1) O documento discute a evolução da hipermídia e do hipertexto, desde os hieróglifos até as narrativas não lineares em mídias digitais. 2) Ele explora como ficcionistas como Borges anteciparam conceitos de não linearidade adotados posteriormente pelos hipertextos. 3) Finalmente, analisa como teóricos como Bush, Barthes e Manovich influenciaram a compreensão contemporânea da mídia digital e a ideia de que o software passou a comandar as sociedades modernas.
2. Hieroglifo, I ching, : pré-pré-pré hipertexto. Não-linearidade. Memex.
Hipertexto. Hipermídia. Linguagem digital: características. Base de dados como
forma cultural. Entender a mídia, entender os computadores. Materialidades: os
objetos importam. Software.(“Software takes command”)
3.
4.
5. Na ficção: o poder das artes de antecipar os futuros
Conto " O jardim dos caminhos que se bifurcam" ( O jardim de veredas que se
bifurcam), (1941), Jorge Luis Borges, presente em “Ficções” (dá nome a primeira
parte, é o último conto dessa parte).
“Não conjecturei outro processo senão o de um volume cíclico, circular. Um volume
cuja última página fosse idêntica à primeira, com possibilidade de continuar
indefinidamente.” (Borges, 1941, p.105)
O Jogo de Amarelinha, Júlio Cortazar (1963)
Se numa noite de inverno um viajante… (1981), Italo Calvino
Role Playing Games (RPGs)
….
Mais em: http://www.facom.ufba.br/jol/pdf/1999_palacios_hipertexto_naolinearidade.pdf
7. “As we may think”: Bush e o memex (1945)
“A soma das informações aumenta em um ritmo prodigioso, e não encontra eco
em relação à evolução dos meios de armazenamento e acesso aos dados. A
mente humana associa, não usa índices”.
Vannevar Bush (1890-1974) pensa no memex como um dispositivo em que
associações podem ser feitas à mesma palavra ou ideia.
Não foi construído, só imaginado. Mas inspirou Ted Nelson (1937-) e o Xanadú
(1960: “toda a produção do mundo num único sistema de documentos; precursor
da ideia da world wide web). Inventor do termo “hipertex”: escrita não sequencial.
Douglas Engelbert (pioneiro no desenho gráfico do hipertexto, 1968), Andries van
Dam, entre outros pioneiros no hipertexto.
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9. No campo das ideias
Foucault, Derrida e outros (em especial na linguística) já pensavam no texto
enquanto multilinear, nós, nexos, redes em vez de centralizado, hierárquico, linear
Barthes, S/Z (1970): texto “ideal” ; lexia: blocos de significação, unidades de
leitura que contém vários significados. Leitura implica escritura - interação.
“En este texto ideal, abundan las redes (réseaux) que actúan entre sí sin que
ninguna pueda imponerse a las demás; este texto es una galaxia de significantes
y no una estructura de significados; no tiene principio, pero sí diversas vías de
acceso, sin que ninguna de ellas pueda calificarse de principal; los códigos que
moviliza se extienden hasta donde alcance la vista”. (In Landow, 1992, p.15)
10. Hiper(mídia) como conhecemos hoje
Michael Joyce, “Afternoon, a story” (1987, publicado em disquete em 1990)
https://www.youtube.com/watch?v=djIrHF8S6-Q
Mais em: http://www.eastgate.com/catalog/Afternoon.html
13. O que mudou?
1) Representação numérica: todo elemento pode ser representado por números
e por funções matemáticas, e desta forma pode ser manipulado;
2) Modularidade: todos os elementos se integram, porém sem perder sua
individualidade, podendo ser acessados de forma independente dos outros
elementos;
3) Automação: parte da ação humana pode ser substituída por processos
automatizados através de rotinas desempenhadas pelo computador;
4) Variabilidade: um mesmo elemento pode existir de várias formas.
5) Transcodificação: tudo pode ser transformado e convertido em outro formato.
Mais: http://baixacultura.org/manovich-e-a-nova-midia/, “The Language of New Media”.
15. Base de dados como forma cultural
Arquivos relacionados entre si, coleções organizadas de dados que se relacionam
de forma a criar algum sentido.
RUPTURA: A narrativa (fora da base de dados) é construída por uma sucessão
de causas e conseqüências encadeadas. Nas bases de dados os elementos
não são ordenados, todos os registros tem sua relevância e podem ser
vistos de forma independente. Multilinear, descentralizado.
Mais: “The Language of New Media”, MANOVICH, 2001 - (2006 edição em espanhol);
16.
17. “Software no comando”
“A escola e o hospital, a base militar e o laboratório científico, o aeroporto e a
cidade – todos os sistemas sociais, econômicos e culturais da sociedade
moderna – são acionados via software. O software é a cola invisível
que une tudo e todos.”
Software Studies. “Seguir as pessoas enquanto eles navegam por um site e
analisar os caminhos pelos quais andam, em vez de apenas analisar o conteúdo
do site”. Entender a mídia, entender os computadores (e o software).
Softwares como produto principal: música, game, livro, e… jornalismo?
Mais em: : http://baixacultura.org/software-como-musica-poesia-jornalismo/ e “Softwares Takes
Command”, Manovich (2013).
18. Mas não só ele
A partir da digitalização e da internet, estamos nos dando conta de que, na
verdade, não é só o software que “importa”, mas todos os objetos técnicos.
A tecnologia não é neutra.
Virada “não humana” nas pesquisas em comunicação. Virada “ontológica” nas
ciências humanas.
Teoria Ator-rede (Bruno Latour, John Law, Michel Callon, Annemarie Mol,
Madeleine Akrich, entre outros)
“Múltiplas realidades, múltiplas narrativas”.