O documento descreve a colecistite aguda, definindo-a como uma inflamação aguda da vesícula biliar, geralmente causada por cálculos ou infecção. Ele discute a epidemiologia, etiologia, classificação, diagnóstico e tratamento da condição, recomendando a colecistectomia precoce como o tratamento padrão, enquanto a drenagem pode ser usada em pacientes não aptos à cirurgia. O documento também lista as complicações possíveis e fornece referências bibliográficas.
1. Adalberto Boca, Residente em Cirurgia
(Tronco comum)
22 de Março de 2022
Colégio de Cirurgia
Colecistite aguda
2. COLECISTITE AGUDA
Definição
• Inflamação aguda da vesícula
Cálculos na vesícula (90 a 95%)
Colecistite alitiásica (5 a 10)%
Ferraina P; Oria A. Cirugía de Michans, 2008
3. COLECISTITE AGUDA
Epidemiologia
• 10 - 20% população com litíase vesicular
• 15% sintomáticos
• 3 -10% doentes com dor abdominal
• 500.000 - 700.000 colecistectomia/ano (EUA)
Ferraina P; Oria A. Cirugía de Michans, 2008
Townsend, MC – Sebastian, 2013
5. COLECISTITE AGUDA
Etiopatogenia
• Litiásica Obstrução por cálculo biliar
Impedimento do fluxo biliar
Pressão intraluminar
Distensão da vesícula
Isquemia da parede
Drenagem linfática e venosa
Infecção bacteriana secundária.
Gram negativos e anaeróbios
Townsend, MC – Sebastian, 2013
6. COLECISTITE AGUDA
Opiáceos
Obstrução
funcional da
vesícula
Pressão no esfíncter de Oddi
Febre, desidratação
Restrição hídrica
Saturação bílis
Choque
IRA
Aterosclerose
Perfusão da parede
Isquemia da
parede
NPT prolongada
Aumento da viscosidade
da bílis
Pressão da via
biliar principal
Etiopatogenia
• Alitiásica
Evolução de período pós-traumático
Pós-operatório grave
7. COLECISTITE AGUDA
Classificação patológica
• Edematosa
1ª fase (2-4 dias)
Histologia: apenas edema
• Necrótica
2ª fase (3 -5 dias )
Histologia: trombose e oclusão
• Supurativa
3ª fase (7-10 dias)
Abscesso parietal e peri-vesicular
• Colecistite crônica
Surtos repetidos
Atrofia e fibrose
Perfuração
Plastrão
Peritonite biliar
Ferraina P; Oria A. Cirugía de Michans, 2008
SCHWARTZ, 2013
Townsend, MC – Sebastian, 2013
8. COLECISTITE AGUDA
Diagnóstico
Clínica
• Dor no HD
• Náuseas / Vómitos / Febre
• Icterícia
Coledocolitíase
Colangite
Hepatite
Síndrome de Mirizi
Diagnóstico
Exame físico
• Dor / Defesa / Plastrão no HD
• Murphy (especificidade: 79– 96%)
SCHWARTZ, 2013
Townsend, MC – Sebastian, 2013
9. COLECISTITE AGUDA
Diagnóstico
Laboratorial
• Hemograma
• Outros exames
Bilirrubinas
FA / GGT
TGO / TGP
Amilase
Diagnóstico
Imagem
• USG :sensibilidade 85%
especificidade 95%
Espessamento da parede da vesícula
Distensão da vesícula
Cálculos na vesícula
Líquido peri-vesicular
Murphy ultra-sonográfico
(especificidade > 90%)
SCHWARTZ, 2013
Townsend, MC – Sebastian, 2013
14. COLECISTITE AGUDA
Tratamento
Medidas gerais
Hidratação
Jejum
Correcção dos DHE
Antibioterapia
Analgesia
Monitorar a hemodinâmica e a mecânica ventilatória
• Considerar a colecitectomia ou drenagem da vesícula de emergência
Ferraina P; Oria A. Cirugía de Michans, 2008
SCHWARTZ, 2013
Townsend, MC – Sebastian, 2013
19. Tokyo Consensus Meeting Tokyo Guidelines. J Hepatobiliar Pancreat Sci (2018). 25:55–72
Tratamento
COLECISTITE AGUDA
20. COLECISTITE AGUDA
Tratamento
• Recomenda-se a colecistectomia como a primeira linha de tratamento da
colecistite aguda litiásica.
• Evitar a colecistectomia em caso de choque séptico, ou contra-indicações
absolutas de anestesia.
• Na presença de perícia cirúrgica adequada, recomendamos que a CEL seja
realizada o mais rápido possível, dentro de 7 dias da admissão hospitalar e dentro
de 10 dias do início dos sintomas.
21. COLECISTITE AGUDA
Tratamento
• Uma revisão sistemática realizada de 2004 a 2015, a comparação da colecistectomia precoce e
tardia, não mostrou diferenças na mortalidade, lesão do duto biliar, vazamento da bile. A
colecistetomia precoce mostrou vantagens em relação ao tempo de hospitalização.
• Recomendamos realizar a drenagem da vesícula biliar em pacientes com ACC que não são
adequados para cirurgia, pois converte um paciente séptico com ACC em um paciente não séptico.
• A drenagem da vesícula biliar pode ser uma opção em paciente que falhou no manejo conservador
após uma variável tempo de 24 a 48 h e que apresenta contraindicações estritas para cirurgia
22. COLECISTITE AGUDA
Tratamento
• A comparação da colecistectomia aberta e laparoscópica, mostrou
diferenças apenas no tempo operatório, internação pós operatória e
infecção do sitio cirúrgico.
• Recomenda-se a colecistectomia o mais rápido possível, dentro de
7 dias de admissão intra-hospitalar e dentro de 10 dias após inicio
dos sintomas (laparoscópica ou aberta).
24. COLECISTITE AGUDA
Tratamento
Tratamento conservador para colecistite aguda litisiásica (antibioterapia)
• Falha em 23% e cirurgia não planejada em 25%.
Papi et al. Am J Gastroenteral 2004
• Recorrência de 20% em 3 meses, 30% em 1 ano
• Pancreatite e obstrução biliar em 30% dos pacientes
• De Mestral et al. J Truama Acute Care Surg 2013
• 30% dos pacientes tratados de forma conservadora desenvolvem
complicações relacionadas a cálculos biliares
Pisan et ai. Jornal Mundial de Cirurgia de Emergência. (2020) 15:61
25. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• 1. Ferraina P; Oria A. Cirugía de Michans. Editorial El Atento. 5ª edição. Argentina, 2008 .
• 3. Courtney M, Townsend R, Daniel B, B. M E, Kenneth L. Mattox S. Tratado de cirurgia. A base biológica da
prática cirúrgica moderna. 19ª edição. Elsevier Editora Ltd. Volume 1, Brasil, 2013. 3490 pag.
• 4. Kenji KO, et al. Diretrizes de Tóquio 2018: fluxograma para o manejo de colecistite. J Hepatobiliar Pancreat Sci
(2018) 25:55–72.
• 5. Pisan et ai. Jornal Mundial de Cirurgia de Emergência. (2020) 15:61
• 6. Peters R, Kolderman S, Peters B, Simonens M, Braak S. Colecisstomia percutânea: experiência de centro único
em 111 pacientes com coleciste aguda. 2014, 97: 197-201.
• 7. Dabus GC, Dertkigil SSJ, Baracat J. Percutaneous cholecystostomy: a nonsurgical therapeutic option for acute
cholecystitis in high-risk and critically ill patients. 2003; 121(6):260-262.
• 8. SCHWARTZ, Tratado de Cirurgia. 9ª. edição. Rio de Janeiro. Revinter.2013