O documento discute conceitos de intertextualidade introduzidos por Julia Kristeva e Mikhail Bakhtin. Apresenta definições de intertextualidade estrito e lato sensu segundo Koch, Bentes e Cavalcante. Explica classificações da intertextualidade como temática, estilística, explícita e implícita.
Obra - Curso de Direito Tributário - Doutrina Direito
Intertextualidade by koch-bentes-cavalcante
1. INTERTEXTUALIDADE
Prof. Cap João Carlos
Conceito introduzido na década de 60.
Julia Kristeva: crítica literária.
Sentido mais amplo: refere-se ao fato de
uma obra (literária) aludir a outra. Ex.: Esaú
e Jacó (de Machado de Assis).
LT incorpora o termo, com base no
postulado de Bakhtin (2000 [1929]):um
enunciado não pode ser entendido
isoladamente.
2. E mais:
A produção de sentido é sempre
intertextual;
A intertextualidade se aplica a domínios
discursivos diferentes (livro-cinema);
Envolve a multimodalidade.
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4. Intertextualidade (Koch; Bentes e
Cavalcante, 2007):
1. Stricto senso : ocorre quando, em um
texto, está inserido outro texto
(intertexto) anteriormente produzido,
que faz parte da memória social de
uma coletividade ou da memória
discursiva dos interlocutores.
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5. Intertextualidade:
1. Lato senso : relativa a todo e qualquer
discurso, ou seja, mesmo que não se
identifique o intertexto, há a presença
do interdiscurso, daí a intertextualidade
em sentido amplo.
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6. Classificações da intertextulidade:
a) TEMÁTICA
b) ESTILÍSTICA
c) EXPLÍCITA
d) IMPLÍCITA (O DÉTOURNEMENT)
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7. A) TEMÁTICA: refere-se à manutenção
do mesmo tema/assunto em textos
distintos da mesma área de
conhecimento.
Veja alguns exemplos.
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8.
9. Trecho de De Volta à Cabana, de C. Baxter
Kruger
A história por trás da história
A cabana é uma história que não foi criada para virar livro. Foi escrita por
William P. Young (Paul, para os amigos), para seus filhos. Paul tinha dois
objetivos: primeiro, presenteá-los com algo que expressasse seu amor por eles;
segundo, ajudá-los a “entender o que se havia passado em seu mundo interior”, tal
como disse seu amigo Willie. O objetivo de Paul era imprimir 15 exemplares para
dar no Natal aos filhos, à mulher e a uns poucos amigos. Achou tempo para fazer
isso em meio a três empregos que mal lhe garantiam a sobrevivência. Os
exemplares ficaram prontos e a história circulou na família e entre amigos. Ele foi
incentivado a publicá-la, mas todos os editores com quem fez contato a
recusaram, ora considerando-a “muito fora dos padrões”, ora achando que a
história “tinha Jesus em excesso”. Para Paul, a publicação em forma de livro – hoje
um dos mais vendidos de todos os tempos – não passa de um bônus, um brinde.
Seu sonho já tinha sido realizado quando os primeiros exemplares foram
produzidos e seus filhos puderam conhecer uma história capaz de explicar um
pouco da jornada do pai deles pelo mundo “real”.
10. Monte Castelo
Ainda que eu falasse a língua dos
homens.
E falasse a língua dos anjos, sem
amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos
homens.
E falasse a língua dos anjos, sem
amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem
querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se
perder.
É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a
lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem,
todos dormem, todos dormem.
Agora vejo em parte. Mas então
veremos face a face.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos
homens.
E falasse a língua dos anjos, sem
amor eu nada seria.
14. B) ESTILÍSTICA: ocorre quando há a
repetição, a paródia, a imitação do
estilo de outro texto.
15. Paródia na música: Débil metal
Mamonas assassinas
Walking in the
dark
Now there's just
some cookies
Wich is not for you,
I know it's not
I just can't explain,
it melts in my
mouth
Dying to me now is
popcorn
Can't you
understand?
Can't you
understand, boy?
So, shake your head
So, shake your head,
sucker!
No more ideas! No
more ideas! It's over!
16. Exemplo:
O filósofo alemão Arthur Schopenhauer
afirmou que “todas as pessoas tomam os
limites de seu próprio campo de visão, pelos
limites do mundo”.
C) EXPLÍCITA: ocorre quando há
menção/citação direta (paráfrase
anunciada) da fonte do intertexto.
17. D) IMPLÍCITA: ocorre quando não há menção
clara da fonte. Espera-se que o leitor/ouvinte
recupere o intertexto.
18. As autoras consideram o detournement
um caso de intertextualidade implícita:
Penso, logo existo. (Descartes)
Penso, logo hesito. (L.F.V.)
Quem vê cara, não vê falsificação
(publicidade da Citizen)
19. BOM CONSELHO
CHICO BUARQUE
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade