1) O documento apresenta o plano de disciplina de Epidemiologia e Toxicologia para o curso técnico em Segurança do Trabalho. 2) A disciplina aborda temas como epidemiologia, agentes patogênicos, legislação sanitária, princípios de toxicologia e substâncias tóxicas. 3) O objetivo é que os alunos aprendam a aplicar conceitos da área para identificar riscos e melhorar a saúde e segurança no ambiente de trabalho.
1. Escola Estadual de
Educação Profissional - EEEP
Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Curso Segurança do Trabalho
Epidemiologia a Toxicologia
2.
3. Governador
Cid Ferreira Gomes
Vice Governador
Francisco José Pinheiro
Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia
Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Cristiane Carvalho Holanda
Coordenadora de Desenvolvimento da Escola
Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Andrea Rocha Araujo
4.
5. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO - SEDUC
EMENTA DISCIPLINA EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA EDUCADOR(A): JÚLIO CÉSAR
SEMESTRE:
CURSO: TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO DATA: 13/04/2009 C.H.: 40 horas
III
COMPETÊNCIAS HABILIDADES BASES TECNOLÓGICAS
1 - Epidemiologia: definições, conceitos, princípios e
propósitos;
1 - Utilizar os 1 - Aplicar os
conhecimentos conhecimentos 2 - Saúde: Definição saúde-doença, agentes
de Epidemiologia e no âmbito do trabalho; patogênicos, hospedeiros, portadores e meio-
toxicologia ambiente, portadores, vias de transmissão,
nas empresas; princípios de infecção e virulência dos agentes;
2 - Interpretar as 3 - Metodologia Epidemiológica: Fase descritiva,
2 - Conhecer os legislações coleta de dados, fase analítica, medidas de
conceitos básicos e Referentes a área; mortalidade, medidas de morbidade;
específicos da área;
4 - Vigilância Sanitária e Legislação: Estudo da
3 - Desenvolver boas Legislação Brasileira para Alimentos;
3 - Compreender as fases práticas
Epidemiológicas; de higiene e sanificação; 5 – Boas práticas de Higiene e Sanificação,
detergentes e sanificantes utilizados em indústrias;
6 – Princípios de Toxicologia, conceito de dose,
dose letal, dose letal 50%, teratogenia e
carcinogênese, toxicodinâmica;
7 – Metais contaminantes em alimentos e aditivos;
8 – Substâncias tóxicas em vegetais superiores,
peixes e frutos do mar;
9 – Toxicidade e mecanismos de ação.
Técnico em Segurança do Trabalho 1
EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
6. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Definições, histórico, conceitos, princípios...
EPIDEMIOLOGIA
Baseado nos estudos das professoras:
Faculdade de Medicina da UFMG
História da Epidemiologia
Contribuições da epidemiologia
Circunstâncias atuais ou do passado (Determinantes ambientais, biológicos,
culturais, demográficos, socioeconômicos) terão conseqüências no futuro.
Prevenção, Vigilância e Controle dos Eventos Relacionados a Saúde nas
populações.
Contribui para o acúmulo do conhecimento ao longo do tempo
Formula e sugere hipóteses
Submete estas hipóteses a testes e refutação
Aspectos Históricos
•DEFINIÇÃO : Campo do conhecimento da Saúde Coletiva/Saúde Pública
•Disciplina básica, para o entendimento do processo saúde-evento relacionado à
saúde nas populações e nos indivíduos
•Ciência que estuda a ocorrência dos eventos relacionados a saúde, e seus
determinantes, nas populações.
•Doenças/eventos não ocorrem ao acaso.
Origem do termo Epidemiologia
•Hipócrates usou a palavra "epidemion", para distinguir doenças que "visitam",
episódicas, daquelas "endemion"
•"Ares, águas e locais"
Técnico em Segurança do Trabalho 2
EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
7. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
•"... aquele que deseje compreender a ciência médica, deve considerar os efeitos
das estações do ano, as águas e suas origens, o modo de vida das populações..."
Século XVII e XVIII
•A Epidemiologia, ainda não estabelecida enquanto corpo do conhecimento, mas sim
práticas discursivas sobre a dimensão coletiva das doenças
•Saúde Pública e Desigualdades das Taxas de Mortalidade
•JohnGraunt: “Natural andpolitical observations made upon the BillsofMortality”
(1662)
•maior mortalidade em homens
•maior número de nascimentos de crianças do sexo feminino
O início do Século XIX
•O Paradigma dominante era a Teoria Miasmática: as doenças são causadas por
emanações, originando-se do solo, água e ar, resultando em aumento da morbidade
e mortalidade
•Gripe, Cólera, Febre Amarela ocorrendo em forma epidêmica com grande
velocidade e dispersão geográfica: os miasmas
•Operacionalização da estratégia preventiva: Engenharia sanitária, com enorme
impacto, mas “reducionista”, no sentido de abranger apenas um Nível de
Complexidade e Organização.
O fim do Século XIX
•I Conferência Sanitária Internacional, 1851: teoria miasmática e o confronto com
ocontagionismo. Inglaterra vsEspanha e barreiras industriais.
•Neste cenário consolida-se a teoria da unicausalidade -para cada doença um
agente específico -Paradigma do Contagionismo
•Pouca atenção as doenças não infecciosas
•Estratégias de prevenção: quarentena, controle dos animais e extermínio de ratos.
Século XX
•Transição, da epidemiologia de doenças infecciosas para epidemiologia das doenças
crônicas, ocupacionais, avaliação de serviços de saúde
Técnico em Segurança do Trabalho 3
EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
8. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
•Novos problemas de Saúde Pública nos Países Desenvolvidos após a II Guerra
Mundial: Úlcera péptica, Doenças Cardiovasculares, e Câncer de Pulmão
•Desenvolvimento de Metodologias para Estudos Epidemiológicos Observacionais,
Prospectivos e Caso-controle (Caso-comparação)e Análises Multivariadas.
•O modelo de CAUSA ÚNICA, advindo do paradigma do contagionismonão é mais
adequado, daí resultando um novo conceito e teoriamulticausal, a “teia de
causalidade”, na qual diversos “fatores de risco” ou características individuais,
comportamentais, e “estilos de vida” presumivelmente interagem independentemente
para a causa das doenças.
Os novos questionamentos
•CAUSA é algo que resulta em mudança
•Em Epidemiologia, CAUSA incluí todos os determinantes de eventos/doenças, isto
é: Intervenções, características das pessoa, tempo e lugar, etc...
•Qualquer desenho de estudo isola em determinado momento ou período, a
estrutura demográfica de uma população de base, de modo a demonstrar os
determinantes e eventos em estudo.
Epidemiologia Moderna
•Epidemiologistas foram confrontados com doenças com longos períodos de latência,
causas múltiplas, e aparentemente de natureza não infecciosa
•O desenvolvimento da doença é um fenômeno biológico individual. Entretanto, é
possível que certos determinantes não são capazes de operacionalizar (o processo
causal) somente e inteiramente, ao nível individual”.
•O CONTEXTO (e as variáveis de grupo) são Unidades de Análise tão legítimas
quanto o INDIVÍDUO (e as variáveis individuais).
Macro -Organização Repressão social, epidemiologia Social legal e policial ao uso
de injetáveis.
Exclusão social Indivíduo Comportamentos Empobrecimento, e exposições
prostituição, reutilização, compartilhamento de seringas, “shooting -galleries”=
exposição ao HIV.
Micro -Biologia Diminuição de células T (CD4) epidemiologia Molecular Evento AIDS
Relacionado à saúde
Níveis de organização (SusserM.)
Bibliografia
•Rouquayrol, M. Z.; Almeida Filho, N., 1999. Epidemiologia e Saúde. Rio de Janeiro: EditoraMedsi
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EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
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ETMOLOGICAMENTE: EP I=SOBRE
DEMOS = POPULAÇÃO
LOGOS = TRATADO
Epidemiologia é portanto, o estudo de alguma coisa que aflige (afeta) a
população.
- epidemiologia clássica: fatores de risco - prevenir e retardar a mortalidade
- epidemiologia clínica: melhoria do diagnóstico e tratamento, bem como o
prognóstico de pacientes doentes
Maneiras como os estudos científicos de doenças podem ser abordados:
1) nível submolecular ou molecular (biologia celular, bioquímica e imunologia)
2) nível dos tecidos e órgãos (anatomia patológica)
3) nível individual dos pacientes(clínica)
4) nível de populações (epidemiologia)
“A epidemiologia é o campo da ciência médica preocupada com o inter-
relacionamento de vários fatores e condições que determinam a freqüência e a
distribuição de um processo infeccioso, uma doença ou um estado fisiológico em
uma comunidade humana” (1951)
“Ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a
distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a saúde”
(1978)
“Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas,
analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à
saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de
prevenção, controle, ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que
sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde”
(Rouquayrol, 1999)
Descrever as condições de saúde da população
Investigar os fatores determinantes da situação de saúde
Avaliar o impacto das ações para alterar a situação de saúde
Comparar: uma obsessão fundamental da epidemiologia
A epidemiologia se estrutura no conceito de RISCO.
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EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
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RISCO: é o grau de probabilidade dos membros de uma população
desenvolverem uma determinada doença ou evento relacionado à saúde, em um
período de tempo.
Indicadores que medem o risco de adoecer: incidência e prevalência
Indicadores que medem o risco de morrer: coeficientes e taxas de mortalidade.
População de risco: pessoas que correm o risco de desenvolver uma doença
ou agravo à saúde.
Cálculo do risco
Risco absoluto (ou taxa de incidência): mostra quantos casos novos da doença
aparecem no grupo, em um dado período. Ex:
- 15 óbitos anuais por coronariopatias por mil adultos com colesterol sérico
elevado
- 5 casos de coronariopatias por mil adultos com colesterol sérico baixo
Risco relativo: informa quantas vezes o risco é maior em um grupo, quando
comparado a outro. É a razão entre duas taxas de incidências. Exemplo: RR=15/5 =
3
Interpretação: risco 3 vezes maior de mortalidade por coronariopatia entre os que
têm colesterol sérico elevado, quando comparado aos que tem colesterol sérico
baixo
Risco atribuível (à exposição): indica a diferença de incidência entre dois grupo
(ou seja, entre duas taxas de incidência)
Exemplo: RA=15-5= 10 óbitos anuais por coronariopatia por 1000 adultos com
colesterol sérico elevado .
Interpretação: são os óbitos em excesso, atribuídos a presença de colesterol
sérico elevado, nas pessoas integrantes no grupo considerado
Todos os achados devem se referir à população
2. As doenças ou problemas de saúde não ocorrem ao acaso: a distribuição destes
problemas é produto dos fatores causais, ou determinantes que se distribuem
desigualmente na população – a comparação de subgrupos populacionais é
essencial para a identificação de determinantes das doenças
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EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
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3. Fatores causais estão associados, ao nível populacionais, com a ocorrência de
doenças:
- Fator de risco: é qualquer fator associado à ocorrência de uma doença ou
problema, isto é, mais freqüente entre os doentes do que não doentes.
4. O conhecimento epidemiológico é essencial para a prevenção de doenças
1. Diagnóstico de saúde comunitária
2. Monitoramento das condições de saúde
3. Identificação dos determinantes de doenças ou agravos
4. Validação de métodos diagnósticos
5. Estudo da história natural das doenças
6. Avaliação epidemiológica de serviços de saúde
Os princípios metodológicos da epidemiologia têm aplicação
direta no manejo clínico dos doentes e no planejamento,
gerenciamento e avaliação dos serviços de saúde
Leva em conta o acesso da população aos serviços e a cobertura oferecida (p.ex:
% de crianças vacinadas, proporção de indivíduos que são atingidos por
determinada doença que são tratados e acompanhados; proporção de gestantes
inscritas e acompanhadas pelo programa, etc.) – proporção da população coberta
por diferentes programas – diretamente relacionada ao acesso...
Passos:
- selecionar os indicadores mais apropriados, levando em conta os que se deseja
avaliar
- quantificar metas a serem atingidas com referência aos indicadores selecionados
- Coletar as informações epidemiológicas necessárias
- Comparar os resultados alcançados em relação às metas estabelecidas
- Revisar as estratégias, reformulando o plano quando necessário
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EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
12. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Epidemiologia e os serviços de saúde
serviç
serviços saú
saúde
Estuda a distribuição dos problemas em
Saúde em populações
Avalia vacinas
Investiga as
Testes diagnósticos epidemiologia Causas destes
Tratamentos
problemas
Serviços de saúde
M udanças de
comportamento
Aponta quem é mais
propenso a adquirir e
morrer destes problemas Profª Rosane Gri ep
Por que esta pessoa/população ficou vulnerável a este problema/e vento
neste momento?
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TOXICOLOGIA GERAL
Baseado nos estudos das professoras:
Profa. Edna Maria Alvarez Leite
Profa. Leiliane Coelho André Amorim
Toxicologia
É a ciência que estuda as intoxicações, os venenos que as produzem, seus sintomas, seus
efeitos, seus antídotos e seus métodos de análise. O termo tóxico vem do grego toxicon
que quer dizer flecha envenenada.
Histórico
Divisão Metodológica da Toxicologia (Como Ciência)
Fatores que influenciam na Toxicidade
Principais Agentes Tóxicos
Causas mais freqüentes de Intoxicações
Precauções a serem adotadas no manuseio de Inseticidas
Providências no caso de Vazamentos
Equipamentos de Proteção
Primeiros Socorros
Tratamento e Sintomatologia de alguns Ingredientes Ativos
o Inseticidas clorados
o Inseticidas fosforados
o Piretro e Piretróides
Parâmetros Toxicológicos
Bibliografia
Histórico
Fase do descobrimento - Teve início com o homem primitivo em seu contato com a
natureza como meio de sobrevivência, que em seu dia a dia tomou contato com
plantas e animais, surgindo deste contato a identificação de substâncias que eram
ou não benéficas a sua vida.
Fase primitiva - É talvez a parte mais importante, pois estuda os venenos como
meio de suicídio, de homicídio e até punitivo, trazendo importantes conclusões
inclusive para a moderna toxicologia.
Fase moderna - Início a partir de 1800, com o surgimento de métodos de estudos
para identificação de venenos, com o que, diminuiu sua atuação criminosa, porém a
partir deste conhecimento houve um aumento significativo de intoxicações acidentais
(ex. uso de agrotóxicos).
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EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
14. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Divisão Metodológica da Toxicologia (Como Ciência)
Toxicologia clínica - Estuda os sintomas e sinais clínicos, visando diagnosticar
envenenamentos e orientar terapia.
Toxicologia profilática - Estuda a poluição da água, terra, ar e alimentos,
procurando manter e aumentar a segurança para a vida é saúde humana.
Toxicologia industrial - Estuda as enfermidades industriais e a insalubridade do
ambiente de trabalho.
Toxicologia analítica - Visa a análise dos produtos tóxicos objetivando determinar
sua toxicidade, sua concentração tóxica, metabolismo, etc.
Toxicologia forense - Estuda os aspectos médico-legais procurando esclarecer a
“causa-mortis” em intoxicações, visando o esclarecimento a justiça da causa das
intoxicações.
Fatores que infuenciam na Toxicidade
Fatores que dependem do sistema biológico - Idade, peso corpóreo, temperatura,
fatores genéticos, estados nutricionais e patológicos.
Quantidade ou concentração do agente tóxico.
Estado de dispersão - Importante a forma e o tamanho das partículas.
Afinidade pelo tecido ou organismo humano.
Solubilidade nos fluídos orgânicos.
Sensibilidade do tecido ou organismo humano.
Fatores da substância em si.
Principais Agentes Tóxicos
Tóxicos Gasosos
Tóxicos Voláteis
Tóxicos Orgânicos Fixos
Tóxicos Orgânicos Metálicos
Tóxicos Orgânicos Solúveis
Outros
Causas mais freqüentes de Intoxicações
Falhas de técnicas, como vazamentos dos equipamentos, preparação e aplicação
dos produtos sem a utilização de equipamento adequado de segurança, aplicação
contra o vento. Trabalhadores que não trocam diariamente de roupa e não tomam
banho diário. Trabalhadores que tomam banho em água quente, que dilata os poros
facilitando a absorção do produto. Trabalhadores que nos horários de descanso se
alimentam sem lavar as mãos, armazenamento inadequado dos produtos.
Outras causas, aplicação de produtos nas horas de maior temperatura, onde o calor
intenso dilata os poros e facilita a absorção da pele, trabalhadores que voltam a
trabalhar após uma intoxicação, ou em períodos de repouso de ouras doenças,
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EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
15. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
trabalhadores com baixa resistência física são mais suscetíveis, trabalhadores que
fazem aplicações sozinhos e em caso de intoxicação não recebem ajuda imediata,
crianças e animais que tem contato com produtos químicos. As esposas dos
operários que se intoxicam ao lavar as roupas utilizadas na aplicação e muitas
outras formas.
Precauções a serem adotadas no Manuseio de Inseticidas
Seguir sempre a orientação de um técnico.
Ler o rótulo com atenção, seguindo rigorosamente as instruções do fabricante.
Utilizar produtos químicos somente quando necessário.
Não aplicar produtos químicos sozinho, pois ema caos de intoxicação o operador
pode necessitar de ajuda.
Utilizar equipamentos para aplicação em boas condições de uso sem vazamentos e
bem calibrados.
Abrir as embalagens com cuidado, para evitar respingos, derramamento do produto,
ou levantamento de pó.
Ao preparar e aplicar produtos químicos utilizar macacão ou camisa de manga
comprida, chapéu de abas largas e botas impermeáveis, utilizando também luvas,
óculos, e mascaras adequadas, de acordo com a recomendação do rótulo.
Não efetuar misturas de produtos sem orientação técnica.
Não retirar os defensivos de suas embalagens originais.
Guardar os defensivos em depósito fechado, isolado do acesso de crianças, animais
domésticos, alimentos, rações e medicamentos.
Não permitir a presença de crianças, animais ou pessoas estranhas ao trabalho,
durante a aplicação de produtos químicos.
Não aplicar defensivos quando houver ventos fortes, contra o vento, dando
preferência as horas de temperatura mais amena.
Nas aplicações aéreas use somente produtos e formulações permitidas para esta
finalidade, tomando o máximo cuidado para evitar a contaminação de rios, lagos,
fontes, casas, depósitos ou propriedades vizinhas.
Observar rigorosamente o intervalo recomendado entre a última aplicação e a
colheita, conforme indicação no rótulo.
Nunca utilize as embalagens vazias dos produtos para outro fim.
Ao terminar o trabalho, tome banho frio com bastante água e sabão. A roupa de
serviço deve ser trocada e lavada diariamente.
Não fume, não beba e nem se alimente durante a aplicação de qualquer produto
químico.
Não lance restos de produtos, nem limpe equipamentos ou embalagens de produtos
em cursos d’água ou junto a poços de água potável.
Evite a entrada de animais ou pessoas desprotegidas na área tratada durante 7 dais
após a aplicação.
Nunca transporte alimentos, rações, animais ou pessoas junto ou sobre produtos
químicos.
No caso de intoxicação procure imediatamente um médico, levando a ele o rótulo do
produto.
Durante a época de aplicação de produtos químicos, providencie exames médicos
periódicos em todos os que estiverem envolvidos nessa operação
Normas para armazenamento de produtos químicos
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EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
16. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Os depósitos para o armazenamento de produtos químicos devem reunir as
seguintes condições:
1. Estar devidamente cobertos de maneira a protegerem os produtos contra as
intempéries.
2. Ter boa ventilação.
3. Estar localizados o mais distante possível de habitações ou locais onde se
conservem ou se consumam alimentos, bebidas, drogas ou outros materiais,
que possam entrar em contato com pessoas ou animais.
4. Propiciar a separação de diferentes produtos.
5. As embalagens dentro do depósito não devem estar em contato direto com o
piso,evitando assim a ação da umidade.
6. As embalagens para líquidos devem ser armazenadas com o fecho voltado
para cima.
7. O empilhamento das embalagens ou recipientes não deve exceder as
recomendações técnicas do fabricante.
Não utilizar os veículos que transportam produtos químicos antes da
descontaminação dos mesmos.
Deve-se evitar que o veículo de transporte tenha pregos e ou parafusos
sobresalientes nos espaços onde serão colocadas as embalagens.
Providências no caso de Vazamentos
Suspenda todo tipo de manobras, feche o veículo e isole a área contaminada, vigie
para que ninguém entre na área contaminada.
Espere instruções e chegada de pessoal especializado para a descontaminação.
Em depósitos os funcionários encarregados da manipulação dos produtos devem
estar equipados com equipamentos de segurança correspondentes.
Em todos os casos em que as embalagens não estejam visíveis devem ser
colocados, em lugares visíveis, etiquetas cujo desenho e texto se ajustem à
categoria toxicológica do defensivo.
Em casos de emergência estacionar o veículo em local onde o vazamento não
possa atingir riachos, rios, lagoas ou fontes de água. Em seguida munido de
equipamento de segurança isolar o vazamento com terra ou serragem evitando que
o produto se espalhe e afastar os curiosos.
Notificar o fabricante ou representante mais próximo e pedir intrusões.
Em caso de incêndio sinalizar o acidente e afastar curiosos, ficar longe da carga
incendiada e fora do alcance de fumaça, comunicar o corpo de bombeiros e o
fabricante.
Equipamentos de Proteção
Máscara, luvas, botas, galochas, chapéus, camisas de mangas compridas, calça de
tecido pouco absorvente e avental impermeável
Após a utilização, todo e qualquer equipamento de proteção deverá ser recolhido,
descontaminado, cuidadosamente limpo e guardado.
Se alguma pessoa apresentar sintomas de intoxicação retirá-la imediatamente da
área contaminada e seguir as instruções de primeiros socorros. Em seguida,
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EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
17. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
encaminhar a pessoa ao serviço médico mais próximo, juntamente com o rótulo
completo do produto.
Primeiros Socorros
Retirar a vítima de intoxicação do local de trabalho, banhar a vítima com água fria e
sabão, trocar sua roupa, procurar imediatamente assistência médica, juntamente
com o rótulo completo do produto.
Em caso de ingestão acidental só provoque vômito com recomendação e instruções
constantes no rótulo do produto. Caso seja recomendado observar se a pessoa está
consciente, lúcida, com capacidade para deglutir e se realmente está intoxicada por
ingestão.
Em casos de contato com os olhos, caso isto aconteça, lave-os imediatamente com
água corrente durante 15 minutos e se houver irritação, procure um médico.
Para casos de inalação do produto, leve a pessoa para um local arejado, se houver
sinais de intoxicação procure um médico.
Em contatos com apele, lave as partes atingidas imediatamente com água e sabão
em abundância e se houver sinais de irritação procure o médico.
Não fazer fricções ou massagens, a excitação pode vir a agravar o quadro clínico
facilitando a absorção do produto pela pele.
Todo sistema sensorial do intoxicado está ativo, evitar despertar o paciente com
tapinhas na face ou com chamados. Mantê-lo em local escuro, evitar ruídos, evitar
movimentações desnecessárias do intoxicado.
Afastar curiosos.
Não dar leite, pois em muitos casos ele agrava o quadro de intoxicação. Os
organoclorados absorvem-se com facilidade em presença de leite.
Para inseticidas fosforados e carbamatos, quando houver demora de atendimento
médico, aplicar sulfato de atropina intramuscular, subcutânea ou endovenosa.
Tratamento e Sintomatologia de alguns Ingredientes Ativos
Inseticidas clorados
São substâncias que caracterizam-se pela ação crônica nos organismos, longa persistência
e efeito residual no ambiente, com grande solubilidade em lipídeos onde se armazenam
nos organismos, causam sérias lesões hepáticas e renais, atuando principalmente sobre o
sistema nervoso central e no de defesa do organismo.
Os sintomas gerais apresentados são: dilatação da pupila e fotofobia; pálpebras trêmulas;
dores de cabeça, cefaléia, alucinações; intumescimento da língua; agressividade;
convulsões e coma; se forem absorvidos por inalação apresentam tosse e edema
pulmonar; por ingestão cólicas e diarréia; por via dérmica dermatites.
Tratamento - se a pessoa não respira ou respira com dificuldade, fazer respiração artificial
utilizando um pano fino; induzir ao vômito; se o veneno for ingerido proceder uma lavagem
gástrica; se a pele está contaminada, lavar com água e sabão; se há convulsão,
administrar diazepínicos; se está inconsciente, transportá-la ao centro médico mais
próximo, juntamente com a embalagem ou rótulo do produto.
Técnico em Segurança do Trabalho 13
EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
18. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Inseticidas fosforados
São ésteres do ácido fosfórico e seus derivados, constituem substâncias químicas que
atuam bloqueando ou inibindo a colinesterase. Os efeitos são de maneira geral os
seguintes: espasmos intestinais; estimulação das glândulas salivares e lacrimais e
convulsões.
Os sintomas gerais apresentados são: redução do diâmetro das pupilas; lacrimejamento e
rinite aguada; sudação intensa; vômito e tonturas; dores musculares e caibras; pressão
arterial instável; confusão mental, cólicas e diarréias, o aparecimento dos sintomas de
intoxicação ocorre, em média, nas primeiras doze horas; a morte ocorre geralmente nas
primeiras 48 horas; a recuperação normalmente é completa se não ocorre falta de
oxigenação no cérebro.
Tratamento - descontaminação do paciente; injetar inicialmente de 4 a 6 mg de sulfato de
atropina; nunca aplicar oxinas em caso de intoxicação com carbamatos; são contra
indicados tratamentos com morfina, teofilina, aminofilina, succinilcolina, fenotiazina,
reserpina e tranquilizantes; não utilizar atropina como preventivo; dar especial atenção ao
pulmão, pelo risco de secreções pulmonares; se a intoxicação for muito forte e passar de 5
dias é necessário traqueotomia; para lavagem estomacal, é recomendada uma solução a
5% de carbonato de sódio mais 15 a 30 g de sulfato de sódio em 0,51 de água. Entubar o
paciente antes da lavagem.
Piretro e Piretróides
O piretro é um produto de origem vegetal, extraído da flor do Chrysanthemum
cinerariefolium, tem basicamente dois grupos de princípios ativos as piretrinas e cinerinas.
Estas substâncias são pouco tóxicas por via inalatória. Por ingestão, oferecem algum risco,
porém são rapidamente excretadas pela urina. Podem exercer irritações de pele
dependendo da sensibilidade de cada pessoa. Pessoas mais sensíveis podem apresentar
dores abdominais, naúseas, vômitos e algumas vezes diarréias.
Em casos de ingestão principalmente por crianças ocorre cefaléia, incoordenação motora,
excitação, convulsões e morte por paralisia respiratória. os principais sintomas destes
produtos são: dermatites e conjuntivites; parestesias periorbitais e labial; espirros,
desânimo, tosse, febre, secreção nasal cerosa e obstrução nasal; eritema leve; reações de
hipersensibilidade; broncoespasmos; excitação dos sistema nervoso; convulsão.
O tratamento prevê: descontaminação do paciente; tratamento sintomático; anti-
histamínicos para processos alérgicos; vitaminas A, B e C; compostos diazepínicos para
crises neurotóxicas.
Parâmetros Toxicológicos
Toxicidade aguda - É aquela produzida por uma única dose, seja por via oral,
dermal ou pela inalação dos vapores.
Toxicidade crônica - É aquela que resulta da exposição contínua a um defensivo,
sendo que este não pode causar não causa toxicidade aguda por apresentar-se em
baixas concentrações. A toxicidade crônica é mais importante que a toxicidade
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EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
19. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
aguda, pois normalmente ocorre pela contaminação de alimentos ou lentamente no
seu ambiente de trabalho.
Veneno - É todo e qualquer produto natural ou sintético, biológicamente ativo, que
introduzido no organismo e absorvido, provoca distúrbios da saúde, inclusive morte,
ou, se aplicado sobre tecido vivo e capaz de destruído.
Toxicidade - É a capacidade de uma substância química produzir lesões, sejam
elas físicas, químicas, genéticas ou neuropsíquicas, com repercussões
comportamentais.
Intoxicação - É um estado deletério manifestado pela introdução no organismo de
produto potencialmente danoso.
DL50 (Dose Letal) - É a dose letal média de um produto puro em mg/Kg do peso
do corpo. Esta terminologia pode ser empregada para intoxicação oral, dermal ou
inalatória.
Dosagem Diária Aceitável (DDA) - Quantidade máxima de composto que, ingerida
diariamente, durante toda a vida, parece não oferecer risco apreciável à saúde.
Carência - Compreende o período respeitado entre a aplicação do agrotóxico e a
colheita dos produtos.
Efeito Residual - Tempo de permanência do produto nos produtos, no solo, ar ou
água podendo trazer implicações de ordem toxicológica.
Antídoto - Toda substância que impede ou inibe a ação de um tóxico é chamada
antídoto.
Toxicidade Aguda - O processo tóxico em que os sintomas aparecem nas primeiras
24 horas após a exposição às substâncias.
Toxicidade Crônica - Processo tóxico em que os sintomas aparecem após as
primeiras 24 horas, ou mesmo de semanas ou meses após a exposição as
substâncias.
Toxicidade Recôndita - É o processo tóxico em que ocorrem lesões, sem
manifestações clínicas.
Bibliografia
GUERRA, M. S.; SAMPAIO, D. P. DE A. Receituário Agronômico. Editora Globo. Rio de Janeiro, 1988. 436 p.
LIMA, A. F; RACCA FILHO, F. Dicionário de Pragas e Praguicidas; aspectos legais, toxicológicos e recomendações técnicas.
Edição dos Autores. Rio de Janeiro, 1987. 122 p.
MARICONI, F. A. M. Inseticidas e seu emprego no combate às pragas; como uma introdução sobre o estudo dos insetos.
Tomo I, 3a edição. Editora Nobel. São Paulo, 1977. 305 p.
VERNALHA, M. M.; DA SILVA, R. P; GABARDO, J. C.; RODRIGUES DA COSTA, F. A. Toxicologia dos inseticidas. Volume 7.
Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Biológicas. Curitiba - PR, 1977. 55 p.
Noções Básicas de Toxicologia
CONCEITOS BÁSICOS.
Toxicologia
É a ciência que tem como objeto de estudo o efeito adverso de substâncias químicas
sobre os organismos vivos, com a finalidade principal de prevenir o aparecimento deste
efeito, ou seja, estabelecer o uso seguro destas substâncias químicas.
A toxicologia se apoia, então, em 3 elementos básicos:
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EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
20. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
1) O agente químico (AQ) capaz de produzir um efeito;
2) O sistema biológico (SB) com o qual o AQ irá interagir para produzir o efeito;
3) O efeito resultante que deverá ser adverso para o SB.
Toxicologista
É o profissional treinado ou capacitado a estudar os efeitos nocivos produzidos pelos
agentes químicos e avaliar a probabilidade do aparecimento destes efeitos. As tarefas
principais do toxicologista são:
a) Avaliar o risco no uso de substâncias químicas.
b) Estabelecer os limites de segurança para o uso das mesmas.
c) Realizar análises toxicológicas que permitam a monitorização e o controle dos
limites de segurança estabelecidos
Áreas da Toxicologia
A toxicologia é uma ciência multidisciplinar, que abrange uma vasta área de
conhecimento, relacionando-se estritamente com diversas outras ciências, pois sem os
conhecimentos interrelacionados, dificilmente poderá atingir seus objetivos: prevenir,
diagnosticar e tratar.
A toxicologia é desenvolvida por especialistas com diferentes formações
profissionais, oferecendo cada um contribuições específicas em uma ou mais áreas de
atividade permitindo assim, o aperfeiçoamento dos conhecimentos e o desenvolvimento
das áreas de atuação.
No âmbito da toxicologia, distinguem-se várias áreas, de acordo com a natureza do
agente ou a maneira como este alcança o organismo. Destacam-se entre outras:
Toxicologia Ambiental: que estuda os efeitos nocivos produzidos por substâncias
químicas presentes no macro ambiente dos seres vivos.
Toxicologia Ocupacional: que estuda os efeitos nocivos produzidos pelas substâncias
químicas presentes no meio ocupacional (micro ambiente) do homem.
Toxicologia de Alimentos: que estuda os efeitos adversos produzidos por agentes
químicos presentes nos alimentos, sejam estes de origem biogênica ou antropogênica. É
a área da toxicologia que estabelece as condições nas quais os alimentos podem ser
ingeridos sem causar danos à saúde.
Toxicologia de Medicamentos: que estuda os efeitos adversos decorrentes do uso
inadequado de medicamentos, da interação medicamentosa ou da susceptibilidade
individual.
Toxicologia Social: estuda o efeito nocivo dos agentes químicos usados pelo homem em
sua vida de sociedade, seja sob o aspecto individual, social (de relação) ou legal.
Toas estas áreas poderão ser estudadas sob três aspectos distintos: o clínico, o
analítico e o experimental.
Toxicidade
É a capacidade inerente a um agente químico, de produzir maior ou menor efeito
nocivo sobre os organismos vivos, em condições padronizadas de uso. Uma substância
muito tóxica causará dano a um organismo se for administrada em quantidades muito
pequenas, enquanto que uma substância de baixa toxicidade somente produzirá efeito
quando a quantidade administrada for muito grande.
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EPIDEMIOLOGIA A TOXICOLOGIA
21. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Como um agente químico pode causar um grande espectro de efeito nocivo, como
avaliar ou medir a toxicidade do agente?
O conhecimento da toxicidade das substâncias químicas se obtém através de
experimentos em laboratório utilizando animais. Os métodos são empregados com todo
rigor científico com a finalidade de fornecer informações relativas aos efeitos tóxicos e
principalmente para avaliar riscos que podem ser extrapolados ao homem.
É necessário selecionar uma manifestação tóxica a ser medida. Os parâmetros
geralmente utilizados são a DL50 (dose necessária para matar 50% da população
estudada) ou então a provável dose letal oral para homens. Estes parâmetros são falhos
como determinante de toxicidade, uma vez que são estabelecidos em condições
padronizadas de uso e, freqüentemente, através de estudos de exposição aguda.
Pode-se classificar os AQ, segundo HODGES & HAGGARD, em 6 classes de
toxicidade, de acordo com a provável dose letal para humanos:
Classe Categoria de Toxicidade Provável DL oral/ humanos
1 Praticamente não-tóxica > 16 g/Kg
2 Ligeiramente tóxica 5-15 g/Kg
3 Moderadamente tóxica 0,5-5 g/Kg
4 Muito tóxica 50-500 mg/Kg
5 Extremamente tóxica 5-50 mg/Kg
6 Super tóxica < 5 mg/Kg
A Comunidade Comum Européia, mais recentemente, classificou as substâncias
químicas em apenas 3 caregorias, a saber:
- Muito Tóxica: substâncias com DL50 para ratos menor do que 25 mg/kg
- Tóxicas : substâncias com DL50 para ratos enrte 25 e 200 mg/kg
- Nociva : substâncias com DL50 para ratos enrte 200 e 2000 mg/kg
Estas classificações têm pouca utilidade prática. Elas são qualitativas e servem
apenas como orientação, ou algumas vezes, para responder a alguém de outra área,
que pergunta: “Esta substância é muito tóxica?” ou ”Quão tóxica é esta substância?”
Em situações práticas não se deve conhecer somente a toxicidade das substâncias,
representadas geralmente pela DL50, pois tão importante como conhecer a toxicidade
dos agentes químicos, é conhecer e saber avaliar o risco tóxico de uma substância
química.
A toxicidade intrínseca é um parâmetro extremamente variável, influenciado por uma
série de fatores como será visto a seguir:
Fatores que influem na Toxicidade
Fatores ligados ao agente químico
propriedade físico-química (solubilidade, grau de ionização, coeficiente de
partição óleo/água, pKa, tamanho molecular, estado físico, etc.);
impurezas e contaminantes;
fatores envolvidos na formulação (veículo, adjuvantes).
Fatores relacionados com o organismo
espécie, linhagem, fatores genéticos;
fatores imunológicos, estado nutricional, dieta;
sexo, estado hormonal, idade, peso corpóreo;
estado emocional, estado patológico.
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Fatores relacionados com a exposição
via de introdução;
dose ou concentração.
Fatores relacionados com o ambiente
temperatura, pressão;
radiações;
outros (luz, umidade, etc.).
Assim, tão importante como conhecer a Toxicidade dos agentes químicos é saber
avaliar o Risco Tóxico de uma substância.
Risco tóxico
É a probabilidade de uma substância produzir um efeito adverso, um dano, em
condições específicas de uso.
Nem sempre a substância de maior toxicidade é a de maior risco, ou seja, de maior
“perigo” para o homem. Dependendo das condições de uso, uma substância classificada
como muito tóxica (elevada toxicidade intrínseca) pode ser menos “perigosa” do que uma
praticamente não-tóxica. Existindo um risco associado ao uso de uma substância química,
há a necessidade de estabelecer condições de segurança. Portanto define-se como
segurança, a certeza prática de que não resultarão efeitos adversos para um indivíduo
exposto a uma determinada substância em quantidade e forma recomendada de uso. Ou
seja, quando se fala em risco e segurança, significa a possibilidade ou não da ocorrência
de uma situação adversa.
Um problema sério, no entanto, é estabelecer o que é um Risco aceitável no uso de
substância química. Esta decisão é bastante complexa e envolve o binômio Risco-
Benefício, ou seja, altos riscos podem ser aceitáveis no uso das chamadas Life Saving
Drugs, ou seja, os fármacos essenciais à vida e não serem aceitáveis no uso de aditivos de
alimentos, por exemplo.
Alguns fatores a serem considerados na determinação de um Risco aceitável são:
Necessidade do uso da substância;
Disponibilidade e a adequação de outras substâncias alternativas para o uso
correspondente;
Efeitos sobre a qualidade do ambiente;
Considerações sobre o trabalho (no caso dela ser usada no meio ocupacional);
Avaliação antecipada de seu uso público (ou seja, o que ela poderá causar sobre a
população em geral, onde existe, por exemplo, crianças, velhos, doentes, etc.);
Considerações econômicas.
Geralmente associado ao conceito de Risco tem-se o conceito de Segurança
(probabilidade de uma substância química não provocar um efeito adverso, em condições
específicas de uso) e ao conceito de Agente Tóxico (AT), o de Xenobiótico (qualquer
substância química, quali ou quantitativamente estranha ao organismo) e o de Toxicante
(agente químico que está exercendo a ação tóxica no organismo).
Intoxicação
É um conjunto de efeitos adversos produzidos por um agente químico (ou físico), em
decorrência de sua interação com o sistema biológico. É, em outras palavras, o
desequilíbrio orgânico ou o estado patológico provocado pela interação entre o agente
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químico e o organismo, sendo, via de regra, revelados clinicamente por um conjunto de
sinais e sintomas tóxicos.
Logicamente, o efeito tóxico só será produzido, se a interação com o receptor
biológico apropriado ocorrer em dose e tempo suficientes para quebrar a homeostasia do
organismo. Existem, então, na grande maioria das vezes, uma série de processos
envolvidos, desde o contato do agente tóxico com o organismo, até o aparecimento dos
sintomas clínicos que revelam esta interação. Isto permite dividir a intoxicação em 4 fases
distintas, a saber:
Fase de Exposição: corresponde ao contato do agente tóxico com o organismo.
Fase Toxicocinética: consiste no movimento do AT dentro do organismo. É formada
pelos processos de Absorção, Distribuição e Eliminação (Bio-transformação e Excreção).
Fase Toxicodinâmica: corresponde à ação do AT no organismo.
Fase Clínica: corresponde à manifestação clínica dos efeitos resultantes da ação tóxica.
Classificação dos Efeitos Tóxicos
Inicialmente deve-se diferenciar efeito indesejável de efeito adverso e tóxico.
Efeitos indesejáveis:
O espectro de efeitos indesejáveis é amplo. Por exemplo, na terapêutica, cada droga
produz um número de efeitos, mas apenas um está relacionado com o papel terapêutico
procurado. Todos os outros efeitos são indesejáveis, para aquela indicação terapêutica. No
entanto, estes efeitos indesejáveis podem se tornar desejáveis para uma outra indicação
terapêutica da droga. Exemplo: a secura da boca é um efeito desejado da atropina, quando
ela é usada como medicação pré-anestésica, mas passa a ser indesejável, quando a
atropina é usada no tratamento da úlcera péptica.
Efeitos Adversos ou nocivos:
Os efeitos adversos são aqueles que:
Ocorrem com uma exposição intermitente ou continuada e que dão lugar à diminuição
da capacidade funcional (determinada por parâmetros anatômicos, fisiológicos e
bioquímicos ou de comportamento) ou a uma diminuição da capacidade para
compensar tensões adicionais;
São reversíveis durante a exposição ou logo cessada esta, quando tais alterações
causam diminuições detectáveis da capacidade do organismo para manter a
homeostase; e
Realçam a suscetibilidade do organismo aos fatores nocivos de outras influências
ambientais. Podem ser causados por fatores químicos, físicos, biológicos ou mecânicos.
Efeitos Tóxicos:
São os efeitos adversos causados por substâncias químicas e são, na maioria das
vezes, dose-dependentes. Todo o efeito tóxico é indesejável e adverso, mas nem todo
efeito adverso é tóxico.
Reações Idiossincráticas ou Idiossincrasias Químicas
São respostas quantitativamente anormais a certos agentes tóxicos provocados,
geralmente, por alterações genéticas. O indivíduo pode ter uma resposta adversa com
doses baixas (não-tóxicas) ou então ter uma resposta extremamente intensa com doses
mais elevadas. Exemplo: sensibilidade anormal aos nitritos e outros metemoglobinizantes,
devido à deficiência, de origem genética, na NADH-metemoglobina redutase.
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Reações Alérgicas ou Alergia Química
São reações adversas que ocorrem somente após uma prévia sensibilidade do
organismo ao AT, ou a um produto quimicamente semelhante. Na primeira exposição, a
substância age como um hapteno e promove a formação dos anticorpos, que em 2 ou 3
semanas estão em concentrações suficientes para produzir reações alérgicas em
exposições subsequentes.
Alguns toxicologistas não concordam que as alergias químicas sejam efeitos tóxicos,
já que elas não obedecem ou apresentam uma curva dose-resposta (elas não são dose
dependente como a grande maioria dos efeitos tóxicos). Entretanto, como a alergia química
é um efeito indesejável e adverso ao organismo, pode ser reconhecido como efeito tóxico.
Efeito Imediato, Crônico e retardado
Imediatos ou agudos são aqueles que aparecem imediatamente após uma
exposição aguda, ou seja, exposição única ou que ocorre, no máximo, em 24
horas.
Efeitos crônicos são aqueles resultantes de uma exposição crônica, ou seja,
exposição a pequenas doses, durante vários meses ou anos. O efeito crônico
pode advir de dois mecanismos:
a) somatória ou acúmulo do agente tóxico no organismo: a velocidade de
eliminação é menor que a de absorção, assim ao longo da exposição o AT vai
sendo acumulado no organismo, até alcançar um nível tóxico.
b) somatória de efeitos: ocorre quando o dano causado é irreversível e,
portanto, vai sendo aumentado a cada exposição, até atingir um nível
detectável; ou, então, quando o dano é reversível, mas o tempo entre cada
exposição é insuficiente para que o organismo se recupere totalmente.
Efeitos retardados são aqueles que só ocorrem após um período de latência,
mesmo quando já não mais existe a exposição. O exemplo mais conhecido é o
efeito carcinogênico, sendo que alguns deles podem ter um período de latência
entre 20-30 anos.
Efeitos Reversíveis e Irreversíveis
A manifestação de um ou outro efeito vai depender, via de regra, da capacidade do
tecido lesado em se recuperar. Assim, lesões hepáticas são geralmente reversíveis, já que
este tecido tem grande capacidade de regeneração, enquanto as lesões no sistema
nervoso central (SNC) tendem a ser irreversíveis, uma vez que as células nervosas são
pouco renovadas.
Efeitos Locais e Sistêmicos
O efeito local refere-se àquele que ocorre no local do primeiro contato entre o AT e o
organismo. Já o sistêmico exige uma absorção e distribuição da substância, de modo a
atingir o sítio de ação, onde se encontra o receptor biológico. Existem substâncias que
apresentam os dois tipos de efeitos. (Ex.: benzeno, chumbo tetraetila, etc).
Algumas vezes uma lesão local intensa pode levar ao aparecimento de um efeito
sistêmico. Ex.: queimaduras intensas com ácidos podem levar a uma lesão renal, devido à
perda excessiva de líquidos.
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Efeitos Resultantes da Interação de Agentes Químicos
O termo interação entre substâncias químicas é utilizado todas as vezes que uma
substância altera o efeito de outra. A interação pode ocorrer durante as fases de exposição,
toxicocinética ou toxicodinâmica. Como conseqüência destas interações podem resultar
diferentes tipos de efeitos:
Efeito Aditivo ou Adição
É aquele produzido quando o efeito final dos dois agentes é igual à soma dos efeitos
individuais, que aparecem quando eles são administrados separadamente (1 + 1 = 2). Ex.:
inseticidas organofosforados.
Efeito Sinérgico ou Sinergismo
Ocorre quando o efeito dos agentes químicos combinados é maior do que a soma
dos efeitos individuais (1 + 1 = 10).
Ex.: a hepatotoxicidade resultante da interação entre tetracloreto de carbono e álcool
é muito maior do que aquela produzida pela soma das duas ações em separado, uma vez
que o etanol inibe a biotransformação do solvente clorado.
Potenciação
Ocorre quando um agente químico, que não tem ação sobre um determinado órgão,
aumenta a ação de um outro agente sobre este órgão (0 + 1 = 10).
Ex.: o isopropanol, que não é hepatotóxico, aumenta excessivamente a
hepatotoxicidade do tetracloreto de carbono.
Efeito Antagônico ou Antagonismo
Ocorre quando dois agentes químicos interferem um com a ação do
outro, diminuindo o efeito final. É, geralmente, um efeito desejável em
Toxicologia, já que o dano resultante (se houver) é menor que aquele
causado pelas substâncias separadamente.
AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA
Todas as substâncias químicas são tóxicas em certas condições de exposição. No
entanto, para toda substância deve haver alguma condição de exposição que seja segura
no que se refere à Saúde Humana, com a possível exceção dos agentes carcinogênicos e
mutagênicos. Ou seja, condições de exposição nas quais as substâncias químicas sejam
mantidas abaixo do nível máximo permitido. E quando não for possível definir um limite
máximo permitido, deve-se evitar a exposição.
Os dados sobre seres humanos relativos à toxicidade das substâncias químicas,
obviamente são mais pertinentes para avaliação da segurança que os dados obtidos em
animais experimentais. No entanto, as exposições controladas de seres humanos à
substâncias perigosas ou potencialmente perigosas vêm-se restringidas por considerações
éticas e por isso é necessário confiar na informação obtida por métodos clínicos e
epidemiológicos. Todavia, quando esta informação não é disponível, como ocorre com
substâncias químicas novas, deve-se obter dados somente mediante os testes de
toxicidade realizados com animais.
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O grau de confiabilidade com o qual pode-se estimar os riscos para saúde humana
baseado nos testes de toxicidade em animais depende da qualidade dos dados, assim
como da quantidade e tipos dos testes realizados.
Conceito
A avaliação toxicológica compreende a análise de dados toxicológicos de uma
substância química com o objetivo de classificá-la em categorias toxicológicas, e ao mesmo
tempo, fornecer informações a respeito da forma correta e segura de uso, bem como
medidas de prevenção e tratamento.
Prioridades na seleção de substâncias que se submeterão aos testes toxicológicos
A princípio, todas as substâncias químicas novas devem se submeter a uma
avaliação de seguridade antes de sua fabricação e venda. Entretanto, devido ao grande
número de substâncias químicas que se representa um possível perigo para a saúde
humana e a limitação de recursos é necessária dar prioridade a aquelas que são
diretamente consumidas pelo homem, como fármacos, os aditivos alimentares e as que se
utilizam amplamente como praguicidas ou produtos domissanitários.
As substâncias químicas industriais que podem estar presentes no meio ambiente
geral ou do trabalho ou contaminar outros produtos representam outra categoria de
problemas.
A máxima prioridade deve corresponder aos compostos de presumida toxicidade
elevada, aguda, crônica ou diferenciada (como a carcinogenicidade) ou de maior
persistência no meio ambiente. Isto se aplica também aos compostos que inibem a
desativação metabólica de substâncias químicas, pois podem constituir uma forma mais
insidiosa de toxicidade. As substâncias químicas resistentes ao metabolismo, em especial
ao metabolismo pela microflora, terão uma elevada persistência ambiental. Muitos
compostos halogenados se encontram nesta categoria e, em conseqüência, deverão Ter
algum grau de prioridade. Também interessam os compostos que se acumulam nas
cadeias alimentares que se depositam no organismo, por exemplo, o metilmercúrio e o
DDT.
Em suma os critérios essenciais para determinação da prioridade para seleção das
substâncias químicas que se colocará à prova são os seguintes:
indicação ou suspeita de perigo para a saúde humana e tipo de gravidade dos efeitos
potenciais à saúde.
grau provável de produção e emprego
potencial de persistência no meio ambiente
potencial de acumulação na e no meio ambiente, e
tipo e magnitude das populações que estarão expostas
A substância química de primeira prioridade para as provas será aquela que se
classifique em lugar destacado em virtude de todos estes critérios ou de sua maioria.
Alcance que devem ter os testes de toxicidade
O alcance das provas de toxicidade necessárias (ou requeridas) dependerá de
algumas considerações. Como primeiro passo poderá ser útil realizar uma estimativa
aproximada de toxicidade com base na estrutura química e nas propriedades físico-
químicas das substâncias e as correlações conhecidas destas variáveis com a atividade
biológica. Estas considerações serão úteis para adotar decisões a respeito das medidas de
segurança durante os trabalhos de laboratório.
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A avaliação preliminar de toxicidade deverá começar quando sintetizam as
substâncias químicas na fase de Laboratório de Desenvolvimento de um processo
industrial. A avaliação completa das substâncias químicas em questão, tanto a respeito da
exposição profissional como da exposição da população geral, e a avaliação de possível
contaminação de água, ou dos alimentos, deverão iniciar mais tarde, quando já se tem
resolvido levar adiante a produção. Ou seja, no caso de medicamento, os testes
toxicológicos são realizados após as triagens farmacológicas, uma vez comprovados seus
efeitos terapêuticos.
Os dados de toxicidade obtidos durante as etapas de desenvolvimento de um
processo tecnológico podem ser fontes de dados a respeito dos perigos sobre a saúde, não
somente das matérias primas, mas também de outras substâncias utilizadas ou produzidas,
como produtos intermediários, no processo tecnológico. Além disso, a avaliação
toxicológica pode facilitar a seleção de um processo tecnológico substitutivo que seja
menos nocivo para a saúde.
Na definição de normas ambientais e sanitárias é necessário dar preferência ‘as
substâncias químicas que manifestem um grau significativo de toxicidade e constituem um
perigo de saúde, as quais serão utilizadas amplamente na Indústria, na agricultura e os
produtos de consumo. É importante considerar que, as mudanças e a evolução dos
processos industriais, a formulação de novas substâncias químicas e as modificações no
emprego das substâncias químicas conhecidas podem propor novos e maiores perigos. E
isso requer uma constante reavaliação das prioridades.
Relação dose - efeito e relação dose - resposta
Os estudos das alterações causados pelas substâncias químicas têm por objetivo
estabelecer as relações dose-efeito e dose-resposta que fundamentam todas as
considerações toxicológicas necessárias para avaliação do risco à saúde.
Nos estudos relativos à exposição química objetivando medidas de prevenção dos
efeitos nocivos à saúde é necessário existir disponível uma medida quantitativa da relação
entre a magnitude da exposição ao agente químico e o tipo e grau de resposta numa
população exposta a esse agente. É somente com base nessa relação que se pode,
seguramente, permitir uma dose tolerável do agente nocivo, em algum nível acima do zero,
de tal modo que uma fração significativa do grupo exposto não experimente um indesejável
efeito sobre a saúde.
Para uma melhor compreensão da diferença entre os dois tipos de relações, torna-
se necessário conceituar dose, efeito e resposta. A expressão Dose se emprega para
especificar a quantidade de uma substância química administrada, a qual pode não ser
idêntica à dose absorvida. Nas exposições ambientais pode-se estimar a dose com base
na medição das concentrações ambientais em função do tempo. E a dose nos órgãos e
tecidos que interessam, pode-se estimar com base na quantidade administrada ou ingerida;
ou na medida da concentração em amostras biológicas. A informação para estimar a dose
nos tecidos ou órgãos requer dimensionar os processos de absorção, distribuição,
armazenamento, biotransformação e excreção da substância química ou seus metabólitos,
em função do tempo.
Quando a ação tóxica se manifesta no local de introdução ou muito próximo deste
(por exemplo, a pele) a estimativa da dose no tecido pode ser muito confiável. Entretanto,
quando a ação tóxica se manifesta em algum outro sítio distante do primeiro contato (por
exemplo, células hepáticas), a estimativa da dose toxicologicamente significativa é menos
confiável.
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28. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Os termos Efeito e Resposta, muitas vezes podem ser usados como sinônimos
para denominar uma alteração biológica, num indivíduo ou numa população em relação a
uma exposição ou dose. Contudo, na Toxicologia se diferenciam, utilizando o termo “efeito”
para denominar uma alteração biológica e o termo “resposta” para indicar a proporção de
uma população que manifesta um efeito definido.
Segundo esta terminologia, a resposta é a taxa de incidência de um efeito. Por
exemplo, se pode dizer que o valor de DL50 é a dose que causará uma resposta de 50%
em uma população em que se estuda o efeito letal de uma substância química.
Alguns efeitos podem ser medidos em uma escala graduada de intensidade ou
gravidade, relacionando sua magnitude diretamente com a dose e por isso são
denominados Efeitos Graduados. Certos efeitos, no entanto, não permitem gradação e se
podem expressar somente dizendo que estão “presentes” ou “ausentes”. Estes efeitos se
denominam Efeitos Quânticos, como por exemplo, a morte ou ocorrência de um tumor.
Como mencionado anteriormente, no estudo da relação dose/resposta, um grande
número de animais experimentais deve ser ensaiado para que os resultados estatísticos
obtidos sejam confiáveis. Essa exigência tem resultado ultimamente, em função de
aspectos éticos e econômicos, no crescimento do uso dos chamados Testes de Dose Fixa
nos estudos de toxicidade das substâncias. Esses testes baseiam-se nos estudos
retrospectivos referentes à DL50 que mostram que mais de 80% dos compostos que
produziam sinais de toxicidade, sem morte, em doses orais de 5, 50 e 500 mg/kg de peso
apresentavam, respectivamente, valores de DL50 iguais a >25mg/kg, (substâncias
classificadas pela Comunidade Européia na categoria Muito Tóxica); de 25 a 200 mg/kg de
peso (categoria Tóxica) e de 200 a 2000 mg/kg de peso (categoria Nociva). De maneira
resumida, os testes de dose fixa são realizados da seguinte maneira:
um grupo de 10 animais (5 fêmeas e 5 machos) é tratado com a
substância a ser testada, na dose de 500 mg/kg de peso;
após 14 dias de observação, se nenhum sinal de toxicidade for observado
nos animais, a substância não será classificada em qualquer uma das
categorias de Toxicidade estabelecidas pela Comunidade Européia;
caso apareçam efeitos tóxicos, mas não morte, a substância será
classificada como Nociva e, ocorrendo casos de morte, um novo teste
deverá ser realizado empregando-se, agora, uma dose de 50 mg/kg de
peso;
com a dose de 50 mg/kg de peso, ocorrendo efeitos tóxicos sem morte, a
substância será classificada como Tóxica. Se com a mencionada dose
aparecer, também, o efeito letal, a substância deverá ser testada na dose
de 5 mg/kg de peso;
nesse ensaio, aparecendo efeitos tóxico ou letal, a substância será
classificada como Muito Tóxica.
TIPOS DE TESTES DE TOXICIDADE
Para estudar o potencial tóxico de uma substância química é preciso, além de
estabelecer uma relação dose-resposta, proceder à realização de outros estudos
toxicológicos ou testes de toxicidade. Uma das finalidades dos Testes de toxicidade é
fornecer dados que possam ser utilizados para avaliação do risco do uso de substâncias
químicas para o homem e estabelecer limites de segurança na exposição aos agentes
químicos.
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29. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Após o “episódio” da Talidomida (epidemia de má formação congênita, 1959-1961,
em crianças cujas respectivas mães haviam feito uso da talidomida no início da gravidez),
as Instituições Governamentais, em diversos países, exigiram um maior rigor na realização
dos testes toxicológicos objetivando acabar ou minimizar a ocorrência das chamadas
reações adversas aos medicamentos.
Não se tratando de medicamento, estes testes devem ser realizados para cada
substância química produzida e comercializada, de acordo com os critérios já vistos
anteriormente. Os tipos de testes a serem realizados, podem variar de um país para outro,
no entanto devem considerar os principais critérios de avaliação de toxicidade:
exame anatomo-patológico (aspectos macro e microscópico)
peso dos órgãos
crescimento do animal
exames fisiológicos
exames bioquímicos
estudos do comportamento
efeito sobre a fertilidade e feto
DE50 e DL50
CE50 e CL50
No Brasil, a Resolução 1/78 (D.O. 17/10/78) do Conselho Nacional de Saúde,
estabelece 5 tipos de ensaios de toxicidade: Aguda, Sub-aguda, Crônica, teratogênicidade,
embriotoxicidade e estudos especiais (estudos de comportamento, carcinogênicidade e
outros).
Teste de toxicidade aguda
Este estudo é caracterizado pela administração ou exposição da substância química
numa dose única (ou múltipla num espaço de 24 horas), utilizando pelo menos duas
espécies. A DL50 (e CL50) é a prova mais comum de toxicidade aguda.
Os principais objetivos deste estudo são:
avaliar a toxicidade intrínseca do Agente Toxico ou Substância Química.
avaliar a suscetibilidade das espécies
identificar órgãos alvo
promover informações para o delineamento e seleção dos níveis de dose para estudos
mais prolongados (toxicidade crônica)
Testes de toxicidade sub-crônica
O tempo de exposição deste estudo é de 1 a 3 meses. São usadas 3 doses
experimentais (mínima, intermediária e máxima). Sendo que a dose máxima não deve
produzir um índice de letalidade acima de 10% (para que não inviabilize as avaliações
histopatógicas e bioquímicas).
Os principais objetivos deste estudo são:
determinar a dose de nenhum efeito observado – DNEO (que significa a dose máxima
na qual não se observa efeito).
estudar mais efetivamente órgãos alvos e determinar aqueles com mais suscetibilidade.
prover dados sobre dosagens seletivas para estudo de toxicidade crônica.
Testes de Toxicidade Crônica
Este estudo é semelhante ao sub-crônico, porém o período de exposição é de 2
anos ou quase toda a vida do anima. Como no teste anterior, este também não procura
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letalidade e utiliza 3 níveis de dose pela via de administração segundo a via de uso
prescrita.
O protocolo experimental compreende as observações e alterações especificadas no
estudo de toxicidade sub-crônica e outros parâmetros bioquímicos que permitem uma
melhor avaliação de todos os órgãos e funções, principalmente função renal e hepática.
Os principais objetivos deste estudo são:
Verificar as concentrações/doses máximas das substâncias que não produzem efeitos
discerníveis de doença, quando administradas durante a maior parte da vida do animal.
verificar os efeitos tóxicos que não são resultados dos estudos de toxicidade sub-
crônica
procura-se determinar o mecanismo de ação tóxica das substâncias químicas.
Testes de Carcinogenicidade:
As evidências primárias que podem apontar o potencial carcinogênico das
substâncias químicas são de origem epidemiológica ou experimental em roedores. Esses
efeitos devem ser observados em pelo menos, duas espécies de animais de laboratório,
com uma duração máxima de 130 semanas em ratos, 120 semanas em camundongos e
130 semanas em hamsters. São utilizadas, no mínimo, 2 doses da substância. A maior
dose é a dose máxima tolerada (DMT), definida como sendo aquela que não provoca no
animal uma perda de peso superior a 10% e não induz mortalidade ou sinais clínicos de
toxicidade. A menor dose corresponde à metade da DMT. Cada grupo experimental é
constituído de, pelo menos, 50 animais. Todos animais utilizados no experimento são
submetidos à necropsia completa.
A avaliação final do risco de carcinogenicidade para o homem, além das evidências
primárias, é obtida pela execução de testes de curta duração (evidências secundárias).
Estes testes podem ser agrupados em 3 categorias gerais:
Testes que detectam lesão do DNA, incluindo o estudo da formação de ligações entre o
DNA e os produtos ativos formados na biotransformação do agente tóxico, quebra de
fitas, indução de profagos e reparo do DNA
Testes que evidenciam alterações dos produtos gênicos ou das funções celulares
Testes que avaliam alterações cromossômicas.
A evidência de carcinogenicidade é considerada limitada nas seguintes
situações:
- números reduzidos de experimentos
- impropriedade de dose e vias de administração
- emprego de uma única espécie animal
- duração imprópria do experimento;
- número reduzido de animais e
- dificuldade em diferenciar as neoplasias malígnas e benígnas.
A evidência inadequada é indicada nas seguintes situações:
- a não exclusão do acaso nos estudos realizados;
- a existência de vícios no delineamento experimental;
- a existência de outros estudos que demonstrem a ausência de carcinogenicidade.
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Testes de Mutagenicidade
Os efeitos mutagênicos das substâncias químicas podem ser avaliados através de
ensaios como microorganismos e em organismos superiores, inclusive o homem. Os
ensaios com microorganismos, realizados "in vitro", são indicados na triagem rotineira dos
agentes tóxicos. Os ensaios com microorganismos avaliam basicamente o dano provocado
ao DNA pela substância química estudada ou seu produto de biotransformação
No estudo do potencial mutagênico de um composto, os ensaios com animais de
laboratório oferecem grandes vantagens, especialmente a de reproduzir as condições de
exposição do homem. Nestes ensaios, as alterações cromossômicas são identificadas na
medula óssea do fêmur de ratos e camundongos expostos experimentalmente ao agente
tóxico.
Testes de Teratogenicidade
A avaliação do efeito teratogênico de um composto químico, através de métodos
experimentais em animais de laboratório é executada num complexo protocolo envolvendo
3 fases distintas.
A primeira fase tem por objetivo avaliar o potencial tóxico do composto químico
sobre a fertilidade e o desempenho reprodutivo. Compreende o tratamento dos animais,
machos e fêmeas, durante um período de no mínimo 60 dias antes do acasalamento e,
depois, para as fêmeas durante a gestação e lactação. Ao meio termo da gravidez
procede-se o sacrifício da metade doas animais do grupo experimental para a constatação
de anormalidades uterinas. Ao final, são observados o número, sexo, peso corpóreo e
anormalidades externas em todos os filhotes.
Na segunda fase, as informações são obtidas a partir da administração de doses
diárias da substância química na dieta de animais fêmeas grávidas no período da
organogênese. Neste estudo é feita uma avaliação minuciosa e detalhada da mão e
filhotes.
Os estudos da terceira fase avaliam os efeitos as substância sobre o
desenvolvimento peri e pós natal. A administração da substância química é feita durante o
período que compreende o último terço da gestação até o desmame. Neste estudo é
avaliado o desenvolvimento somático, neromotor, sensorial e comportamento da prole.
Testes comportamentais
Devido uma maior preocupação da população relacionada os efeitos
neurocomportamentais e os poluentes ambientais, o desenvolvimento de testes
comportamentais em animais de laboratórios têm alcançado maior relevância.
Temos o exemplo do chumbo, que foi proibido sua adição na gasolina não pela
incidência de encefalopatias e sim pelos estudos no comportamento.
Atualmente 25% dos limites de segurança para substâncias químicas derivam de
estudos no comportamento.
Estudos observados no homem
São estudos que se realizam com o devido respeito pelos direitos da dignidade
humana e submetidos a códigos de ética específicos estabelecidos por organizações
nacionais e internacionais.
EX: O instrumento internacional relativo a essa questão é a Declaração de Helsinki e o
artigo 7 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos adotados pela Assembléia Geral
da ONU em 1966
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Estes estudos geralmente estão relacionados à uma simulação de exposição
ocupacional à agentes químicos, ou mesmo um estudo clínico desta exposição.
EXTRAPOLAÇÃO DOS DADOS TOXICOLÓGICOS
Os testes toxicológicos que utilizam animais de laboratório são realizados em
condições rigorosamente padronizadas visando estabelecer os possíveis efeitos tóxicos
das substâncias em humanos a partir da extrapolação dos dados encontrados. A finalidade
dos Testes Toxicológicos é portanto fornecer dados que possam ser utilizados para
avaliação do risco no uso da substância química para o homem e estabelecer Limites de
Segurança para a exposição química.
Em muitos casos os estudos com animais permitem prognosticar os efeitos tóxicos
das substâncias químicas no homem. Contudo, é importante compreender que os modelos
de animais experimentais apresentam limitações e que a exatidão e fidedignidade de uma
predição quantitativa de toxicidade no homem dependem de certas condições, como a
espécie de animal escolhida, o desenho dos experimentos e os métodos de extrapolação
dos dados de animais ao homem.
O problema mais difícil na extrapolação dos dados de animais para o homem é a
conversão de uma espécie a outra. Para a maior parte das substâncias químicas a
patogênese da intoxicação é idêntica no homem e outros mamíferos, razão pela qual os
sinais de intoxicação também são iguais. Consequentemente, são mais comuns as
diferenças quantitativas na resposta tóxica do que as qualitativas.
Embora o homem possa ser mais sensível que certos animais de laboratório,
também há muitos casos nos quais algumas espécies de animais são mais sensíveis que o
homem. Por exemplo, o rato é mais sensível à atropina, já o cão tolera a atropina em dose
100 vezes superior a dose letal para o homem. Entretanto o cão é mais sensível que o
homem ao ácido cianídrico.
Em geral, a magnitude do fator de segurança dependerá:
natureza do efeito tóxico
tipo e tamanho da população exposta
quantidade e qualidade dos dados toxicológicos
Um fator de 2 a 5 ou menos pode-se considerar suficiente quando o efeito contra o qual
se protege aos indivíduos ou à uma população não se considera muito grave, quando
somente um pequeno grupo de trabalhadores está sujeito à uma exposição provável e
quando a informação toxicológica se deriva de dados humanos. Por outro lado, pode ser
necessário recorrer a um fator de seguridade de 1000, ou mais quando o possível efeito é
muito grave, quando tem que proteger uma população em geral e quando os dados
toxicológicos se derivam de experimentos limitados com animais de laboratório.
Em relação à maior parte dos aditivos alimentares que não se consideram
carcinogênicos, aceita-se dividir o DNEO em animais por 100, afim de determinar a Ingetão
Diária Aceitável (IDA) no homen. Nos casos dos praguicidas e certas substâncias químicas
ambientais se utilizam fatores de segurança que vão de menos de 100 a mais de 1000.
Nos casos de algumas exposições ocupacionais e certos contaminantes ambientais são
propostos fatores de segurança muito pequenos, como 2 a 5. Também são propostos
fatores de segurança para as substâncias carcinogênicas que vão de 100 a 5000.
FASES DA INTOXICAÇÃO
Desde o momento em que o agente químico entra em contato com o agente biológico, até
o momento em que a intoxicação é visualizada através dos sinais e sintomas clínicos,
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ocorrem uma serie de etapas metabólicas que compõem a chamada Fases da Intoxicação
que são quatro:
Fase de Exposição,
Fase Toxicocinética
Fase Toxicodinâmica
Fase Clínica
É essencial lembrar que:
Mais do que da dose administrada, a resposta é função da concentração do AT
que interage com o receptor biológico; e que,
a concentração do AT no sítio de ação é dependente das duas primeiras fases da
intoxicação.
Fase de Exposição
Exposição é a medida do contato entre o AT e a superfície corpórea do organismo e
sua intensidade depende de fatores, tais como:
Via ou local de exposição
As principais vias de exposição, através das quais os AT são introduzidos no
organismo são:
- via gastrintestinal (ingestão)
- via pulmonar (inalação)
- via cutânea (contato)
Embora não tão importante para a Toxicologia como estas três, existe também a via
parenteral. A via de introdução influi tanto na potência quanto na velocidade de
aparecimento do efeito tóxico. A ordem decrescente de eficiência destas vias é: via
endovenosa > pulmonar > intraperitoneal > sub-cutânea > intra muscular > intra-dérmica >
oral, cutânea.
Estas vias ganham maior ou menor importância, de acordo com a área da
Toxicologia em estudo. Assim, a via pulmonar e a cutânea são as mais importantes na
Toxicologia Ambiental e Ocupacional, a via gastrointestinal na Toxicologia de Alimentos, de
Medicamentos, em casos de suicídios e homicídios, e a via parenteral tem certa
importância na Toxicologia Social e de Medicamentos (Farmacotoxicologia).
Duração e freqüência da exposição
A duração de uma exposição é importante na determinação do efeito tóxico, assim
como na intensidade destes. Geralmente a exposição pode ser classificada, quanto à
duração em:
- exposição aguda: exposição única ou múltipla que ocorra em um período máximo
de 24 horas
- exposição sub-aguda: aquela que ocorre durante algumas semanas (1 mês ou
mais)
- exposição sub-crônica: aquela que ocorre durante alguns meses (geralmente por 3
meses)
- exposição crônica: ocorre durante toda a vida.
Quanto à freqüência da exposição observa-se que, geralmente, doses ou
concentrações fracionadas podem reduzem o efeito tóxico, caso a duração da exposição
não seja aumentada. Assim, uma dose única de um agente que produz efeito imediato e
severo, poderá produzir menos do que a metade ou nenhum efeito, quando dividida em
duas ou mais doses, administradas durante um período de várias horas ou dias. No
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entanto, é importante ressaltar que a redução do efeito provocado pelo aumento de
freqüência (ou seja, do fracionamento da dose) só ocorrerá quando:
- a velocidade de eliminação é maior do que a de absorção, de modo que os
processos de biotransformação e/ou excreção ocorram no espaço entre duas exposições;
- o efeito tóxico pela substância é parcial ou totalmente revertido antes da exposição
seguinte.
Se nenhuma destas situações ocorrerem, o aumento de freqüência resultará em
efeitos tóxicos crônicos.
Fase Toxicocinética
Nesta fase tem-se a ação do organismo sobre o agente tóxico, procurando diminuir
ou impedir a ação nociva da substância sobre ele. É de grande importância, porque dela
resulta a quantidade de AT disponível para reagir com o receptor biológico e,
consequentemente, exercer a ação tóxica.
A fase toxicocinética é constituída dos seguintes processos:
- absorção
- distribuição
- eliminação: biotransformação e excreção
Pode-se notar que nesta fase o agente tóxico deverá se movimentar pelo organismo
e para tal terá que, freqüentemente, transpor membranas biológicas. Assim, é muito
importante o conhecimento dos fatores que influem no transporte das substâncias químicas
pelas membranas.
Fatores relacionados com a substância química
Lipossolubilidade
Devido à constituição lipoprotéica das membranas biológicas, as substâncias
químicas lipossolúveis, ou seja, apolares, terão capacidade de transpo-la facilmente, pelo
processo de difusão passiva. Já as substâncias hidrossolúveis não transporão estas
membranas, a não ser que tenham pequeno tamanho molecular e possam ser filtradas,
através dos poros aquosos.
Grau de ionização ou de dissociação
Os agentes tóxicos são, em sua maioria, ácidos fracos ou bases fracas que
possuem um ou mais grupos funcionais capazes de se ionizarem. A extensão desta
ionização dependerá do pH do meio em que a substância está presente e do seu próprio
pKa. É importante relembrar que a forma ionizada é polar, hidrossolúvel e com pouca ou
nenhuma capacidade de transpor membranas por difusão passiva. O grau de ionização das
substâncias, em diferentes pH, poderá ser obtido através da aplicação da fórmula de
Henderson-Hasselbach, para ácidos fracos e bases fracas.
Absorção
É a passagem do AT do meio externo para o meio interno, atravessando membranas
biológicas. O meio externo na absorção pode ser o estômago, os alvéolos, o intestino, ou
seja, dentro do organismo, mas fora do sangue. Existem três tipos de absorção mais
importantes para a Toxicologia.
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Absorção pelo trato gastrintestinal (TGI) ou Oral
Uma vez no TGI, um agente tóxico poderá sofrer absorção desde a boca até o reto,
geralmente pelo processo de difusão passiva. São poucas as substâncias que sofrem a
absorção na mucosa bucal, principalmente porque o tempo de contato é pequeno no local.
Estudos feitos experimentalmente, no entanto, mostram que cocaína, estricnina, atropina e
vários opióides podem sofrer absorção na mucosa bucal. Esta absorção é dependente,
principalmente, do coeficiente de partição óleo/água (quanto maior este coeficiente mais
fácil a absorção) e resulta em níveis sangüíneos elevados, já que as substâncias não
sofrerão a ação dos sucos gastrintestinais.
Não sendo absorvido na mucosa bucal, o AT tenderá a sofrer absorção na parte do
TGI onde existir a maior quantidade de sua forma não-ionizada (lipossolúvel).
Absorção Cutânea
A pele íntegra é uma barreira efetiva contra a penetração de substâncias químicas
exógenas. No entanto, alguns xenobióticos podem sofrer absorção cutânea, dependendo
de fatores tais como a anatomia e as propriedades fisiológicas da pele e propriedades
físico-químicas dos agentes.
A pele é formada por duas camadas, a saber: epiderme e derme. A epiderme, que é
a camada mais externa da pele é constituída por cinco regiões distintas:
região córnea: possui duas sub-camadas, o extrato córneo descontínuo (mais
superficial) e o extrato córneo contínuo. Esta região é constituída de células
biologicamente inativas, que são continuamente renovadas (geralmente a cada 2
semanas no adulto), sendo substituídas por células provenientes das regiões mais
profundas da epiderme. Durante esta migração para a superfície, as células sofrem um
processo de desidratação e de polimerização do material intracelular, que resulta na
queratinização celular, ou seja, na formação de proteína filamentosa denominada
queratina.
região gordurosa: é constituída de lípides provenientes, principalmente, da ruptura de
lipoproteínas durante o processo de queratinização.
região lúcida: constituída de células vivas em fase inicial de queratinização.
região germinativa: local onde ocorre a formação das células da epiderme e também da
melanina.
Na derme, que é formada por tecido conjuntivo, pode-se observar a presença de
vasos sangüíneos, nervos, folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas. Estes três
últimos elementos da derme permitem o contato direto com o meio externo, embora não
existem dados que demonstrem haver absorção através das glândulas citadas.
As substâncias químicas podem ser absorvidas, principalmente, através das células
epidérmicas ou folículos pilosos:
Absorção transepidérmica:
A absorção dos agentes químicos pela pele tem sua velocidade limitada pela região
córnea da epiderme, mais precisamente pelo extrato córneo contínuo. As
substâncias lipossolúveis penetram por difusão passiva através dos lípides
existentes entre os filamentos de queratina, sendo a velocidade desta absorção
indiretamente proporcional à viscosidade e volatilidade do agente. Já as substâncias
polares, de baixo peso molecular, penetram através da superfície externa do
filamento de queratina, no extrato hidratado. A absorção transepidérmica é o tipo de
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absorção cutânea mais freqüente, devido ao elevado número de células epidérmicas
existente, embora não seja uma penetração muito fácil para os AT.
Absorção transfolicular:
O número de folículos pilosos varia de 40 a 800 por cm2, o que representa apenas
0,1 a 1% da superfície total da pele. Sendo assim, esta absorção não é tão
significativa quanto a transepidérmica. Algumas substâncias químicas podem
penetrar pelos folículos pilosos, alcançando rapidamente a derme. É uma
penetração fácil para os agentes químicos, uma vez que eles não necessitam cruzar
a região córnea. Qualquer tipo de substância química, seja ela lipo ou hidrossolúvel,
ionizada ou não, gás ou vapor, ácida ou básica, pode penetrar pelos folículos. É uma
absorção também importante para alguns metais.
Fatores que influem na absorção cutânea
São vários os fatores que podem influir na absorção através da pele. Geralmente
eles são agrupados em quatro classes diferentes:
Fatores ligados ao organismo:
Superfície corpórea: a superfície corpórea total no homem é maior do que
na mulher (média de 1,70 a 1,77 m2 no homem e de 1,64 a 1,73 m2 na
mulher). Este fato pode aumentar a absorção transepidérmica no homem
(maior superfície de contato com o xenobiótico).
Volume total de água corpórea: Quanto maior o volume aquoso corpóreo,
maior a hidratação da pele e consequentemente, a absorção pela pele.
Quando comparado à mulher, o homem possui maior volume aquoso total,
extra e intracelular o que favoreceria a absorção cutânea. Este fato deve
ser considerado, também, quando se compara mulheres grávidas e não
grávidas. As gestantes apresentam maior volume aquoso corpóreo e, em
conseqüência, maior hidratação do extrato córneo. Isto possibilita maior
absorção cutânea de xenobióticos.
Abrasão da pele: com a descontinuidade da pele, a penetração torna-se
fácil;
Fluxo sangüíneo através da peIe: estudos demonstram que, em média, 5%
do sangue bombeado pelo coração passa pela pele, em um fluxo em torno
de 120 mL/kg/min. Inflamação ou fatores que levam à hiperemia
aumentarão a absorção cutânea. Um fato a ser considerado é a gravidez.
Durante a gestação ocorre alterações significativas no fluxo sangüíneo das
mãos (aumentam 6 vezes) e pés (aumentam 2 vezes). Esse aumento no
fluxo sangüíneo poderá influir na absorção cutânea de xenobióticos nas
gestantes expostas. Não foi detectada diferença entre o fluxo sangüíneo
cutâneo de homens e mulheres não gestantes. Um fator a ser considerado
é a vascularização das áreas expostas, uma vez que, quanto mais
vascularizada a região, maior o fluxo sangüíneo no local.
Queimaduras químicas e/ou térmicas: apenas as leves ou moderadas, já
que as severas destroem totalmente o tecido, formando uma crosta de
difícil penetração;
Pilosidade: nas áreas em que existem pêlos, a absorção cutânea pode ser
3,5 a 13 vezes maior do que nas regiões glabras;
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