Este documento discute a natureza do conhecimento profissional em enfermagem. Critica a racionalidade técnica como modelo de formação, argumentando que não captura plenamente o processo de raciocínio clínico. Ao invés, defende a racionalidade prática reflexiva, onde o conhecimento é pessoal, tácito e situado, desenvolvido através da experiência rather do que regras. Também discute a importância de partir do estudante e dar-lhes voz, ao invés de impor visões externas.
A origem e elaboração do conhecimento profissional em Enfermagem
1. Dr. José Luis Medina
Junho, 2015
A RACIONALIDADE PRÁTICO REFLEXIVA -
DESCOBRIR A NATUREZA DO CONHECIMENTO
EM ENFERMAGEM
2. Educar é algo mais que uma responsabilidade é
uma prova: a de aprendizagem da cegueira e
seu reconhecimento
C. Maillard
Todos em maior ou menor medida queremos
fazer “algo” de “alguém”, mas nem sempre
entendemos muito bem como é que o “algo” e
o “alguém” não são exatamente o mesmo, e
ignoramos que essa confusão nos condena,
em que pese toda a vontade que deseja
implantar, ao fracasso pedagógico
P. Mirieu
4. Qual é a origem e como se elabora o
conhecimento que habilita para un
exercício virtuoso da Enfermagem
profissional?
Como podemos ensinar esse saber?
5. PRÁTICA
PROFISSIONAL
CONDUTA “A”
TÉCNICA “B”
MÉTODO “C”
HABILIDADE “D”
ROTINA “E”
CONHECIMENTO
PROFISSIONAL
MODELO DE
FORMAÇÃO
BASEADO NO
TREINAMENTO EM
COMPETÊNCIAS
CURRICULUM
FRAGMENTADO
DISCIPLINAS
ISOLADAS
MODELO DE TREINAMENTO E PADRONIZAÇÃO
8. A “conduta” profissional responde a
juízos, razões e decisões que não são
observáveis para a pessoa
em formação
9. A
B
“O paradoxo de aprender uma competência nova: um estudante não
pode, ao princípio, compreender o que
necessita aprender, somente pode aprender formando-se a
si mesmo e só pode formar-se a si mesmo começando
por fazer aquilo que ainda não compreende”. Schön, 1998: 93)
16. A racionalidade técnica não consegue
explicar plenamente o processo real de
raciocínio prático-clínico que os/as
profissionais de enfermagem utilizam no
desempenho de seu trabalho e apresenta,
portanto, uma visão inadequada: estreita,
instrumental e rígida, da formacão dos/as
mesmos/as
17. O JUÍZO EXPERIENTE DERIVA DE
UMA COMPREENSÃO GLOBAL,
ANTES QUE ANALÍTICA , DA
SITUAÇÃO, UMA VALORAÇÃO
QUALITATIVA E HOLÍSTICA QUE
POSSUI TRÊS CARACTERÍSTICAS
DISTINTAS:
ESQUEMAS DE RECONHECIMENTO
SENTIDO DE PROMINENCIA (destaque)
CONSCIÊNCIA SITUACIONAL (?)
18. A maestría profissional não pode
traduzir-se automaticamente em
descrições de condutas ou em
regras para a ação
O virtuosismo profissional, por
definição, não pode ser totalmente
formalizado nem codificado em
regras
19. É um fato que se se obriga os profissionais
experientes a sujeitar-se aos detalhes ou
modelos e regras convencionais seu trabalho
se ressente negativamente
É um fato que os modelos de diagnóstico e
tratamento não poden ser colocados em
prática até que os estudantes adquiram um
saber que ultrapasse esses modelos
21. A racionalidade prático-
reflexiva no exercício
profissional: a pergunta
de Patricia Benner
(1983). Uncovering the knowledge embedded en clinical practice. Image: the Journal of Nursing
Scolarship,15(2) 36-41
(1984). From novice to expert: Excellence and power in clinical nursing practice. Menlo Park, CA:
Addison-Wesley Publishing
(1987). Práctica progresiva de enfermería. Barcelona: Grijalbo.
(1994). Caring as a way of knowing and not knowing. In S.S. Phillips & P Benner (Eds). The crisis of
care: affirming and restoring caring practices in the helping professions (pp: 42-62). Wasihington:
Georgetown University Press
(1996). Expertise in Nursing: Caring, Clinical Judgment and Ethics. New York: Springer. Won Book of
the Year Award, American Journal of Nursing
(2000). The Wisdom of Our Practice. American Journal of Nursing 100(10):99-105
(2010). Educating nurses. A call for radical transformation. San Francisco: Jossey-Bass
22. O aporte de Benner:
O conhecimento que habilita para
un exercício competente da
prática profissional é o
conhecimento prático: pessoal,
tácito, experiencial, situado e
dificilmente formalizável,
quantificável e transformável
em condutas (a competência
codificada)
23. (1992) A formação de profissionais
reflexivos. Madrid: Paidós/MEC
(1998) O profissional reflexivo. Como
pensam os profissionais quando atuam.
Madrid: Paidós
O aporte de
Donald Schön:
25. CADA PROBLEMA É UM CASO ÚNICO
NÃO EXISTEM DOIS PROBLEMAS
IDÊNTICOS AINDA QUE
PERTENÇAM A MESMA
CATEGORÍA
26. CONFLITO DE VALORES
O tecnicamente possível, o
cientificamente aceitável, é o mesmo
que o moralmente justificável ?: o
problema da medicalização
PROBLEMA TÉCNICO = PROBLEMA ÉTICO
29. Os/as estudantes têm que ver por si
mesmos/as e a sua própria maneira as
relações entre os métodos, os meios e os
resultados. Ninguém mais pode vê-lo por
eles/as, e não podem vê-lo simplesmente
porque alguém lhes diga, ainda que a
FORMA correta de dizê-lo possa orientar
sua percepção para vê-lo e assim ajudá-los
a ver o que necessitam ver
QUAL É ESSA FORMA
CORRETA DE DIZÊ-LO?
31. POR QUÊ É NECESSÁRIO
PARTIR DE SI
E
APRENDER A CALAR-SE?
32. Partir de sí é a possibilidade de converter-se
em sujeito: autorizar o/a estudante sujeitar-
se em nome próprio aos diferentes discursos
que constróem o sentido de sua
prática/vida/aprendizagem. E restituir-lhe o
direito de utilizar a palavra em nome
próprio, mas isso só é possível quando
ele/ela, formador/a “aprende a calar-se” ,
quando “dá a palavra”
33. E no “dar a palavra” somente o que
não tem (o que cala) pode dar. O que
dá como proprietário das palavras e
seu sentido, o que dá como dono
daquilo que dá......... esse dá ao mesmo
tempo as palavras e o controle do
sentido das palavras e, portanto, não
las dá. “Dar a palavra” é dar sua
possibilidade de dizer outra coisa do
que você diz