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Aulas previstas:
7. O eu pessoal (13 slides)
8. As relações interpessoais (26
slides)
9. A pessoa na sociedade (15 slides)
10 . Tempo, morte e imortalidade (26
slides)
11. As últimas questões e a religião
(20 slides)
1. Apresentação e Introdução
A Pessoa: Dignidade e mistério (31 slides)
2. O Corpo (24 slides)
3. Sensibilidade e tendências (32 slides)
4. A afectividade (30 slides)
5 . A inteligência (39 slides)
6 . A liberdade (17 slides)
ANTROPOLOGIA BREVE
Aula 1
APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
1/31
 A complexidade crescente do mundo actual e,
nomeadamente, a avalanche de informação
que nos esmaga, converteu a antropologia num
instrumento absolutamente necessário. Com
efeito, os meios de comunicação informam-nos
sobre o que se passa em inúmeras partes do
mundo, transmitem-nos as tendências do momento, tornam-nos presentes os
comportamentos e costumes mais originais ou extravagantes, sugerem-nos
múltiplas atitudes e acções, mas não nos apresentam critérios de avaliação.
Entendem, talvez com razão, que a sua tarefa é informar, não formar ou
interpretar.
APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
2/31
 Esta “Antropologia breve” dirige-se àquelas
pessoas que apenas desejem introduzir-se,
de forma breve e sucinta, nas principais
questões antropológicas. Apresenta breve
e directamente os principais temas antro-
pológicos, embora sem renunciar à pro-
fundidade e precisão. O texto tem a sua
fonte no manual original, do qual constitui uma versão muito reduzida,
simplificada e depurada do aparato crítico e da bibliografia. Espera-se
que seja útil para os que procuram uma introdução básica à antropologia.
APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
3/31
 A pergunta sobre o homem é uma
constante universal. Qualquer
homem, qualquer mulher interrogam-
se sobre si próprios, procuram
saber o que são ou, melhor dito,
quem são e responder às perguntas
fundamentais sobre a existência: o que significa ser livre? O que são os
meus sentimentos? Terei uma alma espiritual? Que vai acontecer quando
morrer?
 Estas perguntas fazem parte inseparável da existência humana,
porque as pessoas não podem viver sem darem uma resposta, mais ou
menos explícita, a essas questões. Não o fazer significaria viver no absurdo,
na ignorância ou na irracionalidade, algo que é evidentemente inumano.
APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
4/31
 São, contudo, perguntas muito complexas. Por isso, é-lhes
dado todo o tipo de respostas: individuais, colectivas, religiosas,
míticas, culturais. Um tipo de resposta especial, que é aquele
que vamos expor neste livro, é a antropologia filosófica. As
suas características são as seguintes:
- Explicativa: a antropologia filosófica procura explicar e entender.
- Metafísica ou ontológica : existem muitas concepções filosóficas
sobre o homem; a ontológica entende-o não como um fluxo de
sensações ou de fenómenos, mas como um ser subsistente e
permanente, que mantém a sua identidade apesar das mudanças
por que vai sofrendo.
APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
5/31
- Integral: oferece uma visão do homem que
tem em conta todos os seus aspectos e
dimensões: psicológicos, biológicos, socio-
lógicos, espirituais, etc.
 Sem sínteses nem visões globais, o homem perde-se no oceano
da..informação e do saber.
 Existem, de qualquer forma, antropologias filosóficas que adoptam
uma atitude reducionista, isto é, que se centram de modo exclusivo
num aspecto da pessoa esquecendo outros. São reducionistas, por
exemplo, todas as filosofias que prescindem da dimensão espiritual,
como o marxismo ou o materialismo cientista.
APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
6/31
- Científica: a Antropologia é um saber científico no sentido de procurar
conhecer com profundidade, estabelecendo ligações, estruturando o
saber de maneira sistemática, etc. Isto não significa que seja uma ciência
experimental, semelhante à matemática ou à física.
- Experimental: a antropologia filosófica surge a
partir da análise da experiência humana. Não se
trata de um saber abstracto que se deduz de pre-
missas teóricas e irreais, mas de uma reflexão
sobre o homem e a sua vida. Por isso, quem se
dedica à antropologia filosófica deve ter, na medida do possível, um con-
tacto profundo e rico com as realidades humanas. Nesta tarefa, é muito
útil o recurso às experiências que outras pessoas tiveram e nos transmi-
tem através da literatura, da arte, do cinema, etc.
APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
7/31
 Salientamos, por último, que a antropologia que
estamos a apresentar tem a particularidade de se
inspirar no personalismo, uma corrente filosófica
fundada por Emmanuel Mounier (1905-1950), na
França do período de entre-guerras mundiais (do
século XX), e que mais tarde se estendeu a outros
países europeus, como Itália, Espanha, Alemanha,
Polónia, etc.
APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
8/31
 Alguns dos seus principais representantes são
Maritain, Wojtyla, Guardini, von Hildebrand,
Mounier, Marías, Marcel ou Buber e a sua
tese principal é elaborar toda a antropologia
filosófica em torno do conceito de pessoa.
Por isso, o primeiro capítulo começará por
explicar o que devemos entender por
pessoa humana.
APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
9/31
 Provavelmente, a melhor definição que
existe de pessoa é a que foi dada por
Boecio no início da Idade Média (cerca
de 480-525) e que, posteriormente, foi
assumida pela escolástica e, nomeada-
mente, por S. Tomás de Aquino: pessoa
é a substância individual de natureza
racional.
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
 Será possível definir a pessoa?
1. A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
10/31
- a substancialidade, isto é, o facto de a pessoa subsistir através
das mudanças e das modificações;
- a individualidade: a pessoa é uma realidade única e determinada,
cada pessoa é distinta e diferente;
- a natureza racional: dentro do amplo mundo das substâncias, as
pessoas constituem uma classe específica, aquelas que possuem
inteligência.
 Esta definição, com efeito, salienta muitos aspectos essenciais do
ser humano:
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
11/31
 Duas descrições deste tipo.
 Uma muito bela, fê-la Jacques Maritain.
«Quando dizemos que um homem é pessoa,
não queremos dizer apenas que se trata de um
indivíduo, (…). O homem é um indivíduo que se
rege com a inteligência e com a vontade; não
existe somente na forma física, pois existe
espiritualmente em conhecimento e em amor, de tal forma que, em
certo sentido, é um universo por si próprio, um microcosmos →
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
 Todavia, não é uma definição totalmente perfeita. Por exemplo, não
aparecem características essenciais da pessoa como a liberdade,
a consciência, as relações interpessoais ou o eu.
12/31
 Outra definição, de Juan Manuel Burgos :
A pessoa é um ser digno em si mesmo, mas
necessita de se entregar aos outros para
conseguir a sua perfeição,
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
→ (…). A pessoa humana possui estes caracteres porque, em
última análise, o homem, (…) que um fogo divino faz viver e agir,
existe (…) por obra da própria existência da sua alma que domi-
na o tempo e a morte. É o espírito a raiz da personalidade».
13/31
a) Substancialidade-subsistência
b) Intimidade-subjectividade
c) Ser corporal, espacial e temporal
d) Abertura e definição
e) Homem e mulher
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
2. Principais características da pessoa
14/31
a) Substancialidade-subsistência
 A pessoa é um ser com uma densidade existencial tão forte que
permanece através das mudanças. A pessoa é sempre a mesma,
embora o mundo em seu redor vá mudando e ela própria mude
igualmente.
 A pessoa não é um mero fluxo de vivências
nem um agrupamento temporário de fenóme-
nos que o tempo dissolve e transforma, mas
um ser consistente que resiste à passagem
dos anos e dos dias e, embora a filosofia tenha
mais dificuldade em o confirmar, possui uma dimensão eterna. A esta
realidade chama-se subsistência do ser pessoal.
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
2. Principais características da pessoa
15/31
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
 Aquilo que permanece nas mudanças da pessoa não se trata de uma
«coisa», mas de um «quem», de um «alguém», de uma realidade muito pro-
funda com uma grande riqueza interior que se manifesta e se exercita através
de qualidades específicas: a sensibilidade, os afectos e sentimentos, a
consciência de si mesma.
 Todas essas características conformam a subjectividade: o que é próprio
e específico de cada pessoa, o seu mundo interior, íntimo, diferente de qual-
quer outro homem ou mulher. Este núcleo mais profundo é o que a torna um
ser autónomo, consciente de si e independente, isto é, um alguém, um sujeito,
um «eu», capaz de decidir sobre si próprio e posicionar-se diante do mundo.
Pessoa, como diz Karol Wojtyla, é quem «se possui a si próprio».
b) Intimidade-subjectividade
16/31
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
c) Ser corporal, espacial e temporal
 O espaço: a pessoa move-se num espaço
físico, geográfico e humano que lhe é ne-
cessário para viver e que a condiciona: a
casa, a cidade, o país, etc.
 O tempo: a pessoa não é um ser estático,
mas em constante evolução; é temporal, dinâmica e projectiva.
 A pessoa tem uma dimensão material e corporal; é subjectividade e
intimidade, mas num corpo concreto, físico e determinado, é «alguém
corporal». Isto tem numerosas consequências, mas uma das principais
é que não se trata de um ser puramente espiritual, mas localizado e
ferido pelo tempo.
17/31
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
d) Abertura e definição
 Embora a pessoa tenha uma vida própria, pessoal e intransferível, não é um
ser fechado em si próprio, mas aberto, que precisa de se transcender e
sair de si para desenvolver-se em plenitude.
 O homem relaciona-se com a realidade em três níveis fundamentais: as
coisas, as relações interpessoais e Deus, e essa relação estabelece-se,
por seu turno, em duas direcções: recepção e influência. O homem é
afectado pelo mundo que o rodeia mas, pelo seu lado, através da sua
actividade pode modificar esse mundo e transformá-lo de acordo com
os seus desejos e necessidades.
18/31
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
e) Homem e mulher
 Falar de pessoa implica colocar-se num certo
nível de abstracção porque, na realidade,
existem dois tipos ou modalidades diversas
de pessoa humana: o homem e a mulher.
 Não existem pessoas humanas em abstracto, mas pessoas humanas
masculinas ou pessoas humanas femininas que contribuem com uma
maravilhosa diversidade, rica em mistério e complementaridade. Isto
não significa que o homem e a mulher sejam dois seres completa-
mente distintos; são essencialmente iguais, mas o modo específico
em que se constitui o seu ser pessoal, sendo igual nos níveis mais
radicais, é diferente nas suas manifestações concretas.
19/31
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
 A corporalidade, a sensibilidade, a psicologia, a inteligência e a afectividade
percorrem caminhos diferentes no homem e na mulher e enriquecem assim
o mundo do ser pessoal.
 A dignidade da pessoa é uma perfeição
intrínseca e constitutiva, isto é, depende
da existência e características essenciais
do seu ser, não da posse ou capacidade de exercer determinadas
qualidades. Qualquer pessoa é digna pelo mero facto de ser pessoa;
 Alguns desenvolvimentos do conceito de
dignidade da pessoa
3. A dignidade da pessoa
20/31
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
 A dignidade da pessoa faz com que seja um valor em si mesma e não
possa ser instrumentalizada. A perfeição intrínseca da pessoa faz com
que tenha valor por si própria, pelo simples facto de ser pessoa ou de
existir. Ninguém (nem sequer Deus) a pode instrumentalizar, isto é, servir-
se dela unicamente como meio para os seus interesses, porque isso
significaria que está a ser identificada com uma coisa e se está a
prescindir do seu carácter pessoal.
 O valor da pessoa é absoluto. Significa isto, por um lado, que é superior
a qualquer outro valor que possamos encontrar no nosso meio: natureza,
animais, bens materiais ou espirituais. Mas, mais radicalmente ainda,
significa que é um valor não intermutável, manipulável ou substituível
por nada.
21/31
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
 A dignidade da pessoa é o fundamento dos direitos humanos. O valor
absoluto e a dignidade intrínseca da pessoa traduzem-se, no plano jurídico-
social, na existência dos direitos humanos ou direitos fundamentais que
possui pelo mero facto de ser pessoa.
 A dignidade da pessoa faz com que cada homem e cada mulher sejam
irrepetíveis e insubstituíveis. A constatação deste facto obrigou a uma
reelaboração das noções de indivíduo e espécie para os homens. No
reino animal, o que conta é a espécie; o indivíduo está ao seu serviço e
deve sacrificar-se por ela se for preciso.
22/31
 A afirmação da dignidade da pessoa está
historicamente ligada ao cristianismo,
porque os cristãos foram os primeiros a
afirmar a total e radical igualdade de todos
os homens. «Com efeito, afirma São Paulo,
todos vós sois filhos de Deus por meio da fé
em Jesus Cristo. Porque todos os que foram
baptizados em Cristo, foram revestidos de
Cristo. Já não existe diferença entre judeu
e grego, nem entre escravo e pessoa livre,
nem entre homem e mulher, porque todos vós sois um só em Jesus Cristo»
(Carta aos Gálatas, 13, 26-28).
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
23/31
 Mas esta não era a praxis vigente
na Antiguidade que aceitava a
escravatura, a limitação de direitos
civis de acordo com a condição
social e o sexo, etc. Foi a Igreja
cristã que reivindicou a dignidade
de qualquer pessoa. Hoje, a situação é em parte semelhante. Existe
um reconhecimento geral da dignidade de qualquer pessoa nascida e
normal, mas tende-se a restringir essa condição nas situações em que
a pessoa é mais débil: as fases prévias ao nascimento (aborto) e o
momento da morte (eutanásia). E também agora a Igreja cristã conti-
nua na sua tarefa de defesa da dignidade de qualquer pessoa.
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
24/31
4. A natureza humana
 Embora a pessoa possua um carácter
único e irrepetível, também é verdade
que, ao fim e ao cabo, todos os homens
são homens, isto é, possuem caracte-
rísticas comuns que permitem identifi-
cá-los como pessoas e não como leões,
rochas ou macacos. A noção que reflecte do modo mais adequado esta
semelhança é a de natureza.
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
25/31
A noção de natureza provém da tradição aristotélico-tomista.
 Aristóteles, no quadro da sua doutrina teleológica,
indica que todos os seres têm um modo de ser
determinado que se denomina essência. Esta
essência ou modo de ser não é estática, tendo
sim um dinamismo interno que a impulsiona a
actuar para alcançar o fim (telos) adequado às
suas características. Ora, esse dinamismo interno
ou, por outras palavras, a essência enquanto prin-
cípio de operações, é o que se chama natureza.
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
26/31
 No homem sucede o mesmo. Também as pessoas têm uma essência e uma
natureza e, por isso, têm de actuar de um modo determinado para alcançar o
que exige a sua perfeição. Mas, neste caso, existe uma diferença fundamental:
a liberdade.
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
 A noção de natureza humana tem importantes aplicações éticas e culturais:
- permite fundamentar a igualdade essencial de todos os homens.
- permite fundamentar uma ética universal, isto é, válida para todos os homens,
pela simples razão de que, se a natureza é comum, os princípios éticos gerais
também têm de sê-lo;
- permite fundamentar a existência de imperativos morais absolutos;
- permite, por último, uma fundamentação transcendente da pessoa, visto que
embora o homem seja livre, não cria a sua própria natureza, mas recebe-a.
27/31
5. A estrutura da pessoa
 Estamos assim introduzidos no mundo da
pessoa. Agora iremos aprofundar os diversos
aspectos que a constituem. Em primeiro lugar
vamos descrever as dimensões ou estruturas
que definem o ser pessoal, algo que, em termos
anatómicos, poderíamos comparar com uma
descrição do corpo humano: determinar e caracterizar os ossos e os mús-
culos, estabelecer que ligamentos lhe permitem movimentar-se e como, etc.
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
28/31
 Podemos apresentar já um esquema que pode ser útil para integrar e
relacionar todos os conceitos que vão aparecer em seguida. Para isso,
partiremos de uma divisão duplamente tripartida da pessoa.
 Em primeiro lugar, e ampliando a divisão clássica
da pessoa em alma e corpo, pensamos ser mais
correcto e completo falar de três níveis «verticais»:
corpo, psique e espírito.
 A segunda divisão, de carácter «horizontal», atende
às três dimensões ou potencialidades básicas pre-
sentes nos três níveis da pessoa: o conhecimento, o dinamismo e a
afectividade.
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
29/31
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
A imagem resultante é a seguinte:
 Por último, todos estes níveis se encontram coroados pelo eu, que actua
como centro unificador de todas as estruturas pessoais.
30/31
A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
 Nos capítulos seguintes, até ao 7, iremos descrever e explicar com
algum pormenor esta estrutura.
 Concretamente, falaremos do corpo (cap. 2); da sensibilidade e das
tendências (cap. 3); da afectividade (cap. 4); da inteligência (cap. 5), da
liberdade (cap. 6) e do eu (cap. 7). Nos capítulos 8 e 9, virar-nos-emos
para as relações pessoais, concluindo, nos capítulos 10 e 11, com uma
abordagem do destino último da pessoa.
31/31
Ficha técnica
 Bibliografia
 Estes Guiões são baseados nos manuais da Biblioteca de Iniciação
Teológica da Editorial Rialp (editados em português pela editora Diel)
 Slides
 Original em português europeu - disponível em inicteol.googlepages.com

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antropologia filosófica para exames01.ppt

  • 1. Aulas previstas: 7. O eu pessoal (13 slides) 8. As relações interpessoais (26 slides) 9. A pessoa na sociedade (15 slides) 10 . Tempo, morte e imortalidade (26 slides) 11. As últimas questões e a religião (20 slides) 1. Apresentação e Introdução A Pessoa: Dignidade e mistério (31 slides) 2. O Corpo (24 slides) 3. Sensibilidade e tendências (32 slides) 4. A afectividade (30 slides) 5 . A inteligência (39 slides) 6 . A liberdade (17 slides) ANTROPOLOGIA BREVE Aula 1 APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
  • 2. 1/31  A complexidade crescente do mundo actual e, nomeadamente, a avalanche de informação que nos esmaga, converteu a antropologia num instrumento absolutamente necessário. Com efeito, os meios de comunicação informam-nos sobre o que se passa em inúmeras partes do mundo, transmitem-nos as tendências do momento, tornam-nos presentes os comportamentos e costumes mais originais ou extravagantes, sugerem-nos múltiplas atitudes e acções, mas não nos apresentam critérios de avaliação. Entendem, talvez com razão, que a sua tarefa é informar, não formar ou interpretar. APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
  • 3. 2/31  Esta “Antropologia breve” dirige-se àquelas pessoas que apenas desejem introduzir-se, de forma breve e sucinta, nas principais questões antropológicas. Apresenta breve e directamente os principais temas antro- pológicos, embora sem renunciar à pro- fundidade e precisão. O texto tem a sua fonte no manual original, do qual constitui uma versão muito reduzida, simplificada e depurada do aparato crítico e da bibliografia. Espera-se que seja útil para os que procuram uma introdução básica à antropologia. APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
  • 4. 3/31  A pergunta sobre o homem é uma constante universal. Qualquer homem, qualquer mulher interrogam- se sobre si próprios, procuram saber o que são ou, melhor dito, quem são e responder às perguntas fundamentais sobre a existência: o que significa ser livre? O que são os meus sentimentos? Terei uma alma espiritual? Que vai acontecer quando morrer?  Estas perguntas fazem parte inseparável da existência humana, porque as pessoas não podem viver sem darem uma resposta, mais ou menos explícita, a essas questões. Não o fazer significaria viver no absurdo, na ignorância ou na irracionalidade, algo que é evidentemente inumano. APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
  • 5. 4/31  São, contudo, perguntas muito complexas. Por isso, é-lhes dado todo o tipo de respostas: individuais, colectivas, religiosas, míticas, culturais. Um tipo de resposta especial, que é aquele que vamos expor neste livro, é a antropologia filosófica. As suas características são as seguintes: - Explicativa: a antropologia filosófica procura explicar e entender. - Metafísica ou ontológica : existem muitas concepções filosóficas sobre o homem; a ontológica entende-o não como um fluxo de sensações ou de fenómenos, mas como um ser subsistente e permanente, que mantém a sua identidade apesar das mudanças por que vai sofrendo. APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
  • 6. 5/31 - Integral: oferece uma visão do homem que tem em conta todos os seus aspectos e dimensões: psicológicos, biológicos, socio- lógicos, espirituais, etc.  Sem sínteses nem visões globais, o homem perde-se no oceano da..informação e do saber.  Existem, de qualquer forma, antropologias filosóficas que adoptam uma atitude reducionista, isto é, que se centram de modo exclusivo num aspecto da pessoa esquecendo outros. São reducionistas, por exemplo, todas as filosofias que prescindem da dimensão espiritual, como o marxismo ou o materialismo cientista. APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
  • 7. 6/31 - Científica: a Antropologia é um saber científico no sentido de procurar conhecer com profundidade, estabelecendo ligações, estruturando o saber de maneira sistemática, etc. Isto não significa que seja uma ciência experimental, semelhante à matemática ou à física. - Experimental: a antropologia filosófica surge a partir da análise da experiência humana. Não se trata de um saber abstracto que se deduz de pre- missas teóricas e irreais, mas de uma reflexão sobre o homem e a sua vida. Por isso, quem se dedica à antropologia filosófica deve ter, na medida do possível, um con- tacto profundo e rico com as realidades humanas. Nesta tarefa, é muito útil o recurso às experiências que outras pessoas tiveram e nos transmi- tem através da literatura, da arte, do cinema, etc. APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
  • 8. 7/31  Salientamos, por último, que a antropologia que estamos a apresentar tem a particularidade de se inspirar no personalismo, uma corrente filosófica fundada por Emmanuel Mounier (1905-1950), na França do período de entre-guerras mundiais (do século XX), e que mais tarde se estendeu a outros países europeus, como Itália, Espanha, Alemanha, Polónia, etc. APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
  • 9. 8/31  Alguns dos seus principais representantes são Maritain, Wojtyla, Guardini, von Hildebrand, Mounier, Marías, Marcel ou Buber e a sua tese principal é elaborar toda a antropologia filosófica em torno do conceito de pessoa. Por isso, o primeiro capítulo começará por explicar o que devemos entender por pessoa humana. APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
  • 10. 9/31  Provavelmente, a melhor definição que existe de pessoa é a que foi dada por Boecio no início da Idade Média (cerca de 480-525) e que, posteriormente, foi assumida pela escolástica e, nomeada- mente, por S. Tomás de Aquino: pessoa é a substância individual de natureza racional. A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO  Será possível definir a pessoa? 1. A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
  • 11. 10/31 - a substancialidade, isto é, o facto de a pessoa subsistir através das mudanças e das modificações; - a individualidade: a pessoa é uma realidade única e determinada, cada pessoa é distinta e diferente; - a natureza racional: dentro do amplo mundo das substâncias, as pessoas constituem uma classe específica, aquelas que possuem inteligência.  Esta definição, com efeito, salienta muitos aspectos essenciais do ser humano: A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
  • 12. 11/31  Duas descrições deste tipo.  Uma muito bela, fê-la Jacques Maritain. «Quando dizemos que um homem é pessoa, não queremos dizer apenas que se trata de um indivíduo, (…). O homem é um indivíduo que se rege com a inteligência e com a vontade; não existe somente na forma física, pois existe espiritualmente em conhecimento e em amor, de tal forma que, em certo sentido, é um universo por si próprio, um microcosmos → A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO  Todavia, não é uma definição totalmente perfeita. Por exemplo, não aparecem características essenciais da pessoa como a liberdade, a consciência, as relações interpessoais ou o eu.
  • 13. 12/31  Outra definição, de Juan Manuel Burgos : A pessoa é um ser digno em si mesmo, mas necessita de se entregar aos outros para conseguir a sua perfeição, A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO → (…). A pessoa humana possui estes caracteres porque, em última análise, o homem, (…) que um fogo divino faz viver e agir, existe (…) por obra da própria existência da sua alma que domi- na o tempo e a morte. É o espírito a raiz da personalidade».
  • 14. 13/31 a) Substancialidade-subsistência b) Intimidade-subjectividade c) Ser corporal, espacial e temporal d) Abertura e definição e) Homem e mulher A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO 2. Principais características da pessoa
  • 15. 14/31 a) Substancialidade-subsistência  A pessoa é um ser com uma densidade existencial tão forte que permanece através das mudanças. A pessoa é sempre a mesma, embora o mundo em seu redor vá mudando e ela própria mude igualmente.  A pessoa não é um mero fluxo de vivências nem um agrupamento temporário de fenóme- nos que o tempo dissolve e transforma, mas um ser consistente que resiste à passagem dos anos e dos dias e, embora a filosofia tenha mais dificuldade em o confirmar, possui uma dimensão eterna. A esta realidade chama-se subsistência do ser pessoal. A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO 2. Principais características da pessoa
  • 16. 15/31 A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO  Aquilo que permanece nas mudanças da pessoa não se trata de uma «coisa», mas de um «quem», de um «alguém», de uma realidade muito pro- funda com uma grande riqueza interior que se manifesta e se exercita através de qualidades específicas: a sensibilidade, os afectos e sentimentos, a consciência de si mesma.  Todas essas características conformam a subjectividade: o que é próprio e específico de cada pessoa, o seu mundo interior, íntimo, diferente de qual- quer outro homem ou mulher. Este núcleo mais profundo é o que a torna um ser autónomo, consciente de si e independente, isto é, um alguém, um sujeito, um «eu», capaz de decidir sobre si próprio e posicionar-se diante do mundo. Pessoa, como diz Karol Wojtyla, é quem «se possui a si próprio». b) Intimidade-subjectividade
  • 17. 16/31 A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO c) Ser corporal, espacial e temporal  O espaço: a pessoa move-se num espaço físico, geográfico e humano que lhe é ne- cessário para viver e que a condiciona: a casa, a cidade, o país, etc.  O tempo: a pessoa não é um ser estático, mas em constante evolução; é temporal, dinâmica e projectiva.  A pessoa tem uma dimensão material e corporal; é subjectividade e intimidade, mas num corpo concreto, físico e determinado, é «alguém corporal». Isto tem numerosas consequências, mas uma das principais é que não se trata de um ser puramente espiritual, mas localizado e ferido pelo tempo.
  • 18. 17/31 A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO d) Abertura e definição  Embora a pessoa tenha uma vida própria, pessoal e intransferível, não é um ser fechado em si próprio, mas aberto, que precisa de se transcender e sair de si para desenvolver-se em plenitude.  O homem relaciona-se com a realidade em três níveis fundamentais: as coisas, as relações interpessoais e Deus, e essa relação estabelece-se, por seu turno, em duas direcções: recepção e influência. O homem é afectado pelo mundo que o rodeia mas, pelo seu lado, através da sua actividade pode modificar esse mundo e transformá-lo de acordo com os seus desejos e necessidades.
  • 19. 18/31 A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO e) Homem e mulher  Falar de pessoa implica colocar-se num certo nível de abstracção porque, na realidade, existem dois tipos ou modalidades diversas de pessoa humana: o homem e a mulher.  Não existem pessoas humanas em abstracto, mas pessoas humanas masculinas ou pessoas humanas femininas que contribuem com uma maravilhosa diversidade, rica em mistério e complementaridade. Isto não significa que o homem e a mulher sejam dois seres completa- mente distintos; são essencialmente iguais, mas o modo específico em que se constitui o seu ser pessoal, sendo igual nos níveis mais radicais, é diferente nas suas manifestações concretas.
  • 20. 19/31 A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO  A corporalidade, a sensibilidade, a psicologia, a inteligência e a afectividade percorrem caminhos diferentes no homem e na mulher e enriquecem assim o mundo do ser pessoal.  A dignidade da pessoa é uma perfeição intrínseca e constitutiva, isto é, depende da existência e características essenciais do seu ser, não da posse ou capacidade de exercer determinadas qualidades. Qualquer pessoa é digna pelo mero facto de ser pessoa;  Alguns desenvolvimentos do conceito de dignidade da pessoa 3. A dignidade da pessoa
  • 21. 20/31 A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO  A dignidade da pessoa faz com que seja um valor em si mesma e não possa ser instrumentalizada. A perfeição intrínseca da pessoa faz com que tenha valor por si própria, pelo simples facto de ser pessoa ou de existir. Ninguém (nem sequer Deus) a pode instrumentalizar, isto é, servir- se dela unicamente como meio para os seus interesses, porque isso significaria que está a ser identificada com uma coisa e se está a prescindir do seu carácter pessoal.  O valor da pessoa é absoluto. Significa isto, por um lado, que é superior a qualquer outro valor que possamos encontrar no nosso meio: natureza, animais, bens materiais ou espirituais. Mas, mais radicalmente ainda, significa que é um valor não intermutável, manipulável ou substituível por nada.
  • 22. 21/31 A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO  A dignidade da pessoa é o fundamento dos direitos humanos. O valor absoluto e a dignidade intrínseca da pessoa traduzem-se, no plano jurídico- social, na existência dos direitos humanos ou direitos fundamentais que possui pelo mero facto de ser pessoa.  A dignidade da pessoa faz com que cada homem e cada mulher sejam irrepetíveis e insubstituíveis. A constatação deste facto obrigou a uma reelaboração das noções de indivíduo e espécie para os homens. No reino animal, o que conta é a espécie; o indivíduo está ao seu serviço e deve sacrificar-se por ela se for preciso.
  • 23. 22/31  A afirmação da dignidade da pessoa está historicamente ligada ao cristianismo, porque os cristãos foram os primeiros a afirmar a total e radical igualdade de todos os homens. «Com efeito, afirma São Paulo, todos vós sois filhos de Deus por meio da fé em Jesus Cristo. Porque todos os que foram baptizados em Cristo, foram revestidos de Cristo. Já não existe diferença entre judeu e grego, nem entre escravo e pessoa livre, nem entre homem e mulher, porque todos vós sois um só em Jesus Cristo» (Carta aos Gálatas, 13, 26-28). A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
  • 24. 23/31  Mas esta não era a praxis vigente na Antiguidade que aceitava a escravatura, a limitação de direitos civis de acordo com a condição social e o sexo, etc. Foi a Igreja cristã que reivindicou a dignidade de qualquer pessoa. Hoje, a situação é em parte semelhante. Existe um reconhecimento geral da dignidade de qualquer pessoa nascida e normal, mas tende-se a restringir essa condição nas situações em que a pessoa é mais débil: as fases prévias ao nascimento (aborto) e o momento da morte (eutanásia). E também agora a Igreja cristã conti- nua na sua tarefa de defesa da dignidade de qualquer pessoa. A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
  • 25. 24/31 4. A natureza humana  Embora a pessoa possua um carácter único e irrepetível, também é verdade que, ao fim e ao cabo, todos os homens são homens, isto é, possuem caracte- rísticas comuns que permitem identifi- cá-los como pessoas e não como leões, rochas ou macacos. A noção que reflecte do modo mais adequado esta semelhança é a de natureza. A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
  • 26. 25/31 A noção de natureza provém da tradição aristotélico-tomista.  Aristóteles, no quadro da sua doutrina teleológica, indica que todos os seres têm um modo de ser determinado que se denomina essência. Esta essência ou modo de ser não é estática, tendo sim um dinamismo interno que a impulsiona a actuar para alcançar o fim (telos) adequado às suas características. Ora, esse dinamismo interno ou, por outras palavras, a essência enquanto prin- cípio de operações, é o que se chama natureza. A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
  • 27. 26/31  No homem sucede o mesmo. Também as pessoas têm uma essência e uma natureza e, por isso, têm de actuar de um modo determinado para alcançar o que exige a sua perfeição. Mas, neste caso, existe uma diferença fundamental: a liberdade. A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO  A noção de natureza humana tem importantes aplicações éticas e culturais: - permite fundamentar a igualdade essencial de todos os homens. - permite fundamentar uma ética universal, isto é, válida para todos os homens, pela simples razão de que, se a natureza é comum, os princípios éticos gerais também têm de sê-lo; - permite fundamentar a existência de imperativos morais absolutos; - permite, por último, uma fundamentação transcendente da pessoa, visto que embora o homem seja livre, não cria a sua própria natureza, mas recebe-a.
  • 28. 27/31 5. A estrutura da pessoa  Estamos assim introduzidos no mundo da pessoa. Agora iremos aprofundar os diversos aspectos que a constituem. Em primeiro lugar vamos descrever as dimensões ou estruturas que definem o ser pessoal, algo que, em termos anatómicos, poderíamos comparar com uma descrição do corpo humano: determinar e caracterizar os ossos e os mús- culos, estabelecer que ligamentos lhe permitem movimentar-se e como, etc. A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
  • 29. 28/31  Podemos apresentar já um esquema que pode ser útil para integrar e relacionar todos os conceitos que vão aparecer em seguida. Para isso, partiremos de uma divisão duplamente tripartida da pessoa.  Em primeiro lugar, e ampliando a divisão clássica da pessoa em alma e corpo, pensamos ser mais correcto e completo falar de três níveis «verticais»: corpo, psique e espírito.  A segunda divisão, de carácter «horizontal», atende às três dimensões ou potencialidades básicas pre- sentes nos três níveis da pessoa: o conhecimento, o dinamismo e a afectividade. A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO
  • 30. 29/31 A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO A imagem resultante é a seguinte:  Por último, todos estes níveis se encontram coroados pelo eu, que actua como centro unificador de todas as estruturas pessoais.
  • 31. 30/31 A PESSOA: DIGNIDADE E MISTÉRIO  Nos capítulos seguintes, até ao 7, iremos descrever e explicar com algum pormenor esta estrutura.  Concretamente, falaremos do corpo (cap. 2); da sensibilidade e das tendências (cap. 3); da afectividade (cap. 4); da inteligência (cap. 5), da liberdade (cap. 6) e do eu (cap. 7). Nos capítulos 8 e 9, virar-nos-emos para as relações pessoais, concluindo, nos capítulos 10 e 11, com uma abordagem do destino último da pessoa.
  • 32. 31/31 Ficha técnica  Bibliografia  Estes Guiões são baseados nos manuais da Biblioteca de Iniciação Teológica da Editorial Rialp (editados em português pela editora Diel)  Slides  Original em português europeu - disponível em inicteol.googlepages.com