SlideShare uma empresa Scribd logo
Catolicismo
Do fogo à fé
Umas das religiões mais influentes do mundo, a Igreja Apostólica Romana também
foi uma das instituições mais poderosas do planeta, e ainda se mantém, com o
maior número de adeptos em todo o mundo
U
ma das religiões mais poderosas de todos
os tempos, tanto no que se diz respeito a
sua influência, quando ao seu poder po-
lítico, o catolicismo é a vertente mais ex-
pressiva do Cristianismo e, segundo dados, com o
maior número de adeptos em todo o mundo; cer-
ca de mais de um bilhão de seguidores. Seu nome
vem do grego “katholikos”, que significa “geral” ou
“universal”. O termo “Igreja Católica” é utilizado
desde o século I, e para alguns historiadores tal
termo tenha sido usado pelos próprios apóstolos
para designar sua igreja.
Marcada por uma rígida hierarquia, onde as pa-
róquias, as dioceses e as
arquidioceses estão subme-
tidas ao Vaticano, localizado
em Roma, a Igreja Apostóli-
ca Romana possui suas pró-
prias legislações, como se
fosse um estado indepen-
dente. Seu símbolo máximo é o “Papa”, que possui
um governo vitalício e só deixa o papado de outra
forma se for por vontade própria, como aconte-
ceu com Bento XVI, a ultima renúncia, no entanto,
foi de Gregório XII, em 1415. Em ambos os casos
o novo papa é eleito por uma votação fechada, a
qual nós chamamos de conclave, por um colégio
de cardeais. Assim é feito há séculos. Todavia, dei-
xemos os detalhes “episcopais” de lado e vamos
aos fatos que estigmatizou a religião católica e a
tornou o centro político e religioso mais influente
de todas as eras.
Por mais de dois milênios a religião católica se im-
pôs ao mundo, legitimando seu poder dominar
e mostrando ao planeta que seu “deus” único e
onipotente era a verdadeira salvação para a huma-
nidade. Marcada por dogmas, sendo estes inques-
tionáveis, milhares de pessoas foram perseguidas
e queimadas vivas pela Igreja, convertendo à sua
fé inúmeros povos com seu poder um tanto quan-
to “persuasivo”. Na realidade era o mais primitivo
sentimento de autodefesa humana que sustenta-
va o Vaticano: o medo.
No século XVI Lutero propõe uma reforma no seio
do catolicismo e na porta do Castelo de Wittenberg
prega suas 95 teses su-
gerindo uma mudança
urgente na doutrina da
Igreja Católica. O ano
era 1517 e nasce então
o “Protestantismo”.
Apoiada por diversos
religiosos e governantes europeus, essa espécie
de “revolução religiosa” iniciada na Alemanha,
estendeu-se pela Suíça, França, Países Baixos, Rei-
no Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste
europeu, principalmente nos Países Bálticos e na
Hungria. Ameaçada, a Igreja Católica propõe um
movimento que ficou conhecido na história como
“A Contra Reforma”, um dos períodos mais mar-
cantes e sangrentos da história do catolicismo.
Segundo Daniel-Rops (1901-1965), escritor e his-
toriador Frances, “já na segunda metade do século
XV, tudo o que havia de mais representativo entre
“Por mais de dois milênios a reli-
gião católica se impôs ao mundo”
os católicos, todos os que tinham verdadeiramen-
te consciência da situação, reclamavam a refor-
ma, por vezes num tom de violência feroz, e mais
frequentemente como um ato de fé nos destinos
eternos da “Ecclesia Mater”.
Em 1545, a Igreja Católica Apostólica Romana con-
vocou o Concílio de Trento estabelecendo entre
outras medidas, a retomada do Tribunal do San-
to Ofício (inquisição), a criação do Index Librorum
Prohibitorum, com uma relação de livros proibidos
pela Igreja e o incentivo à catequese dos povos do
Novo Mundo, com a criação de novas ordens reli-
giosas, dentre elas a Companhia de Jesus. Outras
medidas incluíram a reafirmação da autoridade
papal, a manutenção do celibato eclesiástico, a re-
forma das ordens religiosas, a edição do catecismo
tridentino, reformas e instituições de seminários e
universidades, a supressão de abusos envolvendo
indulgências e a adoção da Vulgata como tradução
oficial da Bíblia.
A partir daí inicia-se um verdadeiro processo de
caça as bruxas, combatendo a heresia e colocando
definitivamente a fé católica como única e verda-
deira. Tal período foi retratado em “Malleus Male-
ficarum” (o martelo das feiticeiras), um autêntico
manual de “caça as bruxas”, do período renascen-
tista.
Todavia, com os questionamentos “hereges” do
monopólio intelectual da Igreja e a crescente va-
lorização das ciências e do homem se colocando
como peça central da sua história, o catolicismo,
mesmo tentando combater esse processo de de-
cadência da sua fé literalmente a “ferro e fogo”, foi
perdendo sua força. Entretanto, nunca deixou de
Infográfico
Com o maior número de seguidores em todo o mundo, intenda quais
são as proporções de católicos em todo o mundo
Fonte: Enciclopédia Mundial Cristã 2003
ser a religião mais seguida do mundo.
Com o Concílio de Vaticano II, no século XX, a Igre-
ja Católica sofreu uma profunda renovação de suas
práticas. Tal acontecido deu-se na década de 1960.
Nesse evento – que mobilizou as principais lideran-
ças da Igreja – uma nova postura da instituição foi
orientada em direção às questões sociais e injusti-
ças que afligiam os menos favorecidos. Essa tônica
social acabou dando origem à chamada Teologia
da Libertação, que aproximou os clérigos das cau-
sas populares, principalmente na América Latina.
Recentemente com a eleição do Papa Francisco
e seu discurso de “não se esquecer dos pobres”
esses ideais parecem ter sido retomados. Ao con-
trário de Bento VXI, extremamente conservador, o
novo Papa veio para dar uma cara nova ao catoli-
cismo, tendo sido aprovado pelo mundo e o con-
quistado com sua simpatia. Sem dúvida a Igreja
Apostólica Romana precisa de uma reforma urgen-
te, sobretudo no que se diz respeito à sociedade,
que a cada dia que passa, parece se perde mais em
seus princípios bíblicos medievais. Oremos.
O Malleus Maleficarum foi compilado e escri-
to por dois inquisidores dominicanos, Heinrich
Kraemer e James Sprenger. Os autores funda-
mentavam as premissas do livro com base na
bula “Summis desiderantes affectibus”, emiti-
da pelo Papa Inocêncio VIII em cinco de de-
zembro de 1484, o prin-
cipal documento papal
sobre a bruxaria. Nela,
Sprenger e Kramer são
nomeados para comba-
ter a bruxaria no norte
da Alemanha.
Kramer e Sprenger apre-
sentaram o Malleus Ma-
leficarum à Faculdade
de Teologia da Univer-
sidade de Colônia, na
Alemanha, em nove de
maio de 1487, esperan-
do que fosse aprovado.
Entretanto, o clero da
Universidade condenou
a obra, declarando-a ile-
gal e antiética. Kramer,
porém, inseriu uma
falsa nota de apoio da
Universidade em poste-
riores edições impressas
do livro. O ano de 1487
é geralmente aceito
como a data de publicação, ainda que edições
mais antigas da obra tenham sido produzidas
em 1485 ou 1486. A Igreja Católica proibiu o
livro pouco depois da publicação, colocando-o
no Index Librorum Prohibitorum (Índice dos Li-
vros Proibidos). Apesar disso, entre os anos de
1487 e 1520, a obra foi publicada 13 vezes. En-
tre 1574 e a edição de Lyon de 1669, o Malleus
recebeu um total de 16 novas reimpressões.
Os efeitos do Malleus Maleficarum se espa-
lharam muito além das
fronteiras da Alemanha,
provocando grande im-
pacto na França e Itália,
e, em grau menor, na In-
glaterra.
Embora a crença popu-
lar consagrasse o Mal-
leus Maleficarum como
o clássico texto católico
romano no que cabia à
bruxaria, a obra nunca
foi oficialmente usada
pela Igreja Católica.
Kramer foi condena-
do pela Inquisição em
1490, e sua demonolo-
gia considerada não de
acordo com a doutrina
católica. Porém, seu li-
vro continuou sendo
publicado e usado tam-
bém por protestantes
em alguns de seus julga-
mentos contra bruxas.
No Brasil foi publicado pela editora Três em
1976 com o título “Malleus Maleficarum: Ma-
nual de Caça às Bruxas” e, posteriormente,
com o título O Martelo das Feiticeiras.
Malleus Maleficarum
Por João Oliveira
Fonte: Google Imagem

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Protestantismo
ProtestantismoProtestantismo
Protestantismo
LuisMagina
 
Reforma protestante
Reforma protestanteReforma protestante
Reforma protestante
Maria Gomes
 
A reforma protestante e a reação católica
A reforma protestante e a reação católicaA reforma protestante e a reação católica
A reforma protestante e a reação católica
Marcela Marangon Ribeiro
 
Reforma protestante ines
Reforma protestante inesReforma protestante ines
Reforma protestante ines
Tito Romeu Gomes de Sousa Maia Mendes
 
A contrarreforma
A contrarreformaA contrarreforma
A contrarreforma
Marcela Marangon Ribeiro
 
Reforma e contrarreforma
Reforma e contrarreformaReforma e contrarreforma
Reforma e contrarreforma
Fabiana Tonsis
 
Protestantismo
ProtestantismoProtestantismo
Protestantismo
fespiritacrista
 
Reforma protestante
Reforma protestanteReforma protestante
Reforma protestante
Geraldo Pinheiro
 
Ipb
IpbIpb
Refoma Religiosa ou Reforma Protestante
Refoma Religiosa ou Reforma ProtestanteRefoma Religiosa ou Reforma Protestante
Refoma Religiosa ou Reforma Protestante
Alan
 
A renovação da espiritualidade e da religiosidade
A renovação da espiritualidade e da religiosidadeA renovação da espiritualidade e da religiosidade
A renovação da espiritualidade e da religiosidade
Álvaro Tito
 
Antecedentes da Reforma Protestante
Antecedentes da Reforma ProtestanteAntecedentes da Reforma Protestante
Antecedentes da Reforma Protestante
Tainara Lira
 
Esquema reforma protestante
Esquema reforma protestanteEsquema reforma protestante
Esquema reforma protestante
JosPedroSilva11
 
A contrarreforma
A contrarreformaA contrarreforma
A contrarreforma
historiando
 
A reforma protestante
A reforma protestanteA reforma protestante
A reforma protestante
Marcela Marangon Ribeiro
 
As reformas religiosas do séc.XVI e sua implicações atuais.
As reformas religiosas do séc.XVI e sua implicações atuais.As reformas religiosas do séc.XVI e sua implicações atuais.
As reformas religiosas do séc.XVI e sua implicações atuais.
Jose Ribamar Santos
 
Reforma Protestante
Reforma ProtestanteReforma Protestante
Reforma Protestante
seixasmarianas
 
Reforma Protestante
Reforma ProtestanteReforma Protestante
Reforma Protestante
Manuel Pereira Gonçalves
 
Aula reforma e contra-reforma religiosa2
Aula  reforma e contra-reforma religiosa2Aula  reforma e contra-reforma religiosa2
Aula reforma e contra-reforma religiosa2
Janete Garcia de Freitas
 
A Reforma Protestante
A Reforma Protestante A Reforma Protestante
A Reforma Protestante
Isabella Neves Silva
 

Mais procurados (20)

Protestantismo
ProtestantismoProtestantismo
Protestantismo
 
Reforma protestante
Reforma protestanteReforma protestante
Reforma protestante
 
A reforma protestante e a reação católica
A reforma protestante e a reação católicaA reforma protestante e a reação católica
A reforma protestante e a reação católica
 
Reforma protestante ines
Reforma protestante inesReforma protestante ines
Reforma protestante ines
 
A contrarreforma
A contrarreformaA contrarreforma
A contrarreforma
 
Reforma e contrarreforma
Reforma e contrarreformaReforma e contrarreforma
Reforma e contrarreforma
 
Protestantismo
ProtestantismoProtestantismo
Protestantismo
 
Reforma protestante
Reforma protestanteReforma protestante
Reforma protestante
 
Ipb
IpbIpb
Ipb
 
Refoma Religiosa ou Reforma Protestante
Refoma Religiosa ou Reforma ProtestanteRefoma Religiosa ou Reforma Protestante
Refoma Religiosa ou Reforma Protestante
 
A renovação da espiritualidade e da religiosidade
A renovação da espiritualidade e da religiosidadeA renovação da espiritualidade e da religiosidade
A renovação da espiritualidade e da religiosidade
 
Antecedentes da Reforma Protestante
Antecedentes da Reforma ProtestanteAntecedentes da Reforma Protestante
Antecedentes da Reforma Protestante
 
Esquema reforma protestante
Esquema reforma protestanteEsquema reforma protestante
Esquema reforma protestante
 
A contrarreforma
A contrarreformaA contrarreforma
A contrarreforma
 
A reforma protestante
A reforma protestanteA reforma protestante
A reforma protestante
 
As reformas religiosas do séc.XVI e sua implicações atuais.
As reformas religiosas do séc.XVI e sua implicações atuais.As reformas religiosas do séc.XVI e sua implicações atuais.
As reformas religiosas do séc.XVI e sua implicações atuais.
 
Reforma Protestante
Reforma ProtestanteReforma Protestante
Reforma Protestante
 
Reforma Protestante
Reforma ProtestanteReforma Protestante
Reforma Protestante
 
Aula reforma e contra-reforma religiosa2
Aula  reforma e contra-reforma religiosa2Aula  reforma e contra-reforma religiosa2
Aula reforma e contra-reforma religiosa2
 
A Reforma Protestante
A Reforma Protestante A Reforma Protestante
A Reforma Protestante
 

Destaque

W.eugene smith
W.eugene smithW.eugene smith
W.eugene smith
João Oliveira
 
O catecismo da igreja católica
O catecismo da igreja católicaO catecismo da igreja católica
O catecismo da igreja católica
Francisco Rodrigues
 
A Igreja e a Reforma
A Igreja e a ReformaA Igreja e a Reforma
A Igreja e a Reforma
Igreja Presbiteriana de Dourados
 
Palestra a fé e sua vivência
Palestra  a fé e sua vivênciaPalestra  a fé e sua vivência
Palestra a fé e sua vivência
Cursilho Ged Taguatinga Df
 
FéFé
O Poder da Fé
O Poder da FéO Poder da Fé
O Poder da Fé
igmateus
 
Lbj lição 10 a missão social da igreja
Lbj lição 10    a missão social da igrejaLbj lição 10    a missão social da igreja
Lbj lição 10 a missão social da igreja
boasnovassena
 

Destaque (7)

W.eugene smith
W.eugene smithW.eugene smith
W.eugene smith
 
O catecismo da igreja católica
O catecismo da igreja católicaO catecismo da igreja católica
O catecismo da igreja católica
 
A Igreja e a Reforma
A Igreja e a ReformaA Igreja e a Reforma
A Igreja e a Reforma
 
Palestra a fé e sua vivência
Palestra  a fé e sua vivênciaPalestra  a fé e sua vivência
Palestra a fé e sua vivência
 
FéFé
 
O Poder da Fé
O Poder da FéO Poder da Fé
O Poder da Fé
 
Lbj lição 10 a missão social da igreja
Lbj lição 10    a missão social da igrejaLbj lição 10    a missão social da igreja
Lbj lição 10 a missão social da igreja
 

Semelhante a Igreja Católica - Do Fogo a Fé

Reforma protestante e contra reforma
Reforma protestante e contra reformaReforma protestante e contra reforma
Reforma protestante e contra reforma
Fatima Freitas
 
Reforma protestante
Reforma protestanteReforma protestante
Reforma protestante
Alexandre Guanaes Buongermino
 
Reforma e Contra Reforma
Reforma e Contra ReformaReforma e Contra Reforma
Reforma e Contra Reforma
Marcos Aurélio
 
Protestantismo E Reforma Protestante
Protestantismo E Reforma ProtestanteProtestantismo E Reforma Protestante
Protestantismo E Reforma Protestante
Alexandre Santos
 
Cristianismo 2-slides
Cristianismo 2-slidesCristianismo 2-slides
Cristianismo 2-slides
Joel Marins
 
Reforma e contrarreforma1
Reforma e contrarreforma1Reforma e contrarreforma1
Reforma e contrarreforma1
Valkuiria Andrade
 
As reformas-religiosas-ildete-3
As reformas-religiosas-ildete-3As reformas-religiosas-ildete-3
As reformas-religiosas-ildete-3
adalbertovha
 
03_04 A renovação da espiritualidade e da religiosidade.pdf
03_04 A renovação da espiritualidade e da religiosidade.pdf03_04 A renovação da espiritualidade e da religiosidade.pdf
03_04 A renovação da espiritualidade e da religiosidade.pdf
Vítor Santos
 
A renovação espiritual e religiosa.pptx de portugal
A renovação espiritual e religiosa.pptx de portugalA renovação espiritual e religiosa.pptx de portugal
A renovação espiritual e religiosa.pptx de portugal
Cecília Gomes
 
Reforma e contrarreforma
Reforma e contrarreforma   Reforma e contrarreforma
Reforma e contrarreforma
Valkuiria Andrade
 
05 reforma protestante
05   reforma protestante05   reforma protestante
05 reforma protestante
Ciências Humanas e Suas Tecnologias
 
Contra-Reforma Religiosa - Prof.Altair Aguilar
Contra-Reforma Religiosa - Prof.Altair AguilarContra-Reforma Religiosa - Prof.Altair Aguilar
Contra-Reforma Religiosa - Prof.Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
A reforma protestante h.c.a.
A reforma protestante   h.c.a.A reforma protestante   h.c.a.
A reforma protestante h.c.a.
luis reis
 
A reforma protestante h.c.a.
A reforma protestante   h.c.a.A reforma protestante   h.c.a.
A reforma protestante h.c.a.
luis reis
 
34
3434
Reforma Protestante 1° Ano
Reforma Protestante 1° AnoReforma Protestante 1° Ano
Reforma Protestante 1° Ano
danibronstrup
 
Reforma Protestante - 1° ano - EM
Reforma Protestante - 1° ano - EMReforma Protestante - 1° ano - EM
Reforma Protestante - 1° ano - EM
danibronstrup
 
Reforma religiosa
Reforma religiosaReforma religiosa
Reforma religiosa
Daniel Alves Bronstrup
 
História do cristianismo v da página 328 a 452
História do cristianismo v da página 328 a 452História do cristianismo v da página 328 a 452
História do cristianismo v da página 328 a 452
Ivan De Oliveira Santos
 
Cultura do Palácio (parte 2)
Cultura do Palácio (parte 2)Cultura do Palácio (parte 2)
Cultura do Palácio (parte 2)
Beatriz Mariano
 

Semelhante a Igreja Católica - Do Fogo a Fé (20)

Reforma protestante e contra reforma
Reforma protestante e contra reformaReforma protestante e contra reforma
Reforma protestante e contra reforma
 
Reforma protestante
Reforma protestanteReforma protestante
Reforma protestante
 
Reforma e Contra Reforma
Reforma e Contra ReformaReforma e Contra Reforma
Reforma e Contra Reforma
 
Protestantismo E Reforma Protestante
Protestantismo E Reforma ProtestanteProtestantismo E Reforma Protestante
Protestantismo E Reforma Protestante
 
Cristianismo 2-slides
Cristianismo 2-slidesCristianismo 2-slides
Cristianismo 2-slides
 
Reforma e contrarreforma1
Reforma e contrarreforma1Reforma e contrarreforma1
Reforma e contrarreforma1
 
As reformas-religiosas-ildete-3
As reformas-religiosas-ildete-3As reformas-religiosas-ildete-3
As reformas-religiosas-ildete-3
 
03_04 A renovação da espiritualidade e da religiosidade.pdf
03_04 A renovação da espiritualidade e da religiosidade.pdf03_04 A renovação da espiritualidade e da religiosidade.pdf
03_04 A renovação da espiritualidade e da religiosidade.pdf
 
A renovação espiritual e religiosa.pptx de portugal
A renovação espiritual e religiosa.pptx de portugalA renovação espiritual e religiosa.pptx de portugal
A renovação espiritual e religiosa.pptx de portugal
 
Reforma e contrarreforma
Reforma e contrarreforma   Reforma e contrarreforma
Reforma e contrarreforma
 
05 reforma protestante
05   reforma protestante05   reforma protestante
05 reforma protestante
 
Contra-Reforma Religiosa - Prof.Altair Aguilar
Contra-Reforma Religiosa - Prof.Altair AguilarContra-Reforma Religiosa - Prof.Altair Aguilar
Contra-Reforma Religiosa - Prof.Altair Aguilar
 
A reforma protestante h.c.a.
A reforma protestante   h.c.a.A reforma protestante   h.c.a.
A reforma protestante h.c.a.
 
A reforma protestante h.c.a.
A reforma protestante   h.c.a.A reforma protestante   h.c.a.
A reforma protestante h.c.a.
 
34
3434
34
 
Reforma Protestante 1° Ano
Reforma Protestante 1° AnoReforma Protestante 1° Ano
Reforma Protestante 1° Ano
 
Reforma Protestante - 1° ano - EM
Reforma Protestante - 1° ano - EMReforma Protestante - 1° ano - EM
Reforma Protestante - 1° ano - EM
 
Reforma religiosa
Reforma religiosaReforma religiosa
Reforma religiosa
 
História do cristianismo v da página 328 a 452
História do cristianismo v da página 328 a 452História do cristianismo v da página 328 a 452
História do cristianismo v da página 328 a 452
 
Cultura do Palácio (parte 2)
Cultura do Palácio (parte 2)Cultura do Palácio (parte 2)
Cultura do Palácio (parte 2)
 

Último

karl marx biografia resumida com suas obras e história de vida
karl marx biografia resumida com suas obras e história de vidakarl marx biografia resumida com suas obras e história de vida
karl marx biografia resumida com suas obras e história de vida
KleginaldoPaz2
 
Redação e Leitura_7º ano_58_Produção de cordel .pptx
Redação e Leitura_7º ano_58_Produção de cordel .pptxRedação e Leitura_7º ano_58_Produção de cordel .pptx
Redação e Leitura_7º ano_58_Produção de cordel .pptx
DECIOMAURINARAMOS
 
Aula 2 - Revisando o significado de fração - Parte 2.pptx
Aula 2 - Revisando o significado de fração - Parte 2.pptxAula 2 - Revisando o significado de fração - Parte 2.pptx
Aula 2 - Revisando o significado de fração - Parte 2.pptx
LILIANPRESTESSCUDELE
 
A festa junina é uma tradicional festividade popular que acontece durante o m...
A festa junina é uma tradicional festividade popular que acontece durante o m...A festa junina é uma tradicional festividade popular que acontece durante o m...
A festa junina é uma tradicional festividade popular que acontece durante o m...
ANDRÉA FERREIRA
 
TUTORIAL PARA LANÇAMENTOGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG
TUTORIAL PARA LANÇAMENTOGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGTUTORIAL PARA LANÇAMENTOGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG
TUTORIAL PARA LANÇAMENTOGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG
ProfessoraTatianaT
 
O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4
O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4
O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4
DouglasMoraes54
 
D20 - Descritores SAEB de Língua Portuguesa
D20 - Descritores SAEB de Língua PortuguesaD20 - Descritores SAEB de Língua Portuguesa
D20 - Descritores SAEB de Língua Portuguesa
eaiprofpolly
 
Vogais Ilustrados para alfabetização infantil
Vogais Ilustrados para alfabetização infantilVogais Ilustrados para alfabetização infantil
Vogais Ilustrados para alfabetização infantil
mamaeieby
 
Educação trabalho HQ em sala de aula uma excelente ideia
Educação  trabalho HQ em sala de aula uma excelente  ideiaEducação  trabalho HQ em sala de aula uma excelente  ideia
Educação trabalho HQ em sala de aula uma excelente ideia
joseanesouza36
 
As sequências didáticas: práticas educativas
As sequências didáticas: práticas educativasAs sequências didáticas: práticas educativas
As sequências didáticas: práticas educativas
rloureiro1
 
Pintura Romana .pptx
Pintura Romana                     .pptxPintura Romana                     .pptx
Pintura Romana .pptx
TomasSousa7
 
cronograma-enem-2024-planejativo-estudos.pdf
cronograma-enem-2024-planejativo-estudos.pdfcronograma-enem-2024-planejativo-estudos.pdf
cronograma-enem-2024-planejativo-estudos.pdf
todorokillmepls
 
JOGO DA VELHA FESTA JUNINA - ARQUIVO GRATUITO.pdf
JOGO DA VELHA FESTA JUNINA - ARQUIVO GRATUITO.pdfJOGO DA VELHA FESTA JUNINA - ARQUIVO GRATUITO.pdf
JOGO DA VELHA FESTA JUNINA - ARQUIVO GRATUITO.pdf
ClaudiaMainoth
 
epidemias endemia-pandemia-e-epidemia (1).ppt
epidemias endemia-pandemia-e-epidemia (1).pptepidemias endemia-pandemia-e-epidemia (1).ppt
epidemias endemia-pandemia-e-epidemia (1).ppt
MarceloMonteiro213738
 
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptx
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptxSlides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptx
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
Testes + soluções_Mensagens12 )11111.pdf
Testes + soluções_Mensagens12 )11111.pdfTestes + soluções_Mensagens12 )11111.pdf
Testes + soluções_Mensagens12 )11111.pdf
lveiga112
 
Atpcg PEI Rev Irineu GESTÃO DE SALA DE AULA.pptx
Atpcg PEI Rev Irineu GESTÃO DE SALA DE AULA.pptxAtpcg PEI Rev Irineu GESTÃO DE SALA DE AULA.pptx
Atpcg PEI Rev Irineu GESTÃO DE SALA DE AULA.pptx
joaresmonte3
 
Slide de biologia aula2 2 bimestre no ano de 2024
Slide de biologia aula2  2 bimestre no ano de 2024Slide de biologia aula2  2 bimestre no ano de 2024
Slide de biologia aula2 2 bimestre no ano de 2024
vinibolado86
 
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptxCartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Zenir Carmen Bez Trombeta
 
A QUESTÃO ANTROPOLÓGICA: O QUE SOMOS OU QUEM SOMOS.pdf
A QUESTÃO ANTROPOLÓGICA: O QUE SOMOS OU QUEM SOMOS.pdfA QUESTÃO ANTROPOLÓGICA: O QUE SOMOS OU QUEM SOMOS.pdf
A QUESTÃO ANTROPOLÓGICA: O QUE SOMOS OU QUEM SOMOS.pdf
AurelianoFerreirades2
 

Último (20)

karl marx biografia resumida com suas obras e história de vida
karl marx biografia resumida com suas obras e história de vidakarl marx biografia resumida com suas obras e história de vida
karl marx biografia resumida com suas obras e história de vida
 
Redação e Leitura_7º ano_58_Produção de cordel .pptx
Redação e Leitura_7º ano_58_Produção de cordel .pptxRedação e Leitura_7º ano_58_Produção de cordel .pptx
Redação e Leitura_7º ano_58_Produção de cordel .pptx
 
Aula 2 - Revisando o significado de fração - Parte 2.pptx
Aula 2 - Revisando o significado de fração - Parte 2.pptxAula 2 - Revisando o significado de fração - Parte 2.pptx
Aula 2 - Revisando o significado de fração - Parte 2.pptx
 
A festa junina é uma tradicional festividade popular que acontece durante o m...
A festa junina é uma tradicional festividade popular que acontece durante o m...A festa junina é uma tradicional festividade popular que acontece durante o m...
A festa junina é uma tradicional festividade popular que acontece durante o m...
 
TUTORIAL PARA LANÇAMENTOGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG
TUTORIAL PARA LANÇAMENTOGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGTUTORIAL PARA LANÇAMENTOGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG
TUTORIAL PARA LANÇAMENTOGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG
 
O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4
O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4
O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4
 
D20 - Descritores SAEB de Língua Portuguesa
D20 - Descritores SAEB de Língua PortuguesaD20 - Descritores SAEB de Língua Portuguesa
D20 - Descritores SAEB de Língua Portuguesa
 
Vogais Ilustrados para alfabetização infantil
Vogais Ilustrados para alfabetização infantilVogais Ilustrados para alfabetização infantil
Vogais Ilustrados para alfabetização infantil
 
Educação trabalho HQ em sala de aula uma excelente ideia
Educação  trabalho HQ em sala de aula uma excelente  ideiaEducação  trabalho HQ em sala de aula uma excelente  ideia
Educação trabalho HQ em sala de aula uma excelente ideia
 
As sequências didáticas: práticas educativas
As sequências didáticas: práticas educativasAs sequências didáticas: práticas educativas
As sequências didáticas: práticas educativas
 
Pintura Romana .pptx
Pintura Romana                     .pptxPintura Romana                     .pptx
Pintura Romana .pptx
 
cronograma-enem-2024-planejativo-estudos.pdf
cronograma-enem-2024-planejativo-estudos.pdfcronograma-enem-2024-planejativo-estudos.pdf
cronograma-enem-2024-planejativo-estudos.pdf
 
JOGO DA VELHA FESTA JUNINA - ARQUIVO GRATUITO.pdf
JOGO DA VELHA FESTA JUNINA - ARQUIVO GRATUITO.pdfJOGO DA VELHA FESTA JUNINA - ARQUIVO GRATUITO.pdf
JOGO DA VELHA FESTA JUNINA - ARQUIVO GRATUITO.pdf
 
epidemias endemia-pandemia-e-epidemia (1).ppt
epidemias endemia-pandemia-e-epidemia (1).pptepidemias endemia-pandemia-e-epidemia (1).ppt
epidemias endemia-pandemia-e-epidemia (1).ppt
 
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptx
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptxSlides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptx
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptx
 
Testes + soluções_Mensagens12 )11111.pdf
Testes + soluções_Mensagens12 )11111.pdfTestes + soluções_Mensagens12 )11111.pdf
Testes + soluções_Mensagens12 )11111.pdf
 
Atpcg PEI Rev Irineu GESTÃO DE SALA DE AULA.pptx
Atpcg PEI Rev Irineu GESTÃO DE SALA DE AULA.pptxAtpcg PEI Rev Irineu GESTÃO DE SALA DE AULA.pptx
Atpcg PEI Rev Irineu GESTÃO DE SALA DE AULA.pptx
 
Slide de biologia aula2 2 bimestre no ano de 2024
Slide de biologia aula2  2 bimestre no ano de 2024Slide de biologia aula2  2 bimestre no ano de 2024
Slide de biologia aula2 2 bimestre no ano de 2024
 
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptxCartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptx
 
A QUESTÃO ANTROPOLÓGICA: O QUE SOMOS OU QUEM SOMOS.pdf
A QUESTÃO ANTROPOLÓGICA: O QUE SOMOS OU QUEM SOMOS.pdfA QUESTÃO ANTROPOLÓGICA: O QUE SOMOS OU QUEM SOMOS.pdf
A QUESTÃO ANTROPOLÓGICA: O QUE SOMOS OU QUEM SOMOS.pdf
 

Igreja Católica - Do Fogo a Fé

  • 1. Catolicismo Do fogo à fé Umas das religiões mais influentes do mundo, a Igreja Apostólica Romana também foi uma das instituições mais poderosas do planeta, e ainda se mantém, com o maior número de adeptos em todo o mundo U ma das religiões mais poderosas de todos os tempos, tanto no que se diz respeito a sua influência, quando ao seu poder po- lítico, o catolicismo é a vertente mais ex- pressiva do Cristianismo e, segundo dados, com o maior número de adeptos em todo o mundo; cer- ca de mais de um bilhão de seguidores. Seu nome vem do grego “katholikos”, que significa “geral” ou “universal”. O termo “Igreja Católica” é utilizado desde o século I, e para alguns historiadores tal termo tenha sido usado pelos próprios apóstolos para designar sua igreja. Marcada por uma rígida hierarquia, onde as pa- róquias, as dioceses e as arquidioceses estão subme- tidas ao Vaticano, localizado em Roma, a Igreja Apostóli- ca Romana possui suas pró- prias legislações, como se fosse um estado indepen- dente. Seu símbolo máximo é o “Papa”, que possui um governo vitalício e só deixa o papado de outra forma se for por vontade própria, como aconte- ceu com Bento XVI, a ultima renúncia, no entanto, foi de Gregório XII, em 1415. Em ambos os casos o novo papa é eleito por uma votação fechada, a qual nós chamamos de conclave, por um colégio de cardeais. Assim é feito há séculos. Todavia, dei- xemos os detalhes “episcopais” de lado e vamos aos fatos que estigmatizou a religião católica e a tornou o centro político e religioso mais influente de todas as eras. Por mais de dois milênios a religião católica se im- pôs ao mundo, legitimando seu poder dominar e mostrando ao planeta que seu “deus” único e onipotente era a verdadeira salvação para a huma- nidade. Marcada por dogmas, sendo estes inques- tionáveis, milhares de pessoas foram perseguidas e queimadas vivas pela Igreja, convertendo à sua fé inúmeros povos com seu poder um tanto quan- to “persuasivo”. Na realidade era o mais primitivo sentimento de autodefesa humana que sustenta- va o Vaticano: o medo. No século XVI Lutero propõe uma reforma no seio do catolicismo e na porta do Castelo de Wittenberg prega suas 95 teses su- gerindo uma mudança urgente na doutrina da Igreja Católica. O ano era 1517 e nasce então o “Protestantismo”. Apoiada por diversos religiosos e governantes europeus, essa espécie de “revolução religiosa” iniciada na Alemanha, estendeu-se pela Suíça, França, Países Baixos, Rei- no Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste europeu, principalmente nos Países Bálticos e na Hungria. Ameaçada, a Igreja Católica propõe um movimento que ficou conhecido na história como “A Contra Reforma”, um dos períodos mais mar- cantes e sangrentos da história do catolicismo. Segundo Daniel-Rops (1901-1965), escritor e his- toriador Frances, “já na segunda metade do século XV, tudo o que havia de mais representativo entre “Por mais de dois milênios a reli- gião católica se impôs ao mundo”
  • 2. os católicos, todos os que tinham verdadeiramen- te consciência da situação, reclamavam a refor- ma, por vezes num tom de violência feroz, e mais frequentemente como um ato de fé nos destinos eternos da “Ecclesia Mater”. Em 1545, a Igreja Católica Apostólica Romana con- vocou o Concílio de Trento estabelecendo entre outras medidas, a retomada do Tribunal do San- to Ofício (inquisição), a criação do Index Librorum Prohibitorum, com uma relação de livros proibidos pela Igreja e o incentivo à catequese dos povos do Novo Mundo, com a criação de novas ordens reli- giosas, dentre elas a Companhia de Jesus. Outras medidas incluíram a reafirmação da autoridade papal, a manutenção do celibato eclesiástico, a re- forma das ordens religiosas, a edição do catecismo tridentino, reformas e instituições de seminários e universidades, a supressão de abusos envolvendo indulgências e a adoção da Vulgata como tradução oficial da Bíblia. A partir daí inicia-se um verdadeiro processo de caça as bruxas, combatendo a heresia e colocando definitivamente a fé católica como única e verda- deira. Tal período foi retratado em “Malleus Male- ficarum” (o martelo das feiticeiras), um autêntico manual de “caça as bruxas”, do período renascen- tista. Todavia, com os questionamentos “hereges” do monopólio intelectual da Igreja e a crescente va- lorização das ciências e do homem se colocando como peça central da sua história, o catolicismo, mesmo tentando combater esse processo de de- cadência da sua fé literalmente a “ferro e fogo”, foi perdendo sua força. Entretanto, nunca deixou de Infográfico Com o maior número de seguidores em todo o mundo, intenda quais são as proporções de católicos em todo o mundo Fonte: Enciclopédia Mundial Cristã 2003
  • 3. ser a religião mais seguida do mundo. Com o Concílio de Vaticano II, no século XX, a Igre- ja Católica sofreu uma profunda renovação de suas práticas. Tal acontecido deu-se na década de 1960. Nesse evento – que mobilizou as principais lideran- ças da Igreja – uma nova postura da instituição foi orientada em direção às questões sociais e injusti- ças que afligiam os menos favorecidos. Essa tônica social acabou dando origem à chamada Teologia da Libertação, que aproximou os clérigos das cau- sas populares, principalmente na América Latina. Recentemente com a eleição do Papa Francisco e seu discurso de “não se esquecer dos pobres” esses ideais parecem ter sido retomados. Ao con- trário de Bento VXI, extremamente conservador, o novo Papa veio para dar uma cara nova ao catoli- cismo, tendo sido aprovado pelo mundo e o con- quistado com sua simpatia. Sem dúvida a Igreja Apostólica Romana precisa de uma reforma urgen- te, sobretudo no que se diz respeito à sociedade, que a cada dia que passa, parece se perde mais em seus princípios bíblicos medievais. Oremos. O Malleus Maleficarum foi compilado e escri- to por dois inquisidores dominicanos, Heinrich Kraemer e James Sprenger. Os autores funda- mentavam as premissas do livro com base na bula “Summis desiderantes affectibus”, emiti- da pelo Papa Inocêncio VIII em cinco de de- zembro de 1484, o prin- cipal documento papal sobre a bruxaria. Nela, Sprenger e Kramer são nomeados para comba- ter a bruxaria no norte da Alemanha. Kramer e Sprenger apre- sentaram o Malleus Ma- leficarum à Faculdade de Teologia da Univer- sidade de Colônia, na Alemanha, em nove de maio de 1487, esperan- do que fosse aprovado. Entretanto, o clero da Universidade condenou a obra, declarando-a ile- gal e antiética. Kramer, porém, inseriu uma falsa nota de apoio da Universidade em poste- riores edições impressas do livro. O ano de 1487 é geralmente aceito como a data de publicação, ainda que edições mais antigas da obra tenham sido produzidas em 1485 ou 1486. A Igreja Católica proibiu o livro pouco depois da publicação, colocando-o no Index Librorum Prohibitorum (Índice dos Li- vros Proibidos). Apesar disso, entre os anos de 1487 e 1520, a obra foi publicada 13 vezes. En- tre 1574 e a edição de Lyon de 1669, o Malleus recebeu um total de 16 novas reimpressões. Os efeitos do Malleus Maleficarum se espa- lharam muito além das fronteiras da Alemanha, provocando grande im- pacto na França e Itália, e, em grau menor, na In- glaterra. Embora a crença popu- lar consagrasse o Mal- leus Maleficarum como o clássico texto católico romano no que cabia à bruxaria, a obra nunca foi oficialmente usada pela Igreja Católica. Kramer foi condena- do pela Inquisição em 1490, e sua demonolo- gia considerada não de acordo com a doutrina católica. Porém, seu li- vro continuou sendo publicado e usado tam- bém por protestantes em alguns de seus julga- mentos contra bruxas. No Brasil foi publicado pela editora Três em 1976 com o título “Malleus Maleficarum: Ma- nual de Caça às Bruxas” e, posteriormente, com o título O Martelo das Feiticeiras. Malleus Maleficarum Por João Oliveira Fonte: Google Imagem