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PROTESTANTISMO

Introdução

             A grande crise religiosa do século XVI,
conhecida por protestantismo, foi um dos movimentos
que mais tipicamente definiu a insubordinação dentro de
setores da Igreja. Inegável que existia a ignorância e a
corrupção, incrustada em diversos setores e membros do
clero. Entretanto, na época de São Francisco de Assis não
foi diferente, mas sua atitude de fidelidade ao Papa e à
Igreja, fizeram que seu nome fosse respeitado e
venerado no mundo inteiro. Sua personalidade empolga,
ainda hoje, todas as camadas da sociedade. Ele é o
consolo dos fiéis, a alegria da Itália e o orgulho da Igreja.

           Já a insurreição movida por Martinho Lutero,
deixa clara a sua intenção orgulhosa em afrontar a
hierarquia da Igreja. A propagação de suas idéias
acarretaram      uma     grande    cisão     religiosa    e
conseqüentemente numa verdadeira avalanche política na
Europa. A contestação dos dogmas e o ataque à
organização da Igreja, repousavam no desprestígio do
papado diante da crescente influência dos soberanos
europeus     que, por questões meramente políticas,
influíam nas decisões regionais do clero, tendo a
corrupção moral tomado conta de diversos setores do
clero. Além disto, tornou-se difícil a interferência direta
do Papa em tais questões, principalmente, por causa das
distâncias. Como nos fins da Idade Média o espírito de
independência desenvolveu-se em vários países, onde o
nacionalismo crescente se ressentia de qualquer
influência exterior, notadamente do Papa, os príncipes e
monarcas interessados em aumentar seu poder, tinham a
intenção de colocar a Igreja numa posição dependente.
Vejamos:
HISTÓRIA

        Conhecida com o nome de Reforma Protestante,
teve suas raízes em movimentos religiosos da Idade
Média, dirigidos por John Wyclif e João Huss. Esses
movimentos haviam sido abafados, mas, na Inglaterra e
na Boêmia, persistiam em estado latente as tendências
que, combinadas posteriormente com causas muito
complexas, fizeram eclodir a insurreição luterana na
Alemanha.

         Wyclif (1324-1384) foi professor de teologia da
Universidade de Oxford, que se insurgira contra os
tributos cobrados pela Igreja e declarara ser a Bíblia a
única regra de fé, sendo livre a sua interpretação. Seus
seguidores deram ao movimento um caráter de luta social
contra a nobreza, e chefiados por John Ball, revoltaram-
se em 1383, tendo conseguido entrar em Londres, onde,
enganados      por   Ricardo   II,   foram    eliminados
completamente, sendo seus chefes decapitados.

         João Huss, professor professor da Universidade
de Praga, influenciado pelas idéias de Wyclif, tornou-se o
chefe de um movimento religioso nacionalista de caráter
antigermânico e antipapista. Havendo comparecido ao
Concílio de Constança para justificar-se sob o ponto de
vista doutrinário, foi considerado herético. Além disto,
acabou sendo executado, não obstante possuir um salvo-
conduto dado pelo imperador germânico. A execução de
João Huss, desencadeou sangrenta guerra religiosa na
Boêmia.

           Nos primeiros anos do século X a Igreja
atravessava um período difícil. A venda de cargos
eclesiásticos e de indulgências, a diminuição do prestígio
do papado pela influência dos soberanos               que
efetivamente     influíam   diretamente    em    decisões
regionalizadas da Igreja, criaram um ambiente favorável
para a difusão do movimento separatista protestante.
Paralelamente, o forte espírito de independência já nos
fins da Idade Média, desenvolveu-se em vários países,
cujo nacionalismo crescente punha de lado qualquer
interferência do Papa, considerado como estrangeiro. Os
príncipes e monarcas habilmente exploraram esse
nacionalismo, interessados em aumentar seu poder,
intencionando colocar a Igreja numa situação de
dependência. Deve-se considerar também o patrimônio
da Igreja, que despertou a cobiça de reis e nobres,
desejosos de anexarem às suas terras as propriedades
dos bispados e mosteiros, adquiridos, durante séculos,
pelas doações dos fiéis e que constituíam um terço do
território alemão e um quinto da França. A isenção de
impostos sobre estes domínios por certo aguçava o
interesse das classes dominantes.

           Já os motivos religiosos que completaram o
conjunto de causas da reforma haviam sido provocados,
de uma certa forma, pela influência do espírito crítico do
humanismo. A contestação de dogmas e a crítica radical à
hierarquia e estrutura da Igreja, basearam-se numa
reação contra o pensamento de São Tomás de Aquino,
sobretudo quanto ao livre arbítrio e os Sacramentos. O
pensamento dos reformadores orientava-se, de certa
maneira, de acordo com uma teoria na qual o livre
arbítrio era sensivelmente prejudicado pela concepção do
homem como um ser totalmente depravado, cuja
salvação dependia da vontade divina. Outro fator
importante era o grande número de padres que, sem
nenhuma vocação religiosa, prejudicavam de maneira
contundente o primado espiritual e a organização da
Igreja. Nessas circunstâncias e nessa época, nasceu
Martinho Lutero.



Lutero

         Filho de família humilde, Martinho Lutero nasceu
em Eilesben em 1483. A morte de dois companheiros o
impressionou de tal maneira que, repentinamente,
abandonou o curso de direito e ingressou no Convento
Agostiniano de Erfurt. Logo depois foi nomeado professor
da Universidade de Wittenberg. Uma viagem a Roma
parece ter exercido grande influência em suas idéias já
distanciadas da ortodoxia católica. Seu rompimento com
a Igreja foi provocado diretamente pelo fato de Tetzel,
um monge dominicano haver, em nome do Papa,
percorrido algumas regiões alemãs reunindo fundos para
a reparação da Igreja de São Pedro. A Lutero tal fato
pareceu apenas uma venda de indulgências. A princípio
as discussões entre ambos parecia apenas uma contenda
entre frades, mas o rumo de franca rebelião dado por
Lutero ao pregar suas teses na porta da igreja local, levou
o Papa Leão X a interferir junto à ordem dos agostinianos
para que o frade rebelde se retratasse, o que não se deu.

         Em 1520, as idéias de Lutero foram condenadas
numa bula promulgada por Leão X, e lhe foi dado o prazo
de 60 (sessenta) dias para retratar-se, sob pena de
heresia. Lutero queimou publicamente a bula papal.
Carlos V, soberano do Sacro Império Romano Germânico,
a quem preocupava o movimento iniciado pelo rebelde,
intimou-o a comparecer à Dieta de Worms. Nela, Lutero
reafirmou suas idéias e, garantido por um salvo-conduto,
refugiou-se num castelo de seu amigo Frederico III, da
Saxônia.

            Lutero havia desencadeado uma onda de
descontentamento e de revolta social. Em 1522
rebentava uma tremenda rebelião da pequena nobreza,
abafada pelos exércitos da alta nobreza com o apoio da
Igreja. Logo em seguida, em 1524, um levante de classes
inferiores estourou no sul da Alemanha, com
reivindicações de liberdade e igualdade social, que
acabou dominada pelos nobres, prestigiados pelo
próprio Lutero que os apoiou na repressão da rebelião
campesina, na qual era nítida a influência dos anabistas.
Estes constituíam o grupo protestante mais radical de seu
tempo. Recomendavam aos cristãos a divisão dos bens e
recusavam a prestação de serviço militar. Nessa altura
dos acontecimentos, os protestantes já constituíam uma
força político-religiosa na Alemanha e, parte da nobreza,
se havia apoderado dos bens do clero católico.
Reuniu-se a Dieta de Spira (1526-1529), para
resolver as grandes divergências existentes entre
católicos e reformistas. Pediram os católicos que não
fosse abolida a missa nos lugares onde ainda era
celebrada e que fosse proibida a pregação doutrinária dos
reformistas, nos lugares onde ainda não haviam
dominado. Os luteranos protestaram contra estes
pedidos, donde lhes veio o nome de "protestantes", pelo
qual ainda hoje são conhecidos.



Consequências

            Tal movimento expandiu-se pela Europa. Na
Suécia e Dinamarca o protestantismo tornou-se religião
oficial. Na Suécia, sua implantação foi política, pois o rei
Gustavo Wasa, desejando anular a autoridade dos bispos,
recuperou os domínios que haviam sido legados à Igreja
Católica, fazendo profissão de fé luterana e procurando-a
introduzir em todo o reino. Na Dinamarca, Frederido I
declarou-se abertamente protestante e, mais tarde, seu
filho Cristiano III aboliu a hierarquia católica e confiscou-
lhe os bens. Na Suíça a reforma foi introduzida por Ulrich
Zwinglio que, persuasivo, atraiu tão grande número de
adeptos a ponto de, em 1529, provocar uma guerra civil-
religiosa, na qual morreu. Enquanto a Suíça se debatia
entre os dois grandes partidos políticos, chega a Genebra
João Calvino, que sofrera profunda influência dos
discípulos de Lutero. Definiu elementos básicos de sua
teologia em sua Instituições da Religião Cristã. Alastrou-
se o calvinismo pela Holanda e França, tendo também se
infiltrado nos reformistas da Inglaterra (puritanos) e da
Irlanda (presbiterianos).

          Na Inglaterra, a revolução protestante teve
como causa, entre outras, o casamento de Henrique VIII
com Ana Bolena. O Soberano inglês era casado com
Catarina de Aragão, mas apaixonara-se por Ana Bolena e
pedira ao Papa Clemente VII a anulação de seu
casamento, usando como pretexto a suposta existência
de parentesco com a própria esposa. Não tendo
conseguido o intento, Henrique VIII convocou uma
assembléia do clero que o reconheceu como chefe da
igreja anglicana, conseguindo, junto ao Parlamento
abolição dos pagamentos de rendas ao Papa e
proclamaram a igreja anglicana como órgão oficial sob
autoridade exclusiva do rei.



Reação Católica

           Antes mesmo do movimento reformista, já
havia conhecido a Igreja um movimento de revivescência
religiosa, iniciado pelo Cardeal Ximenes, na Espanha,
onde se fundaram escolas, coibiram-se os abusos nos
mosteiros e foram os padres obrigados a aceitar sua
responsabilidade de dirigentes espirituais. Na Itália, já
um grupo de padres fervorosos vinha trabalhando por
uma recuperação do antigo espírito cristão, através de
obras de caridade e serviço social. Destacaram-se os
teatinos, com votos de pobreza, castidade e obediência, e
os capuchinhos, que pretendiam seguir a mesma trilha de
são Francisco. Além disso, comunidades religiosas
organizaram-se, novas ordens foram fundadas, dentre as
quais a Companhia de Jesus, ou Ordem dos Jesuítas, que
é a que melhor caracteriza o espírito de reação católica.
Seu fundador foi Santo Inácio de Loyola. Como antigo
oficial espanhol, ficou gravemente ferido no cerco de
Pamplona. Durante sua prolongada convalescência,
converteu-se e transformou-se num batalhador da causa
católica, num dos momentos mais críticos da Igreja, ou
seja, durante a expansão luterana. Deu à sua companhia
uma organização pautada em moldes militares. Com as
armas do ensino, da prédica e da catequese, os jesuítas
infiltraram-se nas hostes luteranas, cristianizaram a
américa espanhola, penetraram na China, no Japão, na
Índia e evangelizaram o Brasil, onde destaca-se o nosso
grande Padre José de Anchieta.
A reação católica, comumente denominada
"contra-reforma", foi orientada por seis grandes Papas:
Paulo III, Júlio III, Paulo IV, Pio V, Gregório XIII e Sisto
V.

Principais   decisões    tomadas      durante    a   Contra-
Reforma:

· Retorno da Inquisição: tinha como objetivo vigiar,
perseguir, prender e punir aqueles que não estavam
seguindo a doutrina católica. Milhares de protestantes,
judeus e integrantes de outras religiões foram perseguidos
e punidos pelo Tribunal do Santo Ofício.

O termo Inquisição refere-se a várias instituições
dedicadas à supressão da heresia no seio da Igreja
Católica. A Inquisição foi criada inicialmente para combater
o sincretismo entre alguns grupos religiosos, que
praticavam a adoração de plantas e animais e utilizavam
mancias.[1] A Inquisição medieval, da qual derivam todas as
demais, foi fundada em 1184 no Languedoc (sul da França)
para combater a heresia dos cátaros ou albigenses.

· Criação do Índice de Livros Proibidos (Index
Librorium Proibitorium): relação de livros contrários aos
dogmas e idéias defendidas pela Igreja Católica. Os livros
apreendidos eram queimados. Quem fosse pego com
materiais deste tipo receberia punições severas. Vários
escritores, muitos deles cientistas, foram presos e
condenados por escreverem livros com idéias não aceitas
pelos católicos. Era uma forma de barrar o avanço de
outras doutrinas e manter o controle cultural nas mãos da
Igreja_Católica.

· Criação da Companhia de Jesus: os integrantes desta
companhia eram os jesuítas. Estes foram encaminhados
aos continentes africano, americano e asiático. Tinham
como objetivo principal transformar os nativos em novos
católicos, através da catequização (ensino da língua
portuguesa, doutrina católica e hábitos europeus). Os
índios brasileiros foram catequizados por jesuítas como, por
exemplo, Padre Manoel da Nobre e José de Anchieta.



Lutero - Idéias e doutrina

Sua doutrina, salvação pela fé, foi considerada
desafiadora pelo clero católico, pois abordava
assuntos considerados até então pertencentes
somente ao papado. Contudo, esta foi plenamente
espalhada, e suas inúmeras formas de divulgação
não caíram no esquecimento, ao contrário, suas
idéias foram levadas adiante e a partir do século XVI,
foram criadas as primeiras igrejas luteranas.

Apesar do resultado, inicialmente o reformador não
teve a pretensão de dividir o povo cristão, mas
devido à proporção que suas 95 teses adquiriram,
este fato foi inevitável. Para que todos tivessem
acesso as escrituras que, até então, encontravam-se
somente em latim, ele traduziu a Bíblia para o idioma
alemão, permitindo a todos um conhecimento que
durante muito tempo foi guardado somente pela
igreja.

Com um número maior de leitores do livro sagrado, a
quantidade       de      protestantes     aumentou
consideravelmente e entre eles, encontravam-se
muitos radicais. Precisou ser protegido durante 25
anos. Para sua proteção, ele contava com o apoio do
Sábio Frederico, da Saxônia.

Foi responsável pela organização de muitas
comunidades evangélicas e, durante este período,
percebeu que seus ensinamentos conduziam a
divisão. Casou-se com a monja Katharina Von Bora,
no ano de 1525, e teve seis filhos.
Matrimônio e família

Em abril de 1523, Lutero ajudou 12 freiras a escaparem do
cativeiro no Convento de Nimbschen. Entre essas freiras
encontrava-se Catarina von Bora, filha de nobre família,
com quem veio a se casar, em 13 de junho de 1525. Desta
união    nasceram    seis  filhos:  Johannes,    Elisabeth,
Magdalena, Martin, Paul e Margaretha. Dos seis filhos,
Margaretha foi a única que manteve a linhagem até os dias
de hoje. Um descendente ilustre da família Lutero é o ex-
presidente alemão Paul von Hindenburg.

O casamento de Lutero com a ex-freira cisterciense
incentivou o casamento de outros padres e freiras que
haviam adotado a Reforma. Foi um rompimento definitivo
com a Igreja Romana.



Anti-semitismo

Martinho Lutero foi anti-semita:

"A Alemanha deve ficar livre de judeus, aos quais após
serem expulsos, devem ser despojados de todo dinheiro e
jóias, prata e ouro, e que fossem incendiadas suas
sinagogas e escolas, suas casas derrubadas e destruídas
(…), postos sob um telheiro ou estábulo como os ciganos
(…), na miséria e no cativeiro assim que estes vermes
venenosos se lamentassem de nós e se queixassem
incessantemente a Deus". – "Sobre os judeus e suas
mentiras" de Martinho Lutero.



Algumas das principais teses (95 teses).

21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que
afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva
pelas indulgências do papa.
27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo
tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do
purgatório para o céu].

45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente
e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si
não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório
por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade
das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –,
se redime um número infinito de almas por causa do
funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é
uma causa tão insignificante?




Reforma Protestante



Os inimigos dos reformistas passaram a se referir a seus
seguidores como "luteranos". Estes, por sua vez, preferiam
ser chamados de "evangélicos", termo hoje muito usado
para se referir aos fiéis das igrejas protestantes. A
liberdade pregada por Lutero acabaria abrindo espaço para
o surgimento de várias correntes religiosas. "O
protestantismo tem uma pedra fundamental: a autonomia.
A idéia de que só Deus salva, a subjetividade do indivíduo e
a possibilidade de assumir e viver as diferenças vai gerar
uma variedade enorme de igrejas", diz o cientista da
religião João Décio Passos, da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP). Isso ajuda a entender por
que hoje existem tantas ramificações entre os protestantes.

Crença na autonomia Liberdade pregada por Lutero deu
origem a várias correntes religiosas
Luteranos

A ruptura de Luterano com os católicos, em 1517, lançou
as bases para a expansão do protestantismo. Os luteranos
condenavam o comportamento moral dos padres católicos e
acreditavam que a salvação estava nas escrituras sagradas.

Presbiterianos

Inspirados no teólogo fracês João Calvino (1509-1564),
pregavam a predestinação divina: ou seja, só os eleitos por
Deus se salvariam. O teólogo holandês James Arminius
(1560-1609)     criaria   depois  outra     vertente     do
presbiterianismo: o Arminianismo

Anglicanos

O rei inglês Henrique VIII (1491-1547) queria anular seu
primeiro casamento para se unir a outra mulher. Após a
recusa do papa Clemente VII, ele rompeu com a Igreja
Católica e criou a anglicana em 1534, ficando livre da
interferência papal

Batistas

O movimento anabatista já existia quando Lutero começou
a questionar a Igreja Católica. Mas, como outras correntes
protestantes, o movimento só ganhou expressão após a
Reforma. Acabou dando origem à Igreja Batista

Metodistas

Surgiram na Inglaterra no século 18, propondo reformar a
Igreja Anglicana. Baseadas na crença da salvação pela fé
em Cristo, as idéias metodistas não conseguiram mudar os
anglicanos, mas deram origem a uma nova corrente
protestante, Tendo como um dos seus precursores, John
Wesley, que foi um clérigo anglicano e teólogo cristão
britânico, líder precursor do movimento metodista e, ao
lado de William Booth, um dos dois maiores avivacionistas
da Grã-Bretanha.
Pentecostais

Começaram a aparecer no início do século 20 como uma
dissidência dos metodistas. Em 1910, foi fundada a
Congregação Cristã do Brasil; no ano seguinte, a Assebléia
de Deus, e em 1962, Deus é Amor. Os pentecostais crêem
na cura pela fé

Neopentecostais

Fazendo parte do grupo      a Igreja Universal do Reino de
Deus, de 1977, e a Igreja   Renascer em Cristo, de 1986. Os
neopentecostais têm em      comum a adoçãoda mídia para
pregar aos fiéis, além      dos cultos espetaculares e a
realização de exorcismos

O Protestantismo no Brasil

Período Colonial

Os primeiros protestantes chegaram ao Brasil ainda no
período colonial. Dois grupos são particularmente
relevantes:

Os franceses na Guanabara (1555-1567): no final de
1555, chegou à Baía da Guanabara uma expedição francesa
comandada pelo vice-almirante Nicolas Durand de
Villegaignon, para fundar a "França Antártica." Esse
empreendimento teve o apoio do almirante huguenote
Gaspard de Coligny, que seria morto no massacre do dia de
São Bartolomeu (24-08-1572).

A França Antártica é considerada como a primeira tentativa
de estabelecer tanto uma igreja quanto um trabalho
missionário protestante na América Latina.
Os holandeses no Nordeste (1630-54): depois de uma
árdua guerra contra a Espanha, a Holanda calvinista
conquistou a sua independência em 1568 e começou a
tornar-se uma das nações mais prósperas da Europa. Pouco
tempo depois, Portugal caiu sob o controle da Espanha por
sessenta anos – a chamada "União Ibérica" (1580-1640).

Primeiras manifestações no Brasil Império

O século XIX testemunhou a implantação definitiva do
protestantismo no Brasil.

Após a expulsão dos holandeses, o Brasil fechou as suas
portas aos protestantes por mais de 150 anos. Foi só no
início dos século XIX, com a vinda da família real
portuguesa, que essa situação começou a se alterar. Em
1810, Portugal e Inglaterra firmaram um Tratado de
Comércio e Navegação, cujo artigo XII concedeu tolerância
religiosa aos imigrantes protestantes. Logo, muitos
começaram a chegar, entre eles um bom número de
reformados.

    Depois da independência, a Constituição Imperial
    (1824) reafirmou esses direitos, com algumas
    restrições. Em 1827 foi fundada no Rio de Janeiro a
    Comunidade Protestante Alemã-Francesa, que veio a
    congregar, ao lado de luteranos, reformados alemães,
    franceses e suíços.
    Um dos primeiros pastores presbiterianos a visitar o
    Brasil foi o Rev. James Cooley Fletcher (1823-1901),
    que aqui chegou em 1851. Fletcher foi capelão dos
    marinheiros que aportavam no Rio de Janeiro e deu
    assistência religiosa a imigrantes europeus. Ele
    manteve contatos com D. Pedro II e outros membros
    destacados da sociedade; lutou em favor da liberdade
    religiosa, da emancipação dos escravos e da imigração
    protestante. Ele escreveu o livro O Brasil e os
    Brasileiros (1857), que foi muito apreciado nos
    Estados Unidos.
    Fletcher não fez nenhum trabalho missionário junto
    aos brasileiros, mas contribuiu para que isso
acontecesse. Foi ele quem influenciou o Rev. Robert
    Reid Kalley e sua esposa Sarah P. Kalley a virem para
    o Brasil, o que ocorreu em 1855. Kalley fundou a
    Igreja Evangélica Fluminense em 1858. No ano
    seguinte, chegou ao Rio de Janeiro o fundador da
    Igreja Presbiteriana do Brasil, o Rev. Ashbel G.
    Simonton.

Igrejas Pentecostais e Neo-Pentecostais:

As três ondas do pentecostalismo brasileiro: (a) Décadas
1910-1940: chegada simultânea da Congregação Cristã no
Brasil e da Assembléia de Deus, que dominam o campo por
40 anos; (b) Décadas 1950-1960: campo pentecostal se
fragmenta,     surgem    novos   grupos    –   Evangelho
Quadrangular, Brasil Para Cristo, Deus é Amor e muitos
outros (contexto paulista); (c) Anos 70 e 80:
neopentecostalismo – Igreja Universal do Reino de Deus,
Igreja Internacional da Graça de Deus e outras (contexto
carioca).

Congregação Cristã no Brasil: fundada pelo italiano Luigi
Francescon (1866-1964). Radicado em Chicago, foi
membro da Igreja Presbiteriana Italiana e aderiu ao
pentecostalismo em 1907. Em 1910 (março-setembro)
visitou o Brasil e iniciou as primeiras igrejas em Santo
Antonio da Platina (PR) e São Paulo, entre imigrantes
italianos. Veio 11 vezes ao Brasil até 1948. Em 1940, o
movimento tinha 305 "casas de oração" e dez anos mais
tarde 815.



Assembléia de Deus: fundadores: suecos Daniel Berg
(1885-1963) e Gunnar Vingren (1879-1933). Batistas de
origem,    abraçaram    o   pentecostalismo   em   1909.
Conheceram-se numa conferência pentecostal em Chicago.
Assim como Luigi Francescon, Berg foi influenciado pelo
pastor batista W.H. Durham, que participou do avivamento
de Los Angeles (1906). Sentindo-se chamados para
trabalhar no Brasil, chegaram a Belém em novembro de
1910. Seus primeiros adeptos foram membros de uma
igreja batista com a qual colaboraram.



Igreja do Evangelho Quadrangular: fundada nos
Estados Unidos pela evangelista Aimee Semple McPherson
(1890-1944). O missionário Harold Williams fundou a
primeira IEQ do Brasil em novembro de 1951 (São João da
Boa Vista). Em 1953 teve início a Cruzada Nacional de
Evangelização, sendo Raymond Boatright o principal
evangelista. A igreja enfatiza quatro aspectos do ministério
de Cristo: aquele que salva, batiza com o Espírito Santo,
cura e virá outra vez. As mulheres podem exercer o
ministério pastoral.



Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil Para Cristo:
fundada por Manoel de Mello, um evangelista da
Assembléia de Deus que depois tornou-se pastor da IEQ.
Separou-se da Cruzada Nacional de Evangelização em
1956, organizando a campanha "O Brasil para Cristo," da
qual surgiu a igreja. Filiou-se ao CMI em 1969 (desligou-se
em 1986). Em 1979 inaugurou seu grande templo em São
Paulo, sendo orador oficial Philip Potter, secretário-geral do
CMI. Esteve presente o cardeal arcebispo de São Paulo,
Paulo Evaristo Arns. Manoel de Mello morreu em 1990.



Igreja Deus é Amor: fundada por David Miranda (nascido
em 1936), filho de um agricultor do Paraná. Vindo para São
Paulo, converteu-se numa pequena igreja pentecostal e em
1962 fundou sua igreja em Vila Maria. Logo transferiu-se
para o centro da cidade (Praça João Mendes). Em 1979, foi
adquirida a "sede mundial" na Baixada do Glicério, o maior
templo evangélico do Brasil (dez mil pessoas). Em 1991 a
igreja afirmava ter 5.458 templos, 15.755 obreiros e 581
horas diárias em rádios, bem como estar presente em 17
países (principalmente Paraguai, Uruguai e Argentina).
Igreja Universal do Reino de Deus: fundada por Edir
Macedo (nascido em 1944), filho de um comerciante
fluminense. Trabalhou por 16 anos na Loteria do Estado
(subiu de contínuo para um posto administrativo). De
origem católica, ingressou na Igreja de Nova Vida na
adolescência. Deixou essa igreja para fundar a sua própria,
inicialmente denominada Igreja da Bênção. Em 1977
deixou o emprego público para dedicar-se ao trabalho
religioso. Nesse mesmo ano surgiu o nome IURD e o
primeiro programa de rádio. Macedo viveu nos EUA de
1986 a 1989, quando voltou ao Brasil, transferiu a sede da
igreja para São Paulo e adquiriu a Rede Record. Em 1990 a
IURD elegeu três deputados federais. Macedo esteve preso
por doze dias em 1992, sob a acusação de estelionato,
charlatanismo e curandeirismo.



Lista das teses de LUTERO

Abaixo sucedem as 95 teses de autoria de Martinho Lutero:

1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso
Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis
fosse penitência.

2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência
sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada
pelo ministério dos sacerdotes).

3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência
interior; sim, a penitência interior seria nula se,
externamente, não produzisse toda sorte de mortificação
da carne.

4. Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o
ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior),
ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer
penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou
dos cânones.

6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser
declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus;
ou, certamente, perdoados os casos que lhe são
reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a
culpa permaneceria.

7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao
mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao
sacerdote, seu vigário.

8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos;
segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos
moribundos.

9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa
quando este, em seus decretos, sempre exclui a
circunstância da morte e da necessidade.

10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles
sacerdotes que reservam aos moribundos penitências
canônicas para o purgatório.

11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena
do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos
certamente dormiam.

12. Antigamente se impunham as penas canônicas não
depois, mas antes da absolvição, como verificação da
verdadeira contrição.

13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já
estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito,
isenção das mesmas.

14.   Saúde    ou   amor    imperfeito no    moribundo
necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais
quanto menor for o amor.
15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar
de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma
vez que estão próximos do horror do desespero.

16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma
forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.

17. Parece necessário, para as almas no purgatório, que o
horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse.

18. Parece não ter sido provado, nem por meio de
argumentos racionais nem da Escritura, que elas se
encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no
amor.

19. Também parece não ter sido provado que as almas no
purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao
menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte,
tenhamos plena certeza disso.

20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa
não entende simplesmente todas, mas somente aquelas
que ele mesmo impôs.

21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências
que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e
salva pelas indulgências do papa.

22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de
uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam
ter pago nesta vida.

23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas
a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos,
isto é, pouquíssimos.

24. Por isso, a maior parte do povo está sendo
necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta
promessa de absolvição da pena.
25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de
modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e
paróquia em particular.

26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não
pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de
intercessão.

27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão
logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá
voando [do purgatório para o céu].

28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa[1], pode
aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja,
porém, depende apenas da vontade de Deus.

29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório
querem ser resgatadas, como na história contada a respeito
de São Severino e São Pascoal?

30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição,
muito menos de haver conseguido plena remissão.

31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem
adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é
raríssimo.

32. Serão condenados em eternidade, juntamente com
seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua
salvação através de carta de indulgência.

33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem
serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva
de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.

34. Pois aquelas graças das indulgências se referem
somente às penas de satisfação sacramental, determinadas
por seres humanos.

35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para
obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas
incompatíveis com o cristão.
36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem
remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas
dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.

37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de
todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de
Deus, mesmo sem carta de indulgência.

38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser
desprezado, pois – como disse – é uma declaração da
remissão divina[2].

39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo
exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de
indulgências e a verdadeira contrição.[3]

40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao
passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz
odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.[4]

41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as
indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue
erroneamente como preferíveis às demais boas obras do
amor.

42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do
papa que a compra de indulgências possa, de alguma
forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou
emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se
comprassem indulgências.[6]

44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a
pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências
ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um
carente e o negligencia para gastar com indulgências
obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira
de Deus.
46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens
em abundância, devem conservar o que é necessário para
sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com
indulgência.

47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de
indulgências é livre e não constitui obrigação.

48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões,
o papa tem mais desejo (assim como tem mais
necessidade) de oração devota em seu favor do que do
dinheiro que se está pronto a pagar.

49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do
papa são úteis se não depositam sua confiança nelas,
porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de
Deus por causa delas.

50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse
das exações dos pregadores de indulgências, preferiria
reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a
pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria
disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro
àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências
extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto
fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de
indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o
próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.

53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por
causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro
a palavra de Deus nas demais igrejas.

54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo
sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do
que a ela.
55. A atitude do Papa necessariamente é: se as
indulgências (que são o menos importante) são celebradas
com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o
Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado
com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.

56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa
concede as indulgências, não são suficientemente
mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza
temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem
tão facilmente, mas apenas os ajuntam.

58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos,
pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser
humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser
humano exterior.

59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os
tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra
como era usada em sua época.

60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da
Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo,
constituem estes tesouros.

61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos
casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.[7]

62. O verdadeiro tesouro da Igreja é         o santíssimo
Evangelho da glória e da graça de Deus.

63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz
com que os primeiros sejam os últimos.

64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é
certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os
primeiros.

65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com
que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes
com que hoje se pesca a riqueza dos homens.

67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores
como as maiores graças realmente podem ser entendidas
como tais, na medida em que dão boa renda.

68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas
em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.

69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda
a reverência os comissários de indulgências apostólicas.

70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com
os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que
esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em
lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.

71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a
verdade das indulgências apostólicas.

72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a
devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador
de indulgências.

73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que,
de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de
indulgências,

74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das
indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade.

75. A opinião de que as indulgências papais são tão
eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo
que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse
possível, é loucura.

76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais
não podem anular sequer o menor dos pecados venais no
que se refere à sua culpa.
77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse
o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é
blasfêmia contra São Pedro e o Papa.

78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São
Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o
Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da
cura), etc., como está escrito em I.Coríntios XII.

79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa,
insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo.

80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos
que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos
entre o povo.

81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que
não seja fácil nem para os homens doutos defender a
dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida
argutas, dos leigos.

82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o
purgatório por causa do santíssimo amor e da
extrema necessidade das almas – o que seria a mais
justa de todas as causas –, se redime um número
infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro
para a construção da basílica – que é uma causa tão
insignificante?

83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os
aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou
permite que se recebam de volta as doações efetuadas em
favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?

84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa
é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e
inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas
não a redime por causa da necessidade da mesma alma
piedosa e dileta por amor gratuito?

85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de
fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda
assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de
indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?

86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é
maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com
seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São
Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?

87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e
concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à
plena remissão e participação?

88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia
proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora
o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas
remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos
fiéis?

89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a
salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as
cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são
igualmente eficazes?

90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos
leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando
razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos
inimigos e fazer os cristãos infelizes.

91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em
conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas
essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem
mesmo teriam surgido.

92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao
povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz!

93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de
Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz![8]

94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por
seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e
do inferno.
95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas
tribulações do que por meio da confiança da paz.

[1517 D.C.]

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Protestantismo

  • 1. PROTESTANTISMO Introdução A grande crise religiosa do século XVI, conhecida por protestantismo, foi um dos movimentos que mais tipicamente definiu a insubordinação dentro de setores da Igreja. Inegável que existia a ignorância e a corrupção, incrustada em diversos setores e membros do clero. Entretanto, na época de São Francisco de Assis não foi diferente, mas sua atitude de fidelidade ao Papa e à Igreja, fizeram que seu nome fosse respeitado e venerado no mundo inteiro. Sua personalidade empolga, ainda hoje, todas as camadas da sociedade. Ele é o consolo dos fiéis, a alegria da Itália e o orgulho da Igreja. Já a insurreição movida por Martinho Lutero, deixa clara a sua intenção orgulhosa em afrontar a hierarquia da Igreja. A propagação de suas idéias acarretaram uma grande cisão religiosa e conseqüentemente numa verdadeira avalanche política na Europa. A contestação dos dogmas e o ataque à organização da Igreja, repousavam no desprestígio do papado diante da crescente influência dos soberanos europeus que, por questões meramente políticas, influíam nas decisões regionais do clero, tendo a corrupção moral tomado conta de diversos setores do clero. Além disto, tornou-se difícil a interferência direta do Papa em tais questões, principalmente, por causa das distâncias. Como nos fins da Idade Média o espírito de independência desenvolveu-se em vários países, onde o nacionalismo crescente se ressentia de qualquer influência exterior, notadamente do Papa, os príncipes e monarcas interessados em aumentar seu poder, tinham a intenção de colocar a Igreja numa posição dependente. Vejamos:
  • 2. HISTÓRIA Conhecida com o nome de Reforma Protestante, teve suas raízes em movimentos religiosos da Idade Média, dirigidos por John Wyclif e João Huss. Esses movimentos haviam sido abafados, mas, na Inglaterra e na Boêmia, persistiam em estado latente as tendências que, combinadas posteriormente com causas muito complexas, fizeram eclodir a insurreição luterana na Alemanha. Wyclif (1324-1384) foi professor de teologia da Universidade de Oxford, que se insurgira contra os tributos cobrados pela Igreja e declarara ser a Bíblia a única regra de fé, sendo livre a sua interpretação. Seus seguidores deram ao movimento um caráter de luta social contra a nobreza, e chefiados por John Ball, revoltaram- se em 1383, tendo conseguido entrar em Londres, onde, enganados por Ricardo II, foram eliminados completamente, sendo seus chefes decapitados. João Huss, professor professor da Universidade de Praga, influenciado pelas idéias de Wyclif, tornou-se o chefe de um movimento religioso nacionalista de caráter antigermânico e antipapista. Havendo comparecido ao Concílio de Constança para justificar-se sob o ponto de vista doutrinário, foi considerado herético. Além disto, acabou sendo executado, não obstante possuir um salvo- conduto dado pelo imperador germânico. A execução de João Huss, desencadeou sangrenta guerra religiosa na Boêmia. Nos primeiros anos do século X a Igreja atravessava um período difícil. A venda de cargos eclesiásticos e de indulgências, a diminuição do prestígio do papado pela influência dos soberanos que efetivamente influíam diretamente em decisões regionalizadas da Igreja, criaram um ambiente favorável para a difusão do movimento separatista protestante. Paralelamente, o forte espírito de independência já nos fins da Idade Média, desenvolveu-se em vários países,
  • 3. cujo nacionalismo crescente punha de lado qualquer interferência do Papa, considerado como estrangeiro. Os príncipes e monarcas habilmente exploraram esse nacionalismo, interessados em aumentar seu poder, intencionando colocar a Igreja numa situação de dependência. Deve-se considerar também o patrimônio da Igreja, que despertou a cobiça de reis e nobres, desejosos de anexarem às suas terras as propriedades dos bispados e mosteiros, adquiridos, durante séculos, pelas doações dos fiéis e que constituíam um terço do território alemão e um quinto da França. A isenção de impostos sobre estes domínios por certo aguçava o interesse das classes dominantes. Já os motivos religiosos que completaram o conjunto de causas da reforma haviam sido provocados, de uma certa forma, pela influência do espírito crítico do humanismo. A contestação de dogmas e a crítica radical à hierarquia e estrutura da Igreja, basearam-se numa reação contra o pensamento de São Tomás de Aquino, sobretudo quanto ao livre arbítrio e os Sacramentos. O pensamento dos reformadores orientava-se, de certa maneira, de acordo com uma teoria na qual o livre arbítrio era sensivelmente prejudicado pela concepção do homem como um ser totalmente depravado, cuja salvação dependia da vontade divina. Outro fator importante era o grande número de padres que, sem nenhuma vocação religiosa, prejudicavam de maneira contundente o primado espiritual e a organização da Igreja. Nessas circunstâncias e nessa época, nasceu Martinho Lutero. Lutero Filho de família humilde, Martinho Lutero nasceu em Eilesben em 1483. A morte de dois companheiros o impressionou de tal maneira que, repentinamente, abandonou o curso de direito e ingressou no Convento Agostiniano de Erfurt. Logo depois foi nomeado professor
  • 4. da Universidade de Wittenberg. Uma viagem a Roma parece ter exercido grande influência em suas idéias já distanciadas da ortodoxia católica. Seu rompimento com a Igreja foi provocado diretamente pelo fato de Tetzel, um monge dominicano haver, em nome do Papa, percorrido algumas regiões alemãs reunindo fundos para a reparação da Igreja de São Pedro. A Lutero tal fato pareceu apenas uma venda de indulgências. A princípio as discussões entre ambos parecia apenas uma contenda entre frades, mas o rumo de franca rebelião dado por Lutero ao pregar suas teses na porta da igreja local, levou o Papa Leão X a interferir junto à ordem dos agostinianos para que o frade rebelde se retratasse, o que não se deu. Em 1520, as idéias de Lutero foram condenadas numa bula promulgada por Leão X, e lhe foi dado o prazo de 60 (sessenta) dias para retratar-se, sob pena de heresia. Lutero queimou publicamente a bula papal. Carlos V, soberano do Sacro Império Romano Germânico, a quem preocupava o movimento iniciado pelo rebelde, intimou-o a comparecer à Dieta de Worms. Nela, Lutero reafirmou suas idéias e, garantido por um salvo-conduto, refugiou-se num castelo de seu amigo Frederico III, da Saxônia. Lutero havia desencadeado uma onda de descontentamento e de revolta social. Em 1522 rebentava uma tremenda rebelião da pequena nobreza, abafada pelos exércitos da alta nobreza com o apoio da Igreja. Logo em seguida, em 1524, um levante de classes inferiores estourou no sul da Alemanha, com reivindicações de liberdade e igualdade social, que acabou dominada pelos nobres, prestigiados pelo próprio Lutero que os apoiou na repressão da rebelião campesina, na qual era nítida a influência dos anabistas. Estes constituíam o grupo protestante mais radical de seu tempo. Recomendavam aos cristãos a divisão dos bens e recusavam a prestação de serviço militar. Nessa altura dos acontecimentos, os protestantes já constituíam uma força político-religiosa na Alemanha e, parte da nobreza, se havia apoderado dos bens do clero católico.
  • 5. Reuniu-se a Dieta de Spira (1526-1529), para resolver as grandes divergências existentes entre católicos e reformistas. Pediram os católicos que não fosse abolida a missa nos lugares onde ainda era celebrada e que fosse proibida a pregação doutrinária dos reformistas, nos lugares onde ainda não haviam dominado. Os luteranos protestaram contra estes pedidos, donde lhes veio o nome de "protestantes", pelo qual ainda hoje são conhecidos. Consequências Tal movimento expandiu-se pela Europa. Na Suécia e Dinamarca o protestantismo tornou-se religião oficial. Na Suécia, sua implantação foi política, pois o rei Gustavo Wasa, desejando anular a autoridade dos bispos, recuperou os domínios que haviam sido legados à Igreja Católica, fazendo profissão de fé luterana e procurando-a introduzir em todo o reino. Na Dinamarca, Frederido I declarou-se abertamente protestante e, mais tarde, seu filho Cristiano III aboliu a hierarquia católica e confiscou- lhe os bens. Na Suíça a reforma foi introduzida por Ulrich Zwinglio que, persuasivo, atraiu tão grande número de adeptos a ponto de, em 1529, provocar uma guerra civil- religiosa, na qual morreu. Enquanto a Suíça se debatia entre os dois grandes partidos políticos, chega a Genebra João Calvino, que sofrera profunda influência dos discípulos de Lutero. Definiu elementos básicos de sua teologia em sua Instituições da Religião Cristã. Alastrou- se o calvinismo pela Holanda e França, tendo também se infiltrado nos reformistas da Inglaterra (puritanos) e da Irlanda (presbiterianos). Na Inglaterra, a revolução protestante teve como causa, entre outras, o casamento de Henrique VIII com Ana Bolena. O Soberano inglês era casado com Catarina de Aragão, mas apaixonara-se por Ana Bolena e pedira ao Papa Clemente VII a anulação de seu casamento, usando como pretexto a suposta existência
  • 6. de parentesco com a própria esposa. Não tendo conseguido o intento, Henrique VIII convocou uma assembléia do clero que o reconheceu como chefe da igreja anglicana, conseguindo, junto ao Parlamento abolição dos pagamentos de rendas ao Papa e proclamaram a igreja anglicana como órgão oficial sob autoridade exclusiva do rei. Reação Católica Antes mesmo do movimento reformista, já havia conhecido a Igreja um movimento de revivescência religiosa, iniciado pelo Cardeal Ximenes, na Espanha, onde se fundaram escolas, coibiram-se os abusos nos mosteiros e foram os padres obrigados a aceitar sua responsabilidade de dirigentes espirituais. Na Itália, já um grupo de padres fervorosos vinha trabalhando por uma recuperação do antigo espírito cristão, através de obras de caridade e serviço social. Destacaram-se os teatinos, com votos de pobreza, castidade e obediência, e os capuchinhos, que pretendiam seguir a mesma trilha de são Francisco. Além disso, comunidades religiosas organizaram-se, novas ordens foram fundadas, dentre as quais a Companhia de Jesus, ou Ordem dos Jesuítas, que é a que melhor caracteriza o espírito de reação católica. Seu fundador foi Santo Inácio de Loyola. Como antigo oficial espanhol, ficou gravemente ferido no cerco de Pamplona. Durante sua prolongada convalescência, converteu-se e transformou-se num batalhador da causa católica, num dos momentos mais críticos da Igreja, ou seja, durante a expansão luterana. Deu à sua companhia uma organização pautada em moldes militares. Com as armas do ensino, da prédica e da catequese, os jesuítas infiltraram-se nas hostes luteranas, cristianizaram a américa espanhola, penetraram na China, no Japão, na Índia e evangelizaram o Brasil, onde destaca-se o nosso grande Padre José de Anchieta.
  • 7. A reação católica, comumente denominada "contra-reforma", foi orientada por seis grandes Papas: Paulo III, Júlio III, Paulo IV, Pio V, Gregório XIII e Sisto V. Principais decisões tomadas durante a Contra- Reforma: · Retorno da Inquisição: tinha como objetivo vigiar, perseguir, prender e punir aqueles que não estavam seguindo a doutrina católica. Milhares de protestantes, judeus e integrantes de outras religiões foram perseguidos e punidos pelo Tribunal do Santo Ofício. O termo Inquisição refere-se a várias instituições dedicadas à supressão da heresia no seio da Igreja Católica. A Inquisição foi criada inicialmente para combater o sincretismo entre alguns grupos religiosos, que praticavam a adoração de plantas e animais e utilizavam mancias.[1] A Inquisição medieval, da qual derivam todas as demais, foi fundada em 1184 no Languedoc (sul da França) para combater a heresia dos cátaros ou albigenses. · Criação do Índice de Livros Proibidos (Index Librorium Proibitorium): relação de livros contrários aos dogmas e idéias defendidas pela Igreja Católica. Os livros apreendidos eram queimados. Quem fosse pego com materiais deste tipo receberia punições severas. Vários escritores, muitos deles cientistas, foram presos e condenados por escreverem livros com idéias não aceitas pelos católicos. Era uma forma de barrar o avanço de outras doutrinas e manter o controle cultural nas mãos da Igreja_Católica. · Criação da Companhia de Jesus: os integrantes desta companhia eram os jesuítas. Estes foram encaminhados aos continentes africano, americano e asiático. Tinham como objetivo principal transformar os nativos em novos católicos, através da catequização (ensino da língua portuguesa, doutrina católica e hábitos europeus). Os
  • 8. índios brasileiros foram catequizados por jesuítas como, por exemplo, Padre Manoel da Nobre e José de Anchieta. Lutero - Idéias e doutrina Sua doutrina, salvação pela fé, foi considerada desafiadora pelo clero católico, pois abordava assuntos considerados até então pertencentes somente ao papado. Contudo, esta foi plenamente espalhada, e suas inúmeras formas de divulgação não caíram no esquecimento, ao contrário, suas idéias foram levadas adiante e a partir do século XVI, foram criadas as primeiras igrejas luteranas. Apesar do resultado, inicialmente o reformador não teve a pretensão de dividir o povo cristão, mas devido à proporção que suas 95 teses adquiriram, este fato foi inevitável. Para que todos tivessem acesso as escrituras que, até então, encontravam-se somente em latim, ele traduziu a Bíblia para o idioma alemão, permitindo a todos um conhecimento que durante muito tempo foi guardado somente pela igreja. Com um número maior de leitores do livro sagrado, a quantidade de protestantes aumentou consideravelmente e entre eles, encontravam-se muitos radicais. Precisou ser protegido durante 25 anos. Para sua proteção, ele contava com o apoio do Sábio Frederico, da Saxônia. Foi responsável pela organização de muitas comunidades evangélicas e, durante este período, percebeu que seus ensinamentos conduziam a divisão. Casou-se com a monja Katharina Von Bora, no ano de 1525, e teve seis filhos.
  • 9. Matrimônio e família Em abril de 1523, Lutero ajudou 12 freiras a escaparem do cativeiro no Convento de Nimbschen. Entre essas freiras encontrava-se Catarina von Bora, filha de nobre família, com quem veio a se casar, em 13 de junho de 1525. Desta união nasceram seis filhos: Johannes, Elisabeth, Magdalena, Martin, Paul e Margaretha. Dos seis filhos, Margaretha foi a única que manteve a linhagem até os dias de hoje. Um descendente ilustre da família Lutero é o ex- presidente alemão Paul von Hindenburg. O casamento de Lutero com a ex-freira cisterciense incentivou o casamento de outros padres e freiras que haviam adotado a Reforma. Foi um rompimento definitivo com a Igreja Romana. Anti-semitismo Martinho Lutero foi anti-semita: "A Alemanha deve ficar livre de judeus, aos quais após serem expulsos, devem ser despojados de todo dinheiro e jóias, prata e ouro, e que fossem incendiadas suas sinagogas e escolas, suas casas derrubadas e destruídas (…), postos sob um telheiro ou estábulo como os ciganos (…), na miséria e no cativeiro assim que estes vermes venenosos se lamentassem de nós e se queixassem incessantemente a Deus". – "Sobre os judeus e suas mentiras" de Martinho Lutero. Algumas das principais teses (95 teses). 21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
  • 10. 27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu]. 45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus. 82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante? Reforma Protestante Os inimigos dos reformistas passaram a se referir a seus seguidores como "luteranos". Estes, por sua vez, preferiam ser chamados de "evangélicos", termo hoje muito usado para se referir aos fiéis das igrejas protestantes. A liberdade pregada por Lutero acabaria abrindo espaço para o surgimento de várias correntes religiosas. "O protestantismo tem uma pedra fundamental: a autonomia. A idéia de que só Deus salva, a subjetividade do indivíduo e a possibilidade de assumir e viver as diferenças vai gerar uma variedade enorme de igrejas", diz o cientista da religião João Décio Passos, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Isso ajuda a entender por que hoje existem tantas ramificações entre os protestantes. Crença na autonomia Liberdade pregada por Lutero deu origem a várias correntes religiosas
  • 11. Luteranos A ruptura de Luterano com os católicos, em 1517, lançou as bases para a expansão do protestantismo. Os luteranos condenavam o comportamento moral dos padres católicos e acreditavam que a salvação estava nas escrituras sagradas. Presbiterianos Inspirados no teólogo fracês João Calvino (1509-1564), pregavam a predestinação divina: ou seja, só os eleitos por Deus se salvariam. O teólogo holandês James Arminius (1560-1609) criaria depois outra vertente do presbiterianismo: o Arminianismo Anglicanos O rei inglês Henrique VIII (1491-1547) queria anular seu primeiro casamento para se unir a outra mulher. Após a recusa do papa Clemente VII, ele rompeu com a Igreja Católica e criou a anglicana em 1534, ficando livre da interferência papal Batistas O movimento anabatista já existia quando Lutero começou a questionar a Igreja Católica. Mas, como outras correntes protestantes, o movimento só ganhou expressão após a Reforma. Acabou dando origem à Igreja Batista Metodistas Surgiram na Inglaterra no século 18, propondo reformar a Igreja Anglicana. Baseadas na crença da salvação pela fé em Cristo, as idéias metodistas não conseguiram mudar os anglicanos, mas deram origem a uma nova corrente protestante, Tendo como um dos seus precursores, John Wesley, que foi um clérigo anglicano e teólogo cristão britânico, líder precursor do movimento metodista e, ao lado de William Booth, um dos dois maiores avivacionistas da Grã-Bretanha.
  • 12. Pentecostais Começaram a aparecer no início do século 20 como uma dissidência dos metodistas. Em 1910, foi fundada a Congregação Cristã do Brasil; no ano seguinte, a Assebléia de Deus, e em 1962, Deus é Amor. Os pentecostais crêem na cura pela fé Neopentecostais Fazendo parte do grupo a Igreja Universal do Reino de Deus, de 1977, e a Igreja Renascer em Cristo, de 1986. Os neopentecostais têm em comum a adoçãoda mídia para pregar aos fiéis, além dos cultos espetaculares e a realização de exorcismos O Protestantismo no Brasil Período Colonial Os primeiros protestantes chegaram ao Brasil ainda no período colonial. Dois grupos são particularmente relevantes: Os franceses na Guanabara (1555-1567): no final de 1555, chegou à Baía da Guanabara uma expedição francesa comandada pelo vice-almirante Nicolas Durand de Villegaignon, para fundar a "França Antártica." Esse empreendimento teve o apoio do almirante huguenote Gaspard de Coligny, que seria morto no massacre do dia de São Bartolomeu (24-08-1572). A França Antártica é considerada como a primeira tentativa de estabelecer tanto uma igreja quanto um trabalho missionário protestante na América Latina.
  • 13. Os holandeses no Nordeste (1630-54): depois de uma árdua guerra contra a Espanha, a Holanda calvinista conquistou a sua independência em 1568 e começou a tornar-se uma das nações mais prósperas da Europa. Pouco tempo depois, Portugal caiu sob o controle da Espanha por sessenta anos – a chamada "União Ibérica" (1580-1640). Primeiras manifestações no Brasil Império O século XIX testemunhou a implantação definitiva do protestantismo no Brasil. Após a expulsão dos holandeses, o Brasil fechou as suas portas aos protestantes por mais de 150 anos. Foi só no início dos século XIX, com a vinda da família real portuguesa, que essa situação começou a se alterar. Em 1810, Portugal e Inglaterra firmaram um Tratado de Comércio e Navegação, cujo artigo XII concedeu tolerância religiosa aos imigrantes protestantes. Logo, muitos começaram a chegar, entre eles um bom número de reformados. Depois da independência, a Constituição Imperial (1824) reafirmou esses direitos, com algumas restrições. Em 1827 foi fundada no Rio de Janeiro a Comunidade Protestante Alemã-Francesa, que veio a congregar, ao lado de luteranos, reformados alemães, franceses e suíços. Um dos primeiros pastores presbiterianos a visitar o Brasil foi o Rev. James Cooley Fletcher (1823-1901), que aqui chegou em 1851. Fletcher foi capelão dos marinheiros que aportavam no Rio de Janeiro e deu assistência religiosa a imigrantes europeus. Ele manteve contatos com D. Pedro II e outros membros destacados da sociedade; lutou em favor da liberdade religiosa, da emancipação dos escravos e da imigração protestante. Ele escreveu o livro O Brasil e os Brasileiros (1857), que foi muito apreciado nos Estados Unidos. Fletcher não fez nenhum trabalho missionário junto aos brasileiros, mas contribuiu para que isso
  • 14. acontecesse. Foi ele quem influenciou o Rev. Robert Reid Kalley e sua esposa Sarah P. Kalley a virem para o Brasil, o que ocorreu em 1855. Kalley fundou a Igreja Evangélica Fluminense em 1858. No ano seguinte, chegou ao Rio de Janeiro o fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil, o Rev. Ashbel G. Simonton. Igrejas Pentecostais e Neo-Pentecostais: As três ondas do pentecostalismo brasileiro: (a) Décadas 1910-1940: chegada simultânea da Congregação Cristã no Brasil e da Assembléia de Deus, que dominam o campo por 40 anos; (b) Décadas 1950-1960: campo pentecostal se fragmenta, surgem novos grupos – Evangelho Quadrangular, Brasil Para Cristo, Deus é Amor e muitos outros (contexto paulista); (c) Anos 70 e 80: neopentecostalismo – Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus e outras (contexto carioca). Congregação Cristã no Brasil: fundada pelo italiano Luigi Francescon (1866-1964). Radicado em Chicago, foi membro da Igreja Presbiteriana Italiana e aderiu ao pentecostalismo em 1907. Em 1910 (março-setembro) visitou o Brasil e iniciou as primeiras igrejas em Santo Antonio da Platina (PR) e São Paulo, entre imigrantes italianos. Veio 11 vezes ao Brasil até 1948. Em 1940, o movimento tinha 305 "casas de oração" e dez anos mais tarde 815. Assembléia de Deus: fundadores: suecos Daniel Berg (1885-1963) e Gunnar Vingren (1879-1933). Batistas de origem, abraçaram o pentecostalismo em 1909. Conheceram-se numa conferência pentecostal em Chicago. Assim como Luigi Francescon, Berg foi influenciado pelo pastor batista W.H. Durham, que participou do avivamento de Los Angeles (1906). Sentindo-se chamados para trabalhar no Brasil, chegaram a Belém em novembro de
  • 15. 1910. Seus primeiros adeptos foram membros de uma igreja batista com a qual colaboraram. Igreja do Evangelho Quadrangular: fundada nos Estados Unidos pela evangelista Aimee Semple McPherson (1890-1944). O missionário Harold Williams fundou a primeira IEQ do Brasil em novembro de 1951 (São João da Boa Vista). Em 1953 teve início a Cruzada Nacional de Evangelização, sendo Raymond Boatright o principal evangelista. A igreja enfatiza quatro aspectos do ministério de Cristo: aquele que salva, batiza com o Espírito Santo, cura e virá outra vez. As mulheres podem exercer o ministério pastoral. Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil Para Cristo: fundada por Manoel de Mello, um evangelista da Assembléia de Deus que depois tornou-se pastor da IEQ. Separou-se da Cruzada Nacional de Evangelização em 1956, organizando a campanha "O Brasil para Cristo," da qual surgiu a igreja. Filiou-se ao CMI em 1969 (desligou-se em 1986). Em 1979 inaugurou seu grande templo em São Paulo, sendo orador oficial Philip Potter, secretário-geral do CMI. Esteve presente o cardeal arcebispo de São Paulo, Paulo Evaristo Arns. Manoel de Mello morreu em 1990. Igreja Deus é Amor: fundada por David Miranda (nascido em 1936), filho de um agricultor do Paraná. Vindo para São Paulo, converteu-se numa pequena igreja pentecostal e em 1962 fundou sua igreja em Vila Maria. Logo transferiu-se para o centro da cidade (Praça João Mendes). Em 1979, foi adquirida a "sede mundial" na Baixada do Glicério, o maior templo evangélico do Brasil (dez mil pessoas). Em 1991 a igreja afirmava ter 5.458 templos, 15.755 obreiros e 581 horas diárias em rádios, bem como estar presente em 17 países (principalmente Paraguai, Uruguai e Argentina).
  • 16. Igreja Universal do Reino de Deus: fundada por Edir Macedo (nascido em 1944), filho de um comerciante fluminense. Trabalhou por 16 anos na Loteria do Estado (subiu de contínuo para um posto administrativo). De origem católica, ingressou na Igreja de Nova Vida na adolescência. Deixou essa igreja para fundar a sua própria, inicialmente denominada Igreja da Bênção. Em 1977 deixou o emprego público para dedicar-se ao trabalho religioso. Nesse mesmo ano surgiu o nome IURD e o primeiro programa de rádio. Macedo viveu nos EUA de 1986 a 1989, quando voltou ao Brasil, transferiu a sede da igreja para São Paulo e adquiriu a Rede Record. Em 1990 a IURD elegeu três deputados federais. Macedo esteve preso por doze dias em 1992, sob a acusação de estelionato, charlatanismo e curandeirismo. Lista das teses de LUTERO Abaixo sucedem as 95 teses de autoria de Martinho Lutero: 1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência. 2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes). 3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne. 4. Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
  • 17. 5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones. 6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria. 7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário. 8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos. 9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade. 10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório. 11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam. 12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição. 13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas. 14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.
  • 18. 15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero. 16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança. 17. Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse. 18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor. 19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso. 20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs. 21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa. 22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida. 23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos. 24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
  • 19. 25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular. 26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão. 27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu]. 28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa[1], pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus. 29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal? 30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão. 31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo. 32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência. 33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele. 34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos. 35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.
  • 20. 36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência. 37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência. 38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina[2]. 39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.[3] 40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.[4] 41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor. 42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia. 43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.[6] 44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena. 45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
  • 21. 46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência. 47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação. 48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar. 49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas. 50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas. 51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro. 52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas. 53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas. 54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
  • 22. 55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias. 56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo. 57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam. 58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior. 59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época. 60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros. 61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.[7] 62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus. 63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos. 64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros. 65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
  • 23. 66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens. 67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda. 68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz. 69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas. 70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa. 71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas. 72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências. 73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências, 74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade. 75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura. 76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa.
  • 24. 77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa. 78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I.Coríntios XII. 79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo. 80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo. 81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos. 82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante? 83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos? 84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito? 85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda
  • 25. assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor? 86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis? 87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação? 88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis? 89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes? 90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes. 91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido. 92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz! 93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz![8] 94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno.
  • 26. 95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz. [1517 D.C.]