O documento discute a relação entre artesanato, moda e design. Aborda como o artesanato é afetado pelo mercado e como designers se envolvem com ele, agregando valor cultural e de mercado. Também apresenta exemplos de designers que atuam como artesãos, combinando criação e produção manual.
Artesanato, moda e design: uma relação cultural e de mercado
1. O Artesanato e a moda
revestidos como bem
cultural e bem de consumo
Moda e Artesanato
Samara Sousa
2. Conteúdo programado
O mundo do trabalho e suas implicações sobre a produção artesanal;
O fazer tradicional;
Mercantilização do Artesanato;
O envolvimento do Design de moda;
Brasilidade no Artesanato;
Designer como Artesão.
3. Objetivos:
Entender as implicações dos artesanatos no mercado comercial;
Entender o envolvimento do design de moda com o Artesanato;
Conhecer designers artesãos.
4. O artesanato é dom ou técnica?
A moda é técnica ou estilo de vida?
O artesanato brasileiro busca se adequar ao mercado sem perder as
características originais. Uma missão impossível?
O Artesanato vai além da arte e da tradição, o Artesanato é um meio de
trabalho, é um meio de sustento para quem produz e nos dia atuais, o
artesão não fica apenas sentado na frente de sua casa produzindo, ele
está sendo empregado em lojas, feiras, ateliês, grandes confecções, o
trabalho do artesão de casa para o mundo da moda.
5. As implicações do mercado sobre a produção
Artesanal
as atividades industriais manuais não foram definitivamente condenadas
pela mecanização cada vez maior da era pós-industrial.
Surge na nova sociedade uma assimilação inovadora entre as tecnologias
de ponta e os conhecimentos artesanais.
A indústria e o trabalho manual se combinam laçadas e pontos e um novo
modo de viver, mesmo com a industrialização, o artesanato pode
contribuir para deixar as peças mais atraentes para o público jovem, pois
a mistura de peças com o tricô vem encantando esse público desde
sempre.
6. “O aspecto do artesanal, daquilo que é ou parece ser feito à mão, um a um,
ainda persiste com um forte apelo junto ao consumidor. O produto que
recebe maior atenção, que tem etapas de produção “personalizadas”, que é
criado de uma forma distinta tem, por extensão, um novo preço. Esse
produto não deve ser comparado ou confundido com o artesanato feito à
mão, individualmente.”
(LIMA, 2008, p. 101)
7. O fazer tradicional
Fazer tradicional é não deixar apagar o histórico do artesanato e nem fugir
dessa cultura nordestina que é o que mais encanta.
Trata-se da produção de objetos que, tanto pela origem, pelos locais de
onde provém, quanto pelo perfil daqueles que os produzem e pelas
matérias primas e técnicas com que são produzidos, é extremamente
diversificada.
Um produto visto como atividade espontânea, desenvolvida na zona rural
ou na periferia das cidades. Atividade bastante explorada, que favorece
principalmente aos atravessadores.
8. Fazer tradicional
O artesanato indígena também não conseguiu atrair muito o interesse dos
turistas .
A sustentabilidade ambiental é outro fator para ser pensado e estudado
para que, além do serviço prestado aos consumidores, o meio ambiente
não sofra com a falta de sua matéria prima.
o artesanato faz parte da arte popular, que é toda a produção plástica,
musical, teatral, poética, de dança etc. Feita espontaneamente por uma
população, e que expressa claramente a cultura e as tradições do grupo
humano que a produziu, seja indígena ou não.
9. Mercantilização do Artesanato
“Não é uma tarefa fácil encontrar estudos sobre artesanato que não tenham
como principal foco de análise os aspectos econômicos ou o enfoque
direcionado para uma visão romântica que destaca principalmente
características como “originalidade”, “pureza” e “tradição”. Essas duas
abordagens mais frequentemente encontradas nos estudos sobre o
artesanato lançam um olhar muito mais para o produto artesanal do que
para os agentes envolvidos nas atividades.”
(LIMA, 2004, p.21-22)
10. O envolvimento do design de moda
O design de moda tem uma relação social no envolvimento com a moda.
Seus produtos tem valor de mercado como bem de consumo, tudo isso se
reflete num trabalho bem desenvolvido, criativo, que desperte desejo e
tenha significado no mundo da moda.
Possui valor cultural, social que o produto produzido pelo design carrega.
O design de moda tem natureza exploratória.
A moda também faz parceria com o artesanato tornando-os um bem
cultural e um bem de consumo.
11. O envolvimento do design de moda
O design de moda dá muita visibilidade às peças, pois agrega uma marca e a
partir daí o produto tem uma identidade, isso torna diferenciado na visão de
mercado.
O design se preocupa com a criação, catálogo, ponto de venda,
embalagem, publicidade, vitrine, internet, tudo que está vinculado ao seu
trabalho.
O design de moda além dessas possiblidades de mercado tem um diálogo
aberto e direto com o consumidor, despertando desejos mais que a
necessidade.
O design promove experiências com textura, cor, novos materiais,
caracterizando uma construção de linguagem de moda em seu trabalho.
12. O envolvimento do design de moda
A região nordeste, concentra boa parte das atividades artesanais
desenvolvidas no país e a moda cresce junto com ela, já que uma está
ligada a outra.
o trabalho do artesão é tão enriquecedor quanto do estilista, o que vai
diferenciar é que muitas vezes o estilista acaba criando uma marca, um
nome que na sociedade já está bem marcado e isso faz com que o preço
fique um pouco mais elevado do que o do artesão.
O corpo é o suporte material e sensível para que o design de moda
desenvolva seus projetos.
13. A proposta do design de moda é de
tirar do nada uma peça qualquer e
transformá-la em discurso no meio da
moda, dando uma maneira de ser as
qualidades e problemáticas de cada
tempo, dando ao usuário da peça a
possibilidade de integrar-se ao mundo
de valores instalados.
14. Brasilidade no artesanato
Identificação de elementos
cotidianos da região (arquitetura,
monumentos);
Verificação da história local para
identificar possíveis temas a
serem representados;
Utilização de matéria-prima
abundante na região e por
vezes, exclusiva;
Confecção de peças com
técnicas artesanais tradicionais.
Diferenciação em relação aos
artesanatos feitos nas outras
regiões do País, seja pelo tema
representado, pela matéria-prima
utilizada ou pela técnica
empregada;
Fortalecimento da cultura
regional, ao ressaltar as
características locais;
Aumento da competitividade,
por ser um artesanato com alto
valor agregado, dentre outros.
Abordagem Vantagens
15. Colaboração do design na brasilidade
Identificação das necessidades dos consumidores e de possíveis
temáticas;
Identificação de demandas;
Verificação de matérias-primas diferenciadas;
Incorporação das três funções do design na criação dos artesanatos, de
forma a agregar brasilidade;
Incorporação de outros conceitos relativos ao design, como a ergonomia
e a sustentabilidade.
16. Ações:
Buscar parceria com um designer para trabalhar em conjunto nas
iniciativas que serão apresentadas nos próximos tópicos;
Identificar matérias-primas locais possíveis de serem utilizadas. No caso de
matérias orgânicas, deve-se estudar a melhor forma de manejo e como
torná-las duráveis;
Realizar estudos sobre a cultura local e a iconografia para auxiliar na
identificação de temas.
Vale ressaltar a importância de exercitar o olhar sobre o cotidiano para
identificar elementos para serem abordados nos artesanatos;
Pesquisar sobre necessidades e comportamentos dos consumidores e
tendências, com o objetivo de criar produtos adequados e que terão
demanda, gerando negócios perenes
17. Ações:
Melhorar processos e produtos, por meio da observação e aplicação de
conceitos como as três funções do design (prática, estética e simbólica),
ergonomia (produto adequado ao uso) e sustentabilidade (equilíbrio entre as
esferas social, ambiental e econômica);
Desenvolver critérios de qualidade de produção e de acabamento, para
tornar o artesanato mais competitivo;
Criar embalagem adequada, atentando para as características do
artesanato, de forma que proteja a peça e valorize o trabalho do artesão;
Investir em identidade visual, ao comunicar valores intangíveis relacionados ao
artesanato. Neste aspecto entram a matéria prima, a responsabilidade social e
ambiental, entre outros.
A identidade visual engloba: marca, etiqueta, embalagem, catálogo, site e
outros.
18. Designer como Artesão
Um designer pode ser artesão?
Um designer faz trabalhos manuais?
Um artesão pode ser designer?
19. Mobu ateliê
O Atelier Moreau Bueno é composto por três sócios das áreas de
arquitetura e design baseados em São Paulo.
Formado em 2015, MoBu se dedica à criação de mobiliário interno e
urbano que traga a sensibilidade da peça ao contato com o consumidor.
A ideia de aliar forma e conteúdo da madeira enquanto matéria prima
permite a Fábio Bueno Santos, Gabriel Bueno e Gustavo Moreau utilizarem
suas técnicas de maneira didática e agregadora para sempre aperfeiçoar
suas obras e progredir em seus conceitos.
Ao integrar sua obra ao espaço doméstico e ao consumo da madeira, a
MoBu apresenta ao cliente seu processo criativo e o aproxima de sua
função inicial: a manufatura.
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21. O designer artesão
Elizandro Rabelo já foi pintor de parede, cartazista, vendedor de
enciclopédias, estudante de design, dono de confecção, fotógrafo,
diretor de arte, maquetista e ilustrador, mas, a única coisa com a qual ele
se identifica é designer.
Para ele, estabelecer um diálogo entre o ato de projetar e executar é o
que define a essência de seu trabalho, pois seus projetos nem sempre se
definem na prancheta ou no computador, conta, de maneira que a
madeira, com suas características próprias e únicas tem muito a ensinar, e
cada peça que produz depende da maneira.
A produção artesanal é essencial para Elizandro, que se manifesta na
forma de marcenaria, prática que o designer admira e respeita – e que foi
a partir dela que criou sua marca."
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23. Paola Muller
As estampas e grafismos das criações da designer têxtil Paola Muller têm
identidade tão forte que quem conhece a marca reconhece seus
produtos em qualquer lugar.
A qualidade do tricô, tecido com fios importados, orgânicos e com
tingimentos artesanais combinado ao olhar apurado de Paola, resultam
em peças que encantam a todos.
Após trabalhar como programadora visual e desenvolver peças em tricô
para o mercado de moda por mais de duas décadas, Paola resolveu criar
sua própria marca.
Hoje, suas tramas em tricô estão em mantas, mochilas, estofados e mais
peças.
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25. Ivone Rigobello
Trabalha há mais de 20 anos com design de superfície e cria peças tais como
almofadas, tapetes, jogos americanos , ecobags e painéis decorativos.
Ela se utiliza de fibras, cores e grafismos com uma linguagem bem brasileira,
inspirada tanto na Natureza quanto em grafismos indígenas corporais.
Arquiteta, urbanista e designer pela PUC-Campinas.
Possui desde 1990 atelier próprio de pesquisa, criação e produção de
estampas exclusivas para decoração e moda.
É expositora na Feira Craft Design, que atende a lojistas do Brasil e do exterior.
Criou dois cursos online para a empresa EDUK, de SP.
Coordena, sob curadoria de Renato Imbroisi, cursos de estamparia manual
direcionado a comunidades que necessitam criar identidade e gerar renda
com sustentabilidade.
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27. Thais Costa
Thais foi bióloga e pesquisadora na área de imunologia molecular até os
anos 2000, até que descobriu a joalheria que foi, para ela, um novo
caminho para entender o mundo, o ser humano e a si mesma.
Seu trabalho visa o respeito ao material e seus processos naturais, sempre
com movimento, leveza e valorizando a simplicidade do gesto – deixando
as cicatrizes do material e nunca escondendo a ação criadora sobre a
matéria que a recebe.
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29. Regina Misk
A designer Regina Misk tem seu ateliê em Minas Gerais.
Preza pela produção local, ou seja, suas produções ganham vida através
das mãos de tecelãs locais bem como da própria artista.
Suas criações ressignificam antigas formas de ofício e conduzem a
tradição de encontro ao contemporâneo, criando com o tear, crochê,
tricô e bordado novos frutos de uma mesma raiz muito antiga.
Carregados de brasilidade, seus designs são aconchegantes e carregam
em si simultaneamente carinho e técnica