SlideShare uma empresa Scribd logo
Saúde Animal
Renato Villela
A
s reações locais provocadas após a aplicação da
vacina contra a febre aftosa têm crescido nos últi-
mos tempos, assim como as reclamações por parte
dos produtores. Não é para menos. Caracterizada pela for-
mação de nódulos protuberantes e circunscritos, de tama-
nhos variáveis e firmes, a saliência desagrada os criadores
de gado de elite, obrigados a expor seus animais na pista
com aparência pouco agradável. Para quem cria gado de
corte, o incômodo está no bolso. Reações locais após
uso de vacina provocam anualmente grandes preju-
ízos para a cadeia produtiva da carne bovina. Es-
tudos mostram que as perdas atingem, em média,
2 kg de peso morto de músculo na área afetada,
que deve ser retirada da carcaça no momento da
“toalete”. O valor correspondente é descontado do
que o produtor tem a receber do frigorífico.
Mas, afinal, por que isso acontece? A falta de hi-
gienização das agulhas, o uso contínuo de uma mesma
agulha para vacinar vários animais, a negligência na con-
tenção individual e até mesmo a competição entre os va-
queiros para eleger “o mais rápido” no manejo da vaci-
nação contribuem – e muito – para os casos de reação
local. No entanto, em boa parte das ocorrências, outras
questões podem estar envolvidas. “Vacinas oleosas con-
têm muitos adjuvantes para aumentar a reação imune do
animal.Alguns desses componentes podem provocar um
tipo hipersensibilidade cutânea tardia, semelhante à re-
ação do choque anafilático, principalmente em bovinos
mais reativos, os quais desenvolvem uma reação infla-
matória celular no local da aplicação”, explica Enrico Li-
ppi Ortolani, professor da FMVZ – Faculdade de Medi-
cina Veterinária e Zootecnia reativos da USP.
Para Sebastião Guedes, presidente do Giefa - Gru-
po Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa, e
vice-presidente do CNPC – Conselho Nacional de Pe-
cuária de Corte, há mais uma variável a ser considera-
da nessa equação: os casos de reação local pós-vacinação
não estão relacionados somente ao adjuvante oleoso, mas
também, possivelmente, à má qualidade de certos agen-
tes emulsionantes presentes na composição das vacinas.
“Precisamos avaliar ou aprofundar o controle de qualida-
de das nossas vacinas quanto à tolerância local. É uma
sugestão que faço ao Ministério daAgricultura”, afirma.
Posição do Mapa
Não é o que pensa Ricardo Pamplona, chefe da Di-
visão de Produtos Biológicos do Departamento de Fis-
calização de Insumos Pecuários, da Secretaria de Defe-
sa Agropecuária (DFIP/SDA), do Mapa – Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Não há registro
ou constatação de irregularidades quanto aos emulsio-
nantes utilizados, que correspondem, em média, a 10%
do volume total do adjuvante (óleo mineral)”, informa.
Emulsionantes são substâncias utilizadas para promover
Reação vacinal:
onde está o problema?
Falta de higienização, uso contínuo de uma mesma agulha e erros de manejo são
alguns fatores envolvidos. Mas pode haver outros.
148 DBO agosto 2016
Nódulo no
animal depois
vira abcesso
na carcaça:
prejuízo para o
produtor.
Controle de
qualidade das
vacinas deveria
ser aprofundado”
Sebastião
Guedes,
presidente do
CNPC.
O que pode causar nódulos
Fatores que contribuem para o aumento do nó-
dulo nas reações vacinais:
•	 Alta concentração de células e vírus, indispensá-
vel para atender as exigências mínimas de po-
tência de vacina.
•	 Óleo mineral utilizado como adjuvante, imprescin-
dível para conferir imunidade prolongada.
•	 Dose no volume de 5 mL, o que pode implicar na
potencialização do eventual efeito causado pela
alta concentração de células, vírus e óleo mineral.
•	 Falta de higiene e utilização de uma mesma agulha
para vários animais ou ainda uso de agulhas com
calibres inadequados.
•	 Contenção inadequada do animal no momento
da aplicação.
Fonte: Mapa. Adaptação DBO.
ARQUIVODBO
Saúde Animal
150 DBO agosto 2016
mistura estável entre líquidos imiscíveis (não susceptí-
veis a misturar-se). No caso das vacinas, o veículo oleo-
so e os antígenos. Segundo ele, as ações de fiscalização
do Mapa junto aos produtores de vacinas preveem a con-
ferência dos controles de qualidade realizados pelo
fabricante em todos os componentes do produto.
Pamplona, no entanto, admite que o pro-
blema existe, mas coloca o aumento dos ca-
sos de reação vacinal na conta da introdução
do adjuvante oleoso nas vacinas, medida que
atendeu a uma mudança de estratégia do PNE-
FA – Programa Nacional de Erradicação e Pre-
venção da Febre Aftosa. “Precisávamos de uma
vacina que protegesse os animais por mais tempo e o
óleo mineral utilizado como adjuvante é imprescindí-
vel para conferir imunidade mais longa”, afirma. De
acordo com o chefe do DFIP/SDA, como medida para
minimizar esses efeitos, o Mapa introduziu no contro-
le de qualidade da vacina o teste de tolerância, atual-
mente previsto na Instrução Normativa no 50/2008,
realizado concomitantemente ao teste de potência, e
que consiste na observação de sinais clínicos e dos nó-
dulos gerados no local de aplicação. De acordo com a
normativa, a média das áreas desses nódulos, no grupo
dos animais observados, deve ser inferior a 45 cm2.
(veja, no quadro, os fatores que podem contribuir
para a formação de nódulos com áreas superiores).
VOLTO
LOGO
27 A 30
PRETO-SP
DE SETEMBRO
RIBEIRÃO
ULTRAPASSE A PORTEIRA, VENHA PARA OS:
encontros.scotconsultoria.com.br
ligue para 17 3343 5111 ou acesse:
Posição do Sindan
Emílio Carlos Salani, vice-presidente do Sindan –
Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saú-
de Animal, rechaça qualquer questionamento sobre a
qualidade das vacinas. Segundo ele, todas as partidas
passam por testes rigorosos de controle. “Se algum
lote for reatogênico, ou seja, provocar reação local
acima do que é estabelecido pela IN 50, não passa-
ria pelo controle interno feito nas empresas nem nos
testes realizados no Rio Grande do Sul”, afirma, refe-
rindo-se à unidade do Lanagro/RS, laboratório oficial
do Mapa, responsável por realizar o controle de 100%
das vacinas antiaftosa no País.
Questionado sobre o que a indústria poderia fa-
zer para mitigar os efeitos da reação vacinal, Sa-
lani diz que, a despeito de a vacina contra a aftosa
ser uma commodity, com variações muito pequenas
em sua composição, mantida em sigilo pelos labo-
ratórios, todos buscam melhorias, até por uma van-
tagem competitiva no mercado. “Há dois aspectos
importantes que alavancam as vendas de vacina
contra aftosa: a disponibilidade do produto e a re-
atogenicidade. Empresas que ofertam a vacina de
modo constante e não recebem, por parte das reven-
das ou cooperativas, reclamações sobre reação va-
cinal vinda dos criadores, certamente conseguem fi-
delizar esses clientes”. n
Lotes de vacinas
reatogênicas não
passam”
Emílio Salani,
vice-presidente
do Sindan.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Helicoverpa sp. - Ocorrências, Cenários e Estratégias de Manejo
Helicoverpa sp. - Ocorrências, Cenários e Estratégias de Manejo Helicoverpa sp. - Ocorrências, Cenários e Estratégias de Manejo
Helicoverpa sp. - Ocorrências, Cenários e Estratégias de Manejo
Oxya Agro e Biociências
 
O potencial evolutivo das "pragas" agrícolas
O potencial evolutivo das "pragas" agrícolasO potencial evolutivo das "pragas" agrícolas
O potencial evolutivo das "pragas" agrícolas
IRAC-BR
 
Manejo da resistência à inseticidas
Manejo da resistência à inseticidasManejo da resistência à inseticidas
Manejo da resistência à inseticidas
IRAC-BR
 
Cultivos agrícolas, pragas e seu manejo no Sul do Brasil
Cultivos agrícolas, pragas e seu manejo no Sul do BrasilCultivos agrícolas, pragas e seu manejo no Sul do Brasil
Cultivos agrícolas, pragas e seu manejo no Sul do Brasil
IRAC-BR
 
Programa.Fitossanitário - M.I.P. BAHIA
Programa.Fitossanitário - M.I.P. BAHIAPrograma.Fitossanitário - M.I.P. BAHIA
Programa.Fitossanitário - M.I.P. BAHIA
IRAC-BR
 
Tristeza
TristezaTristeza
Tristeza
Renato Villela
 
Modo ação inset
Modo ação insetModo ação inset
Modo ação inset
Severo46
 
MANEJO DO BICUDO NO ALGODOEIRO E ALTERNATIVAS DE CONTROLE
MANEJO DO BICUDO NO ALGODOEIRO E ALTERNATIVAS DE CONTROLEMANEJO DO BICUDO NO ALGODOEIRO E ALTERNATIVAS DE CONTROLE
MANEJO DO BICUDO NO ALGODOEIRO E ALTERNATIVAS DE CONTROLE
Geagra UFG
 
Manejo da resistência: uma visão prática
Manejo da resistência: uma visão práticaManejo da resistência: uma visão prática
Manejo da resistência: uma visão prática
IRAC-BR
 

Mais procurados (9)

Helicoverpa sp. - Ocorrências, Cenários e Estratégias de Manejo
Helicoverpa sp. - Ocorrências, Cenários e Estratégias de Manejo Helicoverpa sp. - Ocorrências, Cenários e Estratégias de Manejo
Helicoverpa sp. - Ocorrências, Cenários e Estratégias de Manejo
 
O potencial evolutivo das "pragas" agrícolas
O potencial evolutivo das "pragas" agrícolasO potencial evolutivo das "pragas" agrícolas
O potencial evolutivo das "pragas" agrícolas
 
Manejo da resistência à inseticidas
Manejo da resistência à inseticidasManejo da resistência à inseticidas
Manejo da resistência à inseticidas
 
Cultivos agrícolas, pragas e seu manejo no Sul do Brasil
Cultivos agrícolas, pragas e seu manejo no Sul do BrasilCultivos agrícolas, pragas e seu manejo no Sul do Brasil
Cultivos agrícolas, pragas e seu manejo no Sul do Brasil
 
Programa.Fitossanitário - M.I.P. BAHIA
Programa.Fitossanitário - M.I.P. BAHIAPrograma.Fitossanitário - M.I.P. BAHIA
Programa.Fitossanitário - M.I.P. BAHIA
 
Tristeza
TristezaTristeza
Tristeza
 
Modo ação inset
Modo ação insetModo ação inset
Modo ação inset
 
MANEJO DO BICUDO NO ALGODOEIRO E ALTERNATIVAS DE CONTROLE
MANEJO DO BICUDO NO ALGODOEIRO E ALTERNATIVAS DE CONTROLEMANEJO DO BICUDO NO ALGODOEIRO E ALTERNATIVAS DE CONTROLE
MANEJO DO BICUDO NO ALGODOEIRO E ALTERNATIVAS DE CONTROLE
 
Manejo da resistência: uma visão prática
Manejo da resistência: uma visão práticaManejo da resistência: uma visão prática
Manejo da resistência: uma visão prática
 

Semelhante a Dbo vacinacao pdf

Clinica Veterinaria 24 horas Ipiranga
Clinica Veterinaria 24 horas IpirangaClinica Veterinaria 24 horas Ipiranga
Clinica Veterinaria 24 horas Ipiranga
murcial870
 
Comunicado 14 leite de vaca cru para o controle de oídio
Comunicado 14 leite de vaca cru para o controle de oídioComunicado 14 leite de vaca cru para o controle de oídio
Comunicado 14 leite de vaca cru para o controle de oídio
João Siqueira da Mata
 
Textoagripoint mod5
Textoagripoint mod5Textoagripoint mod5
Textoagripoint mod5
Antonio Nunes
 
Rotulagem de transgênicos e saúde pública
Rotulagem de transgênicos e saúde públicaRotulagem de transgênicos e saúde pública
Rotulagem de transgênicos e saúde pública
Jairo Menegaz
 
Cuidados na vacinação do rebanho bovino
Cuidados na vacinação do rebanho bovinoCuidados na vacinação do rebanho bovino
Cuidados na vacinação do rebanho bovino
Rural Pecuária
 
Cuidados na vacinação do rebanho bovino
Cuidados na vacinação do rebanho bovinoCuidados na vacinação do rebanho bovino
Cuidados na vacinação do rebanho bovino
Rural Pecuária
 
Mosca dos chifres
Mosca dos chifresMosca dos chifres
Mosca dos chifres
Renato Villela
 
Mastite bovina e o uso de antissépticos
Mastite bovina e o uso de antissépticosMastite bovina e o uso de antissépticos
Mastite bovina e o uso de antissépticos
Rural Pecuária
 
Cartilha defensivos alternativos_web
Cartilha defensivos alternativos_webCartilha defensivos alternativos_web
Cartilha defensivos alternativos_web
Maria Da Penha Silva
 
Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...
Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...
Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...
Rural Pecuária
 
Do recorde produção 1.1.15
Do recorde produção 1.1.15Do recorde produção 1.1.15
Do recorde produção 1.1.15
Agricultura Sao Paulo
 
Balanço
BalançoBalanço
Balanço
Renato Villela
 
Antimicrobianos dbo março
Antimicrobianos dbo marçoAntimicrobianos dbo março
Antimicrobianos dbo março
Renato Villela
 
Manual de vacinação
Manual de vacinaçãoManual de vacinação
Manual de vacinação
Portal Canal Rural
 
Mapa - Cartilha recomendações para o uso responsável de produtos veterinários
Mapa - Cartilha recomendações para o uso responsável de produtos veterináriosMapa - Cartilha recomendações para o uso responsável de produtos veterinários
Mapa - Cartilha recomendações para o uso responsável de produtos veterinários
BeefPoint
 
Manual-videira-Guarrido-2008.PDF.....pdf
Manual-videira-Guarrido-2008.PDF.....pdfManual-videira-Guarrido-2008.PDF.....pdf
Manual-videira-Guarrido-2008.PDF.....pdf
DedeFerreira1
 
Agrotóxicos - Boas Práticas de Manuseio
Agrotóxicos - Boas Práticas de ManuseioAgrotóxicos - Boas Práticas de Manuseio
Agrotóxicos - Boas Práticas de Manuseio
Fonte Comunicação
 
Artigo abmba v7_n1_2019_01
Artigo abmba v7_n1_2019_01Artigo abmba v7_n1_2019_01
Artigo abmba v7_n1_2019_01
Flávio Henrique Ferreira Barbosa
 
Controle seletivo do carrapato dos bovinos em pequenas propriedades do vale d...
Controle seletivo do carrapato dos bovinos em pequenas propriedades do vale d...Controle seletivo do carrapato dos bovinos em pequenas propriedades do vale d...
Controle seletivo do carrapato dos bovinos em pequenas propriedades do vale d...
Rural Pecuária
 
Manual-do-PNCEBT-Original.pdf
Manual-do-PNCEBT-Original.pdfManual-do-PNCEBT-Original.pdf
Manual-do-PNCEBT-Original.pdf
Alexandrefelau1
 

Semelhante a Dbo vacinacao pdf (20)

Clinica Veterinaria 24 horas Ipiranga
Clinica Veterinaria 24 horas IpirangaClinica Veterinaria 24 horas Ipiranga
Clinica Veterinaria 24 horas Ipiranga
 
Comunicado 14 leite de vaca cru para o controle de oídio
Comunicado 14 leite de vaca cru para o controle de oídioComunicado 14 leite de vaca cru para o controle de oídio
Comunicado 14 leite de vaca cru para o controle de oídio
 
Textoagripoint mod5
Textoagripoint mod5Textoagripoint mod5
Textoagripoint mod5
 
Rotulagem de transgênicos e saúde pública
Rotulagem de transgênicos e saúde públicaRotulagem de transgênicos e saúde pública
Rotulagem de transgênicos e saúde pública
 
Cuidados na vacinação do rebanho bovino
Cuidados na vacinação do rebanho bovinoCuidados na vacinação do rebanho bovino
Cuidados na vacinação do rebanho bovino
 
Cuidados na vacinação do rebanho bovino
Cuidados na vacinação do rebanho bovinoCuidados na vacinação do rebanho bovino
Cuidados na vacinação do rebanho bovino
 
Mosca dos chifres
Mosca dos chifresMosca dos chifres
Mosca dos chifres
 
Mastite bovina e o uso de antissépticos
Mastite bovina e o uso de antissépticosMastite bovina e o uso de antissépticos
Mastite bovina e o uso de antissépticos
 
Cartilha defensivos alternativos_web
Cartilha defensivos alternativos_webCartilha defensivos alternativos_web
Cartilha defensivos alternativos_web
 
Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...
Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...
Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...
 
Do recorde produção 1.1.15
Do recorde produção 1.1.15Do recorde produção 1.1.15
Do recorde produção 1.1.15
 
Balanço
BalançoBalanço
Balanço
 
Antimicrobianos dbo março
Antimicrobianos dbo marçoAntimicrobianos dbo março
Antimicrobianos dbo março
 
Manual de vacinação
Manual de vacinaçãoManual de vacinação
Manual de vacinação
 
Mapa - Cartilha recomendações para o uso responsável de produtos veterinários
Mapa - Cartilha recomendações para o uso responsável de produtos veterináriosMapa - Cartilha recomendações para o uso responsável de produtos veterinários
Mapa - Cartilha recomendações para o uso responsável de produtos veterinários
 
Manual-videira-Guarrido-2008.PDF.....pdf
Manual-videira-Guarrido-2008.PDF.....pdfManual-videira-Guarrido-2008.PDF.....pdf
Manual-videira-Guarrido-2008.PDF.....pdf
 
Agrotóxicos - Boas Práticas de Manuseio
Agrotóxicos - Boas Práticas de ManuseioAgrotóxicos - Boas Práticas de Manuseio
Agrotóxicos - Boas Práticas de Manuseio
 
Artigo abmba v7_n1_2019_01
Artigo abmba v7_n1_2019_01Artigo abmba v7_n1_2019_01
Artigo abmba v7_n1_2019_01
 
Controle seletivo do carrapato dos bovinos em pequenas propriedades do vale d...
Controle seletivo do carrapato dos bovinos em pequenas propriedades do vale d...Controle seletivo do carrapato dos bovinos em pequenas propriedades do vale d...
Controle seletivo do carrapato dos bovinos em pequenas propriedades do vale d...
 
Manual-do-PNCEBT-Original.pdf
Manual-do-PNCEBT-Original.pdfManual-do-PNCEBT-Original.pdf
Manual-do-PNCEBT-Original.pdf
 

Mais de Renato Villela

Controle certeiro f2
Controle certeiro f2Controle certeiro f2
Controle certeiro f2
Renato Villela
 
Mulheres agronegocio
Mulheres agronegocio Mulheres agronegocio
Mulheres agronegocio
Renato Villela
 
Controle certeiro f1
Controle certeiro f1Controle certeiro f1
Controle certeiro f1
Renato Villela
 
Professor iveraldo
Professor iveraldoProfessor iveraldo
Professor iveraldo
Renato Villela
 
Coccidiose
CoccidioseCoccidiose
Coccidiose
Renato Villela
 
Forum inovacao saudeanimal
Forum inovacao saudeanimalForum inovacao saudeanimal
Forum inovacao saudeanimal
Renato Villela
 
Rotacionado
RotacionadoRotacionado
Rotacionado
Renato Villela
 
Energia eletrica bombeamento
Energia eletrica bombeamentoEnergia eletrica bombeamento
Energia eletrica bombeamento
Renato Villela
 
Cure o umbigo
Cure o umbigoCure o umbigo
Cure o umbigo
Renato Villela
 
Muito alem da ilp
Muito alem da ilpMuito alem da ilp
Muito alem da ilp
Renato Villela
 
Pg 34
Pg 34Pg 34
Cigarrinha
CigarrinhaCigarrinha
Cigarrinha
Renato Villela
 
Bvd linkedin
Bvd linkedinBvd linkedin
Bvd linkedin
Renato Villela
 
Bvd linkedin
Bvd linkedinBvd linkedin
Bvd linkedin
Renato Villela
 
Especial confinamento cerca elétrica
Especial confinamento cerca elétricaEspecial confinamento cerca elétrica
Especial confinamento cerca elétrica
Renato Villela
 
Higiene para evitar abscessos
Higiene para evitar abscessosHigiene para evitar abscessos
Higiene para evitar abscessos
Renato Villela
 
Machos ou femeas
Machos ou femeasMachos ou femeas
Machos ou femeas
Renato Villela
 
Machos ou femeas
Machos ou femeasMachos ou femeas
Machos ou femeas
Renato Villela
 
Cocho limpo em minutos
Cocho limpo em minutosCocho limpo em minutos
Cocho limpo em minutos
Renato Villela
 
Drenagem piso partes de madeira
Drenagem piso partes de madeiraDrenagem piso partes de madeira
Drenagem piso partes de madeira
Renato Villela
 

Mais de Renato Villela (20)

Controle certeiro f2
Controle certeiro f2Controle certeiro f2
Controle certeiro f2
 
Mulheres agronegocio
Mulheres agronegocio Mulheres agronegocio
Mulheres agronegocio
 
Controle certeiro f1
Controle certeiro f1Controle certeiro f1
Controle certeiro f1
 
Professor iveraldo
Professor iveraldoProfessor iveraldo
Professor iveraldo
 
Coccidiose
CoccidioseCoccidiose
Coccidiose
 
Forum inovacao saudeanimal
Forum inovacao saudeanimalForum inovacao saudeanimal
Forum inovacao saudeanimal
 
Rotacionado
RotacionadoRotacionado
Rotacionado
 
Energia eletrica bombeamento
Energia eletrica bombeamentoEnergia eletrica bombeamento
Energia eletrica bombeamento
 
Cure o umbigo
Cure o umbigoCure o umbigo
Cure o umbigo
 
Muito alem da ilp
Muito alem da ilpMuito alem da ilp
Muito alem da ilp
 
Pg 34
Pg 34Pg 34
Pg 34
 
Cigarrinha
CigarrinhaCigarrinha
Cigarrinha
 
Bvd linkedin
Bvd linkedinBvd linkedin
Bvd linkedin
 
Bvd linkedin
Bvd linkedinBvd linkedin
Bvd linkedin
 
Especial confinamento cerca elétrica
Especial confinamento cerca elétricaEspecial confinamento cerca elétrica
Especial confinamento cerca elétrica
 
Higiene para evitar abscessos
Higiene para evitar abscessosHigiene para evitar abscessos
Higiene para evitar abscessos
 
Machos ou femeas
Machos ou femeasMachos ou femeas
Machos ou femeas
 
Machos ou femeas
Machos ou femeasMachos ou femeas
Machos ou femeas
 
Cocho limpo em minutos
Cocho limpo em minutosCocho limpo em minutos
Cocho limpo em minutos
 
Drenagem piso partes de madeira
Drenagem piso partes de madeiraDrenagem piso partes de madeira
Drenagem piso partes de madeira
 

Dbo vacinacao pdf

  • 1. Saúde Animal Renato Villela A s reações locais provocadas após a aplicação da vacina contra a febre aftosa têm crescido nos últi- mos tempos, assim como as reclamações por parte dos produtores. Não é para menos. Caracterizada pela for- mação de nódulos protuberantes e circunscritos, de tama- nhos variáveis e firmes, a saliência desagrada os criadores de gado de elite, obrigados a expor seus animais na pista com aparência pouco agradável. Para quem cria gado de corte, o incômodo está no bolso. Reações locais após uso de vacina provocam anualmente grandes preju- ízos para a cadeia produtiva da carne bovina. Es- tudos mostram que as perdas atingem, em média, 2 kg de peso morto de músculo na área afetada, que deve ser retirada da carcaça no momento da “toalete”. O valor correspondente é descontado do que o produtor tem a receber do frigorífico. Mas, afinal, por que isso acontece? A falta de hi- gienização das agulhas, o uso contínuo de uma mesma agulha para vacinar vários animais, a negligência na con- tenção individual e até mesmo a competição entre os va- queiros para eleger “o mais rápido” no manejo da vaci- nação contribuem – e muito – para os casos de reação local. No entanto, em boa parte das ocorrências, outras questões podem estar envolvidas. “Vacinas oleosas con- têm muitos adjuvantes para aumentar a reação imune do animal.Alguns desses componentes podem provocar um tipo hipersensibilidade cutânea tardia, semelhante à re- ação do choque anafilático, principalmente em bovinos mais reativos, os quais desenvolvem uma reação infla- matória celular no local da aplicação”, explica Enrico Li- ppi Ortolani, professor da FMVZ – Faculdade de Medi- cina Veterinária e Zootecnia reativos da USP. Para Sebastião Guedes, presidente do Giefa - Gru- po Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa, e vice-presidente do CNPC – Conselho Nacional de Pe- cuária de Corte, há mais uma variável a ser considera- da nessa equação: os casos de reação local pós-vacinação não estão relacionados somente ao adjuvante oleoso, mas também, possivelmente, à má qualidade de certos agen- tes emulsionantes presentes na composição das vacinas. “Precisamos avaliar ou aprofundar o controle de qualida- de das nossas vacinas quanto à tolerância local. É uma sugestão que faço ao Ministério daAgricultura”, afirma. Posição do Mapa Não é o que pensa Ricardo Pamplona, chefe da Di- visão de Produtos Biológicos do Departamento de Fis- calização de Insumos Pecuários, da Secretaria de Defe- sa Agropecuária (DFIP/SDA), do Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Não há registro ou constatação de irregularidades quanto aos emulsio- nantes utilizados, que correspondem, em média, a 10% do volume total do adjuvante (óleo mineral)”, informa. Emulsionantes são substâncias utilizadas para promover Reação vacinal: onde está o problema? Falta de higienização, uso contínuo de uma mesma agulha e erros de manejo são alguns fatores envolvidos. Mas pode haver outros. 148 DBO agosto 2016 Nódulo no animal depois vira abcesso na carcaça: prejuízo para o produtor. Controle de qualidade das vacinas deveria ser aprofundado” Sebastião Guedes, presidente do CNPC. O que pode causar nódulos Fatores que contribuem para o aumento do nó- dulo nas reações vacinais: • Alta concentração de células e vírus, indispensá- vel para atender as exigências mínimas de po- tência de vacina. • Óleo mineral utilizado como adjuvante, imprescin- dível para conferir imunidade prolongada. • Dose no volume de 5 mL, o que pode implicar na potencialização do eventual efeito causado pela alta concentração de células, vírus e óleo mineral. • Falta de higiene e utilização de uma mesma agulha para vários animais ou ainda uso de agulhas com calibres inadequados. • Contenção inadequada do animal no momento da aplicação. Fonte: Mapa. Adaptação DBO. ARQUIVODBO
  • 2. Saúde Animal 150 DBO agosto 2016 mistura estável entre líquidos imiscíveis (não susceptí- veis a misturar-se). No caso das vacinas, o veículo oleo- so e os antígenos. Segundo ele, as ações de fiscalização do Mapa junto aos produtores de vacinas preveem a con- ferência dos controles de qualidade realizados pelo fabricante em todos os componentes do produto. Pamplona, no entanto, admite que o pro- blema existe, mas coloca o aumento dos ca- sos de reação vacinal na conta da introdução do adjuvante oleoso nas vacinas, medida que atendeu a uma mudança de estratégia do PNE- FA – Programa Nacional de Erradicação e Pre- venção da Febre Aftosa. “Precisávamos de uma vacina que protegesse os animais por mais tempo e o óleo mineral utilizado como adjuvante é imprescindí- vel para conferir imunidade mais longa”, afirma. De acordo com o chefe do DFIP/SDA, como medida para minimizar esses efeitos, o Mapa introduziu no contro- le de qualidade da vacina o teste de tolerância, atual- mente previsto na Instrução Normativa no 50/2008, realizado concomitantemente ao teste de potência, e que consiste na observação de sinais clínicos e dos nó- dulos gerados no local de aplicação. De acordo com a normativa, a média das áreas desses nódulos, no grupo dos animais observados, deve ser inferior a 45 cm2. (veja, no quadro, os fatores que podem contribuir para a formação de nódulos com áreas superiores). VOLTO LOGO 27 A 30 PRETO-SP DE SETEMBRO RIBEIRÃO ULTRAPASSE A PORTEIRA, VENHA PARA OS: encontros.scotconsultoria.com.br ligue para 17 3343 5111 ou acesse: Posição do Sindan Emílio Carlos Salani, vice-presidente do Sindan – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saú- de Animal, rechaça qualquer questionamento sobre a qualidade das vacinas. Segundo ele, todas as partidas passam por testes rigorosos de controle. “Se algum lote for reatogênico, ou seja, provocar reação local acima do que é estabelecido pela IN 50, não passa- ria pelo controle interno feito nas empresas nem nos testes realizados no Rio Grande do Sul”, afirma, refe- rindo-se à unidade do Lanagro/RS, laboratório oficial do Mapa, responsável por realizar o controle de 100% das vacinas antiaftosa no País. Questionado sobre o que a indústria poderia fa- zer para mitigar os efeitos da reação vacinal, Sa- lani diz que, a despeito de a vacina contra a aftosa ser uma commodity, com variações muito pequenas em sua composição, mantida em sigilo pelos labo- ratórios, todos buscam melhorias, até por uma van- tagem competitiva no mercado. “Há dois aspectos importantes que alavancam as vendas de vacina contra aftosa: a disponibilidade do produto e a re- atogenicidade. Empresas que ofertam a vacina de modo constante e não recebem, por parte das reven- das ou cooperativas, reclamações sobre reação va- cinal vinda dos criadores, certamente conseguem fi- delizar esses clientes”. n Lotes de vacinas reatogênicas não passam” Emílio Salani, vice-presidente do Sindan.