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Espinosa: corpo-mente
Na Idade Média, sob a influência do pensamento cristão, essas ideias de Platão e de Aristóteles
foram retomadas, mas passaram por uma reelaboração. Vários filósofos dedicaram-se a reler a filosofia
antiga segundo os preceitos do cristianismo. Os dois mais importantes foram Santo Agostinho (354-430)
e São tomás de Aquino (1225-1274), em diferentes períodos da filosofia medieval: o primeiro no início
do período conhecido como patrística, a filosofia dos “padres da Igreja”; o segundo, no da escolástica, a
filosofia ensinada nos mosteiros e nas universidades medievais. Com a introdução do pensamento cristão, o
corpo passou a ser considerado fonte e lugar do pecado, uma vez que, de acordo com essa tradição, foi por
meio do corpo que o ser humano pecou e perdeu o paraíso. À alma, expressão de pureza divina, cabe a
função de controlar os desvios do corpo.
Apenas no século XVII, com o filósofo Bento de Espinosa, surgiu uma posição diferente dessa
visão dualista que compreendia o ser humano como corpo e alma, seja destacando aspectos positivos, seja
destacando aspectos negativos. O filósofo não utiliza a palavra alma, preferindo falar sempre em mente.
Para ele, mente e corpo são uma coisa só. Quando nos referimos ao pensamento, o chamamos de mente; e,
quando se trata da matéria, a chamamos de corpo. Mas um não pode ser concebido sem o outro.
Contrariando uma tradição filosófica de mais de dois mil anos, Espinosa elaborou uma concepção
não dualista do ser humano. Com essa posição, ele nega que a mente prevaleça sobre o corpo. Como um e
outro são a mesma coisa, nem o corpo pode obrigar a mente a pensar, nem a mente pode forçar o corpo a
agir. Quando pensamos, o fazemos na condição de corpo-mente; quando nos movimentamos, também
o fazemos na condição de corpo-mente.
Enquanto a tradição considerava o corpo pura matéria controlada por uma alma imaterial, Espinosa
afirmava que, até então, ninguém havia sido capaz de dizer quais são as possibilidades do corpo, aquilo que
ele pode ou não pode fazer. Podemos compreender essa ideia pensando em situações extremas, nas quais o
corpo reage de maneira inesperada. Em uma catástrofe, por exemplo, uma pessoa seria capaz de erguer
rochas muito pesadas para salvar alguém, algo que, em circunstâncias normais, não conseguiria realizar.
Nos esportes, os atletas procuram sempre chegar ao limite das possibilidades do corpo. A cada quatro anos,
novos recordes são quebrados nas Olimpíadas: um atleta nada mais rápido, outro salta mais alto, outro
corre mais depressa.
“O corpo humano pode ser afetado de muitas maneiras, pelas quais sua potência de agir é aumentada ou
diminuída, enquanto outras tantas não tornam sua potência de agir nem maior nem menor.”
SPINOZA. Ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. p. 163
Para Espinosa, as ações do corpo dependem dos estímulos que ele recebe. espinosa chamou esses
estímulos de afecções. O corpo pode ser afetado de diferentes formas e age a partir dessas afecções.
Dependendo de como o corpo é afetado, sua potência de agir aumenta. Um bom exemplo é o atleta que
compete: o estímulo para alcançar a vitória é a afecção que aumenta sua potência de agir, levando a bons
resultados. Há também afecções que diminuem a potência de agir de um corpo. Quando ficamos
decepcionados com algo e nos sentimos abatidos, temos pouca vontade de fazer qualquer coisa; nossa
potência de agir se reduz. Como mente e corpo são uma só coisa, Espinosa denomina o aumento da
potência de agir de alegria, enquanto a diminuição dessa potência é a tristeza.
Vemos assim que, para Espinosa, não faz nenhum sentido pensar no corpo como uma porção de
matéria que tem por “recheio” uma mente ou uma alma que nos faz ser o que somos, que nos dá uma
identidade. Não há um “recheio” diferenciado do resto do corpo, ele é o próprio recheio.
Espinosa afirmava que, até sua época, ninguém havia conseguido conhecer a estrutura do corpo de modo a
poder explicar todas as suas funções. Por isso, atribuíam-se à alma as ações do corpo.
Hoje, com os avanços na ciência, conhecemos bem mais o corpo, sua anatomia e fisiologia, que no tempo
de Espinosa. Só recentemente, porém, a neurociência tem conseguido compreender melhor as interações
entre o corpo e a mente, dando ampla razão à teoria de Espinosa.
Novos conceitos na filosofia do corpo no século XX.
O pensamento filosófico sobre o corpo recebeu as contribuições de Maurice Merleau-Ponty e
Michel Foucault. Na obra Fenomenologia da percepção, Merleau-Ponty desenvolve o conceito de corpo
próprio. O filósofo muda o foco da afirmação de Descartes (1596-1650) – “Penso, logo existo” –, que
coloca a certeza da existência no pensamento (na consciência ou na alma), para situá-la no corpo.
Vivendo no mundo, sendo um corpo em meio às coisas, nós as percebemos. É no ato da percepção
que descobrimos a nós mesmos, que descobrimos que existimos. em outras palavras, nós só sabemos que
existimos porque somos um corpo no mundo. Merleau-Ponty criticou a filosofia e a fisiologia (o estudo
biológico das funções do corpo) por serem mecanicistas, isto é, por considerarem o corpo um objeto, um
mecanismo cujo funcionamento podemos conhecer. Isso, segundo Merleau-Ponty, significa transformar o
corpo em pura materialidade, que só ganha sentido se for “recheada” por uma mente ou uma alma.
O corpo próprio, para Merleau-Ponty, é a ideia de que cada pessoa é um corpo que percebe e que
pensa – e, pensando, atua no mundo e sobre si mesmo. Desse modo, o corpo não é um objeto, como uma
pedra ou um martelo, nem tampouco pura consciência ou pura percepção. Meu corpo próprio é a sede da
percepção do mundo e de mim mesmo, possibilidade única de existência concreta.
Um outro filósofo francês Michel Foucault reflete sobre outro aspecto da corporeidade: a atuação
do poder sobre o corpo. Segundo o filósofo, o “desprezo pelo corpo” que vemos na Idade Moderna é
apenas aparente. Durante todo aquele período, foi feito grande esforço para manter o corpo controlado,
para que ele pudesse ser tomado como força de trabalho. O suposto “esquecimento do corpo” pela filosofia
tinha sua função: fazer com que não se percebesse sua submissão e os mecanismos que o submetiam.
Segundo Michel Foucault, um importante mecanismo de controle era o poder disciplinar, que
atuava individualizando os corpos. Esse poder era exercido em instituições, como fábricas, escolas,
hospitais, prisões e quartéis.
Foucault abordará a questão do corpo a partir da perspectiva das relações de poder, desde a qual
pensa a normatização, a disciplina para docilizar os corpos e, dessa forma, manter o controle social. Esse
tipo de controle transforma corpos em sujeitos presos a identidades que lhes são atribuídas. Mas Foucault
não inclui aí a escravidão, pois, em sua concepção, nesse regime há uma apropriação dos corpos; “é até a
elegância da disciplina dispensar nessa relação custosa e violenta obtendo efeitos de utilidade pelo menos
igualmente grande”28
. Na concepção do autor, o uso dos corpos no sistema escravista é tão perverso que
não pode ser analisado à luz da sociedade disciplinar, pois nessa sociedade há um controle das instituições
que regulamentam a disciplina dos indivíduos, enquanto que, no sistema escravista, os indivíduos
escravizados estão totalmente submetidos ao controle do colonizador, o que Foucault chamará de
micropolítica. Esse controle só é possível dentro da razão colonizadora de transformação do corpo negro
em objeto de uso e desuso, como veremos mais a frente, por hora voltemos ao poder disciplinr
É justo dizer que a disciplina tem também seus efeitos positivos: ela possibilita a cada um que se conheça
melhor e tenha consciência do próprio corpo. Mesmo Merleau-Ponty só conseguiu formular sua teoria
graças ao poder disciplinar a que estava submetido. A tomada de consciência possibilita uma “revolta do
corpo”, que busca mais liberdade e menos controle. Para que o corpo seja afirmado, é preciso que seja
conhecido; para ser conhecido, o corpo precisou ser disciplinado.
E, se o corpo é lugar de exercício de poder, ele é também lugar de se fazer único. O corpo resiste ao
controle que lhe é imposto. Essa relação do corpo com os poderes é uma relação de submissão, mas
também de resistência – Veja-se que diversidade étnica, papéis sociais, gestualidades e movimentos do
cotidiano, práticas ritualísticas ou artísticas, entendimento de si e percepção de corpo, não são apagadas
da memória pessoal e social apenas por desejo e imposição de outros ou por mudanças de territórios. Os
corpos negros, na percepção e expressão de si, foram e ainda são corpos africanos com suas marcas
identitárias reconstruídas, ressignificadas em territorio transatlatico.

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A visão de Espinosa sobre o corpo-mente

  • 1. Espinosa: corpo-mente Na Idade Média, sob a influência do pensamento cristão, essas ideias de Platão e de Aristóteles foram retomadas, mas passaram por uma reelaboração. Vários filósofos dedicaram-se a reler a filosofia antiga segundo os preceitos do cristianismo. Os dois mais importantes foram Santo Agostinho (354-430) e São tomás de Aquino (1225-1274), em diferentes períodos da filosofia medieval: o primeiro no início do período conhecido como patrística, a filosofia dos “padres da Igreja”; o segundo, no da escolástica, a filosofia ensinada nos mosteiros e nas universidades medievais. Com a introdução do pensamento cristão, o corpo passou a ser considerado fonte e lugar do pecado, uma vez que, de acordo com essa tradição, foi por meio do corpo que o ser humano pecou e perdeu o paraíso. À alma, expressão de pureza divina, cabe a função de controlar os desvios do corpo. Apenas no século XVII, com o filósofo Bento de Espinosa, surgiu uma posição diferente dessa visão dualista que compreendia o ser humano como corpo e alma, seja destacando aspectos positivos, seja destacando aspectos negativos. O filósofo não utiliza a palavra alma, preferindo falar sempre em mente. Para ele, mente e corpo são uma coisa só. Quando nos referimos ao pensamento, o chamamos de mente; e, quando se trata da matéria, a chamamos de corpo. Mas um não pode ser concebido sem o outro. Contrariando uma tradição filosófica de mais de dois mil anos, Espinosa elaborou uma concepção não dualista do ser humano. Com essa posição, ele nega que a mente prevaleça sobre o corpo. Como um e outro são a mesma coisa, nem o corpo pode obrigar a mente a pensar, nem a mente pode forçar o corpo a agir. Quando pensamos, o fazemos na condição de corpo-mente; quando nos movimentamos, também o fazemos na condição de corpo-mente. Enquanto a tradição considerava o corpo pura matéria controlada por uma alma imaterial, Espinosa afirmava que, até então, ninguém havia sido capaz de dizer quais são as possibilidades do corpo, aquilo que ele pode ou não pode fazer. Podemos compreender essa ideia pensando em situações extremas, nas quais o corpo reage de maneira inesperada. Em uma catástrofe, por exemplo, uma pessoa seria capaz de erguer rochas muito pesadas para salvar alguém, algo que, em circunstâncias normais, não conseguiria realizar. Nos esportes, os atletas procuram sempre chegar ao limite das possibilidades do corpo. A cada quatro anos, novos recordes são quebrados nas Olimpíadas: um atleta nada mais rápido, outro salta mais alto, outro corre mais depressa. “O corpo humano pode ser afetado de muitas maneiras, pelas quais sua potência de agir é aumentada ou diminuída, enquanto outras tantas não tornam sua potência de agir nem maior nem menor.” SPINOZA. Ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. p. 163 Para Espinosa, as ações do corpo dependem dos estímulos que ele recebe. espinosa chamou esses estímulos de afecções. O corpo pode ser afetado de diferentes formas e age a partir dessas afecções. Dependendo de como o corpo é afetado, sua potência de agir aumenta. Um bom exemplo é o atleta que compete: o estímulo para alcançar a vitória é a afecção que aumenta sua potência de agir, levando a bons resultados. Há também afecções que diminuem a potência de agir de um corpo. Quando ficamos decepcionados com algo e nos sentimos abatidos, temos pouca vontade de fazer qualquer coisa; nossa potência de agir se reduz. Como mente e corpo são uma só coisa, Espinosa denomina o aumento da potência de agir de alegria, enquanto a diminuição dessa potência é a tristeza. Vemos assim que, para Espinosa, não faz nenhum sentido pensar no corpo como uma porção de matéria que tem por “recheio” uma mente ou uma alma que nos faz ser o que somos, que nos dá uma identidade. Não há um “recheio” diferenciado do resto do corpo, ele é o próprio recheio. Espinosa afirmava que, até sua época, ninguém havia conseguido conhecer a estrutura do corpo de modo a poder explicar todas as suas funções. Por isso, atribuíam-se à alma as ações do corpo. Hoje, com os avanços na ciência, conhecemos bem mais o corpo, sua anatomia e fisiologia, que no tempo de Espinosa. Só recentemente, porém, a neurociência tem conseguido compreender melhor as interações entre o corpo e a mente, dando ampla razão à teoria de Espinosa.
  • 2. Novos conceitos na filosofia do corpo no século XX. O pensamento filosófico sobre o corpo recebeu as contribuições de Maurice Merleau-Ponty e Michel Foucault. Na obra Fenomenologia da percepção, Merleau-Ponty desenvolve o conceito de corpo próprio. O filósofo muda o foco da afirmação de Descartes (1596-1650) – “Penso, logo existo” –, que coloca a certeza da existência no pensamento (na consciência ou na alma), para situá-la no corpo. Vivendo no mundo, sendo um corpo em meio às coisas, nós as percebemos. É no ato da percepção que descobrimos a nós mesmos, que descobrimos que existimos. em outras palavras, nós só sabemos que existimos porque somos um corpo no mundo. Merleau-Ponty criticou a filosofia e a fisiologia (o estudo biológico das funções do corpo) por serem mecanicistas, isto é, por considerarem o corpo um objeto, um mecanismo cujo funcionamento podemos conhecer. Isso, segundo Merleau-Ponty, significa transformar o corpo em pura materialidade, que só ganha sentido se for “recheada” por uma mente ou uma alma. O corpo próprio, para Merleau-Ponty, é a ideia de que cada pessoa é um corpo que percebe e que pensa – e, pensando, atua no mundo e sobre si mesmo. Desse modo, o corpo não é um objeto, como uma pedra ou um martelo, nem tampouco pura consciência ou pura percepção. Meu corpo próprio é a sede da percepção do mundo e de mim mesmo, possibilidade única de existência concreta. Um outro filósofo francês Michel Foucault reflete sobre outro aspecto da corporeidade: a atuação do poder sobre o corpo. Segundo o filósofo, o “desprezo pelo corpo” que vemos na Idade Moderna é apenas aparente. Durante todo aquele período, foi feito grande esforço para manter o corpo controlado, para que ele pudesse ser tomado como força de trabalho. O suposto “esquecimento do corpo” pela filosofia tinha sua função: fazer com que não se percebesse sua submissão e os mecanismos que o submetiam. Segundo Michel Foucault, um importante mecanismo de controle era o poder disciplinar, que atuava individualizando os corpos. Esse poder era exercido em instituições, como fábricas, escolas, hospitais, prisões e quartéis. Foucault abordará a questão do corpo a partir da perspectiva das relações de poder, desde a qual pensa a normatização, a disciplina para docilizar os corpos e, dessa forma, manter o controle social. Esse tipo de controle transforma corpos em sujeitos presos a identidades que lhes são atribuídas. Mas Foucault não inclui aí a escravidão, pois, em sua concepção, nesse regime há uma apropriação dos corpos; “é até a elegância da disciplina dispensar nessa relação custosa e violenta obtendo efeitos de utilidade pelo menos igualmente grande”28 . Na concepção do autor, o uso dos corpos no sistema escravista é tão perverso que não pode ser analisado à luz da sociedade disciplinar, pois nessa sociedade há um controle das instituições que regulamentam a disciplina dos indivíduos, enquanto que, no sistema escravista, os indivíduos escravizados estão totalmente submetidos ao controle do colonizador, o que Foucault chamará de micropolítica. Esse controle só é possível dentro da razão colonizadora de transformação do corpo negro em objeto de uso e desuso, como veremos mais a frente, por hora voltemos ao poder disciplinr É justo dizer que a disciplina tem também seus efeitos positivos: ela possibilita a cada um que se conheça melhor e tenha consciência do próprio corpo. Mesmo Merleau-Ponty só conseguiu formular sua teoria graças ao poder disciplinar a que estava submetido. A tomada de consciência possibilita uma “revolta do corpo”, que busca mais liberdade e menos controle. Para que o corpo seja afirmado, é preciso que seja conhecido; para ser conhecido, o corpo precisou ser disciplinado. E, se o corpo é lugar de exercício de poder, ele é também lugar de se fazer único. O corpo resiste ao controle que lhe é imposto. Essa relação do corpo com os poderes é uma relação de submissão, mas também de resistência – Veja-se que diversidade étnica, papéis sociais, gestualidades e movimentos do cotidiano, práticas ritualísticas ou artísticas, entendimento de si e percepção de corpo, não são apagadas da memória pessoal e social apenas por desejo e imposição de outros ou por mudanças de territórios. Os corpos negros, na percepção e expressão de si, foram e ainda são corpos africanos com suas marcas identitárias reconstruídas, ressignificadas em territorio transatlatico.