O documento descreve a história e técnicas do azulejo português. Resume os principais pontos como: 1) O azulejo português é caracterizado pela adequação à arquitetura numa escala monumental; 2) As principais técnicas incluem azulejos alicatados, de corda seca e de aresta; 3) Os padrões decorativos evoluíram ao longo dos séculos com influências de estilos como o maneirista, barroco, rococó e neoclássico.
3. Azulejo
Azulejo é o ladrilho cerâmico vidrado na face
nobre.
Diferente de tijolo (tijoleira) e de loiça de
cerâmica (definidas pelas formas e em que os
ornatos são meramente acidentais, e de
pequena escala).
No azulejo o desenho e a coloração são a sua
própria razão de ser, sendo a escala decorativa
aquilo que o caracteriza.
4. Azulejaria portuguesa
O que caracteriza e individualiza a azulejaria
portuguesa de entre a decoração cerâmica
usada noutros países é a adequação à
arquitetura numa escala de monumentalidade.
5. Técnicas de fabrico de azulejo
Azulejos alicatados;
Azulejos de corda seca;
Azulejos de aresta;
Majólica
6. Azulejos alicatados
As placas vidradas
de barro, de cor lisa,
são recortadas e
organizadas
formando um painel
colorido com
desenho geométrico. Azulejos do Palácio Nacional
de Sintra (Sala das Sereias e
Sala Árabe)
8. Azulejos mudéjares
Os azulejos hispano-mouriscos que usam
relevos ou arestas para que as cores não se
misturem, podem ser:
- azulejos de corda seca;
- azulejos de aresta.
9. Azulejos “de corda seca”
Consiste em fazer relevos ou arestas no molde onde
se coloca o barro que vai ficar com sulcos. Estes vão
ser preenchidos com uma gordura (óleo de linhaça)
que impede a mistura das cores.
Estes azulejos têm ornamentação geométrica (onde
predominam os entrelaçados retilíneos ou
curvilíneos) e vegetalista (cardos, rosetas...).
10. Azulejos “de corda seca”
Palácio Nacional de Sintra,
azulejos da Sala das Pegas
Foto de Joana Rodrigues/EPI.
Palácio Nacional de Sintra,
azulejos da Sala de Dom
Sebastião
11. Azulejos “de aresta”
Consiste na gravação (ou incisão) de sulcos no
molde, ficando o barro com relevos ou arestas que
impedem a mistura das cores.
13. Majólica
Técnica do século XVII que se caracteriza pela
aplicação de várias cores (óxidos e esmaltes) em
simultâneo na cerâmica.
As cores não se misturam quando vão ao fogo para
cozer. A fixação das cores dá-se a temperaturas de
cerca de 980º.
O azulejo apresenta-se liso, sem arestas.
15. Padrões e motivos decorativos
Azulejos de padrão ou tapete;
Albarradas e brasões;
Mitologia e hagiografia;
Figura avulsa;
“Registos”.
16. Azulejos de padrão ou tapete
Tipo de decoração herdada dos azulejos hispano-
mouriscos e que foi muito desenvolvida no século
XVII.
Motivo que se repete criando uma padronagem ao
longo de várias superfícies parietais aplicados quer
no exterior (jardins palacianos), quer no interior
dos edifícios religiosos e civis (altares, salas,
escadarias).
Os padrões mais comuns em Portugal são:
17. Azulejos de padrão ou tapete
Padrão de Camélia
c. 1650 a 1675, Lisboa, MNA
Padrão de quadrilobo
c. 1675 - 1700 MNA
18. Azulejos de padrão ou tapete
Padrão de Parras, MNA Padrão de pontas de diamante
c. 1601 – 1625, MNA
19. Albarradas
decoração com vasos ou cestos, de onde saem
muitas flores e ladeadas por figuras mitológicas
ou por pássaros.
25. Hagiografia
Martírio de S. Bento
Refeitório dos Frades, S. Bento, Painéis de
azulejos com episódios da vida de S. Bento;
Lisboa, c. 1770.
26. Azulejos de figura avulsa
cada azulejo tem em si todo o motivo, flor ou
animal.
A sua figuração não obedece a uma
composição fixa no painel de azulejos.
Este tipo de azulejos são utilizados para
revestir divisões secundárias da casa, tais como
corredores ou cozinhas.
27. Azulejos de figura avulsa
Mosteiro de São Vicente de Fora, Lisboa.Mosteiro de Tarouca.
Igreja de S. domingos, Viana do Castelo.
29. Azulejos de “Registos”
Em Lisboa, depois do terramoto de 1755, surge
a moda de fazer “registos” em azulejos que são
colocados nas fachadas das casas para as
protegerem de nova catástrofe.
31. Figuras de Convite
Azulejo Figura de convite feminina, MNA
Azulejo Figura de convite cavalheiro 1720 a 1750, MNA
32. Evolução histórica do azulejo
Século XV
-Técnicas e motivos de origem muçulmana;
-Lisos ou polícromos – corda seca;
-Decoração: motivos geométricos, esferas
armilares, cachos de uvas e parras, etc.
33. Evolução histórica do azulejo
Século XVI
-Majólica;
-Influência da cerâmica italiana;
-Motivos decorativos frequentes são as
gravuras maneiristas.
34. Evolução histórica do azulejo
Século XVII
-Moda é o “azulejo de tapete” muitas vezes enquadrando
painéis com assuntos religiosos – ralação com a
exuberância da decoração barroca;
-Segunda metade do século: “azulejos figurados” em que se
conta uma história ao longo dos vários painéis (batalhas,
cenas de género, macacos, albarradas);
-Temática: religiosa (cenas bíblicas, vidas de Cristo, da
Virgem e dos Santos) e profana (cenas mitológicas, do
quotidiano, da vida da corte).
35. Evolução histórica do azulejo
Século XVIII
-“Azulejo de figura avulsa” de influência holandesa;
-Temas rococó: cenas de género, ornamentação
com folhagem, pássaros, conchas e tal;
-Temas neoclássicos: grinaldas, cestos de flores,
ornatos caligráficos, etc;
-Volta a policromia: verde-azeitona, rosa, violeta
(cor de vinho), amarelo e azul.
36. Evolução histórica do azulejo
Século XIX
-Fabrico industrial do azulejo com moivos sem
valor artístico;
-Revestimento de prédios de habitação é mais
comum no Norte do país.
37. Evolução histórica do azulejo
Século XX
-Arte Nova revaloriza o azulejo na decoração
arquitetónica: formas exuberantes e
complexas, composições em que a cor se
associa ao relevo.
39. Evolução histórica do azulejo
Século XX e XXI
Utilizações: jardins, estações de transporte públicos,
cafés, casas de habitação, etc.
As técnicas de execução e o tipo de decoração mudou
muito adaptando-se aos novos gostos e ao espaço onde
são integrados.
Muitos artistas plásticos nacionais têm a realizado
pinturas para serem fixadas em azulejo como por
exemplo:
40. Azulejo de autor
Maria Keil Painel de azulejos revestimento da
estação Restauradores, Metropolitano de Lisboa
1963 FCViuva Lamego
Maria Keil Painel de azulejos revestimento da
estação Parque, Metropolitano de Lisboa 1959
Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego
41. Azulejo de autor
Azulejo de corda seca da autoria de Maria Keil e que se
encontram na estação do metro do Rossio (anos 60 do século
XX):
42. Azulejo de autor
Manuel Cargaleiro Painel de azulejos revestimento
da estação colegio militar, Metropolitano de Lisboa
1959 FCViuva Lamego
Mauel Cargaleiro Painel de
azulejos revestimento da
estação Colegio Militar,
Metropolitano de Lisboa
1987 FCViuva Lamego
43. Azulejo de autor
Maria Helena Vieira da Silva Painel
de azulejos os mochos revestimento
da estação Cidade Universitária,
Metropolitano de Lisboa 1959
FCViuva Lamego
44. Azulejo de autor
Raúl Lino painel de azulejos de padrão Lisboa
fábrica de Louça de Sacavém, projeto 1915 para
Casa dos Ciprestes, 1917.
45. Azulejo de autor
Ivan Chermayeff , revestimento exterior do Oceanário de
Lisboa, 1998.