1) O documento apresenta informações sobre o curso de Segurança do Trabalho em uma escola estadual de educação profissional, incluindo a ementa da disciplina de Ergonomia. 2) A disciplina de Ergonomia aborda temas como histórico, conceitos, métodos e técnicas ergonômicas, fisiologia do trabalho, análise de postos de trabalho e prevenção de acidentes. 3) A carga horária da disciplina é de 40 horas e ela será ministrada pelo educador Júlio César.
1. Escola Estadual de
Educação Profissional - EEEP
Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Curso Segurança do Trabalho
Ergonomia
2.
3. Governador
Cid Ferreira Gomes
Vice Governador
Francisco José Pinheiro
Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia
Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Cristiane Carvalho Holanda
Coordenadora de Desenvolvimento da Escola
Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Andrea Rocha Araujo
4.
5. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO - SEDUC
EMENTA DISCIPLINA ERGONOMIA EDUCADOR(A): JÚLIO CÉSAR
CURSO: DATA:
SEM: III C.H.: 40 horas
TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO 13/04/2009
COMPETÊNCIAS HABILIDADES BASES TECNOLÓGICAS
1 – Histórico, conceitos e aplicações;
1 – Compreender a 1 – Identificar os riscos 2 Noções de fisiologia do trabalho;
importância da fisiologia ocupacionais de acordo
no combate aos acidentes com a fisiologia do 3 – Idade, fadiga, vigilância e acidentes do
de trabalho; trabalhador que o trabalho;
executa;
4 – Aplicação de forças e análise
2 – mensurar o impacto da ergonômica dos postos de trabalho;
idade, fadiga,
individualidade, trabalho 2 Relacionar os efeitos 5 – Aspectos antropométricos aplicados
em turnos na política de da idade e fadiga do aos postos de trabalho;
prevenção de acidentes; trabalhador com a
ocorrência de 6 – dimensionamento de postos de trabalho
acidentes; e adequação;
3 – Avaliar os parâmetros
ergonômicos vinculados à 7 – limitações sensoriais;
Segurança do Trabalho; 3 – Aplicar os princípios
ergonômicos na 8 – Trabalhos em turnos e noturnos;
realização dos trabalhos
a fim de evitar doenças 9 – A ergonomia e a prevenção de
profissionais ou acidentes.
ocupacionais e
acidentes do trabalho;
Técnico em Segurança do Trabalho 1
ERGONOMIA
6. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
Definições, histórico, conceitos, princípios,
aplicações...
Histórico
Em 1857 Jastrezebowisky publicou um artigo intitulado "ensaios de ergonomia
ou ciência do trabalho". O tema é retomado quase cem anos depois, quando
em 1949 um grupo de cientistas e pesquisadores se reunem, interessados em
formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da
ciência.
Em 1950, durante a segunda reunião deste grupo, foi proposto o neologismo
"ERGONOMIA", formado pelos termos gregos ergon (trabalho) e nomos
(regras). Funda-se assim no início da década de '50, na Inglaterra, a
Ergonomics Research Society.
Em 1955, é publicada a obra "Análise do Trabalho" de Obredane & Faverge,
que torna-se deciciva para a evolução da metodologia ergonômica. Nesta
publicação é apresentada de forma clara a importância da observação das
situações reais de trabalho para a melhoria dos meios, métodos e ambiente do
trabalho.
Em referência as publicações científicas que marcaram o início da produção
dos conhecimentos em ergonomia, podemos citar:
com a aplicação da Psicologia
1949 Chapanis
Experimental
1953 Lehmann, G.A. Prática da Fisiologia do Trabalho
Floyd & Fadiga e Fatores Humanos no
1953
Welford Desenho de Equipamentos
Ergonomia no Brasil
fonte: ABERGO
Técnico em Segurança do Trabalho 2
ERGONOMIA
7. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
A ergonomia no Brasil começou a ser evocada na USP, nos anos 60 pelo Prof.
Sergio Penna Khel, que encorajou Itiro Iida a desenvolver a primeira tese
brasileira em Ergonomia, a Ergonomia do Manejo. Também na USP, Ribeirão
Preto, Paul Stephaneek introduzia o tema na Psicologia.
Nesta época, no Rio de Janeiro, o Prof. Alberto Mibielli de Carvalho
apresentava Ergonomia aos estudantes de Medicina das duas faculdades mais
importantes do Rio, a Nacional (UFRJ) e a ciencias Médicas (UEG, depois
UERJ); O Prof. Franco Seminério falava desta disciplina, com seu refinado
estilo, aos estudantes de Psicologia da UFRJ. O maior impulso se deu na
COPPE, no início dos anos 70, com a vinda do Prof. Itiro Iida para o Programa
de Engenharia de Produção, com escala na ESDI/RJ. Além dos cursos de
mestrado e graduação, Itiro organizou com Collin Palmer um curso que deu
origem ao primeiro livro editado em português.
Conceituação
Algumas definições para a ergonomia...
Montmollin, M. - A Ergonomia é a tecnologia das comunicações homem-
máquina (1971).
Grandjean, E. - A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela compreende a
fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria é a sociedade
no trabalho. O objetivo prático da Ergonomia é a adaptação do posto de
trabalho, dos intrumentos, das máquinas, dos horários, do meio ambiente às
exigências do homem. A realização de tais objetivos, ao nível industrial,
propicia uma facilidade do trabalho e um rendimento do esforço humano
(1968).
Leplat, J - A Ergonomia é uma tecnologia e não uma ciência, cujo objeto é a
organização dos sistemas homens-máquina (1972).
Murrel, K.F. - A Ergonomia pode ser definida como o estudo científico das
relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho (1965).
Self - A Ergonomia reúne os conhecimentos da fisiologia e psicologia, e das
ciências vizinhas aplicadas ao trabalho humano, na perspectiva de uma melhor
adaptação ao homem dos métodos, meios e ambientes de trabalho.
Wisner - A Ergonomia é o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao
homem e necessários a concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos
que possam ser utilizados com o máximo de confôrto e eficácia (1972).
Técnico em Segurança do Trabalho 3
ERGONOMIA
8. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
A Ergonomia é considerada por alguns autores como ciência, enquanto
geradora de conhecimentos.Outros autores a enquadram como tecnologia, por
seu caráteer aplicativo, de transformação.Apesar das divergências conceituais,
alguns aspectos são comuns as várias definições existentes:
a aplicação dos estudos ergonômicos;
a natureza multidisciplinar, o uso de conhecimentos de várias
disciplinas;
o fundamento nas ciências;
o objeto: a concepção do trabalho.
OBJETO E OBJETIVO DA ERGONOMIA
Se, para um certo número de disciplinas, o trabalho é o campo de aplicação ou
uma extensão do objeto próprio da disciplina, para a ergonomia o trabalho é o
único possível de intervenção.
A ergonomia tem como objetivo produzir conhecimentos específicos sobre a
atividade do trabalho humano.
O objetivo desejado no processo de produção de conhecimentos é o de
informar sobre a carga do trabalhador, sendo a atividade do trabalho específica
a cada trabalhador.
O procedimento ergonômico é orientado pela perspectiva de transformação da
realidade, cujos resultados obtidos irão depender em grande parte da
necessidade da mudança. Mesmo que o objetivo possa ser diferente de acordo
com a especialização de cada pesquisador, o objeto do estudo não pode ser
definido a priori, pois sua construção depende do objetivo da transformação.
Em ergonomia o objeto sobre o qual pretende-se produzir conhecimentos, deve
ser construido por um processo de decomposição/ recomposição da atividade
complexa do trabalho, que é analisada e que deve ser transformada.
O objetivo é ocultar o mínimo possível a complexidade do trabalho real. Quanto
mais ergonomia aprofunda o seu questionamento sobre a realidade, mais ela é
interpelada por ela mesma.
Métodos e Técnicas
A Ergonomia utiliza métodos e técnicas científicas para observar o trabalho
humano.
Técnico em Segurança do Trabalho 4
ERGONOMIA
9. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
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A estratégia utilizada pela Ergonomia para apreender a complexidade do
trabalho é decompor a atividade em indicadores observáveis (postura,
exploração visual, deslocamento).
A partir dos resultados iniciais obtidos e validados com os operadores, chega-
se a uma síntese que permite explicar a inter-relação de vários condicionantes
à situação de trabalho.
Como em todo processo científico de investigação, a espinha dorsal de uma
intervenção ergonômica é a formulação de hipóteses.
Segundo LEPLAT "o pesquisador trabalha em geral a partir de uma hipótese, é
isso que lhe permite ordenar os fatos". São as hipóteses que darão o status
científico aos métodos de observação nas atividades do homem no trabalho.
A organização das observações em uma situação real de trabalho é feita em
função das hipóteses que guiam a análise, mas também, segundo GUERIN
(1991), em função das imposições práticas ou das facilidades de cada situação
de trabalho.
Os comportamentos manifestáveis do homem são freqüentemente observáveis
pelos ergonomistas, como por exemplo:
Os deslocamentos dos operadores - esses podem ser registrados a partir do
acompanhamento dos percursos realizados pelo operador em sua jornada de
trabalho. O registro do deslocamento pode explicar a importância de outras
áreas de trabalho e zonas adjacentes. Exemplo; em uma sala de controle o
deslocamento dos operadores até os painéis de controle está relacionado à
exploração de certas informações visuais que são fundamentais para o controle
de processo; o deslocamento até outros colegas pode esclarecer as trocas de
comunicações necessárias ao trabalho.
Técnicas utilizadas na análise do trabalho
Pode-se agrupar as técnicas utilizadas em Ergonomia em técnicas objetivas e
subjetivas.
• Técnicas objetivas ou diretas: - Registro das atividades ao longo de um
período, por exemplo, através de um registro em video. Essas técnicas impõem
uma etapa importante de tratamento de dados.
• Técnicas subjetivas ou indiretas:- Técnicas que tratam do discurso do
operador, são os questionários, os check-lists e as entrevistas. Esse tipo de
Técnico em Segurança do Trabalho 5
ERGONOMIA
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[EEEP]
coleta de dados pode levar a distorções da situação real de trabalho, se
considerada uma apreciação subjetiva. Entretanto, esses podem fornecer uma
gama de dados que favoreçam uma análise preliminar.
Deve-se considerar que essas técnicas são aplicadas segundo um plano
preestabelecido de intervenção em campo, com um dimensionamento da
amostra a ser considerado em função dos problemas abordados.
Métodos diretos
Observação
É o método mais utilizado em Ergonomia pois permite abordar de maneira
global a atividade no trabalho.
A partir da estruturação das grandes classes de problemas a serem
observados, o Ergonomista dirige suas observações e faz uma filtragem
seletiva das informações disponíveis.
Observação assistida
Inicialmente considera-se uma ficha de observação, construída a partir de uma
primeira fase de observação "aberta".
A utilização de uma ficha de registro permite tratar estatisticamente os dados
recolhidos; as freqüências de utilização, as transições entre atividades, a
evolução temporal das atividades.
Em um segundo nível utiliza-se os meios automáticos de registro, áudio e
video.
O registro em video é interessante à medida que libera o pesquisador da
tomada incessante de dados, que são, inevitavelmente, incompletos, e permite
a fusão entre os comportamentos verbais, posturais e outros. O video pode ser
um elemento importante na análise do trabalho, mas os registros devem poder
ser sempre explicados pelos resultados da observação paralela dos
pesquisadores.
Os registros em video permitem recuperar inúmeras informações interessantes
nos processos de validação dos dados pelos operadores. Essa técnica,
entretanto, está relacionada a uma etapa importante de tratamento de dados,
assim como de toda preparação inicial para a coleta de dados (ambientação
dos operadores), e uma filtragem dos períodos observáveis e dos operadores
que participarão dos registros.
Técnico em Segurança do Trabalho 6
ERGONOMIA
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Alguns indicadores podem ser observados para melhor estudo da situação de
trabalho (postura, exploração visual, deslocamentos etc).
Direção do olhar
A posição da cabeça e orientação dos olhos do indivíduo permite inferir para
onde esse está olhando.
O registro da direção do olhar é amplamente utilizado em Ergonomia para
apreciação das fontes de informações utilizadas pelos operadores. As
observações da direção do olhar podem ser utilizadas como indicador da
solicitação visual da tarefa.
O número e a frequência das informações observadas em um painel de
controle na troca de petróleo em uma refinaria, por exemplo, indicam as
estratégias que estão sendo utilizadas pelos operadores na detecção de
presença de água no petróleo, para planejar sua ação futura.
Comunicações
A troca de informação entre indivíduos no trabalho podem ter diversas formas:
verbais, por intermédio de telefones, documentais e através de gestos.
O conteúdo das informações trocadas tem se revelado como grande fonte
entre operadores, esclarecedora da aprendizagem no trabalho, da competência
das pessoas, da importância e contribuição do conhecimento diferenciado de
cada um na resolução de incidentes.
O registro do conteúdo das comunicações em um estudo de caso no Setor
Petroquímico da Refinaria Alberto Pasqualini, Canoas - RS, mostrou a
importância da checagem das informações fornecidas pelos automatismos e
pelas pessoas envolvidas no trabalho, através de inúmeras confirmações
solicitadas pelos operadores do painel de controle.
O conteúdo das comunicações pode, além de permitir uma quantificação de
fontes de informações e interlocutores privilegiados, revelar os aspectos
coletivos do trabalho.
Posturas
As posturas constituem um reflexo de uma série de imposições da atividade a
ser realizada. A postura é um suporte à atividade gestual do trabalho e um
suporte às informações obtidas visualmente. A postura é influenciada pelas
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ERGONOMIA
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características antropométricas do operador e características formais e
dimensionais dos postos de trabalho.
No trabalho em salas de controle, a postura é condicionada à oscilação do
volume de trabalho. Em períodos monótonos a alternância postural servirá
como escape à monotonia e reduzirá a fadiga do operador. Em períodos
perturbados a postura será condicionada pela exploração visual que passa a
ser o pivô da atividade. Os segmentos corporais acompanharão a exploração
visual e excutarão os gestos.
Estudo de traços
A análise é centralizada no resultado da atividade e não mais na própria
atividade. Ela permite confrontar os resultados técnicos esperados e os
resultados reais.
Os dados levantados em diferentes fases do trabalho podem dar indicação
sobre os custos humanos no trabalho mas, entretanto, não conseguem explicar
o processo cognitivo necessário à execução da atividade. O estudo de traços
pode ser considerado como complemento e é usado, com freqüência, nas
primeiras fases da análise do trabalho. O estudo de traços pode ser
fundamental no quadro metodológico para análise dos erros.
Métodos subjetivos
O questionário é pouco utilizado em Ergonomia pois requer um número
importante de operadores. Entretanto a aplicação de questionário em um grupo
restrito de pessoas pode ser utilizada para hierarquizar um certo número de
questões a serem tratadas em uma análise aprofundada.
As respostas dos questionários podem ser úteis para a contribuição de uma
classificação de tarefas e de postos de trabalho. O questionário, entretanto,
deve respeitar a amostra e as probabilidades de aplicação.
Deve-se ressaltar que com o questionário se obtém as opiniões, as atitudes em
relação aos objetos, e que elas não permitem acesso ao comportamento real.
Segundo PAVARD & VLADIS (1985), o questionário é um método fácil e se
presta ao tratamento estatístico, e, se corretamente utilizado, permite coletar
um certo número de informações pertinentes para o Ergonomista.
Tabelas de avaliação
Técnico em Segurança do Trabalho 8
ERGONOMIA
13. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
Esse tipo de questionário permite aos operadores avaliarem, eles mesmos, o
sistema que utilizam. O objetivo é apontar os pontos fracos e fortes dos
produtos. No caso de avaliação de programas, uma tabela de avaliação deve
cobrir os aspectos funcionais e conversacionais.
Entrevistas e verbalizações provocadas
A consideração do discurso do operador é uma fonte de dados indispensável à
Ergonomia. A linguagem, segundo MONTMOLLIN (1984), é a expressão direta
dos processos cognitivos utilizados pelo operador para realizar uma tarefa.
A entrevista pode ser consecutiva à realização da tarefa (pede-se ao operador
para explicar o que ele faz, como ele faz e por que).
Entrevistas e verbalizações simultâneas
As entrevistas podem ser realizadas simultaneamente à observação dos
operadores trabalhando em situação real ou em simulação.
A análise se concentra nas questões sobre a natureza dos dados levantados,
sobre as razões que motivaram certas decisões e sobre as estratégias
utilizadas.
Dessa maneira o Ergonomista revela a significação que os operadores tem do
seu próprio comportamento. As verbalizações devem ser aplicadas com
cuidado e de maneira a não alterar a atividade real de trabalho.
Cronologia
Cronologia...
Mundial Brasileira
Jastrezebowisky publica o
artigo "ensaios de
1857 1857 -
ergonomia ou ciência do
trabalho"
Primeira reunião do grupo
de pesquisas para retomada
1949 dos estudos sobre 1949 -
ergonomia e ciência do
trabalho.
Técnico em Segurança do Trabalho 9
ERGONOMIA
14. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
Adoção do neologismo
"Ergonomia" durante a
1950 1950 -
segunda reunião do grupo
de estudos.
Fundação da Ergonomics
1951 REsearch Society, na 1951 -
Inglaterra.
Publicação dos trabalhos:
Prática da Fisiologia do
Trabalho de Lehmann, G.A.;
1953 e Fadiga e Fatores 1953 -
Humanos no Desenho de
Equipamentos de Floyd &
Welford
A European Productivity
Agency (EPA), uma
subdivisão da Organization
1955 for European Economics 1955 -
Cooperation, estabelece
uma Human Factors
Section.
A EPA visita os Estados
Unidos para observar as
1956 1956 -
pesquisas em Human
Factors.
Seminário técnico promovido
pela própria EPA, na
University of Leiden, "Fitting
the Job to Worker". Durante
o seminário formou-se um
1957 comitê para analisar as 1957 -
propostas e organizar uma
associação internacional que
adotou a denominação
International Ergonomics
Association.
Encontro especial, em Paris,
em setembro, para Análise
de um regimento preliminar
para a associação. Decidiu-
1958 1958 -
se, então, dar continuidade
aos trabalhos de
organização da associação
e realizar um Congresso
Técnico em Segurança do Trabalho 10
ERGONOMIA
15. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
Internacional, em 1961.
O comitê passou a se
denominar Comittee for the
International Association of
Ergonomics Scientists. O
1959 comitê se reuniu em Oxford, 1959 -
decidiu manter o nome
International Ergonomics
Association, e aprovou o
regimento e o estatuto.
Abordagem do tópico "O
produto e o homem" por Ruy
Leme e Sérgio Penna Kehl
1960 - 1960
na disciplina Projeto de
Produto (Eng. Humana) na
Politécnica da USP.
I Congresso Trianual da IEA,
1961 1961 -
em Estocolmo, na Suécia.
II Congresso Trianual da
1964 1964 -
IEA, em Dortmund, FRG.
Aplicações da Ergonomia no
1966 - 1966 curso de projeto de Produto
ESDI/UERJ.
"Introdução à Ergonomia" no
III Congresso Trianual da curso de Psicologia
1967 IEA, em Birmingham, na 1967 Industrial II, na USP -
Inglaterra. Ribeirão Preto - Paul
Stephaneck.
Livro "Ergonomia: notas de
aulas", de Itiro Iida e Henri
1968 - 1968
Wierzbicki, lançado em São
Paulo, pela Ivan Rossi.
Disciplina de Ergonomia no
Mestrado de Eng. de
IV Congresso Trianual da Produção da COPPE-UFRJ/
1970 IEA, em Strasbourgo, na 1970 Ergonomia na área de
França. Psicologia do Trabalho-
Isop/FGV Franco Lo Presti
Seminério
Técnico em Segurança do Trabalho 11
ERGONOMIA
16. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
Tese de Doutorado "A
Ergonomia do manejo",
defendida por Itiro Iida, na
Politécnica da USP./ Curso
de Ergonomia na
1971 - 1971 ESDI/UERJ - Itiro Iida./ Área
de concentração em
Ergonomia treinamento e
Aperfeiçoamento
Profissional no mestrado em
Psicologia do Isop/FGV
Ergonomia como disciplina
V Congresso Trianual da
nos cursos de Engenharia
1973 IEA, em Amsterdam, na 1973
de Segurança e Medicina do
Holanda.
Trabalho da Fundacentro.
1o Seminário Brasileiro de
Ergonomia, no Rio de
Janeiro, promovido pela
1974 - 1974
ABPA (Associação Brasileira
de Psicologia Aplicada) e
pelo Isop/FGV.
Publicação de "Aspectos
ergonômicos do urbano" de
Itiro Iida - MIC/STI/COPPE./
Curso de especialização em
1975 - 1975
Ergonomia, na FGV. Grupo
de Estudos Ergonômicos do
Isop/FGV - Franco Lo Presti
Seminério.
Fundação do GAPP (Grupo
VI Congresso Trianual da
Associado de Pesquisa e
1976 IEA, em College Park, nos 1976
Planejamento Ltda.) - Sérgio
Estados Unidos.
Penna Kehl.
Ergonomia como disciplina
do currículo mínimo da
VII Congresso Trianual da graduação em Desenho
1979 IEA, em Varsóvia, na 1979 Industrial./CEBERC - Centro
Polônia. Brasileiro de Ergonomia e
Cibernética Isop/FGV - Ued
Maluf.
VIII Congresso Trianual da
1982 1982 -
IEA, em Tokio, no Japão.
1983 - 1983 Fundação da ABERGO -
Técnico em Segurança do Trabalho 12
ERGONOMIA
17. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
Associação Brasileira de
Ergonomia, em 31 de agosto
2o Seminário Brasileiro de
Ergonomia, no Rio de
Janeiro, promovido pela
1984 - 1984 ABERGO - Isop/FGV./
Inauguração do Laboratório
de Ergonomia do INT - Diva
Maria P. Ferreira.
IX Congresso Trianual da Implantação do setor de
1985 IEA, em Bornemouth, 1985 Ergonomia da Fundacentro -
Inglaterra. Leda Leal Ferreira
Curso de Especialização em
Ergonomia, Departamento
1986 - 1986
de Psicologia Experimental
USP - Regina H. Maciel.
3o Seminário Brasileiro de
Ergonomia e 1o Congresso
Latino-Americano de
1987 - 1987
Ergonomia, em São Paulo,
promovido pela
ABERGO/Fundacentro.
X Congresso Trianual da
1988 1988 -
IEA, em Sidney, Austrália.
4o Seminário Brasileiro de
Ergonomia, no Rio de
1989 - 1989
Janeiro, promovido pela
ABERGO/FGV.
Segundo livro do Professor
Itiro Iida, "Ergonomia: projeto
e produção", pela Editora
Edgard Blucher, de São
Paulo.
1990 - 1990 Fundação da ERGON
PROJETOS, o primeiro
escritório dedicado a
consultoria e
desenvolvimento de projetos
em Ergonomia.
Fundação da ABERGO/RJ,
XI Congresso Trianual da Associação Brasileira de
1991 1991
IEA, em Paris, França. Ergonomia, seção Rio de
Janeiro, em 23 de maio. / 5o
Técnico em Segurança do Trabalho 13
ERGONOMIA
19. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
TEXTO DE APOIO Nº 01
LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS -
DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS
AO TRABALHO (LER/DORT):
A MAIS NOVA EPIDEMIA NA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA
Resumo
Este artigo diz respeito as afecções músculoesqueléticas ocasionadas por sobrecargas biomecânicas que
vêm sendo observadas nos últimos anos em todas as classes trabalhistas em nosso país, sendo
considerada nos dias de hoje uma epidemia mundial denominada como LER/DORT. Estas afecções têm
sido, na área da saúde, pauta de discussão e debates buscando soluções tanto para prevenir como para
tratar pessoas portadoras dessa patologia.
Palavras-chaves: Epidemia, LER/DORT, Tratamento.
Introdução
As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
(DORT) tornaram-se a mais nova epidemia dos últimos anos, já que a partir da década de 80 passaram a
ser a mais freqüente causa de afastamento do trabalho no mundo.
Os termos LER/DORT são usados para determinar as afecções que podem lesar tendões, sinóvias,
músculos, nervos, fáscias, ligamentos, de forma isolada ou associada, com ou sem degeneração dos
tecidos, atingindo principalmente membros superiores, região escapular e pescoço. Decorrente de uma
origem ocupacional ela pode ser ocasionada de forma combinada ou não do uso repetido e forçado de
grupos musculares e da manutenção de postura inadequada (CODO E ALMEIDA, 1998).
Além do uso repetitivo, a sobrecarga estática, o excesso de força para execução de tarefas, o trabalho
sob temperaturas inadequadas ou o uso prolongado de instrumentos com movimentos excessivos podem
contribuir para o aparecimento das enfermidades músculoesqueléticas. Assim sendo, a sigla LER ( lesão
por esforço repetitivo) é insatisfatória, pois não determina outros tipos de sobrecarga que podem trazer
prejuízo ao aparelho locomotor, dessa forma, a LER adquiriu um estigma negativo, passando a ser
designada DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) (ZILLI,2002). O termo permitiu
ampliar os mecanismos de lesão, não só restritos aos movimentos repetitivos, mas que também
cincunscreve formas clínicas peculiares a algumas atividades ocupacionais e ainda propõe o
estabelecimento do nexo causal classificando-o como doença ocupacional (VIEIRA, 1999).
Histórico
Acompanhando a história das doenças ocupacionais, facilmente se percebe que as LER/DORT são
temas de pesquisa e discussão há muitos anos.
Com o advento da era industrial, teve início o processo de fabricação de produtos em massa, e a
crescente especialização dos operários no sentido de melhorar a qualidade, aumentar a produção e
também reduzir custos. Essa especialização levou os trabalhadores a executarem funções específicas
nas empresas, com a realização de movimentos repetitivos, associados a esforço excessivo, levando
muitos trabalhadores a sentir dores (NAKACHIMA, 2002).
Técnico em Segurança do Trabalho 15
ERGONOMIA
20. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
Segundo Moreira e Carvalho (2001) o professor italiano Bernardino Ramazzini, considerado pai da
medicina ocupacional, forneceu a primeira contribuição histórica, em 1713, fundamentando em 54
profissões de sua época. Nesse trabalho ele não só identificou os distúrbios, mas também traçou uma
causa ocupacional. Ele acreditava que as lesões encontradas em escreventes eram causadas pelo uso
repetitivo das mãos, pela posição das cadeiras e pelo trabalho mental excessivo.
No século seguinte, foram descritos na Europa quadros clínicos afetando o esqueleto axial e periférico de
trabalhadores que desempenhavam distintas tarefas laborativas. Na época esta sintomatologia foi
chamada de “cãimbras ocupacionais”. Entre as várias atividades ocupacionais envolvidas, salientava-se a
“cãimbra do escrevente”, que atingiu níveis de epidemia no serviço civil britânico em 1833 (MOREIRA E
CARVALHO,2001).
Em 1888, o neurologista William Gowers relatou casos de trabalhadores com sintomas de ansiedade, de
insatisfação com o trabalho ou do peso de responsabilidades. Ressaltou ainda a instabilidade emocional
desses indivíduos e admitiu sua grande dificuldade em distinguir uma neurose de um quadro de
simulação de doença. Desde então, diversos países industrializados têm passado por epidemias de
diagnósticos envolvendo tais distúrbios (MOREIRA E CARVALHO,2001).
Epidemiologia
A diversidade de conceitos observados na literatura dificultam a obtenção concreta de dados para o
estudo da incidência e da prevalência dos diferentes tipos de doenças e das condições clínicas das
chamadas LER/DORT, que costumam surgir em rápidas escaladas na forma de surtos. Uma outra
dificuldade é que os estudos na sua grande maioria não têm a colaboração de empresas e seus
empregados pelo medo de exposição e o risco de demissões de seus cargos.
Segundo Moreira e Carvalho (2001), as estatísticas do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, a
indenização referente aos DORT é 50% mais custosa que a reinvindicada por trauma agudo (acidente de
trabalho). O tempo perdido de trabalho nos pacientes com DORT nos EUA é extremamente maior do que
com os outros distúrbios músculoesqueléticos, como, por exemplo, a dor lombar.
Existem inúmeros trabalhadores com queixas de dor atribuída a seu trabalho. A patologia é reconhecida
pela atual legislação brasileira gerando grande interesse nos meios médicos. O ônus gerado ao governo,
às indústrias e aos trabalhadores, levam os meios médicos a realizar estudos e discussões que possam
contribuir para uma melhor compreensão dessa patologia já considerada como epidemia na saúde
brasileira (NAKACHIMA, 2002).
No Brasil, os dados dessas afecções são deficientes, mas a quantidade de diagnósticos de LER/DORT
tem dimensões muito altas. Considerando assim que na última década nosso país presenciou uma
situação epidêmica com relação aos DORT, tornando-se esta patologia a segunda maior causa de
afastamento do trabalho no Brasil. Somente nos últimos 5 anos foram abertos 532.434 CATs
(Comunicação de Acidente de Trabalho) geradas pelas LER/DORT. A cada 100 trabalhadores da região
Sudeste do Brasil, 1 é portador de LER/DORT (AMERICANO, 2001).
Num estudo realizado na cidade de São Paulo, onde foram examinados 1.560 pacientes, o sexo feminino
representou 87% dos casos; sendo que a faixa etária mais afetada oscilava entre 26 e 35 anos
(MOREIRA E CARVALHO, 2001).
Em outro estudo realizado pela Cassi (Caixa de Assistência aos Funcionários do Banco do Brasil) no ano
de 2000, 26,2 % dos funcionários do Banco do Brasil apresentaram algum sintoma que está relacionado à
LER/DORT (AMERICANO, 2001).
Vários fatores vêm impulsionando a enorme quantidade de diagnósticos de LER ou DORT em nosso país,
entre eles: tensão social; alto índice de desemprego; predisposição ética; falta de organização no
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ERGONOMIA
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ambiente de trabalho; influência da ação de sindicatos; ações políticas; oportunismo de advogados;
influência da mídia; interesses por indenizações ou aposentadorias.
Etiologia
Quando um indivíduo apresenta uma lesão ocasionada por sobrecarga biomecânica ocupacional, os
fatores etiológicos estão associados à organização do trabalho envolvendo principalmente equipamentos,
ferramentas, acessórios e mobiliários inadequados; descaso com o posicionamento, técnicas incorretas
para realização de tarefas, posturas indevidas, excesso de força empregada para execução de tarefas,
sobrecarga biomecânica dinâmica; uso de instrumentos com excessos de vibração, temperatura,
ventilação e umidade inapropriadas no ambiente de trabalho (MOREIRA E CARVALHO,2001).
Sabe-se então que um ambiente de trabalho organizado, com pessoas bem treinadas e condicionadas
com respeito aos fatores ergonômicos e aos limites biomecânicos certamente diminuem o risco de
desencadeamento das chamadas LER/DORT (MOREIRA e CARVALHO, 2001).
Distúrbios mais freqüentes
Alguns dos principais distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho citados por Couto (1998) são:
tendinite e tenossinovite dos músculos dos antebraços, miosite dos músculos lumbricais e fasciíte da
mão, tendinite do músculo bíceps, tendinite do músculo supra-espinhoso, inflamação do músculo
pronador redondo com compressão do nervo mediano, cisto gangliônico no punho, tendinite De Quervain,
compressão do nervo ulnar, síndrome do túnel do carpo, compressão do nervo radial, síndrome do
desfiladeriro torácico, epicondilite medial e lateral, bursite de cotovelo e ombro, síndrome da tensão
cervical e lombalgia.
Fatores de Risco
Para identificar e abordar as causas de LER/DORT é necessário considerar vários aspectos do ambiente
de trabalho. Os fatores psicossociais, incluindo o estresse na situação de trabalho e o clima
organizacional da empresa podem influenciar a eficácia das medidas preventivas. Os principais fatores de
risco são: organização do trabalho, riscos psicossociais, riscos ambientais, fatores biomecânicos e fatores
extra-trabalho (ZILLI, 2002).
Avaliação Clínica
O paciente portador de LER/DORT deve ter os locais onde há dor examinados como também ser
submetidos ao exame físico global do sistema múculoesquelético, pois afecções músculoesqueléticas
cervicais e lombares podem ser causas ou fatores agravantes da dor. Os sintomas e os padrões clínicos
que expressam a LER/DORT são variados, freqüentemente vagos e muitas vezes inespecíficos, pois
várias estruturas músculoesqueléticas e nervosas podem estar comprometidas isolada ou
associadamente (CODO e ALMEIDA, 1998).
Tratamento e prevenção
O insucesso dos programas de terapêutica da LER/DORT deve-se a falha no diagnóstico das reais
etiologias da dor, da incapacidade e dos fatores que contribuem ou agravam o quadro doloroso, sendo
assim, a identificação das estruturas lesadas é importante para o melhor resultado no tratamento (CODO
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e ALMEIDA, 1998).
O tratamento depende sempre de um diagnóstico correto, da eliminação completa dos agentes causais e
de uma adequada estratégia terapêutica medicamentosa, fisioterápica e, em alguns casos, cirúrgica
(MOREIRA e CARVALHO, 2001).
O tratamento fisioterápico consiste em: termoterapia (calor profundo como ondas curtas ou ultra-som),
eletroterapia, massagens, cinesioterapia, hidroterapia, órteses, RPG e outras técnicas. O fisioterapeuta
deve levar em consideração tanto o estágio evolutivo da doença, como as respostas do paciente a
tratamentos anteriores (PEROSSI, 2001).
Apesar da abordagem terapêutica ampla, muitos pacientes permanecem sintomáticos, particularmente
aqueles com diagnóstico de depressão, que estão insatisfeitos com seu trabalho, que acreditam ter
adquirido “lesões” através das atividades desse trabalho e que estão envolvidos em alguma causa
trabalhista.
O fisioterapeuta deve, no tratamento, ensiná-lo a relaxar, ir direcionando-o a tomar consciência de seu
corpo. Orientá-lo a “escutar” os sintomas que lhe dizem o limite de seu corpo e a postura errada. Partindo
dessa tese o paciente consegue melhorar seu desempenho pessoal, minimizar tensões musculares, tirar
a atenção da dor e principalmente perceber suas limitações (PEROSSI, 2001).
A implementação de medidas preventivas é a melhor atitude a ser empregada, existe uma necessidade
de melhorar a educação dos trabalhadores com condutas de orientação recomendações e de
comunicações das experiências dos profissionais de saúde. É essencial que os trabalhadores tenham um
bom ambiente de trabalho, com aperfeiçoamento técnico para realização de suas tarefas com respeito
aos fatores ergonômicos e antropométricos, aos limites biomecânicos, à duração das jornadas e dos
intervalos de trabalho, e com atitudes de reconhecimento de seus cargos superiores (MOREIRA e
CARVALHO, 2001).
Conclusão
O enorme contingente de diagnósticos LER/DORT existente no nosso país atinge proporções
consideradas epidêmicas. Conclui-se que ações dos vários segmentos da sociedade trabalhista sejam
responsáveis pelos fatores que vêm sustentando esse fenômeno.
Sendo assim, o mais importante é a conscientização dos empregadores em orientar seus empregados
tanto na prevenção quanto na terapêutica dos distúrbios músculo esqueléticos.
Referências
- AMERICANO, Maria José. Prevenção às LER/DORT - Site da Web:
www.2.uol.com.br/prevler/o_que_eh.htm, Acessado em 23/08/2005.
-
- CODO, Wanderley; ALMEIDA, Maria C. de – LER – Lesões por Esforços Repetitivos. 4ª edição, 1998.
-
- COUTO, Ha – Como Gerenciar a Questão das LER/DORT,1998.
-
- MOREIRA, Caio; CARVALHO, Marco Antônio P.- Reumatologia Diagnóstico e Tratamento. 2ªedição,
2001.
-
- NAKACHIMA, Luis Renato – Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteomusculares
Técnico em Segurança do Trabalho 18
ERGONOMIA
23. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
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Relacionados ao Trabalho - Site da Web: www.fundacentro.gov.br/CTN/forum_maos_ler_dort.htm.
Acessado em 18/08/2005.
-
- PEROSSI, Sandra C.- LER/DORT-Abordagem Psicossomática na Fisioterapia. In: Revista Fisio
&Terapia, nº27 – 2001.
-
- SANTOS, Eduardo Ferro; OLIVEIRA, Karine Borges – Gerenciamento Ergonômico. In: Revista
FisioBrasil, nº66 Julho/Agosto, 2004.
-
- VIEIRA, Lucia Marinez – Artigo: Prevenção das LER/DORT em pessoas que trabalham sentados e
usuários de computador, 1999. Site da Web: www.pclq.usp.br/jornal/prevencao.htm, acessado em
18/08/2005.
-
- ZILLI, Cynthia M. – Manual de Cinesioterapia /Ginástica Laboral, 2002.
TEXTO DE APOIO Nº 02
22 dicas para prevenir as lesões do trabalho: LER e DORT
Entenda a diferença entre essas duas síndromes
e tome atitudes simples para evitar problemas futuros
Quem nunca ouviu falar nas LER lesões por esforços repetitivos ou nos DORT
distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho? LER e DORT são síndromes
que atacam os nervos, músculos e tendões, especialmente dos membros superiores e
do pescoço. São síndromes degenerativas e cumulativas e sempre acompanhadas de
dor ou incômodo, provenientes não somente da atividade ocupacional intensiva, mas
também de atividades realizadas sob intenso estresse.
LER ou DORT?
O termo LER utilizado para denominar uma síndrome da atividade ocupacional
excessiva, que abrange uma gama de condições caracterizadas por desconforto ou
dor persistente nos músculos, tendões etc. Entretanto, sabidamente nem todas
as patologias estão relacionadas aos movimentos repetitivos, pois existem outros
fatores biomecânicos causais como esforço físico proveniente de levantamento
constante de peso , além dos fatores psicofísicos e sociológicos, que atuam sobre o
problema. "Infelizmente, o termo LER passou a ser utilizado de forma indistinta como
nome de uma doença, porém, este é simplesmente uma denominação de um
mecanismo de lesão e não pode ser utilizado como um diagnóstico", explica a
engenheira Maria Aparecida Frediani Rocha, especialista em Ergonomia e consultora
da Vendrame Consultores Associados.
Por tais razões, estudiosos recomendaram que este termo fosse abandonado e se
passasse a usar o termo DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao
Trabalho, pois numa primeira fase ocorrem os distúrbios, com sintomas como fadiga,
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ERGONOMIA
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peso e dor nos membros e somente depois aparecem as lesões.
Em geral, qualquer trabalhador pode estar sujeito aos DORT. Percebemos que quem
sofre muita pressão psicológica no trabalho está predisposto ao desconforto ou dor
persistente nos músculos, tendões e outras partes do corpo. Com tratamento
adequado, muitas das condições da síndrome são reversíveis , comenta.
Prevenção é o melhor remédio
A ergonomia é a ciência que visa a adaptar as condições de trabalho às
características do trabalhador. As posturas inadequadas, que advém de um posto de
trabalho mal dimensionado, ou que não se ajuste às variações antropométricas de
cada indivíduo, e os movimentos repetitivos são alguns dos fatores que mais
predispõem o aparecimento das LER/DORT. No entanto, não se deve esquecer da
organização do trabalho, que eventualmente pode estar por trás desta patologia. Os
ritmos excessivos, a postura rígida, a ausência de pausas, a pouca liberdade do
trabalhador, além da pressão pelos superiores, são contribuições para o surgimento
das LER/DORT. A título de exemplo, num posto de trabalho com computador, devem
ser observados os seguintes aspectos:
A seguir, veja como regular sua estação de trabalho Cadeira:
1 - A altura ideal deve ser de 48 a 58cm
2 - O encosto deve estar a 110° do assento
3 - A cadeira deve ter apoio para a região lombar e dorsal;
4 - Os pés devem ter contato completo com o chão ou apoiados em suporte específico
5 - As coxas devem ficar paralelas ao piso
6 - O trabalhador deve estar próximo da superfície de trabalho
7 - Os braços devem ficar apoiados
Monitor:
8 - A altura ideal da 1ª linha escrita deve ser de 155cm
9 - A tela deve estar ao nível do horizonte ou levemente abaixo
10 - O trabalhador deve localizar-se bem em frente ao monitor
11 - A iluminação deve ser adequada
12 - Use filtro no caso de brilho excessivo
13 - A distância adequada é de 60 cm entre a pessoa e a tela do computador
Teclado e mouse:
14 - A altura ideal deve ser de 110cm
15 - Eles devem localizar-se próximos e na frente de quem vai usá-lo 16 - Os
cotovelos devem permanecer em ângulo de 90°
17 - Os punhos precisam permanecer retos
Dicas preventivas:
18 - Realize pequenas pausas rápidas em qualquer atividade que se exerça
repetitividade excessiva ou em postura inadequada por tempo prolongado. Intervalos
breves e freqüentes são mais eficazes para a recuperação do que um período de
descanso igual, tomado de uma só vez.
19 - Durante essas pausas faça alguns alongamentos para as áreas de seu corpo que
estiverem executando a tarefa.
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ERGONOMIA
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20 - Cuide para sempre permanecer com uma boa postura, incluindo a adequação do
seu posto de trabalho de acordo com as características físicas e com sua atividade
21 - Não realizar força nem pressão exageradas, repetitivas ou freqüentes em sua
atividade
22 - As LER/DORT são curáveis, principalmente nos primeiros estágios. Portanto,
procure ajuda
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1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.1 – Origem e evolução da ergonomia
1.2 – Conceitos de ergonomia
1.3 – As diferentes abordagens em ergonomia
1.4 – Os diferentes tipos de ergonomia
1.5 – A abordagem sistêmica em ergonomia
1.6 – Aplicações da ergonomia
1.7 – Disciplinas de base da ergonomia
1.1 – Considerações preliminares: trabalho e condições de Trabalho
A primeira definição conhecida de trabalho está escrita nas Sagradas Escrituras em
Gênesis 3: 17b , 19 " Disse, pois, o Senhor Deus ao ser humano: maldita é a terra
por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Do suor do teu
rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; pois és
pó, e ao pó tornarás". Podemos deduzir, então, que o trabalho está relacionado a
noção geral de sofrimento e pena (BIBLIA,1995).
O Dicionário Larousse de Língua Portuguesa (1992), dá as seguintes definições para
trabalho:
palavra derivada do latim tripaluim que significa instrumento de tortura composto de
três paus; sofrimento; esforço; luta;
atividade humana aplicada à produção, à criação ou ao entretenimento;
produto dessa atividade; obra.
atividade profissional regular e remunerada.
exercício de uma atividade profissional; lugar onde essa atividade é exercida.
DAVIES e SHACKLETON (1977), define o trabalho como uma "atividade instrumental
executada por seres humanos, cujo objetivo é preservar e manter a vida, e que é
dirigida para uma alteração planejada de certas caraterísticas do meio-ambiente do
ser humano". Eles referenciam, também, a definição ainda mais ampla dada por
O'TOOLE, que diz que "o trabalho é uma atividade que produz algo de valor para
outras pessoas".
LEPLAT e CUNY (1977), definem condições de trabalho como "o conjunto de fatores
que determinam o comportamento do trabalhador. Estes fatores são, antes de mais
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nada, constituídos pelas exigências impostas ao trabalhador: objetivo com critérios
de avaliação (fabricar determinado tipo de peça com estas ou aquelas tolerâncias),
condições de execução (meios técnicos utilizáveis, ambientes físicos, regulamentos a
observar)".
Por outro lado, MONTMOLLIN (1990), define condições de trabalho como tudo o que
caracteriza uma situação de trabalho e permite ou impede a atividade dos
trabalhadores. Deste modo, distinguem-se as condições:
físicas: características dos instrumentos , máquinas, ambiente do posto de
trabalho(ruído, calor, poeiras, perigos diversos);
temporais: em especial os horários de trabalho;
organizacionais: procedimentos prescritos, ritmos impostos, de um modo geral,
"conteúdo" do trabalho;
as condições subjetivas características do operador: saúde, idade, formação;
e as condições sociais. remuneração, qualificação, vantagens sociais, segurança de
emprego, em certos casos condições de alojamento e de transporte, relações com a
hierarquia, etc.
Segundo SELL (1994b), entende-se por trabalho "tudo o que a pessoa faz para
manter-se e desenvolver-se e para manter e desenvolver a sociedade, dentro de
limites estabelecidos por esta sociedade. E, o conceito de condições de trabalho
inclui tudo que influencia o próprio trabalho, como ambiente, tarefa, posto, meios de
produção, organização do trabalho, as relações entre produção e salário, etc".
A mesma autora explica que boas condições de trabalho significam, em termos
práticos:
meios de produção adequados às pessoas - o que pressupõe o projeto ergonômico
das máquinas, dos equipamentos, dos veículos, das ferramentas, dos dispositivos
auxiliares, usados no sistema de trabalho;
objetos de trabalho, materiais e insumos inócuos às pessoas que com elas entram
em contato;
postos de trabalho ergonomicamente projetados, o que inclui bancadas, assentos,
mesas, a disposição e a alocação de comandos, controles, dispositivos de
informação e ferramentas fixas em bancadas;
controle sobre os fatores ambientais adversos, como por exemplo, iluminação,
ruídos, vibrações, temperaturas altas ou baixas, partículas tóxicas, poeiras, gases,
etc. reduzindo-se o efeito destes sobre as pessoas no sistema de trabalho;
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postos de trabalho, meios de produção, objetos de trabalho sem perigos mecânicos,
físicos, químicos ou outros que representem riscos para as pessoas, isto é, sem
partes móveis expostas, sem ferramentas cortantes acessíveis ao trabalhador, sem
emissão de gases, vapores, poeiras nocivas, etc.
organização do trabalho que garanta a cada pessoa uma tarefa com conteúdo
adequado as suas capacidades físicas, psíquicas, mentais e emocionais, que seja
interessante e motivante;
organização temporal do trabalho (regime de turnos) que permita ao trabalhador
levar uma vida com ritmo sincronizado com seu ritmo circadiano, comprometendo ao
mínimo a sua saúde, bem como o seu convívio familiar e social;
quando necessário, um regime de pausas que possibilitem a recuperação das
funções fisiológicas do trabalhador, para, a longo prazo, não comprometer a sua
saúde;
sistema de remuneração de acordo com a solicitação do trabalhador no seu sistema
de trabalho, considerando-se também sua qualificação profissional;
clima social sem atritos, bom relacionamento com colegas, superiores e subalternos".
SELL (1994b), afirma que com vistas à " melhoria das condições de trabalho, tanto
de forma corretiva - melhorias em sistemas já existentes - quanto de maneira
prospectiva - melhorias nos sistemas de trabalho em fase de concepção e projeto - é
necessário avaliar o trabalho humano existente, por critérios bem definidos, aceitos e
que obedeçam a uma hierarquia de níveis de valoração relacionados com o
trabalhador". Assim:
trabalho deve ser realizável, isto é, as cargas provenientes da tarefa e da situação de
trabalho não podem ultrapassar os limites individuais do trabalhador, como por
exemplo, o alcance dos membros, a velocidade de reação, as capacidades
sensoriais, etc;
trabalho deve ser suportável ou inócuo ao longo do tempo, isto é, o trabalhador deve
pode executar a tarefa durante o tempo necessário, diariamente, e se for o caso,
durante toda uma vida profissional, sem levar danos por isso;
o trabalho deve ser pertinente na sociedade em que é executado;
o trabalho deve trazer satisfação para o trabalhador. È oportuno chamar a atenção
para a possibilidade de uma pseudo-satisfação do trabalhador, simplesmente por ter-
se acostumado à idéia de que seu trabalho (realizável, suportável e pertinente) não
pode ser modificado. A aceitação de um trabalho por parte do indivíduo pode ser
influenciada pela estrutura da tarefa, pelo treinamento, pelo ambiente, pelas relações
interpessoais, etc;
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ERGONOMIA
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o trabalho deve promover o desenvolvimento pessoal do indivíduo, isto é, a pessoa
deve adquirir novas qualificações e não perder suas habilidades, e capacidades na
execução de tarefas monótonas e repetitivas.
A partir dessas considerações gerais sobre trabalho e suas condições de execução,
pode-se evidenciar a origem e o desenvolvimento de uma disciplina, cujo objeto de
estudo é o trabalho humano.
1.2 – Origem e evolução da ergonomia
Historicamente, o termo ergonomia foi utilizado pela primeira, em 1857, pelo polonês
W. JASTRZEBOWSKI, que publicou um "ensaio de ergonomia ou ciência do trabalho
baseada nas leis objetivas da ciência da natureza".
Quase cem anos mais tarde, a ergonomia veio a se desenvolver como uma área de
conhecimento humano, quando, durante a II Guerra Mundial, pela primeira vez,
houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia e as ciências
humanas e biológicas. Fisiólogos, psicólogos, antropólogos, médicos e engenheiros,
trabalharam juntos para resolver os problemas causados pela operação de
equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar
foram tão frutíferos, que foram aproveitados pela indústria, no pós-guerra (DUL e
WEERDMEESTER, 1995).
Em 1949, um engenheiro inglês chamado MURREL, criou na Inglaterra, na
Universidade de Oxford, a primeira sociedade nacional de ergonomia, a Ergonomics
Research Society. Em 1959, foi organizada a Associação Internacional de
Ergonomia, em Estocolmo.
Em 1959, a recomendação n0 112, da OIT - Organização Internacional do Trabalho,
dedica-se aos serviços de saúde ocupacional, definidos como serviços médicos
instalados em um local de trabalho ou suas proximidades, com as seguintes
finalidades :
proteger o trabalhador contra qualquer risco à sua saúde e que decorra do trabalho
ou das condições em que ele é cumprido;
concorrer para o ajustamento físico e mental do trabalhador a suas atividades na
empresa, através da adaptação do trabalho ao ser humano e pela colocação deste
em setor que atenda às suas aptidões;
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contribuir para o estabelecimento e manutenção do mais alto grau possível de bem-
estar físico e mental dos trabalhadores ( SAAD, 1993).
Nessa conceituação de serviços de saúde ocupacional, verifica-se a presença do
conceito de ergonomia : adaptação do trabalho ao ser humano.
Em 1960, a OIT define ergonomia como sendo a "aplicação das ciências biológicas
conjuntamente com as ciências da engenharia para lograr o ótimo ajustamento do
ser humano ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar" (
MIRANDA,1980).
Atualmente, vários países estão desenvolvendo estudos e pesquisa nesta área de
conhecimento, dentre eles podemos destacar: USA, Inglaterra, França, Bélgica,
Holanda, Alemanha e Países Escandinavos.
No caso do Brasil, apesar de relativamente recente, a ergonomia está-se
desenvolvendo rapidamente no meio acadêmico. De fato, em 31 de agosto de 1983
foi criada no país a Associação Brasileira de Ergonomia. Em 1989, foi implantado no
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal
de Santa Catarina, o primeiro mestrado na área do país.
É importante salientar que no Brasil, o Ministério do Trabalho e Previdência Social
instituiu a Portaria n. 3.751 em 23/11/90 que baixou a Norma Regulamentadora -
NR17, que trata especificamente da ergonomia. "Esta norma visa estabelecer
parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente". Com esta norma começa-se a despertar o
interesse pela ergonomia no meio empresarial brasileiro.
Da mesma forma, nos USA, o uso corrente da ergonomia no meio empresarial só
aconteceu, de fato, a partir de 1970, quando a Agência de Segurança e Saúde
Ocupacional daquele país - Occupational Health and Safety Agency (OSHA), criou
regulamentos exigindo das empresas um ambiente livre de acidentes, saudável e
seguro.
A partir de então, a ergonomia tem evoluído de forma significativa e, atualmente,
pode ser considerada como um estudo científico interdisciplinar do ser humano e da
sua relação com o ambiente de trabalho, estendendo-se aos ambientes
informatizados e seu entorno, incluindo usuários e tarefas.
O desenvolvimento atual da ergonomia pode ser caracterizado, então, segundo
quatro níveis de exigências:
as exigências tecnológicas: relativas ao aparecimento de novas técnicas de produção
que impõem novas formas de organização do trabalho;
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as exigências organizacionais: relativas a uma gestão mais participativa, trabalho em
times e produção enxuta em células que impõem uma maior capacitação e
polivalência profissional;
as exigências econômicas: relativas a qualidade e ao custo da produção que impõem
novas condicionantes às atividades de trabalho, como zero defeito, zero desperdício,
zero estoque, etc;
as exigências sociais: relativas a melhoria das condições de trabalho e, também, do
meio ambiente.
Segundo SADD (1981), os estudos ergonômicos tiveram um aprofundamento ainda
maior com o início dos programas espaciais e de segurança de veículos
automotores, devido a severas solicitações:
impostas ao organismo humano dos astronautas em seu ambiente de trabalho, ou
seja, nas cápsulas espaciais e em locais extraterrenos;
impostas aos usuários de veículos, em caso de acidentes, bem como a segurança
ativa que estes veículos devem proporcionar para evitar acidentes.
Segundo THIBODEAU (1995), "a ergonomia contribui no projeto e modificação os
ambientes de trabalho maximizando a produção, enquanto aponta as melhores
condições de saúde e bem estar para os que atuam nesses ambientes". Essa
abordagem deve ainda segundo o autor ser "holística e interdisciplinar", exigindo
conhecimento do trabalho/tarefa, do trabalhador/usuário, do ambiente e da
organização.
Dix e outros (1993), afirmam que "esse fim de século foi caracterizado pelo
surgimento de profissionais trabalhando na combinação de ferramentas e máquinas
para indivíduos, suas tarefas e suas aspirações sociais. A engenharia industrial,
fatores humanos (human factors), ergonomia e os sistemas ser humano-máquina são
denominações de especialidades profissionais que atuam nessa área. Mais
recentemente, a especialidade denominada interação ser humano-computador
emergiu como outra especialidade, refletindo as transformações em versões de
computadores digitais interativos e a disseminação e popularização de computadores
pessoais".
Esses enfoques que mostram a natureza dinâmica e os limites tênues entre estas
áreas multidisciplinares afins, não podem ser considerados definitivos e fechados. A
evolução da ergonomia e áreas relacionadas afins, que tem motivado estudos por
parte dos diversos grupos de pesquisa, repercute-se nas abordagens teóricas, nas
técnicas, na terminologia e nas discussões na literatura, enfatizando a importância
dessas áreas emergentes. Além disso, a ergonomia é direcionada a atividades
específicas e caracterizadas por constantes modificações e inovações, como é o
caso das tecnologias relacionadas à gestão de sistemas de informação e de
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ERGONOMIA
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conhecimento.
1.3 – Conceitos de Ergonomia
O termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos
(regras). De fato, na Grécia antiga o trabalho tinha um duplo sentido: ponos que
designava o trabalho escravo de sofrimento e sem nenhuma criatividade e, ergon
que designava o trabalho arte de criação, satisfação e motivação. Tal é o objetivo da
ergonomia, transformar o trabalho ponos em trabalho ergon.
Numa publicação da Organização Mundial da Saúde - OMS, W.T. SINGLETON
(1972), definiu ergonomia como "uma tecnologia da concepção do trabalho baseada
nas ciências da biologia humana".
Para A. WISNER (1987), a "ergonomia constitui o conjunto de conhecimentos
científicos relativos ao ser humano e necessários para a concepção de ferramentas,
máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto,
segurança e eficácia".
A ergonomia é definida por A. LAVILLE (1977) como "o conjunto de conhecimentos a
respeito do desempenho do ser humano em atividade, afim de aplicá-los á
concepção de tarefas, dos instrumentos, das máquinas e dos sistemas de produção".
Distingue-se, habitualmente, segundo este autor, dois tipos de ergonomia: ergonomia
de correção e ergonomia de concepção. A primeira procura melhorar as condições
de trabalho existentes e é, freqüentemente, parcial e de eficácia limitada. A Segunda,
ao contrário, tende a introduzir os conhecimentos sobre o ser humano desde o
projeto do posto, do instrumento, da máquina ou dos sistemas de produção.
De acordo com HENDRICK (1994), a ergonomia, em termos de sua tecnologia
singular, pode ser definida como "o desenvolvimento e aplicação da tecnologia de
interface do sistema ser humano-máquina. Ao nível micro, isso inclui a tecnologia de
interface ser humano-máquina, ou ergonomia de hardware; tecnologia de interface
ser humano-ambiente, ou ergonomia ambiental, e tecnologia de interface usuário-
sistema, ou ergonomia de software (também relatada como ergonomia cognitiva
porque trata como as pessoas conceitualizam e processam a informação). Num nível
macro temos a tecnologia de interface organizacão-máquina, ou macroergonomia,
que tem sido definida como uma abordagem top-dow do sistema sócio-técnico".
IIDA (1993) define a ergonomia como "o estudo da adaptação do trabalho ao ser
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ERGONOMIA
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humano". Neste contexto, o autor alerta para a importância de se considerar além
das máquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais, também toda
a situação em que ocorre o relacionamento entre o ser humano e o seu trabalho, ou
seja, não apenas o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de
como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados
desejados.
A Ergonomics Research Society do Reino Unido, define ergonomia como "o estudo
do relacionamento entre o ser humano o seu trabalho, equipamento e ambiente, e
particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia,
na solução de problemas surgidos neste relacionamento".
A International Ergonomics Association (IEA), define ergonomia como "o estudo
científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e espaços de trabalho.
Seu objetivo é elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas
que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de
aplicação, deve resultar em uma melhor adaptação ao homem dos meios
tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida".
E, finalmente, a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), define ergonomia
como o estudo da adaptação do trabalho às características fisiológicas e psicológicas
do ser humano".
Para WISNER (1987), a ergonomia se baseia, essencialmente, em conhecimentos
no campo das ciências do ser humano (antropometria, fisiologia, psicologia, uma
pequena parte da sociologia), mas constitui uma parte da arte do engenheiro, à
medida que seu resultado se traduz no dispositivo técnico. O mesmo autor coloca
que, embora os contornos da prática ergonômica variem entre países e até entre
grupos de pesquisa, quatro aspectos são constantes, quais sejam:
a utilização de dados científicos sobre o ser humano;
a origem multidisciplinar desses dados;
a aplicação sobre o dispositivo técnico e, de modo complementar, sobre a
organização do trabalho e a formação;
a perspectiva do uso destes dispositivos técnicos pela população normal dos
trabalhadores disponíveis, por suas capacidades e limites, sem implicar a ênfase
numa rigorosa seleção.
Segundo SANTOS e ZAMBERLAN (1992), a "ergonomia tem como finalidade
conceber e/ou transformar o trabalho de maneira a manter a integridade da saúde
dos operadores e atingir objetivos econômicos. Os ergonomistas são profissionais
que têm conhecimento sobre o funcionamento humano e estão prontos a atuar nos
processos projetuais de situações de trabalho, interagindo na definição da
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ERGONOMIA
34. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
organização do trabalho, nas modalidades de seleção e treinamento, na definição do
mobiliário e ambiente físico de trabalho".
Conforme MINICUCCI (1992), a "ergonomia reúne conhecimentos relativos ao ser
humano e necessários á concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que
possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência ao
trabalhador. A mesma trabalha essencialmente com duas ciências : a Psicologia e a
Fisiologia, buscando também auxílio na Antropologia e na Sociologia".
A ergonomia, entre outros assuntos, procura estudar:
as características materiais do trabalho, como o peso dos instrumentos, a resistência
dos comandos, a dimensão do posto de trabalho;
o meio ambiente físico (o ruído, iluminação, vibrações, ambiente térmico);
a duração da tarefa, os horários, as pausas no trabalho;
o modelo de treinamento e aprendizagem.
as lideranças e ordens dadas.
Além disso, a ergonomia procura realizar diversos tipos de análises:
análises das atividades físicas e cognitivas de trabalho;
análise das informações;
análise do processo de tratamento das informações.
Ela foge da linguagem simples das aptidões que define apenas as qualidades
exigidas do operador para a execução do trabalho, procurando informações mais
amplas a respeito das condições materiais necessárias para executá-lo. Leva em
conta termos como: esforço, julgamento, atenção, concentração, percepção,
motivação que o psicólogo, ás vezes, não leva em consideração, orientando-se
apenas no sentido da seleção.
Uma ampla definição é dada por VIDAL et al. (1993), segundo a qual a "ergonomia
tem como objeto teórico a atividade de trabalho, como disciplinas fundamentais a
fisiologia do trabalho, a antropologia cognitiva e a psicologia dinâmica, como
fundamento metodológico a análise do trabalho, como programa tecnológico a
concepção dos componentes materiais, lógicos e organizacionais de situações de
trabalho adequadas às pessoas e aos coletivos de trabalho. Tem ainda como meta
de base a discussão e interpretação sobre as interações entre ergonomistas e os
demais atores sociais envolvidos na produção e no processo de concepção,
buscando entender o lugar do ergonomista nestas ações, assim como formar seus
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ERGONOMIA
35. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
[EEEP]
princípios deontológicos".
Para o Instituto de Ergonomia da General Motors - Espanha, a ergonomia é definida
"como uma metodologia multidisplinar que tem como objetivo a adaptação da técnica
e as tarefas ao ser humano. Desta adaptação, ha de derivar-se em um menor risco
no trabalho, maior conforto no posto de trabalho, assim como um enriquecimento dos
conteúdos dos mesmos. Todos estos aspetos são compatíveis com uma melhor
produtividade, através , entre outros, da otimização dos esforços e movimento no
desenvolvimento das tarefas, de uma diminuição da probabilidade de errores, da
melhora das condições de trabalho".
Pode-se constatar, em todos os conceitos formulados, que a ergonomia está
preocupada com os aspectos humanos do trabalho, em qualquer situação onde este
é realizado e, desta maneira, ela busca não apenas evitar aos trabalhadores postos
de trabalhos fatigantes e/ou perigosos, mas procura colocá-los nas melhores
condições de trabalho possíveis, de forma a aumentar a eficácia do sistema de
produção.
A ergonomia tem sua base centrada no ser humano e esta antropocentricidade pode
resgatar o respeito ao ser humano no trabalho, de forma a se alcançar não apenas o
aumento da produtividade, mas sobretudo uma melhor qualidade de vida no trabalho.
1.4 – As diferentes abordagens em ergonomia
MARCELIN e FERREIRA (1982), comentam que a maioria dos conhecimentos
utilizados pela ergonomia não são próprios dela, mas "emprestados" de outras
disciplinas, particularmente da fisiologia e da psicologia do trabalho. A organização e
a utilização desses conhecimentos. em uma determinada situação de trabalho, ou
seja, a metodologia empregada, esta sim, é própria da ergonomia. A. WISNER (op.
cit.), considera mesmo, ser a metodologia o domínio preferencial das pesquisas em
ergonomia.
Uma das metodologias mais utilizadas na atualidade, em especial nas escolas de
linha francesa, é a de Análise Ergonômica do Trabalho - AET, que procura estudar o
trabalho não só na sua dimensão explícita (tarefa), conforme definido pela
engenharia de métodos, mas, sobretudo, na sua dimensão implícita (atividades),
característica do conhecimento tácito do pessoal de nível operacional.
A prática da ergonomia, segundo SANTOS e FIALHO (1995), "consiste em emitir
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ERGONOMIA
36. Escola Estadual de Educação Profissional Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
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juízos de valor sobre o desempenho global de determinados sistemas ser
humano(s)-tarefa(s). Como tais sistemas normalmente são complexos, envolvendo
expectativas relativamente numerosas, procura-se facilitar a avaliação sobre o
desempenho global apoiando-se no princípio da análise/síntese".
Atualmente, dentro da ergonomia estuda-se também a macroergonomia, que surgiu
a partir dos estudos de HENDRICK (1994). Segundo este autor, a ergonomia está na
sua terceira geração:
A primeira geração concentrou-se no projeto de trabalhos específicos, interfaces ser
humano-máquinas, incluindo controles, painéis, arranjo do espaço e ambientes de
trabalho. A maioria das pesquisas referia-se à antropometria e a outras
características físicas do ser humano. Esta aplicação continua a ser um aspecto
extremamente importante para a prática da ergonomia em termos de contribuições
para a segurança industrial e para a melhoria geral da qualidade de vida.
A segunda geração da ergonomia se inicia com à ênfase na natureza cognitiva do
trabalho. Tal ocorreu em função das inovações tecnológicas e, em particular, do
desenvolvimento de sistemas informatizados (ergonomia de software).
A terceira geração da ergonomia resulta do aumento progressivo da automação de
sistemas em fábricas e escritórios, do surgimento da robótica. Esta geração da
ergonomia privilegia a macroergonomia ou seja a organização global em termos de
máquina/sistema, e se concentra no desenvolvimento para auxiliar os controladores
de processo a decidir sobre a adoção de cursos de ação que atendam aos múltiplos
objetivos do mesmo.
Segundo MESHKATI (1993), a macroergonomia consiste na "análise das interfaces
tecnologia-organização-ser humano e das interações cultura-gerenciamento-
tecnologia", ou "o estudo dos fatores humanos num nível macro ou num sistema
pessoas-tecnologia mais abrangente, que está relacionado com as interações entre
(sub-) sistemas tecnológicos e (sub-) sistemas organizacionais, gerenciais, pessoais
e culturais".
Para BROWN JR (1990), "a macroergonomia entende as organizações como
sistemas sócio-técnicos e incorpora conceitos e procedimentos da teoria dos
sistemas sócio-técnicos ao campo da ergonomia".
A macroergonomia, portanto, entendendo as organizações como sistemas abertos,
em permanente interação com o ambiente e, evidentemente, passando por
processos de adaptação e, ao mesmo tempo, passíveis de apresentar disfunções
organizacionais, que se refletem nas suas performances e muito particularmente, no
subsistema social, através da metodologia própria da ergonomia - a análise
ergonômica do trabalho - desenvolve a análise do trabalho, e promove o tratamento
da interface MÁQUINA - SER HUMANO - ORGANIZAÇÃO.
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ERGONOMIA
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Da mesma forma, WISNER (1982), propõe uma abordagem mais ampla da
ergonomia, designada antropotecnologia, quando do processo de transferência de
tecnologia, de um país para outro, de uma região para outra de um mesmo país, ou
também, de um laboratório de pesquisa para o setor empresarial. Segundo este
autor, além das considerações ergonômicas tradicionais, é necessário, também,
levar em consideração os aspectos de natureza contingencial: cultura, geografia,
aspectos sócio-econômicos, clima, etc.
Em sua evolução conceitual, verifica-se que a ergonomia, hoje, se constitui numa
ferramenta de gestão empresarial. De nada adianta a certificação de qualidade de
processos e produtos, se não se consegue certificar sentimentos, crenças, hábitos,
costumes, isto é, certificar o ser humano. Uma das formas de compatibilizar os
sistemas técnico e social, é evidentemente, o que preceitua a ergonomia : a visão
antropocêntrica.
O centro das atenções no ser humano, isto é, a antropocentricidade da ergonomia,
favorece não só mudanças organizacionais, como também alavanca mudanças no
conceito de produtividade, este sendo visto à partir da qualidade de vida no trabalho,
observando, dentre outros parâmetros : a participação do trabalhador, a liberdade
para a criação e a valorização do saber fazer, isto é, do conhecimento tácito.
Neste sentido, então, pode-se classificar a ergonomia de três maneiras:
Quanto a abrangência:
Ergonomia de Posto de Trabalho: abordagem microergonômica;
Ergonomia de Sistemas de Produção: abordagem macroergonômica.
Quanto a contribuição:
Ergonomia de Concepção: é a aplicação de normas e especificações ergonômicas
em projeto de ferramentas e postos de trabalho, antes de sua implantação;
Ergonomia de Correção: é a modificações de situações de trabalho já existentes.
Portanto, o estudo ergonômico só é feito após a implantação do posto de trabalho;
Ergonomia de Arranjo Físico: é a melhoria de sequências e fluxos de produção,
através da mudança de leiaute das plantas industriais (por exemplo: mudança de um
leiaute por processo para um leiaute por produto);
Ergonomia de Conscientização: é a capacitação das pessoas nos métodos e
técnicas de análise ergonômica do trabalho.
Quanto a interdisciplinaridade:
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ERGONOMIA
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Engenharia: é o projeto e a produção ergonomicamente corretos, garantindo a
segurança, a saúde e a eficácia do ser humano no trabalho;
Design: é a aplicação das normas e especificações ergonômicas no projeto e design
de produtos;
Psicologia: recrutamento, treinamento e motivação do pessoal;
Medicina e Enfermagem do Trabalho: é a prevenção de acidentes e de doenças do
trabalho;
Administração: gestão de recursos humanos, projetos e mudanças organizacionais.
1.5 – Os diferentes tipos de ergonomia
Na aplicação prática, várias têm sido as designações dadas a ergonomia. Sem
procurar estabelecer uma tipologia ergonômica, apresentaremos a seguir uma
categorização definida a partir das diferentes designações encontradas na literatura:
Ergonomia de projeto: é a incorporação de recomendações ergonômicas no estágio
inicial do projeto de postos de trabalho;
Ergonomia industrial: é a correção ergonômica de situações de trabalho industrial já
implantadas;
Ergonomia do produto: é a concepção de um determinado objeto, a partir das normas
e especificações ergonômicas, definidas preliminarmente.
Ergonomia da produção: é a ergonomia de chão de fábrica, baseada na análise
ergonômica dos diversos postos de trabalho.
Ergonomia de laboratório: é a pesquisa em ergonomia, realizada em condições
controladas de laboratório. Alguns autores, como MONTMOLLIN, afirmam que não
se trata verdadeiramente de uma pesquisa ergonômica, pois ela não é realizada em
situação real de trabalho.
Ergonomia de campo: é a pesquisa em ergonomia, realizada em situação real,
utilizando-se como metodologia a análise ergonômica do trabalho.
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1.6 – A abordagem sistêmica em ergonomia
1.6.1 – Teoria de sistemas
A teoria de sistemas foi elaborada pelo biólogo alemão LUDWIG VON BERTALANFFY,
no final da década de 40. Ela partia de três premissas básicas:
os sistemas existem dentro de outros sistemas;
os sistemas são abertos;
as funções de um sistema dependem de sua estrutura.
A partir destas premissas, foram estabelecidos os pressupostos básicos desta teoria:
existe uma nítida tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais;
essa integração parece orientar-se no sentido de uma teoria de sistemas;
essa teoria de sistemas pode ser uma abordagem mais abrangente de estudar os
campos não-físicos do conhecimento científico;
essa teoria de sistemas aproxima-nos do objetivo da unidade científica;
Os pressupostos anteriores podem promover a necessária integração na educação
científica.
1.6.2 – Alguns conceitos fundamentais da teoria de sistema
1) Cibernética:
Cibernética é a ciência da comunicação e do controle, seja dos seres vivos naturais
(homem), seja dos seres artificiais (máquina). A comunicação configura a interação
existente entre o emissor e o receptor, enquanto que o controle configura a
regulação existente, isto é, a retroação. Segundo BERTALANFFY (1975), "cibernética
é uma teoria dos sistemas de controle baseada na comunicação (transferência de
informação) entre o sistema e o meio ambiente, e dentro do próprio sistema, e do
controle (retroação) da função dos sistemas com respeito ao ambiente". O campo de
estudo da cibernética são os sistemas.
2) Conceito de Sistema:
BERTALANFFY (ibidem) define "sistema como um conjunto de unidades
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ERGONOMIA
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reciprocamente relacionadas". Desta definição decorrem dois conceitos:
Objetivo do sistema: as unidades, bem como os relacionamentos, definem um arranjo
que visa sempre um objetivo.
Globalidade do sistema: o sistema sempre reagirá globalmente a qualquer estímulo
produzido em quaisquer das suas unidades. Isto é, há uma relação de causa-efeito
entre as diferentes partes de um sistema.
A definição de um sistema depende da focalização à ele dada, pelo sujeito que
pretenda analisá-lo. Uma determinada situação de trabalho pode ser:
um sistema;
um sub-sistema;
um super-sistema.
Pode-se definir, então, sistema como um conjunto de componentes (partes ou órgãos
do sistema), dinamicamente interrelacionados entre si em uma rede de comunicações
(em decorrência da interação dos diversos componentes), formando uma atividade
(comportamento ou processamento do sistema), para atingir um determinado
objetivo (finalidade do sistema), agindo sobre sinais, energias e materiais (insumos
ou entradas a serem processadas pelo sistema), para fornecer informações, energias
ou produtos (saídas do sistema).
3) Conceito de Entrada (input):
Entrada é o que o sistema importa do meio ambiente para ser processado. Podem
ser:
dados: permitem planejar e programar o comportamento do sistema;
energias de entrada: permitem movimentar e dinamizar o sistema;
materiais: são os recursos a serem utilizados pelo sistema para produzir a saída.
4) Conceito de Saída (output):
Saída é o resultado final do processamento de um sistema. Podem ser:
informações: são os dados tratados pelo sistema;
energias de saída: é a energia processada pelo sistema;
produtos: são os objetivos do sistema (bens, serviços, lucros, resíduos,...)
5) Conceito de caixa-preta (black box):
Um sistema cujo interior não pode ser desvendado é denominado de caixa preta.
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Esses sistemas podem ser:
hipercomplexos;
impenetráveis.
6) Conceito de Retroação (feedback):
A retroação é um mecanismo de comunicação entre a saída e a entrada do sistema.
As principais funções da retroação são:
controlar a saída do sistema;
manter o equilíbrio do sistema;
manter a sobrevivência do sistema.
7) Conceito de Homeostasia:
A homeostasia, ou homeostase, é a capacidade que têm os sistemas de manterem
um equilíbrio dinâmico, entre suas diversas componentes ou partes, por intermédio
do mecanismo de retroação (auto-controle ou auto-regulação). Os sistemas
homeostáticos tendem ao progresso, ao desenvolvimento.
8) Conceito de Redundância:
A redundância é a quantidade de informação excedente, correspondente aos sinais,
cuja ocorrência pode ser prevista a partir de outros sinais.
9) Conceito de Entropia:
O conceito de entropia vem da segunda lei da termodinâmica, segundo a qual "um
sistema termodinâmico que não troca energias com o meio ambiente externo tende a
entropia, isto é, tende à degradação, à desintegração e, enfim, ao desaparecimento".
10) Conceito de Informática:
A informática é a parte da cibernética que permite o tratamento racional e
sistemático da informação por meios totalmente automáticos.
11) Conceito de Sistema Total:
O sistema total é aquele representado por todas as unidades e relações necessárias e
suficientes para alcançar um determinado objetivo pré-fixado. O objetivo de um
sistema total define a realidade para a qual foram ordenadas todas as unidades e
relações do sistema, enquanto as suas restrições são as limitações introduzidas em
sua operação, definindo assim as fronteiras do sistema e as condições dentro das
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quais o mesmo irá operar. Os sistemas podem operar, simultaneamente, em série ou
em paralelo. Os sistemas existem em um meio ambiente e são por ele condicionados.
12) Conceito de Meio Ambiente:
Meio ambiente é o conjunto de todos os objetivos que, dentro de um limite
específico, possam ter alguma influência sobre a operação do sistema. As fronteiras
de um sistema são as condições ambientais dentro das quais o sistema deve operar.
1.6.3 – Teoria da Informação:
A teoria da informação (segundo C. SHANNON & W. WEAVER, 1949) é uma teoria
estatística que permite medir a quantidade de informação emitida (ou recebida) por
uma fonte.
A unidade de quantificação da informação é o BIT, que corresponde a quantidade de
informação transmitida por uma fonte, cuja probabilidade de emissão é 1/2.
Por convenção, os cálculos são efetuados no sistema logarítmico de base 2.
Quando todos os sinais emitidos por uma fonte são independentes, uns dos outros, a
entropia desse sistema (o valor médio da informação emitida) é dada pela relação:
H=- p log 2 p
Onde: p é a probabilidade de ocorrência dos sinais emitidos pela fonte.
Se todos os sinais são equiprováveis, a entropia é máxima e igual a log2 n
Onde: n é o número de sinais.
Para SHANON (ibidem), a informação é emitida por uma fonte sob a forma
de mensagens que, para serem transmitidas, são codificadas por um
emissor, que transforma essas mensagens em sinais. A transmissão é
assegurada pela via de comunicação (canal) até o receptor que decodifica
os sinais a fim de torná-los utilizáveis pelo destino. Toda a degradação da
informação durante a comunicação é devida aos efeitos de ruído ou
interferência.
1.6.4 – Classificação dos Sistemas:
Os sistemas podem ser classificados segundo a sua contribuição e segundo
a sua natureza.
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