SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 13
Baixar para ler offline
Por John Owen
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra
2
“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se
nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e
justiça, e santificação, e redenção," (I Coríntios
1.30)
O desígnio do apóstolo nestas palavras é
manifestar que tudo o que está nos faltando,
por qualquer motivo, para que possamos
agradar a Deus, viver para ele e desfrutar dele,
isto temos em e por Jesus Cristo; e isso da parte
de Deus de mera graça, livre e soberana, como
os versos 26 a 29 declaram. E temos todas
essas coisas em virtude de nossa condição ou
implantação nele: “de” ou “por ele”. Ele, por sua
3
graça, é a causa principal e eficiente disso. E o
efeito é, que estamos “em Cristo Jesus” - isto é,
enxertados nele, ou unidos a ele, como
membros do seu corpo místico; qual é o sentido
constante dessa expressão nas Escrituras. E os
benefícios que recebemos aqui são enumerados
nas palavras seguintes. Mas, primeiro, é
declarado o modo pelo qual somos feitos
participantes deles, ou comunicado a nós:
“Quem de Deus é feito para nós.” É assim
ordenado por Deus, que ele mesmo deve ser
feita ou se tornar tudo isso para nós: denota a
causa eficiente, como fez antes.
Mas como Cristo é assim feito para nós de Deus,
ou que ato de Deus é esse que se destina a ele?
É uma lei especial e instituição da graça e
4
sabedoria soberanas de Deus, projetando Cristo
para ser tudo isso para nós e por nós, com real
imputação. Qualquer que seja o interesse,
portanto, que tenhamos em Cristo, e qualquer
que seja o benefício que tenhamos por ele, tudo
depende da graça e constituição soberana de
Deus, e não de nada em nós mesmos.
Considerando que, então, não temos justiça
própria, ele é designado por Deus para ser a
nossa “justiça” e é feito para nós: o que não
pode ser de outra maneira, mas que sua justiça
é nossa; pois ele é feito para nós (assim como
as outras coisas mencionadas), para que todos
os que se vangloriam em si mesmos sejam
totalmente excluídos e que “aquele que se
gloriar glorie-se no Senhor”, versículos 29-31.
5
Agora, há tal justiça, ou tal maneira de ser
justo, em que podemos ter um pouco de glória,
Rom. 4. 2, e que não exclui a vanglória, cap. 3.
27. E isso não pode ser senão quando nossa
justiça é inerente a nós; pois isso, por mais que
possa ser adquirido, comprado ou forjado em
nós, ainda é nosso, na medida em que qualquer
coisa pode ser nossa enquanto somos criaturas.
Este tipo de justiça, portanto, é aqui excluído. E
o Senhor Jesus Cristo sendo feito justiça para
nós de Deus, de modo que tudo o que se
vanglorie e se glorifique de nossa parte, ou em
nós mesmos, possa ser excluído - sim, sendo
feito para esse fim, para que assim seja – não
pode ser de outro modo senão pela imputação
de sua justiça a nós; pois assim é exaltada a
graça de Deus, exaltada a honra de sua pessoa
e a mediação, e toda a ocasião de se gloriar em
nós mesmos é totalmente excluída. Não
desejamos mais este testemunho, mas que,
embora em nós mesmos somos destituídos de
toda justiça aos olhos de Deus, Cristo é, por um
ato gracioso de imputação divina, feito justiça
de Deus para nós, de tal maneira que toda
6
nossa glória deve estar na graça de Deus e na
justiça do próprio Cristo.
Bellarmine tenta três respostas para esse
testemunho, as duas primeiras das quais são
coincidentes; e, na terceira, estando na luz e
verdade, ele confessa e concede tudo o que
pedimos.
1. Ele diz: “É dito que Cristo é nossa justiça,
porque ele é a causa eficiente dela, como se diz
que Deus é nossa força; e, portanto, há nas
palavras uma metonímia do efeito para a
causa." E digo que é verdade que o Senhor
Jesus Cristo, por seu Espírito, é a causa eficiente
de nossa justiça pessoal e inerente. Pela sua
graça, é efetuada e forjada em nós; ele renova
7
nossa natureza à imagem de Deus, e sem ele
nada podemos fazer: para que nossa justiça
habitual e real seja dele. Mas essa justiça
pessoal é a nossa santificação, e nada mais. E
embora o mesmo hábito interno da graça
inerente, com operações adequadas a ela, às
vezes seja chamado de santificação, e às vezes
nossa justiça, com relação a essas operações,
ainda assim nunca é distinguido em nossa
santificação e nossa justiça. Mas o fato de ele
ter sido feito justiça para nós neste lugar é
absolutamente distinto de ter sido feito
santificação para nós; que é a justiça inerente
que é praticada em nós pelo Espírito e pela
graça de Cristo. E a justiça pessoal que trabalha
em nós, que é a nossa santificação, e a
imputação de sua justiça a nós, pela qual somos
feitos justos diante de Deus, não são apenas
consistentes, mas um deles não pode ficar sem
o outro.
2. Ele continua: “Dizem que Cristo é feito justiça
para nós, assim como ele é feito redenção.
Agora, ele é a nossa redenção, porque ele nos
8
redimiu. Assim é dito que ele é feito justiça para
nós, porque por ele nos tornamos justos; ”ou,
como outro fala, “porque somente por ele
somos justificados.” Este é o mesmo argumento
com o primeiro, isto é, que há uma metonímia
do efeito para a causa em todas estas
expressões; contudo, por que eles pretendem
que seja quem expõe as palavras: "Somente
por ele somos justificados" , eu não entendo.”
Mas Bellarmine está se aproximando ainda mais
da verdade: pois, como se diz que Cristo é feito
de Deus redenção para nós, porque por seu
sangue somos redimidos, ou libertados do
pecado, da morte e do inferno, pelo resgate que
ele pagou por nós, ou tem redenção pelo seu
9
sangue, até o perdão dos pecados; então dele
é dito ser feito justiça para nós, porque através
de sua justiça concedeu a nós de Deus (como
de Deus fazendo-o para ser justiça para nós, e
tornando-se a justiça de Deus nele, e a
imputação de sua justiça sobre nós, para que
sejamos justos diante de Deus, somos o
mesmo), somos justificados.
Sua terceira resposta, como foi observado
anteriormente, concede tudo o que pedimos;
pois é a mesma que ele dá a Jer. 23.6: lugar
que ele une a isso, com o mesmo sentido e
importância, renunciando a toda a sua causa
em satisfação a eles, nas palavras
anteriormente descritas.)
10
Cristo é feito para nós da parte de Deus todas
essas coisas não da mesma maneira; enquanto
elas são de naturezas tão diferentes que é
absolutamente impossível que ele deva ser. Por
exemplo, ele é feito santificação para nós, em
que por seu Espírito e graça somos livremente
santificados; mas não se pode dizer que ele foi
feito redenção para nós, porque pelo seu
Espírito e graça somos livremente redimidos. E
se é dito que ele é feito justiça para nós, porque
por seu Espírito e graça ele opera justiça
inerente em nós, então é claramente o mesmo
com o fato de ele ter sido santificado para nós.
Alguns acreditam que Cristo nos foi feito todas
essas coisas da mesma maneira; e, portanto,
11
não atribuem qualquer maneira especial pela
qual ele é feito todas elas, mas nublam-no em
uma expressão ambígua, em que ele se torna
todas essas coisas para nós na providência de
Deus. Mas pergunte a eles, em particular, como
Cristo é feito santificação para nós, e eles lhe
dirão que foi somente por sua doutrina e
exemplo, com alguma assistência geral do
Espírito de Deus que ele permitir.
Mas agora, este não é o caminho pelo qual
Cristo foi feito redenção para nós; sendo uma
coisa externa, e não forjada em nós, Cristo não
pode ser feito de outra maneira redenção para
nós do que pela imputação a nós do que ele fez
para que possamos ser resgatados, ou
12
calculando-o por nossa conta; - não que ele
tenha sido redimido por nós, como os
socinianos afirmam infantilmente, mas que ele
fez aquilo pelo qual somos redimidos. Portanto,
Cristo é feito justiça de Deus para nós da
maneira que a natureza da coisa exige. Alguns
dizem: “É porque por ele somos justificados.”
No entanto, o texto não diz que por ele somos
justificados, mas que ele é feito da parte de
Deus, justiça para nós; que não é nossa
justificação, mas o fundamento, a causa e a
razão pela qual somos justificados.
Justiça é uma coisa, e justificação é outra.
Portanto , devemos perguntar como chegamos
a ter a justiça pela qual somos justificados; e
13
isso o mesmo apóstolo nos diz claramente que
é por imputação: "Bem-aventurado o homem a
quem o Senhor atribui a justiça", Rom. 4.6.
Segue-se, então, que Cristo, sendo feito a nós
justiça de Deus, não pode ter outro sentido
senão que sua justiça é imputada a nós, que é
o que este texto inegavelmente confirma.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Comentário de galatas 3:16 por john calvin
Comentário de galatas 3:16 por john calvinComentário de galatas 3:16 por john calvin
Comentário de galatas 3:16 por john calvin
Ediel ElGibbor
 
Estudo27 justificacao pela-fe
Estudo27 justificacao pela-feEstudo27 justificacao pela-fe
Estudo27 justificacao pela-fe
Hezir Henrique
 
Benefícios da justificação Romanos5:1-11
Benefícios da justificação Romanos5:1-11Benefícios da justificação Romanos5:1-11
Benefícios da justificação Romanos5:1-11
Fran Eduardo Oliveira
 
Lição 6 o batismo - folha grande
Lição 6   o batismo - folha grandeLição 6   o batismo - folha grande
Lição 6 o batismo - folha grande
csssss2012
 

Mais procurados (19)

Deus requer santificação aos cristãos 14
Deus requer santificação aos cristãos 14Deus requer santificação aos cristãos 14
Deus requer santificação aos cristãos 14
 
Comentário de galatas 3:16 por john calvin
Comentário de galatas 3:16 por john calvinComentário de galatas 3:16 por john calvin
Comentário de galatas 3:16 por john calvin
 
Estudo27 justificacao pela-fe
Estudo27 justificacao pela-feEstudo27 justificacao pela-fe
Estudo27 justificacao pela-fe
 
Deus requer santificação aos cristãos 8
Deus requer santificação aos cristãos 8Deus requer santificação aos cristãos 8
Deus requer santificação aos cristãos 8
 
Apresentação Graça e Salvação
Apresentação  Graça e SalvaçãoApresentação  Graça e Salvação
Apresentação Graça e Salvação
 
Justificação, o ponto de partida da reforma
Justificação, o ponto de partida da reformaJustificação, o ponto de partida da reforma
Justificação, o ponto de partida da reforma
 
Deus requer santificação aos cristãos 15
Deus requer santificação aos cristãos 15Deus requer santificação aos cristãos 15
Deus requer santificação aos cristãos 15
 
Deus requer santificação aos cristãos 11
Deus requer santificação aos cristãos 11Deus requer santificação aos cristãos 11
Deus requer santificação aos cristãos 11
 
Justificação estudo
Justificação estudoJustificação estudo
Justificação estudo
 
Benefícios da justificação Romanos5:1-11
Benefícios da justificação Romanos5:1-11Benefícios da justificação Romanos5:1-11
Benefícios da justificação Romanos5:1-11
 
Deus requer santificação aos cristãos 9
Deus requer santificação aos cristãos 9Deus requer santificação aos cristãos 9
Deus requer santificação aos cristãos 9
 
Obediência a Cristo - John Owen
Obediência a Cristo - John OwenObediência a Cristo - John Owen
Obediência a Cristo - John Owen
 
Fé divina e Boas obras
Fé divina e Boas obrasFé divina e Boas obras
Fé divina e Boas obras
 
Justificação
JustificaçãoJustificação
Justificação
 
Lição 6 o batismo - folha grande
Lição 6   o batismo - folha grandeLição 6   o batismo - folha grande
Lição 6 o batismo - folha grande
 
Deus requer santificação aos cristãos 13
Deus requer santificação aos cristãos 13Deus requer santificação aos cristãos 13
Deus requer santificação aos cristãos 13
 
A justiça divina
A justiça divinaA justiça divina
A justiça divina
 
Feitos justiça de deus
Feitos justiça de deusFeitos justiça de deus
Feitos justiça de deus
 
Sola fide
Sola fideSola fide
Sola fide
 

Semelhante a I Coríntios 1.30 - John Owen

A doutrina da justificação
A doutrina da justificaçãoA doutrina da justificação
A doutrina da justificação
antonio ferreira
 
A doutrina da justificação
A doutrina da justificaçãoA doutrina da justificação
A doutrina da justificação
Antonio Ferreira
 
259656830 sobre-a-causa-da-fe-da-graca-e-da-justica-uma-refutacao-de-erros-ar...
259656830 sobre-a-causa-da-fe-da-graca-e-da-justica-uma-refutacao-de-erros-ar...259656830 sobre-a-causa-da-fe-da-graca-e-da-justica-uma-refutacao-de-erros-ar...
259656830 sobre-a-causa-da-fe-da-graca-e-da-justica-uma-refutacao-de-erros-ar...
antonio ferreira
 
Os trinta e nove artigos da religião2015 (2)
Os trinta e nove artigos da religião2015 (2)Os trinta e nove artigos da religião2015 (2)
Os trinta e nove artigos da religião2015 (2)
FABIANO FERREIRA
 

Semelhante a I Coríntios 1.30 - John Owen (20)

A Verdade Defendida e Confirmada John Owen
A Verdade Defendida e Confirmada   John OwenA Verdade Defendida e Confirmada   John Owen
A Verdade Defendida e Confirmada John Owen
 
Somos a justiça de deus
Somos a justiça de deusSomos a justiça de deus
Somos a justiça de deus
 
A doutrina da justificação
A doutrina da justificaçãoA doutrina da justificação
A doutrina da justificação
 
A doutrina da justificação
A doutrina da justificaçãoA doutrina da justificação
A doutrina da justificação
 
JUSTIFICAÇÃO E GRAÇA.pptx
JUSTIFICAÇÃO E GRAÇA.pptxJUSTIFICAÇÃO E GRAÇA.pptx
JUSTIFICAÇÃO E GRAÇA.pptx
 
259656830 sobre-a-causa-da-fe-da-graca-e-da-justica-uma-refutacao-de-erros-ar...
259656830 sobre-a-causa-da-fe-da-graca-e-da-justica-uma-refutacao-de-erros-ar...259656830 sobre-a-causa-da-fe-da-graca-e-da-justica-uma-refutacao-de-erros-ar...
259656830 sobre-a-causa-da-fe-da-graca-e-da-justica-uma-refutacao-de-erros-ar...
 
Os trinta e nove artigos da religião2015 (2)
Os trinta e nove artigos da religião2015 (2)Os trinta e nove artigos da religião2015 (2)
Os trinta e nove artigos da religião2015 (2)
 
A Doutrina da Justificação pela Fé - John Owen
A Doutrina da Justificação pela Fé - John OwenA Doutrina da Justificação pela Fé - John Owen
A Doutrina da Justificação pela Fé - John Owen
 
O que é a salvação pela Graça de Deus - John Owen
O que é a salvação pela Graça de Deus - John  OwenO que é a salvação pela Graça de Deus - John  Owen
O que é a salvação pela Graça de Deus - John Owen
 
Deus requer santificação aos cristãos 5
Deus requer santificação aos cristãos 5Deus requer santificação aos cristãos 5
Deus requer santificação aos cristãos 5
 
Deus requer santificação aos cristãos 42
Deus requer santificação aos cristãos 42Deus requer santificação aos cristãos 42
Deus requer santificação aos cristãos 42
 
Tratado sobre o Espírito Santo -livro III - John Owen
Tratado sobre o Espírito Santo -livro III - John OwenTratado sobre o Espírito Santo -livro III - John Owen
Tratado sobre o Espírito Santo -livro III - John Owen
 
Justificação, somente pela fé em Jesus Cristo - Lição 03 - 2º Trimestre de 2016
Justificação, somente pela fé em Jesus Cristo - Lição 03 - 2º Trimestre de 2016Justificação, somente pela fé em Jesus Cristo - Lição 03 - 2º Trimestre de 2016
Justificação, somente pela fé em Jesus Cristo - Lição 03 - 2º Trimestre de 2016
 
Deus requer santificação aos cristãos 40
Deus requer santificação aos cristãos 40Deus requer santificação aos cristãos 40
Deus requer santificação aos cristãos 40
 
Confissão de fé da Guanabara
Confissão de fé da GuanabaraConfissão de fé da Guanabara
Confissão de fé da Guanabara
 
Doutrina Da JustificaçãO Modulo 2
Doutrina Da JustificaçãO Modulo 2Doutrina Da JustificaçãO Modulo 2
Doutrina Da JustificaçãO Modulo 2
 
Deus requer santificação aos cristãos 36
Deus requer santificação aos cristãos 36Deus requer santificação aos cristãos 36
Deus requer santificação aos cristãos 36
 
Conformidade a Cristo e seguir o seu exemplo
Conformidade a Cristo e seguir o seu exemploConformidade a Cristo e seguir o seu exemplo
Conformidade a Cristo e seguir o seu exemplo
 
39 artigos
39 artigos39 artigos
39 artigos
 
Deus requer santificação aos cristãos 20
Deus requer santificação aos cristãos 20Deus requer santificação aos cristãos 20
Deus requer santificação aos cristãos 20
 

Mais de Silvio Dutra

Mais de Silvio Dutra (20)

Poder
PoderPoder
Poder
 
A Vida Alcançada por uma Aliança
A Vida Alcançada por uma AliançaA Vida Alcançada por uma Aliança
A Vida Alcançada por uma Aliança
 
AJUSTE CRONOLÓGICO DAS VISÕES DO APOCALIPSE (segunda edição corrigida e ampli...
AJUSTE CRONOLÓGICO DAS VISÕES DO APOCALIPSE (segunda edição corrigida e ampli...AJUSTE CRONOLÓGICO DAS VISÕES DO APOCALIPSE (segunda edição corrigida e ampli...
AJUSTE CRONOLÓGICO DAS VISÕES DO APOCALIPSE (segunda edição corrigida e ampli...
 
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 4.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 4.pdfSinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 4.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 4.pdf
 
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3.pdfSinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3.pdf
 
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 2
Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 2Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 2
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 2
 
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 1.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 1.pdfSinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 1.pdf
Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 1.pdf
 
Deus Requer Santificação aos Cristãos 76.pdf
Deus Requer Santificação aos Cristãos 76.pdfDeus Requer Santificação aos Cristãos 76.pdf
Deus Requer Santificação aos Cristãos 76.pdf
 
Deus Requer Santificação aos Cristãos 75.pdf
Deus Requer Santificação aos Cristãos 75.pdfDeus Requer Santificação aos Cristãos 75.pdf
Deus Requer Santificação aos Cristãos 75.pdf
 
O Pecado Inviabiliza a Paz Mundial
O Pecado Inviabiliza a Paz MundialO Pecado Inviabiliza a Paz Mundial
O Pecado Inviabiliza a Paz Mundial
 
O Começo e o Fim
O Começo e o FimO Começo e o Fim
O Começo e o Fim
 
A firmeza das promessas e a pecaminosidade de cambalear -John Owen
A firmeza das promessas e a pecaminosidade de cambalear -John OwenA firmeza das promessas e a pecaminosidade de cambalear -John Owen
A firmeza das promessas e a pecaminosidade de cambalear -John Owen
 
Deus requer santificação aos cristãos 74
Deus requer santificação aos cristãos 74Deus requer santificação aos cristãos 74
Deus requer santificação aos cristãos 74
 
Deus requer santificação aos cristãos 73
Deus requer santificação aos cristãos 73Deus requer santificação aos cristãos 73
Deus requer santificação aos cristãos 73
 
Deus requer santificação aos cristãos 72
Deus requer santificação aos cristãos 72Deus requer santificação aos cristãos 72
Deus requer santificação aos cristãos 72
 
Deus requer santificação aos cristãos 71
Deus requer santificação aos cristãos 71Deus requer santificação aos cristãos 71
Deus requer santificação aos cristãos 71
 
Deus requer santificação aos cristãos 70
Deus requer santificação aos cristãos 70Deus requer santificação aos cristãos 70
Deus requer santificação aos cristãos 70
 
Deus requer santificação aos cristãos 69
Deus requer santificação aos cristãos 69Deus requer santificação aos cristãos 69
Deus requer santificação aos cristãos 69
 
Deus requer santificação aos cristãos 68
Deus requer santificação aos cristãos 68Deus requer santificação aos cristãos 68
Deus requer santificação aos cristãos 68
 
Deus requer santificação aos cristãos 67
Deus requer santificação aos cristãos 67Deus requer santificação aos cristãos 67
Deus requer santificação aos cristãos 67
 

Último

Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINALAntropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
MiltonCesarAquino1
 
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdfTHIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
thandreola
 
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTOA Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
ADALBERTO COELHO DA SILVA JR
 
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).pptAUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
VilmaDias11
 

Último (14)

Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyoNovo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
 
Lição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptx
Lição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptxLição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptx
Lição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptx
 
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptxBíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
 
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptxLição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
 
JOGRAL para o dia das MÃES igreja .pdf
JOGRAL  para o dia das MÃES igreja .pdfJOGRAL  para o dia das MÃES igreja .pdf
JOGRAL para o dia das MÃES igreja .pdf
 
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINALAntropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
 
O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiro
O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiroO CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiro
O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiro
 
Oração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroOração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo Brasileiro
 
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdfTHIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
 
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdfComentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
 
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptxFORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
 
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTOA Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
 
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).pptAUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
 
Missões News 04/2024 - Informativo Missionário
Missões News 04/2024 - Informativo MissionárioMissões News 04/2024 - Informativo Missionário
Missões News 04/2024 - Informativo Missionário
 

I Coríntios 1.30 - John Owen

  • 1. Por John Owen Traduzido e adaptado por Silvio Dutra
  • 2. 2 “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção," (I Coríntios 1.30) O desígnio do apóstolo nestas palavras é manifestar que tudo o que está nos faltando, por qualquer motivo, para que possamos agradar a Deus, viver para ele e desfrutar dele, isto temos em e por Jesus Cristo; e isso da parte de Deus de mera graça, livre e soberana, como os versos 26 a 29 declaram. E temos todas essas coisas em virtude de nossa condição ou implantação nele: “de” ou “por ele”. Ele, por sua
  • 3. 3 graça, é a causa principal e eficiente disso. E o efeito é, que estamos “em Cristo Jesus” - isto é, enxertados nele, ou unidos a ele, como membros do seu corpo místico; qual é o sentido constante dessa expressão nas Escrituras. E os benefícios que recebemos aqui são enumerados nas palavras seguintes. Mas, primeiro, é declarado o modo pelo qual somos feitos participantes deles, ou comunicado a nós: “Quem de Deus é feito para nós.” É assim ordenado por Deus, que ele mesmo deve ser feita ou se tornar tudo isso para nós: denota a causa eficiente, como fez antes. Mas como Cristo é assim feito para nós de Deus, ou que ato de Deus é esse que se destina a ele? É uma lei especial e instituição da graça e
  • 4. 4 sabedoria soberanas de Deus, projetando Cristo para ser tudo isso para nós e por nós, com real imputação. Qualquer que seja o interesse, portanto, que tenhamos em Cristo, e qualquer que seja o benefício que tenhamos por ele, tudo depende da graça e constituição soberana de Deus, e não de nada em nós mesmos. Considerando que, então, não temos justiça própria, ele é designado por Deus para ser a nossa “justiça” e é feito para nós: o que não pode ser de outra maneira, mas que sua justiça é nossa; pois ele é feito para nós (assim como as outras coisas mencionadas), para que todos os que se vangloriam em si mesmos sejam totalmente excluídos e que “aquele que se gloriar glorie-se no Senhor”, versículos 29-31.
  • 5. 5 Agora, há tal justiça, ou tal maneira de ser justo, em que podemos ter um pouco de glória, Rom. 4. 2, e que não exclui a vanglória, cap. 3. 27. E isso não pode ser senão quando nossa justiça é inerente a nós; pois isso, por mais que possa ser adquirido, comprado ou forjado em nós, ainda é nosso, na medida em que qualquer coisa pode ser nossa enquanto somos criaturas. Este tipo de justiça, portanto, é aqui excluído. E o Senhor Jesus Cristo sendo feito justiça para nós de Deus, de modo que tudo o que se vanglorie e se glorifique de nossa parte, ou em nós mesmos, possa ser excluído - sim, sendo feito para esse fim, para que assim seja – não pode ser de outro modo senão pela imputação de sua justiça a nós; pois assim é exaltada a graça de Deus, exaltada a honra de sua pessoa e a mediação, e toda a ocasião de se gloriar em nós mesmos é totalmente excluída. Não desejamos mais este testemunho, mas que, embora em nós mesmos somos destituídos de toda justiça aos olhos de Deus, Cristo é, por um ato gracioso de imputação divina, feito justiça de Deus para nós, de tal maneira que toda
  • 6. 6 nossa glória deve estar na graça de Deus e na justiça do próprio Cristo. Bellarmine tenta três respostas para esse testemunho, as duas primeiras das quais são coincidentes; e, na terceira, estando na luz e verdade, ele confessa e concede tudo o que pedimos. 1. Ele diz: “É dito que Cristo é nossa justiça, porque ele é a causa eficiente dela, como se diz que Deus é nossa força; e, portanto, há nas palavras uma metonímia do efeito para a causa." E digo que é verdade que o Senhor Jesus Cristo, por seu Espírito, é a causa eficiente de nossa justiça pessoal e inerente. Pela sua graça, é efetuada e forjada em nós; ele renova
  • 7. 7 nossa natureza à imagem de Deus, e sem ele nada podemos fazer: para que nossa justiça habitual e real seja dele. Mas essa justiça pessoal é a nossa santificação, e nada mais. E embora o mesmo hábito interno da graça inerente, com operações adequadas a ela, às vezes seja chamado de santificação, e às vezes nossa justiça, com relação a essas operações, ainda assim nunca é distinguido em nossa santificação e nossa justiça. Mas o fato de ele ter sido feito justiça para nós neste lugar é absolutamente distinto de ter sido feito santificação para nós; que é a justiça inerente que é praticada em nós pelo Espírito e pela graça de Cristo. E a justiça pessoal que trabalha em nós, que é a nossa santificação, e a imputação de sua justiça a nós, pela qual somos feitos justos diante de Deus, não são apenas consistentes, mas um deles não pode ficar sem o outro. 2. Ele continua: “Dizem que Cristo é feito justiça para nós, assim como ele é feito redenção. Agora, ele é a nossa redenção, porque ele nos
  • 8. 8 redimiu. Assim é dito que ele é feito justiça para nós, porque por ele nos tornamos justos; ”ou, como outro fala, “porque somente por ele somos justificados.” Este é o mesmo argumento com o primeiro, isto é, que há uma metonímia do efeito para a causa em todas estas expressões; contudo, por que eles pretendem que seja quem expõe as palavras: "Somente por ele somos justificados" , eu não entendo.” Mas Bellarmine está se aproximando ainda mais da verdade: pois, como se diz que Cristo é feito de Deus redenção para nós, porque por seu sangue somos redimidos, ou libertados do pecado, da morte e do inferno, pelo resgate que ele pagou por nós, ou tem redenção pelo seu
  • 9. 9 sangue, até o perdão dos pecados; então dele é dito ser feito justiça para nós, porque através de sua justiça concedeu a nós de Deus (como de Deus fazendo-o para ser justiça para nós, e tornando-se a justiça de Deus nele, e a imputação de sua justiça sobre nós, para que sejamos justos diante de Deus, somos o mesmo), somos justificados. Sua terceira resposta, como foi observado anteriormente, concede tudo o que pedimos; pois é a mesma que ele dá a Jer. 23.6: lugar que ele une a isso, com o mesmo sentido e importância, renunciando a toda a sua causa em satisfação a eles, nas palavras anteriormente descritas.)
  • 10. 10 Cristo é feito para nós da parte de Deus todas essas coisas não da mesma maneira; enquanto elas são de naturezas tão diferentes que é absolutamente impossível que ele deva ser. Por exemplo, ele é feito santificação para nós, em que por seu Espírito e graça somos livremente santificados; mas não se pode dizer que ele foi feito redenção para nós, porque pelo seu Espírito e graça somos livremente redimidos. E se é dito que ele é feito justiça para nós, porque por seu Espírito e graça ele opera justiça inerente em nós, então é claramente o mesmo com o fato de ele ter sido santificado para nós. Alguns acreditam que Cristo nos foi feito todas essas coisas da mesma maneira; e, portanto,
  • 11. 11 não atribuem qualquer maneira especial pela qual ele é feito todas elas, mas nublam-no em uma expressão ambígua, em que ele se torna todas essas coisas para nós na providência de Deus. Mas pergunte a eles, em particular, como Cristo é feito santificação para nós, e eles lhe dirão que foi somente por sua doutrina e exemplo, com alguma assistência geral do Espírito de Deus que ele permitir. Mas agora, este não é o caminho pelo qual Cristo foi feito redenção para nós; sendo uma coisa externa, e não forjada em nós, Cristo não pode ser feito de outra maneira redenção para nós do que pela imputação a nós do que ele fez para que possamos ser resgatados, ou
  • 12. 12 calculando-o por nossa conta; - não que ele tenha sido redimido por nós, como os socinianos afirmam infantilmente, mas que ele fez aquilo pelo qual somos redimidos. Portanto, Cristo é feito justiça de Deus para nós da maneira que a natureza da coisa exige. Alguns dizem: “É porque por ele somos justificados.” No entanto, o texto não diz que por ele somos justificados, mas que ele é feito da parte de Deus, justiça para nós; que não é nossa justificação, mas o fundamento, a causa e a razão pela qual somos justificados. Justiça é uma coisa, e justificação é outra. Portanto , devemos perguntar como chegamos a ter a justiça pela qual somos justificados; e
  • 13. 13 isso o mesmo apóstolo nos diz claramente que é por imputação: "Bem-aventurado o homem a quem o Senhor atribui a justiça", Rom. 4.6. Segue-se, então, que Cristo, sendo feito a nós justiça de Deus, não pode ter outro sentido senão que sua justiça é imputada a nós, que é o que este texto inegavelmente confirma.