O Auto da Barca do Inferno: crítica social na transição entre Idade Média e Renascimento
1.
2. Introdução
O Auto da Barca do Inferno é uma peça
escrita por Gil Vicente durante a transição
entre a Idade Média e o Renascimento. O
autor aproveita a temática religiosa como
pretexto para a crítica de costumes.
Os especialistas classificam-na
como moralidade, mesmo que muitas vezes
se aproxime da farsa. Ela proporciona uma
amostra do que era a sociedade de Lisboa no
período em que foi escrita, embora alguns
dos assuntos que cobre sejam atuais.
3. Personagens
A peça inicia-se num porto imaginário, onde se encontram as duas
barcas, a Barca do Inferno, cuja tripulação é o Diabo e o seu
Companheiro, e a Barca da Glória, tendo como tripulação um Anjo
na proa. Cada personagem discute com o Diabo e com o Anjo para
qual das barcas entrará.
Os personagens do Auto, com exceção do anjo de do diabo, são
representantes típicos da sociedade da época.
4. O Diabo e seu Companheiro
Conduzem a barca infernal.
6. O Fidalgo
O fidalgo, chamado Dom Anrique, vem acompanhado de seu criado, que
carrega uma cadeira de espaldas. Este elemento simboliza a opressão dos
mais fortes, a tirania e a presunção do moço.
7. O Onzeiro
Representa os agiotas, aqueles que faziam empréstimos e cobravam
muito mais, muitos juros. Traz consigo um bolsão que simboliza o pecado
da usura; o apego ao dinheiro.
8. O Parvo
Representa o povo português, rude e ignorante, porém de bom
coração e temente a Deus. Não traz nada consigo, pois tudo o que fez
na vida não foi por maldade. Passageiro da barca celeste.
9. O Frade
Representa os maus sarcedotes de uma época extremamente
religiosa. Traz consigo uma moça, uma espada, um escudo, um
capacete e o seu hábito. Estes elementos representam a vida
mundana do clero, e a dissolução dos seus costumes.
10. A Alcoviteira
Simboliza a degradação moral e a feitiçaria popular. Arcas de feitiços,
armários de mentir, furtos alheios, jóias de seduzir, guarda-roupa de
encobrir, casa movediça, estrado de cortiça, coxins e moças. Estes
elementos representam a exploração interesseira dos outros, para seu
próprio lucro e a sua atividade de alcoviteira ligada à prostituição.
11. O Judeu
Representa os infiéis, que são alheios à fé cristã, pois na época a
religião dominante era o cristianismo. Traz consigo um bode. Este
elemento simboliza a rejeição à fé cristã, pois o bode é o símbolo do
Judaísmo.
12. O Procurador e o Carregador
Encarnam a burocracia jurídica da época. Processos, vara da Justiça e
livros. Estes elementos simbolizam a magistratura.
13. O Enforcado
Teve uma vida sem fé e corrupta. Completamente perdido. Agiu de
forma completamente errada. Traz consigo a corda cujo fora enforcado,
representando sua vida terrena corrupta.
14. Os quatro Cavaleiros
Representam as cruzadas contra os mouros e a força da fé católica.
Apesar de terem matado muitos homens, acabam por serem perdoados
devido a mortes terem sido “em nome de Deus”. Passageiros da barca
celeste.