Brazil. Childhood Education,
Londres, v. 77, n. 6, p. 367-374, 2001. Disponível em:
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/00094056.2001.10521672?journalCode=uced20.
Acesso em: 1 set. 2020.
ROSSATTO, C. A; SLATER, J.; FAIN, S. (orgs). The Freirean Legacy: Educating for Social Justice.
New York, NY: Peter Lang Publishing, Inc., 2002.
ROSSATTO, C. A. Engaging Paulo Freire’s Pedagogy of Possibility: From Blind to
Transformative Optimism. Boulder, Colorado: Rowman & Littlefield Publisher, Inc., 2005.
22. A voz e vez dos barqueiros: Um diálogo crítico de reinvenção freireana frente aos desafios da atualidade
Olhar de professor, Ponta Grossa, v. 24, p. 1-22, e-16719.012, 2021.
Disponível em <https://revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor>
22
ROSSATTO, C. A.; ALLEN, R.L.; PRUYN, M. (orgs.). Reinventing Critical Pedagogy: Widening
the Circle of Anti-Oppression Education. Boulder, Colorado: Rowman & Littlefield Publisher, Inc, 2006.
ROSSATTO, C. A.; PARASKEVA, J.; ALLEN, R. L. (orgs.) Reinventar a Pedagogia Crítica. Lisboa,
Portugal: Edições Pedago, LDA, 2005.
Recebido em: 24 de agosto de 2020.
Versão corrigida recebida em: 10 de novembro de 2020.
Aceito em: 07 de dezembro de 2020.
Publicado online em: 12 de março de 2021.